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P
M
h < 2B
COTA DE
ASSENTAMENTO
σMIN
σMAX
B
Para que as tensões geradas sejam resistidas pelo concreto, o bloco deve apresentar a
altura h, calculada pela expressão apresentada na Figura 3.2 em função do valor de a, e do
ângulo α, obtido a partir da Figura 3.3 apresentada a seguir, em função da relação σs/σt,
calculados como:
Ppilar + Ppróprio
σs =
Abase
f
σ t = ck , para fck < 18 MPa, ou
10
σt = 0,06 fck + 0,7 (MPa), para fck > 18 MPa
Onde:
σs: tensão máxima que pode ser transmitida ao solo;
σt: resistência à tração do concreto, segundo NBR 6122/1996;
fck:resistência característica do concreto aos 28 dias;
Ppilar: carga do pilar;
Ppróprio: peso próprio do bloco;
Abase: área da base do bloco;
Figura 3.3 – Dimensionamento do bloco de fundação – valor de α (Alonso, 2001)
c) Pilar de seção em forma de U, L, Z, etc: deve-se substituir o pilar real por um outro
fictício de forma retangular circunscrito ao mesmo e que tenha o seu centro de gravidade
coincidente com o centro de carga do pilar real.
Figura 3.4 – Geometria de uma sapata isolada (Alonso, 2001)
O processo de ruptura do maciço de solo onde se apóia uma fundação direta pode ser
considerado conforme esquematicamente mostrado na Figura 3.8. Nesta figura pode-se
observar que a superfície potencial de ruptura do solo é composta por três diferentes regiões:
• Região I: cunha imediatamente abaixo do elemento de fundação, onde a superfície de
ruptura apresenta um trecho reto;
• Região II: caracterizada pela superfície potencial de ruptura apresentar a forma de
uma espiral logarítmica, e estar submetida a um estado de tensões passivas de
Rankine;
• Região III: caracterizada pela superfície potencial de ruptura apresentar um trecho
reto, e pela cunha formada também estar submetida a um estado de tensões passivas
de Rankine.
Superfície do terreno
h
Cota de assentamento
α α 45-φ/2 45-φ/2
I III
II
Superfície de ruptura
Figura 3.8 – Superfície potencial de ruptura para o maciço de solo submetido à ação de uma
fundação superficial
Onde:
σr: capacidade de carga ou tensão de ruptura dos solos;
c: coesão efetiva dos solos;
γ: peso específico dos solos;
q: tensão efetiva do solo na cota de apoio da fundação (q = γh);
Nc, Nγ, Nq: fatores de carga obtidos em função do ângulo de atrito do solo na Figura 3.9;
Sc, Sγ, Sq: fatores de forma, obtidos na Tabela 3.1.
β Nota:
β + η ≤ 90°
V h
β≤φ
H
β
h=
0
η B
• Fatores de forma:
B
S c' = 0,2.( p / φ = o) ,
L
Sc = 1,0 (para fundações corridas)
Nq B B B
Sc = 1 + . Sq = 1+ tan φ S γ = 1− 0,4.
Nc L L L
Onde:
B: menor dimensão da fundação;
L: maior dimensão da fundação;
• Fatores de profundidade:
d c' = 0,4.k (para φ = 0)
dc = 1+ 0,4k d q = 1 + 2 tan φ (1 − senφ ) k
2 dγ = 1,0
Onde:
h h
, para ≤ 1,0
k=
B B
⎛h⎞ h
k = tan −1 ⎜ ⎟ , para > 1,0
⎝B⎠ B
h: profundidade de assentamento da fundação em relação à superfície;
• Fatores de inclinação da carga em relação à base do elemento de fundação
m.H
ic' = 1 − , (para φ = 0);
A f .ca .N c
⎛ H ⎞
m
1 − iq ⎛ ⎞
m +1
ic = i q − H
iq = ⎜1 − ⎟
N q −1 iγ = ⎜1 − ⎟
⎜ V + A f .c a . cot φ ⎟ ⎜ V + A .c . cot φ ⎟
⎝ ⎠ ⎝ f a ⎠
Onde:
2+ B/L
m = mB = ; para H paralelo a B;
1+ B / L
2+ L/B
m = ml = ; para H paralelo a L;
1+ L / B
βº
g x' = , (para φ = 0);
147 º
βº
gc = 1−
147 º
gq = gγ = (1 – tanβ)2
Onde:
β: inclinação da superfície do terreno adjacente ao elemento de fundação, conforme indicado
na Figura 3.10;
O cálculo de ∆σ pode ser feito pela Teoria da Elasticidade aplicada à Mecânica dos
Solos. Entretanto, segundo Cintra et al. (2003) um cálculo preliminar de ∆σ pode ser feito
admitindo que a propagação de tensões ocorra mediante uma inclinação 2:1 (V:H), conforme
ilustrado na Figura 3.11, utilizando a seguinte expressão:
σ r1 .B.L
∆σ =
( B + z ).( L + z )
Onde:
∆σ: parcela de σr1 propagada até a profundidade z;
B: menor dimensão da fundação superficial;
L: comprimento da fundação superficial;
z: distância vertical entre a base do elemento de fundação e a camada a ser analisada;
Superfície do terreno
h
σr1
Cota de assentamento
B
1
2
z Camada resistente
∆σ
Topo da camada analisada
B+z
Figura 3.11 – Propagações de tensões segundo uma inclinação 2:1 (Perloff e Baron, 1976
apud Cintra et al., 2003)
Após o cálculo de ∆σ as seguintes verificações devem ser feitas:
a) Se ∆σ ≤ σr2, então, a capacidade de carga do sistema (σr) é a própria capacidade de
carga da camada mais resistente;
b) Se ∆σ > σr2, então, a capacidade de carga do sistema é dada por:
σ r2
σ r = σ r1 .
∆σ
Segundo Cintra et al. (2003), em termos de capacidade de carga de sapatas isoladas esta
verificação só é necessária somente quando o bulbo de tensões atinge a segunda camada.
Segundo Simons e Menzies (1981) apud Cintra et al. (2003), cálculos mais precisos
utilizando os conceitos existentes na Teoria da Elasticidade aplicada à Mecânica dos Solos
indicam os seguintes valores para a profundidade do bulbo de tensões, em função da forma do
elemento de fundação superficial:
• Sapata circular: z = 1,5B;
• Sapata quadrada: z = 2,5B;
• Sapata corrida: z = 4,0B.
Superfície do terreno
h1
h NA
h2 Cota de assentamento
Superfície do terreno
h
Cota de assentamento
B
d
NA
Neste caso, não há alteração no cálculo do valor da tensão efetiva na base do elemento
de fundação (q), uma vez que a camada de solo existente acima da cota de assentamento não
se encontra saturada. Segundo Das (2005), o valor de γ a ser utilizado diretamente na fórmula
para o cálculo da capacidade de carga para esta situação deve ser obtido por:
d
γ ' = (γ sat − γ w ) + (γ − γ sat + γ w )
B
Os métodos empíricos são aqueles em que a capacidade de carga é obtida com base na
descrição das condições do terreno e em tabelas de tensões básicas. A norma brasileira de
fundações, a NBR 6122/1996, apresenta os valores para as tensões básicas para vários tipos
de solo, conforme pode ser observado na Tabela 3.2 apresentada a seguir.
Tabela 3.2 – Tensões básicas segundo a NBR 6122/1996.
Valores
Classe Descrição
(MPa)
1 Rocha sã, maciça, sem laminação ou sinal de decomposição 3,0
2 Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas 1,5
3
3 Rochas alteradas ou em decomposição
4 Solos granulares concrecionados - conglomerados 1,0
5 Solos pedregulhosos compactos a muito compactos 0,6
6 Solos pedregulhosos fofos 0,3
7 Areias muito compactas 0,5
8 Areias compactas 0,4
9 Areias medianamente compactas 0,2
10 Argilas duras 0,3
11 Argilas rijas 0,2
12 Argilas médias 0,1
13 Siltes duros (muito compactos) 0,3
14 Siltes rijos (compactos) 0,2
15 Siles médios (medianamente compactos) 0,1
3
Levar em consideração o grau de alteração e a natureza da rocha matriz (NBR 6122)
P P e
M
COTA DE
ASSENTAMENTO
B B
B' 2e
(a) (b)
Figura 3.14 – Fundação com carga excêntrica segundo uma direção
Segundo Das (2005), a configuração apresentada na Figura 3.14a pode ser substituída
pelo sistema de forças apresentado na Figura 3.14b, onde:
M
e=
P
Onde:
e: excentricidade da carga P na direção de B.
Esta última situação é ilustrada na Figura 3.14a, sendo, neste caso, o valor de σMAX
calculado como (Das, 2005):
4P
σ MAX =
3L( B − 2e)
Caso ocorra esta última situação (e > L/6), que pode ser estendida para a direção L (eL
> L/6), o cálculo da capacidade de carga pela formulação de Vésic (1974) apresentada
anteriormente deve ser feito considerando as dimensões efetivas (B’ e L’) do elemento de
fundação. Estes valores, B’ e L’, são determinados a partir da área da base do elemento de
fundação diretamente em contato com o solo, conforme pode ser esquematicamente
observado na Figura 3.14b, onde:
• B’ = B – 2e;
• L’ = L;
Até agora foi apresentada uma situação em que a excentricidade da carga vertical
ocorre segundo uma direção apenas do elemento estrutural. Entretanto, uma situação mais
geral pode ocorrer, como por exemplo, a ação de uma carga vertical (P) e de um momento
(M), com componentes Mx e My, segundo dois eixos ortogonais, conforme mostrado
esquematicamente na Figura 3.15a.
eB P
Mx
eL
L
P My
B
(a) (b)
Figura 3.15 – Fundações diretas com excentricidade segundo duas direções ortogonais
B1
eB P
eL L1
L
B
Figura 3.16 – Área efetiva para a situação em que eL ≥ L/6 e eB ≥ B/6 (Das, 2005)
B
Figura 3.17 – Área efetiva para a situação em que eL < L/2 e eB < B/6 (Das, 2005)
Figura 3.18 – Determinação de L1 e L2 para o caso de cargas verticais excêntricas em que eL <
L/2 e eB < B/6 (Highter e Anders, 1985 apud Das, 2005)
Neste caso:
Af
B' =
L'
L’ = maior valor entre L1 e L2
Onde:
B1 e B2: determinados na Figura 3.20, em função de eL/L e eB/B.
Neste caso, a largura e o comprimento efetivo são calculados como:
Af
B' =
L
e,
L’ = L
B1
eB P
eL
L
B2
B
Figura 3.19 – Área efetiva para a situação em que eL < L/6 e eB < B/2 (Das, 2005)
Figura 3.20 – Determinação de B1 e B2 para o caso em que eL < L/6 e eB < B/2 (Highter e
Anders, 1985 apud Das, 2005)
Onde:
B2 e L2: determinados na Figura 3.22, em função de eL/L e eB/B.
Neste caso, a largura e o comprimento efetivo são calculados como:
A'
B' =
L
e,
L’ = L
L2
eB P
eL
L
B2
B
Figura 3.21 – Área efetiva para a situação em que eL < L/6 e eB < B/6 (Das, 2005)
Figura 3.22 – Determinação de B2 e L2 para o caso em que eB < B/6 e eL < L/6 (Highter e
Anders, 1985 apud Das, 2005)
3.5. RECALQUES DE FUNDAÇÕES DIRETAS
Os recalques de uma fundação direta podem ser definidos como o deslocamento
vertical, para baixo, da base do elemento de fundação em relação ao indeformável, sendo
resultante basicamente das deformações que ocorrem no maciço de solo sob a ação da carga
atuante (Cintra et al., 2003). Segundo Cintra et al. (2003), os recalques apresentados pelas
fundações superficiais podem ser classificados em:
• Recalque total ou absoluto (ρ): deslocamento total e individual do elemento de
fundação superficial;
• Recalque diferencial ou relativo (δ): diferença entre os recalques totais de dois
elementos de fundação circunvizinhos;
• Distorção angular ou recalque diferencial específico (δ/l): calculado como a razão
entre o recalque diferencial entre dois elementos de fundação e a distância (l) entre
eles.
Os recalques por adensamento (ρc) são resultantes das deformações volumétricas dos
solos, especialmente em argilas saturadas. Este tipo de recalque ocorre pela expulsão da água
existentes nos vazios dos solos, que se dá ao longo de períodos de tempo prolongados, e são
calculados pela Teoria do Adensamento, não sendo objetivo desta apostila apresentar tal
cálculo, por entender-se tratar de um tópico particular da disciplina de Mecânica dos Solos.
Os recalques imediatos (ρi) são provenientes das deformações a volume constante, que
ocorrem em um tempo muito curto, se comparado com aquele necessário para a ocorrência
dos recalques por adensamento, ou seja, quase simultaneamente com a aplicação do
carregamento. Os recalques imediatos são normalmente calculados pela Teoria da
Elasticidade da Mecânica dos Solos, que considera o solo como um material elástico, hipótese
esta bem razoável para níveis de tensão inferiores à tensão admissível dos solos.
Tabela 3.3 – Fator de influência Iρ (Perloff e Baron, 1976 apud Cintra el al., 2003)
Fundação flexível Rígida
Forma Centro Canto Médio
Circular 1,00 0,64 0,85
Quadrada 1,12 0,56 0,95 0,75
L/B = 1,5 1,36 0,67 1,15 0,99
L/B = 2,0 1,52 0,76 1,30
L/B = 3,0 1,78 0,88 1,52
L/B = 5,0 2,10 1,05 1,83
L/B = 10 2,53 1,26 2,25
L/B = 100 4,00 2,00 3,70
Os fatores C1, C2 podem são calculados a partir das seguintes expressões (Cintra et al.,
2003):
⎛ q ⎞
C1 = 1,0 − 0,5⎜ ⎟ ≥ 0,5 ,
⎝σ *⎠
Onde:
q: tensão efetiva na cota de assentamento da fundação;
e,
⎛ t ⎞
C 2 = 1,0 + 0,2 log⎜ ⎟
⎝ 0,1 ⎠
Onde:
t: tempo de aplicação do carregamento, expresso em anos.
A tensão líquida σ* é calculada como a diferença entre a tensão total aplicada ao solo
na cota de assentamento pela fundação (σ) e a tensão efetiva atuante no solo a esta
profundidade (q).
Para a determinação do fator de influência Iz, Schmertmann realizou várias análises
teóricas, estudos em modelos e simulações numéricas, onde observou que este fator varia bi-
linearmente com a profundidade, conforme mostrado esquematicamente na Figura 3.24. Esta
figura mostra que ao longo da profundidade o fator de influência comporta-se de duas formas
distintas: um aumento inicial de Iz com a profundidade, e um posterior decréscimo.
De acordo com Schmertmann, o valor máximo de Iz ocorre em profundidades
diferentes dependendo da forma da sapata:
• Para sapatas corridas o máximo valor de Iz ocorre a uma profundidade z = B/2,
contada a partir da cota de assentamento;
• Para sapatas quadradas, o máximo valor de Iz ocorre a uma profundidade z = B,
contada a partir da cota de assentamento.
Figura 3.24 – Fator de influência na deformação vertical (Schmertmann, 1970 apud Cintra et
al., 2003)
O valor de Iz em cada camada de um maciço arenoso pode ser obtido por semelhança
de triângulo, ou pelas seguintes equações (Cintra et al., 2003):
a) Sapata quadrada
• Para z ≤ B/2
Iz = 0,1 + 2,0(Iz,máx – 0,1)z/B
• Para B/2 ≤ z ≤ 2B
Iz = (2/3)Iz,máx (2 – z/B)
b) Sapata corrida
• Para z ≤ B
Iz = 0,2 + (Iz,máx – 0,2)z/B
• Para B ≤ z ≤ 4B
Iz = (1/3)Iz,máx (4 – z/B)
Para a aplicação das expressões apresentadas acima, a profundidade z deve ser contada
a partir da cota de assentamento da fundação superficial.
Segundo Cintra et al. (2003), para casos de sapatas intermediárias (1 < L/B < 10) foi
recomendado por Schmertmann (1978) resolver os dois casos (sapata quadrada e sapata
corrida) e fazer uma interpolação, para os valores de Iz.
Os recalques imediatos em areias podem ainda ser obtidos a partir dos recalques
medidos em ensaios de placa para as condições brasileiras (placa com 80 de diâmetro) por
meio da seguinte expressão (Cintra et al., 2003):
2
⎡ Bs ⎤
ρz = ρ p ⎢ ⎥
⎣ 0,7( B s + 0,3) ⎦
Onde:
ρs: recalque da sapata;
Bs: dimensão da sapata apoiada sobre maciço arenoso;
ρp: recalque medido no ensaio de placa para as condições brasileiras (diâmetro da placa igual
a 80 cm);
Tabela 3.4 – Coeficiente α (Teixeira e Godoy, 1996 apud Cintra et al., 2003)
Tipo de solo α
Areia 3,0
Silte 5,0
Argila 7,0
e,
Es = αKNSPT
Onde:
α: coeficiente empírico dado na Tabela 3.4, em função do tipo de solo;
K: coeficiente empírico dado na Tabela 3.5, em função do tipo de solo;
NSPT: número de golpes necessários para a penetração dos 30 cm finais do amostrador-padrão
obtido no ensaio SPT.
Tabela 3.5 – Coeficiente K (Teixeira e Godoy, 1996 apud Cintra et al., 2003)
Tipo de solo K (MPa)
Areia com pedregulhos 1,1
Areia 0,9
Areia siltosa 0,7
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,3
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,20
Segundo Cintra et al. (2003), Teixeira e Godoy também apresentam valores típicos
para o coeficiente de Poisson (ν), conforme apresentado na Tabela 3.6.
Tabela 3.6 – Coeficiente de Poisson (Teixeira e Godoy, 1996 apud Cintra et al., 2003)
Tipo de solo ν
Areia pouco compacta 0,2
Areia compacta 0,4
Silte 0,3 – 0,5
Argila saturada 0,4 – 0,5
Argila não saturada 0,1 – 0,3
De acordo com Teixeira (1996), se uma estrutura sofresse recalques totais igualmente
ao longo de toda a sua extensão não deveria ser causado nenhum tipo de dano, mesmo para
valores elevados de recalque. Entretanto, a ocorrência de recalques totais uniformes não
ocorre, devido a várias causas, como excentricidade da carga, incertezas sobre a real grandeza
das cargas atuantes, heterogeneidade do subsolo, etc, sendo, portanto, a limitação do recalque
total uma das maneiras de se limitar os recalques diferenciais. Para estruturas usuais de aço ou
concreto, Skempton-MacDonald apresentam as seguintes recomendações para os recalques
diferenciais e para os recalques totais limites:
• Para areias:
o Recalque diferencial máximo = 25 mm
o Recalque total máximo = 40 mm para sapatas isoladas;
o Recalque total máximo = 40 a 65 mm para radiês.
• Para argilas:
o Recalque diferencial máximo = 40 mm
o Recalque total máximo = 65 mm para sapatas isoladas;
o Recalque total máximo = 65 a 100 mm para radiês.
Estes valores não se aplicam aos casos de prédios em alvenaria portante, para os quais
os critérios devem ser mais rigorosos. Os danos causados por movimentos de fundações são
agrupados por Skempton e MacDonald, citado por Teixeira e Godoy (1996) em três
categorias:
• Arquitetônicos: são aqueles visíveis ao observador comum, causando algum tipo de
desconforto: trincas em paredes, recalques de pisos, desaprumo de edifícios, etc;
• Funcionais: são aqueles que comprometem a utilização da construção
• Estruturais: são aqueles causados a estrutura propriamente dita, isto é pilares, vigas e
lajes, podendo comprometer a sua estabilidade.
3.6. EXERCICIOS
1. (Alonso, 1983) Dimensionar um bloco de fundação confeccionado com concreto com fck =
15 MPa para suportar uma carga de 1700 kN aplicada por um pilar de 35 x 60 cm, e apoiado
num solo com tensão admissível igual a 0,4 MPa. Despreze o peso próprio do bloco.
2. (Alonso, 1983) Determinar o diâmetro de uma sapata circular submetida a uma carga
vertical de 550 kN usando a teoria de Terzaghi, com fator de segurança global igual 3,0,
considerando que a mesma encontra-se assentada a cota de -1,20 m em relação à superfície,
sobre um maciço de solo arenoso homogêneo com ângulo de atrito interno igual a 33º e peso
específico igual a 17,5 kN/m³, sem a presença de água.
3. Para a situação mostrada na figura seguinte, considerando a sapata com largura igual a 9,0
m:
a) Determine a cota de assentamento h;
b) Calcule o recalque imediato e verifique se o mesmo encontra-se dentro dos valores limites
estabelecidos;
P = 300 kN
h=?
B = 1,80 m
H = 18 m
9,0
CAMADA ARGILOSA
Prof. (m)
NSPT = 15
CAMADA RÍGIDA
4. (Alonso, 1983) Dado o perfil abaixo, calcular a tensão admissível de uma sapata quadrada
de lado igual a 2,0 m, apoiada na cota -2,5 m, usando a formulação de Terzaghi.
5. (Cintra et al., 2003) Calcular o recalque imediato médio no centro e no canto, de uma
sapata retangular de 10 m x 40 m, aplicando uma tensão de 50 kPa numa camada semi-
infinita de argila homogênea, saturada, com módulo de deformabilidade de 30 MPa.
8. (Cintra et al., 2003) Reproduzindo um caso real resolvido por Schmertmann (1970),
calcular o recalque após 5 anos de uma sapata de 2,6 m por 23,0 m, apoiada a -2,0 m em
relação à superfície do terreno, aplicando uma tensão de 182 kPa. Trata-se de uma areia
média, compacta, com peso específico seco de 16 kN/m³, peso específico saturado de 20
kN/m³. O NA encontra-se a 2,05 m de profundidade. Os valores de qc (resistência de ponta do
cone) são apresentados na figura seguinte ao longo da profundidade.
9. (Das, 2005) Uma fundação quadrada a ser construída sobre um solo arenoso recebe da
estrutura uma carga total igual a 150 kN, conforme mostrado na figura seguinte. A cota de
assentamento da fundação será -0,70 m. A carga será aplicada na fundação inclinada de um
ângulo de 20º com a vertical. Considerando um peso específico natural do solo igual a 18
kN/m³, c’ = 0 e φ’ = 30º e assumindo um fator de segurança global igual a 3,0, determine a
largura necessária para a fundação transmitir ao solo uma tensão compatível com a sua tensão
admissível.
150 kN
20º
0,70 m
10. (Das, 2005) Seja a fundação quadrada mostrada na figura seguinte e submetida a uma
carga vertical e um momento. Use um fator de segurança global igual a 6,0 e determine a
dimensão B, considerando as informações apresentadas na figura.
445 kN
33 kN.m
γ = 15,7 kN/m³
c' = 0 kPa;
1,2 m φ' = 30º
NA
B
γSAT = 19 kN/m³
c' = 0 kPa;
φ' = 30º
11. (Das, 2005) Determine a máxima carga a ser aplicada para a fundação quadrada mostrada
na figura abaixo, considerando que a carga será excêntrica, para as duas situações abaixo
representadas pelos dados fornecidos:
a) ρ = 2000 kg/m³; c’ = 0 kPa; φ’ = 42º, B = 2,5 m; h = 1,5 m; x = 0,2 m; e y = 0,2 m;
b) ρ = 1950 kg/m³; c’ = 0 kPa; φ’ = 36º, B = 3,0 m; h = 1,4 m; x = 0,3 m; e y = 0 m;
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