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RESUMO
A cada dia a legislação fica mais rigorosa no sentido de prevenção de acidentes e
preservação da saúde ocupacional, forçando, desde as mais singulares empresas a aplicarem
recursos em segurança do trabalho. Cada vez mais, as preocupações com o bem estar e com a
integridade física dos colaboradores passaram a serem elementos de destaque na gestão de um
negócio. Nesse sentido, o presente estudo de caso e pesquisa torna-se importante porque visa
levantar as vantagens que uma empresa rural tem ao implantar um sistema de saúde e
segurança aos seus funcionários. Contudo, sabe-se que mesmo investindo em prevenção não
se está livre de acontecimentos imprevistos. Porém, a consequência deste fato poderá ser com
menor gravidade em função da política de saúde e segurança. Sendo assim este trabalho tem
como objetivo identificar a empresa rural como sendo uma empresa modelo no seguimento de
normas de segurança do trabalho no município de Paranapuã- SP. A pesquisa utilizada foi do
tipo exploratória, com a aplicação de um questionário. Desta forma, a realização deste
trabalho atendeu aos objetivos propostos, e ficou comprovado que com a implantação da
segurança do trabalho nas empresas rurais é possível desempenhar de uma melhor forma as
atividades desenvolvidas, com redução dos riscos ambientais, bem como os riscos de
acidentes, proporcionando o bem estar e integridade física do trabalhador além de estar
cumprindo com a legislação trabalhista.
Palavras-Chave: Segurança do trabalho. Saúde. Prevenção.
ABSTRACT
Legislation has become stricter in order to prevent accidents and preservation of occupational
health, forcing, from the most unique companies to implement workplace safety resources.
Increasingly, concerns about the well-being and physical integrity of the employees began to
be prominent elements in managing a business. In this sense, the present case study and
research becomes important because it aims to raise the advantages that a rural company gets
when it implements its health and safety system to its employees. However, it is known that
even investing in prevention is not free from unforeseen events. But the consequence of this
fact may be less severe due to the health and safety policy. Therefore, this study aims to
identify the rural company as a model company in the follow-up work safety standards in
Paranapuã- SP. The used research was exploratory, with the application of a questionnaire.
Thus, this work reached the proposed objectives, and it was proved that with the work safety
deployment in rural enterprises it is possible to perform in a better way the developed
activities, reducing environmental risks as well as the risk of accidents, providing welfare and
worker's physical integrity besides being compliant with labor laws.
Jales - SP, 06 a 08 de outubro de 2016
VIII Sintagro – Simpósio Nacional de Tecnologia em Agronegócio
Key Words: Work Safety. Health. Prevention.
1. INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, investir em segurança do trabalho nas empresas urbanas e rurais de
diversos segmentos aumenta o grau de conscientização dos empregados, além de ser
obrigatoriedade por força de lei. Fazer treinamentos de segurança com os colaboradores da
empresa melhora o relacionamento entre eles.
Tomar cuidados com a segurança e o bem estar dos empregados é obrigação do
empregador, isso é previsto em vários artigos da legislação trabalhista, cível e previdenciária.
A cada dia a legislação fica mais rigorosa no sentido de prevenção de acidentes e preservação
da saúde ocupacional, forçando, desde as mais singulares empresas a aplicarem recursos em
segurança do trabalho. De acordo com Santos (1978), é preciso orientar os trabalhadores de
acordo com as tendências da evolução da empresa, e manter um constante treinamento em
função da especialização.
A coisa certa a se fazer é manter a mente aberta, conversar com os colaboradores da
empresa e com o pessoal da área de segurança, fazendo com que todos participem do
processo. Palestras e seminários, fazer cursos de atualização sobre gerenciamento, qualidade e
meio ambiente também podem colaborar bastante. Em muitos desses cursos são ministrados
tópicos envolvendo segurança do trabalho, que podem somar-se ao conhecimento necessário
para fazer a empresa mais eficiente, segura, organizada e produtiva.
Cada vez mais, as preocupações com o bem estar e com a integridade física dos
colaboradores passaram a serem elementos de destaque na gestão de um negócio. Segundo
Diniz (2005), trata-se de um entendimento que as pessoas envolvidas no trabalho são o bem
mais valioso para uma atividade bem feita, e com isso proporcionando tornar uma
organização competitiva e bem sucedida comercial e socialmente.
Nesse sentido, o presente estudo de caso e pesquisa torna-se importante porque visa
levantar as vantagens que uma empresa rural tem ao implantar um sistema de saúde e
segurança aos seus funcionários. Contudo, sabe-se que mesmo investindo em prevenção não
se está livre de acontecimentos imprevistos. Porém, a consequência deste fato poderá ser com
menor gravidade em função da política de saúde e segurança.
Sendo assim este trabalho tem como objetivo identificar a empresa rural como sendo
uma empresa modelo no seguimento de normas de segurança do trabalho no município de
Paranapuã- SP.
2. METODOLOGIA
O presente trabalho é um estudo de caso que também pode ser definido como uma
pesquisa de campo que segundo Gil (2009, p. 53) “constitui-se de investigação onde se realiza
parte do trabalho pessoalmente, e tende a ser usado técnicas de investigação e observação e
ser flexível com mudanças e variações ao longo da pesquisa”. O investigador tem como papel
o de observador e explorador, coletando diretamente os dados no local pesquisado. Esta
pesquisa foi realizada em uma empresa rural do segmento do agronegócio da região do
município de Jales -SP.
A metodologia apresentada em um projeto tem como objetivo principal mostrar os
procedimentos e métodos utilizados para elaboração da pesquisa realizada. Para Lakatos
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(1996, p. 15): “A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal e um método de
pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se
conhecer [...]. É um procedimento reflexivo e sistemático, controlado e crítico, que permite
descobrir novos fatos ou dados, relações ou lei, em qualquer campo de conhecimento.”
A pesquisa utilizada foi do tipo exploratória que, segundo Gil (1993; p. 45), “tem como
objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou construir hipóteses”. De acordo com Gil (1998), a pesquisa exploratória, entre
outros itens, constitui também de um levantamento bibliográfico que neste trabalho será
abordado sob a ótica da legislação e das normas regulamentadoras vigentes neste país.
Magalhães (2007) destaca que os instrumentos utilizados em uma coleta de dados
tradicionais são: a observação, entrevista, questionário e o formulário. Será utilizado neste
trabalho para realização da pesquisa o questionário.
O estudo foi realizado em uma empresa rural do município de Paranapuã , e o
entrevistado foi a técnica de segurança do trabalho responsável pela mesma.
3. REVISÃO DE LITERATURA
Segundo Oliveira (1999), a partir de 1930, o Governo de Getúlio Vargas começa a dar
um espaço e uma maior visão á proteção à saúde do trabalhador. Começava ali, de uma forma
tímida, a reestruturação da legislação trabalhista do Brasil.
A legislação social do Brasil começou realmente após essa revolução de 1930. Foi no
Governo Provisório que foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e se iniciou
a elaboração das Leis Sociais, (Sussekind, 1996).
Para Sussekind (1996), foi na constituição de 1937 que se fixou a melhor norma de
procedimentos do trabalho, pois era descrito nessa constituição o preceito básico para: a
assistência médica e higiênica; as férias remuneradas; o repouso semanal; o salário mínimo; a
indenização por cessação das relações de trabalho, sem que o empregado a ela tenha dado
causa; jornada de oito horas; proteção à mulher, ao menor e ao seguro social, entretanto
proibia a greve. Em 1943 com o Decreto–Lei n° 5.452 é que foi promulgada a Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), que não apresentou grandes mudanças no direito. Por isso
necessitou de mudanças para atualizar a realidade dos ambientes de trabalho, sendo que se
observa os inúmeros decretos, leis e normas editadas posteriormente. Uma das normas
aprovadas foram as Normas Regulamentadoras (NR) relativas à Segurança e Medicina do
Trabalho através da Portaria n° 3.214/78 que prevê medidas de proteção ao trabalhador.
A Constituição Federal de 1988 após ser promulgado, em seu capítulo II (Dos Direitos
Sociais), artigo 7º, igualou os trabalhadores urbano e rural. No inciso XXII delibera sobre
segurança e saúde do trabalhador, dispondo sobre redução dos riscos inerentes ao trabalho,
por meio de normas de saúde, higiene e segurança (BRASIL, 1988).
Ao trabalhador rural também se aplica a lei especifica nº 5889/73, segundo a qual o
empregado rural é toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a
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empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário, em propriedade rural ou prédio
rústico. Empregador rural é a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore a
atividade agro econômica em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por meio de
prepostos e com auxílio de empregados (BRASIL, 1973).
No Brasil as normas regulamentadoras decorrem da lei nº 6.514/77 que alterou o
Capítulo V do Título II da CLT, relativo à segurança e medicina do trabalho. Esta lei
determinava que o Ministério do Trabalho e Emprego regulamentasse pautas relativas a esses
âmbitos, então foi publicada a Portaria 3.214/78 que constituiu as Normas Regulamentadoras
que, por sua vez, dispõem capítulos sobre os temas especificados. Esses capítulos são
conhecidos como NRs e versam sobre a segurança e saúde ocupacional.
No trabalho rural em caso específico da lei 5.889/73 que deu origem às Normas
Regulamentadoras Rurais (NRRs 1, 2, 3, 4, 5), onde foram aprovadas pela portaria 3.067/88.
No ano de 2008, essas NRRs foram revogadas e a regulamentação foi condensada na NR 31.
A NR-31 tem por objetivo “estabelecer os preceitos a serem observados na organização
e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento
das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a
segurança e saúde e meio ambiente do trabalho” (BRASIL, 2005).
Ela se aplica a “quaisquer atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração
florestal e aquicultura, verificadas as formas de relações de trabalho e emprego e o local das
atividades. Esta Norma Regulamentadora também se aplica às atividades de exploração
industrial desenvolvidas em estabelecimentos agrários” (BRASIL, 2005).
A NR-31 consta de: objetivo, campos de aplicação, disposições Gerais - obrigações e
competências - das responsabilidades, comissões permanentes de segurança e saúde no
trabalho rural, gestão de segurança, saúde e meio ambiente de trabalho rural, Serviço
Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural (SESTR), Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (CIPATR), agrotóxicos, adjuvantes e produtos
afins, meio ambiente e resíduos, ergonomia, ferramentas manuais, segurança no trabalho em
máquinas e implementos agrícolas, secadores, silos, acessos e vias de circulação, transporte
de trabalhadores, transporte de cargas, trabalho com animais, fatores climáticos e
topográficos, medidas de proteção pessoal, edificações rurais, instalações elétricas, áreas de
vivência e anexos (BRASIL, 2005).
No ano de 2010, a NR-12 veio para incorporar a parte relativa a máquinas e
equipamentos da NR-31. Esta nova norma dispõe sobre segurança no trabalho em máquinas e
equipamentos que se define “referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de
proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos
mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e utilização
de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação,
comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas”
(GUIA TRABALHISTA, 2011). A NR-12 aplica-se aos fabricantes de máquinas e
equipamentos.
O Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST), órgão vinculado à
Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), está encarregado da definição, coordenação,
orientação e implementação da política nacional em segurança e saúde no trabalho rural. O
DSST é também responsável pela coordenação, orientação e supervisão das atividades
preventivas desenvolvidas pelas regionais do MTE, além da realização da Campanha
Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural, zelando pela participação do
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trabalhador e implementação do Programa de Alimentação do Trabalhador. Cabe às
Delegacias Regionais do Trabalho (DRT), órgão também vinculado ao SIT, executar as
atividades determinadas pela DSST (BRASIL, 2005).
Dentre todos os itens de mais importância tratados pela NR-31 devemos uma atenção
especial ao uso de agrotóxicos, devido ao lugar que o Brasil ocupa no mundo como o maior
consumidor mundial desses produtos na atualidade. Portanto, podemos citar o envolvimento
de grande quantidade de trabalhadores nas operações e nas aplicações do setor agropecuário
do país. O Brasil também ocupa um lugar de destaque na segurança no trabalho em máquinas
e implementos agrícolas devido ao volume de acidentes que se tem registrado e a própria
evolução de seu número em propriedades agrícolas brasileiras (ABRASCO, 2012; IBGE,
2012; SCHOLOSSER et al., 2002; SOARES, 2007).
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Conforme cita (Queiroz et al. 2007), a OIT considera as atividades agropecuárias como
uma de maior risco para o trabalhador, equiparando-se à construção civil e à exploração de
petróleo. O trabalho agropecuário em si, pode se somar inúmeras possibilidades de uso de
produtos químicos e máquinas e equipamentos, aumentando potencialmente os riscos e a
gravidade de acidentes de trabalho. A aplicação de agrotóxicos é uma das atividades que
apresenta um dos maiores riscos ao qual está exposto o trabalhador.
No ano de 2008, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu o primeiro lugar no
consumo mundial de agrotóxicos, “nos últimos dez anos, o mercado mundial de agrotóxicos
cresceu 93%, o mercado brasileiro cresceu 190%” (ABRASCO, 2012, p.14).
O Brasil representou 19% do mercado mundial de agrotóxicos e os Estados Unidos,
17% no ano de 2010. As categorias que detêm parcela importante na comercialização total de
produtos agrotóxicos são: herbicidas (45%), fungicidas (14%), inseticidas (12%) e demais
categorias (29%) (ANVISA, 2012).
Os vínculos dessa grande expansão brasileira no consumo de agrotóxicos têm a ver com
o aumento da produção de soja, cana-de-açúcar, milho, café, citros e algodão. No ano de 2003
essas culturas eram responsáveis por 75% da demanda nacional de agrotóxicos, já no ano de
2008 essa porcentagem passou a ser 90%, principalmente em virtude do aumento de produção
de soja e da cana-de-açúcar (HOFMANN et al., 2010).
Segundo a (ANVISA, 2012), o consumo médio de agrotóxicos aumentou de 10,5 litros
por hectares em 2002 para 12 litros por hectare em 2011.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo que ora se encerra contribuiu para dar inicio a uma reflexão mais constante
sobre a saúde e segurança do trabalho rural, a importância disso para empresa e para o
trabalhador.
Sobre a relevância da segurança do trabalho na empresa citrus, observou-se na
entrevista com a técnica de segurança do trabalho que após a implantação de normas de
segurança, os trabalhadores passaram a se relacionar melhor com os demais, bem como com o
empregador, isso devido às palestras ministradas por técnicos e abertura para opiniões dos
trabalhadores para ver o que pode ser melhorado na empresa.
Conta também como ponto positivo para a empresa após a implantação de todas as
normas de seguranças, o último acidente registrado já tem mais de 2 anos de acontecido, no
ocorrido relatado pela investigação feita pelo técnico de segurança do trabalho da empresa,
um funcionário caiu de cima de uma carreta de trator, o mesmo não utilizava os EPIs
necessários, exigidos pelas normas.
De acordo com a entrevista, foi citado que os funcionários estão mais dispostos e
motivados para realizarem suas funções, bem como foram relatados os benefícios que tais
medidas podem trazer para os empregados e empregador.
Portanto, nesse sentido pode-se concluir que é válido investir, e de acordo com a
pesquisa desenvolvida na organização ficaram explícitos os benefícios advindos com a
implantação da segurança do trabalho.
Desta forma, a realização deste trabalho atendeu aos objetivos propostos, e ficou
comprovado que com a implantação da segurança do trabalho nas empresas rurais é possível
desempenhar de uma melhor forma as atividades desenvolvidas, com redução dos riscos
ambientais, bem como os riscos de acidentes, proporcionando o bem estar e integridade física
do trabalhador além de estar cumprindo com a legislação trabalhista.
REFERÊNCIAS
FIELD, B. Safety with farm tractors. Indiana : Cooperative Extension Service, Purdue
University, 2000. 10p.
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. 3a edição.
São Paulo: Editora Atlas, 1996.