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A CULTURA DO CANHAMO

O cânhamo (Cannabis sativa L.) é uma planta vigorosa com uma forte raiz aprumada tendo
um forte poder estruturante do solo.
É uma cultura de primavera. O seu vigor no início, permite-lhe que logo após uma
emergência rápida (5 a 8 dias no máximo), cobrir o solo em 3 semanas e aos 80 dias atinge
cerca de 1,80 m. Não necessita de pesticidas. Em contrapartida necessita de uma boa
fertilização reagindo bem a estrumações. A técnica cultural é simples e desenvolve-se
quase sem trabalhos de manutenção.

O ciclo cultural

O ciclo cultural dura de 110 a 120 dias entre abril/maio e agosto. É uma planta que reage
bastante ao fotoperiodismo. A sua fase de crescimento ativo dura perto de 6 semanas entre
15 de junho e fim de julho. Privilegia-se as variedades precoces para a colheita do grão
(semente) e as variedades de ciclos mais longos para recolher a palha. Este é um
parâmetro importante pois se pretender dupla aptidão teremos de escolher ciclos
intermédios. A fase de floração é longa durando cerca de 3 semanas a um mês.

A sementeira

A sementeira é uma etapa fundamental para o sucesso desta cultura. É realizada do fim de
abril ao fim de maio. Deve ser realizada numa terra quente e bem seca com uma boa
preparação do solo para favorecer uma emergência rápida e homogénea.
Aconselha-se a utilizar um semeador em linha para uma sementeira superficial (1 a 2cm) e
passar o rolo em seguida. A densidade de sementeira situa-se entre os 40-70Kg/ha sendo a
mais utilizada de 50Kg/ha. As sementeiras menos densas usam-se quando se pretende
colher semente favorecendo o crescimento dos ramos laterais para obter o máximo de
flores e de grãos.
As sementeiras com alta densidade favorecem a colheita de fibras desenvolvendo-se o
caule e dando um mínimo de folhas. Geralmente procura-se uma densidade entre 250 e 300
grãos /m2 com o objetivo de uma emergência da ordem de 200 a 220 pés/m2.

Necessidades de água

O cânhamo é uma cultura que não é exigente em água. O seu consumo pode ser comparado
ao do girassol. As suas necessidades de água são mais importantes no período de
crescimento ativo (6 semanas a partir do 20º dia depois da sementeira).

Fertilizações

O cânhamo é uma planta que reage bem ás estrumações e outros fertilizantes. Sendo
necessário ajustar as doses em função das potencialidades do solo e da cultura. No entanto
o rendimento máximo é determinado pela reação ao fotoperiodo e pela data de sementeira
sendo inútil dar excesso de azoto: o rendimento não será aumentado, podendo mesmo
tornar-se prejudicial. Com efeito se a fertilização azotada for muito abundante pode levar
a uma quebra dos caules e conduzir a problemas de maturação das palhas ou dos grãos.

Mod. 4 - DRAPN
Colheita

A colheita das sementes não deve ser muito precoce. Se o grão não estiver numa
maturação ótima, o teor em acido oleico é demasia elevado para que o grão seja
comercializado. Depois da colheita estes devem ser imediatamente ventilados e secos, sob
o risco de se perder a colheita em poucas horas. No MPB, a produtividade varia entre 0,2 e
1 ton/ha. Para produzir 1 litro de óleo de cânhamo são necessários 4-5 Kg de sementes. O
preço varia em função da qualidade e da valorização do óleo

A palha

As palhas devem ceifadas com uma lâmina de secção única, fenadas e enroladas e
armazenadas em abrigo.
Em MPB o rendimento da palha é em média 4,2 ton/ha. O preço varia em função da
qualidade.

Legislação

O cânhamo dito industrial é uma variante da cannabis (Cannabis Sativa), cultivado pelas
suas hastes e pelas sementes.
Dada a sua proximidade com a cannabis indica (marijuana) a regulamentação desta cultura
é muito restrita. Com efeito estas 2 variedades variam unicamente nos seus teores de THC
(TetraHidroCannabiol) que vai desde 0,2 nas variedades autorizadas a mais de 10% para as
variedades utilizadas como droga.
A França é o principal produtor de sementes de cânhamo certificadas e são comercializadas
unicamente pela Cooperativa Central dos Produtores de Sementes de cânhamo. É proibido
para os produtores de cânhamo resemear a própria semente.

O Decreto Regulamentar nº23/99 de 22 de outubro define as regras pelas quais é permitido


realizar a cultura do cânhamo industrial em Portugal (inclui comunicação á Policia
Judiciária)
Para a produção poderá recorrer ao PRODER (Portaria 229-B/2008 de 6 de março) ver ainda
proder@gpp.pt para mais informações.

O Regulamento (CE) 73/2009 (que estabelece as regras comuns para os regimes de apoio
direto no âmbito da PAC) integrou o apoio à produção de cânhamo no regime de
pagamento único (RPU), sendo o “pagamento por superfície” efetuado ao linho e cânhamo
destinados à produção de fibras.

O pagamento deste apoio depende do uso de sementes certificadas de determinadas


variedades cujo teor de tetrahidrocanabinol não seja superior a 0,2%.

O Regulamento (CE) 1234/2007 (que estabelece a OCM Única) prevê uma ajuda à
transformação até à campanha comercialização 2011/2012, em função da quantidade de
fibras efetivamente obtidas a partir das palhas em relação às quais tenha sido celebrado
um contrato de compra e venda com um agricultor.

A ajuda à transformação de fibras longas de linho é de:


— 200 EUR/tonelada, para a campanha de comercialização de 2009/2010, e — 160
EUR/tonelada, para as campanhas de comercialização de 2010/2011 e 2011/2012.

Mod. 4 - DRAPN
Para as /fibras curtas de linho e cânhamo a ajuda é de 90 EUR/tonelada para as campanhas
de comercialização de 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012.
Neste momento não temos conhecimento de qualquer indústria de transformação de
cânhamo em Portugal. No entanto algumas das fábricas de fiação poderão reconverter-se
para outro tipo de fibras tais como o cânhamo e o linho.

Acrescenta-se ainda alguma informação que pode ser útil:

• Está definida uma quantidade máxima garantida na UE (QMG) de fibras longas de linho,
assim como uma QMG para as fibras curtas, tendo Portugal uma quota de 50 ton e 1750 ton
respetivamente.

• Para efeitos de aprovação do primeiro transformador, tal como previsto no art. 3º do


Reg. (CE) nº 245/2001 da Comissão, de 5 de fevereiro, este deverá, mediante
requerimento, solicitar a aprovação nos serviços competentes (IFAP), devendo para tal
cumprir o disposto na regulamentação em vigor, sem prejuízo dos necessários requisitos no
que respeita ao licenciamento industrial.

• Não temos conhecimento de produção de cânhamo desde a campanha de comercialização


1998/1999, pelo que não dispomos de dados relativos a outros elementos solicitados.

• Tendo em consideração a legislação nacional, nomeadamente o Decreto Regulamentar


nº61/94 de 12 de outubro, cabe ao INFARMED a autorização de produção de cânhamo para
fins que não a obtenção de fibra.

REG (CEE) N.º 507/2008 de 06.06. Estabelece as normas de execução do Regulamento (CE)
n.º 1673/2000 do Conselho, que estabelece a organização comum de mercado no setor do
linho e do cânhamo destinados à produção de fibras. (JO L 149 07.06.2008 p.38)

Maria José Abreu


Divisão Produção Agrícola
Estrada Exterior da Circunvalação 11846
4460-281 Senhora da Hora
Telf 351.229574010
Fax 351.229574029

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