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GUIÃO PARA PAIS E PROFESSORES

A propósito da viagem que os avós Alice e Zé fizeram com os seus netos, Sara e Tomás, o livro procura
dar a conhecer os vários «patrimónios» portugueses inscritos nas três listas da UNESCO, chamar a atenção
para algumas questões levantadas pelo tema do património e fomentar a descoberta do património em família.
Ao longo das suas páginas são apresentados 23 elementos patrimoniais, é contada a história de 20 deles,
apontadas curiosidades a seu propósito e aprofundados temas que estes suscitam.
Os Mosteiros de Alcobaça, da Batalha e dos Jerónimos, a Torre de Belém e o Convento de Tomar
estão entre os monumentos nacionais incluídos na Lista do Património Mundial. No entanto, além destes edifícios
monumentais, há aspetos imateriais que merecem também a atenção dos protagonistas, como o fado,
o cante alentejano, a falcoaria ou os «saberes-fazer» dos chocalhos e da louça preta. O modo de vida modelado
na dieta mediterrânica ou a forma engenhosa com que o Homem se relaciona com a Natureza
no Douro vinhateiro, são também exemplos de elementos patrimoniais.
Nas páginas finais, as palavras assinaladas ao longo do livro integram um glossário
que permite aprofundar e acrescentar informação relativamente aos temas referidos.

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ANTES DA LEITURA

EXPLORAR ALGUNS CONCEITOS DE BASE:


• O que é o Património?
• O que é a UNESCO?
• O que é o Património «classificado»?

O Património
«O património é aquilo que herdamos dos nossos antepassados, que é transmitido entre gerações e que as pessoas
reconhecem como parte da sua história e da sua cultura.»
A decomposição desta definição permite destacar as ideias que se procuram transmitir no livro:
• Falamos de elementos que recebemos dos nossos antepassados e que queremos deixar às gerações seguintes e
que, por isso mesmo, importa valorizar e preservar.
• São relevantes não apenas pela sua monumentalidade, mas porque são importantes para as pessoas, para os seus
«detentores».

A UNESCO
A UNESCO pertence à Organização das Nações Unidas (ONU) e trabalha na promoção da Educação, Ciência e Cultura. Foi fundada
em 1946, logo a seguir à II Guerra Mundial, e a sua missão é promover a paz entre as nações fomentando o diálogo entre
as culturas. Uma das formas de o fazer é através da proteção do património cultural e da valorização da diversidade cultural.
A UNESCO considera «património» os sítios com valor para toda a humanidade e são estes, inscritos nas listas da UNESCO,
que habitualmente se dizem «classificados».
Listas da UNESCO
No que diz respeito à proteção do património, a UNESCO adotou ao longo da sua
história uma série de convenções. Ao longo do livro os protagonistas visitam os
bens portugueses inscritos nas listas que resultam dessas convenções:
• LISTA DO PATRIMÓNIO MUNDIAL - decorre da Convenção para
a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural (1972);
• LISTA REPRESENTATIVA DO PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL DA HUMANIDADE
• LISTA DO PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL COM NECESSIDADE DE SALVAGUARDA
URGENTE – estabelecidas no âmbito da Convenção para a Salvaguarda
do Património Cultural Imaterial (2003).
Ao longo da viagem, a propósito de um ou outro «património»
vão surgindo algumas questões que podem ser trabalhadas
autonomamente com as crianças ou jovens:

Os monumentos contam histórias.


Apesar de imóvel e de ser construído em pedra, um monumento pode ser um contador de histórias: são exemplo disso a história dos
soldados traidores que utilizavam uma porta secreta (Castelo dos Mouros em Sintra); a lenda da «Abóbada» registada por Alexandre
Herculano e surgida no contexto da construção do Mosteiro da Batalha; a história da petição interposta pela população de Elvas para
proteger a demolição do seu aqueduto. A propósito dos edifícios é ainda possível imaginar as pessoas que ali viveram noutros tempo,
como a vida de oração, clausura e trabalho dos monges que viviam nas casas religiosas, por exemplo. Muitas vezes os edifícios têm
mesmo sinais físicos da sua história, como é o caso das marcas dos mestres canteiros referidas pelo avô Zé no Mosteiro de Alcobaça.

Um «modo de vida», um «saber fazer» ou a forma do


Homem se relacionar com a Natureza podem ser património.
Vimos de que forma um elemento cultural é tornado «património», mas que tipos de património existem? Neste livro são
referidos diversos tipos de património:
• PATRIMÓNIO EDIFICADO (monumentos, castelos, igrejas…);
• PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO (gravuras rupestres);
• PAISAGENS CULTURAIS (Sintra e Douro);
• PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL, aquele que diz respeito às festas, tradições e conhecimentos.
Os conhecimentos relativos às atividades artesanais (como o fabrico de chocalhos, dos bonecos de Estremoz ou da louça
preta) nem sempre são entendidos como elementos do património, e estes são aqueles que mais necessitam de ser
preservados pois, muitas vezes, resistem apenas nas mãos de poucos e idosos artesãos cujo saber poderá ser perdido depois
destes desaparecerem. No caso do cultivo da vinha nas encostas do rio Douro ou da caça com falcões, trata-se de formas
originais do Homem «domesticar» a natureza que pelos conhecimentos que envolvem são reconhecidas.

Os elementos culturais não são neutros e podem


ser utilizados para transmitir ideias políticas.
O caso do fado permite explicar que a forma como esta canção foi sendo encarada ao longo da história foi mudando,
e que isso não está diretamente relacionado com o fado, que mudou pouco, mas com as ideias que são
construídas à volta dele. Como o fado foi associado a um regime político, os que eram contra esse regime
não queriam saber do fado. Hoje assiste-se à sua reabilitação com o aparecimento de novos
fadistas e novas formas de cantar o fado.
Aquilo que é considerado património muda
ao longo do tempo.
À saída do Mosteiro da Batalha, considerado um dos mais significativos monumentos portugueses, a avó
Alice imagina o tempo em que tal edifício foi desprezado e esteve para ser desmantelado para
vender a pedra. É verdade. Hoje damos valor a algumas coisas que há uns séculos não
eram importantes. Será que tens em casa objetos que um dia serão considerados
«patrimónios» importantes?

Para ser considerado património,


um elemento cultural não tem que se
manter imutável ao longo do tempo.
Por outro lado, é referida por várias vezes ao longo do livro a criatividade dos artistas e artesão na reinvenção do património,
como, por exemplo no caso dos bonecos de Estremoz ou da louça de Bisalhães. Já no caso do fado são aludidas as composições
inovadoras dos jovens fadistas. Como vimos anteriormente, é considerado património aquilo que tem significado para as
pessoas, provavelmente para os jovens fadistas não faz sentido cantar letras pesadas e trágicas e, por isso, escolhem fados
com que se identificam. Já para os cantadores de Serpa, as referências ao passado mineiro são utilizadas como referências
no presente. Fazer parte das listas da UNESCO não implica que não se possa mudar, a UNESCO promove a criatividade.

Um monumento pode ser muitas


coisas, e o património uma mistura
de vários elementos.
Quando olhamos para um monumento como o Mosteiro dos Jerónimos, é impossível
imaginar o que era aquele edifício quando foi construído, pois ao longo dos séculos foi
alterado, acrescentado e restaurado mediante as políticas culturais e as suas funcionalidades.
Nos casos de Évora, Sintra, Coimbra e Porto, a originalidade reside no facto de serem conjuntos de
elementos de tempos, estilos e funções diferentes. É a mistura destes elementos que faz destas cidades patrimónios reconhecidos.

E quando os elementos patrimoniais são um obstáculo


ao desenvolvimento?
No caso das gravuras de Foz Côa, chama-se à atenção para a polémica que se instalou em Portugal nos anos 90, quando se
considerou a hipótese de interromper a construção da barragem para preservar as gravuras. Este aspeto também pode ser
percebido na história que a avó Alice conta em Elvas, relativamente à proposta de demolição do aqueduto. É verdade que o
património pode, por vezes, ser um impedimento à modernização. Esta questão é particularmente premente nas escavações
arqueológicas em que edifícios de várias épocas se sobrepõem. O que preservar e o que destruir? Nem sempre é fácil decidir.
Tudo é património? Há aspetos que são
erradamente identificados como património.
Agora que já está claro o que é o património, é fácil perceber que nem o sol do Algarve, nem a luz de Lisboa e muito menos
a saudade, são patrimónios portugueses, como por vezes ouvimos dizer. Depois de ler este livro, não há nada que enganar.

Porque é que monumentos «conhecidos»


como o Palácio Nacional de Mafra,
por exemplo, não estão no livro?
Claro que são imensos e muito interessantes os monumentos e elementos culturais
que se encontram em Portugal. Neste livro optou-se por selecionar e incluir apenas os
23 que, neste ano Europeu do Património, estão inscritos nas Listas da UNESCO já referidas.
Outras viagens se seguirão.

O património deve ser salvaguardado e uma das formas


de o fazer é através do registo e do estudo.
É missão da UNESCO contribuir para que estes elementos patrimoniais não desapareçam, sejam valorizados e preservados
pelas pessoas. Por isso mesmo é importante conhecer e intervir nos monumentos.
Já para o património imaterial, uma das formas de o fazer é através do registo, como se percebe no caso do cante alentejano.
Nesta ilustração, um técnico grava a voz dos cantadores, mas também é possível fazê-lo através de levantamentos e estudos.
No que diz respeito ao património cultural imaterial, foi criada em Portugal uma Base de Dados onde as pessoas podem inscrever
os «seus» patrimónios: http://www.matrizpci.dgpc.pt. Aqui é possível ficar a conhecer estes e outros patrimónios
portugueses.

O Património que está no livro é só português?


Na verdade, o património não conhece fronteiras, por isso mesmo alguns dos elementos patrimoniais
são «transnacionais», o que quer dizer que se manifestam em vários países.
A arte rupestre do Vale do Côa, por exemplo, estende-se por Siega Verde, em Espanha,
pois na pré-história não existiam nem Portugal nem Espanha. Já a Dieta Mediterrânica foi
uma candidatura conjunta de sete países mediterrânicos que partilham este mesmo património.
A Falcoaria, pelo seu lado, é considerada Património da Humanidade em 18 países, todos eles muito
diferentes e distantes mas com esta atividade patrimonial comum.
DEPOIS DA LEITURA

O conteúdo deste livro abre caminho para vários


trabalhos, com abordagens multidisciplinares que
contribuirão para a aquisição de conhecimentos e
competências que serão úteis no futuro do aluno.
FICAM ALGUMAS SUGESTÕES:

PORTUGUÊS
• Leitura e compreensão do texto.
• Leitura expressiva e dramatização da obra
ESTUDO DO MEIO, CIDADANIA E GEOGRAFIA
• Pesquisa sobre património classificado pela UNESCO dentro e fora de Portugal
• Pesquisa sobre bens do nosso património não classificado
• Organização de debates na escola
EXPRESSÃO PLÁSTICA E DRAMÁTICA
• Montagem de exposição sobre o tema
• Montagem de peça de teatro a partir do livro
VISITAS DE ESTUDO
• Este livro constitui uma excelente ajuda na preparação de visitas de estudo aos referidos monumentos
e locais de referência do património cultural imaterial.

BOA VIAGEM A TODOS!


Rita Jerónimo

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