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Sraffa PDF
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MARSHALLIANA
INTRODUÇÃO
1 – A TEORIA MARSHALLIANA
A divisão do trabalho, responsável por gerar tantas vantagens, não é em sua origem,
segundo Smith (1988), o efeito de uma sabedoria humana qualquer, é conseqüência
necessária, embora muito lenta e gradual de certa tendência ou propensão existente na
natureza humana, qual seja, a propensão a intercambiar, permutar ou trocar uma coisa pela
outra. A certeza de poder trocar toda a parte excedente da produção realizada de seu próprio
trabalho, isto é, a produção acima do consumo pessoal, estimula cada individuo a dedicar-
se a uma ocupação especifica.
Dessa forma, com a junção das duas leis apresentadas acima, e devidamente
generalizadas por Marshall para se adequarem a teoria neoclássica, se originou a curva de
oferta em U.
2 – A CRÍTICA SRAFFIANA
Sraffa não concordava com todos os princípios colocados por Marshall e expressou
suas críticas no artigo As Leis dos Rendimentos em Condições Competitivas, o qual
“provocou grande impacto ao questionar alguns dogmas basilares da teoria ortodoxa dos
preços” (POSSAS, 1983, p. 152).
De uma forma geral, o autor formula duas críticas a teoria neoclássica. A crítica
externa mostra que a teoria vigente analisa apenas os casos limites – a concorrência perfeita
e o monopólio – e não leva em conta as situações intermediárias que são freqüentemente
mais observadas na economia.
Ainda com relação as críticas externas, para Sraffa a teoria neoclássica não se
adequa a realidade, pois as empresas não são simplesmente tomadoras de preços, bem
como não operam com custos crescentes, mas sim com custos decrescentes ou constantes.
A crítica interna se deve ao fato de as Leis dos Rendimentos não proporcionais (a
Lei dos Rendimentos Decrescentes de Ricardo e a Lei dos Rendimentos Crescentes de
Smith) terem sido generalizadas para se adaptarem a teoria neoclássica. Segundo Sraffa, tal
generalização causa inconsistências na curva de oferta e a tornam irrealista.
(...) removeu ambas as leis da posição que, de acordo com a divisão tradicional da
economia política, costumava ocupar, uma sob o titulo de “distribuição” e a outra
de “produção”, e transferiu-as para o capítulo “valor de troca”, lá fundindo-as na
“lei dos rendimentos não proporcionais e derivando delas uma lei da oferta
(SRAFFA, 1988, p.16).
1
A noção de equilíbrio parcial na teoria neoclássica está associada a independência entre oferta e demanda.
Em virtude das complicações impostas seria interessante, portanto, o abandono da livre
concorrência em direção ao estudo do monopólio, onde se encontram teorias mais bem
definidas. Cabe ressaltar, entretanto, que, na medida em que se lida com teorias sobre os
casos extremos, monopólio e concorrência perfeita, é de se esperar que as condições reais
de diferentes indústrias não se enquadre em nenhuma das categorias extremas, mas sim em
uma zona intermediária e, a natureza da indústria analisada pode estar mais próxima do
sistema monopolista ou mais próxima do sistema de concorrência perfeita.
A teoria convencional nos leva a crer que, para uma indústria situada em uma zona
intermediaria e formada por muitos empreendimentos independentes entre si pode-se
aplicar as conclusões da teoria concorrencial, mesmo que o ambiente econômico não seja
totalmente perfeito. Isto somente é possível pela natureza friccional das imperfeições que
podem ser sobrepujadas pela força da concorrência.
Para Sraffa (1988, p.23), tal conclusão é inadmissível, pois “muitos dos obstáculos
que alteram a unidade do mercado, que é a condição essencial da concorrência, não são de
natureza friccional, mas forças ativas que produzem efeitos permanentes e mesmo
cumulativos”. Como exemplo, podemos citar dois pontos, nos quais a teoria da
concorrência difere da realidade: a) a idéia de que o produtor em concorrência não pode
deliberadamente afetar o preço de mercado; e b) cada produtor em concorrência produz
normalmente em circunstancias de custos individuais crescentes.
A primeira questão faz referência a um ponto discutido na próxima sessão. Com a
possibilidade da compra se realizar com base não na utilidade do produto, mas de acordo
com a preferência do consumidor é possível ao produtor determinada dose de liberdade na
fixação de preços. As preferências dos consumidores demonstram, de acordo com Sraffa
(1988, p.26), “uma disposição por parte dos compradores que constituem a clientela da
firma, de pagar, se necessário, algo extra a fim de obter os bens de uma firma em particular,
em vez de outra qualquer”.
Por sua vez, sobre o ponto b, a experiência cotidiana mostra que um grande número
de empresas, principalmente aquelas de bens de consumo duráveis, trabalha sob condições
de custos individuais decrescentes. Sob tal condição, quase todos os produtores
expandiriam seus negócios se houvesse garantia de que o mercado seria capaz de absorver
toda a produção ao preço corrente. O principal obstáculo para o crescimento da produção,
não são as condições internas que não permitem uma produção maior sem aumento de
custo, mas sim, na dificuldade de vender quantidades maiores de bens sem reduzir o preço
ou sem incidir em custos maiores de comercialização.
4 – CONTRIBUIÇÕES
2
Para mais detalhes ver Robinson, J. A Economia da Concorrência Imperfeita, 1933.
3
Para mais detalhes ver Bain, J. Barriers to new competition. Cambridge, Mass.: Harvard U.P., 1956.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo revisitar as críticas realizadas por Sraffa á
teoria neoclássica tradicional. Tais críticas podem ser divididas em dois tipos: críticas
externas e críticas internas. As críticas externas se referem a não aderência da teoria
neoclássica aos fenômenos observados em condições reais e ao fato de a teoria abordar
apenas os casos extremos, monopólio e concorrência perfeita, onde a maioria dos casos
reais não se encontra. Por sua vez, as críticas internas abordam as origens da curva de oferta
e as adaptações necessárias nas leis dos rendimentos não proporcionais para seu
surgimento, o que na opinião do autor é fonte de inúmeros problemas.
ABSTRACT: The present article has as objective to revisit the critical ones carried through
by Sraffa the traditional neoclassical theory. Such critical ones can be divided in two types:
critical external and critical interns. Critical the external ones if relate not the tack of the
neoclassical theory to the phenomena observed in real conditions and to the fact of the
theory to approach only the cases, monopoly and perfect competition extreme, where the
majority of the real cases does not meet. In turn, the critical interns approach the origins of
the curve of offer and the necessary adaptations in the laws of the not proportional incomes
for its sprouting, what in the opinion of the author is source of innumerable problems.