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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA

DE FAMÍLIA DA COMARCA DE (__________) (Conforme art. 319, I, NCPC e


organização judiciária da UF)

AUTOR, (qualificação completa), residentes e domiciliado à Rua..., endereço


eletrônico, por seus advogados in fine assinados conforme procuração
anexada, com endereço profissional (completo), para fins do art. 106, I, do
Novo Código de Processo Civil, respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, propor:

DECLARAÇÃO NEGATIVA DE PATERNIDADE, cumulado com pedido


de MODIFICAÇÃO NO REGISTRO CIVIL DE NASCIMENTO

em face de XXXXX, nascido em XXXXX, menor absolutamente incapaz, sem


RG e CPF, filho de XXXXX e de XXXXX, representada por sua mãe a
Sra. XXXXX, brasileira, filha de XXXXXX e de XXXXX, inscrita do Cadastro de
Pessoas Físicas (CPF) nº XXXXX, residente e domiciliada no endereço
XXXXX, telefone: (XX) XXXXX, email XXXXX, pelos fatos e fundamentos
jurídicos adiante aduzidos.

FUNDAMENTOS FÁTICOS DOS PEDIDOS

O Requerente é pai registral do Requerido XXXXX (doc. Anexo).

O Autor teve um relacionamento amoroso com a genitora do Requerido,


Sra. XXXXX, pelo período de XX (XXXX) meses, iniciando-se no mês de
XXXX e findando em XXXX.

Após o fim do relacionamento, ainda no mês de XXXXX, a genitora do


Requerido comunicou ao Requerente que estaria grávida e que ele seria o pai
do nascituro. Acreditando em tal fato, após o nascimento, o Requerente
procedeu ao registro da criança.
Ocorre que, tempos depois, a genitora do réu confidenciou ao Requerente
que manteve relacionamento com outra pessoa, na época da concepção da
parte requerida. Aliada aos traços físicos extremamente diferentes dos seus,
tal informação levou o Requerente à irrefragável conclusão no sentido de que
não é o pai biológico do menor em questão.

A fim de produzir prova da inexistência de vínculo biológico com o Requerido,


o Autor chegou a propor a realização de exame de DNA, o que, contudo, não
foi aceito pela genitora do Requerido, o que somente corroborou as
convicções do Requerente acerca da inexistência de paternidade biológica
em relação ao réu.

É fato, ademais, que, atualmente, o Requerente não mantém qualquer


contato com a criança, situação, inclusive, que é reforçada por atitudes da
genitora, que tem se negado a permitir o contato do menor com o Autor.
Portanto, hodiernamente, sequer existe vínculo afetivo entre as partes.

Assim, para corrigir a situação, considerando que incorreu em erro, já que


não é o pai biológico do réu, o Requerente propõe a presente demanda, com
os seguintes objetivos:

(1º) seja negada a existência de vínculo paterno-filial biológico e afetivo


entre XXXXX e seu pai registral XXXXX.

FUNDAMENTOS JURÍDICOS DOS PEDIDOS

Dispõe a Constituição Federal, em seus artigos abaixo transcritos, o seguinte:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e


ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção,


terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.

Dispõe o Código Civil Brasileiro, em seus artigos abaixo transcritos, o


seguinte:
Art. 1604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro
de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.

Art. 1605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a


filiação por qualquer modo admissível em direito:

I – quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais,


conjunta ou separadamente;

II – quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.

Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver,


passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz.

Art. 1607. O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais,
conjunta ou separadamente.

Dispõe a lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente -, em seu


artigo abaixo transcrito, o seguinte:

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,


indisponível e imprescritível, podendo ser exercido contra os pais ou seus
herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.

A jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do DF e Territórios demonstra


a existência de inúmeros precedentes judiciais que permitem a investigação
da paternidade biológica da criança ou adolescente, como se pretende nesta
demanda, conforme apontam as ementas abaixo colacionadas:

CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO NEGATÓRIA DE


PATERNIDADE. EXAME DE DNA. INEXISTÊNCIA DE
VÍNCULO AFETIVO. EXCLUSÃO DA PATERNIDADE. 1.
É direito do pai registral esclarecer suas dúvidas
acerca da paternidade legalmente assumida no curso
de relacionamento estável. 2. Comprovada a
exclusão genética do suposto pai, após realização de
exame de DNA, a lei faculta ao indigitado pai a sua
exclusão do registro de nascimento daqueles que,
até então, supunha ser geneticamente seus filhos. 3.
É certo que a paternidade não cinge-se em vínculo
meramente biológico, porém, para que se imponha ao
pai registral o dever de continuar a haver como seus,
filhos de outrem, os quais descobriu somente após o
exame de DNA que não o são, é imprescindível que
entre suposto pai e filhos haja vínculo afetivo, amparado
em afetuosa convivência. 4. A paternidade socioafetiva
deriva de convívio amigável e afetuoso entre pais e
filhos, não podendo ser imposta ao pai registral que
nunca conviveu com os filhos por ele assumidos no
passado e que enganosamente supunha serem
seus. 5. Recurso conhecido e provido.
(20070710146908APC, Relator NILSONI DE FREITAS,
2ª Turma Cível, julgado em 24/03/2010, DJ 15/04/2010
p. 66)

CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. NEGATÓRIA DE


PATERNIDADE. EXAME DE DNA. ASSUNÇÃO DA
PATERNIDADE COM MULHER QUE O DECLARANTE
MANTEVE RELACIONAMENTO. RECONHECIMENTO
DE PATERNIDADE MEDIANTE ERRO. PATERNIDADE
SÓCIO-AFETIVA. REQUISITOS. INEXISTÊNCIA. 1. De
cediço conhecimento que o erro é "uma noção inexata
sobre um objeto, que influencia a formação da vontade
do declarante, que a emitirá de maneira diversa da que a
manifestaria se dele tivesse conhecimento exato (...).
Para viciar a vontade e anular o ato negocial, este
deverá ser substancial, escusável e real. Escusável, no
sentido de que há de ter por fundamento uma razão
plausível ou ser de tal monta que qualquer pessoa de
atenção ordinária seja capaz de cometê-lo (...). Real, por
importar efetivo dano para o interessado. O erro
substancial é erro de fato por recair sobre circunstancia
de fato, ou seja, sobre as qualidades essenciais da
pessoa ou da coisa" (Maria Helena Diniz, Código
Civil Anotado, 1997, p. 109). 2. In casu, presente o erro
em que incidiu o Requerente ao emitir, de boa fé a mais
não poder, declaração de vontade consistente em
reconhecer a paternidade de uma criança que supunha
ser seu filho, por haver confiado na genitora do menor
com quem manteve relacionamento e que lhe fez
acreditar ser ele o pai biológico do Requerido. 3. A
adoção à brasileira é um reconhecimento voluntário da
paternidade, quando não existe vínculo biológico, que se
aproxima da paternidade adotiva, embora não se
submeta ao devido processo legal. 3.1 Parentesco civil,
no Código Civil antigo, sempre foi havido como aquele
oriundo somente de adoção, mas o atual Código Civil, ao
referir-se, de maneira aberta, ao parentesco civil como
aquele que resulta de outra origem que não seja a
consangüinidade, possibilita outras interpretações. 3.2
Parentesco civil é aquele oriundo de relação sócio-
afetiva, que não se restringe à adoção. 3.3 E dentre tais
relações sócio-afetivas estão aquelas antes vistas, em
que um homem registra filho alheio como seu. 3.4 Para
que exista a paternidade sócio-afetiva, é necessário o
preenchimento de dois requisitos: a) inexistência de vício
de consentimento; b) que o pai trate o filho como seu, de
modo a assim ser havido em sociedade. 4. No caso dos
autos, o autor foi induzido em erro; mantinha um
relacionamento com a mãe do menor, e por isso assumiu
a paternidade, ainda que com desconfiança. 4.1 A
criança cresceu e as diferenças externaram-se mais
evidentes tendo então o autor resolvido colocar uma pá
de cal sobre o assunto quando então realizou exame
DNA, cujo resultado já era esperado: negativo. 5. Não se
pode impor os deveres de cuidado, carinho e sustento a
alguém que não sendo pai biológico, também não deseja
ser pai sócio-afetivo. 6. Precedente da Casa. 6.1 "1 - O
exame de DNA, dada a precisão de seu resultado, é
prova que, confirmando ou não a paternidade, não pode
ser desconsiderada, mesmo que o suposto pai, por erro,
tenha registrado a criança como filho. 2 - Não há
paternidade sócio-afetiva se o suposto pai, iludido pela
mãe, fez o registro de nascimento da criança acreditando
que essa era sua filha, máxime e se inexistiu convivência
por tempo suficiente para que haja afeto entre o pai e a
criança, de forma que a filha, tratada como tal, seja
criada e educada pelo pai. 3 - Omissis. 4 - Apelação
provida em parte." (TJDF, 6ª Turma Cível, Apelação
Cível nº 2007015010145-8 APC DF, Relator
Desembargador Jair Soares, DJ 25/06/2008, pág. 82). 7.
Precedente do C. STJ. 7.1 "Direito civil. Família. Recurso
especial. Ação negatória de paternidade. Exame de
DNA. - Tem-se como perfeitamente demonstrado o vício
de consentimento a que foi levado a incorrer o suposto
pai, quando induzido a erro ao proceder ao registro da
criança, acreditando se tratar de filho biológico. - A
realização do exame pelo método DNA a comprovar
cientificamente a inexistência do vínculo genético,
confere ao marido a possibilidade de obter, por meio de
ação negatória de paternidade, a anulação do registro
ocorrido com vício de consentimento. - A regra expressa
no art. 1.601 do CC/02, estabelece a imprescritibilidade
da ação do marido de contestar a paternidade dos filhos
nascidos de sua mulher, para afastar a presunção da
paternidade. - Não pode prevalecer a verdade fictícia
quando maculada pela verdade real e incontestável,
calcada em prova de robusta certeza, como o é o exame
genético pelo método DNA. - E mesmo considerando a
prevalência dos interesses da criança que deve nortear a
condução do processo em que se discute de um lado o
direito do pai de negar a paternidade em razão do
estabelecimento da verdade biológica e, de outro, o
direito da criança de ter preservado seu estado de
filiação, verifica-se que não há prejuízo para esta,
porquanto à menor socorre o direito de perseguir a
verdade real em ação investigatória de paternidade, para
valer-se, aí sim, do direito indisponível de
reconhecimento do estado de filiação e das
conseqüências, inclusive materiais, daí advindas.
Recurso especial conhecido e provido. REsp878954/RS,
Ministra Nancy Andrighi, DJ 28/05/2007 p. 339). 8.
Recurso conhecido e provido.(20080310087594APC,
Relator JOÃO EGMONT, 6ª Turma Cível, julgado em
20/01/2010, DJ 10/03/2010 p. 134)

No caso vertente, emerge indiscutível dos fatos narrados


que a certidão de nascimento da menor contém
declaração falsa e eivada de erro (falsa representação
da realidade) por ocasião do registro de nascimento do
menor no que se refere à sua paternidade. Constatada a
falsidade e o erro que motivaram a declaração inserida
na certidão de nascimento da parte requerida, impõe-se
sua anulação.

SÍNTESE DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a parte Requerente postula a esse egrégio Juízo:

a) a concessão dos benefícios da gratuidade de justiça, por declarar que não


possui condições econômico-financeiras de arcar com as custas do processo
sem prejuízo do seu sustento e de sua família (Lei nº 1.060/50, art. 4º, § 1º);

b) a citação do Requerido, para que tome ciência da demanda e a conteste,


caso queira, sob pena de incidência dos efeitos materiais e processuais da
revelia;

c) a designação de audiência de conciliação, instrução e julgamento, caso


haja oposição do requerido aos pedidos formulados, promovendo-se a
colheita de prova oral (depoimento pessoal da genitora do requerido, sob
pena de confissão, e oitiva de testemunhas ora arroladas anexo II);
d) a realização de exame pericial de DNA, às expensas do Poder Público, em
relação ao qual as partes deverão ser intimadas para comparecimento, na
data e horário designados, ao Instituto XXXXXX

e) o julgamento de procedência dos pedidos para que seja reconhecida a


inexistência de vínculo paterno-filial biológico e afetivo entre XXXXXX e seu
pai registral XXXXX;

f) transitada em julgado a sentença, a expedição de mandado de averbação,


para que se procedam às alterações registrais necessárias.

O Requerente pleiteia, desde já, provar o alegado através de todos os meios


de prova em direito admitidos, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do
NCPC, especialmente pelo depoimentoto pessoal da genitora do menor, sob
pena de confesso, bem assim oitiva das testemunhas arroladas (anexo I).

Atribui-se à causa o valor de R$ XXXX (XXXXXX). Obs. Valor da causa é


referente ao salário mínimo vigente.

Com essas brevíssimas considerações,

Pede deferimento.

Local e data.

Advogado/OAB

ANEXO I

ROL DE TESTEMUNHAS:

(1) -

(2) -

(3) -

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