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Lucas Moreira
Sua obra é dividida em três capítulos, no qual sendo esta resenha referente
ao primeiro. No primeiro capítulo – Cultura como conceito – Bauman apresenta os
processos de modificação da noção de “cultura”, bem como os vários significados
que esta adquiriu ao longo da História. No segundo capítulo – A cultura como
estrutura – busca relacionar a cultura com a forma de organização e estruturalização
das sociedades. Já no terceiro capítulo – A cultura como práxis – relaciona a cultura
às ações humanas, como ações livres de qualquer força unicamente coletiva e, no
sentido durkheimiano, coercitivas.
Para trabalhar com a noção de “cultura”, Bauman inicia dividindo esta em três
perspectivas – ou univers du discours1 – diferentes – e a seu ver, relevantes – de
manifestação ao longo da História. Num primeiro universo, a cultura aparece como
um “conceito hierárquico”, isto é, como fator de organização e estratificação dos que
possuem e dos que não possuem “cultura”. Fortemente marcada na filosofia grega,
no qual se tem um princípio de organização e “crescimento” natural (physis) dos
homens, a cultura como fator hierárquico aparece à medida que se constrói um perfil
de indivíduo ideal, civilizado e moralmente bom – isto é, condizentes com os
princípios de moralidade e bondade desse contexto – e que esta cultura (de modelo
ideal de homem) seria herdada conforme fosse apresentada ao indivíduo –
semelhante à abordagem bourdieusiana de capital cultural herdado. Assim, herdava-
1Universo de discurso. Bauman utiliza este termo ao referir-se a diferentes contextos que a noção de
cultura é utilizada.
se a política, os bons costumes, as virtudes, e todos os atributos que hierarquizavam
as personalidades e características humanas dotadas ou não de cultura.