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Cardoso de Oliveira Roberto Sobre o Pensamento Antropologico Cap1 3 PDF
Cardoso de Oliveira Roberto Sobre o Pensamento Antropologico Cap1 3 PDF
SOBRE O
PENSAMENTO
ANTROPOLÓGICO
3 ª edição
CAPÍTULO 1
-
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u forma moderna, estrutu- lista vésperas de sua consolidação em uns poucos centros universitários
z
ralista norte-americanos.
Cf.l
(1) (2) Para facilitar a realização desta minha etnografia, obviamente in
completa, das comunidades de pensamento antropológico escolhidas
�
..... "Antropologia Interpre- "Escola Histórico-Cu!- e que se localizam em países de centro - i. é, de centros irradiadores
z tativa'' Paradigma her- tural" Paradigma cultu- da disciplina, como França, Inglaterra e EE U U - procurarei alguns
o menêutico ralista autores/atores que por seu desempenho tenham contribuído decisi
-
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u vamente para a adoção dos paradigmas apontados na matriz e, de
� certo modo, por ela previstos. A menção às "escolas antropológi
o (4) (3) cas'' já facilita essa identificação para mim e para os colegas que me
ouvem, e que embora possam discordar sobre um ou outro autor,
Se o visualizarmos geometricamente, veremos que o espaço coberto possam igualmente concordar pelo menos com aquilo que estou cha-
pela matriz está construído e, por conseguinte, limitado, por duas re . mando de '' casos exemplares'', como me parecem ser - como já se
tas traçadas a partir de um ponto comum, em ângulo reto, formando · indicou - a "Escola Francesa", a "Britânica", a" Histórico-Cultu
coordenadas cartesianas: a linha horizontal abrigaria as tradições in ral" e a" Interpretativa", esses dois últimos "casos" registrados ti
telectualista e empirista, escritas nesta ordem; a linha vertical conte picamente no ambiente norte-americano. Temos, então, segundo mi
ria as perspectivas polarizadas no interior da"categoria" tempo (ou nha escolha, respectivamente como principais atores na edificação
crono, se preferirem), sendo umasincrônica (na medida em que neu dessas escolas ou orientações da antropologia, ·ourkheim, Rivers,
traliza ou põe entre colchetes o tempo, reduzindo-o a zero) e outra Boas e - como único autor vivo, o quejá indica ajuventude desta úl
diacrônica (onde o tempo, resgatado e determinador, conforma a tima orientação - Clifford Geertz. Juventude essa - é bom que se
perspectiva). O espaço, assim obtido, fica dividido em quatro domí esclareça - apenas de orientação na antropologia e não do paradigma
nios, estruturalmente determinados, e que podemos identificar - para hermenêutico que a sustenta, pois este remonta ao século XIX, a
efeito de uma primeira análise - através de números de 1 a 4 de uma Dilthey pelo menos, para não irmos mais longe ainda.
série ordinária: (1) no primeiro domínio, teríamos a tradição intelec O trabalho de Durkheim e de seus colaboradores, como Lévy
tualista cruzada com a perspectiva sincrônica, criando um lugar a ser Brühl, Henry Hubert e, sobretudo, Marcel Mauss, para destacar
ocupado pelo '' paradigma racionalista'' que, concretamente, tão bem aqueles que considero os principais, resultou na criação de uma in
a "Escola Francesa de Sociologia" exemplifica; (2) no segundo, a discutivelmente nova disciplina. Com o nome de sociologia era a an-
tropologia social que também nascia, particularmente se considerar terra. _Começando p�r
buscar implantar a antropologia social na Ingla
mos O 2. 0 Durkheim, o autor das Formas Elementares da Vida Reli d Tylo d Fraz er, e imp?r_tan ?o o di
uma critica ao evolucionismo e r e e
giosa, e, certamente, a obra de Mauss. Herdeiros da tradição intelec atravé s do qual acr dita a estar privilegiando a
f s i·onismo alemão_ e v
tualista franco-germânica, souberam encontrar um espaço próprio de alvos e o es
�squisa empírica e de campo-, Rivers estabeleceu �s
indagação e sobre ele constituíram uma nova disciplina que não se in loco �os po
confundisse, nem com a filosofia, nem com a psicologia e certamente ii.Io de uma antropologia comprometida com o estudo
vos aborigenes e apoiada amplamente n? métod
o compa � vo. O
ati
diferente da história enquanto abstraem o tempo do campo de suas pa ticular m nt , no si st�ma d e
preocupações - se me permitem rememorar coisas mais do que sabi , prio foco na organização social e, r e e
NOTAS
'Conferência proferida na XIV Reunião Brasileira de Antropologia (Brasília, abril de
1984) e publicado no Anuário Antropo/ógico/84, pp. 191-203. O autor agradece às Pro
fessoras Aleida Rita Ramos e Mariza Gomes Souza Peirano a oportunidade que ambas
lhe deram para debater as principais idéias aqui esboçadas, isentando-as, todavia, de
qualquer responsabilidade sobre o presente texto.
;O título original da conferência é "Was ist das - die Philosophie?", pronunciada em
agosto de 1955 em Cerizy-la-Salle, Normandia, tendo sido traduzida para o português
por Ernildo Stein sob o título "Que é isto - a Filosofia?" (Livraria Duas Cidades,
1971; inserida também no volume Martin Heidegger da série" Os Pensadores", Abril
S.A. Cultural, São Paulo, 1979).