No dia 17 de Outubro apresentei em formato expositivo minhas considerações e
entendimentos acerca da leitura de um texto de Mike Featherstone. A partir do capítulo dois, ‘Teorias de consumo’ contido no livro ‘Cultura de consumo e Pós-modernismo’, comecei a apresentação com as três perspectivas fundamentais das Teorias de Consumo: - A expansão capitalista que deu origem a uma cultura de acumulação de bens - A satisfação e o status proporcionado pela aquisição da mercadoria - Os prazeres e os sonhos (de consumo) que estão dentro do nosso imaginário cultural de consumo. Mike Featherstone tece ao longo de seu texto um diálogo intrínseco com outros autores que estão relacionados com os estudos culturais, sociológicos e filosóficos acerca do comportamento humano. Ele faz um diálogo especial, criticamente, com a escola de Frankfurt de Adorno e Horkheimmer. Para Featherstone a mesma lógica da razão instrumental aplicado à produção material também é aplicada na esfera do consumo. Em uma referência ao filósofo Baudrilllard, Featherstone usa-se do conceito ‘mercadoria-signo’ para exemplificar como o universo da aquisição de bens perpassa a concepção da simples aquisição e posse material e, se introjeta, de forma complexa, nos signos subjetivos que orientam nossas vontades, concepções de mundo, etc. Um outro ponto central de seu texto está na leitura dos comportamentos, forma de aquisição, bens materiais, gestos, são marcadores das relações sociais. O autor aponta que na sociedade de consumo a aquisição de certos bens, garante ao portador, a pertença a determinado grupo, ou classe social; Os bens são, então, diferenciadores do nível social, porém, com a velocidade de informações e com a fluidez com que estes objetos podem ser substituídos por uma nova tecnologia ou imitados e reproduzidos em larga escala, essa diferenciação torna-se, cada vez menos, nítida ou legítima. Featherstone, diz que o único meio de se legitimar, então, é através do conhecimento legítimo das praticas de ser (capital cultural legítimo). Nesta sociedade os manuais, as revistas e jornais, desempenham o papel de informarem as novas técnicas sociais de reprodução cada vez que uma nova tecnologia muda as relações, ou um novo produto desponta no mercado como diferenciador social; O domínio dos códigos (signos) torna-se fundamental. Em seu texto, Featherstone, ainda contempla a análise do mundo subjetivo do desejo e dos sonhos acerca das mercadorias e das formas de consumo. Ele parte do conceito de Raymond Williams (1976:68) que diz que um dos primeiros usos do termo ‘consumir’ significava ‘destruir’, ‘gastar’, ‘desperdiçar’. A produção do ‘excesso’ dentro da sociedade do consumo é a premissa da produção; sendo assim, o excesso deve ser gasto, queimado, ou esgotado periodicamente na forma de jogos, rituais, festivais, guerras ou morte. Elias, ao analisar a importância e o sucesso das feiras nos séculos XVII e XVIII, diz que para as classes médias que estavam em um processo civilizador, ou que acabaram de se civilizar, essas feiras que misturavam consumo e diversão, excentricidades e esbanjamentos, eram o cenário perfeito onírico e nostálgico que essas populações buscavam.
A tradição popular dos carnavais, feiras e festivais proporcionava
inversões e transgressões simbólicas de cultura ‘civilizada’ oficial e estimulava as agitações, as emoções descontroladas, os prazeres físicos grotescos, diretos e vulgares da comida farta, da bebida embriagante e da promiscuidade sexual” (FEATHERSTONE página 42).
Em Benjamin, Featherstone aponta para o mesmo comportamento, porém em relação a
criação da lojas de departamento na França da segunda metade do século XIX.
“Essas teorias enfatizam a ausência de mediações, as intensidades, a
sobrecarga sensorial, a desorientação, a melée ou liquefação de signos e imagens, a mistura de códigos, os significantes desconexos ou flutuantes da cultura de consumo pós-moderna “sem profundidade”, na qual a arte e realidade trocaram de lugar numa “alucinação estética do real” (página 44).
Os signos que se misturam e se configuram no século XX assumem um caráter industrial, pós
guerra, onde a arte é o novo design industrial, é a nova tecnologia que entra dentro das casa no formato de eletrodomésticos, é a renovação das formas de comunicação através da publicidade e do markting.