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29/09/2016 https://sapiens.agu.gov.

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ADVOCACIA­GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA­GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO AO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DO RIO GRANDE DO SUL
PROCURADOR­CHEFE
RUA GENERAL OSÓRIO, Nº 348, CENTRO, BENTO GONÇALVES/RS

 
PARECER REFERENCIAL n. 00001/2016/PF/IFRS/PFIFRIO GRANDE DO SUL/PGF/AGU
 
NUP: 23360.000613/2016­29
INTERESSADOS: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO
GRANDE DO SUL [CAMPUS BENTO GONÇALVES]
ASSUNTOS: CONVÊNIOS PARA ESTÁGIOS
 
EMENTA:  I.  Convênio.  II.  Empresa  privada.  III.  Ajuste  visando  a  proporcionar,  aos  discentes
regularmente matriculados nos cursos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Sul (IFRS), a oportunidade de realização de estágio na parte concedente. IV. Não
envolvimento  de  repasse  de  recurso.  V.  Fundamentação:  Lei  11.788/2008  e  Orientação
Normativa nº 02/2016 – SEGEP/MPOG. VI. Aplicação, no que couber, dos arts. 38 e 116 da Lei
nº 8.666/1993. VII. Pela possibilidade, desde que observadas as recomendações constantes neste
opinativo. VIII. Manifestação jurídica referencial.
 
1. O Magnífico Reitor Substituto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande
do  Sul  ­  (IFRS) encaminha  a  esta  Procuradoria  Federal  os  autos  do  processo  administrativo  em  epígrafe,  cujo  objeto
consiste na intenção da autarquia, enquanto instituição de ensino, em firmar convênio com sociedade empresária privada
(parte concedente), com a finalidade de oferecimento de campo de estágio aos alunos matriculados em cursos regulares
do IFRS.
2.  Nos  termos  da  Orientação  Normativa  AGU  nº  55/2014,  apresentam­se  elementos  referenciais  que
devem  ser  observados  pela  área  técnica  nos  processos  semelhantes,  tendo  por  escopo  pretensão  de  firmar  convênio
necessário ao oferecimento de campos de estágios obrigatórios ou não obrigatórios no âmbito deste Instituto.
3. A minuta do convênio  elenca disposições referentes ao seu objeto; ao estágio em si; às obrigações da
concedente do estágio e da instituição de ensino; à contraprestação pela admissão do estagiário, enfatizando que não há
caracterização  de  vínculo  empregatício  entre  o  estagiário  e  a  entidade  concedente;  à  vigência,  que  será  de  05  (cinco)
anos; às alterações; e à solução dos litígios; dentre outros.
4. A Pró­Reitoria de Extensão manifestou­se favorável à celebração do convênio, sugerindo, no entanto,
a  inclusão  de  cláusula  prevendo  a  possibilidade  de  denúncia  ou  rescisão,  com  indicação  das  responsabilidades  e
obrigações decorrentes do convênio, conforme previsto na Instrução Normativa IFRS nº 08/2015.
5. Os autos estão instruídos, além de outros, com os seguintes documentos:

Minuta de convênio (fls. 02/03);
Ficha de confirmação de estágio (fl. 04);
Manifestação favorável, com ressalvas, da Pró­Reitoria de Extensão (fl. 07); e
Memorando de encaminhamento à Procuradoria Federal junto ao IFRS (fl. 08).

6. Ressalta­se que há duas folhas numeradas com o nº 02, o que deverá ser sanado pela Administração.
7. Antes  de  esclarecer  vertentes  atinentes  à  matéria,  cabe  esclarecer  que  a  celebração  de  convênios
para  concessão  de  estágio  é  faculdade  conferida  pelo  art.  8º,  da  Lei  nº  11.788/2008,  que  dispõe  sobre  o  estágio  de
estudantes, conforme a seguir transcrito:
 
Art. 8o   É facultado às instituições de ensino celebrar com entes públicos e privados convênio de
concessão de estágio, nos quais se explicitem o processo educativo compreendido nas atividades
programadas para seus educandos e as condições de que tratam os arts. 6º a 14 desta Lei. 

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Parágrafo único.  A celebração de convênio de concessão de estágio entre a instituição de ensino
e a parte concedente não dispensa a celebração do termo de compromisso de que trata o inciso II
do caput do art. 3º desta Lei. 
 
8. Assim, no âmbito do IFRS, observa­se que houve a opção pela celebração de convênios para firmar
parcerias efetuadas entre esta IFES e outros entes públicos e privados, a fim de que seja proporcionada a concessão de
estágio para estudantes de graduação.
9.  Em  que  pese  a  lei  ter  apenas  facultado  a  celebração  de  convênios  para  concessão  de  estágios,
entendendo  a  Administração  acerca  da  essencialidade  da  celebração  dos  mencionados  convênios,  obrigatório  se  faz  a
remessa  a  esta  Procuradoria  Federal,  na  forma  do  art.  38  da  Lei  nº  8.666/93,  para  minuciosa  análise  dos  aspectos
jurídicos  que  permeiam  a  matéria,  e  emissão  de  parecer  vinculante  à  aprovação  do  ato  administrativo.  Tal  obrigação
está reforçada na referida IN IFRS nº 08/2015:
 
Art. 22. Caberá à Procuradoria Federal:
I ­ analisar a minuta de convênio e emitir parecer sobre a possibilidade de execução do objeto
que consta na minuta do convênio; e
II ­ encaminhar o processo à Coordenadoria de Normas e Convênios.
 
10.  À  vista  disso,  é  notória  a  necessidade  de  análise  por  parte  desta  Procuradoria  de  demandas
juridicamente idênticas.
11.  Considerando  a  situação  regular  atualmente  vivenciada  pelos  encaminhamentos  de  processos
idênticos e por compreender que a análise individualizada dos processos de celebração de convênio para concessão de
estágio para estudantes demandaria a dedicação de tempo e recursos escassos – optou esta Procuradoria Federal pela
elaboração  de  MANIFESTAÇÃO  JURÍDICA  REFERENCIAL,  que,  devidamente  observada  pela  Administração,
dispensará, nos termos doravante alinhavados, a análise individualizada dos processos que versem sobre iguais temas.
 
DA FIGURA DA MANIFESTAÇÃO JURÍDICA REFERENCIAL
 
12.  Por  óbvio  que  o  encaminhamento  dos  processos  a  esta  Procuradoria  Federal  referentes  às
celebrações de convênios de estágios visa a conferir higidez jurídica no que envolve a matéria.
13.  No  entanto,  o  elevado  número  de  consultas  repetitivas  versando  sobre  assuntos  semelhantes  tem,
inevitavelmente,  o  efeito  reflexo  de  tumultuar  a  atuação  do  órgão  de  assessoramento  jurídico  da  Administração,
embaraçando o desempenho de sua atribuição institucional. Em razão de situações como a narrada, a Advocacia­Geral
da  União  (AGU)    publicou,  no  dia  23  de  maio  de  2014,  a  Orientação  Normativa  nº  55,  possibilitando  a  figura
da Manifestação Jurídica Referencial:
 
ORIENTAÇÃO NORMATIVA Nº 55, DE 23 DE MAIO DE 2014
O ADVOGADO­GERAL DA UNIÃO, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I, X,
XI e XIII, do art. 4º da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, considerando o que
consta do Processo nº 56377.000011/2009­12, resolve expedir a presente orientação normativa a
todos os órgãos jurídicos enumerados nos arts. 2º e 17 da Lei Complementar nº 73, de 1993:
I ­ Os processos que sejam objeto de manifestação jurídica referencial, isto é, aquela que analisa
todas as questões jurídicas que envolvam matérias idênticas e recorrentes, estão dispensados
de análise individualizada pelos órgãos consultivos, desde que a área técnica ateste, de forma
expressa, que o caso concreto se amolda aos termos da citada manifestação.
II  ­  Para  a  elaboração  de  manifestação  jurídica  referencial  devem  ser  observados  os  seguintes
requisitos:  a)  o  volume  de  processos  em  matérias  idênticas  e  recorrentes  impactar,
justificadamente, a atuação do órgão consultivo ou a celeridade dos serviços administrativos; e b)
a atividade jurídica exercida se restringir à verificação do atendimento das exigências legais a
partir da simples conferência de documentos.
Referência: Parecer nº 004/ASMG/CGU/AGU/2014
LUÍS INÁCIO LUCENA ADAMS
RETIFICAÇÃO: Na Orientação Normativa nº 47, de 23 de maio de 2014, publicada no Diário
Oficial  da  União  nº  98,  de  26  de  maio  de  2014,  Seção  1,  pág.  29,  onde  se  lê:  "Orientação
Normativa nº 47, de 23 de maio de 2014...", leia­se: "Orientação Normativa nº 55, de 23 de maio
de 2014...".
 

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14.  Da  leitura  da  ON  em  apreço,  depreende­se  a  expressa  autorização,  no  âmbito  da  AGU,  para
elaboração de manifestação jurídica referencial, definida como sendo aquela  que  analisa  todas  as  questões  jurídicas
que envolvam matérias idênticas e recorrentes.
15. Dessa forma, com a manifestação jurídica referencial, os processos administrativos que veicularem
consultas  idênticas  à  enfrentada  na  manifestação  referencial  estarão  dispensados  de  análise  individualizada  pelo
órgão  jurídico  junto  à  autarquia,  bastando,  para  tanto,  que  as  instâncias  técnicas  da  Administração  atestem,
expressamente,  que  o  caso  concreto  se  amolda  aos  termos  da  manifestação  referencial  adotada  pela  Procuradoria
Federal. Para isso, anexa­se ao presente parecer modelo de “atestado de conformidade do processo com manifestação
jurídica referencial” a ser utilizado pela Administração dessa Instituição, para que se dispense a análise individualizada
das demandas tratadas no presente parecer.
16.  A  grosso  modo,  a  manifestação  jurídica  referencial  consiste  em  parecer  jurídico  genérico,
vocacionado  a  balizar  todos  os  casos  concretos,  cujos  contornos  se  amoldem  ao  formato  do  caso  abstratamente
analisado pela PF/IFRS.
17. Trata­se, portanto, de ato enunciativo perfeitamente afinado com o princípio da eficiência, que,
seguramente,  viabilizará  o  adequado  enfrentamento  de  questões  que,  embora  dotadas  de  baixa  densidade  jurídica,
terminavam  por  tumultuar  a  agenda  desta  Procuradoria  Federal,  dificultando  a  dedicação  de  tempo  às
verdadeiras quaestio juris.
18. Tal medida já havia sido expressamente recomendada pelo Manual de Boas Práticas Consultivas
da AGU, consoante se infere da leitura do excerto abaixo transcrito:
 
Embora  a  atividade  consultiva  não  se  confunda  com  as  atividades  da  Entidade/Órgão
Assessorado,  o  Órgão  Consultivo  possui  importante  papel  no  sentido  de  estimular  a
padronização  e  orientação  geral  a  respeito  de  assuntos  que  despertaram  ou  possam  despertar
dúvidas jurídicas. Deste modo, é recomendável a elaboração de minutas­padrão de documentos
administrativos, treinamentos com os gestores e pareceres com orientações “in abstrato”, a fim
de  subsidiar  a  prática  de  atos  relacionados  a  projetos  ou  políticas  públicas  que  envolvam
manifestações repetitivas ou de baixa complexidade jurídica. (Enunciado nº 34 do Manual de
Boas Práticas da Advocacia­Geral da União).
 
19.  Mais  recentemente,  tal  iniciativa  foi  analisada  ­  e  aprovada  ­  pelo  Tribunal  de  Contas  da  União
(TCU), conforme notícia divulgada no Informativo TCU nº 218/2014:
 
Informativo TCU nº 218/2014
3. É possível a utilização, pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, de um
mesmo parecer jurídico em procedimentos licitatórios diversos, desde que envolva matéria
comprovadamente  idêntica  e  seja  completo,  amplo  e  abranja  todas  as  questões  jurídicas
pertinentes.
Embargos  de  Declaração  opostos  pela  Advocacia­Geral  da  União  (AGU),  em  face  de
determinação expedida pelo TCU à Comissão Municipal de Licitação de Manaus e à Secretaria
Municipal de Educação de Manaus, alegara obscuridade na parte dispositiva da decisão e dúvida
razoável  quanto  à  interpretação  a  ser  dada  à  determinação  expedida.  Em  preliminar,  após
reconhecer  a  legitimidade  da  AGU  para  atuar  nos  autos,  anotou  o  relator  que  o  dispositivo
questionado “envolve a necessidade de observância do entendimento jurisprudencial do TCU
acerca  da  emissão  de  pareceres  jurídicos  para  aprovação  de  editais  licitatórios,  aspecto  que
teria gerado dúvidas no âmbito da advocacia pública federal”. Segundo o relator, o cerne da
questão “diz  respeito  à  adequabilidade  e  à  legalidade  do  conteúdo  veiculado  na  Orientação
Normativa AGU nº 55, de 2014, que autoriza a emissão de ‘manifestação jurídica referencial’, a
qual, diante do comando (...) poderia não ser admitida”. Nesse campo, relembrou o relator que a
orientação  do  TCU  “tem  sido  no  sentido  da  impossibilidade  de  os  referidos  pareceres  serem
incompletos,  com  conteúdos  genéricos,  sem  evidenciação  da  análise  integral  dos  aspectos
legais pertinentes”, posição evidenciada na Proposta de Deliberação que fundamentou a decisão
recorrida.  Nada  obstante,  e  “a  despeito  de  não  pairar  obscuridade  sobre  o  acórdão  ora
embargado”, sugeriu o relator fosse a AGU esclarecida de que esse entendimento do Tribunal
não impede que o mesmo parecer jurídico seja utilizado em procedimentos licitatórios diversos,
desde que trate da mesma matéria e aborde todas as questões jurídicas pertinentes. Nesses termos,
acolheu o Plenário a proposta do relator, negando provimento aos embargos e informando à AGU
que  “o  entendimento  do  TCU  quanto  à  emissão  de  pareceres  jurídicos  sobre  as  minutas  de
editais  licitatórios  e  de  outros  documentos,  nos  termos  do  art.  38,  parágrafo  único,  da  Lei
nº 8.666, de 1993, referenciado nos Acórdãos 748/2011 e 1.944/2014, ambos prolatados pelo

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Plenário, não impede a utilização, pelos órgãos e entidades da administração pública federal,
de  um  mesmo  parecer  jurídico  em  procedimentos  licitatórios  diversos,  desde  que  envolva
matéria  comprovadamente  idêntica  e  que  seja  completo,  amplo  e  abranja  todas  as  questões
jurídicas pertinentes, cumprindo as exigências indicadas na Orientação Normativa AGU nº 55,
de  2014,  esclarecendo­a,  ainda,  de  que  a  presente  informação  é  prestada  diante  da  estrita
análise do caso concreto apreciado nestes autos, não se constituindo na efetiva apreciação da
regularidade da aludida orientação normativa, em si mesma”.  Acórdão  2674/2014­Plenário,
TC 004.757/2014­9, relator Ministro­Substituto André Luís de Carvalho, 8/10/2014.
 
20. Do acima exposto, pode­se concluir que:

A manifestação jurídica referencial uniformiza a atuação do órgão jurídico relativamente às consultas
repetitivas;
A  adoção  de  manifestação  jurídica  referencial  torna  desnecessária  a  análise  individualizada  de
processos que versem sobre matéria que já tenha sido objeto de análise em abstrato, sendo certo que
as  orientações  jurídicas  veiculadas  através  do  parecer  referencial  aplicar­se­ão  a  todo  e  qualquer
processo com idêntica matéria.
A  elaboração  de  manifestação  jurídica  referencial  depende  da  confluência  de  dois  requisitos
objetivos,  a  saber:  i)  a  ocorrência  de  embaraço  à  atividade  consultiva  em  razão  da  tramitação  de
elevado  número  de  processos  administrativos  versando  sobre  matéria  repetitiva  e  ii) a  singeleza  da
atividade desempenhada pelo órgão jurídico, que se restringe a verificar o atendimento das exigências
legais a partir da simples conferência de documentos; e
a dispensa do envio de processos ao órgão jurídico para exame individualizado fica condicionada ao
pronunciamento  expresso,  pela  área  técnica  interessada,  no  sentido  de  que  o  caso  concreto  se
amolda aos termos da manifestação jurídica referencial já elaborada sobre a questão

21. É o que se passará, agora, a fazer.
 
DO CABIMENTO DE MANIFESTAÇÃO JURÍDICA REFERENCIAL NO CASO DOS AUTOS
 
22. Como já mencionado, a elaboração de manifestação jurídica referencial depende da comprovação,
sob  pena  de  invalidade,  de  dois  requisitos:  i)  do  volume  de  processos  em  matérias  idênticas  e  recorrentes,  que,  de
acordo  com  a  ON  nº  55,  deve  impactar,  justificadamente,  a  atuação  do  órgão  consultivo  ou  a  celeridade  dos  serviços
administrativos;  e,  ii)  da  singeleza  da  atuação  da  assessoria  jurídica  nos  casos  analisados,  que  se  deve    restringir  à
verificação do atendimento das exigências legais, a partir da simples conferência de documentos.
23.  Relativamente  ao  primeiro  requisito,  é  notório  o  volume  de  processos  administrativos  voltados  à
celebração de convênio de estágio justifica a emissão do presente parecer referencial. Para tanto, basta verificar que o
IFRS possui Campus nas cidades de Alvorada, Bento Gonçalves, Canoas, Caxias do Sul, Erechim, Farroupilha, Feliz,
Ibirubá,  Osório,  Porto  Alegre  (incluindo  o  Campus  Restinga),  Rio  Grande,  Rolante,  Sertão,  Vacaria,  Veranópolis  e
Viamão.  
24. Com a obrigatoriedade de se analisar todos os processos administrativos e minutas de convênios de
estágios,  há,  consequentemente,  impacto  negativo  na  atuação  da  Procuradoria  Federal,  responsável  pela  consultoria  e
assessoramento jurídico do IFRS, além de servir de elo entre a autarquia e as unidades de contencioso da Procuradoria­
Geral Federal, prestando ou encaminhando os subsídios necessários para a defesa do IFRS em juízo.
25.  Quanto  ao  segundo  requisito  imposto  pela  ON  nº  55,  observa­se  que  o  exame  jurídico  da
Procuradoria  Federal  em  semelhantes  casos  limita­se,  conforme  adiante  se  verá,  à  mera  conferência  de  documentos,
não havendo que se falar de peculiaridades que determinem a análise jurídica individualizada dos referidos processos de
celebração de convênio de estágio, excetuando­se a exigência legal contida no art. 38 da Lei nº 8.666/93.
26. De todo modo, para que a análise individualizada dos processos reste dispensada, faz­se necessário
que  a  área  técnica  interessada  ateste,  de  forma  expressa,  que  o  caso  concreto  veiculado  por  cada  processo
administrativo se amolda aos termos da presente manifestação jurídica referencial.
 
DA FINALIDADE E ABRANGÊNCIA DO PARECER JURÍDICO
 
26.  Cumpre  registrar  que  esta  manifestação  tomará  por  base,  exclusivamente,  os  elementos  constantes
dos autos, visto que, em face do que dispõe o art. 131 da Constituição Federal, o art. 10 da Lei nº 10.480/2002, o art. 11
da  Lei  Complementar  nº  73/1993  e  as  Portarias  PGF  nº  526/2013  e  127/2016,  incumbe  a  este  órgão  de  execução  da
AGU prestar consultoria sob o prisma estritamente jurídico, não lhe competindo adentrar na análise da conveniência e
oportunidade dos atos praticados no âmbito da Administração nem analisar aspectos de natureza eminentemente técnico­
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administrativa, assim como os aspectos técnicos, econômicos, financeiros e orçamentários. A Boa Prática Consultiva –
BPC nº 07, editada pela AGU, corrobora tal entendimento:
 
O Órgão Consultivo não deve emitir manifestações conclusivas sobre temas não jurídicos, tais
como os técnicos, administrativos ou de conveniência ou oportunidade.
 
27. Importa frisar, pois, que não compete a esta Procuradoria Federal apreciar as questões de interesse e
oportunidade do ato que se pretende praticar, visto que são da esfera discricionária do Administrador, tampouco dos atos
técnicos e das especificações e fundamentações de ordem técnica explicitadas para justificar a celebração do ajuste.
28.  Cabe  esclarecer  que,  via  de  regra,  não  é  papel  do  órgão  de  assessoramento  jurídico  exercer  a
auditoria quanto à competência de cada agente público para a prática de atos administrativos. Incumbe, isso sim, a
cada um desses observar se os seus atos estão dentro do seu espectro de competências.
29. Desse modo, o ideal, para a melhor e completa instrução processual, é que sejam juntadas ou citadas
as  publicações  dos  atos  de  nomeação  ou  designação  da  autoridade  e  demais  agentes  administrativos,    os  Atos
Normativos  que  estabelecem  as  respectivas  competências,  com  o  fim  de  que,  em  caso  de  futura  auditoria,  possa  ser
facilmente comprovado que quem praticou determinado ato tinha competência para tanto.
30.  Ademais,  quanto  aos  atos  decisórios  praticados  com  base  em  delegação  de  competência,  convém
destacar o contido na Lei nº da Lei nº 9.784/99
 
Art. 14. [...]
§  3º  As  decisões  adotadas  por  delegação  devem  mencionar  explicitamente  esta  qualidade  e
considerar­se­ão editadas pelo delegado.
 
31.  Portanto,  estes  deverão  mencionar  explicitamente  a  qualidade  e  considerar­se­ão  editadas  pelo
delegado.
32. Vale ressaltar, ainda, que aos órgãos da AGU compete – fiel, técnica e exclusivamente – assessorar
os  entes  e  órgãos  assessorados  na  tomada  de  suas  decisões,  apontando­lhes  os  embaraços  jurídicos  eventualmente
existentes, e, as opções palatáveis, segundo o ordenamento pátrio, para a consecução das políticas públicas a cargo do
organismo assessorado.
33. Portanto, a atribuição legal do órgão de assessoramento jurídico esgota­se em orientar a autoridade
sob  o  exclusivo  prisma  da  legalidade,  exarando  peça  opinativa  que  lhe  dá  plena  ciência  das  recomendações  e
observações lançadas pela Procuradoria Federal.
34.  Dessa  maneira,  a  análise  em  comento  tem  a  função  de  apontar  possíveis  riscos  do  ponto  de  vista
jurídico  e  recomendar  providências  para  salvaguardar  a  autoridade  assessorada,  a  quem  compete  avaliar  a  real
dimensão do risco e a necessidade de se adotar ou não a precaução recomendada.
35.  As  questões  que  envolvam  a  legalidade,  de  observância  obrigatória  pela  Administração,  serão
apontadas,  ao  longo  deste  parecer,  como  óbices  a  serem  corrigidos  ou  superados.  O  prosseguimento  do  feito,  sem  a
correção de tais apontamentos, será de responsabilidade exclusiva do gestor, por sua conta e risco.
36. Sendo  assim,  repisa­se  que  qualquer  posicionamento  contrário  por  parte  da  Administração  é
de  sua  total  responsabilidade  e  deve  ser  justificado  nos  autos.  A  justificativa  de  posicionamento  contrário  ao  da
Assessoria Jurídica da autarquia deve, lógica e necessariamente, refutar todos os impedimentos legais levantados
pela Procuradoria Federal.
 
DO CONVÊNIO PARA CONCESSÃO DE ESTÁGIO
 
37.  Ultrapassadas  as  questões  propedêuticas  relacionadas  ao  conceito,  à  natureza  e  ao  cabimento  de
manifestação jurídica referencial sobre o caso­paradigma destes autos, cumpre fornecer à Administração o balizamento
jurídico  necessário  ao  enfrentamento  dos  casos concretos  relacionados  à  celebração  de  convênios  para  concessão  de
estágio para seus estudantes.
38. Em conformidade ao acima salientado, versam os autos sobre proposta de convênio a ser celebrado
entre  o  IFRS  (enquanto  Instituição  de  Ensino)  e  sociedade  destinada  à  atividade  empresária  (enquanto  parte
concedente),  visando  a  proporcionar  aos  discentes  regularmente  matriculados  nos  cursos  do  IFRS,  a  oportunidade  de
realização de estágio na parte concedente.
39. Segundo leciona Marçal Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos.
São Paulo, Dialética, 11ª Edição, 2005, p. 661):
 

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“Convênio é um acordo de vontades, em que pelo menos uma das partes integra a Administração
Pública, por meio da qual são conjugados esforços e (ou) recursos, visando disciplinar a atuação
harmônica  e  sem  intuito  lucrativo  das  partes,  para  o  desempenho  das  competências
administrativas.”
 
40.  Com  efeito,  o  convênio  se  diferencia  dos  contratos  administrativos,  uma  vez  que  é  um  ajuste
efetuado por pessoas administrativas entre si, ou entre elas e particulares, com vistas à consecução de interesse público
através  da  cooperação,  sem  que  haja  fim  lucrativo  ou  qualquer  vantagem  econômica.  Já  os  contratos  administrativos
propósitos  econômicos  e  lucrativos  que  se  opõe.  É  preciso  atentar,  entretanto,  que  muitas  vezes  existe  o  uso
indiscriminado  do  termo  “convênio”,  quando  na  realidade  o  uso  de  outras  denominações  demonstra­se  mais  adequado.
Convém  citar  a  lição  de  Ronny  Charles  Lopes  Torres  (Lei  de  Licitações  Públicas  Comentadas.  Salvador,  Juspodivm,
2008, 1ª Edição, p. 313):
 
[...] Por outro lado, é importante observar que a utilização indiscriminada do vocábulo `convênio´
para designar várias relações entre órgãos, sem cunho sinalagmático e comutativo, tem ensejado
dúvidas  e  problemas  burocráticos,  tendo  em  vista  que,  mesmo  caracterizada  a  existência  de
interesse comum e falta de finalidade lucrativa, são possíveis diferentes tratamentos, separando
daqueles que envolvem transferência de recursos entre esferas diferentes, e por isso exigem um
maior  controle,  daqueles  que  apenas  tratam  de  ações  administrativas  conjuntas,  muitas  vezes
dentro da mesma esfera federal, aptos a atender o interesse público comum, mas que não resultam
em  repasse  ou  transferência  de  valores.  A  tais  pactos,  pela  prática  administrativa,  costuma­se
chamar  de  acordo  ou  termo  de  cooperação,  embora,  por  muitos,  ainda  sejam  genericamente
denominados de convênio.
 
41.  Assim,  o  “Convênio  de  Concessão  de  Estágio”  é  uma  modalidade  de  ajuste,  que  se  insere,  por
analogia, nas outras modalidades de ajustes que vêm descritas no âmbito dos convênios. 
42. Ainda sobre os convênios, a Lei nº 8.666/93 assim estabelece:
 
Art. 116.  Aplicam­se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios, acordos, ajustes e
outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da Administração.
§ 1º  A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos ou entidades da Administração
Pública  depende  de  prévia  aprovação  de  competente  plano  de  trabalho  proposto  pela
organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo, as seguintes informações:
I ­ identificação do objeto a ser executado;
II ­ metas a serem atingidas;
III ­ etapas ou fases de execução;
IV ­ plano de aplicação dos recursos financeiros;
V ­ cronograma de desembolso;
VI ­ previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da conclusão das etapas ou fases
programadas;
VII ­ se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, comprovação de que os recursos
próprios  para  complementar  a  execução  do  objeto  estão  devidamente  assegurados,  salvo  se  o
custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão descentralizador.
§ 2º  Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará ciência do mesmo à Assembléia
Legislativa ou à Câmara Municipal respectiva.
§ 3º  As parcelas do convênio serão liberadas em estrita conformidade com o plano de aplicação
aprovado,  exceto  nos  casos  a  seguir,  em  que  as  mesmas  ficarão  retidas  até  o  saneamento  das
impropriedades ocorrentes:
I ­ quando não tiver havido comprovação da boa e regular aplicação da parcela anteriormente
recebida,  na  forma  da  legislação  aplicável,  inclusive  mediante  procedimentos  de  fiscalização
local,  realizados  periodicamente  pela  entidade  ou  órgão  descentralizador  dos  recursos  ou  pelo
órgão competente do sistema de controle interno da Administração Pública;
II ­ quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos recursos, atrasos não justificados no
cumprimento das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias aos princípios fundamentais
de Administração Pública nas contratações e demais atos praticados na execução do convênio,
ou o inadimplemento do executor com relação a outras cláusulas conveniais básicas;

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III  ­  quando  o  executor  deixar  de  adotar  as  medidas  saneadoras  apontadas  pelo  partícipe
repassador dos recursos ou por integrantes do respectivo sistema de controle interno.
§  4º    Os  saldos  de  convênio,  enquanto  não  utilizados,  serão  obrigatoriamente  aplicados  em
cadernetas  de  poupança  de  instituição  financeira  oficial  se  a  previsão  de  seu  uso  for  igual  ou
superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou operação de mercado
aberto  lastreada  em  títulos  da  dívida  pública,  quando  a  utilização  dos  mesmos  verificar­se  em
prazos menores que um mês.
§  5º    As  receitas  financeiras  auferidas  na  forma  do  parágrafo  anterior  serão  obrigatoriamente
computadas  a  crédito  do  convênio  e  aplicadas,  exclusivamente,  no  objeto  de  sua  finalidade,
devendo constar de demonstrativo específico que integrará as prestações de contas do ajuste.
§  6º    Quando  da  conclusão,  denúncia,  rescisão  ou  extinção  do  convênio,  acordo  ou  ajuste,  os
saldos financeiros remanescentes, inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações
financeiras  realizadas,  serão  devolvidos  à  entidade  ou  órgão  repassador  dos  recursos,  no  prazo
improrrogável  de  30  (trinta)  dias  do  evento,  sob  pena  da  imediata  instauração  de  tomada  de
contas especial do responsável, providenciada pela autoridade competente do órgão ou entidade
titular dos recursos.
 
43.  No  caso  em  tela,  pressupõe­se  que  não  haverá  repasse  orçamentário.  De  todo  o  modo,  sugere­se
que tal situação conste expressamente do plano de trabalho e da minuta de convênio. 
44. Inexistindo a transferência de recursos entre as duas instituições envolvidas, bem assim observado o
disposto  no  art.  8º  da  Lei  nº  11.788/2008,  o  convênio,  em  seu  sentido  mais  amplo,  é  instrumento  adequado  para  a
formalização do ajuste, razão pela qual a minuta encaminhada para análise encontra­se amparada pela legislação.
45. Depreende­se, ainda, do art. 116, da Lei nº 8.666/93, que há necessidade da elaboração de um Plano
de Trabalho a ser apresentado pela Instituição de Ensino com os requisitos acima transcritos.
46.  É  no  plano  de  trabalho,  também,  que  deverão  ser  inseridos  os  requisitos  exigidos  na  legislação
específica de estágio (Lei nº 11.788/2008), a saber:
 
Art. 7º São obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educandos: 
I – celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou assistente legal,
quando  ele  for  absoluta  ou  relativamente  incapaz,  e  com  a  parte  concedente,  indicando  as
condições  de  adequação  do  estágio  à  proposta  pedagógica  do  curso,  à  etapa  e  modalidade  da
formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar; 
II – avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à formação cultural e
profissional do educando; 
III – indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como responsável pelo
acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário; 
IV  –  exigir  do  educando  a  apresentação  periódica,  em  prazo  não  superior  a  6  (seis)  meses,  de
relatório das atividades; 
V – zelar pelo cumprimento do termo de compromisso, reorientando o estagiário para outro local
em caso de descumprimento de suas normas; 
VI  –  elaborar  normas  complementares  e  instrumentos  de  avaliação  dos  estágios  de  seus
educandos; 
VII – comunicar à parte concedente do estágio, no início do período letivo, as datas de realização
de avaliações escolares ou acadêmicas. 
Parágrafo único.  O plano de  atividades do estagiário, elaborado em acordo das 3 (três) partes a
que se refere o inciso II do caput do art. 3º desta Lei, será incorporado ao termo de compromisso
por meio de aditivos à medida que for avaliado, progressivamente, o desempenho do estudante.
Art. 8º É facultado às instituições de ensino celebrar com entes públicos e privados convênio de
concessão de estágio, nos quais se explicitem o processo educativo compreendido nas atividades
programadas para seus educandos e as condições de que tratam os arts. 6º a 14 desta Lei. 
 
47. Como visto, é no Plano de Trabalho a ser proposto ao concedente pela Instituição de Ensino em que
esta  explicitará  "o  processo  educativo  compreendido  nas  atividades  programadas",  a  fim  de  que  o  concedente  possa
verificar a compatibilidade de suas vagas de estágio com o conteúdo programático (projeto pedagógico) do curso, além
de  ser  o  documento  que  comprovará  a  obrigatoriedade  do  estágio,  se  for  o  caso,  elemento  essencial  para  que  a
Administração  possa  se  isentar  do  pagamento  de  bolsa  e  vale­transporte,  bem  como  da  disponibilização  do
seguro de acidentes pessoais. No caso em tela, cumpre à Administração acostar aos autos o plano de trabalho.

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48. Por outro lado, a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional preconiza que:
 
Art.  82.    Os  sistemas  de  ensino  estabelecerão  as  normas  de  realização  de  estágio  em  sua
jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria.
 
49. Desta forma, deve­se observar o disposto na Lei n° 11.788, de 25 de setembro de 2008, que, além
de  definir  o  estágio  como  ato  educativo  escolar  supervisionado,  desenvolvido  no  ambiente  de  trabalho,  que  visa  à
preparação  para  o  trabalho  produtivo  do  estudante,  dispõe  acerca  das  modalidades  daquele,  ou  seja,  do  estágio
obrigatório e do estágio não­obrigatório:
 
Art. 2º O estágio poderá ser obrigatório ou não­obrigatório, conforme determinação das diretrizes
curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do curso.
§ 1º Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja  carga  horária  é
requisito para aprovação e obtenção de diploma.
§ 2º Estágio não­obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga
horária regular e obrigatória.
§  3º  As  atividades  de  extensão,  de  monitorias  e  de  iniciação  científica  na  educação  superior,
desenvolvidas pelo estudante, somente poderão ser equiparadas ao estágio em caso de previsão
no projeto pedagógico do curso.
 
50.  Como  referido  no  item  7,  deste  Parecer,  a  Lei  nº  11.788/2008  faculta  às  Instituições  de  Ensino  a
celebração  de  convênio  de  estágio  com  os  entes  públicos  e  privados.  Contudo,  obriga  a  celebração  do  termo  de
compromisso entre o discente, a unidade concedente do estágio e a Instituição de Ensino.
51. Sobre o tema, a recente Orientação Normativa nº 2/2016 – SEGEP/MPOG determina que:
 
Art. 4º A realização do estágio obrigatório ou não obrigatório, nos órgãos e entidades de que trata
o art. 1º desta Orientação Normativa observará, dentre outros, os seguintes requisitos: 
I ­ matrícula e frequência regular do estudante, atestados pela instituição de ensino, em curso de
educação superior, de educação profissional, de ensino médio, de educação especial e dos anos
finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos; 
II  ­  celebração  de  Termo  de  Compromisso  de  Estágio  ­  TCE  entre  o  estudante,  a  parte
concedente do estágio e a instituição de ensino; e 
III ­ compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e as previstas no TCE. 
§ 1º O estágio, como ato educativo supervisionado, deverá ser acompanhado efetivamente pelo
professor  orientador  da  instituição  de  ensino  e  por  um  supervisor  da  parte  da  concedente,
comprovado  por  vistos  nos  relatórios  de  que  trata  o  inciso  VIII  do  art.  9º  desta  Orientação
Normativa e por menção de aprovação final. 
§ 2º Juntamente com os relatórios exigidos no parágrafo anterior, o órgão ou entidade de que trata
o  art.  1º  desta  Orientação  Normativa  encaminhará  à  instituição  de  ensino  o  certificado  de
estágio. 
 
52. Na dicção do art. 16 da Lei nº 11.788/08, o termo de compromisso deverá ser firmado pelo estagiário
ou  com  seu  representante  ou  assistente  legal  e  pelos  representantes  legais  da  unidade  concedente  e  da  Instituição  de
Ensino,  vedada  a  atuação  dos  agentes  de  integração  a  que  se  refere  o  art.  5º  dessa  lei  como  representante  de
qualquer das partes.
53.  Nos  termos  do  art.  19  da  Orientação  Normativa  nº  2/2016  –  SEGEP/MPOG,  são  requisitos
indispensáveis ao termo de compromisso de estágio:
 
Art. 19. A realização do estágio não acarretará vínculo empregatício de qualquer natureza e dar­
se­á  mediante  Termo  de  Compromisso  de  Estágio  celebrado  entre  o  estudante  ou  com  seu
representante ou assistente legal, quando for o caso, e o órgão ou entidade, com a interveniência
obrigatória da instituição de ensino, no qual deverá constar: 
I ­ identificação do estagiário, do curso e seu nível acadêmico; 
II ­ qualificação e assinatura dos contratantes ou convenentes; 
III  ­  indicação  expressa  de  que  o  Termo  de  Compromisso  de  Estágio  decorre  de  contrato  ou
convênio; 
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IV ­ menção de que o estágio não acarretará qualquer vínculo empregatício; 
V ­ valor da bolsa­estágio, quando houver; 
VI ­ vedação expressa à possibilidade de qualquer espécie de cobrança ou desconto pelo agente
de integração na bolsa estágio; 
VII ­ a carga horária semanal compatível com o horário escolar; 
VIII ­ duração do estágio, obedecido o período mínimo de um semestre; 
IX ­ obrigação de apresentar relatórios semestrais e finais ao dirigente da unidade onde se realiza
o estágio, sobre o desenvolvimento das tarefas que lhes foram cometidas; 
X ­ assinatura do estagiário, do responsável pelo órgão ou entidade e da instituição de ensino; 
XI ­ assinatura do representante ou assistente legal do estagiário, quando houver; 
XII ­ condições de desligamento do estágio; 
XIII ­ menção do contrato a que se vincula o estudante, e do convênio ao qual se vincula a parte
concedente e a instituição de ensino; 
XIV  ­  indicação  nominal  do  professor  orientador  da  área  objeto  de  desenvolvimento,  a  quem
caberá avaliar o desempenho do estudante no estágio; e 
XV ­ indicação de que o estudante somente terá a carga horária do estágio reduzida pelo menos à
metade nos dias de verificações periódicas ou finais, condicionada à apresentação de declaração
emitida pela instituição de ensino. 
 
54.  O  estagiário,  na  forma  do  art.  12  da  referida  Lei  nº  11.788/08,  poderá  receber  bolsa  ou  outra
forma de contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio­
transporte,  na  hipótese  de  estágio  não  obrigatório.  Ressalta­se,  por  oportuno,  que,  de  acordo  com  o  art.  3º  da
mencionada  Orientação  Normativa  nº  2/2016  –  SEGEP/MPOG,  o estágio obrigatório  será  realizado  sem  ônus  para  os
órgãos e entidades da Administração Pública Federal:
 
Art.  3º  ­  O  estágio  obrigatório  será  realizado  sem  ônus  para  os  órgãos  e  entidades  da
Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional.
 
55.  No  caso  de  estágio  não  obrigatório,  deverá  haver  a  concessão  de  contraprestação  e  de  auxílio­
transporte. Dessa forma, sugere­se que tal dispositivo conste de forma clara na minuta de convênio.
56.  Outra  questão  importante  diz  respeito  à  contratação  de  seguro  contra  acidentes  pessoais.  Sobre  o
tema, a Lei nº 11.788/08 determina que:
 
Art. 9º  As pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública direta,
autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em
seus respectivos conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio, observadas as
seguintes obrigações: 
I – celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e o educando, zelando por seu
cumprimento; 
II  –  ofertar  instalações  que  tenham  condições  de  proporcionar  ao  educando  atividades  de
aprendizagem social, profissional e cultural; 
III – indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional na
área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar até 10
(dez) estagiários simultaneamente; 
IV  –  contratar  em  favor  do  estagiário  seguro  contra  acidentes  pessoais,  cuja  apólice  seja
compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de compromisso; 
V  –  por  ocasião  do  desligamento  do  estagiário,  entregar  termo  de  realização  do  estágio  com
indicação resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e da avaliação de desempenho; 
VI – manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a relação de estágio; 
VII  –  enviar  à  instituição  de  ensino,  com  periodicidade  mínima  de  6  (seis)  meses,  relatório  de
atividades, com vista obrigatória ao estagiário. 
Parágrafo único.  No caso de estágio obrigatório, a responsabilidade pela contratação do seguro
de  que  trata  o  inciso  IV  do  caput  deste  artigo  poderá,  alternativamente,  ser  assumida  pela
instituição de ensino. 
 

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57.  Portanto,  apenas  nos  casos  de  estágio  obrigatório  poderá  o  IFRS  assumir  a  responsabilidade
pela contratação de seguro para os estagiários, razão pela qual a minuta deve ser readequada.
58. Por outro lado, é assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou superior
a um ano, período de recesso de trinta dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares. Quanto
ao tema, a multicitada ON nº 02/2016 ­ SEGEP/MPOG assim prevê
 
Art. 15. Na vigência dos contratos de estágio  obrigatório  e  não  obrigatório  é  assegurado  ao
estagiário  período  de  recesso  proporcional  ao  semestre  efetivamente  estagiado,  a  ser  usufruído
preferencialmente nas férias escolares, observada a seguinte proporção:
I ­ um semestre, 15 dias consecutivos; 
II ­ dois semestres, 30 dias;
III ­ três semestres, 45 dias; e 
IV ­ quatro semestres, 60 dias. 
§ 1º Os períodos de recesso deverão ser usufruídos durante a vigência do TCE e aqueles de que
tratam os incisos II a IV do caput deste artigo poderão ser parcelados em até três etapas, a critério
do supervisor do estágio. 
§ 2º Os períodos de recesso do estagiário que perceba bolsa estágio serão remunerados. 
§ 3º Na hipótese dos desligamentos de que tratam os incisos I a VII do art. 16, o estagiário que
receber bolsa­estágio e não houver usufruído do recesso remunerado, proporcional ou integral,
durante a vigência do contrato celebrado, fará jus ao seu recebimento em pecúnia. 
 
59.  Dessa  forma,  na  hipótese  de  desligamento,  o  estagiário  que  receber  bolsa­estágio  e  não  houver
usufruído do recesso remunerado, proporcional ou integral, durante a vigência do contrato celebrado, terá direito ao seu
recebimento em pecúnia. 
60.  Não  se  pode  esquecer  que,  ao  dispor  sobre  a  carga  horária  do  estagiário,  a  ON  nº  2/2016  –
SEGEP/MPOG, em seu art. 12, permite a sua redução, pela metade, nos períodos de avaliação de aprendizagem, bem
como a compensação de falta justificada, limitada a 1 (uma) hora por jornada:
 
Art. 12. A carga horária do estágio será de quatro horas diárias e vinte semanais ou de seis horas
diárias e trinta semanais, observado o disposto no art. 10, I, da Lei nº 11.788, de 2008, bem como
o horário de funcionamento do órgão ou entidade, desde que compatível com o horário escolar,
devendo ser cumprida no local indicado pelo órgão ou entidade. 
§ 1º A carga horária do estágio dos níveis médio e superior poderá ser inferior àquela estabelecida
no art. 10, II, da Lei nº 11.788, de 2008, com percepção proporcional do valor da bolsa estágio. 
§ 2º O disposto no parágrafo anterior ocorrerá no interesse do órgão ou entidade e atenderá os
requisitos previstos no art. 4º desta Orientação Normativa. 
§  3º  É  vedada  a  realização  de  carga  horária  diária  superior  à  prevista  no  caput  deste  artigo,
ressalvada a compensação de falta justificada, limitada a 1 (uma) hora por jornada.
§ 4º Na hipótese de falta justificada, o estagiário poderá compensar o horário não estagiado até o
mês subsequente ao da ocorrência da falta, quando autorizado pelo supervisor do estágio. 
§  5º  Poderá  o  supervisor  do  estágio,  com  base  na  razoabilidade  e  no  interesse  público,  definir
outras hipóteses em que a falta será considerada justificada, sem a necessidade de compensação
ou de descontos na bolsa estágio. 
§  6º  Para  fins  dessa  Orientação  Normativa  será  considerada  falta  justificada,  em  que  não  se
exigirá compensação, aquelas decorrentes de tratamento da própria saúde, com apresentação de
atestado médico. 
§ 7º A carga horária dos estudantes do ensino especial e dos últimos anos do ensino fundamental,
na modalidade profissional de jovens e adultos, não poderá ultrapassar 4 (quatro) horas diárias e
20 (vinte) semanais. 
§ 8º Fica assegurada ao estagiário a carga horária reduzida pela metade, nos períodos de avaliação
de aprendizagem, conforme estipulado no TCE e mediante declaração da Instituição de Ensino. 
 
61.  No  que  tange  às  hipóteses  de  extinção  do  estágio,  cumpre  destacar  que  aquele  possui  duração
preestabelecida  no  Termo  de  Compromisso  de  Estágio,  observando  o  limite  da  lei,  de  forma  que  finalizada  a  sua
vigência,  extingue­se  a  relação  entre  as  partes,  sem  qualquer  ônus  financeiro,  pois  as  limitações  e  os  encargos  da
legislação do trabalho não são aplicáveis na relação de estágio.

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62. Assim, mesmo sendo silente a Lei nº 11.788/2008 quanto a esse tema, há hipóteses que autorizam o
término  do  estágio  antes  do  prazo  previsto,  tais  como:  não  cumprimento  das  obrigações  pela  parte  concedente  ou  pela
instituição de ensino ou pelo estagiário; morte da parte concedente, pessoa física; extinção da parte concedente; morte
ou incapacidade do estagiário; vontade do estagiário; vontade da parte concedente; perda da condição de aluno do curso
que dava suporte ao estágio, entre outras. A própria Orientação Normativa nº 2/2016 – SEGEP/MPOG, em seu art. 16,
estabelece em quais hipóteses o estudante será desligado do estágio:
 
Art. 16. O estudante será desligado do estágio nas seguintes hipóteses: 
I ­ automaticamente, ao término do estágio; 
II ­ a pedido; 
III  ­  decorrida  a  terça  parte  do  tempo  previsto  para  a  duração  do  estágio,  se  comprovada  a
insuficiência na avaliação de desempenho no órgão, na entidade ou na instituição de ensino; 
IV ­ a qualquer tempo, no interesse da Administração; 
V  ­  em  decorrência  do  descumprimento  de  qualquer  obrigação  assumida  no  Termo  de
Compromisso de Estágio ­ TCE; 
VI ­ pelo não comparecimento, sem motivo justificado, por mais de cinco dias consecutivos ou
não, no período de um mês, ou 30 (trinta) dias durante todo o período de estágio; 
VII ­ pela interrupção do curso na instituição de ensino a que pertença o estagiário; e 
VIII ­ por conduta incompatível com a exigida pela Administração.
 
63. Registra­se que, conforme artigo 3º da Lei do Estágio e o art. 19 da Orientação Normativa nº 2/2016
– SEGEP/MPOG, o estágio não caracteriza vínculo de emprego, desde que sejam observados os requisitos legais para
a sua concessão e manutenção, não sendo devidos encargos sociais trabalhistas e previdenciários. Todos os benefícios
recebidos pelo estagiário relacionados a transporte, alimentação e saúde, não caracterizam vínculo de emprego.
Quanto  a  esse  aspecto,  constata­se  que  há  expressa  previsão  na  minuta  de  convênio  apresentada  à  análise  desta
Procuradoria.
64. De todo o modo, é de suma importância que sejam respeitados todos os ditames legais, visto que a
parte  concedente  que  reincidir  na  irregularidade  de  manutenção  de  estagiários  em  desconformidade  com  a  lei,  ficará
impedida de receber estagiários por dois anos, conforme previsto na Lei nº11.788/08:
 
Art. 15.  A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei caracteriza vínculo de
emprego  do  educando  com  a  parte  concedente  do  estágio  para  todos  os  fins  da  legislação
trabalhista e previdenciária. 
§ 1º  A instituição privada ou pública que reincidir na irregularidade de que trata este artigo
ficará  impedida  de  receber  estagiários  por  2  (dois)  anos,  contados  da  data  da  decisão
definitiva do processo administrativo correspondente. 
§  2º    A  penalidade  de  que  trata  o  §  1º  deste  artigo  limita­se  à  filial  ou  agência  em  que  for
cometida a irregularidade. 
 
65. Nesse sentido, convém mencionar os limites estabelecidos na Lei nº 11.788/08 para o oferecimento
de vagas pela concedente:
 
Art.  17.    O  número  máximo  de  estagiários  em  relação  ao  quadro  de  pessoal  das  entidades
concedentes de estágio deverá atender às seguintes proporções:
I – de 1 (um) a 5 (cinco) empregados: 1 (um) estagiário;
II – de 6 (seis) a 10 (dez) empregados: até 2 (dois) estagiários; 
III – de 11 (onze) a 25 (vinte e cinco) empregados: até 5 (cinco) estagiários; 
IV – acima de 25 (vinte e cinco) empregados: até 20% (vinte por cento) de estagiários. 
§  1º.  Para  efeito  desta  Lei,  considera­se  quadro  de  pessoal  o  conjunto  de  trabalhadores
empregados existentes no estabelecimento do estágio. 
§  2º.  Na  hipótese  de  a  parte  concedente  contar  com  várias  filiais  ou  estabelecimentos,  os
quantitativos previstos nos incisos deste artigo serão aplicados a cada um deles. 
§  3º.  Quando  o  cálculo  do  percentual  disposto  no  inciso  IV  do  caput  deste  artigo  resultar  em
fração, poderá ser arredondado para o número inteiro imediatamente  superior. 
§  4º.  Não  se  aplica  o  disposto  no  caput  deste  artigo  aos  estágios  de  nível  superior  e  de  nível
médio profissional. 

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§ 5º. Fica assegurado às pessoas portadoras de deficiência o percentual de 10% (dez por cento)
das vagas oferecidas pela parte concedente do estágio. 
 
66.  Sugere­se,  portanto,  que  conste  na  minuta  de  convênio,  dispositivo  expresso  quanto  ao
cumprimento desse dispositivo legal.
67.  No  que  concerne  às  obrigações  das  unidades  concedentes  de  estágio,  estão  previstas  no  art.  9º  da
referida Lei nº 11.788/08, reforçando a responsabilidade das empresas, das escolas, dos agentes de integração e dos
estudantes,  para  que  o  estágio  seja,  efetivamente,  um  ato  educativo,  pois  é  inegável  que  a  prática  do  estágio  é
oportunidade para os estudantes vivenciarem no dia­a­dia de uma organização os desafios do mercado de trabalho
e aplicarem os conhecimentos adquiridos em sala de aula, contribuindo para a formação profissional do jovem, de
modo que o estágio seja de fato a ferramenta capaz de contribuir para que o estudante possa complementar seu
aprendizado, decidir sobre sua atuação futura e conhecer a dinâmica das empresas, tornando­se um profissional
competente.
68. Por outro lado, quanto ao estágio obrigatório, cujo conceito legal consta do item 49, acima, é aquele
definido  no  projeto  pedagógico  do  curso,  cuja  carga  horária  constitui  requisito  para  aprovação  e  obtenção  do  diploma,
enquanto que o estágio não obrigatório é o desenvolvido como atividade opcional do estudante, acrescida à carga horária
regular  e  obrigatória.  Deve,  por  isso,  constar  do  projeto  pedagógico  do  curso.  Nesse  sentido,  determina  o  art.  2º  da
Orientação Normativa nº 2/2016 – SEGEP/MPOG:
 
Art.  2º  ­  O  estágio  poderá  ser  obrigatório  ou  não  obrigatório,  conforme  determinação  das
diretrizes  curriculares  da  etapa,  da  modalidade,  da  área  de  ensino  e  do  projeto  pedagógico  do
curso em que o aluno se encontre matriculado.
§ 1º Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é
requisito para aprovação e obtenção de diploma.
§ 2º Estágio não obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga
horária regular e obrigatória do curso.
 
69.  Nas  hipóteses  de  estágio  obrigatório,  convém  instruir  o  processo  administrativo  com  a  informação
indicado no art. 2º, § 1º, acima transcrito.
70.  Quanto  à  cláusula  do  foro,  mostra­se  acertada  a  disposição  que  elege  o  Foro  da  Justiça  Federal,
Subseção Judiciária de Bento Gonçalves­RS, para dirimir as questões oriundas do convênio, em atenção ao disposto no
art. 55, § 2º, c/c 116, ambos da Lei nº 8.666/1993, haja vista declarar competente o foro da sede da Administração para
dirimir qualquer questão decorrente do convênio.
71. Todavia, quando se tratar de ajuste envolvendo órgãos da Administração Pública Federal, deverá
ser adotada como instância para resolução de conflitos a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração
Pública Federal (CCAAF), observando­se o disposto no inciso III do art. 18 do Anexo I do Decreto nº 7.392/2010:
 
Art. 18.  À Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal compete:
I ­ avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no
âmbito da Advocacia­Geral da União;
II ­ requisitar aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal informações para subsidiar
sua atuação;
III  ­  dirimir,  por  meio  de  conciliação,  as  controvérsias  entre  órgãos  e  entidades  da
Administração  Pública  Federal,  bem  como  entre  esses  e  a  Administração  Pública  dos
Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios;
(...)
 
72.  Outro  aspecto  relevante  diz  respeito  à  habilitação  da  concedente  do  estágio,  merecendo
transcrição  o  seguinte  entendimento  da  Equipe  de  Consultoria  da  Revista  Zênite  (PERGUNTAS  E  RESPOSTAS  –
810/151/SET/2006):
 
[...] Ainda que se trate de convênio de cooperação técnica não envolvendo repasse de recursos
financeiros,  quando  a  Administração  Pública  se  conveniar  com  particular,  faz­se  necessário
que  ele  demonstre  idoneidade  e  capacidade  para  atuar  em  conjunto  com  o  Poder  Público  e
executar  o  plano  de  trabalho.  Os  princípios  da  moralidade,  da  razoabilidade  e  da  isonomia
determinam  que  a  Administração  assim  proceda.  Ademais,  o  art.  116  da  Lei  nº  8.666/93,  ao

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dispor  que  se  aplicam  aos  convênios  as  disposições  desse  diploma  que  forem  compatíveis,
fornece amparo legal à solicitação de documentos habilitatórios dos convenentes.
A  finalidade  básica  da  habilitação  é  permitir  à  Administração  aferir  se  a  pessoa  reúne  as
condições mínimas exigidas para com ela firmar ajuste. Considerando que se trata de uma análise
que  recai  sobre  a  pessoa  com  vistas  a  constatar  se  tem  condições  jurídicas,  fiscais,  técnicas  e
econômico­financeiras indispensáveis à execução do ajuste (art. 27 da Lei nº 8.666/93), pode­se
concluir que terá cabimento também nos convênios celebrados pelo Poder Público.
Desse modo, mesmo nos convênios de cooperação técnica que não envolvam a transferência de
recursos será necessário avaliar a regularidade fiscal do pretenso parceiro. (grifos nossos)
 
73.  De  fato,  conforme  mencionado  no  item  42  deste  Parecer,  a  Lei  nº  8.666/93,  em  seu  art.  116
estabelece que suas disposições aplicam­se, no que couber, aos convênios. Nesse sentido, recomenda­se à autoridade
assessorada verificar o cumprimento do art. 27 da Lei Federal nº 8.666/1993, antes de proceder à pretendida celebração
do Convênio em comento:
 
Art.  27.    Para  a  habilitação  nas  licitações  exigir­se­á  dos  interessados,  exclusivamente,
documentação relativa a:
I ­ habilitação jurídica;
II ­ qualificação técnica;
III ­ qualificação econômico­financeira;
IV ­ regularidade fiscal.
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.
 
74.  Com  relação  aos  requisitos  de  qualificação­técnica  e  de  qualificação  econômico­financeira
recomenda­se à Autoridade aplicar o que determina a Lei Federal nº 8.666/1993 no que couber e for compatível com a
natureza  jurídica  da  entidade  concedente.  Caso  deixe  de  exigir  algum  requisito  imposto  pela  Lei,  proceda  à  devida
motivação, como forma de se salvaguardar em caso de questionamento pelos órgãos de controle externo e interno. Por
se tratar de questão de ordem técnica, sobre a qual este órgão jurídico não detém nem conhecimento nem competência
para opinar, sendo de responsabilidade da autoridade.
75.  Especificamente  quanto  à  regularidade  fiscal,  nos  termos  do  art.  55,  inc.  XIII,  da  Lei  n.  8.666,  de
1993, bem como em relação à regularidade trabalhista, exigida pela Lei n. 12.440, de 2011, além das demais consultas
análogas, em vista do disposto no art. 6º, III, da Lei nº 10.522, de 2002, e conforme recomendação do TCU constante do
acórdão nº 1.793/2011­P, impõe­se a consulta prévia ao CADIN, SICAF, CEIS e ao cadastro nacional de condenações
cíveis  por  atos  de  improbidade  administrativa  mantido  pelo  Conselho  Nacional  de  Justiça.  Tais  consultas,  além  do
amparo  legal,  tem  como  objetivo  permitir  que  os  alunos  do  IFRS  façam  estágios  em  sociedades  empresárias  ou
instituições que primam pela responsabilidade social, fiscal e trabalhista.
76. No caso em apreço não há qualquer documento nos autos, devendo ser providenciado o saneamento
pela Administração.
77.  Por  fim,  recomenda­se,  também  em  atenção  ao  contido  no  art.  116  da  Lei  nº  8.666/1993,  a
publicação resumida do extrato do Convênio, no prazo indicado no art. 61, § único dessa mesma lei.
 
CONCLUSÃO
 
78.  Ante  o  exposto,  uma  vez  atendidas  as  recomendações  apontadas  neste  Parecer  Referencial,  e
resguardados  o  juízo  de  conveniência  e  oportunidade  do  Administrador,  nos  limites  da  Lei,  e  as  valorações  de  cunho
econômico­financeiro,  ressalvadas,  ainda,  as  questões  de  ordem  fática  e  técnica,  ínsitas  à  esfera  administrativa,
essenciais até mesmo para a devida atuação dos órgãos de controle, o procedimento estará apto para a produção de seus
regulares efeitos.
79.  Os  processos  deverão  ser  devidamente  autuados  e  instruídos  com  documentação  que  explicite  a
análise  do  interesse  da  Administração  na  formalização  da  parceria  para  fins  de  concessão  de  estágio  ao  estudante  do
IFRS. Recomenda­se que essa análise contemple não só os aspectos acadêmicos ante as características do estágio a ser
realizado,  mas  também  a  adequação  do  estágio  com  as  características  da  entidade  concedente  do  estágio,  de  modo  a
efetivamente propiciar um melhor aprendizado ao estudante do IFRS.
80.  Deve  a  abertura  do  processo,  em  cada  caso,  subordinar­se  ao  atendimento  das  orientações
constantes deste parecer, sem prejuízo da necessidade de observância dos princípios e normas aplicáveis, além de todas
as cautelas de praxe.

https://sapiens.agu.gov.br/documento/11607611 13/15
29/09/2016 https://sapiens.agu.gov.br/documento/11607611

81. Sendo referencial  o  presente  parecer,  os  processos  que  guardarem  relação  inequívoca  e  direta
com  a  abordagem  aqui  realizada  poderão,  doravante,  dispensar  análise  individualizada,  desde  que  o  setor
competente  ateste,  de  forma  expressa,  que  a  situação  concreta  se  amolda  aos  termos  desta
manifestação, conforme modelo anexo.
82. Não sendo o caso, a persistência de dúvida de cunho jurídico deverá resultar na remessa do processo
administrativo  a  esta  PF/IFRS  para  exame  individualizado,  mediante  formulação  dos  questionamentos  jurídicos
específicos, nos moldes da Portaria PGF nº 526/2013.
83. Restitua­se ao Magnífico Reitor Substituto do IFRS.
Bento Gonçalves, 28 de setembro de 2016.
 
ALBERT CARAVACA
PROCURADOR FEDERAL
PROCURADOR­CHEFE DA PROCURADORIA FEDERAL JUNTO AO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL
 

Atenção,  a  consulta  ao  processo  eletrônico  está  disponível  em  http://sapiens.agu.gov.br  mediante  o
fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 23360000613201629 e da chave de acesso 3577315b
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO
 
ATESTADO DE CONFORMIDADE DO PROCESSO
COM MANIFESTAÇÃO JURÍDICA REFERENCIAL
 
Processo: ________________________________________________________________
 
Referência/objeto: ________________________________________________________
 
Atesto  que  o  presente  processo,  referindo­se  à  celebração  de  convênio  para  concessão  de  estágio,  nos
termos  da  Lei  nº  11.788/2008,  amolda­se  à  manifestação  jurídica  referencial  correspondente  ao  PARECER
REFERENCIAL  Nº  001/2016/PF/IFRS/PFIFRIO  GRANDE  DO  SUL/PGF/AGU,  cujas  recomendações  restam
atendidas no caso concreto.
 

https://sapiens.agu.gov.br/documento/11607611 14/15
29/09/2016 https://sapiens.agu.gov.br/documento/11607611

Fica, assim, dispensada a remessa dos autos para exame individualizado pela Procuradoria Federal junto
ao IFRS, conforme autorizado pela Orientação Normativa nº 55, da Advocacia­Geral da União.
 
 
__________________, _____ de _____________________ de 20___
 
 
 
_____________________________________________
Identificação e assinatura

https://sapiens.agu.gov.br/documento/11607611 15/15

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