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10 - Autacóides PDF
10 - Autacóides PDF
FARMACOLOGIA 2016
Arlindo Ugulino Netto.
CLASSIFICAÇÃO
Histamina: além de funcionar como autacoide, é encontrada ainda na forma de neurotransmissor liberado por
neurônios histaminérgicos em algumas regiões do cérebro relacionadas com o estado de vigília,
termorregulação, etc. Pode ser produzida por células mastocitárias e não-mastocitárias.
Angiotensina: autacoide produzido a partir da conversão do angiotensinogênio (produzido pelo fígado) por meio
da renina, formando angiotensina I. Esta é convertida em angiotensina II (por meio da ação da enzima
conversora de angiotensina - ECA), sendo ela a responsável por aumentar a pressão sanguínea do indivíduo ao
estimular a vasoconstricção dos vasos.
Óxido nítrico (NO): principal fator relaxante produzido pelo endotélio, agindo sobre a camada muscular lisa dos
vasos.
Eicosanoides: Prostaglandinas, prostaciclina (substâncias vasodilatadoras, que aumentam a permeabilidade
celular), Tromboxanos A2 e Leucotrienos (substâncias quimiotáxicas).
HISTAMINA
A histamina (formula química: C5H9N3) é uma amina biogênica encontrada na maioria dos tecidos orgânicos
envolvida em processos bioquímicos de respostas imunológicas, tendo a função de desempenhar função reguladora
fisiológica intestinal, alem de atuar como neurotransmissor. Ela é produzida a partir da descarboxilação do aminoácido
histidina, por ação da enzima L-histidina descarboxilase.
A histamina é uma substância de aspecto cristalino, incolor, solúvel em água, com ação vasodilatadora e
constritora de músculos lisos. Ela age em receptores H1, H2, H3 e H4 centrais e periféricos.
SÍNTESE E METABOLISMO
Histamina, uma amina hidrofílica e
vasoativa, origina-se da descarboxilação do
aminoácido histidina, devidamente catalizada
pela enzima L-histidina decarboxilase. Uma
vez formada, a histamina é armazenada ou
rapidamente inativada. Porventura, a histamina
depositada nas sinapses é decomposta pela
enzima acetaldeido dehidrogenase.
É precisamente a deficiência desta enzima que desencadeia (ou "dispara") a reação alérgica decorrente do
acúmulo de histamina nas sinapses. A histamina é, então, decomposta por histamina-N-metiltransferase e diamina
oxidase. Efetivamente, algumas formas de disfunções alimentares, especificamente as chamadas "intoxicações
alimentares" devem-se à conversão de histidina em histamina em alimentos deteriorados, como, por exemplo, peixes.
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OBS²: Em casos de liberação de histamina na via imunológica, para debelar o quadro de choque anafilático, são
utilizados fármacos como Adrenalina (para promover antagonismo fisiológico), Anti-histamínicos (que bloqueiam a ação
dos receptores de histamina) e Corticoides (supressão das moléculas estimulantes que promovem a secreção de
histamina via liberação imunológica – os anticorpos). Quando utilizadas em conjunto, essas drogas agem de maneira
sinérgica, facilitando a cura deste quadro patológico.
A histamina está presente na maioria dos tecidos, sendo encontrada em altas concentrações no pulmão e na
pele; e em concentrações bastante elevadas no trato gastrointestinal (TGI). Em nível celular, a histamina é facilmente
encontrada armazenada em grânulos de células mastocitárias como os mastócitos (presentes nos tecidos) e os basófilos
(presentes no sangue); ou células não-mastocitárias, como os histaminócitos (presentes no estômago).
por armazenar este íon e liberá-lo ao citoplasma quando interage, justamente, com o IP3. Esta excreção
de cálcio no citosol é o principal evento para a contração celular.
O DAG, por sua vez, ativa uma proteína quinase C (PKC) que, assim como toda quinase, fosforila e
promove o aumento da atividade catalítica da fosfolipase-A2, enzima periférica da face interna da
membrana que fosforila e ativa canais para a passagem de Cálcio do meio externo. Além disso, a PKC
fosforila enzimas que clivam fosfolipídeios de membrana e dá início a cascata do ácido araquidônico.
2. Receptores H1 do Endotélio Vascular: a camada endotelial que reveste os vasos internamente apresenta
receptores H1 que, quando ativados, promovem a dilatação dos vasos por liberação de óxido nítrico. Quando
os basófilos presentes na circulação sistêmica liberam histamina, os primeiros receptores histamínicos dos
vasos a sofrerem ação da histamina são os receptores H 1 do endotélio, por ser a primeira camada em contato
com o sangue. Com isso, há toda aquela sequência de transdução do sinal da via da PLC, culminando na
formação do complexo cálcio-calmodulina. No endotélio, entretanto, este complexo não é responsável por
chegar à camada muscular e realizar o encurtamento do sarcômero por meio do mecanismo que já conhecemos
(ver OBS³). O complexo cálcio-calmodulina, quando formado via ativação dos receptores H 1 do endotélio, ativa a
enzima sintase do óxido nítrico citoplasmática, formando o NO, o principal fator de relaxamento derivado do
endotélio. Portanto, quando a histamina ativa receptores H 1 na camada endotelial, a produção de NO é ativada.
Então, este NO produzido na camada endotelial flui em direção à camada muscular, ativa sua via de transdução
de sinal por meio da via da ciclase de guanilil (promovendo a produção de GMPc, responsável por inibir os
canais de cálcio e a MLCK), promovendo eventos citoplasmáticos que resultam no relaxamento muscular e,
consequentemente, em vasodilatação. Este é o principal fator que leva à hipovolemia característica dos choques
anafiláticos.
3. Receptores H2 da Musculatura Lisa Vascular: caso a histamina consiga, porventura, atravessar a camada
endotelial, ela pode ativar receptores H2 da camada muscular lisa vascular e, após promover uma mudança
conformacional da proteína Gs e deslocar a sua subunidade alfa, iniciar a via de transdução da ciclase de
adenilil (AC), culminado no aumento citoplasmático dos níveis de AMPc. Isso faz com que uma proteína
quinase A (PKA, que ativa os canais de cálcio) seja ativada e promova eventos celulares que resultam no
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relaxamento dos vasos. O sinergismo que ocorre com a ativação dos receptores H 1 dos vasos e H2 da
musculatura vascular é um importante fator para os fenômenos de hipovolemia e queda da pressão arterial que
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caracterizam o choque anafilático intermediado por liberação de histamina (ver OBS )
4. Receptores H2 no Coração: quando a histamina esta chega ao coração, ativa os receptores H 2 cardíacos,
promovendo um aumento da frequência (cronotropismo) e força de contração (inotropismo) cardíaca. Quando os
receptores H2 cardíacos são ativados, ocorre uma mudança conformacional na proteína G s que se encontram
ligados a eles, de modo que a subunidade alfa desta proteína ativa a via de transdução da ciclase de adenilil.
Por esta via, a adenilil ciclase é ativada e aumenta os níveis de AMPc citoplasmáticos. Este estimula a entrada
de cálcio extracelular no citoplasma que, ao formar o complexo cálcio-troponina C, promove o encurtamento do
sarcômero muscular, aumentando não só a frequência cardíaca, mas também, a força de contração do coração.
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OBS : A relação da ativação dos H2 vasculares (que promove o relaxamento vascular) e a fisiopatogênese do choque
anafilático já foi explicada. O que pode ainda não estar claro é o a relação da ativação dos H 2 cardíacos e o choque, uma
vez que, ativando estes receptores, a pressão arterial tenderia a subir devido ao aumento do débito cardíaco, o que não
caracteriza o quadro do choque anafilático. A explicação para o fato de que ambos receptores H 2 são ativados durante o
choque (tanto os cardíacos como os vasculares) reside na existência dos receptores H 1 do endotélio: sabendo que a
pressão arterial é o produto entre a resistência periférica total (força que o sangue exerce sobre a parede dos vasos,
representada na pressão arterial diastólica) e o débito cardíaco (quantidade de sangue ejetado na aorta a cada minuto,
representado na pressão arterial sistólica) – ou seja: PA = RPT x DC – explicaremos o advento do choque lembrando
que todos os receptores de histamina tendem a ser ativados. Por este motivo, a diminuição da RPT interfere de forma
mais expressiva para a diminuição da PA, uma vez que os vasos apresentam receptores H1 e H2 e ambos promovem
vasodilatação. Os receptores H2 do coração, mesmo ativados, não são capazes de aumentar a pressão arterial no
advento do choque anafilático.
Choque Anafilático ↓PA = ↓↓RPT (H1+H2 vascular) x ↑DC (H2 cardíaco)
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6. Receptores de histamina na pele: durante uma descarga de histamina que acometa a pele, o indivíduo pode
apresentar sinais de prurido e eritema. O prurido é explicado pela irritação e estimulação das terminações
nervosas sensitivas na região da liberação. O eritema, ou seja, a vermelhidão da pele, é explicado pela dilatação
vascular que acontece nos vasos da região estimulada. A pele, como um todo, sofre ação da urticária secundária
a liberação de histamina. Entretanto, regiões específicas do corpo – como os olhos, lábios, orelhas, palmas das
mãos e planta dos pés – sofrem mais com os efeitos das reações alérgicas. Isso ocorre porque a quantidade de
células produtoras de histamina nessas regiões é maior, predispondo uma maior liberação de histamina nessas
regiões em particular.
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OBS : O Betazol é um fármaco análogo à histamina não-seletivo que deve ter seu uso bastante restrito, uma vez que, da
mesma forma que a histamina, pode interagir e ativar qualquer um dos receptores deste autacoide, podendo causar
efeitos sistêmicos diversos que podem não ser interessantes para qualquer que seja a indicação de seu uso. Portanto,
análogos de histamina praticamente não são utilizados na clínica, apenas anti-histamínicos.
ANTI-HISTAMÍNICOS
Viu-se que a liberação de histamina no organismo, em geral, causa diversos efeitos como taquicardia,
vasodilatação, vasodilatação, queda da pressão arterial, broncoconstricção (dificuldades respiratórias), aumento dos
movimentos peristálticos (diarreias), enjôos, vômitos, aumento da secreção gástrica, formação de urticárias na pele,
edema, choque anafilático, manifestações alérgicas (como na rinite, conjuntivite alérgica, gripe com coriza, reações de
hipersensibilidade), etc.
Os anti-histamínicos são substâncias antagonistas dos receptores metabotrópicos de histamina administrados
no intuito de conter efeitos da liberação exagerada de histamina, responsável por todos estes eventos indesejáveis. Os
principais representantes desta classe são divididos em grupos, a depender do receptor histaminérgico no qual eles
agem:
Antagonistas H1: na clínica, convencionou-se que os receptores H1 são relacionados com reações inflamatórias
e alérgicas. Seus antagonistas agem no intuito de bloquear estas reações. Existem dois tipos de antagonistas
H1:
o Antagonistas de 1ª geração: apresentam efeitos sedativos fortes. Ex: Mepiramina (Alergitanil®),
Difenidramina (Dramin®), Prometazina (Phenergan®/Fenergan®), Ciclizina (Marezine®),
Clorfeniramina (Cimegripe®), Dexclorfeniramina (Polaramine®), Hidroxizina (Hixizine®).
o Antagonistas de 2ª geração: apresentam efeitos sedativos fracos e são mais caros. Ex: Cetirizina
(Zyrtec®), Desloratadina (Desalex®), Loratadina (Claritin®), Fexofenadina (Allegra®).
Antagonistas H2: convencionou-se que estes receptores estão principalmente relacionados com a secreção
gástrica. Seus antagonistas agem no intuito de diminuir esta secreção, podendo ser úteis no tratamento de
gastrites e úlceras pépticas. Os fármacos mais utilizados são Cimetidina, Ranitidina e Famotidina. Bloqueando
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os receptores H2 das células parietais do estômago, reduz-se a secreção de H para a luz do estômago,
reduzindo a agressão do ácido clorídrico à mucosa gástrica.
Antagonistas H4: esses receptores foram recém-descobertos no intestino delgado, e seus antagonistas ainda
estão em fase de ensaios (in vitro/in vivo).
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OBS : A histamina, quanto a sua ação
neurotransmissora, é classificada como um
neurotransmissor excitatório. Entretanto, sua ação
pode ser estimulatória (quando ela age sobre
neurônios excitatórios, como os colinérgicos) ou
inibitória (quando ela age sobre neurônios
inibitórios, ou gabaérgicos). Contudo, em ambos os
tipos de neurônio, o receptor histamínico é do tipo H 1
e sofrem ação direta dos antagonistas H1 de primeira
geração. Portanto, se houver o bloqueio de
neurônios excitatórios, o efeito final será a sedação;
mas se houver o efeito de neurônios inibitórios, o
efeito final será a agitação.
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OBS : Os antagonistas H1 de primeira geração são
caracterizados pelos seus efeitos sedativos e por
diminuir a coordenação motora nos adultos.
Inclusive, psiquiatras utilizam anti-histamínicos H1 de
primeira geração para tratar a insônia de pacientes
depressivos para não prescrever benzodiazepínicos.
Contudo, quando administrados em crianças,
acontece efeito contrário. Este fato é explicado da
seguinte maneira: estudos mostraram que,
independente da dose, há pacientes em que os anti-
histamínicos apresentam maior tropismo por
neurônios inibitórios (o que acontece com alguns
adultos e a maioria das crianças), resultando em um
efeito final estimulatório.
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OBS : Medicamentos anti-psicóticos são frequentemente prescritos por psiquiatras para o tratamento dos sintomas da
esquizofrenia. Entretanto, quando utilizados de uma forma prolongada, podem causar efeitos colaterais importantes, tais
como síndromes extrapiramidais, parkinsonismo ou até mesmo a temida síndrome neuroléptica maligna. Por esta razão,
costuma-se prescrever anticolinérgicos (como o Biperideno) ou anti-histamínicos (como a Prometazina), que diminuem
os efeitos extrapiramidais, além de serem úteis como sedativos, fazendo com que haja uma necessidade menor dos
anti-psicóticos.