Você está na página 1de 4

1

EDITORA PROMINAS E ORGANIZADORES. Administração Aplicada à Engenharia de


Segurança. In: ADMINISTRAÇÃO APLICADA À ENGENHARIA DE SEGURANÇA,
Módulo 4, 2012, p. 3 – 68.

Como já há alguns anos o trabalho intelectual vem ultrapassando o físico-manual,


apesar deste último ainda é a força principal entendendo-se que ambos devem estar juntos, já
surgiu nesse ambiente aquele profissional que cuida da segurança, saúde e modo como o
trabalho é executado pelos funcionários e determina se o sistema de produção é confiável e
eficaz. Esse profissional é o engenheiro de segurança do trabalho, o qual de acordo com
empresas e/ou países levantam as tarefas a seguir: administrar orçamentos, acompanhar
projetos e obras, receber equipamentos, introduzir programas preventivos de acidentes,
elaborar procedimentos seguros, preparar e gerir situações de crise, analisar acidentes
ocorridos e reconhecer doenças profissionais, participar de reuniões, contatar representantes
de fornecedores de equipamentos e serviços e órgãos, fiscais do trabalho, formar e treinar
funcionários, fazer auditorias.
São várias as atividades desse profissional que deve equilibrar as diversas atividades
tanto administrativas quanto de mão de obra, tudo isso com poucos recursos vários outros
profissionais, dando atenção a todas as atividades que ocorrem no chão de fábrica. Todas
essas atividades surgiram em 1970 devido a necessidade de se reduzir acidentes e obrigar as
empresas a cumprirem o que determinam as Normas Regulamentadoras sobre segurança e
medicina do trabalho e o profissional cumpre também o papel de fiscal da lei, e atua como
corretor dos problemas.
O modelo brasileiro busca resguardar o trabalhador dos acidentes em seu labor, mas
sem eliminar os perigos existentes. Essa não eliminação dos perigos precisa sofrer mudanças,
entre outras a melhorar a elaboração de projetos, obrigar ao isolamento com EPI / EPC, o
pensamento do empresário que só pensa sem retorno financeiro essa prevenção contida na lei
e prefere gastar o mínimo necessário para cumprir a lei em detrimento da segurança dos
trabalhadores. E é por isso que os profissionais de segurança fazem notar que sua atuação está
pautada na vítima para explicar o acidente, como sendo ato inseguro e culpa, tornando tudo
isso muito questionável, já algumas empresas só enxergam a produção, e limitam ao
profissional a gerência da segurança dos trabalhadores e não dos locais onde eles laboram.
A Revolução industrial da Inglaterra, do século 19, transformou pequenas oficinas em
grandes fábricas que empregavam grande quantidade de trabalhadores também foi importante
para fazer surgir a engenharia industrial, pois essas fábricas necessitavam inventar novos
maquinários, já que os anteriores não mais serviam; a engenharia industrial também foi a
2

responsável por melhorar métodos de trabalho, selecionar e treinar os operários, além de


desenvolver novos métodos para administrar tanto as fabricas quanto seus trabalhadores.
Mudando os métodos de produção foi preciso mudar os métodos de trabalho, tais
como fez Henry Ford ao fragmentar as tarefas. Outra mudança havida foi o nascimento da
burocracia, que não se importa com pessoas e suas diferenças individuais nem psicológicas. A
burocracia é racional, se preocupa apenas com metas coletivas e objetivos de produção, o
individuo não é considerado, são apenas parte de um maquinário que custou caro e precisa ser
preservado.
As primeiras normas surgidas nos anos 1970 desenvolveram normas regulamentadoras
que buscaram proteger trabalhadores, criaram programas de Prevenção de Riscos Ambientais
e de Controle Médico de Saúde Ocupacional, em busca de preservam saúde e integridade
física de trabalhadores, antecipando, reconhecendo e avaliando possíveis riscos em seus
ambientes de trabalho; além de promover e preservar conjuntamente a saúde do trabalhador.
Outra criação importante foi a da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, acionada
pelos próprios trabalhadores, melhorar as condições/ambientes de trabalho. Cabe acrescentar
que essas são normas nacionais e que no plano internacional surgiram outras como as
Occupational Health and Safety Assessment Series, o Sistema de Gestão de Qualidade – ISO
9001 – e o Sistema de Gestão Ambiental – ISO 14001 – para facilitar a integração dos
sistemas, caso assim deseje alguma organização.
Dentre os fatos que são comuns nos acidentes, e que deveriam receber a atenção do
engenheiro de segurança do trabalho, citam-se, entre outros: máquinas sem proteção,
equipamentos defeituosos, arranjo físico do local de modo inadequado, instalações elétricas
irregulares, sobrecarga de equipamentos de transporte de materiais, estocagem imprópria de
matéria-prima ou produtos acabados. São fatores que desencadeiam acidentes com choque
elétrico, incêndios, esmagamento, amputação, cortes, perfuração, quedas, e até mesmo óbito.
Foi para evitar todos esses problemas que foi criada a função do Engenheiro de
Segurança do Trabalho, profissional graduado em qualquer área da engenharia ou da
arquitetura, e através de uma especialização, estará capacitado a desenvolver as várias
atividades de prevenção na segurança do trabalhador. Esse engenheiro também poderá
fornecer consultoria às empresas, ser perito judicial e/ou assistente nas questões trabalhistas,
fazer parte do Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, ser
professor, etc.
O engenheiro de segurança do trabalho pode interferir no processo produtivo, evitar
riscos e melhorar processos de produção, com ética, disciplina e conhecimento dos processos
3

de produção onde está inserido, além de bom senso ao negociar soluções e conciliar a
adequação da mão de obra com as novas técnicas que vão surgindo. O engenheiro de
segurança do trabalho deve, entre outros: preservar a integridade física dos trabalhadores,
controlar danos materiais, proteger e preservar maquinários, equipamentos e instalações da
empresa, melhorar condições e qualidade de vida de trabalhadores.
Também é função do engenheiro de segurança do trabalho manter independência
profissional, moral e técnica do empregador e empregado. Entretanto, o profissional tem por
dever relatar a empresa avaliações feitas, resultados obtidos, compatibilizando riscos com
medidas propostas. Ao engenheiro do trabalho não se permite acumular funções que não seja
a de sua área. O engenheiro de segurança deve ser, também, um líder sensibilidade e
percepção, ter competência, conhecer seus liderados, seus gostos pessoais e profissionais. Só
munidos desses conhecimentos ele será capaz de desempenhar seu papel, desenvolver as
características de seu pessoal, lidar com habilidades e dificuldades captar interesses e mostrar
sensibilidade e percepção. Líderes que têm essas competências vão conseguir desempenhar
melhor o seu papel. Conhecer o gosto do outro; seus projetos pessoais e profissionais; suas
principais características, incluindo habilidades e dificuldades, são questões importantes ao
líder, bem como interpretar os liderados. Ouvir alguém é colocar todos os seus sentidos à
disposição do outro. Escutar o que dizem, pois suas palavras são apenas uma parte da
comunicação e uma parte bem pequena..., pois a comunicação mais forte é gestual, corporal,
facial e visual. Quando se conhece seus liderados pode-se usar as informações para conquistar
sua confiança, fazer com que ele trabalhe melhor e alcance seus objetivos.
São muitos e diversos os planejamentos dos projetos desenvolvidos pelas empresas:
estratégico, tático, operacional, financeiro que inclui planilhas com custos de mão de obra,
equipamentos, materiais, subempreiteiras, cada um deles apresentando seus percentuais,
custos totais e preventivos. Todo projeto e planejamento devem receber muita atenção em
busca de melhores resultados e sucesso do empreendimento, incluindo a segurança do
trabalho, trabalhador e meio ambiente. Esses planejamentos de segurança serão decisivos para
reduzir custos, pois dentro dos custos da obra costumam estar incluídos de 1 a 15% dos custos
dos acidentes.
Ao desenvolverem um projeto, a empresa costuma sentir falta de uma determinada
ferramenta – a lista de verificação ou checklist – para ajudá-la na autoavaliação e correção de
problemas surgidos quando não se cumprem normas como a NR-18 que trata das condições e
meio ambiente do trabalho na indústria da construção. Esse não cumprimento ocorre mais
entre pequenas empresas com poucos trabalhadores. Apesar de existirem no mercado
4

softwares para dimensionar o SESMT para empresas de até cinco mil empregados e que
automatizam o gerenciamento das rotinas do SESMT.
Como foi visto no decorrer do curso são varias a entidades e associações, nacionais e
estrangeiras ligadas à SST. A Associação Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho
(ANEST) foi fundada em 26 de novembro de 1984, como associação civil, de utilidade
pública, cuja sede administrativa está localizada em Campo Grande/MS. Foi constituída
objetivando coordenar e manter Intercâmbio técnico-científico com órgãos públicos e
privados e instituições, incluindo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e outras
associações nacionais e internacionais de Engenharia de Segurança do Trabalho. A ANEST
busca defender interesses dos Engenheiros de Segurança do Trabalho de todo o território
nacional, conforme legislação em vigor, buscando colaborar com os poderes públicos,
entidades sindicais, segmentos produtivos da sociedade brasileira, lutando e solidarizando-se
com os profissionais a ela subordinados juntamente com os interesses nacionais.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi fundada em 1919 com o objetivo
de promover a justiça social; recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1969 e é a única agência das
Nações Unidas com estrutura tripartite, cujos representantes de governos, organizações de
empregadores e de trabalhadores de 183 Estados-membros participam em situação de
igualdade das diversas instâncias da Organização.
A FUNDACENTRO foi criada em 1966 com o nome de Fundação Centro Nacional de
Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, e em 1978 teve seu nome alterado para
Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho, em homenagem ao
seu primeiro presidente, Jorge Duprat Figueiredo.
A Fundação se preocupou inicialmente com o grande número de acidentes e doenças
provocadas pelo trabalho devido ao silêncio de empreendedores e governos. Brasil e OIT já
antes daquela época estavam estudando e avaliando o problema e apontando soluções para
mudar o quadro. Com o surgimento da especialização para Engenheiro do trabalho, buscou-se
difundir conhecimento de segurança e saúde trabalhista para trabalhadores e meio ambiente.
Buscaram incorporar, juntamente com seus parceiros, políticas sustentáveis, promovendo
igualdade social e protegendo o meio ambiente laboral, tudo isso antes que uma nova versão
da CLT liquefizesse os direitos trabalhistas dos empregados brasileiros.

Você também pode gostar