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DEONTOLOGIA Apontamentos Da 0 A PDF
DEONTOLOGIA Apontamentos Da 0 A PDF
I.
1. A Deontologia Profissional:
noção e análise comparativa com a Deontologia no domínio das demais
profissões liberais. A Deontologia e o valor da confiança.
(Orlando Guedes da Costa, págs. 5 a 9)
Noção de profissão:
Profissão é uma actividade exercida com base em conhecimentos teóricos,
adquiridos através de um método científico e geradora de confiança
proporcionada por quem tem autoridade para a exercer, com acesso e
exercício regulamentados em função do seu interesse público ou utilidade
social e com subordinação a um código deontológico, imposto por uma
associação que promove a cultura própria da actividade considerada.
O valor da confiança na profissão resulta:
− antes de mais, da autoridade profissional ou do facto
de a preparação fornecer ao profissional um tipo de
conhecimento inacessível ao não profissional,
− e, depois, do acesso condicionado e do exercício
regulamentado em função do seu interesse público ou
da sua função social.
Do conceito de profissão decorre que as actividades profissionais são
reguladas por um conjunto de normas que constituem a deontologia
profissional e que asseguram o seu correcto exercício.
Noção de Deontologia:
Deontologia é etimologicamente o conhecimento dos deveres.
Noção de Deontologia profissional:
Deontologia profissional é o conjunto de normas jurídicas que regulam o
exercício de uma profissão. A maioria destas normas tem conteúdo ético.
Estas normas são:
− umas, específicas
− outras, comuns a duas ou mais profissões.
O valor da confiança:
E é da Deontologia que também resulta o valor da confiança.
Este:
− não provém apenas da autoridade profissional,
− mas também do acesso condicionado à profissão
− e da regulamentação do seu exercício, em função do interesse
público ou função social desta.
Ponto 1.1 CDAE dispõe: «A função do advogado na sociedade
Numa sociedade baseada no respeito pelo primado da lei, o advogado
desempenha um papel especial. Os deveres do advogado não se esgotam
no cumprimento rigoroso do seu mandato dentro dos limites da lei. O
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advogado deve servir o propósito de uma boa administração da justiça ao
mesmo tempo que serve os interesses daqueles que lhe confiaram a defesa
e afirmação dos seus direitos e liberdades. Um advogado não deve apenas
ser um pleiteador de causas, mas também um conselheiro do cliente. O
respeito pela função do advogado assume-se como uma condição essencial
para a garantia do Estado de Direito Democrático.
Por isso a função do advogado impõe-lhe uma diversidade de obrigações
legais e morais, muitas vezes conflituantes, perante:
− o cliente,
− os tribunais e outras autoridades junto das
quais o advogado pleteia ou representa o
seu cliente;
− a advocacia em geral ou qualquer colega
em particular;
− o público, para o qual a existência de uma
profissão livre e independente, auto-
regulada por normas vinculativas, é um
elemento essencial para a defesa dos
direitos humanos face ao poder do Estado
e a outros instalados na sociedade».
E o ponto 2.1 – 1 e 2 CDAE dispõe que: «Independência
A multiplicidade de deveres a que o advogado está sujeito impõe-lhe uma
independência absoluta, isenta de qualquer pressão, especialmente a que
resultar dos seus próprios interesses ou de influências exteriores. Esta
independência é tão necessária à confiança na justiça como a
imparcialidade do juiz. O advogado deve, pois, evitar pôr em causa a sua
independência e nunca negligenciar a ética profissional com a
preocupação de agradar ao seu cliente, ao juiz ou a terceiros
Esta independência é necessária em toda e qualquer actividade do
advogado, independentemente da existência ou não de um litígio concreto,
não tendo qualquer valor o conselho dado ao cliente pelo advogado, se
prestado apenas por complacência, ou por interesse pessoal ou sob o
efeito de uma pressão exterior».
O ponto 2.2 CDAE dispõe que «Confiança e integridade moral
As relações de confiança só podem existir se a honestidade e a probidade,
a rectidão e a sinceridade do advogado, forem inquestionáveis. Para o
advogado, estas virtudes tradicionais são obrigações profissionais».
No ponto 2.3 CDAE, sob a epígrafe do «Segredo Profissional», acrescenta
que «É requisito essencial do livre exercício da advocacia a possibilidade
do cliente revelar ao advogado informações que não confiaria a mais
ninguém, e que este possa ser o destinatário de informações sigilosas só
transmissíveis no pressuposto da confidencialidade. Sem a garantia da
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confidencialidade não pode haver confiança. O segredo profissional é,
pois, reconhecido como direito e dever fundamental e primordial do
advogado
A obrigação do advogado de guardar segredo profissional visa garantir
razões de interesse público, nomeadamente a administração da justiça e a
defesa dos interesses dos clientes. Consequentemente, esta obrigação deve
beneficiar de uma protecção especial por parte do Estado».
Em Portugal, a profissão de Advogado tem garantias constitucionais
previstas no artigo 208.º CRP «A lei assegura aos Advogados as
imunidades necessárias ao exercício do mandato e regula o patrocínio
forense como elemento essencial à administração da justiça».
O art. 6.º n.º1 da LOFTJ dispõe que «os Advogados participam na
administração da justiça, competindo-lhes, de forma exclusiva e com as
excepções previstas na lei, exercer o patrocínio das partes».
E o n.º 2 deste artigo estabelece que «no exercício da sua actividade, os
Advogados gozam de discricionariedade técnica e encontram-se apenas
vinculados a critérios de legalidade e às normas deontológicas da
profissão».
O art. 114.º LOFTJ dispõe que «a lei assegura aos Advogados as
imunidades necessárias ao exercício do mandato e regula o patrocínio
forense como elemento essencial à administração da justiça».
E o n.º 2 deste artigo dispõe que «para a defesa intervenção dos órgãos
jurisdicionais competentes».
E segundo o artigo 114.º n.º 3 «A imunidade necessária ao desempenho
eficaz do mandato forense é assegurada aos advogados pelo
reconhecimento legal e pela garantia de efectivação, designadamente:
a) do direito à protecção do segredo profissional;
b) do direito ao livre exercício do patrocínio e ao não
sancionamento pela prática de actos conformes ao
estatuto da profissão;
c) do direito à especial protecção das comunicações
com o cliente e à preservação do sigilo da
documentação relativa ao exercício da defesa».
O art. 3.º n.º 1 EOA nas als. d), e) e g) enumera, entre as atribuições da
Ordem dos Advogados:
«…
d) zelar pela função social, dignidade e prestígio da
profissão de advogado, promovendo a formação
inicial e permanente dos advogados e o respeito
pelos valores e princípios deontológicos;
e) defender os interesses, direitos, prerrogativas e
imunidades dos seus membros;
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f) …
g) Exercer, em exclusivo, jurisdição disciplinar sobre
os advogados e advogados estagiários».
(Fernando Sousa Magalhães)
«Neste artigo são genericamente reproduzidas as atribuições previstas no
DL 84/84 de 16 de Março, sendo todavia de registar e aplaudir, pelo
especial significado que encerra, a alteração introduzida na alínea d), ao
incluir a formação inicial e permanente dos Advogados como uma das
atribuições fundamentais da OA.
Deve também ser assinalada a alteração da redacção da alínea g), que
traduz a preocupação de se definir, por um lado que a OA só exerce a
acção disciplinar sobre Advogados e Advogados Estagiários, como
também que tal acção disciplinar só pode ser exercida pela OA, assim se
excluindo a possibilidade legal de apreciação da prática profissional dos
Advogados e Advogados Estagiários por qualquer outro poder tutelar,
designadamente pelas Magistraturas, o que se revela de especial
importância para a interpretação regime legal das condenações por
litigância de má fé instrumental, imputável aos Advogados, nos termos do
art. 459.º CPC. Assim, cabendo o exercício da acção disciplinar em
exclusivo à OA, em caso de indicação de má fé instrumental deve o Juiz
limitar-se a mandar extrair e remeter certidão à OA para apuramento da
responsabilidade disciplinar, ficando a fixação e graduação das custas,
multa e eventual indemnização dependentes dessa apreciação em concreto.
E dispõe no art. 61.º n.º 1 EOA que «… só os licenciados em direito com
inscrição em vigor na OA podem, em todo o território nacional, praticar
actos próprios da advocacia, nos termos definidos na Lei 49/2004 de 24 de
Agosto.»
Conclusão:
Perante o conjunto destas normas, bem se justifica a afirmação de que, sem
a estrita observância das regras deontológicas da profissão, não pode haver
confiança.
A deontologia profissional é, assim, da maior importância no quadro do seu
estatuto profissional.
.
2. A Deontologia Profissional
como Direito Profissional
(Orlando Guedes da Costa, págs. 9 a 12)
O EOA reúne no Título III, intitulado Deontologia Profissional, desde o art.
83.º até ao art. 108.º, o Estatuto Deontológico do Advogado, nele se
referindo, sucessivamente:
− À integridade
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− À independência
− Aos seus deveres para com a comunidade
− Aos seus deveres para com a Ordem dos
Advogados
− Ao dever de segredo profissional
− À discussão pública de questões pendentes
− À informação publicidade
− Ao dever geral de urbanidade
− Aos deveres para com os clientes
− Às relações com o tribunal
− E aos deveres entre Advogados
Neste capítulo não está contido todo o direito deontológico do Advogado, o
qual se reparte pelo EOA e por outros diplomas legais.
No título II, desde o art. 61.º até ao art. 82.º trata das garantias no exercício
da advocacia e de alguns pressupostos daquele exercício, designadamente,
das incompatibilidades e impedimentos.
(Fernando de Sousa Magalhães)
«As normas … dos arts. 61.º a 75.º ( … ) contêm, na sua maioria,
prerrogativas funcionais atribuídas aos Advogados e Advogados
Estagiários, em contraponto com os deveres deontológicos arrumados no
Título III, justificadas como garantia, na óptica do interesse público, do
cabal exercício da profissão»
Conceito de Direito Profissional do Advogado:
O Direito Profissional do Advogado pode definir-se como o conjunto de
normas jurídicas que regulam o acesso e o exercício da profissão de
Advogado.
Trata-se de um conjunto de normas autónomas que proíbem ou impõem
condutas quanto ao acesso e ao exercício de uma profissão com interesse
público tendo em vista a protecção de valores jurídicos que são impostos às
pessoas que acedem à profissão e a exercem e que estão adstritas a
especiais deveres perante outras pessoas no quadro dessa profissão.
Uma profissão de interesse público, como a advocacia, pode ser
considerada:
− Como valores que ao Estado cumpre defender
a lesão ou perigo de lesão desses valores por um
profissional constituirá um ilícito criminal, como acontece
com o crime de prevaricação – art. 370.º Código Penal,
disposição que inclui a qualidade de Advogado ou
solicitador entre os elementos do tipo legal do crime de
prevaricação.
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− Em si mesma, tendo em atenção o interesse público que
está na sua base, como uma profissão que exige uma certa
disciplina para o seu perfeito desenvolvimento
E a violação dessa disciplina constituirá então um ilícito
disciplinar.
O ilícito disciplinar abrange
1) não só a violação dos deveres profissionais dos
Advogados (o seu “estatuto positivo”)
2) mas também as condutas da vida privada que constituem
comportamento público (o seu “estatuto negativo”), sempre
que estas condutas se repercutam na profissão.
Cfr. art. 83. n.º 1 «O Advogado … deve ter um
comportamento público e profissional adequado à
dignidade e à responsabilidade da função que exerce…».
Cfr. Fernando de Sousa Magalhães, art. 83.º ponto 8, 9, 10
e 11
«O art. 83.º sob a epígrafe “Integridade” trata do dever
geral de probidade …
Este dever de probidade tem questionado a possibilidade
de os Advogados poderem ser avaliados e eventualmente
sancionados por actos praticados na sua esfera de
actuação privada…
Desde há muito também que a jurisprudência disciplinar
da OA vem aceitando o princípio da censurabilidade do
comportamento indecoroso dos Advogados na sua vida
privada, designadamente no plano da acção disciplinar
desde que tal comportamento seja cumulativamente
escandaloso, desprimoroso aos olhos do público,
desonroso para o autor e lesivo da classe. Vide acórdão do
C. Superior de 15/11/62 in ROA 23, 182.
Sendo necessário diferenciar na vida privada dos
Advogados os actos da sua vida íntima e os que assumem
repercussão pública, só estes podem ser
deontologicamente avaliados…»
Juridicidade das normas que integram o Direito Profissional do Advogado
Têm natureza jurídica todas as normas que integram o Direito Profissional
do Advogado,
− Quer as que regulam o exercício e acesso da profissão
− Quer as que integram o estatuto deontológico strictu sensu
do Advogado
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A diferença das normas jurídicas das outras normas de conduta é a
susceptibilidade de serem impostas coactivamente pela autoridade do
Estado, cuja constituição é contemporânea da criação das normas jurídicas.
(Fernando Sousa Magalhães, art. 83.º pontos 1, 2 e 3)
«Neste artigo III regula-se a Deontologia, enquanto conjunto de regras de
comportamento, assentes nos costumes e na moral que regulam o exercício
da profissão. Nestas normas deontológicas a moral e o direito associam-se
intimamente, sendo da sua essência a existência de um conteúdo de
natureza ética.
Estas normas deontológicas impõem deveres jurídicos, já que se
caracterizam por imperativos que se traduzem em regras concretas de
comportamento perante diversas situações que, a não serem observadas,
implicam sanções disciplinares por decorrência do art. 110.º do EOA.
De acordo com o ponto 1.2.1. CDAE “As regras profissionais e
deontológicas aplicáveis ao advogado estão adequadas a garantir, através
da sua espontânea observância, o exercício correcto de uma função que é
reconhecida como indispensável em todas as sociedades civilizadas. O
incumprimento dessas regras pelo advogado é susceptível de ser objecto
de sanções disciplinares».
O art. 110.º EOA dispõe que «Comete infracção disciplinar o advogado
ou advogado estagiário que, por acção ou omissão, violar dolosa ou
culposamente algum dos deveres consagrados no presente Estatuto, nos
respectivos regulamentos e nas demais disposições legais aplicáveis». Os
arts. 125.º e seguintes tratam das penas disciplinares e da sua aplicação.
O art. 6.º n.º 3 EOA dispõe que «dos actos praticados pelos órgãos da OA
cabe ainda recurso contencioso para os tribunais administrativos, nos
termos gerais de direito».
É pois o Estado, através dos tribunais, que impõe coactivamente as normas
deontológicas e as demais normas do estatuto profissional do Advogado.
E não deixam de ter natureza jurídica as regras decorrentes:
− de usos, costumes e tradições referidos no art. 83.º n.º 1
EOA;
− ou dos usos profissionais a que se deve atender na fixação
de honorários, nos termos do art. 100.º n.º 3 EOA;
− ou dos usos que determinam a medida da retribuição, na
falta de ajuste prévio ou de tarifas profissionais, conforme
impõe o art. 1158.º n.º 2 CC
Natureza jurídica que é indubitável face ao disposto no art. 3.º n.º 1 CC
«Os usos que não forem contrários aos princípios da boa fé são
juridicamente atendíveis quando a lei o determine».
Fernando Magalhães, art. 83.º ponto 14 e 15
Joana Ruivo
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Resumos de Deontologia
«Na parte final do art. 83.º n.º 1 do EOA reconhecem-se os usos e
costumes como fonte de deveres deontológicos.
Contudo, da análise conjugada dos arts. 3.º n.º 1 do CC e 83.º n.º 1 do
EOA, conclui-se que os usos e costumes profissionais só serão
juridicamente atendíveis desde que a lei o determine e sejam reconhecidos
pela OA, como resultava da alínea c) do art. 79.º do DL 84/84 de 16 de
Março, norma que impunha aos Advogados o dever perante a Ordem de
acatamento dos usos e costumes profissionais. Com a eliminação deste
dever específico no actual art. 86.º EOA, reconheceu o legislador que os
usos e costumes profissionais, que não forem normatizados, mais não são,
presentemente, do que simples praxes em desuso e sem qualquer valor
jurídico para efeitos disciplinares».
A Juridicidade das Normas Deontológicas
Joana Ruivo
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Eficácia
Art. 3.º n.º1
normativa
Código Civil
Antes, além do acolhimento expresso do art. 3.º n.º1, havia o art. 79.º EOA
que acolhia especificamente, dizendo que os usos, costumes e tradições
profissionais são fontes de deveres jurídicos desde que assim fosse definido
jurisprudencialmente pelos órgãos da OA.
Logo não têm eficácia jurídica.
Este art. foi revogado.
Há sempre as normas gerais de acolhimento da eficácia normativa dos usos
e costumes.
Normatização dos Deveres Deontológicos
Joana Ruivo
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Resumos de Deontologia
Fernando de Sousa Magalhães, art. 83.º ponto 7
«A deontologia dos Advogados desdobra-se em deveres gerais de conduta
e em deveres profissionais específicos. Aqueles impõem regras de conduta
nos domínios da honra, dignidade e integridade, exigindo constantemente
aos Advogados o aperfeiçoamento da sua consciência ética, cívica, social
e profissional. Estes impõem condutas tendo em conta determinados
destinatários de tais deveres».
Dever de integridade
Fernando de Sousa Magalhães, pontos 8 a 13
«O art. 83.º sob a epígrafe “Integridade” trata do dever geral de
probidade que, no domínio do EOA anterior – vide art. 76.º n.º 1 – era
definido como o dever do Advogado, no exercício da profissão e FORA
DELA, se considerar um servidor da justiça e do direito e, como tal,
mostrar-se digno da honra e da dignidade que lhe são inerentes.
Este dever de probidade tem questionado a possibilidade de os Advogados
poderem ser avaliados e eventualmente sancionados por actos praticados
na sua esfera de actuação privada…
Desde há muito também que a jurisprudência disciplinar da OA vem
aceitando o princípio da censurabilidade do comportamento indecoroso
dos Advogados na sua vida privada, designadamente no plano da acção
disciplinar desde que tal comportamento seja cumulativamente
escandaloso, desprimoroso aos olhos do público, desonroso para o autor e
lesivo da classe. Vide acórdão do C. Superior de 15/11/62 in ROA 23, 182.
Sendo necessário diferenciar na vida privada dos Advogados os actos da
sua vida íntima e os que assumem repercussão pública, só estes podem ser
deontologicamente avaliados…
A falta de integridade ou de idoneidade moral implica inibição para o
exercício da profissão nos termos do art. 181.º n.º 1 a) do EOA pelo qual
não podem ser inscritos “os que não possuam idoneidade moral para o
exercício da profissão e, em especial, os que tenham sido condenados por
qualquer crime gravemente desonroso”»
Joana Ruivo
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Dever de probidade
Art. 83.º
Pressuposto de idoneidade
profissional
Em 1962 uma Advogada era, à noite, bailarina num bar. Isto porque era
mãe solteira e fazia-o para ganhar dinheiro para sobreviver.
Para que uma conduta privada dum Advogado tenha relevância disciplinar
é necessário que CUMULATIVAMENTE a conduta seja:
− escandalosa;
− desprimorosa aos olhos do público;
− lesiva dos interesses da classe
− e desonrosa para o autor
A OA na época considerou que foi escandalosa, desprimorosa, podia até ser
lesiva dos interesses da classe, mas que não era desonrosa para o autor.
Joana Ruivo
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Resumos de Deontologia
O art. 90.º deve por isso ser objecto de uma interpretação extensiva ou de
integração analógica, face ao disposto no art. 83.º n.º 1.
Fernando de Sousa Magalhães, art. 90.º
«O dever geral de urbanidade, que deve pautar sempre o comportamento
do Advogado, é natural corolário do seu papel como participantes na
administração da justiça e de servidores da justiça e do direito.
Em contraponto com o dever geral de urbanidade, têm os Advogados o
direito a tratamento compatível com a dignidade de funções que exercem.
Cfr. art. 67.º n.º 1 EOA
Sem prejuízo deste dever, impõem as normas deontológicas deveres
especiais de urbanidade em relação a determinados destinatários no trato
dos Advogados. Cfr. arts. 105.º a 107.º n.º 1 al .a).
De acordo com o art. 154.º n.º 3 CPC, o dever de urbanidade dos
Advogados não é incompatível com a firmeza e veemência nas suas
intervenções, não se considerando ilícito o uso de expressões e imputações
indispensáveis à defesa da causa.».
Dever de independência
Fernando de Sousa Magalhães, art. 84.º
«1. O princípio da independência é, a par do interesse público da
profissão, um dos pilares fundamentais da Deontologia dos Advogados…
2. (…) a independência consiste na “ausência de toda a forma de
ingerência, de interferência, de vínculos e de pressões, quaisquer que
sejam, provenientes do exterior, e que tendam a influenciar, desviar e
distorcer a acção do ente profissional”
3. Presentemente, as fontes de eventual dependência não podem já
colocar-se apenas no domínio do poder político e do poder judicial, sendo
de acautelar os Advogados das pressões provenientes do poder económico
e de outras formas de poder, como o da comunicação social…
No ponto 2.1.1. CDAE determina-se que “A multiplicidade de deveres a
que o advogado está sujeito impõe-lhe uma independência absoluta, isenta
de qualquer pressão, especialmente a que resultar dos seus próprios
interesses ou de influências exteriores. Esta independência é tão
necessária à confiança na justiça como a imparcialidade do juiz. O
advogado deve, pois, evitar pôr em causa e nunca negligenciar a ética
profissional com a preocupação de a sua independência agradar ao seu
cliente, ao juiz ou a terceiros”
Trata-se de uma norma que influenciou claramente a redacção deste art.
84.º, que a transcreve parcialmente.
4. (…)
5. (…)
6. Sobre a independência em relação aos clientes …
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7. Sem independência perante os clientes, não poderão os Advogados
cumprir em relação a eles, de forma cabal, os deveres deontológicos
impostos pelo art. 95.º EOA….
8. Radicam na preservação da independência em face dos clientes a
proibição de celebração, em proveito próprio, de contratos sobre o objecto
das questões confiadas – alínea d) do art. 95.º do EOA – princípio que por
sua vez se aplica em matéria de honorários com a proibição da quota litis.
Cfr. art. 101.º do EOA.
9. (…)
10. (…)
11. O princípio da independência dos Advogados é um dos pilares do
nosso edifício judiciário e, reconhecidamente, um dos valores essenciais
do Estado de Direito, assim como o são a independência dos Magistrados
Judiciais e a autonomia do Ministério Público».
Joana Ruivo
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os Cidadãos
em geral
a Prova e as
a Comunidade Testemunha
DEVERES
para com
Juiz
os Clientes Tribunal
os Advogados
(deveres
recíprocos)
II.
Joana Ruivo
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1. Origem e evolução histórica da advocacia; a Advocacia como profissão
liberal: perspectiva histórica.
Não sai em exame!!!
2. A evolução legislativa da regulamentação da Advocacia: do Estatuto
Judiciário ao actual Estatuto da Ordem dos Advogados.
Não sai em exame!!!
III.
Joana Ruivo
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1. A Advocacia na actualidade - caracterização da actividade de Advocacia
através dos grandes princípios actuais da deontologia: a independência e o
interesse público no exercício da profissão e seus afloramentos no
ordenamento deontológico.
(Orlando Guedes da Costa, págs. 51 e 52)
O interesse público e a independência do Advogado:
− são a razão de ser das especificidades do mandato judicial em
relação ao mandato como contrato típico ou nominado e das
especificidades das regras sobre honorários dos Advogados
− e são também a razão de ser da limitação da publicidade (cfr. art.
89.º EOA) e da discussão pública de questões pendentes perante
órgãos do Estado (art. 88.º EOA), da proibição da angariação de
clientela pelo Advogado (art. 85.º al. h) EOA) ou a razão de ser
do princípio da livre escolha do mandatário pelo mandante (art.
61.º n.º 2 EOA).
O interesse público da profissão:
a) explica a obrigatoriedade inscrição de inscrição numa associação
pública, que é a OA, para que seja legalmente possível o seu exercício
(art. 61.º n.º 1 EOA)
b) e explica também muitas obrigações ex lege que impendem sobre os
Advogados,
− como a de não recusar o patrocínio ou a defesa de oficiosas
sem motivo justificado (art. 85.º n.º 1, al. f EOA)
− como a de não recusar a orientação do estágio dos
Advogados estagiários, enquanto patrono destes (arts. 86.º
al. f) e 185.º EOA)
c) e explica os deveres do Advogado para com a comunidade (art. 85.º
EOA) e para com a AO (art. 86.º EOA).
A independência do Advogado, mesmo em relação ao seu cliente:
a) explica a proibição da quota litis (arts. 101.º e 95.º n.º 1 al. d) EOA)
b) e explica que o Advogado deve evitar exercer quaisquer represálias
contra a adversário (ART. 105.º EOA)
c) e explica que o Advogado não deve ser menos correcto com os
Advogados da parte contrária, juízes ou quaisquer outros intervenientes
no processo (art. 181.º EOA),
d) e explica incapacidades, impedimentos e incompatibilidades (art. 76.º
EOA).
É importante ainda referir os arts. 32.º e segs. do CPC sobre Patrocínio
Judiciário e os arts. 61.º al. e) e 62.º a 67.º e 68.º a 76.º CPP sobre o
defensor oficioso e o Advogado do Assistente.
Conclusão:
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Destas normas resulta que a Advocacia actual é o exercício de uma função
de interesse público por uma entidade privada com independência perante
qualquer entidade pública ou privada.
Joana Ruivo
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Na advocacia de Estado, estamos perante uma advocacia residual.
Caracterização da Advocacia colegiada:
A coexistência do interesse público da profissão com a sua independência
está referida no Preâmbulo do anterior EOA (DL 84/84 de 16 de Março),
que começa por salientar a natureza jurídica da associação pública da
Ordem, a qual por devolução normativa de poderes públicos, integra a
administração estadual autónoma e que acentua depois a «clara opção pelo
princípio da independência do Advogado no exercício da profissão».
É o caso da advocacia portuguesa.
A diferença entre a advocacia livre e a advocacia colegiada não está na
deontologia mas no controlo (na advocacia livre está sujeita a controlo
jurisdicional; e na advocacia colegiada o advogado quer-se tanto livre
dentro como fora do tribunal).
Advocacia Colegiada
Princípios estruturantes da independência e do interesse público da
profissão
Caso Português
Joana Ruivo
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QUADRO SÍNTESE
Advocacia Colegiada
Profissão Tutelada
Arts. 1.º, 6.º, 61.º, 65.º, 103.º, 179.º, 180.º, 182.º, 192.º, 196.º EOA
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4. O patrocínio judiciário e a função social do Advogado no âmbito do
direito à justiça e ao acesso efectivo à mesma.
(Orlando Guedes da Costa, págs. 62 e 63)
Embora a participação do Advogado na administração da Justiça não se
esgote no patrocínio judiciário…
… pois a administração da justiça também se exerce:
− na consulta jurídica,
− na constituição, alteração, e extinção dos negócios jurídicos
− e na composição extrajudicial dos litígios…
é sobretudo no patrocínio judiciário que se exerce a função social do
Advogado no âmbito do direito à justiça e no acesso efectivo à mesma:
a) seja no sistema de acesso ao direito e aos tribunais, que se «…
destina a assegurar que a ninguém seja dificultado ou
impedido, em razão da sua condição social ou cultural ou por
insuficiência de meios económicos, o conhecimento, o
exercício ou a defesa dos seus direitos» (art. 1.º n.º 1 da lei 34/
2004)
b) seja no patrocínio oficioso do interessado que não encontra
quem aceite voluntariamente o seu patrocínio (art. 50.º n.º 1,
al. p) EOA)
Segundo o art. 6.º n.º 1 LOFTJ, aos Advogados compete-lhes «de forma
exclusiva … exercer o patrocínio das partes».
E segundo o art. 114.º n.º 2 LOFTJ «Para a defesa dos direitos e garantias
individuais, os advogados podem requerer a intervenção dos órgãos
jurisdicionais competentes».
Conclusão:
Só o Advogado pode pôr em funcionamento a máquina judicial, sendo o
medianeiro entre o cidadão e a Justiça e proporcionando-lhe o acesso
efectivo a esta, que, sem o Advogado, seria uma entidade abstracta,
certamente muito bela, mas sem utilidade prática…
Joana Ruivo
32209
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Resumos de Deontologia
Num sistema, como o europeu, que não assenta sobre o magistrado
electivo, sobre a investidura popular de quem detém o poder judicial, a
base da legitimação de quem exerce tal poder não pode certamente
encontrar-se no sistema de selecção dos magistrados, isto é, no concurso
que lhe permitiu o acesso à magistratura.
E então, se pode falar-se de democracia na administração da justiça, trata-
se de democracia no processo, que é o contraditório processual.
E aqui o protagonista é o Advogado, que é o detentor do contraditório
processual.
O Advogado não é apenas o defensor dos interesses e direitos do seu
cliente: é, pela achega dialéctica que dá ao contraditório, participante da
função jurisdicional, coartífice da decisão judicial.
Por isso, a Jurisprudência não é tanto da criação do Juiz, mas antes co-
produção do Juiz e do Advogado, que mutuamente se completam na
administração da Justiça.
Também o CDAE, quanto à função actual do Advogado, considera que este
é participante na administração da Justiça, dispondo no ponto 2.5.1. sobre
as incompatibilidades que «Para permitir ao advogado exercer a sua
função com a independência necessária e em conformidade com o seu
dever de colaborar na administração da justiça, o exercício de certas
profissões ou funções pode ser declarado incompatível com a profissão de
advogado».
A concepção actual do Advogado como participante na administração da
justiça, consagrada expressamente na letra da lei, decorre do preceito
constitucional do art. 208.º da CRP, ao ordenar que «A lei assegura aos
advogados as imunidades necessárias ao exercício do mandato e regula o
patrocínio forense como elemento essencial à administração da justiça».
E segundo o art. 202.º CRP «Os tribunais são os órgãos de soberania com
competência para administrar a justiça em nome do povo».
E os arts. 1.º e 2.º LOFTJ estabelecem que «Os tribunais judiciais são
órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome
do povo» e que «Incumbe aos tribunais judiciais assegurar a defesa dos
direitos e interesses legalmente protegidos, reprimir a violação da
legalidade democrática e dirimir os conflitos de interesses públicos e
privados».
Segundo os arts. 203.º CRP e 3.º LOFTJ «Os tribunais são independentes e
apenas estão sujeitos à lei», e segundo o art. 204.º CRP «Nos feitos
submetidos a julgamento, não podem os tribunais aplicar normas que
infrinjam o disposto na Constituição ou os princípios nela consignados».
A organização judiciária assenta na distinção entre duas categorias de
tribunais, a saber,
Joana Ruivo
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Ordem dos Advogados – Centro Distrital do Porto 22
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Resumos de Deontologia
− o STJ e os tribunais judiciais de 1.ª e 2.ª instância
(por um lado)
− o STA e os tribunais administrativos e fiscais (por
outro)
além do Tribunal Constitucional e do Tribunal de Contas.
Tal como os Tribunais, também os Juízes são independentes e também
estão sujeitos à Constituição e à lei – arts. 4.º EMJ e 4.º LOFTJ.
Quanto à independência dos Juízes, pode distinguir-se:
− a independência interna e externa
(salvo o dever de acatamento pelos tribunais
inferiores das decisões proferidas, em vias de
recurso, pelos tribunais superiores)
− a independência no sentido de imparcialidade
− e a independência ideológica
Joana Ruivo
32209
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Resumos de Deontologia
o e como resulta da sua autonomia técnica, mesmo em regime de
contrato de trabalho subordinado que porventura o ligue ao seu
cliente ou a outro Advogado ou sociedade de Advogados.
Sobre este último ponto, o art. 76.º n.º 3 EOA dispõe que «Qualquer forma
de provimento ou contrato, seja de natureza pública ou privada,
designadamente o contrato individual de trabalho, ao abrigo do qual o
advogado venha a exercer a sua actividade, deve respeitar os princípios
definidos no n.º 1e todas as demais regras deontológicas que constam
desse Estatuto».
Cfr. art. 68.º EOA
Mas a autonomia técnica do Advogado assalariado permitirá falar ainda de
independência do Advogado?
Para Alberto Luís «A actividade do Advogado que se encontra vinculado
por contrato de trabalho subordinado tem de se ajustar a uma dada estrutura
durante um certo horário e à remuneração de acordo com os resultados, ou
seja, em consonância com o que o empregador entende ser merecido…
Tenhamos a coragem de reconhecer que a única liberdade de quem trabalha
em regime de emprego é deixá-lo».
Daí que muitos ordenamentos jurídicos não admitam o exercício
assalariado da profissão de Advogado.
Só em Portugal e em Espanha é amplamente permitido o exercício
assalariado da profissão.
Joana Ruivo
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8. Comparação entre a posição do Advogado e a do Solicitador.
(Orlando Guedes da Costa, pág. 62)
Art. 115.º LOFTJ: «Os Solicitadores são auxiliares da administração da
justiça».
Segundo o art. 1.º n.º 1 da Lei 49/2004 (a qual define os Actos Próprios
dos Advogados) «… os solicitadores podem praticar os actos próprios dos
Advogados …» salvo « … aqueles que resultem do exercício do direito dos
cidadãos a fazer-se acompanhar por advogado perante qualquer
autoridade» e «nos casos em que o processo penal determinar que o
arguido seja assistido por defensor, esta função é obrigatoriamente
exercida por advogado …» (art. 1.º n.ºs 9 e 10 da Lei 49/2004).
Exercem também uma profissão liberal e o contrato de trabalho celebrado
com o Solicitador não pode afectar os seus deveres deontológicos e a sua
autonomia técnica perante o empregador, mas o Solicitador de execução
exerce a profissão na dependência funcional do Juiz da causa.
IV.
Joana Ruivo
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1. A Ordem dos Advogados: explicitação das suas atribuições com especial
notação do interesse público por si prosseguido
(Orlando Guedes da Costa, págs. 65 a 71)
Art. 1.º n.º 1 EOA «Denomina-se Ordem dos Advogados a associação
pública representativa dos licenciados em Direito que, em conformidade
com os preceitos deste Estatuto e demais disposições legais, exercem
profissionalmente a advocacia».
E, nos termos do art. 1.º n.º 3 do EOA «A OA goza de personalidade
jurídica».
Trata-se de uma pessoa colectiva, por contraposição a pessoa singular ou
física ou natural.
Trata-se também de associação pública, embora de entidades privadas
(Advogados e Sociedades de Advogados) e não de entidades públicas.
Pessoas colectivas são, além do Estado, as pessoas colectivas criadas por
iniciativa pública, para assegurar a prossecução necessária de interesses
públicos, através do exercício, em nome próprio, de poderes e deveres
públicos.
(Fernando Sousa Magalhães, art. 1.º, pontos 9 e 10)
«No n.º 1 deste artigo 1.º, assume-se definitivamente a qualificação
jurídica da OA como associação pública...
Na realidade, a Ordem dos Advogados Portugueses é uma pessoa
colectiva de direito público, na espécie de associação pública…».
A OA como associação pública integra não a administração indirecta, mas
a administração autónoma do Estado.
Pois
− a administração indirecta está sujeita à superintendência e tutela
do Governo,
− enquanto que a administração autónoma apenas está submetida à
tutela do Governo
A superintendência consiste num poder de orientação, que o Governo não
tem sobre as associações, designadamente sobre a OA. Aliás, o art. 1.º n.º 2
EOA dispõe que «A OA é independente dos órgãos do Estado, sendo livre
e autónoma nas suas regras».
A tutela consiste num poder de fiscalização, podendo a tutela ser apenas
uma tutela de legalidade (como a que se exerce sobre as associações
públicas ou as autarquias locais) ou também uma tutela de mérito (que se
exerce sobre institutos públicos e empresas públicas, que integram a
administração estadual indirecta).
A tutela de legalidade sobre a OA será apenas exercida pela via judicial
administrativa.
(Fernando de Sousa Magalhães, art. 1.º, ponto 10)
Joana Ruivo
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«… integra a administração autónoma e mediata do Estado e está sujeita
às regras do procedimento administrativo quando no exercício das suas
atribuições, produzindo actos administrativos recorríveis para os tribunais
administrativos… ».
(Fernando de Sousa Magalhães, art. 1.º, ponto 7)
«A OA Portugueses foi criada pelo Decreto 11.715 de 12 de Junho de
1926…»
As alterações no seu regime jurídico sempre foram efectuadas por diploma
legislativo, por iniciativa do Estado através do poder legislativo.
Joana Ruivo
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− tem de colaborar com o Estado (designadamente com
o Governo) sem prejuízo da independência e
autonomia
− tem de respeitar os princípios gerais do Direito
Administrativo, nomeadamente,
o princípio da legalidade
e da audição prévia do arguido em
processo disciplinar,
− cabendo recurso para os tribunais administrativos dos
actos definitivos e executórios dos seus órgãos,
designadamente das deliberações de recusa de
inscrição e das que apliquem sanções disciplinares
− os seus órgãos, agentes e representantes respondem
nos termos gerais do Dto. Administrativo perante os
Tribunais Administrativos e não perante os Tribunais
Judiciais pelos prejuízos causados a outrem
− faz parte da Administração Pública para todos os
efeitos, nomeadamente, para ser considerada como
um dos poderes públicos e, por isso, ficar sujeita ao
controle do Provedor de Justiça.
Joana Ruivo
32209
Ordem dos Advogados – Centro Distrital do Porto 29
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a) Ao distrito de Lisboa, o distrito judicial de Lisboa, com
exclusão das áreas abrangidas pelos distritos dos Açores e
da Madeira;
b) Aos distritos de Porto e Coimbra, os respectivos distritos
judiciais;
c) Ao distrito de Faro, o distrito, enquanto divisão
administrativa, de Faro;
d) Ao distrito de Évora, o respectivo distrito judicial, com
exclusão da área abrangida pelo distrito de Faro;
e) Aos distritos dos Açores e da Madeira, as áreas das
respectivas regiões autónomas».
Joana Ruivo
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Ordem dos Advogados – Centro Distrital do Porto 30
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4. O Congresso dos Advogados Portugueses.
Órgão de democracia indirecta ou representativa dos Advogados.
Art. 9.º n.º 2 alínea a) EOA
Regulado nos arts 26.º a 31.º inclusive.
Art. 26.º n.º 1 EOA «O Congresso representa:
− todos os advogados com inscrição em vigor,
− os advogados honorários
− e ainda os antigos advogados cuja inscrição
tenha sido cancelada por efeito de reforma»
Art. 29.º n.º 1 EOA «Os advogados são representados por delegados ao
Congresso, eleitos especialmente para o efeito, na área dos respectivos
conselhos distritais.».
Art. 29.º n.º 2 EOA «O número de delegados por conselho distrital é
proporcional ao número de advogados inscritos no respectivo conselho,
devendo corresponder a, pelo menos, um delegado por cada 100
advogados com inscrição em vigor…».
(Fernando de Sousa Magalhães, art. 29.º, ponto 1)
«Tratando-se de um órgão de composição representativa da Classe,
entendeu o legislador – e bem – estabelecer um mínimo exigível de
proporcionalidade entre o número de delegados e de Advogados com
inscrição em vigor…».
Art. 30.º EOA «O Congresso dos Advogados Portugueses realiza-se,
ordinariamente, de cinco em cinco anos».
Joana Ruivo
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O Bastonário é um órgão da Ordem com competências próprias – art. 39.º
EOA.
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Ordem dos Advogados – Centro Distrital do Porto 32
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10. As Delegações da Ordem dos Advogados.
Arts. 9.º n.º 2 als. m) e n) EOA
Arts. 56.º a 61.º EOA
Joana Ruivo
32209
Ordem dos Advogados – Centro Distrital do Porto 33
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Ao poder público da OA de impor quotização obrigatória a todos os
seus elementos corresponde a al. e)
e) pagar pontualmente as quotas e outros encargos…;
f) dirigir com empenho o estágio dos advogados estagiários;
este dever, embora constitua um dever entre Advogados, é também
um dever para com a Ordem;
g) comunicar, no prazo de 30 dias, qualquer mudança de escritório;
i) promover a sua própria formação…»
Joana Ruivo
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V.
Praticados no interesse de
Assistência
terceiro e no âmbito da
actividade profissional
Representação
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«Nos termos da Lei 49/ 2004 o mandato forense é definido como sendo “o
mandato judicial conferido para ser exercido em qualquer tribunal,
incluindo os tribunais ou comissões arbitrais e os julgados de paz” …»
Tribunais
Mandato
Comissões
Judicial
arbitrais
Mandato Julgados de
Forense paz
Mandato
Forense
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3. São igualmente nulas quaisquer orientações ou instruções da entidade
empregadora que restrinjam a isenção e independência do Advogado ou
que, de algum modo, violem os princípios deontológicos da profissão.».
Consagra assim a nulidade das cláusulas do CT e as instruções da entidade
empregadora que restrinjam a independência e violem os princípios
deontológicos!
Segundo o art. 68.º n.ºs 1, 4, 5 e 6:
«1. Cabe exclusivamente à OA a apreciação da conformidade com os
princípios deontológicos das cláusulas de contrato celebrado com o
Advogado, por via do qual o seu exercício profissional se encontre sujeito
a subordinação jurídica.
4. O Conselho Geral da Ordem dos Advogados pode solicitar às entidades
públicas empregadoras, que hajam intervindo em tais contratos, entrega
de cópia dos mesmos, a fim de aferir da legalidade do respectivo
clausulado…
5. Quando a entidade empregadora seja pessoa de direito privado,
qualquer dos intervenientes pode solicitar ao Conselho Geral parecer
sobre a validade das cláusulas ou dos actos praticados na execução do
contrato, o qual tem carácter vinculativo.
6. Em caso de litígio, o parecer… é obrigatório».
Fernando de Sousa Magalhães, artigo 68.º pontos 1, 2 e 6
«1.Reporta-se este preceito ao exercício da profissão no regime de
contrato de trabalho, tentando conciliar a independência do Advogado
com o dever de subordinação que é elemento essencial deste tipo de
contrato.
2. Nem sempre se revela nítida a diferença entre um contrato de trabalho e
um contrato de prestação de serviços, devendo os Advogados evitar … a
verificação dos indícios de subordinação, como sejam a obediência a
horários, a utilização dos meios e equipamentos do cliente, a remuneração
certa com as regalias típicas de um salário e a dedicação exclusiva.
6. … em reforço do princípio da independência, com especial relevância
na defesa dos Advogados em regime de CT, determina o artigo 6.º n.º 2 da
LOFTJ “No exercício da sua actividade, os advogados gozam de
discricionariedade técnica e encontram-se apenas vinculados a critérios
de legalidade e às regras deontológicas próprias da profissão».
Consulta Jurídica
Segundo o art. 63.º EOA «Constitui acto próprio de advogado o exercício
de consulta jurídica nos termos da lei 49/ 2004». E o art. 3.º da lei 49/ 2004
dispõe que «Considera-se consulta jurídica a actividade de
aconselhamento jurídico que consiste na interpretação e aplicação de
normas jurídicas mediante solicitação de terceiros».
Segundo o art. 1.º da Lei 49/ 2004, «Apenas:
Joana Ruivo
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− os licenciados em Direito com inscrição na Ordem dos
Advogados
− e os solicitadores inscritos na Câmara dos Solicitadores
podem praticar os actos próprios dos advogados e dos solicitadores».
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Isso mesmo resulta do art. 61.º n.º 1 segundo o qual «… só os licenciados
em direito com inscrição em vigor na Ordem dos Advogados podem …
praticar actos próprios da advocacia, nos termos da Lei n.º 49/ 2004, de 24
de Agosto».
E a Lei 49/ 2004 dispõe no art. 1.º n.º 1 que «Apenas os licenciados em
vigor na Ordem dos Advogados e os solicitadores inscritos na Câmara dos
Solicitadores podem praticar actos próprios dos Advogados e dos
solicitadores» e o art. 1.º n.º 5 esclarece que «… são actos próprios dos
advogados e dos solicitadores: a) o exercício do mandato forense; b) a
consulta jurídica».
No entanto, segundo o n.º 2 deste art. «Podem ainda exercer consulta
jurídica juristas de reconhecido mérito e os mestres e doutores em Direito
cujo grau seja reconhecido em Portugal, inscritos para o efeito na OA nos
termos de um processo especial a definir no EOA». Cfr. 193.º n.ºs 1, 2, 5 e
6 e 45.º n.º 1 al. g) EOA.
É que o acesso a certas profissões e o seu exercício, pelo interesse público
ou função social de que se revestem, impõem o seu controle por uma
entidade pública e daí as Ordens profissionais e, entre elas, a OA.
Fernando de Sousa Magalhães, art. 61.º pontos 6, 7, 8, 9, 10, 11
«6. O acto de inscrição gera o vínculo administrativo à OA e tem a dupla
função de atribuição do título profissional de Advogado e de Advogado
Estagiário, com inerente habilitação à prática da profissão…
7. A inscrição é, por isso, obrigatória, regendo-se pelas normas dos arts.
179.º a 201.º deste EOA…
8. O princípio da exclusividade para a prática de actos próprios da
advocacia, que decorre do n.º 1 do art. 61.º, é corolário do interesse
público da profissão, traduzido pela necessidade da sua função social ser
efectivada e garantida por profissionais com responsabilidades
deontológicas tuteladas pelo poder disciplinar da associação pública a
quem o Estado delegou tal poder.
9. A advocacia, tendo em conta o que se anotou em 8, representa o
exercício privado de uma função pública.
10. A obrigatoriedade de inscrição na OA não é inconstitucional, como
decidiu o Tribunal Constitucional no seu Acórdão 497/98... assim como o
STJ no Acórdão de 23/05/85…
11. A propósito da obrigatoriedade da inscrição na Ordem e do princípio
da exclusividade veja-se ainda o Acórdão do STJ de 24/05/88».
Segundo o art. 179.º «A inscrição como Advogado ou Advogado estagiário
deve ser feita:
− no Conselho Geral*
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− bem como no Conselho Distrital** da área do domicílio
escolhido pelo requerente como centro da sua vida
profissional»
*inscrição definitiva
** inscrição provisória
Fernando de Sousa Magalhães, art. 179.º, pontos 1, 2 e 4
«1. É através da inscrição na OA que se adquire o estatuto e o título
profissional de Advogado – ver art. 61.º n.º 1 EOA e art. 2.º n.º 2
Regulamento de Inscrição de Advogados e Advogados Estagiários.
2. Para além das normas do presente Estatuto deve sobre esta matéria ter-
se presente o Regulamento de Inscrição de Advogados e Advogados
Estagiários…
3.
4. A inscrição preparatória deve ser requerida nos Conselhos Distritais,
cabendo ao Conselho Geral efectuar a inscrição definitiva – ver artigo
182.º EOA.
5. O domicílio profissional dos Advogados é aquele que foi escolhido como
centro da sua vida profissional, (e, nos termos do art. 86.º al. h), o
Advogado deve «manter um domicílio profissional dotado de uma
estrutura que assegure o cumprimento dos seus deveres
deontológicos….»).
6. … art. 86.º al. g) (o Advogado «deve comunicar, no prazo de 30 dias,
qualquer mudança de escritório»).
7. Decorre do art. 179.º n.º 3 que «O domicílio profissional do Advogado
estagiário é o seu patrono.» ….
Segundo o art. 182.º, «1. A inscrição … é requerida ao Conselho Distrital
em que o Advogado ou o Advogado estagiário pretenda ter o domicílio
para o exercício da profissão ou para fazer estágio.
2. O requerimento deve ser acompanhado de:
− certidão do registo de nascimento,
− carta de licenciatura, em original ou pública
forma ou, na falta de carta, documento de que
ela já foi requerida e está em condições de ser
expedida,
− certificado de registo criminal
− e boletins preenchidos nos termos
regulamentares, assinados pelos interessados
e acompanhados de três fotografias
5. No caso de recusa de inscrição preparatória, pode o interessado
recorrer para o Conselho Geral, e no caso de recusa de inscrição no
quadro da OA, cabe recurso para o Conselho Superior».
Fernando de Sousa Magalhães, art. 182.º, ponto 3
Joana Ruivo
32209
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«Quanto ao recurso hierárquico previsto no n.º 5 deste artigo 182.º, veja-
se o artigo 6.º n.ºs 1 e 2 do EOA».
Inscrição como Advogados Estagiários
Cfr. o art. 45.º n.º 1 al. g) segundo o qual «Compete ao Conselho Geral
elaborar e aprovar … o regulamento de inscrição dos advogados
estagiários…».
Cfr. O art. 50.º n.º 1 al. m) segundo o qual «Compete ao conselho
distrital… proceder à inscrição dos advogados estagiários …».
Segundo o art. 187.º EOA «Podem requerer a sua inscrição como
advogados estagiários os licenciados em Direito por cursos universitários
nacionais ou estrangeiros oficialmente reconhecidos».
Inscrição como Advogados
Cfr. o art. 45.º n.º 1 al. g) segundo o qual «Compete ao Conselho Geral
elaborar e aprovar … o regulamento de inscrição dos advogados
estagiários…».
Cfr. O art. 50.º n.º 1 al. m) segundo o qual «Compete ao conselho
distrital… proceder à inscrição dos advogados estagiários, bem como
proceder à inscrição definitiva destes últimos, se tal for determinado pelo
Conselho Geral».
Segundo o art. 192.º «1. A inscrição como Advogado depende do
cumprimento das obrigações de estágio com classificação positiva …
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior, prescindindo-se da
realização do estágio e da obrigatoriedade de se submeter ao exame final
de avaliação e agregação, podendo requerer a sua inscrição imediata
como advogados:
a) os doutores em ciências jurídicas, com efectivo
exercício da docência
b) os antigos magistrados com exercício profissional
por período igual ou superior ao do estágio, que
possuam boa classificação.».
A prova da inscrição faz-se pela cédula profissional.
Segundo o art. 180.º n.ºs 1 e 3 «1. A cada advogado ou Advogado
estagiário é entregue a respectiva cédula profissional, a qual serve de
prova de inscrição na OA.
3. O Advogado ou Advogado Estagiário no exercício das respectivas
funções deve OBRIGATORIAMENTE fazer prova da sua inscrição através
da cédula profissional válida…»
Cfr. art. 65.º n.º 1 «A denominação de Advogado está exclusivamente
reservada aos licenciados em Direito com inscrição em vigor na OA.».
Casos de inscrições especiais
Os Consultores jurídicos – profissionais liberais que exercem actos de
advocacia menores (consultadoria jurídica)
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2.º Curso de Estágio de 2008
Resumos de Deontologia
Art. 193.º EOA
«5. Os juristas de reconhecido mérito, mestres e outros docentes em
Direito inscritos na OA nos termos do presente artigo podem praticar
apenas actos de consulta jurídica…
1. … a inscrição na OA de juristas de reconhecido mérito e os mestres e
outros Doutores em Direito cujo título seja reconhecido em Portugal
depende da prévia realização de um exame de aptidão, sem necessidade de
realização de estágio.
2. O exame de aptidão tem por fim a avaliação da experiência profissional
e do conhecimento das regras deontológicas que regem o exercício da
profissão.
3. Consideram-se juristas de reconhecido mérito os licenciados em Direito
que demonstrem ter conhecimentos e experiência profissional suficientes
no domínio do direito interno português ou do direito internacional para
exercer consulta jurídica, com a dignidade e a competência exigíveis À
profissão.
4. … presumem-se juristas de reconhecido mérito designadamente, os
juristas que tenham efectivamente prestado actividade profissional por,
pelo menos, 10 anos consecutivos.
6. Compete ao Conselho Geral regulamentar o regime de inscrição na
OA…».
É o caso de personalidades como Marcelo Rebelo de Sousa e Lobo
Xavier!!!
As Sociedades de Advogados
Arts. 202.º n.º 2 e 203.º EOA
ART. 9.º DL 229/ 2004
Advogados Estrangeiros
Arts. 194.º e 196.º a 201.º EOA
A capacidade para o exercício da Advocacia
A determinação da capacidade para o exercício da advocacia:
− não será feita de modo positivo, dizendo até onde vai
essa capacidade
− mas antes de modo negativo, dizendo quem está
ferido de incapacidade.
O elenco taxativo das incapacidades consta das alíneas a), b), c) e e) do n.º
1 e dos n.ºs 3, 7 e 8 do art. 181.º EOA.
Assim segundo o art. 181.º n.º 1 als. a), b) c) e e): «Não podem ser
inscritos:
a)os que não possuem idoneidade moral para o exercício da
profissão;
b)os que não estejam no pleno gozo dos direitos civis;
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Ordem dos Advogados – Centro Distrital do Porto 44
2.º Curso de Estágio de 2008
Resumos de Deontologia
c)os declarados incapazes de administrar as suas sentenças
e bens por sentença transitada em julgado;
d)g
e)os magistrados e funcionários que, mediante processo
disciplinar hajam sido demitidos, aposentados ou
colocados na inactividade por falta de idoneidade moral».
Fernando de Sousa Magalhães, art. 181.º, ponto 1 e 4
«1. Neste artigo são tratadas:
− as causas de incapacidade para o exercício da
profissão (als. a), b) e c) do n.º 1)
− e as situações de incompatibilidade (als. d) e
e) do n.º 1)
como factores que restringem o direito à inscrição,
impedindo-a originária ou supervenientemente
4. Sobre as alíneas b) e c) cfr. arts. 138.º a 151.º do C. Civil (interdições) e
artigos 152.º a 156.º (inabilitações)».
A alínea d) do art. 181.º n.1 al. d) prevê que «Não podem ser inscritos os
que estejam em situação de incompatibilidade ou inibição do exercício da
advocacia».
Mas o que esta alínea prevê não são incapacidades mas incompatibilidades
ou impedimentos absolutos, previstos nos arts. 76.º a 81.º EOA.
RESTRIÇÕES À INSCRIÇÃO
INCAPACIDADES INCOMPATIBILIDADES
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2.º Curso de Estágio de 2008
Resumos de Deontologia
são filtradas na inscrição preparatória.
Cfr. art. 182.º EOA
b)ou supervenientes
as incapacidades sendo supervenientes conduzem ao
cancelamento ou suspensão da inscrição
Segundo o art. 181.º n.ºs 5 e 6 «5.A verificação de falta de idoneidade é
sempre objecto de processo próprio, que segue os termos do processo
disciplinar, com as necessárias adaptações…
6. A declaração de falta de idoneidade moral só pode ser proferida
mediante decisão que obtenha 2/3 dos votos de todos os membros do
conselho competente».
Art. 181.º n.ºs 3, 7 e 8:
2.
3. Para efeitos da alínea a) do n.º 1, presumem-se não idóneos para o
exercício da profissão, designadamente, os condenados por qualquer
crime gravemente desonroso.
4.
5.
6.
7. Os condenados criminalmente que tenham obtido o cancelamento do
registo criminal podem, decorridos 10 anos sobre a data da condenação,
solicitar a sua inscrição, sobre a qual decide, com recurso para o
Conselho Superior, o competente Conselho Distrital.
8. Para efeitos do número anterior, o pedido só é de deferir quando,
mediante inquérito prévio, com audiência do requerente, se comprove a
manifesta dignidade do seu comportamento nos últimos 3 anos e se
alcance a convicção da sua plena recuperação mora.»
Fernando de Sousa Magalhães, art. 181.º ponto 2
«Sobre o processo de averiguação de idoneidade moral para o exercício
da profissão, veja-se as anotações aos arts. 171.º a 173.º.»
Segundo o art. 171.º «É instaurado processo para averiguação de
idoneidade para o exercício profissional sempre que o advogado ou
advogado estagiário:
a) tenha sido condenado por qualquer crime gravemente
desonroso;
b) não esteja no pleno gozo dos direitos civis;
c) seja declarado incapaz de administrar as suas pessoas e
bens por sentença transitada em julgado;
d) esteja em situação de incompatibilidade ou inibição do
exercício da advocacia e não tenha tempestivamente
requerido a suspensão ou o cancelamento da sua
Joana Ruivo
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Resumos de Deontologia
inscrição, continuando a exercer a sua actividade
profissional…
e) tenha no momento da inscrição prestado falsas
declarações no que diz respeito a incompatibilidade para o
exercício da advocacia;
f) seja condenado na Ordem, em um ou mais processos, por
reiterado incumprimento dos deveres profissionais…
g) seja judicialmente reconhecida a sua incapacidade mental
para assumir a defesa de interesses de 3.ºs».
Fernando de Sousa Magalhães, art. 171.º, pontos 1 a 4
«1. O processo de averiguação de idoneidade para o exercício da
profissão prende-se intimamente com o dever de integridade ou probidade
a que se refere o art. 83.º EOA, pelo qual o advogado deve ter um
comportamento público e profissional adequado à dignidade e
responsabilidade da função.
2. A falta de idoneidade moral para o exercício da profissão inibe a
inscrição do Advogado ou Advogado estagiário ou determina o
cancelamento da inscrição se for verificada supervenientemente à
inscrição. Cfr. art. 181.º n.º 1 al. a).
3. De acordo com o n.º 5 do art. 181.º EOA, a verificação da idoneidade
moral é sempre objecto de processo próprio…. Mas tal tipo de processo
especial, de natureza administrativa, nunca fora antes regulado em
normas estatutárias ou regulamentares, pelo que os actuais arts. 171.º a
73.º visam colmatar essa lacuna.».
RESTRIÇÕES
À
INSCRIÇÃO
ORIGINÁRIAS SUPERVENIENTE
Filtradas no pedido Dá origem ao
inicial de inscrição 181.º EOA cancelamento ou
-182.º EOA suspensão da inscrição
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Resumos de Deontologia
O art. 183.º, que tem como epígrafe “Exercício da advocacia por não
inscritos” dispõe que: «1. Os que transgredirem o preceituado no n.º 1 do
artigo 61.º são, … e sem prejuízo das disposições penais aplicáveis,
excluídos do processo por despacho do juiz ou do tribunal, proferido
oficiosamente, mediante reclamação apresentada pelos conselhos ou
delegações da Ordem dos Advogados ou a requerimento dos
interessados.».
Fernando de Sousa Magalhães, art. 183.º pontos 1 e 2
«1. Esta norma aborda a situação do exercício ilegal de profissão, a que
corresponde o crime de procuradoria ilícita previsto no artigo 7.º da Lei
49/ 2004 de 24 de Agosto.
2. Cfr. anotações 8 e 15 a 25 ao art. 61.º do EOA».
Joana Ruivo
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Resumos de Deontologia
início da sua formação complementar, como resulta do disposto no n.º 3
do art. 188.º, conclui-se que …. os Advogados Estagiários só podem
praticar actos próprios de Advocacia, seja autonomamente mas sob
orientação dos patronos, seja acompanhado pelos patronos ou patronos
formadores, na segunda fase do estágio, estando assim impedidos de o
fazer na 1.ª fase mesmo em patrocínio em causa própria ou do seu
cônjuge, ascendentes ou descendentes.».
(*) Segundo o art. 16.º n.º 2 CPP, que tem como epígrafe “Competência do
tribunal singular”, «2. Compete ao tribunal singular … julgar os processos
que respeitarem a crimes:
a) Previstos no capítulo II do título V do Livro II do Código Penal
(cfr. arts. 347.º a 359.º Código Penal)
Crimes contra a autoridade pública: resistência, desobediência,
tirada e evasão de presos, não cumprimento de obrigações
impostas por sentença, violação de providências públicas e
usurpação de funções
b) Cuja pena máxima, abstractamente aplicável, seja igual ou
inferior a cinco anos de prisão
3.Compete ainda ao tribunal singular julgar os crimes previstos na alínea
b) do n.º 2 do artigo 14.º … quando o Ministério Público, na acusação, ou
em requerimento, … entender que não deve ser aplicada, em concreto,
pena de prisão superior a 5 anos».
(**) Exercer a advocacia em processos não penais cujo valor caiba na
alçada dos tribunais de 1.ª instância, isto é, cujo valor seja igual ou inferior
a 5.000€. Cfr. art. 24.º LOFTJ.
Fernando de Sousa Magalhães, art. 189.º pontos 4
«4. A possibilidade de os Advogados Estagiários poderem, a partir de
agora, patrocinar acompanhados do seu patrono ou patrono formador, em
qualquer processo, independentemente da sua natureza ou valor, constitui
um passo muito importante no reforço da formação em prática tutelada,
ao mesmo tempo que aprofunda e dignifica a relação entre o Advogado
Estagiário e o seu Patrono. As intervenções em processos judiciais, que
constituem uma das vertentes essenciais da formação complementar do
estágio, podem assim ser asseguradas com maior facilidade e
aproveitamento….
5. Quanto às competências dos Advogados Estagiários no regime de
protecção jurídica, ver a Lei 34/ 2004 de 29 de Julho e legislação
complementar.
De facto, os Advogados Estagiários podem exercer a advocacia por
nomeação oficiosa de acordo com a sua competência estatutária.
Cfr. arts. 30.º e 45.º n.º 1 al. b) da Lei 34/ 2004
Joana Ruivo
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Ordem dos Advogados – Centro Distrital do Porto 49
2.º Curso de Estágio de 2008
Resumos de Deontologia
Quanto a este ponto o artigo 41.º da Lei de Acesso ao Direito
expressamente prevê a intervenção de Advogados Estagiários, e não
somente de Advogados, no apoio judiciário em processo penal, incluindo o
primeiro interrogatório do arguido, na audiência de julgamento em
processo sumário e noutras diligências.
MAS
O infeliz Regulamento n.º 330-A/ 2008, de 24 de Junho, relativo à
Organização e Funcionamento do Sistema de Acesso ao Direito e aos
Tribunais na OA limitou a competência dos Advogados Estagiários, por si
sós, à consulta jurídica e excluiu-os da intervenção no apoio judiciário,
intervenção que apesar do artigo 189.º do EOA e do artigo 41.º da Lei de
Acesso ao Direito, não seria conforme à Constituição, pelo menos quando
ocorra em Processo Penal, como sustenta VITAL MOREIRA, em parecer
solicitado pelo Bastonário da OA, invocando os artigos 18.º, 20.º n.º 2 (que
reconhece o direito a Advogado perante qualquer autoridade), 32.º n.º 3
(que especifica os casos em que a assistência de advogado é obrigatória) e
208.º (relativo às imunidades dos Advogados e ao patrocínio forense) e os
artigos 61.º, 62.º e 64.º CPP (referente à obrigatoriedade de assistência de
defensor), como se o termo Advogado ou defensor não pudessem abranger
o Advogado Estagiário.
Além disso, nem a CRP nem a lei:
− proíbem que os Advogados Estagiários sejam constituídos
Advogados nos processos para os quais têm competência
estatutária,
− nem proíbem que sejam inscritos na OA (art. 45.º al. e);
50.º al. m) do EOA)
− e nem proíbem que tenham o título profissional de
Advogado Estagiário (art. 3.º al. c) EOA).
Sendo certo que a lei e a CRP impõem que os Advogados Estagiários:
− estejam sujeitos à jurisdição disciplinar da OA,
− estejam sujeitos ao seguro de responsabilidade civil
profissional,
− e gozem da liberdade de exercício da profissão e da prática
de actos próprios da profissão.
Numa perspectiva histórica, o que aconteceu com o infeliz e ilegal
Regulamento n.º 330-A / 2008 foi um grande retrocesso, no sentido em que
privilegia a defesa por Advogado de quem não paga ou é beneficiado em
taxa de justiça, privilégio em relação a quem tem de a pagar, quando possa
constituir Advogado Estagiário…
É mais uma via para desprestigiar os Advogados, uma vez que se retirou
aos Advogados Estagiários uma via essencial para a sua formação, num
Joana Ruivo
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Ordem dos Advogados – Centro Distrital do Porto 50
2.º Curso de Estágio de 2008
Resumos de Deontologia
modelo de estágio que, por envolver a prática de alguns actos próprios dos
Advogados, tem sido invejado além-fronteiras…
Segundo o art. 32.º n.º 2 «Ainda que seja obrigatória a constituição de
advogado, os ADVOGADOS ESTAGIÁRIOS … podem fazer
requerimentos em que não se levantem questões de direito».
Joana Ruivo
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2.º Curso de Estágio de 2008
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O exercício da advocacia ou só de consulta jurídica por quem não esteja
habilitado por não estar inscrito ou por ter suspensa ou cancelada a sua
inscrição constitui ilícito criminal e é passível de responsabilidade criminal.
É o caso do crime de usurpação de funções punido e previsto no art. 358.º
Código Penal, como crime público e do crime de procuradoria ilícita
previsto e punido no art. 7.º Lei 49/ 2004, como crime semipúblico, «1.
Quem em violação do disposto no artigo 1.º:
a) Praticar actos próprios dos Advogados e dos Solicitadores;
b) Auxiliar ou colaborar na prática de actos próprios dos
Advogados e Solicitadores;
É punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias
2. O procedimento criminal depende de queixa.
3. Além do lesado, são titulares do direito de queixa a OA e a Câmara dos
Solicitadores
4. A OA e a Câmara dos Solicitadores têm legitimidade para se
constituírem assistentes no procedimento criminal».
Fernando de Sousa Magalhães, art. 7.º Lei 49/ 2004
«1. A lei tipificou um novo tipo de crime, semipúblico, … para a prática,
colaboração ou auxílio de actos próprios de Advogado e Solicitadores,
assim se operando uma significativa modificação no domínio da
incriminação destes actos que, até à sua entrada em vigor, ocorria
exclusivamente pelo crime de usurpação de funções, previsto no artigo
358.º Código Penal. … o crime de usurpação de funções afigura-se mais
exigente nos seus elementos constitutivos do que o ora criado crime de
procuradoria ilícita, pelo que a solução encontrada permite uma maior
eficácia na perseguição criminal dos agentes de procuradoria ilícita.
2. Além do lesado, é reconhecida nos n.ºs 3 e 4 a legitimidade da OA para
o exercício do direito de queixa e para se constituir assistente.».
E no caso de inscrição suspensa também é passível de responsabilidade
disciplinar. É o que resulta do art. 109.º n.º 3.
O exercício da profissão de Advogado ou de consultor jurídico, pelo seu
interesse público, depende de inscrição numa associação pública, a OA,
que age por devolução normativa de poderes do Estado.
A protecção do interesse público do exercício da advocacia ou da consulta
jurídica exclusivamente por quem esteja inscrito é tão forte que a lei prevê
e pune, como crime de procuradoria ilícita, o exercício da profissão e até a
prática de um acto próprio da profissão por quem não tenha a inscrição em
vigor na OA e se arrogue possuir o título de Advogado e consultor jurídico
e estar inscrito como tal.
Face ao interesse público que a lei protege bem se justificava que não fosse
necessária a queixa de certas pessoas para se iniciar o procedimento
criminal… mas actualmente o procedimento criminal depende de queixa de
Joana Ruivo
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Ordem dos Advogados – Centro Distrital do Porto 52
2.º Curso de Estágio de 2008
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que são titulares, além do lesado, a OA e a Câmara dos Solicitadores, que
têm legitimidade para se constituírem assistentes no processo.
Segundo o art. 183.º, que tem como epígrafe “Exercício da advocacia por
não inscritos”, «1. Os que transgredirem o preceituado no n.º 1 do artigo
61.º são, … e sem prejuízo das disposições penais aplicáveis, excluídos do
processo por despacho do juiz ou do tribunal, proferido oficiosamente,
mediante reclamação apresentada pelos conselhos ou delegações da
Ordem dos Advogados ou a requerimento dos interessados.
2. Deve o juiz … acautelar no seu despacho dano irreparável dos legítimos
interesses das partes.
3. O transgressor é inibido de continuar a intervir na lide e, desde logo, o
juiz nomeia advogado oficioso que represente os interessado, sob pena de
findo o prazo, cessar de pleno direito a nomeação, suspendendo-se a
instância ou seguindo a causa à revelia».
Escritório de Procuradoria Ilícita
A concessão de um direito exclusivo ao exercício da advocacia ou só da
consulta jurídica àqueles que se encontrem inscritos na OA visa:
− não só assegurar que os actos próprios da profissão
são praticados exclusivamente pelas pessoas inscritas
− mas também garantir que só estas possam obter
rendimentos do exercício profissional da advocacia
ou só da consulta jurídica.
Daí que se proíba o funcionamento de escritório de procuradoria ou de
consulta jurídica, tal como dispõe o art. 6.º da Lei 49/ 2004 «… é proibido
o funcionamento de escritório ou gabinete, constituído sob qualquer forma
jurídica, que preste a terceiros serviços que compreendam, ainda que
isolada ou marginalmente, a prática de actos próprios dos advogados e dos
solicitadores.».
Fernando de Sousa Magalhães, art. 6.º Lei 49/ 2004
«2. … (mantém-se) a proibição de actos próprios de advocacia por
gabinetes ou escritórios que não sejam exclusivamente compostos por
Advogados ou por Advogados e Solicitadores, embora estes como
colaboradores, regra esta que está… na base da ilicitude da constituição e
funcionamento, em Portugal, das sociedades multidisciplinares…»
Segundo o n.º 2 deste artigo «A violação da proibição estabelecida no
número anterior confere à OA ou à Câmara dos Solicitadores o direito de
requererem junto das autoridades judiciais competentes o encerramento
do escritório ou gabinete».
Segundo os n.º 3 «Não são abrangidos … os sindicatos e as associações
patronais, desde que os actos praticados o sejam para defesa exclusiva dos
interesses comuns em causa e que estes sejam individualmente exercidos
por advogado, advogado estagiário ou solicitador».
Joana Ruivo
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2.º Curso de Estágio de 2008
Resumos de Deontologia
Assim, os serviços de contencioso de um sindicato em que os interesses
legitimamente associados são de natureza laboral não poderão dar consultas
aos sócios sobre direito de arrendamento ou direitos reais, por exemplo.
E o n.º 4 exclui também do disposto nos n.ºs 1 e 2 «… as entidades sem
fins lucrativos que requeiram o estatuto de utilidade pública…».
Além do encerramento do escritório de procuradoria ilícita, poderá
verificar-se procedimento criminal pelo crime de procuradoria ilícita, que é
semipúblico… sendo titulares do direito de queixa, além do lesado, a OA e
a Câmara dos Solicitadores, que têm legitimidade para se constituírem
assistentes no procedimento criminal.
1) Responsabilidade Criminal:
− art. 358.º Código Penal (crime de usurpação de
funções)
− art. 7.º Lei 49/ 2004 (crime de procuradoria
ilícita)
OA Autoridade Instituto do OA
s judics. Consumidor
Encerramento
do escritório
Promoção,
divulgação e
publicidade; cujo
Responsabilidade Civil produto 40% para o
Presunção de culpa Instituto do
Cabe ao agente infractor Consumidor e 60%
ilidir a culpa Estado
Joana Ruivo
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Exercício Exercício
ilegal irregular
61.º a 183.º Art. 113.º
EOA
Responsabilidade Responsabilidade
civil e criminal disciplinar
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4.2 O caso especial dos Advogados provenientes da UE – referência às
Directivas comunitárias e sua transposição para o direito interno português,
tendo dado origem aos actuais artigos 196.º a 202.º do EOA e ao
Regulamento de Registo e Inscrição dos Advogados provenientes da UE.
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2.º Curso de Estágio de 2008
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magistrados judiciais ou do MP (incompatibilidade) ou aos deputados à AR
em assuntos contra o Estado (impedimento).
É o que resulta do artigo 76.º EOA, o qual se insere no Capítulo II, que tem
como epígrafe “Incompatibilidades e Impedimentos”, segundo o qual «1. O
advogado exercita a defesa dos direitos e interesses que lhe sejam
confiados sempre com plena autonomia técnica e de forma isenta,
independente e responsável.
2. O exercício da advocacia é inconciliável com qualquer cargo, função ou
actividade que possam afectar a isenção, a independência e a dignidade da
profissão.».
A independência do Advogado traduz-se em plena liberdade perante o
poder, a opinião pública, os tribunais e terceiros, não devendo o Advogado
depender, em momento algum, de qualquer entidade.
A dignidade do Advogado tem a ver com a sua conduta no exercício da
profissão e no seu comportamento público, com a probidade e com a honra
e a consideração pública que o Advogado deve merecer.
O CDAE enuncia entre os Princípios Gerais da Profissão:
(2.1) – a independência;
(2.2) – a confiança e integridade
moral;
(2.5) – as incompatibilidades
Quanto à independência, o 2.1. do CDAE «1 – A multiplicidade de deveres
a que o Advogado está sujeito impõe-lhe uma independência absoluta,
isenta de qualquer pressão, especialmente a que resultar dos seus próprios
interesses ou de influências exteriores. Esta independência é tão
necessária à confiança na justiça como a imparcialidade do juiz. O
advogado deve, pois, evitar pôr em causa a sua independência e nunca
negligenciar a ética profissional com a preocupação de agradar ao seu
cliente, ao juiz ou a terceiros.
2 – Esta independência é necessária em toda e qualquer actividade do
advogado, independentemente da existência ou não de um litígio concreto,
não tendo qualquer valor o conselho dado ao cliente pelo advogado, se
prestado apenas por complacência, ou por interesse pessoal ou sob o
efeito de uma pressão exterior».
Este 2.1.2 marca bem a generalidade do princípio da independência.
Quanto ao princípio da confiança e integridade moral, o 2.2 do CDAE
estabelece que «As relações de confiança só podem existir se a
honestidade, a probidade, a rectidão e a sinceridade do Advogado forem
inquestionáveis. Para o Advogado, estas virtudes tradicionais são
obrigações profissionais».
Quanto ao princípio geral sobre as incompatibilidades, o 2.5 do CDAE
dispõe que «1. Para permitir ao advogado exercer a sua função com a
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independência necessária e em conformidade com o seu dever de
colaborar na administração da justiça, o exercício de certas profissões ou
funções pode ser declarado incompatível com a profissão de Advogado.
2. O Advogado que assegure a representação ou a defesa de um cliente
num processo judicial ou perante qualquer autoridade pública de um EM
de Acolhimento está sujeito às regras sobre incompatibilidades aplicáveis
aos Advogados desse EM.
3. O Advogado estabelecido num EM de Acolhimento que pretenda
participar directamente numa actividade diferente da advocacia respeitará
as regras relativas a incompatibilidades, tais como são as aplicadas aos
advogados desse EM».
O CDAE coincide, no essencial, com os princípios que norteiam o EOA.
Fernando de Sousa Magalhães, art. 76.º EOA, pontos 3, 6, 7, 8 e 9
«3. No campo das incompatibilidades e impedimentos concorrem de forma
convergente os princípios deontológicos estruturantes da independência e
da dignidade profissional, esta na perspectiva do interesse público
inerente à função social da Advocacia.
6. As incompatibilidades ou impedimentos absolutos inibem o Advogado
da prática da profissão e determinam, caso seja superveniente à inscrição,
a obrigação de suspensão, a qual deve ser requerida no prazo de 30 dias –
vide art. 86.º n.º 1 al. d) EOA.
7. Caso ocorra incompatibilidade ou impedimento absoluto à data do
pedido de inscrição, deve esta ser rejeitada ao abrigo do art. 181.º n.º 1 al.
d) do EOA.
8. Os impedimentos ou impedimentos relativos apenas inibem a aceitação
de certos patrocínios por razões de conflito de interesses, estando
regulados no art. 78.º EOA.
9. Diferentes das incompatibilidades e impedimentos são as incapacidades
pessoais que impedem o exercício da profissão – cfr. art. 181.º n.º 1 als. a),
b) e c) do EOA.».
Segundo o art. 76.º n.º 4 «São nulas as estipulações contratuais bem como
quaisquer orientações da entidade contratadora que restrinjam a isenção e
a independência do advogado ou que, de algum modo violem os princípios
deontológicos da profissão.»
E o n.º 5 estabelece que «As incompatibilidades ou impedimentos são
declarados e aplicados pelo Conselho Geral ou pelo conselho distrital que
for o competente, o qual aprecia igualmente a validade das estipulações,
orientações e instruções a que se refere o número anterior».
Joana Ruivo
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Princípios Gerais
Defesa da
Defesa da Art. 79.º Dignidade da
Independência EOA Função
Nulidades Orientações
Estipulações que violem a
contratuais deontologia
profissional
Joana Ruivo
32209
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Resumos de Deontologia
q) Quaisquer outros cargos, funções e actividades que por lei sejam
consideradas incompatíveis com o exercício da advocacia.
2. As incompatibilidades verificam-se qualquer que seja o título,
designação, natureza e espécie de provimento ou contratação, o modo de
remuneração e, em termos gerais, qualquer que seja o regime jurídico do
respectivo cargo, função ou actividade, com excepção das seguintes
situações:
a) Dos membros da AR bem como respectivos adjuntos,
assessores, secretários, funcionários, agentes ou outros
contratados dos respectivos gabinetes ou serviços;
b) Dos que estejam aposentados, reformados, inactivos, com
licença ilimitada ou na reserva;
vínculo + actividade – porque se estiver aposentado,
reformado, de licença já cai no âmbito do
art. 78.º (impedimento). Só tem vínculo,
não actividade.
A passagem a uma destas situações faz morrer a
incompatibilidade mas pode fazer nascer o impedimento do
art. 78.º N.º 2 EOA.
Fernando Sousa Magalhães, art. 77.º EOA, ponto 13
«As incompatibilidades previstas … exigem actividade pelo
que não abrangem os que se encontram aposentados,
reformados, inactivos, com licença ilimitada ou na
reserva»
c) Dos docentes;
d) Dos que estejam contratados em regime de prestação de
serviço
Fernando Sousa Magalhães art. 77.º ponto 4
Da análise conjunta das als. b), c), d), f), g), h), j), n) e p) do n.º 1 com a al.
d) do n.º 2 resulta que as incompatibilidades abrangem todos os
funcionários, agentes e contratados, com excepção dos que estiverem em
regime de prestação de serviços, pelo que constitui factor essencial a
existência do vínculo ou subordinação emergente de contrato
administrativo ou laboral.
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OU
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Os arts. 77.º n.º 3 e 181.º n.º 2 EOA prevêem uma excepção às alíneas j) e
l) do art. 77.º n.º 1 EOA pois permitem a estas pessoas o exercício da
advocacia quando esta seja prestada em regime de subordinação e em
exclusividade.
NOTA: para mais desenvolvimentos sobre o art. 77.º n.ºs 3 e 4 cfr. “Direito
Profissional do Advogado” de Orlando Guedes da Costa, págs. 188 a 194.
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a OA, por sua iniciativa promover as diligências necessárias para a
averiguação das eventuais incompatibilidades…».
Cfr. art. 86.º n.º 1 al. d) EOA
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− Que os Deputados da AR estão impedidos de advogar
contra o Estado,
− Que os Deputados às Assembleias Regionais não podem
patrocinar acções contra as RA,
− Que os Vereadores não podem intervir em acções em que
sejam parte os respectivos municípios….»
8. O trajo profissional.
(Orlando Guedes da Costa, págs. 213 a 215)
Segundo o art. 69.º EOA «1. O uso da toga é obrigatório para os
Advogados e para os Advogados Estagiários, quando pleiteiem oralmente.
2. O modelo do trajo profissional é o fixado pelo Conselho Geral».
O trajo profissional está disciplinado no Regulamento do Trajo e Insígnia –
Regulamento n.º 31/ 2006.
Segundo o n.º 1 deste Regulamento «O trajo profissional do Advogado ou
Advogado Estagiário compõem-se da toga e do barrete.»
O art. 2.º refere-se à toga (de cor preta) e o art. 3.º ao barrete (também
preto).
O art. 4.º dispõe que «É obrigatório para o Advogado e para o Advogado
Estagiário, quando pleiteiem oralmente, o uso da toga, e facultativo, o do
barrete».
Assim constitui um dever e não apenas um direito o uso da toga pelos
Advogados, ao contrário do que acontece noutras legislações como a
francesa.
O mesmo não acontece quanto aos outros acessórios do trajo profissional,
como o barrete e a insígnia cujo uso é facultativo.
O art. 5.º deste Regulamento consagra um “dever de zelo” ao estabelecer
que «É dever do Advogado e do Advogado Estagiário, sob pena de
procedimento disciplinar, zelar pela completa compostura e asseio do
trajo profissional».
Barrete
TOGA
(facultativo)
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Os magistrados usam beca e os funcionários de justiça usam capa.
O ponto 4.1 CDAE dispõe que «O Advogado que se apresente ou participe
num procedimento perante uma autoridade judicial ou Tribunal, terá de
observar as regras deontológicas aplicáveis nessa jurisdição». E por isso
mesmo também às regras deontológicas sobre o trajo profissional – 199.º
n.º 1 EOA.
Publicidade
Publicidade
comparativa
propagandística NÃO
tipo mercantil
Publicidade
SIM
Informativa*
- deveres deontológicos
- Segredo profissional limites
- Regime legal da publicidade e
concorrência
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Áreas de Especialidade Cargos exercidos Identificação dos
exercício reconhecida pela na Ordem dos colaboradores
preferencial Ordem dos Advogados profissionais
Advogados
Telefone, fax, e- Horário de Línguas e Placa e tabuleta
mail, site, etc. atendimento ao idiomas falados identificativa no
público e escritos exterior
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Discussão Pública de
Questões Profissionais
Perturbação da acção da
Publicidade Ilícita
justiça (mediatização
excessiva(!))
Direito de Resposta
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