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INMETRO - Contencioso - Aplicação de Penalidade - Valor Da Multa
INMETRO - Contencioso - Aplicação de Penalidade - Valor Da Multa
APLICAÇÃO DE PENALIDADE
VALOR DA MULTA ADMINISTRATIVA
Setembro/2007
PRESCRIÇÃO:
PREQUESTIONAMENTO: artigos 8.° e 9.° da Lei 9.933/99 e § 1.º, do art. 50, da Lei 9.784/99.
OBSERVAÇÕES:
TESE DA DEFESA
PRELIMINARES
MÉRITO DA DEFESA
No que importa à espécie de penalidade a ser aplicada, assim reza o art. 8.º da Lei
n.º 9.933/99:
“Art. 8.° - Caberá ao Inmetro e às pessoas jurídicas de direito público que detiverem
delegação de poder de polícia processar e julgar as infrações, bem assim aplicar aos
infratores, isolada ou cumulativamente, as seguinte penalidades:
I - advertência; II - multa; III - interdição; IV - apreensão; V – inutilização”
Assim, consoante já conhecido pelo TRF-4.ª Região, nos termos postos pelo
Desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz1, “a escolha da penalidade aplicável é
atividade administrativa enquadrada no âmbito do poder discricionário da autoridade
fiscalizadora do INMETRO.” Acrescenta, ainda, o ilustre Desembargador Federal que, “em
relação a essa atuação discricionária, não se legitima a intervenção do Judiciário no exame da
conveniência e oportunidade da escolha da sanção aplicada (mérito do ato administrativo
sancionador)”.
Defende-se que a lacuna relativa aos critérios de aplicação das multas não tem o
condão de desautorizar sua efetiva incidência, pois ainda se utilizam os critérios do Regulamento
Administrativo baixado pela Portaria Inmetro 02/99, que regula todo procedimento
administrativo para a apuração das infrações e aplicação das multas. Entretanto, conforme já se
expôs, no caso vertente a penalidade aplicada é “infração leve”.
(...)
Em primeiro lugar, é de se dizer a mera lacuna regulamentar relativa aos critérios de
aplicação das penas de multa previstas pela Lei 9.933/99 não é suficiente para
desautorizar sua efetiva incidência.
Levando-se em conta que as infrações a que serão culminadas as referidas sanções são
previamente previstas, o só fato de não estarem regulamentados os critérios que as farão
subsumir-se em uma das categorias previstas pela Lei 9.933/99, em seu art. 9º, não pode
impedir que as mesmas sejam aplicadas.
Como é óbvio, constatado o cometimento de uma infração já tipificada pelo
ordenamento jurídico, a apuração de sua gravidade, tendo por base os grupos previstos
pelo dispositivo legal supracitado, levará a classificá-la, no máximo, como uma infração
de natureza leve.
Assim sendo e frente à inexistência das diretrizes que permitam a classificação da
infração em uma categoria mais grave que a de natureza leve, é de grande justeza – e
não pode ser encarada como motivo apto a ensejar a não aplicação das sanções – a
classificação de todas as infrações apuradas como leves. Ora, em sendo detectada uma
infração, a classificação mínima que alcançará a apuração de sua gravidade,
impreterivelmente, será a leve, pelo que não se está ferindo direito de nenhum
administrado quando, a todas as infrações, culminar-se as penalidades previstas para
essa categoria. A única exigência a ser feita é a de previsão legal das sanções (art. 5ª, II
da CRFB/88) e esta é perfeitamente observada pelos arts. 8º e 9º da Lei nº 9.933/99.
Impende ressaltar que, no presente caso, estão ausentes apenas os critérios que
permitiriam o enquadramento das infrações numa das categorias previstas pelos incisos
I, II, e III do art. 9º da lei sob comento. Quanto à dosagem da penalidade de multa
abstratamente contida no referido dispositivo, as diretrizes do § 1 º do art. 9º da Lei
9.933/99 são as que devem orientar os órgãos encarregados de sua concretização. Não
há lacuna neste ponto, como mostra o dispositivo em tela, verbis:
Art. 9o A pena de multa, imposta mediante procedimento administrativo, obedecerá os
seguintes valores:
(...)
§ 1o Na aplicação da penalidade de multa, a autoridade competente levará em
consideração, além da gravidade da infração:
I – a vantagem auferida pelo infrator;
II – a condição econômica do infrator e seus antecedentes;
III – o prejuízo causado ao consumidor.
(...)
De fato, a ausência de regulamento prejudica apenas a atuação da Administração em
sua função de repressão às condutas que a lei classifica como mais nocivas e impõe
multas mais pesadas, pelo que não há que se falar em sua inaplicabilidade por não
estarem regulamentadas.
Quanto à existência de vácuo normativo no que tange à regulamentação do
procedimento de julgamento de recursos, uma vez que o regulamento previsto pelo § 5 º
do art. 9º da Lei 9.933/99 ainda não foi editado, obstando a aplicação das penas de
multa, entendo que razão também não assiste à Impetrante.
De fato, como muito bem alegou o Impetrado, o procedimento de julgamento das
infrações, abrangendo inclusive os recursos não se encontra desprovido de
regulamentação.
O CONMETRO, por meio da Resolução n.º 2 de16 dezembro de 1998, delegou a
atribuição para a regulamentação dos procedimentos para processamento das infrações
ao INMETRO, e este, através da Portaria n.º 2 de 8 de janeiro de 1999, já expediu o
Regulamento para Processamento e Julgamento das Infrações nas Atividades de
Natureza Metrológica, de Normalização e Certificação da Conformidade de Produtos,
Processos e de Serviços, satisfazendo a exigência prevista pelo § 5 º do art. 9º da Lei
9.933/99.
Referido Regulamento normatiza todo o processamento e julgamento das infrações –
havendo, inclusive, expressa previsão sobre a possibilidade de interposição de recursos
– tendo sido recepcionado pela Lei n.º 9.933/99, exceto, obviamente, nos pontos em que
esta mesma dá as diretrizes procedimentais.
Deste modo, entendo que está em pleno vigor o regulamento em tela até que o
CONMETRO baixe um novo que venha a substituí-lo pelo que não há que se falar em
vazio normativo.
Isto posto, nos termos da fundamentação, DENEGO a segurança.
(grifos nossos)
(...)
Impossibilidade de aplicação de multa, ante a ausência de regulamentação dos artigos 8 o
e 9o da Lei 9.933/99, de 1999
O fato de uma lei não ser regulamentada não impede, em tese, a sua incidência. A lei só
não incidirá se, por falta de regulamento, dela os destinatários não se puderem extrair
comandos normativos.
No caso em exame, a inexistência do regulamento a que se refere o §3 o do art. 9o da Lei
9.933/99, de 1999, não impede a aplicação da pena de multa nela prevista, porque o
Inmetro de um lado garante a ampla defesa e o contraditório, previstos na Constituição
Federal, e de outro lado considera as infrações como leves, para efeito de aplicação da
multa.
Assim, mesmo sem o regulamento, a lei pôde ser aplicada.
(...) (sic)
PREQUESTIONAMENTO
Desde já, requer-se o prequestionamento dos artigos 8.° e 9.° da Lei 9.933/99 e §
1.º, do art. 50, da Lei 9.784/99, a fim de evitar-se negativa de vigência a artigo de lei federal.
CONCLUSÃO