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EXPERIMENTO DE DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR:

EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE CRAVO

Diego de Assunção Justo​1​​ ​, Fernanda D. R. de Quadros​1​​ ​, Vitória Durães


Chlusewicz1

Resumo

A destilação por arraste a vapor é uma técnica de separação usada para


separar substâncias que possuem um ponto de ebulição muito alto, utilizando-se
água para volatilizar as substâncias presentes na mistura. Deste modo, pôde-se
extrair o eugenol e calcular o seu rendimento.

Palavras-chave: ​Óleos essenciais; Eugenol; Rendimento.

INTRODUÇÃO

As flores e plantas possuem uma infinidade de aromas, isto se deve ao fato


dos diferentes tipos de óleos essenciais presentes em suas estruturas. O óleo
essencial é um óleo natural com odor distinto, de estrutura química formada por
carbono, hidrogênio e oxigênio, dando origem a uma complexa mistura de
substâncias podendo formar centenas delas, sendo que cada espécie vegetal pode
apresentar um ou três tipos de substâncias que caracterizem seu aroma específico.
Essas substâncias apresentam estruturas diversas como ácidos carboxílicos,
alcoóis, aldeídos, cetonas, ésteres, fenóis e hidrocarbonetos, pertencentes a um
grupo de produtos naturais denominado terpenos​1​.
Os óleos essenciais possuem uma grande variedade de utilização
comercial, possuem grande aplicação na fabricação de perfumes (fornecendo
variadas fragrâncias), cosmética, atuam como coadjuvantes em medicamentos e
podem ser utilizados na fabricação de alguns alimentos. A obtenção dos óleos
essenciais pode ser derivada de diversas matérias-primas, como por exemplo,
flores, folhas, cascas, rizomas e frutos. Uma boa técnica para executar a extração é
a de arraste a vapor, devido aos pontos de ebulição que são muito elevados​2​.

1 Graduando de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Toledo, Paraná. E-mail:
diego.twd@outlook.com.br
A destilação com vapor baseia-se na destilação de misturas imiscíveis, sendo
a água uma das fases imiscíveis. Quando se pretende obter substâncias de
compostos sólidos orgânicos como folhas e raízes, esta técnica torna-se muito útil,
pois na presença da água o calor do vapor faz com que as paredes das células das
plantas se abram, liberando o óleo junto com o vapor de água. Deste modo, uma
substância pura que geralmente possui um ponto de ebulição muito alto, destila em
uma temperatura menor que 100​ºC​1​.
Assim, se substâncias instáveis ou de ponto de ebulição muito alto têm de
ser removidas de uma fonte natural, evita-se a sua decomposição. Como todos os
gases se misturam, tanto a água quanto a substância de interesse podem se
misturar no vapor e co-destilar. Quando o destilado resfria, o componente desejado,
que não é miscível, se separa da água podendo ser coletado em um béquer ou
erlenmeyer no final do processo de destilação​3​.

PARTE EXPERIMENTAL

Amostras e diluentes

Utilizou-se uma amostra de 10,0016 gramas de cravo, água destilada,


diclorometano (Alphatec) e sulfato de sódio anidro (Proquimios).

Procedimento

Primeiramente montou-se os equipamentos, como mostra a Figura 1,


utilizando-se uma manta térmica e vidrarias. Posteriormente, adicionou-se 10,0016
g de cravo e 70,00 mL de água destilada em um balão de três bocas e iniciou-se o
aquecimento, inicialmente a uma baixa temperatura mas aumentando-a
gradativamente. Adicionou-se aproximadamente 90,00 mL de água destilada no
funil de separação, de modo a abri-lo sempre que necessário para regular o nível da
água no balão. Após o final do procedimento, coletou-se 100,00 mL do destilado,
adicionou-se em um frasco e identificou-o com o nome do grupo para posterior
utilização.
Figura 1 - ​Sistema para destilação por arraste a vapor

Fonte: Do autor.

Após 49 dias da coleta do destilado, realizou-se a extração do óleo essencial


do cravo (eugenol) no funil de separação, utilizando-se quatro amostras de 10 mL
de diclorometano. Posteriormente, secou-se a fase orgânica, utilizando sulfato de
sódio anidro, em seguida, filtrou-se a mistura em um balão de fundo redondo,
utilizando papel pregueado, e lavando-a com uma pequena quantidade de
diclorometano. Por fim, evaporou-se o solvente no rotaevaporador, obtendo assim o
eugenol, o qual foi pesado para posterior cálculo de rendimento.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A utilização da destilação por arraste a vapor deve-se ao fato de que quando


se deseja separar ou purificar substâncias imiscíveis, torna-se mais recomendado a
utilização desta técnica. Uma mistura de líquidos imiscíveis possui um menor ponto
de ebulição do que as misturas de líquidos miscíveis, o que se torna vantajoso pois
a substância de interesse, no caso o eugenol, que possui um alto ponto de ebulição,
acaba destilando em temperaturas inferiores a 100 °C​3​.
Após o término da destilação do eugenol, faz-se necessário realizar o
armazenamento da solução em vidro âmbar, de modo que não ocorra alterações ao
entrar em contato com a luz, e à baixas temperaturas, para evitar degradação​4​.
Estes métodos de armazenamento devem ser levados em conta pois a extração de
fato só foi realizada 49 dias depois.
A extração por arraste a vapor é industrialmente viável, pois apresenta bons
rendimentos, em torno de 0,5 a 4% e os produtos obtidos são de grande pureza.
Entretanto, a desvantagem desta técnica é que durante o processo de destilação, a
água, a acidez e a temperatura podem provocar hidrólise dos ésteres, rearranjos,
isomerizações, racemizações e oxidações​5​.
Para a realização da extração do eugenol utilizando-se solventes, deve-se
conhecer a solubilidade das substâncias envolvidas. Neste caso, utilizou-se
diclorometano (substância apolar) como solvente, o qual é responsável por formar
uma substância miscível com o eugenol (embora possua uma parte polar é uma
substância apolar, representado pela Figura 2), separando-o da água (substância
polar).
Figura 2 ​- Fórmula estrutural do eugenol

Fonte: Do autor (Chemsketch).

Após o processo de separação, deve-se adicionar um agente dessecante, no


caso o sulfato de sódio anidro, na mistura contendo eugenol e diclorometano. O
sulfato de sódio anidro reage com a água formando um sal deca-hidratado, ou seja,
retira as moléculas de água presentes na solução​3​. Após o processo de secagem da
solução, deve-se evaporar a substância mais volátil, no caso o diclorometano,
através do rotaevaporador, obtendo assim apenas o eugenol, o qual deve ser
pesado para cálculo do rendimento.
O rendimento é definido como a quantidade em gramas obtidas do produto
desejado, relacionada com a quantidade que deveria ser obtida. Quando se trata de
isolar uma substância, por exemplo, uma extração de algum produto natural,
calcula-se a recuperação percentual por peso, de acordo com a Equação 1.

P eso da substância isolada


Rendimento percentual por peso = P eso do material original × 100 (1)

Assim, considerando-se os 10,0016 g de cravo utilizados e os 0,7165 g de


eugenol isolados, obteve-se um rendimento de 7,164 % (m/m).

0,7165 g de eugenol
Rendimento percentual por peso = 10,0016 g de cravo × 100

Rendimento percentual por peso = 7, 164 %

Comparando o valor de rendimento obtido com os valores encontrados na


literatura, ele se apresenta superior. A composição do óleo essencial de uma planta
é determinada geneticamente, sendo, geralmente, específica para um determinado
órgão e característica para o seu desenvolvimento​6​, porém, o ciclo vegetativo e
fatores extrínsecos à planta também influenciam de forma direta no rendimento de
obtenção de óleos essenciais​4​.

CONCLUSÃO

Através deste experimento, pôde-se extrair o óleo essencial presente no


cravo, no caso o eugenol, bem como, realizar o cálculo de rendimento da substância
extraída, obtendo-se um rendimento de 7,164 % o que demonstra um alto
rendimento. Portanto, nota-se que o método de destilação por arraste a vapor
mostrou-se muito eficiente, podendo-se aplicar a outras substâncias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 ​
TRANCOSO, Marcelo Delena. ​Projeto Óleos Essenciais: extração, importância
e aplicações no cotidiano. ​CBNB - Colégio Brigadeiro Newton Braga, Rio de
Janeiro, RJ.
2
BIZZO, H. R. ; HOWELL, A. M. C. ; REZENDE, C. M. ; ​Óleos essenciais no
Brasil: aspectos gerais, desenvolvimento e perspectivas. ​Quim. Nova, Vol. 32,
No. 3, 2009. Página 588

3
PAVIA, D. L. , LAMPMAN, G. M. , KRIZ, G. S. e ENGEL, R. G., ​Química Orgânica
Experimental - Técnicas de escala pequena. ​2 ed. Porto Alegre- 2009.

4
SANTOS, T. A. F., ​Extração, caracterização e aplicações do óleo essencial do
cravo-da-índia (​​syzygium aromaticum)​ ​, Tecnologia em Processos Químicos,
Faculdade de Pindamonhangaba, 2014.

5 ​
RODELLA, Fernanda Messias. ​Extração e atividade antibacteriana do óleo
essencial do cravo-da-índia. Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis,
Assis, 2015. Página 28.

6
SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento​​. Porto
Alegre: UFRGS, 2007. 821p.

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