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E E OS ESPAÇOS NÃO
ESCOLARES: A IGREJA DAS DORES
Acadêmicos1
Tutor Externo2
RESUMO
Este trabalho científico é resultado de pesquisa bibliográfica, visitas de campo e pesquisas na
internet sobre a história, aspectos arquitetônicos e a importância da Igreja das Dores para a
Educação Patrimonial. Foi abordada inicialmente a importância dos locais históricos religiosos
para a educação patrimonial. São apresentados de forma sequenciada estes aspectos definidos
deste estudo patrimonial. Apresentaremos um histórico sobre as origens da Igreja das Dores,
desde o início do século XIX, passando por alguns períodos de existência deste centro religioso
católico até o presente momento. Inclui neste processo também a caracterização dos aspectos
arquitetônicos, bem como algumas etapas de sua construção e ampliação. Além disso,
fundamenta-se a importância deste prédio histórico dentro do ensino patrimonial, que é uma
herança religiosa e cultural não somente de nossa cidade, mas também do nosso estado. A
intenção deste estudo é ratificar que todo prédio tem uma história e que transmite um fato
histórico, e que precisa fazer parte do ensino tradicional e ser preservado, não só na memória,
mas também ser preservado em seus aspectos físicos.
1. INTRODUÇÃO
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André Luis Ribeiro de O. Ribeiro, João Mauro Franco Borges, José Antonio Teixeira de Farias, José Olimar M. Alves
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Carla Xavier
Centro Universitário Leonardo da Vinci- UNIASSELVI- História (FLX 0612) Seminário da Pratica IV
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Igreja sempre manteve símbolos e construções que identificaram seu poder aqui no
Brasil, desde a época do descobrimento. Uma das formas de enraizar a fé em uma comunidade foi
construir igrejas, que representam o acolhimento de Deus e serve para fortalecer a fé católica,
reunindo em missas os seus fieis.
No caso do Brasil estes prédios religiosos também têm grande importância no estudo
arquitetônico urbanístico, além da questão da fé, pois foram construídos em diversos estilos,
representando assim uma forma de manifestação artística. Como exemplos, temos no Brasil o
estilo Rococó e Barroco, que foram muito empregados nas construções de igrejas históricas aqui
no país. A educação patrimonial vem ao encontro do conhecimento que a comunidade deve ter a
respeito da história de seus monumentos.
A Igreja das Dores surgiu através da irmandade Nossa Senhora das Dores,
aproximadamente no ano de 1800. Nesta época a então Vila de Porto Alegre, antigo nome da
capital atual do Rio Grande do Sul, tinha apenas uma igreja, a Matriz de Nossa Senhora Madre de
Deus, local onde hoje está a Catedral Metropolitana de Porto Alegre. Naquele tempo, várias
irmandades funcionavam no mesmo local, incluindo a irmandade que foi responsável pelo início
das obras da referida igreja, objeto deste estudo. Sua pedra fundamental foi erguida no dia 2 de
fevereiro de 1807, mas antes já ocorriam missas pela irmandade responsável pela origem desta
igreja. Em 1877 ocorre a 1ª Conferência Vicentina do Rio Grande do Sul, cujo evento foi realizado
na Igreja das Dores.
Apesar da primeira parte da obra estar concluída em 1813, sofreu várias interrupções de
obras durante seu período de atividade, além de também ocorrerem várias mudanças em sua
administração. Inclusive uma das causas das interrupções foi a Revolução Farroupilha (1835-
1845). Em 1907 a administração da então Paróquia das Dores fica a cargo da Congregação dos
Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. Com isso começa a chegar, a partir de 1909
as imagens desta congregação, oriundas de Barcelona, na Espanha. Em 1909 inicia a obra da
residência dos padres desta Congregação.
A partir de 1920 começam algumas obras de restauração, como a escadaria da Igreja,
acessada pela Rua dos Andradas. Entre idas e vindas, a igreja demorou 97 anos para ser concluída,
e isto inclusive gerou algumas lendas em torno deste atraso, como a lenda das Torres Malditas e
hoje a igreja é um dos símbolos da cidade de Porto Alegre.
A construção da igreja sofreu várias influências arquitetônicas ao longo do tempo. Os
estilos que mais se destacaram foram o Rococó e o Barroco. O Barroco chegou ao Rio Grande do
Sul, depois de já estar implantado em Minas gerais e na Bahia há mais de 20 anos. O estilo Barroco
predominou na abóboda da nave, no imponente arco cruzeiro, no assoalho onde fica o coro da
igreja, nos altares e nas torres. Já o estilo Rococó predominou nas pinturas das esculturas barrocas,
suavizando o estilo Barroco e deixando-o com aspecto mais leve. É um estilo surgido na França,
no século XVIII.
A Igreja das Dores tem uma importância histórica em Porto Alegre, por ser um patrimônio
cultural, pois nos deixou uma herança não só religiosa, mas também uma herança cultural em
nossa comunidade, nos revelando vários estilos e aspectos em sua construção, representando os
diversos pensamentos artísticos e de expressão desde o inicio de sua pedra fundamental. Há uma
previsão de se instalar nas dependências da igreja, um museu sacro. Pela sua importância, a Igreja
das Dores foi tombada pela União em 1938 e ratificado este ato em 22 de fevereiro de 1985. Por
isso é importante que toda a comunidade se integre ao patrimônio cultural de sua cidade para
valorizar e preservar estes monumentos.
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Conforme Nolasco (2010, p. 121) “[...] a religião sempre foi utilizada ora como definidora de
identidade [...], ora como mantenedora de tradições culturais [...]”.
A mais antiga das igrejas que restaram de pé em nossa cidade é a de Nossa Senhora das
Dores. Iniciada em 1807, foi também a que mais demorou a ser terminada: 97 anos. O
atraso gerou uma lenda, e até um romance, Torres Malditas, escrito por Afonso Morais.
[...]. As interrupções por falta de dinheiro, além de alguns acidentes, levaram os
supersticiosos a acreditar na lenda. (COSTA, 1997, p. 59)
Ramos (1989) justifica o estudo da Igreja da Dores devido aos vários aspectos que
contribuíram para que este monumento religioso integrasse o patrimônio histórico de porto Alegre,
devido a sua expressividade cultural, religiosa e cultural.
“[...], conservar os trabalhos artísticos de uma igreja é manter a doutrina cristã ao alcance
das suas respectivas comunidades e é, ainda, preservar as relações entre a sua história e a
religiosidade, indissociável à cidade a qual pertencem”, de acordo com Santos (2014, p. 24).
Segundo a definição de Horta (2009, p.4) educação patrimonial “Trata-se de um processo
permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte
primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo”.
Ramos (1989) enfatiza o valor da Igreja das Dores, cuja história de se mistura com a
história de Porto Alegre, e que participou ativamente do crescimento do povo porto-alegrense.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
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Essa imagem da Igreja das Dores mostra as duas torres laterais que compõem a construção
deste prédio. Existe certo misticismo sobre a construção destas torres, cuja lenda foi descrita no
livro As Torres Malditas, escrito por Affonso Morais, em 1931. Diz a lenda que Domingos José
Lopes, que era o senhor de muitos engenhos aqui no Sul, acusou um de seus escravos que
participavam da construção da igreja, de furto de tijolos e outros materiais. Com esta acusação o
escravo foi condenado à morte. Mas no dia da execução , este escravo se declarava inocente e rogou
uma praga dizendo que o seu senhor não veria o término da construção das torres, estando assim
provada a sua inocência. Lenda ou não, o fato é que este senhorio morreu antes das torres estarem
com as obras acabadas.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A história da Igreja das Dores nos mostra a importância de um prédio religioso para a fé
católica. Não interessa o tempo que leve a finalização de uma obra para a Igreja, o importante é o
envolvimento da comunidade e do Estado que ratificam a importância da fé. Este estudo nos
mostra que a construção de um prédio importante para o catolicismo, envolve vários estilos e
expressões, visto que geralmente o acabamento é feito por artistas, como pintores e escultores ao
longo de muitos anos, no caso desta igreja, de muitas décadas. Além disso nota-se a o ecletismo
nestas obras, como no caso da mistura do Barroco e do Rococó, estilos diferentes, mas que se
completaram, contribuindo para o acabamento da igreja em questão.
A análise deste prédio histórico mostrou sua participação na evolução da história de Porto
Alegre, pois participou ativamente, através do envolvimento de personalidades que até viraram
nomes de ruas, como por exemplo o padre Thomé Luiz de Souza, que atuou como membro geral
do Conselho Geral da Assembleia Legislativa além de desempenhar altas funções eclesiásticas em
1857, nesta igreja.
A história da Igreja das Dores e o tombamento de seu prédio, fazem com que tenhamos
uma reflexão da importância de conhecer nossos prédios histórico e conservar estes monumentos
para a geração futura, afinal o futuro não existe sem o passado.
5. CONCLUSÃO
Como visto neste estudo, a Igreja das Dores representa um grande símbolo da fé católica,
cujo construção do seu prédio teve início no século XIX. Passou por várias administrações e
também teve várias interrupções das obras, tanto por falta de verbas quanto pela mudança de
várias congregações que administraram a entidade, além da Revolução Farroupilha. Tudo isso
fez com que a este prédio levasse quase 100 anos para que tivesse suas obras concluídas, sendo
considerada a mais antiga e a que mais demorou para ser finalizada. Também este monumento
católico esteve envolvido com algumas lendas, cujos atrasos nas obras, fortificaram estes mitos,
como por exemplo a construção das torres da igreja, que gerou o conto “As torres malditas”. Pela
sua importância a Igreja das Dores foi tombada como patrimônio cultural pelo governo federal
em 1938, pela sua história e importância religiosa. Vários historiadores ratificam esta importância
e a necessidade de conservação deste patrimônio por fazer parte da história de Porto Alegre.
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REFERÊNCIAS
COSTA, Elmar Bones. História Ilustrada de Porto Alegre. Porto Alegre: JA Editores, 1997.
FLECK, Giovana. Patrimônio: há mais de 200 anos, Igreja das Dores preserva parte da história de
Porto Alegre. Sul21, Porto Alegre, 01 jul. 2017. Disponível em: <
https://www.sul21.com.br/cidades/2017/07/patrimonio-ha-mais-de-200-anos-igreja-das-dores-
preserva-parte-da-historia-de-porto-alegre/> Acesso em: 10 nov. 2018
HORTA, Maria de Lourdes Parreira et al. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Museu Imperial, 1999.
MÜLLER, Antônio José (Org.). et al. Metodologia científica. Indaial: Uniasselvi, 2013.
NOLASCO, Simone Ribeiro. Patrimônio Cultural Religioso: A herança portuguesa nas devoções
da Cuiabá Colonial. Cuiabá: Entrelinha: Ed FMT, 2010
RAMOS, Mara Beatriz Cunha. Igreja das Dores: Importância Histórico-Cultural para a cidade de
Porto Alegre. Porto Alegre: Palotti, 1989.
SANTOS, Anna Paula Boneberg Nascimento dos. A pintura sacra como patrimônio cristão:
legados artísticos e modelos de fé em igrejas católicas de Porto Alegre.2014. 212 f. Dissertação
(mestrado) - Programa de Pós-Graduação em História, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São
Leopoldo, 2014.