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PREFÁCIO

Com o objetivo de levar aos amantes da avicultura o conhecimento


necessário relacionado ao manejo, sanidade, melhoramento genético,
instalação, higiene e alimentação das galinhas caipiras o blog
criargalinha.com.br vem publicar este manual e espera que o mesmo
possa ser fonte de informação aos produtores rurais que buscam novas
técnicas para o desenvolvimento das atividades desempenhadas em suas
propriedades.

Depois de um longo período de estudos e pesquisas na busca de uma


forma eficiente e lucrativa que fosse capaz de auxiliar o avicultor familiar a
desenvolver mecanismos de manejo para tornar a sua criação de galinhas
uma atividade rentável, chegamos à conclusão de que é possível transformar
a avicultura tradicional (fundo de quintal) em uma criação moderna, integrada
e que possa fixar o homem no campo de forma justa e sustentável.

Os avicultores, agindo de forma independente ou através da formação


de associações de produtores rurais, poderão encontrar neste manual as
informações que lhes faltam para tornar o processo de criação de galinhas
uma atividade ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente
viável.

Dessa forma, eu espero que todos os avicultores possam absorver este


conhecimento e aplicá-los em suas propriedades e certamente os resultados
positivos virão, e com eles a transformação da qualidade de vida do avicultor
e de suas famílias.

Desejamos a todos uma ótima leitura e colocamo-nos à sua disposição


para os esclarecimentos que se façam necessários.

Um forte abraço!

Valdir Rocha – Diretor Geral

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SUMÁRIO

01 – Introdução Página 02

02 – Objetivos da Criação Página 02

03 – Raças e Linhagens Página 04

04 – Melhoramento Genético Página 13

05 – Processo de Reprodução Página 14

06 – Habitação Página 21

07 – Sistema de Produção Página 26

08 – Alimentação das Aves Página 27

09 – Cuidados Sanitários Página 29

10 – Fases da Criação Página 31

11 – Planejamento da Produção Página 32

12 – Manejo de Criação Página 33

13 – Abate Página 35

14 – Mercado Página 39

15 – Saiba Mais Página 39

16 – Referências Bibliográficas Página 40

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1 - INTRODUÇÃO

Em todo território nacional, a criação de galinhas se tornou uma prática


extremamente comum. Até nas grandes cidades, ainda que de forma inadequada, os
criadores têm encontrado meios para instalar uma pequena criação para satisfazer suas
necessidades na busca por alimento (carne e ovos) ou simplesmente por hobby. Criar
galinhas é uma atividade muito prazerosa. Porém, é muito importante que quem a pratica
conheça os processos de manejo adequados para que consiga melhores resultados.

As galinhas caipiras tem se mostrado uma fonte inevitável de proteína animal, com
excelente sabor e enormes qualidades nutricionais. E já é uma tendência do mercado
brasileiro procurar por uma carne diferenciada que satisfaça o desejo das donas de casa
e dos grandes restaurantes. E para que a sua carne se torne presente nas mesas dos
brasileiros, devemos estabelecer algumas práticas de manejo em sua criação que sejam
implementadas pelos avicultores para que o processo de criação transcorra de forma
equilibrada, sistemática e rentável.

Embora a criação de aves caipira já faça parte da cultura dos pequenos produtores,
a prática dessa atividade não tem dado aos produtores rurais o retorno financeiro
necessário para que os mesmos consigam cobrir os gastos com a produção e obviamente
auferir algum lucro. Porém, se o conhecimento que colocamos neste manual for
devidamente aplicado nas pequenas propriedades, temos plena certeza de que podemos
solucionar esse problema e tornar essa atividade em uma excelente fonte de renda para o
pequeno produtor.

As aplicações corretas das técnicas de manejo possibilitam aos avicultores


desempenhar o serviço necessário em pouco espaço de tempo e, com isso, atender as
necessidades das aves sem que atrapalhe o desenvolvimento das outras tarefas habituais
na propriedade.

Foi pensando no desenvolvimento da agricultura familiar e conhecendo o potencial


de produção diversificada desses produtores que desenvolvemos esse material, que de
modo bem simples e eficaz poderá contribuir com os avicultores em seus projetos de
criações de aves caipiras.

2 – OBJETIVOS DA CRIAÇÃO

Geralmente, no Brasil, os produtores rurais criam uma variedade muito grande de


aves domésticas. Entre elas: marrecos, gansos, patos, perus, codornas, etc.

Para escolher os animais adequados para criação o produtor deve, antes de tudo,
saber qual o objetivo de sua atividade: criação para postura, criação para produção de
carne, criação mista (carne e ovos) ou ainda, criação de aves ornamentais.

Neste trabalho destacamos a criação de galinhas com objetivo de produção de


carne como sendo a atividade principal, em função do maior número de criadores destas

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aves. Porém, as informações contidas neste manual podem ser aplicadas nos outros
seguimentos de criação em virtude da sua similaridade.

2.1 – Produção de Carnes

A avicultura brasileira é o setor da cadeia produtiva que vem se destacando de


forma excepcional. Os resultados alcançados nos últimos anos colocaram o Brasil em
posição de destaque no mercado internacional. Atualmente, estamos em terceiro lugar em
produção de aves e em primeiro lugar como exportador de carne de frango do mundo.

Esses números referem-se, particularmente, a produção de frangos comerciais,


não havendo no Brasil uma exploração significativa da produção de criação de galinhas
caipiras. E é exatamente para preencher essa lacuna, que esse nicho de mercado está
sendo desenvolvido e com isso, transformando a vida do homem no interior do Brasil.

Produzir carne de frango caipira tem se mostrado uma atividade bastante rentável
e que tem merecido destaque em função da importância social que ela desempenha. A
avicultura familiar tem sido beneficiada nesse processo devido os grandes produtores
ainda não terem demonstrado interesse comercial por esse produto. A exploração deste
setor não chega a 3% do consumo interno de frango industrial.

2.2 – Produção de Ovos

Com a produção de ovos não é diferente, a demanda está bem aquecida e a oferta
não vem acompanhado na mesma proporção. Existe um mercado consumidor que busca
um produto diferenciado e que está disposto a pagar um preço acima do valor dos
produtos convencionais.

Diante deste cenário, o produtor rural tem uma possibilidade real de desenvolver
um projeto que possa atender a demanda de sua região e, se for o caso, expandir a
produção para alcançar os consumidores das cidades vizinhas.

2.3 - Raças e Linhagens

No mundo, existem aproximadamente 300 raças de galinhas consideradas


domésticas (gallus gallus domesticus). Esse número pode ser dividido em três grandes
grupos de aves: aves de raça pura, aves locais e aves híbridas, resultado de cruzamento
entre as raças. Cabe ao produtor fazer a escolha das raças que mais adéquam às
particularidades do seu projeto de criação.
As características das raças escolhidas devem ser muito bem observadas na hora
de fazer uma seleção de plantel, pois disso depende o resultado da produção seja ela:
carne, ovos, carne e ovos ou aves ornamentais.
As galinhas de raça pura selecionadas para produção de carne são aquelas que
apresentam um bom ganho de preso, tem melhor conversão alimentar, alta rusticidade e
que possuem um tamanho avantajado.
As aves selecionadas para postura, obviamente, devem oferecer uma produção de
ovos adequada e uma incidência menor ao choco.
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Dentre as características das aves, também existem aquelas que apresentam
dupla aptidão, ou seja, produzem uma quantidade boa de ovos e ao final do período de
postura estão com um peso relativamente bom para o abate.
As linhagens híbridas são originadas dos cruzamentos entre as raças e com isso
possuem excelentes taxas de conversão alimentar, grande produção de ovos, uma boa
conformação de carcaça e um rápido ganho de peso.
As espécies ornamentais encantam os criadores com suas plumagens exóticas,
tamanhos reduzidos e uma beleza extraordinária.

2.4 – Raças Puras

Para os interessados em selecionar um plantel de aves de raça pura de dupla


aptidão para produção de matrizes e melhoramento genético. Segue abaixo algumas
raças amplamente usadas nos projetos de avicultura no Brasil.

2.4.1 – Australorp

É uma abreviatura para Australian Black Orpington –


Desenvolvida na Austrália sob a justificativa de que é uma
Orpington melhorada tanto para ovos como para carne, com pele
branca. Quando adultos, os machos pesam em média 3,859 kg e
as fêmeas 2,951 kg. As galinhas produzem em média 200 ovos
de casca marrom, que pesam em média 55g. (EMBRAPA, 2003)

2.4.2 – Brahma

É uma raça originária da China para os propósitos de


ornamentação e corte, embora grande parte de seu
desenvolvimento tenha se dado nos Estados Unidos.
Apresenta crista ervilha, admitida nas variedades clara, escura
e amarelada com empenamento que cobre toda perna e pé. A
pele é de cor amarela. São aves belíssimas e majestosas. O
grande porte e o aspecto elegante, combinados com os
padrões complexos de cores as tornam favoritas para se criar no campo. São aves
pesadas. Quando adultos, os machos pesam em média 5,448 kg e as fêmeas 4,313 kg.
As galinhas produzem em média 140 ovos de casca marrom, que pesam em média 55g.
(EMBRAPA, 2003)

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2.4.3 – Cochin

Originária da China, essas aves são ornamentais por


excelência, com grande habilidade para chocar, sendo
frequentemente utilizada como chocadeira para outras aves
ornamentais. Apresenta crista serra e empenamento que cobre
a perna e o pé. Apresentam pele amarela e ovos de casca
marrom. Existem nas variedades branca, preta, amarela,
marrom, barrada e salpicada. Quando adultos, os machos
pesam em média 4,994 kg e as fêmeas 3,859 kg. As galinhas
produzem em média 120 ovos de casca marrom, que pesam
em média 53g. (EMBRAPA, 2003)

2.4.4 – Gigante Negra de Jersey

Foi desenvolvida em New Jersey por volta de 1800, quando


havia grande demanda por raças de galinhas pesadas para
produção de frangos capões para o mercado de Nova Iorque.
Existem as variedades: preta e branca exploradas para carne.
São aves de crista serra e de grande porte. A pele é de cor
amarela e os ovos são de casca marrom. A carne tende a
apresentar-se com pigmentos escuros em função dos
pigmentos escuros das pernas, que avança até a porção
comestível. Quando adultos, os machos pesam em média 5,902 kg e as fêmeas 4,540 kg.
As galinhas produzem em média 180 ovos no primeiro ciclo de postura, que pesam em
média 60g. (EMBRAPA, 2003)

2.4.5 – Índio Gigante

É uma raça que foi desenvolvida no Brasil, no interior dos


estados de Goiás e Minas Gerais, a partir de 1920. No
decorrer da década de 70 foi cruzada com outras raças,
entre elas a Shamo e o Malayo. O resultado é uma ave
com alta rusticidade, excelente ganho de peso, que se
adapta bem a todas as regiões do Brasil, que possui uma
conversão alimentar satisfatória e um sabor extraordinário.
Os machos quando adulto podem chegar a uma
envergadura de aproximadamente 1,10mts e as fêmeas em torno de 0,90cm. A idade de
abate fica em torno de 120 dias. Os machos podem alcançar mais de 7 kg de peso
quando adultos e as fêmeas 3,5 kg.
É uma ave que tem conquistado uma popularidade muito grande entre os
produtores de aves caipiras, para a função de melhoramento genético em suas
propriedades.

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2.4.6 – Minorca

É uma raça de origem mediterrânea de crista serra


admitida nas variedades preta, branca e amarela e de
crista rosa nas variedades preta e branca. É a mais
pesada das raças leves e produz ovos de casca branca de
tamanho extragrande. Quando adultos, os machos pesam
em média 4,086 kg e as fêmeas 3,405 kg. As galinhas
produzem em média 170 ovos que pesam em média 60g.
(EMBRAPA, 2003)

2.4.7 – New Hampshire

É uma raça americana de pele amarela, e ovos de casca


marrom. Apresenta cor vermelho claro e crista serra. Por
muitos anos foi utilizada para a produção de frangos de
corte. Mais tarde passou a ser utilizada para cruzamentos
com outras raças de corte na produção de frangos.
Atualmente apenas poucos criadores se dedicam à
comercialização desta raça. Esta raça foi utilizada em
muitos cruzamentos que formam os atuais híbridos de corte,
principalmente em função da habilidade de produção de grande quantidade de ovos com
alta eclosão. A presença de uma mancha branca ou clara na asa dos pintos machos e
sua correspondente ausência nos pintos fêmeas, favorecem a identificação dos machos e
fêmeas com um dia de idade, conseguindo-se um índice de acerto de 80-90%. Quando
adultos, os machos pesam em média 3,632 kg e as fêmeas 2,951 kg. As galinhas
produzem em média 220 ovos no primeiro ciclo de postura, que pesam em média 55g.
(EMBRAPA, 2003)

2.4.8 – Orpington

Raça desenvolvida na Inglaterra nos anos 1880. Apresenta


dupla finalidade (carne e ovos). Existe nas variedades preta,
branca, amarela e azul. Apresentam crista serra, pele branca e
ovos de casca marrom. Quando adultos, os machos pesam em
média 4,540 kg e as fêmeas 3,632 kg. As galinhas produzem
em média 160 ovos de casca marrom, que pesam em média
55g. (EMBRAPA, 2003)

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2.4.9 – Plymouth Rock

É uma raça americana de pele amarela, crista serra e ovos de


casca marrom. Admite-se na Associação Americana de Aves,
as variedades Barrada, Branca, Amarela, Prata Pincelado,
Perdiz, Columbia e Azul. Quando adultos, os machos pesam
em média 4,313 kg e as fêmeas 3,405 kg. As galinhas
produzem em média 180 ovos no primeiro ciclo de postura, que
pesam em média 55g. EMBRAPA, 2003)

2.4.10 – Plymouth Rock Branca

As aves desta variedade foram muito utilizadas nos primeiros


cruzamentos para produção de frangos de corte. Atualmente
serve de material básico na formação de muitas linhas
cruzadas. A maioria das linhas originais dos frangos de corte
era de empenamento tardio, uma desvantagem para a
produção de frangos de qualidade. Atualmente, a maioria das
linhas disponíveis é de empenamento rápido. (EMBRAPA,
2003)

2.4.11 – Plymouth Rock Barrada

As aves desta variedade apresentam penas com barras


brancas e prestas no sentido transversal, dando uma
aparência cinzenta às aves. O gene barrado, ligado ao sexo,
através de sua dosagem de melanina resulta em diferenças
entre os sexos. As fêmeas apresentam manchas brancas
menores e menos irregulares na cabeça e geralmente são
mais escuras na penugem e na canela do que os machos.
Além disso, a pigmentação preta nos dedos das fêmeas, ao
contrário dos dedos dos machos, cessa abruptamente
deixando a porção distal de cada dedo amarela. Em contraste,
os machos apresentam mancas brancas mais irregulares na cabeça e falta de contraste
mais irregulares na cabeça e falta de contraste mais irregulares na cabeça e falta de
contraste na abrupta mudança de coloração preta não preta dos pés. Existem diferenças
nesses padrões de cor por sexo entre linhagens dessa raça. Dessa maneira, quando se
quiser obter altos graus de certeza na sexagem pela cor se requer ajustamento para
linhagem dos pintos.
Com o aumento da preferência por ovos de casca branca, esta raça diminui em
popularidade. Atualmente vem sendo mais utilizada como linha fêmea nos cruzamentos
com galos Rhode Island Red para produzir pintos de postura autosexados, que quando
adultos produzem ovos de casca marrom. Este tipo de cruzamento tem tornado a raça
mais popular. (EMBRAPA, 2003)
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2.4.12 – Rhode Island

É uma raça americana de pele amarela, e ovos de casca


marrom. Admite-se na Associação Americana de Aves as
variedades, vermelha com crista serra ou rosa e a variedade
branca com crista tipo rosa. Muitos anos atrás existiam
muitas variedades dessa raça e quase todas de alta
produção de ovos. Quando adultos, os machos pesam em
média 3,859 kg e as fêmeas 2,951 kg. As galinhas
produzem em média 180 ovos no primeiro ciclo de postura, que pesam em média 60g.
(EMBRAPA, 2003)

2.4.13 – Rhode Island Red

Apresenta corpo na forma de um de um bloco alongado com


plumagem marrom com algumas penas pretas na cauda,
pescoço e asas. Nos anos mais recentes esta variedade tem
sido intensamente utilizada para produção de híbridos
sexáveis pela cor. A presença de uma mancha branca ou
clara na asa dos pintos macho e sua correspondente
ausência nos pintos fêmeas, favorece a identificação dos
machos e fêmeas com um dia de idade, conseguindo-se um
índice de acerto de 80-90%. Por outro lado, nos
cruzamentos, quando um galo desta raça (geneticamente
“gold” ou não barrado) é acasalado com galinhas geneticamente “silver” ou barrada, é
possível determinar o sexo do pinto por diferenças de coloração da penugem. Atualmente,
grande parte dos híbridos comerciais de postura resultam de cruzamentos específicos
entre indivíduos Rhode Island Red e Plymouth Rock Barrado e produzem grande
quantidade de ovos de casca marrom. (EMBRAPA, 2003)

2.4.14 – Sussex

É uma raça inglesa de crista serra, pele branca e ovos de


casca marrom, predominantemente de duplo propósito com
variedades pintada, vermelha e branca (light), das quais a
Light Sussex e a mais popular. É boa produtora de carne. Em
alguns países europeus frangos de pele branca são os
preferidos. Quando adultos, os machos pesam em média
4,086 kg e as fêmeas 3,178 kg. As galinhas produzem em
média 180 ovos no primeiro ciclo de postura, que pesam em
média 55g. (EMBRAPA, 2003)

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2.4.15 – Turken

Originária da Transilvânia, a raça Turken apresenta pescoço


pelado e crista serra. Admitida nas variedades vermelha,
branca, amarela e preta. Característica essa que confere a
aparência semelhante aos perús. A pele da região do
pescoço quando exposta ao sol fica vermelha como acontece
com os perús. Esta característica é resultante de um único
gene que controla o arranjo dos folículos de crescimento das
penas, que se localizam sobre o corpo da ave. Este gene
pode ser facilmente introduzido em qualquer raça. As aves
sofrem mais com o frio devido a características e são,
portanto, mais adaptadas ao calor. Quando adultos, os machos pesam em média 3,859
kg e as fêmeas 2,951 kg. As galinhas produzem em média 180 ovos de casca creme
claro, que pesam em média 55g. (EMBRAPA, 2003)

2.5 – Linhagens Híbridas Comerciais

As linhagens híbridas comerciais são resultado de cruzamento entre raças


diferentes, mas que pertencem a mesma espécie. Por isso, não podem ser cruzadas
entre si, porque a sua descendência não transfere as qualidades genéticas das raças
iniciais. Esta é a razão pela qual os produtores têm que comprar os pintinhos de um dia,
para que não haja perda de produtividade.
Os híbridos comerciais de grande aceitação entre os avicultores coloniais e que
podem ser encontrados com relativa facilidade no mercado são:

2.5.1 – Pescoço Pelado Label Rouge

É uma ave altamente rústica, que se adapta a qualquer parte do


Brasil. Embora tenha um crescimento lento, a pescoço pelado é
excelente tanto para a produção de ovos quanto para obtenção de
carne. Em comparação às aves comerciais, sua carne é mais
suculenta, tem menos gordura e um sabor tão diferenciado quanto o
da carne de caça do faisão e da perdiz. E se receberem uma
alimentação balanceada, atingirão a marca de 2 kg aos 63 dias de
idade, em média. As fêmeas produzem cerca de 180 ovos de casca
marrom por ano. (REVISTA ESCALA RURAL, 19)

2.5.2 – Pesadão Misto label Rouge

Ave destinada exclusivamente para corte. Seu crescimento é


acelerado, ela só precisa de 49 dias para atingir 2 kg de peso
vivo com grande rendimento de carne de peito. A carne tem
aparência mais escura que a das aves industriais e
proporciona uma excelente gustação. A pele também é mais
fina, com menos gordura, e se for depenada corretamente,

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não apresentará folículos escuros, como acontece com outras aves coloridas. O caipira
pesadão tem plumagem vermelha ou carijó, pernas amarelas e crista simples, pode ser
criada ao ar livre ou semiconfinada. (REVISTA ESCALA RURAL, 19)

2.5.3 – Caipira Rouge

Ave de origem francesa, destinada exclusivamente à produção


de ovos marrons ou vermelhos. Sua principal vantagem é a
resistência aos diferentes tipos de clima e de manejo. Com 72
semanas de vida a Rouge atinge um peso corporal de 2,090 kg e
a sua produção pode chegar a 298 ovos por ano. Os ovos
apresentam uma casca bem mais grossa que o normal, a clara é
mais consistente e a gema mais avermelhada. São aves dóceis, de plumagem
avermelhada e de penas em toda a extensão do pescoço. (REVISTA ESCALA RURAL,
19)

2.5.4 – Pescoço Pelado Vermelho Mesclado

A caipira francesa tradicional é uma das aves mais criadas


na França e no Brasil. São aves com aptidão para a carne,
próprias para criação a campo, em grande escala. Elas
atingem o peso padrão de 2,200 kg por volta dos 95 dias,
sem acúmulo de gordura, o que confere à carne e uma
textura excelente. (REVISTA ESCALA RURAL, 19)

2.5.5 – Master Griss

O caipira Frances exótico é uma ave de grande porte, com canelas


compridas adaptadas ao campo. A pele do bico e das patas são
fortes, de pigmentação amarela, e sua plumagem apresenta uma
mescla irregular nas cores branca, preta e marrom. É uma ave que
aceita bem a alimentação alternativa e atinge peso vivo de 2,200
kg ao 68 dias em média. (REVISTA ESCALA RURAL, 19)

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2.5.6 – Isa Brown

É a poedeira nº 1 em todo o mundo, pela capacidade de produção


a baixos custos de instalação e alimento. É uma ave de pequeno
porte, muito calma e de fácil manuseio. Tem as penas
avermelhadas, patas e bico amarelos, e atinge o peso médio de
1,900 kg com o consumo de 115 gramas de ração por dia. As
fêmeas são selecionadas para postura de ovos de granja quando
confinadas, ou ovos caipira quando a campo, registrando uma
média de 300 ovos grandes e vermelhos por ano. (REVISTA
ESCALA RURAL, 19)

2.5.7 – Caipira Negra

Ave de médio porte para criação semi-intensiva. Possui


penas pretas e brilhantes, com plumas avermelhadas na
cabeça e pescoço, o bico e as patas também são pretas.
Após 150 dias, consome 118 gramas de ração por dia e
produz 270 ovos ao ano. (REVISTA ESCALA RURAL, 19)

2.5.8 – Embrapa 031

Apresenta um potencial de produção de até três ciclos, fornecendo


325 ovos marrons com 60 gramas de peso, entre o período de 21 a
80 semanas de idade. (REVISTA ESCALA RURAL, 19)

2.5.9 – Embrapa 041

Frango de corte do tipo colonial, para criações semiconfinadas e


agroecológicas. A linhagem foi obtida pelo cruzamento de raças
pesadas de corte e raças semipesadas de postura, preservando
todas as vantagens do frango comercial. Alcança a idade de abate
aos 84 dias, com peso vivo de 2,400 kg. Sua carne é pouco
gordurosa, consistente e muito saborosa. (REVISTA ESCALA
RURAL, 19)

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2.5.10 – Paraíso Pedrez

Estas aves também são oriundas do melhoramento genético


por meio de vários cruzamentos e se adaptam bem em
todas as regiões do Brasil. É uma ave que tem um ganho de
peso rápido e com boa rusticidade. Aceita bem as
condições do sistema intensivo e semi-intensivo e tem uma
plumagem multicolorida. Atinge a idade de abate aos 65
dias com um peso médio de 2,800 kg.

2.6 – Raças Regionais

São as galinhas “comuns” também conhecidas como


“galinha-pé-duro”, “galinha de terreiro” e que se encontram
em todo território nacional sendo criadas de forma solta. É
uma ave com muita rusticidade, porém, é extremamente
improdutiva. Enquanto uma ave selecionada produz em
média 280 ovos/ano uma galinha da raça regional não
chega a 80 ovos/ano. Outro exemplo é com relação ao
ganho de peso: uma ave híbrida (resultado de cruzamento)
produz em média 2,200 kg de carne em 75 dias, uma ave da raça regional leva de 6 a 8
meses para alcançar esse mesmo peso. Além de ter uma conversão alimentar
extremamente baixa. Ou seja, consome muita ração para pouca produtividade.

3 – MELHORAMENTO GENÉTICO

Os proprietários rurais frequentemente se defrontam com a necessidade de


melhorar geneticamente o plantel de galinhas da propriedade. Normalmente, o
melhoramento genético e feito com a eventual troca de galos com a vizinhança, o que no
melhoramento genético significa uma migração de genes. A migração, com auxilio da
seleção subseqüente, pode alterar a freqüência gênica para algumas características.
Normalmente, tamanho corporal e produção de ovos. Para efeito desta explanação vamos
denominar esse método de convencional, isto é, troca do reprodutor com seleção dos
melhores descendentes. Esse método de melhoramento pode ser suficiente para os
objetivos do produtor rural enquanto criar galinhas para consumo doméstico.
Quando se tratar de criações comerciais, é necessário se elaborar um projeto mais
apropriado e com maior controle dos dados de produção para se obter mais eficiência e
ganho genético. Denominaremos esse método como método industrial. (EMBRAPA,
2003)

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3.1. – Escolha das Raças

A escolha correta das raças para formação do plantel é de estrema importância


para iniciar um projeto de criação de galinhas. Uma prática muito comum que vem sendo
realizado nos pequenos criatórios é a aquisição de aves híbridas para formação do plantel
de matrizes. Porém, essas aves não podem cruzar entre si, para que não haja
consangüinidade e, consequentemente, a perda de produtividade. A solução é a
aquisição de reprodutores de raça pura para fazer o cruzamento entre as aves.

3.2 – Cruzamentos

O cruzamento é utilizado para passar parte do potencial genético de uma raça para
outra, formando híbridos inter-raciais ou mestiços, os quais podem formar uma população
base para depois se proceder a seleção e se forma uma raça diferente. No cruzamento se
procura combinar genes de freqüência distinta nas duas populações para as
características de interesse. A diversidade entre as raças de galinhas existentes pode
fornecer combinações genéticas desejáveis para uma variedade de situações de
produção, de manejo e de mercado. Entretanto para utilizar eficientemente os recursos
raciais é necessário se planejar os cruzamentos com base no nível de desempenho
esperado dos vários sistemas alternativos de cruzamentos. (EMBRAPA, 2003)

3.3 – Consanguinidade

Não é interessante para o produtor rural, do ponto de vista da produtividade, fazer


os cruzamentos entre as aves com o mesmo parentesco (pai x filha, irmã x irmão e mãe x
filhos) esse tipo de atitude leva o plantel a um declínio considerável em termos de ganho
de peso, produção de ovos, conversão alimentar e rusticidade.

4 – PROCESSO DE REPRODUÇÃO

Manter um processo de reprodução eficiente na propriedade rural é de extrema


importância para o avicultor, em função de ser a base da cadeia de produção do seu
projeto de criação.
Um projeto de avicultura bem estruturado deve sempre manter um bom plantel de
aves matrizes com vários reprodutores que comprovadamente façam uma boa
transferência genética aos seus descendentes e que possam se reproduzir de forma
sistemática afim de manter a regularidade no fornecimento de aves para o mercado
consumidor.

4.1 – Monta Natural

Por apresentar uma grande facilidade de manejo, esse é o modo mais comum de
reprodução das aves nas propriedades brasileiras. Cabe ao produtor fazer a formação
das famílias e separá-las em grupos de no máximo 10 fêmeas para cada macho.
Nesse sistema de reprodução o avicultor deve ficar atendo a um comportamento
muito comum entre as aves que é a monta preferencial entre alguns galos e galinhas.

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Quando o produtor perceber esse comportamento entre suas aves ele deve fazer a troca
entre as famílias formadas pelas galinhas do seu plantel para evitar o problema de
infertilidade dos ovos.

4.2 – Inseminação Artificial

O procedimento de inseminação artificial é uma prática pouco realizada nos


pequenos aviários, porém ela é capaz de trazer melhores taxas de fertilidade dos ovos
quando aplicada corretamente. O que garante o sucesso nessa prática é possibilidade de
aproveitar ao máximo a produção de sêmen de um reprodutor e a certeza de que todas as
galinhas do plantel foram devidamente inseminadas.

4.3 – Manejo de Ovos para Incubação

Somente se conseguem ótimos nascimentos e pintinhos de boa qualidade quando


se mantém o ovo em ótimas condições, desde a postura até a colocação na máquina
incubadora. Lembremos que o ovo contém muitas células vivas. Uma vez posto o ovo, o
potencial de nascimento pode, na melhor das hipóteses, ser mantido, mas nunca
melhorado. Se o manejo for insatisfatório, o potencial de nascimento pode se deteriorar
rapidamente. (COOB, 2008)

4.3.1 – Coleta de Ovos para Incubação

Deve-se realizar a coleta e conjuntamente, uma pré-seleção desses ovos. No


mínimo cinco coletas por dia (três pela manha e duas pela tarde) devem ser realizadas.
Atualmente, recomendações de sete a dez coletas diárias têm sido mais preconizadas por
acreditar-se que quanto maior o numero de coletas, melhor será qualidade do ovo
incubável. Os objetivos com esta prática são: reduzir o numero de ovos trincados e
quebrados; reduzir o numero de ovos postos na cama e, portanto, reduzir a
contaminação; reduzir o tempo de permanência dos ovos em ambiente contaminado.
A maior concentração de postura é no período da manhã. Desta maneira, as
coletas de ovos devem ser concentradas no período das 6 às 12 hora, no mínimo 4 vezes
por período. No período entre 13 a 17 horas, as coletas de ovos devem ser no mínimo 3
vezes por período.
Os funcionários devem desinfetar as mãos antes de colher os ovos, principalmente
se os ovos de cama forem recolhidos inicialmente.
Recomenda-se que os ovos Durante a colheita sejam acondicionados em bandejas
de plástico desinfetadas, pois são laváveis, de fácil desinfecção e possibilitam melhor
circulação de gás durante a fumigação. (CHAPTER 5, Araújo & Albino)

4.3.2 – Seleção

É necessário descartar os ovos que apresentem pouca chance de eclosão ou que


impliquem na produção de pintainhos de baixa qualidade. Ovos muito grandes ou muito
pequenos dificultam a incubação, ovos deformados, casca trincada, casca suja (sangue,

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fezes de galinha, fezes de mosca), casca anormal, alteração da coloração normal da
casca, entre outros fatores podem implicar no descarte desses ovos para a incubação.
Ovos sujos normalmente são provenientes de cama, porém podem ser de ninho
quando as fêmeas dormirem nos ninhos ou quando o intervalo entre as coletas é muito
grande. Ovos sujos geralmente têm taxas de nascimento 10% a 15% menores que as
obtidas com ovos limpos. O ideal é não incubar os ovos sujos.
Os ovos postos sobre a cama são contaminados e exigem cuidados especiais na
coleta e higiene. A coleta, o armazenamento e a incubação dos ovos de cama devem sem
sempre separados dos ovos de ninho, pois têm menor eclodibilidade e explodem mais
nas incubadoras que os ovos de ninhos devido a maior contaminação verificada naqueles
ovos. (CHAPTER 5, Araújo & Albino)

4.3.3 – Higiênização

A higienização dos ovos deve ser feita imediatamente após a colheita, e devem ser
limpos a seco pois a prática de lavar ovos sujos e de cama aumenta a contaminação. Os
ovos sujos podem contaminar os demais e, por isso representam um risco para o
incubatório, além de conferirem uma queda expressiva na eclosão.
A superfície dos ovos em nenhum momento pode ser considerada um ambiente
estéril. Apesar de ser produzido por reprodutora saudável, o ovo pode ser contaminado
por fezes, material de ninho, mãos do tratador, água, bandejas, cama, piso e poeira.
Ao passar pela cloaca, o ovo já sofre uma contaminação e quando em contato com
o ninho e com o ambiente do galpão tem aumentada essa contaminação. Apesar das
barreiras naturais do ovo, muitas bactérias passam para o seu interior devido ao
diferencial de temperatura no resfriamento pós-postura. Neste contexto, é muito
importante reduzir esta carga microbiana, pois quanto menor for a contaminação, menor
será a possibilidade de o embrião morrer devido à contaminação.
Ovos com boa qualidade de casca, com peso específico adequado podem ter
penetração de bactérias em apenas 30 minutos. Mesmo os ovos que são livres de
organismos patogênicos, podem ser contaminados com microorganismos que não são
patogênicos mas que se desenvolvem durante o processo de incubação, produzindo
gases que podem ocasionar o estouro dos ovos na máquina de incubação e a
contaminação dos demais ovos.
Desta maneira, recomenda-se que a primeira higienização seja realizada no
momento da coleta, no máximo 30 minutos após a postura, tentando assim evitar que os
microorganismos atravessem a casca e contaminem a clara e a gema. (CHAPTER 5,
Araújo & Albino)
A contaminação inicial do ovo apresenta apenas algumas colônias de
microorganismos, os quais multiplicam-se dez vezes em apenas 60 minutos. (NORTH,
1984)

4.3.3.1 – Higienização Úmida (imersão)

A imersão dos ovos em solução de desinfetantes ou antibióticos é usada par a


eliminação dos microorganismos sobre a casca do ovo. Esse método é pouco usado na

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indústria avícola por ser menos eficiente, uma vez que, a cada imersão, a solução vai se
saturando com resíduos orgânicos e reduzindo a ação do desinfetante.
A imersão consiste em mergulhar os ovos numa solução de amônia quaternária à
base de 200ppm ou de dióxido de cloro à base de 80ppm logo após a coleta.
Os dados encontrados na literatura divergem sobre qual deve ser a temperatura e
o tempo ideais, podendo se encontrar trabalhos feitos com imersão em soluções com
temperatura entre 39 e 42°C (Proudfoot ET al., 1985) a 35°C por 10 segundos
(Donassolo, 2004), 30°C (Soncini & Bittencourt, 2003), 25 a 43°C por 3 minutos (Barros Et
al, 2001) e 45°C por 30 segundos (Oliveira & Silva, 2000).
Segundo Mauldin (2002), a imersão deve ser feita por 5 minutos citando que
quando a imersão é feita em período de tempos excessivametne longos a temperatura do
embrião pode elevar-se resultando em mortalidade embrionária. Por outro lado, se o
processo é feito em curto espaço de tempo não irá promover a desinfecção adequada.

4.3.3.2 - Higienização úmida (lavagem manual)

A lavagem direta pode ser manual, usando-se uma solução de amônia quaternária
80%, á base de 2%, e formol 37%, a 1%. Essa técnica é usada para higiene de ovos
sujos. Existe o inconveniente de reduzir a eclosão e estourar os ovos durante o processo
de incubação.

4.3.3.3 - Higienização úmida (pulverização)

A pulverização foi introduzida no Brasil, em 1980, pela equipe da empresa Big


Birds S/A com a finalidade de substituir o formol.
É uma técnica simples, econômica e eficaz. Quando bem aplicada, reduz a
contaminação dos ovos e não afeta a eclosão.
Entre os produtos mais usados na avicultura brasileira, estão a amônia quaternária
e o formol ou a combinação desses.
Os ovos devem ser pulverizados, no Máximo, 30 minutos após a coleta, antes que
sejam penetrados pelos microorganismos. As bandejas também são pulverizadas com a
mesma solução antes de receberem os ovos. Um simples pulverizador é suficiente para
essa operação. Em seguida, os ovos são guardados num armário livre de poeira.
Muitos desinfetantes têm sido usados na desinfecção úmida (pulverização) como:
 Amônia quaternária: 1.000 a 4.800ppm;
 Formalina, solução: 1 a 1,5%;
 Água oxigenada, solução: 1,0 a 5,0%;
 Bióxido de cloro, solução: 30 a 40ppm;
 Fenólicos, solução: 1.600ppm;
 Glutaraldeído, solução: 1.000ppm;
 Clohexidina, solução: 0,08 a 0,10ppm;
 Proxitane, solução: 200ppm;
 Combinações de amônia com: formalina, glutaraldeído, água
oxigenada, ácido acético;
 Combinações de água oxigenada com: ácido acétiico, ácido paracétio.

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Todos esses produtos podem combater os microorganismos contaminantes da
casca do ovo, porém só serão eficazes se forem considerados os fatores interferentes,
como:

 Incompatibilidade;
 Dosagem;
 pH;
 Concentração do principio ativo;
 Presença de matéria orgânica;
 Perfumes de azeites componentes do desinfetante;
 Excesso de minerais na água;
 Temperatura da água. (CHAPTER 9, Araújo & Albino)

4.3.4 – Estocagem

A estocagem dos ovos férteis é uma prática comum e muitas vezes necessária na
incubação comercial. Na maioria das vezes, o objetivo é evitar a mistura de ovos de
diferentes lotes e idades, ou de lotes com status sanitário duvidoso e a incubação de um
maior volume de ovos para atender uma demanda programada. O manejo de estocagem
depende de vários fatores, entre eles as condições ambientais, linhagem, idade do lote,
características físicas e químicas do ovo, estagio do desenvolvimento embrionário e
tempo de estocagem, fatores esses que afetam a eclodibilidade e qualidade do pinto ao
nascer. (EMBRAPA, 2002)

4.3.4.1 – Armazenamento dos Ovos

O armazenamento dos ovos férteis é uma prática, muitas vezes, necessárias na


incubação comercial. Na maioria das vezes, o objetivo é evitar a mistura de ovos de
diferentes lotes e idades. Porém, esta prática pode implicar em alterações na
eclodibilidade dos ovos, necessitando de atenção aos fatores relacionados com a prática,
como temperatura, umidade e tempo de armazenamento. (CHAPTER 5, Araújo & Albino)

4.3.4.2 – Temperatura

Os ovos devem ser armazenados em temperaturas abaixo do “zero fisiológico”


(23,9°C) para evitar o desenvolvimento do embrião fora da incubadora. Normalmente, é
utilizada a temperatura entre 18 e 21°C consideradas ideais para o armazenamento dos
ovos. O resfriamento dos ovos deve ser lento, sedo realizado num período entre 6 a 8
horas. (CHAPTER 5, Araújo & Albino)

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4.3.4.3 – Umidade

A umidade relativa deve ser mantida entre 70% e 85%, para evitar a desidratação
do embrião e a condensação de gotículas na superfície dos ovos. (CHAPTER 5, Araújo &
Albino)

4.3.4.4 – Tempo

O tempo Máximo de armazenamento é de 4 dias, principalmente para o


armazenamento de ovos provenientes de matrizes com mais de 48 semanas de idade.
Ovos de matrizes com menos de 48 semanas de idade possibilitam um tempo de
armazenamento de até 7 dias sem prejuízos na eclosão. A partir daí a eclodibilidade cai
na proporção de um ponto percentual por dia a mais de armazenamento. Os ovos postos
pela manhã devem ser armazenados à tarde e, os postos à tarde devem ser
armazenados à noite. (CHAPTER 5, Araújo & Albino)

4.4 – Incubação Natural

Usar galinhas para fazer a incubação dos ovos em um aviário comercial só é viável
no início da criação. Depois que demanda pelo produto aumenta, essa prática torna-se
economicamente não sendo interessante para o avicultor, pois é muito difícil para
produtor manter um plantel de aves apenas para incubar os ovos sem que o avicultor
consiga manter um programa de incubação de forma sistemática que atenda as
necessidades de produção.

4.5 – Incubação Artificial

O rendimento da incubação está estreitamente relacionado coma mortalidade


embrionária, à qual sofre influencia da gravidade especifica (espessura da casca) e da
capacidade do ovo em perder umidade. O acompanhamento dos resultados de
incubação, para conhecimento sistemático dos índices de nascimento através da eclosão
e da eclodibilidade, são de fundamental importância para avaliação dos possíveis fatores
que limitam a produtividade do incubatório.
A eclosão é obtida pela relação entre o numero de pintos nascidos e o total de ovos
incubados (formula 1). Ela representa um índice geral, que caracteriza o desempenho
tanto da granja produtora de ovos quanto do incubatório.
Já a eclodibilidade consiste em uma avaliação mais específica do incubatório. Para
sua obtenção utiliza-se a relação entre os pintos nascidos e o total de ovos férteis
incubados (formula 2). Para essa avaliação é indispensável que seja realizada a
ovoscopia (processo de retirada de ovos claros ou inférteis, realizada no décimo dia de
incubação ou transferência da incubadora para o nascedouro) esta pratica permite
também determinar a fertilidade aparente do lote. (formula 3).
Após o nascimento dos pintos deve ser realizada a quebragem dos ovos não
eclodidos para avaliação da mortalidade embrionária precoce (1 a 5 dias) intermediária (6
a 15 dias) e tardia (16 a 21 dias, de incubação).

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Valores de 88 e 96% para eclosão e eclodibilidade, respectivamente, refletem boas
práticas na granja produtora de ovos férteis e no incubatório, ressaltando-se o manejo
sanitário.
É importante salientar que a qualidade do pinto está estritamente relacionada com
as características do ovo incubado. Neste sentido é fundamental a manutenção de suas
propriedades reprodutivas para a produção de pintos viáveis e com alta qualidade.
(EMBRAPA, 2000)

FÓRMULAS:

(1) Eclosão = (Total de pintos nascidos/Total de ovos incubados) X 100


(2) Eclodibilidade = (Total de pintos nascidos/Total de ovos férteis) X 100
(3) Fertiliadade = (Total de ovos férteis/Total de ovos incubados) X 100

4.5.1 – Temperatura

A produção industrial de pintos de corte constitui um dos fatores de maior


importância no desenvolvimento da indústria avícola moderna. O processo produtivo
envolvido na atividade do incubatório é constituído por entradas (ovos férteis) e
transformação biológica dessas entradas em produtos (pintos de um dia), agregando
valor. O sucesso desta atividade envolve condições ótimas de manejo, considerando as
pressões impostas aos animais pelo ambiente, somatório de fatores biológicos e físicos,
dentre os quais se destacam a temperatura de incubação e a umidade relativa.
(GONZALES, 1994).
A temperatura é o fator ambiental mais importante e critico que afeta diretamente a
eclodibilidade. Os reflexos da temperatura de incubação baixa ocasionam retardo no
desenvolvimento embrionário e diminuição do ritmo de batimento cardíaco, com atraso de
nascimento, má formação do animal e umbigo não cicatrizado. Temperaturas altas
promovem aceleração no desenvolvimento do embrião com má posição embrionária,
umbigo mal cicatrizado, pouca penugem, bicagem e nascimentos adiantados. (GUSTIN,
2003). A temperatura ideal para obtenção de bom desempenho zootécnico está em torno
de 37,8°C e que a variação desta não deve ser superior a ± 0,3°C, uma vez que
variações desta amplitude provocam impacto muito grande na incubação, dilatando o
período de nascimento.

4.5.2 – Umidade

A umidade relativa é outro ponto a ser levado em consideração, no entanto, esta


pode variar muito mais que a temperatura sem causar danos sérios a eclodibilidade.
Porém, deverá ser mantida em determinada amplitude para assegurar a obtenção de
bons resultados. Se a umidade relativa for muito alta, os embriões tendem a eclodir
precocemente. (DECUPYERE et al., 2003)
Durante a incubação, a taxa de perda evaporativa de peso do ovo é controlada, em
grande parte, pela umidade relativa da máquina incubadora e, também, influenciada pela
qualidade da casca. Essa perda de peso tem sido associada a resultados de incubação e

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utilizada como ferramenta eficaz para avaliar o rendimento desse processo (Tullet &
Burton, 1982)

4.5.3 – Oxigenação/Ventilação

Para favorecer o metabolismo no desenvolvimento de um pintinho saudável,


oxigênio tem que ser fornecido e o gás carbônico têm que ser retirado do ovo na forma de
dejetos. Consequentemente, a manutenção dos níveis corretos de oxigênio durante todo
o ciclo de incubação tem um efeito benéfico no desenvolvimento do sistema circulatório e
no crescimento do embrião. Além de aumentar o desenvolvimento dos embriões nas
incubadoras, a estimulação pelo controle preciso do oxigênio nos nascedouros conduz a
uma melhor eclosão, redução na janela de nascimento e a uma melhor qualidade do
pintinho. (CHAPTER 4, Araújo & Albino)

4.5.4 – Viragem

Essa é uma prática muito importante no processo de incubação, ela evita que o
embrião cole na membrana interna do ovo além de garantir a temperatura adequada em
toda circunferência do ovo.
Portanto, quando o ovo é colocado em condições de incubação, isto é, oxigenação
em torno de 21%, temperatura (entre 37,5°C e 38,1°C), umidade relativa (entre 60% e
75%) e viragem (mínimo de 4 em 4 horas) o embrião encontra o ambiente ideal para um
desenvolvimento equilibrado e saudável.

4.5.5 – Pré aquecimento

Esse procedimento é fundamental para que os ovos não sofram um choque de


temperatura e com isso, reduzir a taxa de eclosão. Quando os ovos passam por um
processo de resfriamento na estocagem, o pré-aquecimento deve ser feito antes que os
mesmos sejam colocados na chocadeira, esse processo deve ser feito de forma lenta
num período de 6 a 12 horas a uma temperatura de 24 a 30°C e umidade variando entre
60 e 70%. Para um bom desenvolvimento do embrião a temperatura interna do ovo, no
momento da incubação, deve variar entre 26 e 28°.

5 – HABITAÇÃO

Na construção do galpão o principal objetivo é


oferecer às aves um ambiente onde seja capaz de
encontrar água em abundancia, alimentação,
proteção contra predadores, abrigo contra chuva ou
frio e garantir um manejo adequado contra as
doenças das aves. As instalações devem ser
funcionais e acima de tudo simples, não havendo
necessidade da aquisição de material de alto custo
para execução do projeto, o que é de extrema
importância neste caso é o cumprimento de todas às exigências técnicas de higiene e

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manejo para evitar futuros problemas relacionados a doenças das aves e
consequetemente prejuízos financeiros.
Afim de diminuir os custos do projeto o avicultor deve, na medida do possível,
aproveitar as construções já existentes na propriedade.
O piso do galpão deve ser construído preferencialmente de cimento, para que o
processo de limpeza e desinfecção seja feito de forma simples e eficiente e que não
permita a passagem de umidade do chão para a cama das aves, ter uma inclinação de
aproximadamente 2% para facilitar a saída da água no processo de desinfecção, que não
seja totalmente liso e que esteja a 20 cm de altura em relação ao terreno.

A construção deve ser feita no sentido leste-oeste


para que o sol, no período do verão, passe sobre a
cumeeira. Evitando assim, que os raios solares não
entrem no galpão (conforme desenho ao lado).
O galpão/galinheiro deve ser construído em local
com um leve declive para evitar que água da chupa
emposse e contribua com a proliferação de moscas e
mosquitos.

O ideal e que o mesmo fique próximo da casa do tratador uns 50 metros


aproximadamente, e que tenha um sistema de fornecimento de água potável e energia
elétrica. Deve possuir muretas nas laterais de aproximadamente 20cm, cantos
arredondados, que seja totalmente fechado com tela para evitar a entrada de pássaros e
outros animais.
O telhado deve ser construído com o pé direito em conformidade com a largura do
aviário de modo que o interior do aviário seja ventilado e que não seja muito quente nos
horários de maior incidência do sol. A cobertura do telhado deve passar pelo menos 90cm
da parede lateral para evitar a entrada de chuva, as paredes laterais deve possuir cortinas
para proteger as aves dos ventos e chuva.
Os galpões devem ser construídos a uma distância mínima de 50 metros uns dos
outros.

5.1 – Dimensões

O tamanho do galpão deve ser com base nas expectativas de produção do


avicultor, pois o mesmo deve acomodar no máximo 10 aves por metro quadrado. Porém,
deve-se levar em consideração algumas dimensões que, na prática, tem apresentado
melhores resultados. A largura do aviário está diretamente ligada com o tipo de clima da
região onde o mesmo será implantado. Em locais de clima quente e úmido a largura de 10
metros é a mais recomendada e em regiões de clima quente e seco a largura ideal fica
entre 10 e 14 metros.
O pé direito do galpão é determinado em função da largura do mesmo, de forma
que essa combinação favoreça o processo de ventilação natural dentro do aviário e com
isso reduzir a temperatura interna (veja tabela abaixo). Quanto mais largo for o aviário,
maior tem que ser a sua altura. O avicultor deve considerar a intensidade dos ventos de

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sua região quando a altura do pé direito ultrapassar os 3 metros de altura. Em regiões de
ventos fortes deve-se reforçar a estrutura do galpão para evitar transtornos futuros.

Largura do Aviário (m) Pé direto mínimo em climas


quentes (m)
até 8 2,80
8a9 3,15
9 a 10 3,50
10 a 12 4,20
12 a 14 4,90

Fonte: TINÔCO (1995)

5.2 – Equipamentos e Utensílios

A utilização de alguns equipamentos exclusivos para a avicultura se faz


extremamente importante em um projeto de criação de galinhas caipiras e o avicultor
deve providenciá-los o mais breve possível para atender as necessidades básicas das
aves.

5.2.1 – Comedouros

Os comedouros mais utilizados em projetos de avicultura são os


tipos tubulares, mais isso não impede de o avicultor possa improvisar
esses equipamentos na propriedade, levando em conta que os
mesmos devem ser projetados com o intuito de facilitar a
alimentação das aves, manter a ração sempre limpa e, sobretudo,
evitar o desperdício. Os comedouros do tipo bandeja são os mais
usados nos primeiros dias de vida dos pitinhos e deve ser
considerado a proporção de 80 pintos por comedouuro.

O avicultor deve regular a altura do comedouro conforme o


desenvolvimento da ave durante o período de criação, de forma que a
borda superior do mesmo se mantenha na altura do dorço das aves.

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5.2.2 – Bebedouros

O fornecimento de água requer por parte do avicultor uma


atenção especial, pois as aves devem sempre receber água
potável e em temperatura abaixo da temperatura ambiente em
seus bebedouros. Os equipamentos que melhor atendem as
necessidades de bom manejo são os bebedouros automáticos.

A borda superior dos bebedouros devem ficar a uma altura de


mais ou menos 4 cm acima do dorço das aves, para evitar que
os pintos derrame a água sobre a cama (veja desenho ao lado).
Os outros modelos devem ser regulados conforme orientação
dos fabricantes.

5.2.3 – Campânolas

Nos primeiros dias de vida do pintinho, manter uma boa


fonte de calor é de fundamental importância para o
desenvolvimento dos mesmos. Para isso, é utilizado dois
modelos de campânolas: as elétricas e as campanolas à
gás GLP (de cozinha). Esses utensílios são encontrados
com facilidade nas lojas do ramo. Normalmente, as
campanolas podem ser a gás ou com energia elétrica. As
mais usadas são as com capacidade para 500 pintos. As
campanolas podem ser usadas até os 30 dias de vida do pintinho, isso depende da
temperatura da região onde o aviário está localizado. Os pintinhos nascem com
uma temperatura em torno dos 39,5°C e o produtor deve aos poucos, ir baixando essa
faixa de temperatura conforme os pintinhos vão ficando empenados. A falta ou excesso
de calor pode prejudicar a saúde dos pintinhos. Portanto, o tratador das aves deve manter
a atenção redobrada enquanto houver a necessidade de aquecimento externo.
Para reduzir custos, o avicultor pode improvisar uma campanola usando uma
lâmpada de 60 ou 100watts com um algum material que possa refletir o calor em direção
ao chão do galpão (ex. bacia revestida com papel alumínio).
O avicultor deve criar as condições necessárias para que as aves encontrem o
conforto ambiental dentro do aviário. As temperaturas adequadas para um
desenvolvimento saudável das aves são as seguintes:

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Temperatura Idade
32°C 1º dia
30°C 2º ao 7º dia
29°C 2ª Semana
27°C 3ª Semana
24°C 4ª Semana

5.2.4 – Cortinas

Localizada nas laterais dos galpões, este é um recurso muito usado para proteger
as aves contra as intempéries climáticas e fazer a troca de ar no interior do galpão. Este
item não pode ser negligenciado no projeto dos aviários.

5.2.5 – Ninhos

No galpão de aves de postura deve-se colocar


uma “bateria de ninhos” com a finalidade de evitar
que galinhas ponham os ovos no chão do galpão.
Isso evita maiores problemas de infecção por fungos
e bactérias nos ovos.

5.2.6 – Poleiros

Este recurso está mais ligado a uma prática de bem estar animal em função das
aves, quando soltas, procurarem lugares mais altos para passarem a noite.

5.2.7 – Ventiladores

Nas regiões mais quentes do país, o uso de ventiladores se torna indispensável


nos projetos dos aviários, pois eles possibilitam uma redução considerável da temperatura
dentro do galpão. O uso dos ventiladores não dispensam a plantação de árvores ao redor
dos galpões para proporcionar sombras às aves.

5.2.8 – Gerador de Energia

Este equipamento não precisa ser adquirido na fase inicial da avicultura. Porém, o
avicultor deve providenciá-lo com a maior brevidade possível para que em caso de falta
de energia da operadora, esse equipamento possa fornecer energia à propriedade,
principalmente quando tem ovos sendo incubados.
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5.2.9 – Caixa D´água

As aves, assim como os humanos, necessitam receber água de qualidade para seu
consumo diário. Desta forma, é possível garantir ao plantel melhores condições de
higiene e, sobretudo, proteger as aves contra uma série de doenças. Em todas as fases
de criação da ave a água deve ser oferecida em temperatura média 22°C e de forma
abundante. O consumo da água está diretamente ligada a temperatura do ambiente,
idade das aves, quantidade de sal e proteínas da ração e qualidade da mesma. Veja
tabela abaixo.

Semana ml / dia / frango I / dia / 12.000 frangos


1 32 384
2 69 828
3 104 1248
4 143 1716
5 179 2149
6 214 2568
7 250 3000
8 286 3432
Fonte: Embrapa

5.2.10 – Balança

Periodicamente, a pesagem de amostras da criação é de extrema importância para


acompanhar o desenvolvimento das aves. Para isso, o criador deve providenciar uma
balança que possa atender de forma satisfatória essa necessidade.

5.2.11 – Thermo Higrômetro

O avicultor deve acompanhar diariamente as condições climáticas do seu aviário e


tomar as medidas necessárias para proporcionar às aves uma condição adequada para
um bom desenvolvimento. Para monitorar a temperatura e a umidade do aviário o termo-
higrômetro deve ser mantido a uma altura de aproximadamente 50 cm do chão do aviário.

6 – SISTEMA DE PRODUÇÃO

Definir um sistema que seja adequado para a


propriedade é fundamental para o processo de criação de
aves.
Com base no sistema escolhido o avicultor vai projetar
os espaços necessários para o manejo adequado de sua
criação.
A ocupação dos galpões deve ser de no máximo 10
aves por metro quadrado de área e os piquetes de 4 a 5 metros de área para cada ave.
Para manter um bom programa de biosseguridade o avicultor deve obedecer o
sistema de criação onde todas aves alojadas tenham a mesma idade, essa pratica é

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conhecida popularmente como “todos dentro todos fora”. Assim, é possível fazer uma
limpeza e higienização de forma mais efetiva e que combinada com o vazio sanitário
possa eliminar boa parte das bactérias do lote anterior.

6.1 – Sistema Intensivo

Assim como na criação industrial de frangos de granja, o sistema intensivo também


se aplica na criação de galinha caipira. As aves são mantidas em confinamento do
nascimento até a data de abate e é fundamental manter a densidade correta de aves para
a capacidade do galpão, obedecendo um limite de no máximo 8 aves por metro quadrado.

6.2 – Sistema Semi Intensivo

O sistema semi-intensivo é bastante usado na criação de galinhas caipiras ele é


uma combinação da criação intensiva com a criação solta, para isso é necessário a
utilização de piquetes para as aves fazerem o pastoreio durante algumas horas do dia. O
espaço para o piquete deve ser de no mínimo 4 metros quadrados por ave.

6.3 – Sistema Extensivo

Esse é o sistema que oferece as melhores condições para a criação de galinhas


caipiras. Nesse sistema as aves passam o dia todo soltas, ciscando e se alimentado com
gramíneas e restos de frutas e verduras produzidas na propriedade. Ao entardecer, são
recolhidas no galpão onde possam se proteger contra predadores as intempéries
climáticas e onde possam receber ração balanceada. O limite de ocupação dos piquetes é
de uma ave para cada 5 metros quadrados de área.

7 – ALIMENTAÇÃO DAS AVES

O sucesso financeiro em uma criação de galinhas caipiras depende, em boa parte,


da qualidade da ração e do custo com a produção da mesma. O maior custo em um
projeto de criação de galinhas é com a alimentação das aves (75%) em média. Por isso, o
produtor tem que procurar soluções de reduzir os custos sem que a qualidade nutricional
da ração seja diminuída.
Um programa de alimentação deve atender as necessidades nutricionais das aves
em suas diversas fases da vida. Por isso, se faz necessário o conhecimento da demanda
nutricional dessas aves para que o produtor possa oferecer essa ração na quantidade e
com os nutrientes certos para que as galinhas caipiras tenham um ganho de peso e
produção de ovos dentro do padrão racial de cada ave.
Para baixar os custos com a ração para as aves, o produtor pode formular a ração
em sua propriedade usando os ingredientes que podem ser encontrados na sua região.
A ração balanceada garante às aves os nutrientes necessários para alcançarem o
peso ideal, produzir ovos sem deficiência de minerais e com as características ideais para
a incubação. No entanto, o fornecimento de alimentos alternativos na dieta das aves é
que vai complementar os nutrientes fornecidos na ração balanceada, além disso, é com

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essa alimentação que as galinhas adquirem o sabor característico das aves criadas soltas
nos terreiros e esse é o diferencial entre esse tipo de galinhas e o frango industrial.
Elaborar um cardápio com capins, gramíneas, sobras de frutas, legumes ou
verduras que não são comercializadas, também podem fazer a diferença quando se trata
de baixar custos com a alimentação das aves.
As aves podem ser soltas em piquetes a partir 28° dia e com isso começar a se
alimentar com matéria verde de boa qualidade nutricional. Os piquetes devem ser
formados por leguminosas e gramíneas que tenha brotos novos e tenros, alto teor de
proteína, boa digestibilidade. As matérias verdes mais usados em piquetes são as
seguintes: capim napier, capim quicuiu, capim tiffiton, capim coast-cross, grama estrela
africana, rami, assa peixe, confrei entre outros. Outros alimentos alternativos como a
mandioca, feijão guandu, batata doce, tronco e folhas de bananeira, cunhã, leucena e
sorgo também podem ser oferecidos como alimentação para as galinhas caipiras.
Dentro dos piquetes o avicultor deve plantar algumas arvores para fazer sombra
para as aves, essa prática é de suma importância dentro de um projeto de criação de
galinhas caipiras no sistema semi-intensivo e extensivo.

Se possível, é interessante manter um


sistema de rotação de piquetes, para
garantir períodos de aproximadamente 30
dias de descanso para o brotamento da
vegetação e a recuperação do pasto,
causada pelo pisoteio das aves.
O fornecimento de alimentação verde
para as aves garantem uma maior
pigmentação da carne e ovos da galinha
caipira, além de contribuir com o sabor
inconfundível desse tipo de ave.

7.1 – Ingredientes da Ração Balanceada

A aquisição de ingredientes para a formulação da ração balanceada permite ao


produtor incluir os grãos que possam ser encontrados na sua própria região com mais
facilidade.
Os insumos que representa a base da ração são os seguintes: milho triturado,
farelo de trigo, farelo de soja. Os outros ingredientes podem e devem ser
complementados pelos grãos da região.
A ração balanceada pode ser comprada ou elaborada pelo avicultor. É comum
encontrar no mercado local as rações prontas desenvolvidas para as necessidades
nutricionais das aves e destinadas às aptidões das mesmas (corte ou postura)
Para elaborar a ração na propriedade o avicultor deve usar aos ingredientes que
garantam as necessidades nutricionais das aves. Que são as seguintes:
Fontes de Proteínas: Todas as necessidades de proteínas das aves devem ser
atendidas usando alimentos vegetais. Para isso, o produtor pode usar os seguintes

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alimentos: farelo de amendoim, farelo de girassol, farelo de soja, farelo de canola, farelo
de algodão, farelo de glutem, entre outros.
Fonte de Energia: mandioca seca, milho triturado, sorgo, quirera de arroz, farelo de trigo,
óleo de soja, triguilho, etc.
Fonte de Minerais: sal comum, fosfato bicálcico e calcário calcítico.
Fonte de Micronutrientes: é uma mistura de algumas vitaminas e minerais. (No mercado
agropecuário existe um produto que é muito usado para suprir essa necessidade,
conhecido como premix).

7.2 – Armazenamento

Para conservar a qualidade nutricional das rações, o produtor deve manter um


lugar especifico para essa finalidade. O deposito deve ser um lugar arejado, sem umidade
e que não receba incidência direta do sol. Dessa forma, é possível ter um melhor
aproveitamento dos ingredientes que compõe a ração.
O produtor deve manter o lugar sem a presença de animais domésticos, pássaros,
insetos e fazer um controle permanente contra ratos. Esses animais podem levar doenças
que serão transmitidas através da alimentação das aves.

7.3 – Alimentação de Galos/Matrizes

Estudos tem mostrado que uma dieta diferenciada para machos reprodutores com
níveis de proteína em torno de 12% tem mantido o nível de sêmem em um patamar
satisfatório, aumentando a eclodibilidade dos ovos e reduzido o custo com a produção da
ração oferecida às aves durante o período de reprodução.
No Brasil, os produtores de galinhas caipiras não adotam práticas de ração
diferenciada para galos reprodutores e as razões pelas quais isso não é praticado está
relacionado com a falta de informação sobre o tema, dificuldades no manejo alimentar,
incertezas de funcionalidade da ração, além da dificuldade e possibilidade de erro no
processo de formulação da mesma.
Assim como na dieta dos galos, as galinhas também merecem atenção especial,
pois uma alimentação balanceada contribui e muito com a produção de ovos de boa
qualidade para a incubação.
Sabe-se que uma dieta com 16% de proteína e 2.800 kcal e as vitaminas e
minerais nos níveis corretos mantém a ave em perfeitas condições nutricionais para uma
boa manutenção do seu desenvolvimento físico.
A base de um projeto de criação de galinhas caipiras é exatamente o plantel de
reprodução e o produtor deve aplicar todas as técnicas de manejo para manter e
maximizar a produtividade e o bem estar das aves.

8 – CUIDADOS SANITÁRIOS

Apesar das galinhas caipiras possuírem uma excelente rusticidade, ao contrario do


frango industrial, isso não evita a contaminação por fungos, vírus e bactérias. Por isso, o
avicultor deve observar, diariamente, o comportamento das aves para identificar, o mais

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rápido possível, algum tipo de anomalia. E, percebendo algum sintoma de doença, deve
fazer a separação das aves para aplicar o tratamento devido.
Além disso, fazer uma limpeza, dentro e fora do galpão, seguida de desinfecção
das instalações das aves é de extrema importância para diminuir, significativamente, a
contaminação nos criatórios.
Aliado a isso, o avicultor deve manter um programa de vacinação preventiva
atualizado. Pois, com esse cuidado ele pode evitar grandes perdas em seu aviário.
O programa de biosseguridade deve ser orientado por um médico veterinário
responsável pelo plantel, com base na PNSA (Programa Nacional de Sanidade Avícola) e
em concordância com os órgãos oficiais regionais. Esses cuidados são necessários para
atender os programas de controle e erradicação de enfermidades como micoplasmose,
salmonelose e a doença de newcastle que estão sendo executados e, atualmente
encontram-se em diferentes estágios de implantação nos Estados. (EMBRAPA)

8.1 – Controle de Parasítas

Para evitar problemas como: fraqueza, anemia e até a morte das aves, o avicultor
deve fazer um controle sistemático de parasitas externos (piolhos, pulgas, ácaros,
carraças, barbeiros e carrapatos) e internos (vermes lombrigas). As aves infestadas com
esses parasitas podem desenvolver raquitismo, diarréia e, consequentemete, baixa
produção.
Para o combate dos parasitas internos deve-se usar os vermífugos de amplo
expectro e para os externos, o uso de inseticida deve ser adotado. Nesse caso, o avicultor
deve usar rigorosamente os EPI´s (Equipamentos de Proteção Individual) e, em alguns
casos, evitar que atinja as aves com os produtos usados. Para uma aplicação segura é
fundamental seguir as orientações de uso dos produtos oferecidas pelos fabricantes.
O uso de hortelã miúda, tronco e folha de bananeira oferecidos na alimentação
alternativa das aves e a colocação de folha de tabaco e citronela dentro dos ninhos e do
aviário tem se mostrado como um eficiente método de prevenção desses parasitas.

8.2 – Restrição de Visitas

Para manter o aviário com um bom controle de biosegurança é muito importante o


produtor manter um rigoroso controle de visitantes/curiosos em seu projeto, pois as
pessoas podem, sem querer, trazer enfermidades para o seu plantel através de seus
calçados e roupas. As visitas permitidas devem passar por um processo de higienização
e, se possível, fazer a troca de roupas e sapatos, fornecidos pelo avicultor, para que
possam entrar nos aviários com segurança.
O ideal é que apenas o tratador possa entrar nos galpões e piquetes.

8.3 – Vazio Sanitário

O vazio sanitário é um intervalo, de extrema importância, entre o lote que sai e o


lote que chega ao galpão. É uma das etapas de biosegurança mais importante para
garantir ao próximo lote de aves, um ambiente com menor numero de microorganismos

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nocivos à saúde dentro do galpão. Nesse intervalo, algumas práticas de limpeza e
desinfecção devem ser executadas para que o vazio sanitário atinja a sua máxima
eficiência.
O uso de produtos que possam auxiliar o avicultor nesse propósito e que tenham
sua eficácia comprovada é de fundamental importância para que, os agentes patológicos
sejam diminuídos ou eliminados.
Dependendo das ocorrências de enfermidades no lote anterior, o intervalo de vazio
sanitário pode ser de 15, 30 ou 60 dias. O que vai definir o tempo de duração do vazio
sanitário é a intensidade das doenças em níveis baixos, médios ou altos,
respectivamente.
Além do período de vazio sanitário, a realização de um programa de limpeza
contínuo no aviário é fundamental para a manutenção da saúde do plantel.

8.4 – Cronograma de Vacinação

A melhor maneira de evitar as doenças em um projeto de criação de aves, ainda é


seguir um bom programa de vacinação. E para atender as granjas de criação de galinha
caipira o avicultor deve procurar um médico veterinário em sua região, para que o mesmo
possa desenvolver um programa específico para a localidade onde se pretende montar o
aviário. Com base nas informações sobre as doenças mais freqüentes na região do
criatório, o médico veterinário irá elaborar um cronograma de vacinação que possa
auxiliar o avicultor no que se refere ao controle de doenças mais comuns nas aves
domésticas (modelo abaixo).

Idade Doença Via de aplicação


1 dia Marek + Gumboro + Bouba (suave) Subcutânea
(incubatório)
7 dias New Castle (B1) + Broquite Infecciosa Ocular
(H120) + Gumboro
35 dias Bouba (forte) Membrana da asa
35 dias New Castle (LS) + Bronquite Infecciosa Ocular
(H52) + Gumboro
50 dias Coriza Infecciosa (aquosa) Intramuscular)
70 dias New Castle (LS) + Bronquite Infecciosa Ocular
(H52) + Gumboro
100 dias Encefalomielite Aviária Água de bebida (sem
cloro)
120 dias Coriza Infecciosa (oleosa) Intramuscular
135 dias New Castle + Gumboro + Bronquite Intramuscular
Infecciosa
(tríplice oleosa)

9 – FASES DA CRIAÇÃO

Para melhor aplicar as técnicas de manejo na produção de frangos caipiras, se


torna necessário dividir o período de vida das aves em três fases. Deste modo, o avicultor

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pode oferecer o alimento ideal para cada fase e observar melhor o desenvolvimento das
aves.

9.1 – Fase Inicial

Os primeiros 28 dias de vida das aves é considerado o


período mais crítico da criação de galinhas caipiras e nesta
fase os animais devem receber o maior cuidado para que
sejam protegidos contra os predadores, ventos, chuvas e
também possam receber uma fonte de calor, pois as aves
nessa idade são dependentes de uma fonte externa de calor
para se manterem aquecidas. Para regular a temperatura, o
avicultor deve observar o comportamento dos pintinhos
dentro do circulo de contenção (conforme gravura ao lado).
Nesta fase as aves devem receber a vontade água potável e
ração balanceada elaborada exclusivamente para essa idade.

9.2 – Fase de Crescimento

A partir do 28° as aves já sentem mais calor do que frio, em função disso os
pintinhos já podem ser liberados para terem contato com os alimentos alternativos e aos
poucos irem para área de pastos. O hábito de ingerir esse tipo de alimento vai
proporcionar melhores condições de saúde às aves. A fase de crescimento vai até o 57°
dia de vida, durante esse período as aves devem receber, à vontade, uma ração
adequada para um desenvolvimento satisfatório.

9.3 - Fase de Terminação

Do 57° em diante o frango caipira deve receber uma ração com um teor de proteína
bruta variando entre 16 e 17%. Nessa fase, o abate acorre quando a ave completa 85
dias e atingem um peso médio de 2.200kg ou conforme exigências do mercado
consumidor. Na terminação o fornecimento de alimentação alternativa deve ser oferecido
de forma contínua.

10 – PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO

O avicultor deve procurar manter um regime de regularidade no fornecimento de


produtos para o mercado consumidor e para que esse objetivo seja alcançado é
fundamental que o produtor leve em consideração o seguinte calculo:

Período de criação 80 dias


Período de limpeza/desinfecção 21 dias
Total 102 dias

Lotes por ano = (365/102) 3,57 Lotes

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Lotes por mês = (12/3,57) 3,36 Galpões

Portanto, se o avicultor deseja produzir um lote por mês ele deve construir 4
galpões para atender essa demanda.

11 – MANEJO DA CRIAÇÃO

Ao nascerem, os pintinhos são alojados em pinteiros recebendo água e ração à


vontade, e luz para o aquecimento, não podendo neste período passar frio, fome ou sede.
Os preparativos para a chegada dos pintinhos devem ser iniciados com antecedência.

 A cama deve estar espalhada em todo o galpão (3 a 5 cm de altura).


 Manter as cortinas fechadas
 Formar o círculo de proteção com placas de Eucatex/madeirite.
 As campânulas devem ser ligadas com 1 a 2 horas de antecedência, para que a
temperatura esteja, na hora da chegada, em 30 a 32°C. dentro do círculo
 Fornecer água e ração à vontade.

Diariamente o tamanho do circulo é aumentado de forma que no 9° dia de vida dos


pintinhos o circulo seja retirado. Ao completar 30 dias de idade os frangos tem acesso aos
piquetes durante o dia. Neste período, os frangos adquirem o hábito de ciscar, comer
capim, insetos e outra alimentação alternativa, mas continua-se fornecendo ração de
maneira regulada no interior do galpão. As aves podem receber também restos de
verduras, frutas e comidas, servindo como complemento alimentar.
Em volta do piquete, recomenda-se plantar árvores frutíferas ou ornamentais, que
promovam sombra para as aves, para que quebrem a força dos ventos e, eventualmente,
forneçam algum tipo de alimento (ex: hibisco, feijão guandu, amoreiras, goiabeiras,
bananeiras etc.). também é recomendado a plantação de confrei, rami, leucena, couve,
espinafre, etc. para fornecimento complementar ao pasto.
Os frangos permanecem nesse sistema por volta de 90 dias, pesando em média
2,3 quilos estando prontos para o abate. (NUTRITIME, Art. 106, 2010)

As galinhas e os galos de reprodução devem ser criados separados dos demais na


proporção de 8 a 10 galinhas para cada galo. A idade reprodutiva das aves inicia-se com
20 semanas de vida e deve permanecer no plantel por até 24 meses de idade. Depois
desse período, inicia-se o segundo ciclo de postura e a produtividade dessas aves
começa a cair, em função da idade e da muda de penas, se tornando inviável para
incubação dos ovos.

11.1 – Programa de Iluminação

As frangas que nascem numa época do ano, em que o período de recria coincida
com o aumento do numero de horas do dia, entrarão em postura mais cedo. Ao contrario,
as frangas nascidas em época do ano em que a duração do período de luz natural é

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decrescente, iniciarão a postura um pouco mais tarde. A diferença entre esses lotes oscila
de 10 a 15 dias. Entretanto, a precocidade excessiva na maturidade sexual representa,
geralmente, problemas na criação desses lotes. Esse desenvolvimento corporal precoce
faz com que a ave desvie para a produção de ovos os nutrientes, que deveriam estar
disponíveis para completar o seu crescimento. Com isso, as frangas não atingem o peso
ideal e iniciam precocemente a postura pondo ovos muito pequenos, que não atinge a
classificação de venda. Além disso, futuramente essas frangas apresentarão menor
produção de ovos, menor persistência de postura como também, poderão apresentar
problemas de prolapso do oviduto. Para compensar as deficiências do período de luz
natural na recria das frangas, deve-se adotar programas especiais de iluminação artificial.
Como regra gera, nos lotes que coincidam o período de recria com o aumento da
quantidade de horas de luz, adiciona-se 4 horas à quantidade em horas de natural na
idade de 20 semanas das frangas. A partir dessa idade, reduz-se 15 minutos por semana
até as frangas atingirem 20 semanas. Dessa maneira, as frangas retardarão o inicio da
postura evitando os problemas advindos da maturidade sexual precoce. A iluminação
artificial deve ser feita ligando-se a luz de madrugada e deixando-se acesa até o clarear
do dia. Os outros programas de iluminação artificial são relativamente complexos e não
encontram justificativa econômica para o seu emprego na escala da pequena produção
como a preconizada nessa publicação. Entretanto, aqueles que se interessarem, pelos
programas de iluminação, deverão procurar os compêndios mais especializados na
produção industrial avícola onde encontrarão farto material a respeito do assunto. (SILVA
& NAKANO, 2002)

11.2 – Controle do Choco

O choco das galinhas é um fenômeno reprodutivo natural, pelo qual as aves podem
perpetuar a espécie, realizando a incubação dos ovos para o nascimento da geração
seguinte. Como durante o período do choco as galinhas não botam ovos, esse processo
passa a ser indesejável sob o ponto de vista econômico, principalmente por que a
reprodução esta sob o controle do homem que a realiza em condições artificiais, com
grane eficácia. O choco das galinhas é facilmente identificado pelo seu comportamento
mais agressivo quando vamos colher os ovos no ninho, pois ela bica nossa mão com
bastante raiva. O som do seu cacarejar torna-se, também, como que irritadiço e
ameaçador. Portanto, o avicultor deve evitar, a todo custo, que suas galinhas fiquem
chocas e se, porventura, ficarem, deverá tomar as providencias a seguir, tão logo quanto
possível!
Existem inúmeras receitas para se combater o choco. A primeira é evitar tanto
quanto possível que os ovos permaneçam no ninho, principalmente à noite. Porque à
noite algumas galinhas poderão dormir no ninho e serem induzidas ao choco. Os ninhos
deverão ser fechados na ultima colheita de ovos, no período da tarde. Se, mesmo assim,
aparecer alguma galinha choca, pode-se colocá-la em uma gaiola, de preferência
suspensa, para que fique balançando, pelo período de dois dias. Essa receita foi-me
recomendada, como bastante eficaz, pelo Prof. Jaap, que a utilizava em peruas, cuja
freqüência de choco é muito mais intensiva que nas galinhas. A receita a seguir, só a
escutei de avicultores caipiras nacionais! Consiste em mergulhar a galinha em um balde

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de água fria por duas ou três vezes, retendo-a imersa, por alguns segundos, para que ela
fique bastante assustada e desista do choco. (SILVA & NAKANO, 2002)

11.3 – Sexagem

Nos criatórios de galinha caipira, a prática de criação de machos e fêmeas no


mesmo galpão é muito comum, embora não seja a mais indicada, cabe ao produtor
encontrar a forma mais apropriada e que não interfira no bem estar das aves.
Para que seja feita a sexagem, existem duas maneiras que melhor se adéquam a
criação de aves caipiras, que são:
Primeira: O avicultor deve observar a velocidade de empenamento dos pintainhos,
nas fêmeas, ele ocorre mais rápido em relação aos machos.
Segunda: Deve ser realizada pela observação da cloaca dos pintainhos, através da
proeminência genital das aves. Nesse processo o avicultor deve eliminar as fezes da
cloaca, para ter uma melhor visualização do sexo. Com uma das mãos deve fazer uma
leve pressão sobre as paredes do abdomem do pintinho e baixando a cloaca que deve
ser pressionada levemente ocorrendo a exposição do sexo da ave.

12 – ABATE

Depois que as aves alcançam um peso aproximado de 2,2 kg., já estão prontas
para o abate. Nessa fase, o produtor deve planejar o volume de aves que vão ser
abatidas para atender a sua clientela e garantir que esse processo seja eficiente e
higiênico.
Após a elaboração do plano de abate, o avicultor deve fazer a pega das aves e
separá-las em uma gaiola onde ficarão por no mínimo 6 horas (sem ingerir alimento) e em
um lugar onde as aves não passem por nenhum tipo de stress.
Os subprodutos resultantes do abate, vísceras, sangue e penas, devem ser
destinados em um local previamente preparado pelo avicultor, que deve estar, no mínimo,
a uma distancia de aproximadamente 10 metros dos galpões e da residência do produtor.
Os subprodutos sólidos devem ser depositados na mesma fossa séptica destinada
às aves mortas durante o período de cria e os líquidos (sangue) devem ser jogados em
outra fossa destinada exclusivamente para os líquidos para sua decomposição. Esses
subprodutos não devem ser jogas em cursos de água ou na rede de esgotos para que
não cause danos ambientais.

12.1 – Pega

Esse é um momento muito sensível e as pessoas envolvidas nesse processo deve


tomar algumas medidas necessárias para evitar que as aves passem por um estresse
demasiado.
 A pega deve ser, preferencialmente, feita à noite
 Apenas uma lâmpada de 40W (de cor azul) deve ser acesa no galpão, para facilitar a
captura das aves.

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 As aves não devem ser apanhadas pelas asas, pernas ou pescoço de modo que isso
gere hematomas, contusões e fraturas (preferencialmente deve ser apanhadas pelo
dorso).
 Na falta de caixas apropriadas para contenção das aves, elas devem ser levadas
diretamente para a gaiola onde ficarão durante o período de jejum alimentar.

12.2 – Período de Jejum

O manejo final na produção do frango caipira requer por parte do produtor um


cuidado muito especial, pois nessa fase as aves não podem ter o seu bem estar
prejudicado para que isso não reflita na qualidade da carcaça.
O período de jejum alimentar é fundamental para o esvaziamento do trato intestinal
das aves antes do abate. Isso reduz consideravelmente a possibilidade de contaminação
fecal na hora da evisceração.
O tempo de jejum alimentar deve ser de 8 a 12 horas antes do momento do abate.
Esse é um tempo necessário para que todo o alimento ingerido pelas aves seja eliminado
do trato digestivo. O jejum não deve ser muito prolongado para que não ocorra perda de
peso da carcaça.
Durante o período do jejum a ave deve continuar recebendo água de boa
qualidade, para evitar a desidratação. Os bebedouros devem ser retirados apenas no
momento da pega para facilitar a apanha das aves.

12.3 – Insensibilização

O processo de insensibilização pode ser feita pela técnica da aplicação de gás,


desnucamento ou da eletronarcose. A primeira técnica é pouco usada em função do alto
custo de implantação. A segunda é mais usual nas pequenas propriedades. A terceira tem
uma aceitação maior entre os avicultores de médio e grande porte e consiste em fazer a
ave emergir a cabeça em um recipiente com líquido (geralmente salmora) onde será
aplicada uma corrente elétrica que varia entre 28 e 50 volts. Tensões superiores a 80
volts, diminui, consideravelmente, a eficiência da sangria além de reduzir as reações
bioquímicas relacionadas à maciez da carne de peito. Para reduzir o sofrimento da ave, é
necessário que todo animal antes do abate, passe por um processo de insensibilização.
Esse processo dura em média 7 segundos e quando bem realizado causa na ave
algumas reações características:

 Reduz as contrações musculares,


 Causa um estado de insensibilidade à dor,
 Mantém a ave com o pescoço arqueado,
 As asas coladas ao corpo
 E os dedos distendidos

Esse conjunto de reações possibilita ao avicultor fazer um manuseio mais seguro


ao realizar o processo de sangria.
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12.4 – Sangria

Nesse processo a ave é colocada em um equipamento em formato de funil


adequado para a realização da sangria e coleta do sangue.
Após a insensibilização deve ser feita a sangria de forma rápida e certeira, deve-se
cortar as veias jugulares e artérias carótidas deixando-as sangrar por aproximadamente 3
minutos. Esse processo melhora a aparência e a conservação da carne.

12.5 – Escaldagem

A função do processo de escaldagem é amolecer as penas para facilitar a remoção


mecânica das mesmas, e também fazer uma limpeza parcial da superfície externa da ave.
Nessa etapa, a água deve estar aquecida entre 53 e 56°C para que ocorra o
amolecimento das penas. A ave deve ser emergida e agitada por um período de 2,5
minutos.

12.6 – Depenagem

Após o amolecimento das penas é hora de fazer a depenagem através de


depenadeira motorizada ou de forma manual. Se feita na depenadeira, deve-se ter muita
atenção com a velocidade da rotação para que não ocorra a quebra dos ossos e
rompimento da pele, principalmente quando a escaldagem for feita em temperatura acima
de 56°C.

12.7 – Evisceração

A etapa de evisceração é feita de forma manual, onde é separada as vísceras


comestíveis das não comestíveis. As moelas devem ser abertas para fazer a remoção da
cutícula e limpeza geral. Os miúdos (coração, moela e fígado) após retirados devem ir
para o resfriamento imediato. O processo termina com a retirada da sambiquira (glândula
de óleo) extração da cloaca, intestino, pulmões, papo, esôfago, e traquéia.
Esse processo deve ser feito com extremo cuidado para evitar que ocorra
contaminação através das vísceras.

12.8 – Lavagem

Logo após a evisceração, a ave segue para o processo de lavagem em água


corrente (tipo chuveiro), onde é retirada toda a sujidade interna e externa, para reduzir a
contaminação da água do processo de pré-resfriamento. Nessa etapa é realizada,
também, a inspeção final da carcaça, para retirar as aves que apresentam possíveis
hematomas. A água utilizada para esse fim deve ser hipoclorada na proporção de 2 a
5ppm.

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12.9 – Pré-resfriamento

Essa operação tem a função de preparar a carcaça da ave para o processo de


resfriamento. O pré-resfriamento é feito colocando a carcaça dentro de um tanque (bacia)
com água tratada e gelo. A temperatura da água deve ficar entre 10 e 18°C, afim de evitar
o endurecimento do músculo do peito. O tempo de permanência da carcaça dentro do
tanque é de aproximadamente 13 minutos. Em seguida, a carcaça é mergulhada em outro
tanque com temperatura de 2 a 4°C, com duração de 17 minutos e com um volume de
água de 1,5 litros por kg de ave.

12.10 – Gotejamento

No passo seguinte é realizado o gotejamento, a ave deve ser suspensa pela coxa,
asa ou pescoço para que aja o escoamento da água absolvida no processo de pré-
resfriamento. O tempo necessário para esse fim varia entre 2,5 e 4 minutos. Com isso, o
produto passa a atender as exigências legais que estabelecem um limite de, no máximo,
8% de absorção de água para que seja apto para a comercialização.

12.11 – Resfriamento

Nessa etapa, com as carcaças na temperatura de aproximadamente 3°C é


realizada a embalagem e a estocagem em equipamentos de refrigeração, acondicionadas
em caixas plásticas, onde podem ficar por um período máximo de uma semana em
temperaturas de -1°C (um grau negativo). Se for necessário ultrapassar esse período,
deverão ser obrigatoriamente congeladas.

13.8 – Congelamento

O congelamento deve ser feito em equipamentos apropriados para esse fim. A


carcaça deve ser colocada na câmara frigorífica com uma temperatura em torno de 0°C
(zero graus). A câmara fria deve estar programada para manter a temperatura entre -40 a
-45°C. As carcaças permanecem na câmara fria até atingirem uma temperatura de
aproximadamente -10°C, após atingirem essa temperatura devem ser levadas para o
freezer, onde permanecerão até a comercialização em temperatura de aproximada de -
12°C. A principal vantagem do congelamento é o aumento do tempo adequado para o
consumo do produto.

14.2 – Embalagem do Produto

Após a manipulação realizada no processo de limpeza da carcaça é chegada a


hora de embalar o produto para a devida comercialização. Nesse processo as carcaças
são colocadas em sacos plásticos transparentes apropriados para o seguimento de
alimentação e que possa proteger os produtos contra os fatores ambientais indesejáveis,
tais como, odores estranhos, insetos, microorganismos, poeira, perda de peso, umidade
em excesso etc.

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O produto deve receber as informações da sua origem, data de embalagem, data
de vencimento e orientação de conservação, para auxiliar o consumidor no controle de
riscos inerentes ao consumo de alimentos.

13 - MERCADO

O mercado se apresenta com excelentes perspectivas, pois trata-se de um


mercado especifico onde o consumidor exige tal produto, devido as diferenças apontadas
acima, não se importando em pagar um preço diferenciado. Dessa forma os produtos
caipiras não competirão com os produtos industriais uma vez que o consumidor tem
conhecimento dessas diferenças. (Silva & Nakano, 2002)
O grande gargalo da conquista do mercado consumidor por parte dos produtores
da avicultura alternativa é a constância no fornecimento dos produtos avícolas, além da
padronização dos frangos e ovos ofertados. Para solucionar este problema o produtor
deve planejar sua produção para oferecer com regularidade seus produtos, procurando
selecionar os produtos e atender conforme as exigências do mercado.
A comercialização dos frangos caipiras pode ser vivo ou abatido, sejam aves vivas,
aves abatidas ou ovos, e o apelo de marketing deve ser utilizado na busca por
consumidores que exigem um produto mais saudável. Os ovos são procurados pelo sabor
e pela coloração intensa da gema, enquanto que a carne, além do sabor e da cor, tem a
textura um pouco mais firme. Como forma de promover mais o consumo, muitos
produtores estão vendendo seus produtos em embalagens personalizadas,
principalmente com desenhos que lembram à vida tranqüila do campo e a necessidade de
se consumir um produto saudável.
Normalmente, os produtos caipiras são vendidos em feiras livres, na vizinhança e
mercadinhos, garantindo maior integração do produtor com o consumidor. Entretanto,
estes produtos já estão sendo encontrados nas prateleiras de supermercados de várias
cidades brasileiras e lojas de produtor regionais. Outra ferramenta importante utilização
pelas associações de produtores é o Programa CAEAF – Compra Antecipada Especial da
Agricultura Familiar, da CONAB, onde são adquiridos produtos da Agricultura Familiar,
dentre eles ovos e frangos, e doados para instituições como escolas, creches, hospitais e
outras entidades. Este programa traz benefícios ao produtor, viabilizando a
comercialização dos produtos a preços competitivos. (SIQUEIRA,)

14 – SAIBA MAIS...

Caro leitor,

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15 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PALESTRA: Criação, Manejo e Comercialização de Galinhas Caipiras e Ovos


André de Freitas Siqueira
Sistema Caipira de Criação de Galinhas
Roberto Dias de Moraes e Mário Nakano
Raças e Linhagens de Galinhas para Criações Comerciais e Alternativas no Brasil
Comunicado Técnico 347 – EMBRAPA
Elsio Antonio Pereira de Figueredo/Gilberto Silber Schimidt/Mônica Corrêa Ledur/Valdir
Silveira de Ávila
Criação Alternativa de Frango de Corte
Nutritime – Revista Eletrônica, Artigo 106
Carolina Magalhães Caire/Alexssandre Pinto de Carvalho/Renata Magalhães Caire
Incubadoras de Estágio Único e Múltipo
CHAPTER 4
Wagner Azis Garcia de Araújo & Luis Fernando Teixeira Albino
Manejo de Ovos Férteis: Cuidados da Coleta até o Nascimento
CHAPTER 5
Wagner Azis Garcia de Araújo & Luis Fernando Teixeira Albino
Desinfecção dos Ovos Incubáveis
CHAPTER 9
Wagner Azis Garcia de Araújo & Luis Fernando Teixeira Albino
Guia de Manejo de Incubação
Cobb, 2008

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