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Clínica Da Pulsão - Diana Rabinovich PDF
Clínica Da Pulsão - Diana Rabinovich PDF
com/lacanempdf
D1111Ul t RnBlnom
Clínica da Pul\ão
- a\ impul\õe\
TRADUÇÃO
André Luis de Oliveira Lopes
EDITOR
José Nazar
Copyright O Edidon<J Mmanli,,/
Trruw ORJGrNAL
Una Clinica d, !.a pubidn: la, inpubion<J, 1989
EorroRAçAo ELETRONICA
FA - Editoração Ektrônica
TRADUÇÃO
Andrl Luís d, Oliveira Lop"
REvrsAo
Darlenr V. G. Gaudio
EorroR REsroNSAVEL
Jo,INazar
CONSELl-10 EDITORIAL
Bruno Pa'4zzo Nazar
Jo,INazar
Josl Mdrio Simíl Conkíro
Maria Emília Lobato Luândo
Ttresa Pa/.azzo Nazar
Ruth Ferreira Basto!
FICHA CATALOGRÁFICA
Rll6c
Rabinovich, Diana 5.
Clínica da Pulsão - as impulsões / Diana 5.
Rabinovich ; tradução: André Luis de Oliveira Lopes ;
editor:José Nazar. - Rio deJaneiro: Companhia de Freud,
2004.
103 p.; 23 cm
Inclui bibliografia
ISBN 85-85717-72-6
• d I t o r a
Apresentação .......................................................................................... 7
O rema dessas reuniões, cal como está formulado no titulo, "Pulsão, dese
jo e mais-de-gozar" é, obviamente, muito ambicioso, e não poderemos
esgotá-lo. Minha idéia é, antes, reali,.ar algumas pontuações que se situam
no contexto do curso que dei sobre o conceito de objeto em psicanálise,
cuja primeira parte já foi publicada, e cuja segunda parte, espero, sairá
num futuro próximo; segunda parte na qual rearei o problema da causa
do desejo. Ficava então pendente o cerna do conceito de mais-de-gozar
em sua articulação com o objeto a, vale dizer, a articulação entre o gozo e
o objeto a.
O eixo do que é minha intenção desenvolver ao longo destas aulas é,
então, o conceito dessa função- termo que deve ser tomado em sua acepção
matemática moderna - que Lacan batizou "mais-de-gozar". Se prefiro
referir-me a ele como função é porque, a partir desta perspectiva, pode-se
desenvolver com maior precisão a relação entre o objeto a e a função da
causa do desejo e a relação entre o objeto a e a função do mais-de-gozar.
Desejo e gozo, desejo e pulsão apresentam-se, pois, tendo como dobradiça
essa dupla articulação do objeto a, por um lado com a função de causa do
desejo, por outro, com a função do mais-de-gozar. Cabe não esquecer que
ambas as funções remetem ao objeto a em sua dimensão de real.
Pode-se enfocar este tema a partir de muitas perspectivas e de diver
sos àngulos. Precisamente, se o termo "mais-de-gozar" está acompanhado
no titulo por outras duu palavras, que são desejo e pulsão, isso se deve a
q� a função do mai1-dc-par i uma espécie de dobradiça entre o concei
to de dacjo e o de pulllo.
ÜIANA 5. RABINOV!CH
/O
solidário do narcisismo. Que fiqu e claro qu e esta é uma interpr etação par
ticular de Lacan do problema do narcisismo freudiano. Esta interpr etação
é coerente com a declaração explícita, qu e faz Lacan, no sentido de qu e
coda a sua teoria sobre o gozo retoma a teoria energética freudi ana e o
problema da quantidad e e da energia em Fr eud.
Lacan o diz claramente; a qu estão não é (o que foi chamado classica
mente na psicanálise freudiana) o problema econômico: Lacan o considera
como um problema de economia política. Da( a possibilidade de compará
lo com a mais-valia marxista. Mas acrescenta algo no que foi dito por
Marx: que a economia política é uma economia pol!tica de discursos; quer
dizer que o que distribui a economia e a pol ítica é como circula o gozo em
um sistema simbólico : pela estrumra do discurso.
Esta idéia, de que há uma economia e uma pol!tica do discurso que
f.u a distribuição do gozo e que o gozo é algo a captar, começa a propor um
problema: se alguém o quer obter, pareceria um prazer; mas por que al
guém iria querer acumular algo que é tão desprazeroso como em alguns
momentos Lacan pinta o gozo (por exemplo, no Seminário A ética . . . ) ? Esse
com quase apocalíptico que às vezes Lacan usa em relação ao gozo, retorna
sempre com bastante insistência. Por isso o gozo é, em Lacan, o funda
mento de uma ética. De uma ética que não é a do bem-estar, a do prazer, a
do conforto. Precisamente, o paradoxo freudiano da pulsão de morre e do
mais-além do princípio do prazer, é que o ser humano, ao estar atravessado
pelo significante, tem como bem supremo algo que não é prazeroso. Por
isso Lacan compara e diferencia, de salda, a ética que se infere de Freud da
ética aristotélica. A ética aristotélica supõe um bem supremo cuja flor, diz
Lacan retomando Ariscóteles, é a flor do prazer. A ética freudiana, a que se
deduz não só do Mais-além do p rincip io do prazer, como também de O mal
estar na cultura, é, ao contrário, uma ética do mal fundamental para o qual
tende o homem. Sua busca não é precisamente a de seu bem, mas a de seu
gozo que está do lado de seu mal, na medida em que o bem supremo não
existe .
Esse problema do mal reaparecerá muitas vezes e todos sabemos que,
quiçá, está presente nas primeiras consultas de quase todos os pacientes:
por que faço i•ro que eu sei que me faz mal ou que me fa,. sofrer? Ou, se
scmp rc quis evitar isso, por quê resulta que isso, que sempre quis evitar, é o
D I A N A S . RA B I N OV I C H
16
pe r gunta qu e será um dos eixos do que tenta rei desenvolve r nestas reuni
ões: são idênticas à patolog i a do fantasma?, sãc um a va r iante da mes ma?
Estas pato l og i as apa recem basicamente vinculadas a o ato em qual
que r de seus macizes: passagem ao ato, ato e act ing-out, e, obviamente, o
fantasm a desempenha nelas um pape l fund a mental. Estão d o lado do fan
rasma e remecem ao auto-e rorismo, não se situ am do l ado do sintoma.
F reud mesmo, em uma carta a Fliess anterio r a 1 900, ass:.1ala que
roda adição ( rdere-se e n 1 re ounas ao jogo, à bulim ia , etc.) é um substituto
do aura-e rot i smo. lese que re1oma quando ex a m ina Õ caso de Dostoievski.
Po rém, tudo isso gira em rorno desses "misteriosos" p roblemas freudianos,
que não se confundem co m o rema d a c astr a ção e seu rochedo; me refiro a
esse outro problem a que é o d a adesividade d a libido, a fixação ao objeco
pulsional, o p roblem a do quantum de fixa ção, quer dizer, o p ro b lema da
ene rgética da fixação . Recordem que Freud coloca-o como um dos obstá
cu los maiores à finalização de uma anál i se.
O conceito de m ais-de-gozar tem seu anteceden te, como lhes reco r
dava, não somente 110 conceico marxisc a de mais-v alia, mas sob recudo no
conceico freudiano de ganho de praze r (Lustgewin) . Em Freud, este ganho
de p razer alude diretam ente a um aumenco d a s a cisfação pulsional, isco é,
é ro
à dimensão da satisfação da pulsão . Isco implic a além disso, e esse out
esse ganho de gozo, que é a form a como
ponto q ue quero enfatiza r, que
e p ara
p re fi ro t raduzir O ganho de pr azer em Freud, é, quiçá, uma das cha� �
ção que F eud chamo u adcs1v 1da de
enrcnd er na mesma o bra freudiana, a fun r
' nal n t , c sa que ninguém sabe exp
da libid o com o fator const itucio oi licar
i a o
muico b e m o q ue é.
propoe em termos de eco-
Po r outro l ado, esta ene rgética que L acan
a out pólo, que t a mbém cem a ver co � o aro
no mia pol lcica, nos reme te ro
ólo é a m1b1 çio.
e que: já escá pres ente no Seminário "A angústia" . Este p
D I ANA 5. RAB I N O V I C H
10
discursos, LaOIJ
,
Nessa cpoc a, que e, a que vai do Seminário X aos quatro .
ão entre acting- out e passag em ao ato, assim co rn,
p ro póe uma certa oposiç
· certa o posi' ça' o entre sublimaça' o e inibição . São todas temáticas vin
existe
ão da sublimação corn
culadas à satisfação . Recordem a famosa definiç
defesa .
satisfação da pulsão sem recalq ue, sem
Nesse contexto , não é casual que Lacan torne a trabalhar o grafo d
desejo no mesmo Seminár io "De um Ou tro ao outro", onde introduz
mais-de-gozar, e a referência que faz é a sua primeira introdução do graf
no Seminário "As fo rmações do i n c o n s c i e n t e " , com o exem plo d
familio nán·o para explicar o chistt', voltando a insistir, em 1 968, no pro b lc
ma do chiste de modo qut' ct'mos u m a rt'i n cerpretação do grafo no ano e
1 968; recordem qut' os Escrito; sat'm em 1 966 . Realiza , então, um
reincerpreta�-ão do g,Jfo pda pers p,n iva dt' sua articulação com o mais-de
gozar, através , prt'cisamenit', dn ga nho d, gozo próprio da s utileza descri1
por Freud em seu livro.
Quando se faz unu p r i nK i rJ lei cura pergun ta-se por quê aparece aq1
o grafo. O grafo aparece, precisa mence, porque o que Lacan chamou, n
época de "As formações do inconsciente", o objeto metonímico, agora é
objeto como lugar seletivo de captação da recuperação do mais-de-gozar.
Eu lhes disse que partirei de "De um Outro ao outro", mas queri
esclarecer que há aqui um caminho que é a retroação que se pode faze
parti ndo de " De um Outro ao outro", para trás na obra de Lacan, e podt
se, assim, encontrar a antecipação do conceito de mais-de-gozar. Dest
modo, nos seminários mais tardios, se produzirá uma diversificação do
gozos, uma diversi ficação dos mais-de-gozar. Todo gozo, o gozo da allngu
em uma só palavra, o gozo do sintoma, o gozo da mulher barrada, etc.
todos esse gozos são, na reali dade, recuperaçõ e� de gozo pela perda dess,
gozo rodo, que seria o gozo da complem en taridade sexual , que não existe
Então, o conceito de mais-de-gozar, que está inicialm ente arciculadc
com o objeto a, torna-s e conceit ualmen te mais abrang
ente que o objeto li
Pro põe, precisa mente , essa clínica que Lacan chama
ra clíni ca do não-todo
cm relação com as fórmu las da sexuação, no ano
de 1 972 quando, ao relê
nr-se, por exemp lo, à relação de Kierke
gaard , à corresp ondfocia en 1rc
Kierkcgaard e Regi na, Lacan di1. que Regi
na é capaz de ver um b e m para·
altm do ob1e10 a · Quer d1' zer, um ·-•
gozo que não se esgota na pulslo par,1a1·
U M A C L I N I C A DA P U L S Ã O
s 1
s,
Si gnificante Voz
/ (AJ
Sign ifican te
Voz
l (A,/
se recor-
. ga ça- o do Che vuo,?, que,
o n to de m te rro
O n de cu 1 m .i na O P . term in n fórm ul a
_ d o suJe l- 10 . . . "
a a
. de " S u bvers ao
darem, n o terce iro gra fiO 1 s 3
- 0 ' que se m a ntém em 1 968
.
pu
a fó rmu l a da
do fan w ma e não ·t nc1 UI· assi n la qu e o S, como
_ o ló g 1. ca na qu a l
a
ga de m o nst ra � b . conscie nte, não é co nsisce n�
Laan faz u ma lon
n tes, q uer d ize r sa er in . . .. d
co n i· unto d o1 11gn
. . r.1 ca
u ns1s t� ncta lógica o
o rq u e a inco
ico . Isco é �u ndam enca I p da dr man da •
no ocncino ló g o g i ro
. llo • ass um ir
· a a en u nc 1aç
um po do p i so i. n ferio . r o b ng
28
D I ANA s. RAB I N O V I C H
essa resposta é fo rmulada assim por Lacan: 1e me le dema nde, o nde demande
vem a ser pergunta, sentido do qual o termo cas telhan o "demanda" carece e
que, po rtanto, deve traduzir-se por um "me o pergunto" .
Este "eu me o pergunto" (je me le demande) aparece com o a articula
ção com ess a via do D maiúsculo , na qual não há mais remédio senão
avançar devido à au s ência de co nsi s tência lógica do Outro, que é questio
n ada p o r um s ujeira já dividid o pela ação do s ignifica n te no piso inferi or.
e é o d(A) , desejo do
- o b se rvemos como sobre ess e ponto q u
E nrao,
. . , ação e o da de manda cm
Outro , lu ga r incerm cd1á � 10 e ntre o p iso da enunci
tas. U m a de las parte do (A) do piso
1 %8, Lacan rraz conv cro•r..- duas p ergun
inferio r, da enunci. ação, e ie_u alvo é o eu (jt) ·. " Eu (j"t) te pc 'l!unro (Ir d,-
ue é cu (u q u '11tJt) . Oh iervem q ue Lacan jd havia indicado que
-,uk) o q
D IANA S. RAB I N O V I C H
t discurso
/, O a Funçã o do je rlpondant
Divergência
i Signi ficação profu ndam en te
s(A)
alien ada
DIANA 5. RA B I N O V I C H
PERG UNTAS
Convergência
Divergência N6 do desejo
Fw,çio com J desejo
do;, do Outro
Vrrfrutnung
Eu tt pergunto
O que é Eu�
Sign i f,açio
o que quer Eur
profundamente
Tu --> Q.
alic-nada
D I A NA s. RAB I N O V I C H
o , o bj e co causa d o dese
pulsi o nal, deve rá arcicular-s e co m o desej o do Oucr
papel n ssa r sp s a ccmral qu e é o fancasma.
jo, para assumir s e u e e o c
do cu freudiana não. é, port anto, articulada com uma d1v1sao " . • do cu cn-
.
cendida como o mo, '"rrancês, mas como uma div1s • que '"
. . • · ao arcta o cu como
]·e. Esta d1v1sao em Lacan é, então, solidária da v.;erleugnung (reneg
. enquanto . . ação
ou des m enndo) d1v 1são do 1·, entre O Pé e o a.
No nível do cu
• .
co mo mo, continuarem os frente a .
frente com a v.;erne1gnung (negação).
. . .
Vale dizer que o eu (;e) se aloia em dois p rodutos da cade ia · i· r,1cante
· s1gn
o r um lado na concaten ação S , - S ,. por out ro no que é
P . _ pro duz1"do po r
essa p rópria concatenaçao, o objeto a , produt o do sim ból"1co que escapa
ao simbólico.
O p roblema clínico ao qual aludi é o que se apresenta com aqueles
sujeitos que reco rrem ao psicanalisia colocados na posiçã o do a, onde O je
se si rua sob a insígnia do a . Quer diur, que o sujeito se apresenta siruado
no lugar em que Lacm coloca d o próprio psica nalista no discurso do ana
lisra. o de scmblame de " · Esses pacienies, que não são perversos, se apre
sencam sobrerndo pelo :\ n �u lo do ,1 ue 1 radicionalmenre se chamam
impulsões, c-:ir-,teropat i.1s. e1c l) .isscn1a mcnto nesta p osiçã o é incompatí
vd com a consrirni\-fo mcs 111.1 Jo S . s . S . e da l fansferência. Estes pacientes
apresen�lffi. <>mbó11 . d i ticul daJes no estabeleciment o da asso ciação livre,
são fenomenologi1..J. 111encc LJ. racrerizados como "duros". A pergunta que
surge e a da relaçio dessas parologias com o fantasma e a pulsão .
O fan tasma . ele também resposta, se apresenta como essa encruzilha
da que é garanre do desejo do Outro a partir da q u al dive rgem, dissemos,
essa.s duas respostas q u e são 5 (./,..) e s(A) .
Se nos d i rigimos pa ra a resposta inferio r, s(A), convém p recisar a
e
aniculação que em " De um O u tro ao o u tro" se realiza entre significação
gozo. Já na primei ra aula , ao retomar a renúncia ao gozo, Lacan_ assmala
o,
que O mais-de-gozar se funda na enunciaçã o , devend o se r co nsiderad
porcan ro, como efeito do discu rs o .
cerna, o conceito mesm o
Isso nos l eva a revis ar, antes de entrar nesse
· •• · lóg1ca. O p o rq u ê desse desvi o fundam e nta-se claramente
de cons,su;nc1a ·
q ue ass ume a
no enunciado po r Lacan ao defini r a demanda co m o a fo rma
enunciaçã o d evido à inconsis tência d o campo do O u tro. .
. rmal mat emáu co ded
u uv . o
Pa r eam os do far o de que um sistcm a fo d º b as '.· ca -
imp lica um c o njun r fi rma
- p uro ou de ciên cia abst rata - o o
rm os ind efinid o
s; 2 ) p o stu 1 ad os 1m-
rn� n u, p or quatro eleme ntos : 1 ) tc
D I A N A S . RAB I N OV I C H
e finid o s ; 3) d e finições
q u e e nvolv e m o s
plicados p o r es tes te rmos ind
postu lado s e 4) t o r e ma s q ue s e de.
te rmos inde finid os para além dos
e
te, é n,rdadeira ou fulsa . mas não in sol ú vel . Na p rova de Gõdel, por outro
l
ado . a incomplerude é gerada por um postulado acerca do qual é impossí
vel decidir se é verdadei ro ou falso.
Portan to, uma coisa é a i n consistência e o u rra a i ncompletude,
que depo is pode ou não se associar em um sistema determi n ado. Isso
imp l i ca que se deve prestar atenção quando Lacan se refere ou bem a
incomp l e tude ou bem à i n consistência, pois ao longo de seu Seminário
se r efere a ambas .
Voltando ao nosso cerna, centrado na inconsistência nesse Semin�rio
- mas não alheio, como se verá, à incompletude e ao insol úvel -, o pro
blema é formula.do em relação com Outro do significante. É, porranto,
um problema a r riculado dent ro da lógica do significa n te, não um proble
ma de ordem emp í rica. Pelo conrrário, é essa lógica que roma signifi ca riva
e que o r ganiza a p róp ria experiência .
.º problema que aq ui enfrentamos é o que propõe o estatuto especial
do obJew em psican�lise, desse objeto que La can delimirou como objeto a.
O p rop�mo de La":" n é justamente de separar tal objeto do enfoque empirista
ali entao predomman cc, di ria inclusive do enfoque fenomenológico até
U MA C LIN ICA D A P U LSÃ
O
ntio im pe ran te, por exemp lo no kleinia nis mo. •·or n essa razão
e
o ob1' etO "
nio é o o b.Jeto p arei'ai , mesmo que sua teorizaça·O se apó'1c cm dito .
obi'ct0•
Lacan pretcnde, po i· s, fun dá-lo em uma exis tê · .
nc1a lóg1ca , nao _ cm uma exis-
. fa to e, nessa b usca .
tê n cia de . .
, o exame da cons 1st · ê nc1a dO Outro do
si gnifi can te é um passo .
indispens ável. O Outro d0 sigm · 'fi•can .
te é inconsis- .
.
tente po r sua própri a dependên cia da estru tura da li nguagem e da 1mpo . .
ssi-
.. .
de assegurar a existência
b1hdade da mesma . . da r e laç·ao sexua 1 , de assegurar
.
ao suj e ito. uma. 1denndade sexuada além de sua incap ac1'd ade de ass egurar-
'.
Ih� u m a 1dcn ndade apen�s. O obieco a é precisame nte esse resto do pró-
prio e ncadeamen to s 1gm_hcance onde essa impossibili dade se faz prese nte.
Encre camo , esse resto deixa de ser me1:ifora para tornar-se real lógi co , vale
d izer, i m possivd lógi.:o , nus um i m possível que conserva com a ve rdade
uma relação que lhe é pe.:uliar.
Podemos , nesse pomo, rernrJar que Lacan, já no Se minário I, defi
nia ,1 signifi,-.i,-ão n>mo u que re111e1e a outra signi ficação. Este remetimento
que implica unu n> n.:e i 1 11 .1l i 1;1,·:.0 Ja referência lingüfstica, que e ntão já
não era cmpiri,·.1, entendiJ.1 .-omu signi ficação, está na própria base da con
ccitualização inicial do objero como metonímico. Mas esse obj eto é ainda
pn:sa da meton ímia e da metáfora, pomo no qual p e rmite uma apreensão
fenomenológica do objero, ponto e m que sua articulação ainda está muito
próxima da do kle i n ismo. A delimitação do obj e to co m o real contém sua
-lo
articulação para além da s ignificação, ainda quando possamos registrá
no nível da si gn i fi cação .
o r que o o bJ eto
Tendo p resen te o anter ior, p o de m os nos pe rgun tar p
do ao es o t po e m termos de
" cm "A lógica do fanras ma" é aludi m m em
Frege os dife re ncia cm s e u artigo " Ueber Sinn und Bedeutung", tradu
ções se é que hi
zido alternativamente, cm geral sem demasiad as explica
como "Sobre o sen tido
alguma, como "Sob re o sentido e a significação" ou
recai sob re 0
e O refe ren te" . Observam que o dissentim ento na tradução
termo Bedeutung, traduzido alternativ amente como "significação" ou "refe
u
rente", coisa que em inglês e em fran cês também ocorreu (meaning o
referent, sign ification ou reftrrnt respectiva mente), pois o termo Sinn n ão se
prestou à vacilação alguma, stnst em inglês e stns em francês.
Ferratcr Mora, para tomar um dos textos de consulta mais i mportan
tes de nossa língua entende, por exem plo, o Sinn como conotação - en
tendida como nora ou conj u nto de noras que determ inam o objeto ao qual
se apli ca um nome, termo ou símbolo - e a Bedeutung como denotação
- objeto ou objetos aos quais se aplica o nome ou símbolo. Espero que se
considere que esta forma de situar os dois termos corresponde ao p roble ma
da significação e o referente que aqui nos interessa.
O mes mo Frege assinalou que a palavra alemã Bedeutung cem dois
sen tidos possíveis: primeiro , signilicação e, segundo, referente. Este últi
mo é solidário, para Frege, de um uso técn ico do termo, derivado do verbo
deurtn, contido em Bedt'llrung, que significa apon tar, indicar, assinalar, isco
é, que remete à função referencial primeira, a do " isso", a da i ndicação, a do
dedo, o índice apon tando para algo. Frege tinha cabal consciência de que
ao usar o termo como i mplicando referente escava fazendo um uso técnico
do mesmo, escava i ntroduzi ndo uma inovação terminológica.
Frege dá um exemplo que se tornou clássico: estrela matutina e estre
la vespertina são duas denomi nações cujo referente-signi ficação é o mes
mo: o planeta Vên us. Este é, então, um referente ou uma significação com
dois sentidos. Outro exemplo é formular 2 + 2 = 4, dizer 2 + 2, ou dizer 4.
Nesse caso temos dois modos diferen ces de nomear algo que cem um ú nico
referente. Desse modo, nos defrontam os a critério de Frege com variações
do nome próprio, as quais podem estar dotadas de mais de um sentido.
Um signo completo para Frcge implica a coexistênc ia de um sentido
e um referente . Mas todos sabemos que existem
_ signos sem re fe ren te
empírico , por exemplo, o un icórn io, topos clássico na lógica.
La can se refe
re a esse problema m uitas vezes . De acordo com a definição que acaba mos
de dar, o unicórnio seria um signo incomple to, dado que lhe faltaria um de
U M A C LI N I CA DA
P U LSÃ O
o re ferente o u
seus co m ponentes, signi fi caçao - , B .L. .
a eun, tung. Freg
o , op õe então a n e. c o e, nesse
o nt çã li terária à histó ria a fi
P · o · o p1 m de demo nstra r
exi stem sign s mc m etos . D esse m odo · que não
. ' um a co isa é re atar
I a travessia do
Rubicão p or Juho César, e o utra, to talm ente disti nta o
..., • aludir à trag éd"1a de
Shakespear e. , rata-se o u na- o do mesmo Julio Césa 1 . .
. r . No pnmeuo
caso o
nome própn o remete a uma pessoa real , histó ri ca , que é e rente na
. . seu rere
dimensão da hmóna. No segu nd o , remetemos a um refe
ren te literário (a
obra de S hakesp eare) que tem, pa ra muit os, mais realidade que
O referente
histó rico.
O cour de force de Frege é postu lar que no caso da
ficção lite rária 0
referente-signi ficação está co n s 1 itufdo pelos valores de Verdade (V) e Falsi
dade (F) em si mesmos . O problem a está propost o incorreramence se nos
pergunta mos se o unid>rni o ou J ú liu César existem ou não empi ri camente.
A proposta adcqua,b é se t' 0 1 1 n:in verdadeiro o que deles diz a ficção. Não
se trata de comprovar, po r exemplo, se para os gregos existiam ou não os
sátiros, a verdade dessa fic,·ão no mundo grego. O mesmo podemos dizer
do unicó rnio na Idade l\·l éd i a , na qual sua presença simbóli ca tinha uma
im po rtância peculiar; testemunho disso é a tapeçaria que se encontra, ain
da hoje, co nservada no Museu de Cluny em Paris .
Na ficção literária funcionam os valores lógicos de verdade e falsida
de, não os val o res empíricos. Po r esse ângulo, todo signo pode ser conside
rado uma nominação , coisa que não é nada do agrado dos lógicos empiristas.
Essa posição de F rege não pode deixa r de nos evocar a definição de Lacan
d0 �-..;J º com o um.a fi,cça- o ve rd ªdeira vale dize r' uma ficção sem referente
""""".'" _ '.
empíri co ou signifi ca ção empí ri. ca , CUJO referente é o V do valo r 16gico de
verdade ·
em suas duas
En cont r amos em Lacan o uso dO te rmo Btdeutung
- . . - e A p rimei ra é usada com re1açao
-
acepções possfveLS ' s1gn . 1 fi çao e rcrc rentc. .
ao trad uzt r para o
ca
ao falo e a segun da com re lação ao b .
J to a. Assi m
_
O C
1 emao, : escolheu O termo
�rances • o título de sua con f,c r,;;• ncia . P rofe nda cm. a
. aru go d os e. ·ios. O obi" ero "
••gnificação " S i gn i fi ca ção do fal O ' p ara seu li LJCrl
o rele-
�-" ·
i ucn . pções , mas cl aramente
é
n1do altcrnat1vame ntc com a m bas ace valo r de verdade,
ren � Iógi co · o aé po ca d or d e um
da ficção dc1i dc ra c1va.
r
de
. . peIO co ntrário seu valo r
!tão de um valor cmplrt co ou ereno me nol óg1co. .
nolog
,ua própria fe nom e .
ia
ver� cxp laui r fun da
DIANA s. RA� I N O V I C H
talação do S.s.S . - é "q ude onde deve i nsta l a r-se, p osteriormente, esse
referente que é o objeto ,1. A q u i a p a rece a dupla di mensão em que
i n tervém a Brdnmmg no cu rso de u m a psica nálise; aparece primeiro
como significação do sujeito , si g n i fi cação que, sabemos, remete sempre
ao falo, significação q ue funda o S2 com o suposição de um sujeito
ao saber do inconscie n te, e m cujo l ugar, ao cai r p recisamente dito S.s.S.,
ao final da análise, aparecerá o referente latente, o a, nesse lugar desig
nado na estrutura. Esta frase de Lacan , para mim inicialmente enigmá
tica, coma- se clara se temos presente a bivalência do termo Bedeutung
cm Frege.
O s ign o da ficção verdadeira que é o desejo é, pois, um signo co m
p l cco, dorado de u m a significação, a do sujei to sob o falo, e de um referen
te, que aparece quando cai a significação de sujei to, o a. Quer dizer que
�odemos dizer que se a fórmu l a se ca l ca in icia l men te na formali zação do
-f
si gno saussurcano ao final torna-se segundo Frege:
s
referente (laten te)
ou seja, urna das formas do signo completo de Frege. Temos, o is, uma
p
notável cocr!nc ia na " Proposi çao
- ... " na med"d ,
I a e m que nela o final de an•-
.
hac se defi n e por um duplo m ov1· m enco: d o l a . . m01
d o do paciente vcr1fi ca
UMA CLí
N I CA DA P
U LS ÃO
47
.
vez, de sua própria posi�·ão A credibilidade que se o ferece ao S.s.S. tem seu
fundam ento na presença implkita, late nte do a, no lugar mesmo em que se
sirua a significaç-.io de sujeiw. Vale dizer que, mesmo que não saib amos
qual é, mesmo que não o conheçamos, o a como refere nte lógico está pre
sente desde o início de coda análise, fundando, em última instância, a trans
ferência. A aparição desse referente em toda sua verdade de ficção é incom
paável com a persistência do W.
O a, como referente lógico, situa-se sempre em relação ao Outro
barrado, (.A) . e é aqu ilo que, por excelência, obtura sua inco nsistência. Ao
obrurá-la, faz do Outro um Outro sem barrar, nã o desejante. Esta obrura
no
ção, é fundamental tê-la presente, é uma obturação lógica que se funda
obje to como esse desejo da operação subjetiva dotado de um val o r de ver
função de
dade que lhe é próprio, que, enqua nto tal, lhe permite exercer tal
ob ruração.
. . no qual p ode-se
Da pró xima ve:z farei re ferência a um caso cUni·co · freqüente,
0 bservar urna forma de d emandar aná1 1se que, mesm0 que seJ a
.
. e.l t0s que se apresen tam
apresen ta uma dificuldade p eculia r. Trata-se d e suJ a to
. . - es tá latente, mas está em
nao
e m po s i ção de objeto , onde o obJ eto rm a de reco rrer à
d'1 •n rc de n ós, o sujei to se id enu. ficando com eI e. Esta fo
a11 ál'1 . s ma de in stalaçao SS
_ do .s . . Est
a
1 1d
se é inco e rente com a p oss1ºbºlº a d e me ne uro se,
estrutu ra _
f,"� de apre.
\entação não é próp na . de nenhu ma
DIANA s. RA B I N OY I C H
AJienação
Operação
Verdade
Acting�our
(�.
� resisténcia
ou-ou
Alienação
Ou eu náo penso
Ou eu náo sou
Verdade
In, on1df'n1r
UMA C LíN
I CA DA P U
LS Ã O
51
Vam os ao caso. Não me interessa tant
o e1 uc1. dar ce rtos
ria, como pontuar algu ns mo me ntos d detalhes da
his tó O que podemos c
ham ar em sen-
tido estrito segum · do Lacan: a direção da c ura 0 ueça . _
. o que • evi. dentemen
te' se reconstrói retroativamente a pa rtir do mo m ento atual .
-
dessa pacient e
em anál
ise. N ão é uma análise que esteja em
. seu fiim, é uma anál
ise que
passou por avata res imp orta ntes que, creio , são de interesse
Tra ta-se de um a mulh er jovem ' casad a , tem
. , . 6· Ihos. É uma
VdftOs
P ro fissi onal que trabalha com seu m arido em u
. m com émo · da Grande
Bue nos Aires , está em uma boa posição eco nômi ca e consu 1 ta, prim . eiro
.
Ponto, de um modo ex t remam ente vago • não há na consu I ta nada que
.
. del1 m 1. 1ar bt'm o q u t' ocorre. A ún ica coisa que há é
permita uma queixa
ines pecífica sobre um mal-t'star , mal -esta r que não se sabe bem se é consigo
mesma ou com os dt'mais. parect' oscilar en tre u ns e o u tros. Para a pessoa
que a recebe é evidt' nte q ue ,sta paciente poderia ser incluída, a partir da
visada médica, no quadro da obesidade, mas não faz nenh u ma referência a
ela nessa co nsulta t' não apa rece como sinroma, no se ntido de proposto
s u bjetivamente como prnblema . Antes , as q ue ixas que, como disse, são
inespecífica.s , cen tra m -se em cercos as p e cros i maginarizados de rivalidade,
seja com seus irmãos, seja com se u s cunhados, seja com seus sogros, seja
com seus filhos, seja com seus próprios pais. Isto é algo que poderíamos
siruar, grosso modo , como rivalidades imaginári as , e há também uma quei
xa em termos de frustração de amor, m as muito ambígua. Tampo uco é
alguém cuja vida estej a caracterizada (no momen to e m que pede análise)
por um excesso de frustraç ões "reais" n e m nada qu e se pareça. Tem vánas
salvo um
análises e terapi as q u e não sabe m u ito bem o q ue lhe de ram,
---L l · o e · ao qu e está pass and o.
Isco cam-
vU<..ilOU á n q u e p ronto para rerenr-se .
. mar bas eante
as
L,
ucm acon tece freqüen temen te, e, às vez s, há q ue s e dis cnm
ndo e
e
.
. terpre taço- e s receb 1 das stam os scuta
era balhosam e n ce , q uanto de m e e
scient e 0
do i nconsciente ao eu • e • por sua vez, a tribu i r a o sujeito do incon .
u e não é o ca o des s p ai
caráter está vel do e u . Di ríam o s q
se acien tes CUJ O ":
e feito s
s
_ d l m t r os
estar se prod u z na medida e m qu e nao con s egue m e i i a
. _ do
açoes
.
e , e,ee1tos.
q u e se cha mam form .
P. ulsá te 15
. do sujeito do i n co n s c 1cnt
. o de Lagac h e (q ue é, nesse se nr1-
inco nsci en ce. Sobretudo a partir do a mg
. que d e I gum mo d o
do , um artigo chave para o q u e est amos d ,s ' c utl ndo) · o
a
'
tta . , na_ o po d e, apesa r de
n-> - rero pa
r,uc-.., pensa r é que o que aqui. e 1iamo cara c . , mee nor · do gra fo .
•u d o, ser to f ve I do pi s o ,
. tal m e n t e e x p l i ca d o n o n . al O rha mrtrr.
erop a u a n a qu
1,e om esta caracr
l·.nam r ra mo- nos, m u i tas ve s , c
54 D I AN A S. RA B I N O V I C H
Não obsran r e , ne io que •qui esd o incenrivo para n ós: 0 que se passa
com alguém q ue, além d is,u, paga p;i ra isso? Porque afinal, pode pagar um
cafr, não é o mes mo Lj lle p.1�.l í unu sessão. Então al guém se pergu nta 0
que é que esta paócn1c cs1 .1 hu,,;i ndo , porqu e de algum m odo nos vem
buscar: portanto, dc,·e mns cs,u t J r o que é que há nesse pedido ou nessa
buso., o que se pass.1 com es t e sujeito e, ponto essencial, como p odemos
f.u.é-lo surgir.
Primeiro ponto: temos um paciente que não é paciente e que nos
aige paciência; segundo ponto: tampouco se trata de q ue re r comovê-lo
muico rápi do, cem que nos dar al u ma permissã o para comovê-lo, porque
g
podt ser que não queira que o comovam .
pergun ta,
Então esca pessoa a q ual me refiro é alguém que não ce m
que é sua g ordura, mas à
bastante tediosa, e cem algo que salta aos olhos
ade
··-' o rd ura a o besi d
q ""' não faz referência . Além disso, tenha mos cl aro , a g
Fals caff. p ara to mar
é um si nto ma médi co ' n ã o é um sintom a psica n alític o .
. nto ma ; po rq ue
um perso na gem de cearro, não senua sua gord ura co m o si
. difi ni- l a pamr . de um
def, · '- , a priori, para um sujei o com o sm · com a ' é
. n1-..,
a
_ 'd do co m os
ideal , da cávcl , a, e n ca o. cu1
, um I'd ea 1 d e m ag re z
a
.
hmoncamente
assi m co mo pacien-
;,1-_ . _ uir alg
-=au , nao somos dietistas que deve mos con seg s
o
q ue é um a dessa
tQ �lo s e sao _ fi ca cla ro , é
s, de corpo e men te. O . q ue na is o u de ou tro
s co rn os h or mo ª
OOQidadcs que não se acom pan h a d e 1Can eata d e u m su jeito ao quai
tur•,
,.. que c . d uzi-· 1 ª·
pos sam j u1cificl- l a. Ta m pou co se d emos Ili
, ó s n ã o Po . d< a l•u-
IDrdu lLno:_ provo e mromo
ra qu . do e, s e é ass i m n f ro rrda u vo
"
P,..,bn m po uc o
• f,IU claro que eu.e 1inw m a m t. d'ico ra
D I A N A S . RA B I N O V I C H
4,........ ..
p
qu.cr dizer, de MIIIMda lO Oum,; OI ouao, demandam a ela e 1ua posi�
'a f ...... Nlo ' Ullla poliçlo cfo tipo ...._ do
Ourro. - anrn oot1•i1tr rm cl.r "'" nio t • 1 1Ma1 ivi.ladr ohac,t1iva. mas o
Ü t.t A C LI
N I CA D A P U L S Ao
,1
que pa derlamos cham ar. a gencrosi dade oral,
traço que b
descoberto como pró p n o do caráter o ral · e, ,. . _ A rah a n já havia
a e . m clu s1ve • aigué
adianta à d eman d es tá ai 1 an tes que m que até se
o ou tro ch egue
Esse personagem, perso nagem de b ª de man dar.
oa m ae _ ' b oa esposa, b
dora , oc--- bviamente, a torna i m une à cr1nc · ae . oa trabalha-
consis ten te ' e
ela com o a es se Outro . Portamo ' se record � _
!_11 � 11 t�m tanco a
_--:- am os a form u1açao - - -
nas duas reuniões ante ri ore - a que me
re feri s ' que a de man da . .
. . • . . -. - a-�n-ív
a- � a _m consmenc 1a da O u tro ' aq ui ª mco
-el -m-��c1en c1:_I� m
ns,stê ncia do o u tro nao -
ap a re ce, o que aparece em seu l ugar são queixas so b
, . re o O u cro, q ue não é o
mesmo que d 1zer . que o Oucro e m consisc e nce Q
· ue1xas que às vezes faze m
. .
idade para dar um ie1co . .
a sua incapac nessas quei xas q u e tem so b re os
. . . ou-
cros. D1na que ess.1s queixa s sobre o uu cro ab rem o can11n · h_o para um
.
q uesno na menco do O u 1 ru , mesm o que ainda na-0 sei· a m a is· q ue um- es bo-
.
ço Escuca r e, em
.
'ª'.º s enud o , l he da r razão é come�r a_9_uescionar esse
_ - - --
O u cro em sua cons1>1cnc i a .
Ob,·i.lfficncc, e' d i fk i l pcns.t r nessa p o sição da p aci ente e nesse "per
sonagem" como scp.1 r-.1do do fa masma, mas Lampouco sab emos qual é se u
fantasma. Pode r ia suceder que o fantasma a nível inconscien te não fosse
oral, poderia se r q u e s i m . N ão podemos ass egura r, a pa nir dessa apresenta
ção, que o seja. E, ponto i mportante, é evide nte q ue pessa posição há, para
este sujeito em particular, um ganh�. Não podemos fazer um
diagnóstico de estrutura clínica p�rqu e tampouco s e manifes ta com o um
desej o insatisfe i to, precavi do ou imposs íve l. Na medida em q ue não é ne
nhum dos crês, mais nos inclina mos a p e ns a r q ue nos defronramos com
3is-de-gozar
alguém q ue , d e:s se lugar egóico, .obtém cerw�.!:erilllil
q_�f� ao O.urro consiscen ce .
. faze r aqu i. um apon ca menro p ara dife re nciá-lo da p e rversao .
Quena . . O u tro do
. do x1sn ro
N-ao se tra ta do gow ou do ma,s-de -gozo com o fazen e
,
.
s,cua p rv e rso Nesse caso
gozo e o gozo do Out ro, pon to cm q ue se 0 e ·
é a v d ade q ue faz
trata -se de uma neu r ose e , co mo ca l • 0 goz, o na .n eu ros e e r
· r q ue 0 q ue
esta paciente
Ct> nsts ten ce o O u t ro e o seu d eseJO · , 1 sso q u e r d1�e d gozo . Pa re-
tro I ug r
suste nta é ao Outro garan te da verd ade , n ão ao O u
a o
a se m1s c ur
· ar O u tro do .
U,-mc i mportan te csra d .i fere nça porq ue co st u m
O
a •
u scn c i ' diz Laca n, fan a
zo c .
ja
u t ro , go
a
,
� n,i com o p o n to de g oro no O rn cntc
nta do cspcci fica
u
tetccira pessoa, é algo de o rdem gram atical. é algo que se mostra na pulsá�
a "uma cri· an ça é ban-
e que ie ex pressa, por exemplo, na frase do fantasm
d.a" · 'M
are.a assi m a articu lação parncu · 1 ar entre o fa nt asm a e a p ulsao pelo
"
lado da escolha do " eu não pen so .
::-----_
• AU · d ,ca uma de-
(Isso), qu e '"
ngua espanhol a compona o prono me dc mon s uat ivo &o . ºnhec ida ou nomeada
u a co isa : cc: rccira pessoa em
tcrrn,nac1.a coisa , capccialmcntc pa ra idcntifid� l a , ou domp ro nom de
:,U e o pro nome pc:uo al E/lo (I sso ), que é. a. fo r ma ra o com p lcm e n t'o a. co.mpan ha��
.....,o u p a
dr n�r ro e número sin g u lar, para o suJc:U o O t radu ç§o se ran a 1m.rvo--sob a
N,..,,..,,
. den do quilos o
que as sacod e J. u n to com os q u ilo s e a med I"d a qu e vai pe r
protes to a umen ta velozme nte.
el a
. _ ma s d e pergu ntar-lhe o . que
Agora J á n ão se trata de lhe dar razao, . _ . "ai É
teve q ue ve . da p os 1 ça o mio .
r co m es ta posi ção . Algo m uito d" f.
1 erent
e é da or
-
e
ou tro , qu e se
CXc mp I0, ap
arece precisamente a 1" dé"i a d e fal tar ao separa-
s er qu as .
ma
_ � de separação , que por um mo men to c h ega a
u
•m.,,,,_
e
. n ro do di nhe 1-
\áti: d [aJ . do e s que c1 m
_ éa f:
a l t u ,
ra.!
e
65
ndo os casos,. ser. viv i da subJ· et tv .
náo , segu . . aine n t, co
o u ' b ri ga tóno que sei a v1v 1da
N•º e o _
com o u dep ressã mo UJna �-
rna -
dep ressao. Mas o · Nesse -Pressão.
co m de O que é i. mp Qso ,�-
--iu1-.
�u ccrto . . o rtan te é q
a pa cie nte começa a se n tir como uma r:cal - ue •penas neste
,nont< nto ta nao
ec ss ár ios crês anos para que alguém chegue a se . ter sessão. For""'
.
0 e nt1r q ue nao
�
_ e _ ter uma
qu e
, é algo que o areta. Antes o analista pod i
e
m codo caso podia
-
pro v ocar
. .
ca -ª= � � -
cena i rri çao, im . , ..
d
agi naria ou n -ao,
nder, etc, 0
as ituaçõ es, mas nao exi ma a sens a çã o d segun
do s e aiarm e fren te ,
a ausê n cia do
.
an alista.
Até o m o mento em que se produ z esta virada na tran e • .
. srerenc1a, era a
ciente que estava no lugar de um obieto que devi a obcurar um
P a
. 0urro, ou
seJ· a' fazê-lo consistente. Apenas .
quando se prod uz essa vua · da, o anal ista
começa a mudar como .
analista para a posição de obi· eco Po
· demas apenas
pensar no estabelecimento de uma neurose de trans ferência que começa a
estabilizar-se, e, depois, o novo problema será " liquidá-la"; mas esse é ouuo
problema. Nesse m omento em que o analista co meça a fazer falta está
esboçado esse referente latente que, de algum mo do , tem a ver com O dese
jo da paciente.
Aqui é o nde se abre uma interrogação, que não tem resposta até que
esta análise avance mais e que não sei se o fará al guma ve:z.. Esta posição de
objeto que garante a consistência do Outro, esre pers onagem, este "caráter"
no qual esta mulher chegou instalada, nada nos assegura que sej a seu fan
tas ma fundamental . De modo cal que rem os que nos perguntar, nova me n
te, que relação há entre o eu, o mais-de-goz ar e o axi o ma fancasm ácico, para
ter um pouco mais clara qual é a diferença entre essa paciente e um perve r
so, por exe mpl o ; e n tre esta paci en te e sua pecul iar apresencaçã� , ou cam
do
bé m, ent re esta paciente e um psicónc . o que, 1g · uai men ce • p ode vir coloca .
no 1 ugar de objeto. d e m s tirar é que. vu
A primeira conc lusão que p o
o
tura . Freud
col0 d no lugar
• c:t o de obj ero não é pam. moru • · o de ne.nh . a estru
-· um
o form u 1a, em " - . ça" ; es cá d"1 to caxa uva me nte p or Lacan
Bate - se n uma cnan
ern "A 1 g1. e n vo1vim · encos que
ó ca do fantasma" , e culmin a co m o tai nos des z C re io que
Lacan rar e á, ça de go os.
posteriormen te, em corno da d"f. I e ren se pod.e
estão e1aras . b
o se rv ou , n ão
as três etapas; a parnr do que aqui se. . m os co nd utr
co n eI UIC· ac e1to. n •0de
erca do fantasma fun dame nta1 desse su1 s s e lugar,
e que
q ue aigo • d ne
nos diz acerca dos s ujeitos que vem co loca
os
66 D I ANA s. RABJ N O V J CH
inco nscien -
,1
@ .
Es
Punge m ao aro
@
Repetição
Alienação
caso, a Freud concci tual iza r esse sujeito do inco nscie n te.
·
Nes se sentido, "o passo cartesiano", como o chama Lacan, é ao me.s
mo tempo pas, passo e pas, negação, "não".
,
Descarrcs instaura isso que é necessário para O surgi men to da cilncia
que é o jr, Lacan defi ne explicitamente o je como um conjun to vuio (q
u er
diu:r conjunt o que nlo contém nenhum e lemento) , inlcus ive o diz C(llll
U M A C LIN IC A DA P U L
SÃO
. . o
.
que é a escolha obngaróna da alienação para todo sujeito.
O problema ao qual me referi na reunião passada é O da dificuldade
que estabelece o fa ro de que alguém chegue à análise situado nessa posição,
mas há que se esclarecer que esta posição na estrutura não é obviável, é uma
escolh a forçada e, inclusive , Lacan em "A Lógica do Fantasma", diz que 0
lado do Isso, do "eu não penso", existe esse modo "exemplar" - e obser
vem que a palavra é exemplar - de instauração do sujeita, que é a passa
gem ao ato . A passagem ao aro aparece definida aqui como uma instaura
ção do sujeito . Pode-se i r aos antecedentes mais imediatos, ou não tão
imediat os, mas, em rodo caso , o que a mim me parece mais significativo é
o que Lacan já diz em "A angústia", onde sustenta que a passagem ao ato,
no que se re fere a fórmula do fantasma, situa-se sempre do lado do sujeito
e O caracteriza como momenro de máximo emba raço, de máxima emo ção,
no qua dro de dupla entrada que faz dos afetas e acrescenta: '"e O suJ· eito
enq uanto apaga ao máximo pela palavra que o b arra" · V,0Iran do à "A
do .
lógi ca do ran · · .
eito im plica
e tasm
a" , temos q ue, neces sana men ce, o p r
ó p rio suj
al. Cer-
urna passagem
ao ato em seu ponto inaugu . ra 1 , em seu ato inaugur
tarnente , isc . _ . qut 'á m · ca de pa ssagem ao
o nos afasta mt1it0 da conotaçao ps1 "'
aro D ado "eu não penso
· que a opção alienante obn. gatón. a o 1 eva até o m um
até o 61 O mo s co
P do Isso como instauração do ser d O eu, nos depara
Prob[em a qu . iní cio da anál15e ' , mas
e é o que descrevi como obstácu1 O ao
que ta m bé . . seu c ur so , mesmo
m é um dos obstáculos mais imp ortanres em . pro ble mas.
q Ue possa
te r começado sob o modo trad1. c10 . na1 e se m munos
72 DIANA s. RAB I N O V I C H
O que isto implica? Isto implica que os casos que descrevi nos são
especialmente difíceis quando isto aparece no principio, mas o que dizia ao
final do caso que apresentei não impede que a outra face desse caso sej am
aqueles outros casos nos quais este ponto - sigo referindo-me às neu roses
- torna-se a maior resistência à análise. É o ponto em que um sujeito
pode inclusive dar por pseudo-te rminada sua análise . Veremos por que
digo pseudo-terminada.
Se voltarmos agora ao esquema, vemos que o característico da opera
ção analítica é inclinar o sujei t o a partir da opção alienante, para o lado da
outra opção, para o lado que Lacan ca racteriza enfaticamente como impos
sível, inicialmeme, p.ira o sujeito, que é a escolha do "eu não sou". Quer
dizer, a escolha do inconscieme a{ onde na outra vez situava o accing-ouc.
A linha que vai d.i .ilienaçâo a1é o inconsciente, Lacan a caracteriza
como operação verd.ide . Do bdo da alienação como primeira opção temos
ou t ro ganho, 01mo bcndkio, que é o gozo da posição inicial do "eu não
penso". Este pomo de gozo como o ca racteriza Lacan - a palavra que usa
é "po mo· - é algo que se opõe à verdade; opõe-se, se olharem o grafo (pág .
80 no original) , pelo sen t ido em que os vetores estão orientados diferencc
mence, em meio a que há um vetor diagonal, que é o vetor da transferência.
Esce ,·ecor da transferência terá que ser a resultante das outras operações,
mas a transferência como cal, como atualização do inconsciente - defini
ção que cercamente recordam do Seminário XI - é algo delimitado a esta
altura e é delimitado na medida em que, a partir da passagem ao ato, se
produz algo que podemos caracterizar como fundamental na obra de Lacan,
que é o surgimento do conceito de ato anaHcico. Não vou entrar agora no
detalhe do concei to de aco anaH t ico, queria somente referir-me a alguns
pontos que fazem a relação do gozo com a ve rdade.
O objeto a é definido em "A lógica do fantasma" de duas maneiras
contraditórias . Por um lado, Lacan o chama a verdade da estrutura. Po r
oucro lado, Lacan o chama pomo de gozo, todavia, não é um mais-de
gozar. O p roblema do valo r de gozo já aparece claramente escabdcci do
nesse sc'.11 imi r io. A questão aqui é a seguinre: se dizemos que do lado do
Inconsciente temos o "eu não sou", desse lado se ab re um pensar se m cu,
po rque se dissemos que o "não sou" afeta o cu, o qu" não existe é o je. lsw
l.acan havia visto desde o Seminári o I I , inclusive , retoma a mesma palavrl
73
es in io , quan do analisa, p
u n se sem ár or cxernp lº•
que usa • d o e u do sonh ad or nos difc re n o sonho de
lrma•
Jj.speis� o . ntes p erson ag
' co o uma m istura en s do sonh
-o m de sui" ei r o s, co . o, carac-
d . rn o u rn s e . o p ol
icriza!l mpossi bilidade de u m suj eito te r
o
u ma u, nica . UJ n icéfa.10 '
"'º a ,·
CO o inco ns cien te temos u m pe nsar sem 1-,' enten
cabeça. Então,
do
d
lado. É para esse l a d o que se orie nta a d a-se ' u rn pensar
téc . . sem
nica da associaçã
5uJ.el C0· 0 r1vre, que
. a emergên cia de algo que é pró pr io do inc . onscie .
perrn1te nte: o efeito de
verdade.
Porém , do outro lado, .
do lado do Isso, do la do
do ..c u nao penso" ' há
. .
se r sem ;r. Lara n eq u ipar a e ss e ser ao Isso freu diano • ao u, "- ao [Isso)
u fll .. sso] " nao • e• n m a . . .
Esse [I e pnme,ra, nem a seg unda, nem
a terceua
_ c n c ndcndo sempre por ter<:cira pesso a aquela da
pessoa '. qual se fala -,
J..;ican n os o k rc-,e "'.'.rn, 1 Jdos moddo J m o, do 1ipo " (isso] fal à' , " [ :s so]
dio�·. " [ isso) bnlha e- esdarc-,e, 1 med 1a1 amcnre, que o proble ma desces
enunci•dos é que se p rot .1 11 1 J 11 1 11.1 u rn fusiío ou a um erro, que é crer que
0 ·:Isso)" en um·ÍJ J si m o mo ; 1 1 .1 0 ld nada cnunriado, a estrutura se enun
"' sozinha.
O que c:1,J.:1crrz.1 cm· ·· [ i ss o / h r i l ha", " [ isso] chove" ou " [isso] fala" é
Ilgo cuja e.sencú. diz Licrn . é ··,üo ser eu", pas-je. E aqui vem um jogo
mai.ro dificil de trad uz i r e que é o eixo de coda a crítica que faz Lacan. Com
rsro quero lhes dizer que não cem nenhuma graça em castelhano, porque
� tenho ourra forma de traduzi-lo. Se ponho o "não" só perco o jt,
digamoi. o ;r habirualmence obviado em castelhano . Então precisamente
i na
0
f/llS-Jt, em sencido estrico , é aquilo que na teoria lacaniana subsciru
Otrurura a di ferença eu _ não-eu , no sentido do moi tradicio nal e no
por momentos,
!Cncido freu diano do termo , cal como Freud p ôde propor
P<>r aempl o, em " Pulsões e suas vicissitu des" .
prec 1Sameme, esta incxmenc . . • .
ia d o eu 1v• ; ) d o suie1 · · co do inco nsciente
- �n ca rac teriza com o u m pas-je, quer d 1zer
º
nao - eu � v • é .� . �
•
nao
·
!lirgc da •ncc rseção d as duas negaçõe s. O que tçm • em comu m o ..eu
Palso" O • "t e h;I um ser que
_ e eu não sou" é que h á um pens a r que nao • tem ; li ) ·•
� tcrn · mence o eu v•
J t. No s dois o que é nega do em co mu m é P recisa ·t"
'li<)º nn
po r tan te é que é esta e
,o rm a de "não ser dO J •
ali onde Lacan se para º fi,ca men re ' 0
n�I do
r e do p ensa r, como Isso e 111 · con scicn re · Es peci nem
..._ �
. . m a gun da '
se
'"" �,acte ri, .a eaac [ 1110 1 é que nlo é ne m a pr1. m elfa, ne
D I A N A S . RAB I N O V I C H
a terceira pessoa, o diz com uma clareza pouco habitual, diz: " [Isso] é tudo
aquilo que, no discurso, enquanto estrutura lógica, é pas-je, é o resto da
estrutura gramatical, é o suporte do que está na pulsão". Lacan acrescenta
depois: �·o suporte do que está cm jogo na pulsão, isco é, no fantas ma" . É a
primeira vez que Lacan articula desse modo pulsão e fantasma. Já havia
falado do fantasma sustentando o desejo, agora aparece o fantasma justa
mente como sustentação da pulsão. O que indica isco? Indica, temporária
mente, um novo estatuto do fantasma, que não escava presente ante
riormente. Recoma e mod ifica, assim, o que escava presente no estádio do
espelho, já que é no famoso L no circuito 11 - 11', onde estavam situados -
recordam-se - o libidinal como tal e a fó rm ula do fantasma.
cncendida enquan t o ddt's.1 p l' i m .u i a fre m e ao gozo ; coisa que Lacan fala
em A mi:i,•..•
mc:s m o que J i n J ., nâo seja a rticulada como algo próp rio da
in.muração do sujciro. dado q u e , cm tal semi nário, está mais inte ressado
:m problema da Coisa .
Por que i nsisto canto nisso? Po rque o termo instauração subj etiva,
� c:sci presente desde "A identi ficação" , em s u a re lação com o cogito
nto
Q..'IC! Íano, culmi na aqui, em "A lógica do fantasma ", co mo o contrapo
pc-n:iw q ue dá a chave desse termo que já menci o nei, q ue Lacan introduz
na "Pro posi ção de ou rubro de 1 967 para a formação do psicanal ista", que é
• rcnno "des titui ção" s u bj etiva . Pode-se dizer q u e a destit u ição subj e tiva é,
co mo
Pl?cisamcn cc aquil o q u e , do lado do sujeit o, ma rca o final de análise
COntrap1x co à "
i nstitui ção" s u bjetiva da passage m ao ato .
se
Pa r qu e haja "a o" tem que haver desti t u ição s u bje tiva , po rq ue
. a t d do
nao fo r as · .. .. vo me ap ro xi man o
u m, o q ue temos é passagem ao ato -
u
ca . e que
(lroblcm po • . d a est ru t u ra lógi
a u co a po u co . Este l:s, q u e é o resto , s
detenni n m · n a p or s u a vez a
d eter i '
L - a a po si· ção do sujeit o e p o r ess a r azão o de fi nc
-in aca n
iaa · ap a rece - L
PDllçõcs vi nculadas como fan t asma, reCJ sa mc n-
llt, 111 _ � p
,. como u m comp leme n to cu1· a fu n ção c. 1un d a men cal • .
.. . a � a no 0 ut ro,
0b
o O tro . I t o � . o bt rar a i n co n si, st!nci
"111 ru rar a falta n u s u
111,' q uc,
rc r 1a hcr aurca do A barra do, (/. ) ,
DIANA s. RAB I N O V I C H
úni ca vez. não há repe c i ção poss ível . Ass o ciado dire ramente com a
com pulsão à reperição , Laca n pos c u l a que "o merab o lismo da pulsão o u das
pulsóes, e a função do objeco como perdido, estão relacionados com a repe
riçio". O qu e quer dizer isco' Que a alienação obrigaró ria do Isso no "e u
não penso" e na operação verdade em di reção ao lado do inconscieme, são
duas funnas diferentes do sujeiro se apresentar no que diz respeito ao náo-
1'• ao não-eu; uma no nível do i n co nsciente e o utra n o nível do Isso. Mas
ambas rêm com o condição a repetição; reencontramos, assim, a separação
emre a ryché e o automaton. A ryché está do lado do "eu não penso" e o
/JlJl/1111dfon está do lado do "eu não sou" .
O que vemos s u rgi r nesse p o n to do desenvo lvimen to de Lacan, é que
ª realidade do sexo aparece co m o aquilo do qual não dá co nta nem O in
consciente , n em o Isso , na medida em que não há co mplem entari dade
homem- mulher tercei ro
a n ível signi fica nte, senão através de um eleme nto
u al é
que . é O falo. O q ue signifi ca q u e não há ato sexual? Não há arn sex
eq wvalen te a ass mtr em s u
di ze r que há sujei tos e que um sujeito deve se u
�
sexo e em sua 1 . ass um
· ir em sua relaçao
re açao- com a sexual 1da d e . para se
co m a ua 1 · gn i fi cante que lhe
. sex l I' dade, o sujeito necessita de algo no n {ve si
"""' de p drao - . da é O fui 0·
a de medida, esse padrão de medi
. encontramos
lacan , há muit o , falou do falo e de seu val or de t �oca , o
llo . <
Sern inário tra uss e à ge nes
IV on de há referê ncias explíc i tas a Lévi -S
D I A N A S . RAB I N O V I C H
ª
Es ce p roble ma de torna r a percorrer os mesmos ca mi nhos para
nar e ncontrar uma satisfação , não uma realiza
io;
ção cul mina e m algo q '''
ue
· ·
PIJ<.anallt ico) -e con imu, cum o um fingimento pelo qual o an alisll elfl
o<periência como analis an d o e aq ui
e< sua .• . lo a q ue fi cou red
u p o s ro saber em tal expe nen cia . Fi n g,r esquecer seu uzido o s
. .
u1e1ro
s I ato é ser causa
' isto nos eva ao próximo p o nto, co
processo rn o q ual queria ter d esse
Por que quan.d o Lacan faz to da s estas f,or mi nar.
mu la Ço- es, que se relacion
de anál ,se, por que est e moment
co m o fi nal . o é correlativ
o a sua teoriza çã arn
do aro an alln co por. um 1 ado , e co rrela tivo por outro, o
. gi. nal que ex1Ste no camp o psi à p roposta, quiçá .
mais on ca nal{u. co •
acerca do que é
dad e an al ltica ? Todos estes temas, em Laca n, sao . .
_ so 1 idá urna socie-
nos d e urn a reflexão
e são mais ou menos contemporân eos ao per/odo q ue va,. desde a
na de Paris, em 1 964 , à "Proposiça fundação
da Escola freudia · _o d
e outubro de 1 967...•
.msm. u1. o passe com o proced •
e m q ue imento .
O fi nal de análise é algo mu i to comenta do , mas tenh amos
. - claro que
é um termo que Lacan 1mp o e com uma pregnância particular. O que se
cost uma esquecer é o context o n o qual o tema do final de análise assume
um peso central e para quem . Basicamente quem assume este peso são os
psicanalistas.
Quand o Lacan escolhe o term o "Escolà' faz uma referência explicita
à, escolas de fil o s o fia antiga . Em "Kant com Sade", p u bl i cado em 1 963,
que não é o m omento da redação o riginal, texto correlativo ao Semi nário A
Ética . . . , encontram o s, nos p rimeiro s parágrafos, uma frase que diz assim:
"A alcova sadiana pode ser equiparada a esses lugares nos qu ais as escolas de
filosofia tomaram seu nome, Academia, Li ceu, Stoa". Refere-se, respecti
vamente, à Academia de Piarã o , ao L i ceu de Ari stóteles e à Stoa dos Estói
cos send o es tes o s n o mes dos ginási o s o nde se reuniam as esco las .
como
A alcova sadiana é uma esco la comparável a essas porque ''Aq ui ,
lá [quer dizer na alcova de Sade da mesma e, o rma que nas escolas de filosofia
antiga} . prepara-se a ciência retifi cand o a posiçã o da ética" · .
edade anali nca , na
Lacan ambicion o u fundar uma Escol a, um a Soci · falou
isso
qual "se preparas se a ciência re tifi cando a posi· ça- 0 da éti cà', por
de urna éti. ca · do pS 1ca . nai'IS[a. Porque,
da psicanálise e não de uma é u ca · psicaná-
p re ci· same assa da éuca da
nte, não há nada mais fáci 1 , qua nd° se p rca do que deve
l ise à é ti. ca liçõe ace
do psicanalista, que cair gera 1mente em u é0
u i é q ai
s
se r 0u do . pro blem3 aq
que não deve ser um p s1cana1 ,· s ta. O or to e· pro-
ess
dever daq a u m bom p . rencia
uel e que está encarregado de conduz ir o q ue dife
à
do
cesso parc . ál'
, se. B o m port
,cular que se cham a uma an
82 D I ANA s. RA B I N OV I C H
a rt i cula . me n to de Lacan ao
- tem como ponto d e par t i' d a O ques u o na
çao n ro a
s tio name
Ctl ncett· o d uecer, é u. m q ue
�lda., :u teo
e ato sex ual que ' nao • se d eve esq 1ta 1
l"d a de " ou , me Ih or
rii.ações psicanalíti cas cm w rno d ª " gen
D I A N A S . RAB J N OVICH
ainda, de seu mito. Nesse ponto Lacan propõe o problema inver tendo seus
termos habituais (os das conceitualizações psicanalíticas) , pois, sua pergu n
ta pode formular-se assim : como a relação sexual pode se constituir como
ato no ser falante ?
Tendo presente esta pergunta devemos, primeiro, retornar à repeti
ção. Entre as considerações que insistem no percurso lacaniano, encontra
mos a íntima relação estrutural entre o objeto perdido freudiano e a repeti
ção, dado que aquele constitui o fundamento mesmo da repetição. Portanto,
a reconsideração da repetição é solidária da reconsideração do objeto a.
Objeto que se apresenta, agora, não só como resto, mas, também, como
produto . O objeto a, já o dissemos, articula-se, desce modo, com a produ
ção e não com a criação significa nce. No Seminário XVI, " De um Outro
ao outro", referindo-se à pulsão, assinala que, através do conceito de pulsão,
a psicanálise chegou à descoberta dos meios de produção da satisfação
pulsional, vak dizer, do gozo , meios que já foram conceituados (Seminário
XI) como monragens pulsionais. A montagem pulsional é, pois, um meio
de produção da satisfação . Isto supóc que, na pulsão, a satisfação produzida
implici um sujeico que se satisfaz com ela e, além disso, que tal satisfação "fu
as vezes de" , "ocupa o lugar de", esse vazio criado pela inexistência do ato
sexual. As expressóes "faz as vezes de" e "ocupa o lugar de", são formas de
traduzir essa difícil expressão que Lacan usa em francês: tenant lieu, expressão
que, às vezes, encontrarão erroneamente traduzida como lugar-tenente. O
próprio horizonte de consciruição da pulsão é a impossibilidade do aco como
aco sexual. Precisamente, a dificuldade é formulada em termos de quão pro
blemático é articular, no ser falante, a satisfação e a dimensão subjetiva. É ali
onde a sexualidade perversa polimorfa de Três emaios se situa, substituindo o
aco sexual encendido como complementaridade de ambos os sexos.
Já no Seminário XI Lacan caracterizou o sujeico pulsional em termos
de uma subjetivação acéfala. Podemos situar esta subjetivação acé fala em
relação à opção alienante "ou eu não penso ou eu não sou", do lado da
escolha do Isso, do "eu não penso", onde encontramos um ser sem eu (jt)
que, ao positivizar-se, se apresenta como caractedstico do sujeico da pulsão.
Temos aqui a conjunção entre a lógica e a corporeidade, entre a lógica
alienante e o corpo . Esta conjunção produz esse gozo de borda próp rio da
pulaáo que ocupa o lugar da impossibilidade do ato sexual.
m corno desse furo central • desse
� en cão • e vazio central
'. 1' to estrurnra , em re1 a ção a es sa satis faça- o de bor " ' da Co.1sa,
o sU J '
qº' " a pulsão; 1 og lst1ca da' uma 1ogIsttca ·
· q ue corresponde às d•v ' ersas p .
d,fcsa n .
uls1o n al esse
os i ções sub'JCtt-.
Jj g o z o p . N disp osit ivo - .
fiente ao situa se, a repeuça-
o, como
'/al ozo.
t ição de g
repC ,., se con texto se mscreve a relação ent re ato , go
1,es . zo e repeti. ção. De-
ass
. t ·.� ,,,en te, cal co.mo o . malamos desde a p rime ira reumao ·- , a
promo-
fin1 ••�·· z inica é separável da
o na cl m arti culaç -
a 0 da
çáO do go . pul sao
- com a séne
to - ato - act m g-ou c. Não ach o muito d i· "crc1· 1 s1cua
passagem ao a · r es ta
de em re la ç co m o �ue, cm Freud, se expressava em ter mos da estreita
ão
crfa .
,dação q ue gu arda a pulsao com a momc1d ade. Não é à toa que O seminá
ia-se com uma crít ica a wda co ncepção emp irista e bio
rio so bre O ato inic
isca que re d u za o ato a um reflexo o u a um pólo motor da resposta de
log
um o
rgan ismo . N ão .: 1 ngc'n u a . cm Lacan , a transposição do conceito de
res ra à dime n são signi li,., n t c , rncrcn tc com sua conservação do termo
pas
aro, n:ssituado não como .1 rcs1Hist ;1 do organismo ao Um welt, mas como
unp!icação da s u bjetividade. p roJ u w da captura significante na ação hu
mana. Em s ua JJ1il ise de H a m let no Semi nário VI, uma vez diferenciada a
confusão teórica que sustenta a noção de fantasia inconsciente, própria do
k!ruiismo - confundir a fórmula do fantasma, � O a com a fórmula da
�. S O D, confusão p resente no eixo a - a ' do esquema L -, a dificul
d3de do neurótico &en te ao ato é o ponto de partida de uma releirura da
cbnanda a partir de seu fu ndamento pulsional, que abre o caminho para
os desenvo lvi mento s sob re O gozo do Seminário A ética . . . É por isso que a
relação deman da-p ergu n ta é retomada no n ível do grafo mostrando come
0 ato im lica
p o sujeiw do s i gn i fi cante no ci rcuito do ganho e perda de
se, coma·
gozo, ou sej a, da satisfação pulsional . A motricidade cra nsfo rma- .
r substi tui ª saas
ic com p omísso do suJ· eiw no aw com essa satisfação que
� da compl em entaridad e sexual .
. O s UJ· ctt· o no pet i o : t
01to inrc · ato nos é apresenta do com o d up 1 o 1 aço da re çã
no r to poló gico no qual o significante " parece sig m fi1 a $i mcs " · ' car
mil "
11 ·r,
Nã 0 dcvc mo s esquecer de sublin har esse " pa rece • dado qu e '
gn, IC.ant . nc si·g ni fica a s1 mes
11\Q F e - l ..a ca n o disse de mil maneiras - nu a
edida e m que '
· ·. <> d up 1 <> 1 a ço que dá a chave desta fo rmu 1 a r;
........_ .,.. o , na m
..,...11,ãr, do 11. . ·,.11 ,is que, por K r en
gn i fica n te cm um tí ni co traço, repc1 1.,:-o P'
D IA N A s. RABINOVJCH
ra:'
q ua1q
'111
Se ª psi can ál ise
rrad icionalmc n t c encontra a significação sexual CI
� r te, o pós- freudismo , ao renegar a primazia fálica, se enredo
r CX 11tir o a to scic ua I b . .
so o precexro d a .. geni' ta l I d ade. ; me1 us1ve
. COI
º
� ª
ÍUricli ndo 1Cx 11.1
l i da de puls
ional ligada ao objeto a, essa a-sexuali dade di
COtn ° fundam t de u m a sexualidade gen ital mo delada, no Cll
a.. �•n11111c, en o
' por tum pl o , aob re o s eio e n lo sob re o falo, su bsmui.,.
· ·r1
• DIANA s. RAB I N O V I C H
cm F cud ( q ue n
Je to est
rutur
alm
o do
r
ão Po r aca en te Per .
0 b,e t ex .
cia d e sa
. sO n as
ce n a el .
di do que
�o
da p . er iên tJSfação) , ess e ass 1 ca
. qu e n ão se co 111ente eh
fllª d ns a-
ve s tígi o o fu ro a Co tsa, a-s CJtu egue fal '
. ' d
a a e1a • ar, deIXan
cofll0 e d e m cui. d0
çá
du o d . essa sup n o n ade de gozo as bordas se
p. to que a pu ls fo rma a
ã0 recupe
cl cado, p o is, qu e o ter mo "pa rci al " p . ra. Nada .
1 n i ar a qu al. ifi ca r a puI mais
, 0 gozo qu e p ro d uz , nao s e rá sem pr_ são ; sua sa
e llla 1s do tisfa•
ça0• que p ar te d
rdido • rodo , qu e nun ca ex isti u • a li , on de . esse gozo
pe . "' impera o s ig
a n vo . r. nesse po n to n I'ficante, ex
CO u�o • mico rc cro q ue o gozo ceto
de bo rda p as
ivale nte dess e gozo sexual , gozo q ue se . sa a ser
eq u ri a to do se ex1 .
. . . - susse . G ozo par .
a u m su1euo, n a o a um organis cial
que sa nsfaz mo b'10 l óg1c .
o , que sup
nc1on am e n to d a p · e ao
suj eito n o fu . ulsão co mo s ujei co de
o
um a san. sfação alh
' . . eia
à n(CCSSI'da d e b '10 l og1ca .
O obj eto a, e n t ão , pode r,! ser, enqua nto objeto perdid
o , causa do
. . . . . .
dese j o . d 1v1 d 1r o s u 1 c 1 t o , cm J 1' - 1 o; m as ser:! • a s sim mesm o , 1 ugar de captu-
. . . . .
ra do mais-d e-goza r na s,1 1 1 s t:i ,·ao p uls1onal . Sua função de causa vincula-
st co m a perda; s ua fu n ,·.io de m a i s - de-gozar vi ncula-se co m a recupera
ção da perda . Reú n e e m s i , pa radoxa l m e n te poderia-s e d izer, a perda e a
recuperação.
O gozo da pulsão parcial penetra, portanto, es tr uturalmente, a cas
cr.ição como operação de um vel alienante entre gozo e co rpo . O mais-dc
gozar co mo recu peração não é, e ntão, a trans gressão da castração , p ois sua
própria existê ncia ar ticul a-se com a cas tração, lhe acata. Ond e ouve opera
se se�tido,
ção da marca s i gn i fi ca n te sobre o corpo há perd a de gozo e, nes
val r d e gozo , p ois es
sa
o goz o torna -se
casrração. Por operar-se esta perd a,
o
. . da po ssessão im
desconh eci m e nto d a marca, da cicatriz e da pe rda ma P üca o
, . ugu ral do gozo
Po rém . por tras deste ser o u te r O falo • se es e
. boça o ralo do gozo
o bJ e � o, se arr1. � u 1 a co m o auto-erotismo
esst
que, como . que organiza, ret;oati
vamence , os o bJetos parc1a1s . Por t r ás d o falo do i n te rcam
. . • b"10 surge, de
novo o fulo a u c o-eró11co em sua fnttma re lação com O ob,·eto a, 1ugar, por
' . . _
acelênc1a, na co n r u n çao sex u al do partenaire. O tom zombetei ro de Lacan
em ro r n o d a relação enrre "pesso as" , aponta para essa dimensão em que 0
sujeiro es quece que o pa rrenaire é "objeto", aq u ilo com o q ue se satisfaz,
insrrumenro de s u a sarisfação. Assim, q u anto mais o sujeito faz do Ourro
um sujeirn, quanto mais o personaliza, s e p o deria dizer, incl us ive quanto
mais o h u maniza, mais se aliena desse Out ro como marcado pelo s ignifican
te, e mais se encaminha para a obtu ração da castração do Ourro, mais se
aliena da ve rdade da estrutura , da inexistênc ia do Ou tro s exo. O casal, pois,
reme te ao mico bíblico, 0 da costela de Adão, mas para ambos os sexos . Ali
onde há p rimazia do falo, há p romoção ao lugar do O u tro , dessa p�e que é
o ob.Jeto a; primazi a questionada pelo q ue s e po de deno mm · ar "mico m,,oder-
"- ·
no, o ua sinc ronia dos gozos, próp no, , d "al mas bo ndosas .
, d"trá Lacan e
r 1 fi ca como sua
prod uça- o.
Mas vol temos ao gozo e ao qu e L acan q ua
. p roduça - 0 não
· ção ' p o t s ' a
A 1 déta ' de prod u ção não é eq u ival e nte à d e ena . ente . No nível da
i mpli ca o ex nihilo de algo ext st
' mas a trans for mação por que Laca
n
te · e n m ica é m Pe rg un tar-se
º"ª
in trod uz esta
co ô isto é claro, mas co nv
c urso que cu1
mm · 3 na in tro du -
di fe rença, o q ue exig . e ce rto p er e d do d es envo1vt-·
de ,u n o
ção e des dob ramen ro dos qua tro d i" sc ursos , pa no
lllenco do discu
rso analít ico .
D I A N A 5 . RA B I N O V I C H
o- da verdade
escrutu ra, S ,. e o S o d p é oc up
!'. � rod ução . O im ado pelo
saber
po
o em d 1si unçao e , p o nan to - rtan te para guardar da
.,.. bos estã
.... ' • n ao p o d e . é que
. ifican te . Nesse senti d o , a p ro du,.;; a n1 cula r-se
s1gn . 0 de S ,_ a cadeia .
1 ,az u m CO nttapo nt
pro dução do dis curso do m.-
lar com a estre q ue é o .
ob/eto a . Entr
o particu-
discursos vemos co mo agente e pro du ,.. .
rõ o lnt c ambos os
ercamb iam 1 u
e. por ourro lado, verda d e e utro garcs po r um
lado o .
Esse saber que ocupa o l ugar da verdade é e 1
e que m p roduz as
cias do S do mes1re . o o bj eto a . Esse sab er in . te .
1nstân-
, . . co nscien situado no 1ugar
do out ro, e esse t raba l hador ideal , uab alh ador que pro duz mai .
s- de-gozar a'
mas não ve rdadt. R.-co rd.-mos que Lican equ ipa rará · de cena pers-
. . ' a pamr
.
o d1s curso do m.-s1 r.- com o incon sciente ,/ precisam
··
r......-uva, ente porque
. _ . ..
nele se prod ul J ,01K� 1.-11.1ç:w s1gn d 1can1.- S _
, s,.
Porém , e o 1 n,onsci en t .- qu.- produz mais-de- gozar em seu próprio
discurso. ma1s-d.--gm.1 r q u e . j.l o d isse, funda-se, simultaneamente, em Freud
e em :\farx. 1'.fais-dc-go,.i r q u e é Lustgtwinn em Freud, e que estabelece o
valor de gozo e sua contabil idade como aquilo que subjaz à econo mia do
saoo inconsciente, q ue oferece o mecanismo mesmo do mercado como
mercado da verdade . A estrutura exige um gasto, um dispêndio de goro.
Aqui a disj unção dos dois lugares inferiores adquire toda a sua im
portância, pois ela recai sobre a verdade e a produção. Esta disjunção �co
va-
ma o vel alie nan te sob a fo rma de verdade e mais-de-gozar, lugar respeca
" .. " pens " A pr o dução é,
mente de um eu não sou e d e um eu nao - o ·
· • 1 ; ) é essa operaça
preasamen re, a máq u i. n a nao pens ante; o pensar sem eu V t
o
- É a verdade como 1 u-
straçao .
verdadc que cul m i nava , recorde m- no, na ca esse é 0
o ' mas - e
gar q ue rege o discurso e que dá o senn. do dO rra balh a de ' onde
nte, a ver d
po n ro - o trabalho não pro d uz verd ad e. Prec is ame a var
. . - ra
. . du
re
. men ro de g z , um
q uer que se prod uz.a , determ ina um esvaz ia as
o o
·ªnr ro duz , m
ça• o , 1 .
de gozo. Assi m, a verdade opera no se nt i· dO da casrra vazt •·
ela é cs
-� ucm a ap azigua. Apazigu a-a na me 1
d·� �� s �e do prazer,
. d o rin dp io
ma i s -alé "'. � contti·
�n ro de gmo e des se mo do , li mite ao oza r, pelo
. praze r. O ma is- de g
�"'1. ern ce rro sentido, do p r6pr10
'
11() , anul a a
verdade, a torn a i rrisór ia.
D I AN A S. RA B I N O V I C H
I gozo
Lugar do Agente I Sembla nie _.,. Lugar do outro
/
/ Lugar da pro d ução I mais-de-gozar
Lugar da Verdade
FREGE. Go nlob. Sobrr muido y sign il: �·ra cidn ' Ed·11011a
· 1 Ticenas Madrid
FRE UD. Sigmund . Obms Complrtas, Amorron u Editores , Bucnos ·
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