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Resumo
Este caso visa esclarecer a contradição entre um dos maiores escândalos mundiais de fraudes
no setor automobilístico na emissão de poluentes, o Dieselgate (batizado pela imprensa), e o
conceito de Sustentabilidade que conforme a Volkswagen é tratado prioritariamente pela
companhia. Como uma empresa que em seu próprio site diz ter como princípio a honestidade e
transparência pôde utilizar um software para “maquiar” a emissão de gases poluentes de alguns
de seus modelos a diesel?
Palavras-chave: Dieselgate, Fraude, Sustentabilidade, Volkswagen, Software
O Grupo Volkswagen
“O objetivo do Grupo é oferecer veículos atraentes, seguro e ambientalmente saudável que são
competitivos em um mercado cada vez mais difícil e que estabeleceu padrões mundiais em suas
respectivas classes. ”
(Institucional do Grupo Volkswagen)
Ainda conforme a Revista Auto Esporte, a Volkswagen do Brasil também foi envolvida
no caso. Milhares de unidades da picape Amarok possuem o software que fraudou os testes de
emissão nos EUA e na Europa. “Segundo a montadora, as unidades envolvidas são dos modelos
2011 e parcialmente os modelos 2012. A picape atualmente feita na Argentina é o único modelo
no mercado brasileiro que possui o motor EA189, que é produzido na Alemanha e contém o
dispositivo usado para as fraudes.
Sustentabilidade
A sustentabilidade pode ser definida como a capacidade de o ser humano interagir com
o mundo, preservando o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações
futuras.
O princípio da sustentabilidade aplica-se a desde um único empreendimento, passando
por uma pequena comunidade, até o planeta inteiro. Para que um empreendimento humano seja
considerado sustentável, é preciso que ele seja: Ecologicamente correto, economicamente
viável, socialmente justo, culturalmente diverso. A ação fraudulenta da gigante do setor
CASO DE ENSINO
A pergunta é: o que leva uma empresa multinacional a efetuar uma fraude de tamanha
proporção sem levar em conta os riscos e consequências da descoberta da fraude? Dinheiro?
Falta de profissionalismo? Descaso? A empresa parece ir para um caminho inverso a tendência
mundial que é a redução de gases poluentes. E as consequências para tal fraude não serão
poucas.
“Nossa companhia foi desonesta com todos vocês” (Michael Horn, diretor-executivo da
Volkswagen nos Estados Unidos).
A indenização total de R$ 1,092 bilhão (sem contar os juros) é muito maior que a multa
máxima de R$ 50 milhões estipulada pelo Ibama por infração ambiental em 2015, quando o
escândalo surgiu. O recall das 17 mil unidades da Amarok só foi anunciado depois de uma
determinação do Ibama., após testes feitos pela Companhia Ambiental Do Estado de São Paulo
(Cetesb), que apontaram que o dispositivo estava ativo no Brasil.
CASO DE ENSINO
Segundo a Cetesb, se não fosse pela ação do dispositivo fraudulento, as emissões de óxidos de
nitrogênio superariam o limite regulamentado e a picape teria sido reprovada nos testes de
homologação para venda.
Ações Reparadoras
Após o escândalo, a Volkswagen se viu obrigada a tomar medidas e realizar ações para
recuperar sua reputação perante a sociedade, governos e stakeholders. A primeira foi assumir o
erro publicamente, seguido de um pedido de desculpas público, o que acabou resultando na
renúncia do presidente global Martin Winterkorn (Revista Auto Esporte). Em nota oficial ele
cita:
[...]Estou chocado com os acontecimentos dos últimos dias. Acima de tudo, estou chocado de
que a má conduta em tal escala era possível no Grupo Volkswagen. Como CEO aceito a
responsabilidade pelas irregularidades que foram encontradas nos motores a diesel e como
aceitou o conselho do grupo, estou encerrando as minhas funções como presidente do Grupo
Volkswagen. Estou fazendo isso pelo bem da empresa, embora eu não tenha conhecimento de
nenhuma atitude errada da minha parte[...]
Uma semana após assumir o erro, a Volkswagen anuncia que iria reparar todos os
veículos alterados através de um recall. O grupo apresentou aos clientes e órgãos responsáveis
quais seriam os reparos feitos em cada modelo para solucionar o problema, com detalhes
técnicos sobre cada reparo, prometendo aos consumidores que isto não afetaria os veículos
(Revista Auto Esporte). Mesmo com a promessa de que a performance se manteria a mesma,
alguns consumidores reclamaram de perda de potência e aumento no consumo de combustível.
Apesar dos clientes levantarem suspeitas e exigirem a interrupção do recall até uma nova
solução ser apresentada, o grupo não reconheceu tais problemas e salientou que apenas 0,75%
dos consumidores apresentaram queixas formais após os processos de reparo, continuando suas
operações de recall (Revista WM1).
Outras ações como campanhas publicitarias afim de mostrar “um novo rumo” para o
grupo e investimentos em fundos ambientais e fundações relacionadas ao meio ambiente foram
realizados afim de recuperar a imagem manchada. Muitas dessas ações foram meramente
cumprimento de decisões judicias, como por exemplo o caso de pagamento de multas
milionárias e reparo de veículos. Decisões de diferentes países exigiram até mesmo
indenizações aos clientes se não cumpridos tais reparos. Analisando por essa conjuntura, nos
faz pensar em quais ações a Volkswagen verdadeiramente realizou com a conscientização
ambiental afim de respeitar seu próprio código de conduta e ética, e o qual acionistas estão
empenhados a seguir esse próprio código, afim de se relacionar como um grupo empresarial, e
menos com interesses individuais
Legado do “Dieselgate”
CASO DE ENSINO
Após o escândalo, muito se foi discutido sobre a “morte” do Diesel, que acabou virando
o grande vilão da indústria automobilística depois do caso “Dieselgate” (Jornal ANotícia). O
parlamento europeu acabou votando um projeto de lei que acelera o fim do Diesel na Europa.
Grandes companhias automobilísticas já realizam estudos de novos projetos de veículos sem o
combustível (Revista Razão Automóvel).
Um novo paradigma?
O sonho de uma nova sociedade, de um novo sujeito social, de organizações e indivíduos
comprometidos com o ecossistema e com a justiça social precisa levar em consideração o fato
de estarmos inseridos em uma sociedade predominantemente capitalista.
Se tal fato ocorresse em 2017/2018, qual impacto seria sentido pela empresa? Somente
as multas e sanções impostas pelo governo e órgãos ambientais brasileiros ou haveria
também um boicote por parte dos consumidores a companhia, assim como realizado
com a empresa JBS?
Com a descoberta da fraude, houve certamente uma divergência com os valores da
empresa. Você acha que a alta administração de fato está preocupada com os valores
ambientais ou buscam somente aumentar seus ativos?
No Brasil, a companhia recebeu algumas multas. Você acha que foi o suficiente? Se
não, quais medidas poderiam ser aplicadas a mais?
Outras companhias automobilísticas, engenheiros, agentes de fiscalização foram
envolvidas no caso. Como resolver o conflito entre interesses pessoais e a
responsabilidade social?
CASO DE ENSINO
Quais outras ações reparadoras você acredita que a companhia poderia ter realizado para
recuperar sua reputação e compensar os danos causados?
Referências Bibliográficas
RAZÃO AUTOMOVEL. Parlamento Europeu acelera a morte dos Diesel. Disponível em:
https://www.razaoautomovel.com/2017/04/parlamento-europeu-morte-diesel. Acesso em: 02
de Novembro de 2017
Comunicação Organizacional: Um novo cenário x uma velha postura? Dra. Marlene Branca
Sólio Universidade de Caxias do Sul, RS