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Guia dos Funcionários

Públicos

Gabinete do Secretário de Esado


da Administração Pública

Novembro / 2007
Ficha Técnica
Título: Guia dos Funcionários Públicos

Edição: Gabinete do Secretário de Estado da Administração Pública

Realização: GSEAP

Impressão: ARTEC, SA
ÍNDICE
NOTA PRÉVIA ....................................................................................................................................................6
I - REGIME DE PESSOAL
RELAÇÃO JURÍDICA DE EMPREGO PÚBLICO

1- Princípios Gerais em Matéria de Emprego ................................................................................8


2- Recrutamento e Selecção de Pessoal- Concursos ..............................................................8
3- Carreiras ........................................................................................................................................................10
4- Constituição da Relação Jurídica de Emprego .................................................................... 12
5- Modificação da Relação Jurídica de Emprego .....................................................................14
6- Extinção da Relação Jurídica de Emprego .............................................................................15

II – Regime de trabalho

1- Horário de Trabalho e suas Modalidades .................................................................................15


2- Trabalho Extraordinário ........................................................................................................................14
3- Trabalho Nocturno ...................................................................................................................................16
4- Trabalho em dia de Descanso Semanal ou Feriado .........................................................17
5- Férias, Faltas e Licenças ....................................................................................................................17

III – Remuneração, outros abonos e descontos

1- Remuneração Base ............................................................................................................................... 22


2- Suplementos .............................................................................................................................................. 22
3- Ajudas de Custo ....................................................................................................................................... 23

IV – Segurança Social

1- Protecção na Doença, Maternidade, Paternidade e Adopção ....................................24


2- Aposentação ................................................................................. ............................................................ 25
3- Pensão de Sobrevivência .................................................................................................................. 26
4- Subsídio por Morte ................................................................................................................................. 27
4.1- Subsídio de Funeral .......................................................................................................................... 28

V – PRINCIPAIS DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS SOBRE


OUTROS DIREITOS E DIVERES

1- Deveres dos Funcionários na Constituição da República


de Cabo Verde (CRCV) ............................................................................................................................ 28
1.1-Deveres Gerais no Estatuto Disciplinar ................................................................................. 28
2- Direitos dos Funcionários na CRCV ........................................................................................... 29
3- Direitos Sindicais ..................................................................................................................................... 29

VI – RACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO JURÍDICA .................................................................... 30


VII – BASE DE DADOS DOS RECURSOS HUMANOS .................................................................. 31
VIII – ALGUNS FORMULÁRIOS
IX – ENDEREÇOS ÚTEIS
NOTA PRÉVIA

Este guia tem por objectivo dar a conhecer aos servidores públicos em
particular e a todos os interessados em geral, sobretudo aos que não lidam
com as leis um conjunto de informações úteis sobre os seus direitos,
deveres e garantias na sua relação de emprego com a Administração
Pública.

Para o efeito sistematizou-se um conjunto de matérias dispersas em várias


leis e deu-se-lhes um tratamento de forma pragmática, numa linguagem
simples e acessível ao público alvo a que se dirigem.

No final de cada capítulo, fez-se o resumo das leis tratadas, a fim de que para
informações detalhadas o cidadão possa ter acesso mais rápido às
mesmas.

Dado a alguma mutabilidade da legislação da Função Pública, e a não


abordagem exaustiva do regime jurídico de emprego público é desejável
que este guia seja actualizado e enriquecido anualmente.
I – REGIME DE PESSOAL

1. Princípios Gerais em Matéria de Emprego

A Administração Pública rege-se pelos seguintes princípios:

· Princípios gerais da actuação da Administração Pública consignados na lei de que são


exemplo, os princípios da legalidade, da prossecução do interesse público, da
imparcialidade, da justiça, da proporcionalidade, da igualdade do respeito pelos direitos
e interesses legítimos;
· No que respeita à relação jurídica de emprego, esta constitui-se com base em nomeação
ou em contrato (contrato de administrativo e contrato de trabalho);
· É admissível o contrato de prestação de serviço (contrato de avença e contrato de tarefa)
para o trabalho não subordinado, bem como a contratação de serviços com empresas,
em alguns casos e nos termos da lei;
· As funções públicas são exercidas em regime de exclusividade, sendo a acumulação de
funções públicas ou de funções públicas com funções privadas nos casos
expressamente admitidos por lei, em caso de inexistência de conflitos ou de actividades
não concorrenciais, de que são exemplo a actividade docente, as acções de formação de
curta duração.

Legislação

Decreto-Legislativo n.º 2/95, de 20 de Junho – Regime geral de Organização e actividade


da Administração Central
Lei n.º 102/IV/93, de 31 de Dezembro- Regime jurídico da Constituição, modificação e
extinção da jurídica de emprego na Administração
Pública
Constituição da República de Cabo Verde ( art. 237º)

2. Recrutamento e Selecção de Pessoal – Concursos

O ingresso e acesso nas carreiras da Função Pública são feitos por concurso.
· O concurso é o processo de recrutamento e selecção de pessoal normal e obrigatório
para os quadros da Administração Pública;
· O recrutamento de pessoal consiste num conjunto de operações tendentes à satisfação
das necessidades de pessoal dos serviços e organismos públicos, pondo à sua
disposição os efectivos qualificados necessários à realização das suas atribuições, bem
como à satisfação das expectativas profissionais dos seus funcionários e agentes;

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· A selecção de pessoal consiste num conjunto de operações que, enquadradas no
processo de recrutamento e mediante a utilização de métodos e técnicas adequados,
permitem avaliar e classificar os candidatos, segundo as aptidões e capacidades
indispensáveis para o exercício das tarefas e responsabilidades de determinada função.

O concurso de ingresso na Função Pública não está regulamentado, salvo para os quadros
privativos.

Tipos de concurso:

· Concurso de ingresso – aberto para os cidadãos serem admitidos na Administração


Pública;
· Concurso de acesso (ou de promoção) – aberto para a mudança do funcionário de um
cargo para outro imediatamente superior;
· Concurso externo – aberto a todos os indivíduos estejam ou não vinculados à
Administração Pública;
· Concurso interno – aberto apenas aos funcionários e agentes da Administração Pública;
· Concurso interno condicionado – aberto apenas aos funcionários e agentes do organismo
promotor do concurso

Os funcionários podem candidatar-se aos concursos para os lugares de acesso (de


promoção na carreira) ou de ingresso nos quadros de pessoal da Administração Pública.

Legislação
D.Lei n.º 86/92, de 16 de Julho – Plano de cargos, carreiras e salário

Requisitos para se candidatar a um cargo público:

O candidato a um cargo público deve reunir, seguintes requisitos gerais, além dos requisitos
especiais que o cargo exige:

1. Ter 18 anos de idade;


2 . Possuir habilitações literárias ou profissionais legalmente exigidas para o
desempenho do cargo;
3. Ter cumprido os deveres militares, quando obrigatório;
4. Não estar inibido do exercício de funções públicas ou interdito para o exercício das
funções a que se candidata (Registo criminal, não estar de licença de longa duração
sem vencimento nem aposentado ou reformado nos casos legalmente exigidos);
5. Possuir a robustez física e o perfil psíquico indispensáveis ao exercício da função a
ter cumprido as leis de vacinação obrigatória (provado por atestado médico e
atestado de vacina).

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Caso haja concurso deve-se fazer o requerimento, nos termos indicados no respectivo
anúncio de abertura acompanhado de outros documentos e exigidos contra a passagem de
recibo a emitir pelos serviços no caso da entrega pessoal do requerimento de admissão.

São documentos de apresentação obrigatória, os comprovativos das habilitações literárias, o


comprovativo da titularidade dos requisitos especiais legalmente exigidos para o provimento
dos lugares a preencher e o curriculum vitae, no caso de avaliação curricular.

A apresentação ou a entrega de documento falso implica a participação à entidade


competente para procedimento disciplinar e/ou penal

Caso haja concurso os interessados no procedimento têm direito a participação no mesmo,


antes de ser tomada a decisão final, com possibilidade de se pronunciarem por escrito, de
consultar o processo e de aceder às actas e aos documentos em que assentam as
deliberações do juro nos termos da lei

Os interessados têm ainda direito de recurso: da exclusão do concurso, da homologação da


classificação final, sem prejuízo da possibilidade de recurso contencioso

Legislação

Lei n.º 102/IV/93, de 31 de Dezembro - Regime jurídico da Constituição, modificação e


extinção da jurídica de emprego na Administração
Pública;
D.Lei n.º 86/92, de 16 de Julho - Plano de cargos, carreiras e salário;
D.Leg n.º 18/97, de 10 de Novembro – Bases do Procedimento administrativo gracioso;
Lei n.º 39/VI/2004, de 2 de Fevereiro – Medidas de modernização administrativa.

3. Carreiras

A carreira representa um percurso profissional, nos termos da lei. Ela pode ser horizontal -
constituída por uma única categoria - quando o grau de exigência das funções não se
aumentam. Pode ser estruturada verticalmente segundo o grau de exigência crescente da
base para o topo.

Na carreira cria-se a faculdade de os funcionários progredirem em vantagens profissionais


segundo a sua capacidade e o tempo de serviço prestado.

Essas vantagens traduzem-se em dois instrumentos de evolução na carreira:


a) Progressão e
b) Promoção

A promoção é a mudança do funcionário para uma categoria superior àquela de que é titular e
faz -se por concurso. O concurso é entretanto dispensado nos casos de verificação de mérito
excepcional, previsto na lei.

A promoção depende da verificação cumulativa dos seguintes requisitos:

a) Existência de vaga no quadro do serviço;


b) Tempo mínimo de serviço na categoria e funções desempenhadas;
c) Enquadramento mínimo no escalão B da referência do cargo que ocupa;
d) Formação quando a lei exige;
e) Aprovação em concurso
f) Avaliação do desempenho nos termos do Regulamento (D.Reg. n.º 19/93, de 23 de
Setembro).

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Sempre que a promoção corresponda a ascensão do funcionário para a referência não
imediatamente superior a integração na referência de acesso faz-se no escalão a que
corresponde o índice imediatamente superior ao detido no cargo de origem.

Quando a promoção corresponda a ascensão do funcionário para a referência


imediatamente superior a integração na referência de acesso faz-se no mesmo escalão do
cargo anteriormente ocupado

A realização do concurso de acesso (ou de promoção na carreira) obedece aos seguintes


princípios:
· Liberdade de candidatura;
· Igualdade de condições e de oportunidade para todos os candidatos.
Para o respeito destes princípios existem as seguintes garantias:

· Neutralidade e imparcialidade;
· Divulgação atempada dos métodos de selecção, dos programas das
provas, dos elementos curriculares, do sistema de ponderação;
· Aplicação de métodos e critérios objectivos na avaliação;
· Direito de recurso
A progressão consiste na mudança de um escalão (letra de vencimento) para outro escalão
da categoria em que o funcionário se encontra e depende dos seguintes requisitos:
a) Permanência no escalão imediatamente anterior durante o período de 4 anos se o
funcionário pertencer a uma carreira horizontal e durante o período de 3 anos se pertencer
a carreira vertical;
b) Integrar 1/3 de funcionários do escalão da referência correspondente ao cargo com
melhor desempenho;
c) Avaliação qualificada de satisfatória no cargo.
Os Recursos Humanos da Administração Pública estão organizados em quadros comuns e
quadros privativos.

Integram os quadros comuns as funções que exigem na generalidade a mesma formação e


ou especialização, qualquer que seja o departamento governamental.

Integram os quadros privativos as funções que exigem especialização que apenas interesse
a um determinado departamento governamental.

Nos quadros dos diversos serviços e organismos da Administração Pública encontram-se as


seguintes carreiras dos quadros comuns ou regime geral:
· Carreira de pessoal técnico;
· Carreira de pessoal técnico profissional;
· Carreira de pessoal técnico auxiliar;
· Carreira de pessoal Administrativo;
· Carreira de pessoal operário;
· Carreira de pessoal auxiliar.
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Essas carreiras convivem com o pessoal dirigente do quadro comum, o pessoal dirigente do
quadros privativos e pessoal do quadro especial.

Legislação

D.Lei n.º 86/92, de 16 de Julho - Plano de cargos, carreiras e salário;


D.Regulamentar n.º 13/93 de 23 de Setembro – Regulamenta a progressão na
carreira;
D.Regulamentar n.º 19/93 de 27 de Setembro – Regulamenta a avaliação do
desempenho do pessoal do quadro comum
D.Lei n.º 10/93, de 8 de Março - Regulamenta o concurso de acesso na
Administração Pública
D.Leg n.º 3/95, de 20 de Junho – Estatuto do pessoal do quadro especial;
D.Leg n.º 1/98, de 8 de Junho – Altera o Estatuto do pessoal do quadro especial;
D.Leg n.º 8/98, de 31 de Dezembro – aditamento ao D.Leg n.º 1/98, de 8 de Junho;
D.Leg n.º 13/97, de 1 de Julho - Estatuto do pessoal dirigente;
D.Leg n.º 4/98, de 19 de Outubro - Altera o Estatuto do pessoal dirigente;
D.Lei n.º9 1/97, de 31de Dezembro – Quando privativo da Inspecção do Trabalho;
D.Lei n.º 73/95, de 21 de Novembro - Quando privativo das Finanças;
D.Lei n.º 48/2003, de 11 de Novembro - Quando privativo do Centro Jurídico da Chefia do
Governo;
D.Lei n.º 55/2005, de 28 de Agosto – Estatuto do pessoal da Inspecção de Finanças;

4. Constituição da Relação Jurídica de Emprego.

A relação jurídica de emprego constitui-se por :


· Nomeação; e
· Contrato de pessoal
Nomeação

? A nomeação é um acto unilateral da Administração, mas que depende da aceitação do


nomeado, com o qual se preenche um lugar do quadro pelo qual se preenche um lugar do
quadro.

? A nomeação visa assegurar o exercício profissionalizado de funções próprias do serviço


Público com carácter de permanência.

? A nomeação confere ao nomeado a qualidade de funcionário

? A nomeação em lugar de ingresso é provisória, por um ano, durante o período probatório,


findo o qual converte-se em definitiva.

? A nomeação em lugar de acesso (ou seja numa das categorias superiores à categoria de
base da carreira) é sempre definitiva

Posse

A posse é o acto público, pessoal, solene pelo qual o nomeado manifesta a vontade de aceitar
a nomeação.

A posse determina o início de funções.

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A posse é dispensada nos casos da nomeação definitiva, substituição, acumulação e
mobilidade profissional do funcionário.

Contrato de pessoal

Há duas modalidades de contratos de pessoal:

1. Contrato administrativo de provimento é um acordo bilateral mediante o qual uma pessoa


não integrada nos quadros assegura, a título temporário e com carácter de subordinação o
exercício de funções próprias do serviço público com sujeição ao regime do direito público
particularmente o administrativo

O contrato administrativo de provimento confere ao contratado a qualidade de agente


administrativo e é celebrado nos seguintes casos:
· No exercício anual de cargos quando a lei reguladora do seu provimento o permitir;
· Quando se trate de serviços em regime de instalação, salvo se o interessado já possuir a
nomeação definitiva;
· Quando se trate de e pessoal docente e de investigação;
· Para a frequência de estágio de ingresso na carreira, salvo se o interessado já possuir a
nomeação definitiva.

2. Contrato de trabalho a termo é o acordo bilateral que uma pessoa não integrada nos
quadros assegura, com carácter de subordinação a satisfação de necessidades transitórias
dos serviços de duração determinada.

O contrato de trabalho a termo rege-se pela lei geral sobre os contratos individuais de
trabalho.

O contrato de trabalho a termo não confere ao contratado a qualidade de agente


administrativo e é celebrado nos seguintes casos:
· Para os cargos com referência igual ou inferior a 5;
· Substituição temporária de funcionário ou agente;
· Actividades sazonais;
· Desenvolvimento de projectos não inseridos nas actividades normais do serviço;
· Aumento excepcional e temporário da actividade do serviço
Este contrato não deve converter-se em contrato de trabalho por tempo indeterminado.

A celebração de qualquer um desses contratos está sujeita a um prévio processo de selecção


sumário em que serão respeitados os seguintes princípios comuns:
· Publicitação da oferta de emprego em jornal de expansão nacional;
· Selecção de candidatos, por um júri, de acordo com as habilitações literárias e as
qualificações profissionais exigidas;
· Fundamentação da decisão;
· Participação dos interessados;
· Publicação de resultados.

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Não se descarta a possibilidade de, na relação jurídica de emprego, existirem outros tipos de
contratos de trabalho nos termos que vierem a ser definidos por lei.

Necessário se torna realçar que podem ser constituídas relações jurídicas de trabalho que
não são relações jurídicas de emprego. É o contrato de prestação de serviço que envolve as
modalidades de contrato de tarefa e de contrato de avença.

O contrato de prestação tem as seguintes características:

· São executados sem a subordinação hierárquica;


· São celebrados quando no próprio serviço não existem funcionários ou agentes em
número suficiente ou com as qualificações adequadas para o exercício de funções
objecto de tarefa ou avença;
· São celebrados para satisfazerem as necessidades não permanentes, mas de carácter
transitório ou excepcional.

Legislação

Lei n.º 102/IV/93, de 31 de Dezembro - Regime jurídico da Constituição, modificação e


extinção da relação jurídica de emprego na
Administração Pública;
D. Leg n.º 2/95, de 20 de Junho - Regime geral de Organização e actividade
da Administração Central;
D. Leg n.º 18/97, de 10 de Novembro - Bases do Procedimento administrativo gracioso .

5- Modificação da Relação Jurídica de Emprego.

A relação jurídica de emprego pode ser modificada por uma das seguintes formas:
· Transitória, através da nomeação em substituição para dirigentes e chefias ou nomeação
em comissão de serviço durante o período probatório de ingresso na carreira;
· Permanente, por transferência ou permuta;
· Precária através da requisição ou destacamento.
A requisição e a transferência quando feitas para a Administração Autárquica, podem
verificar-se para a categoria imediatamente superior à detida no lugar de origem, nos
Municípios onde a necessidade dos Recursos Humanos é premente.

Na requisição para a Administração Municipal o requisitado pode optar pelo vencimento do


lugar de origem.

Legislação

Lei n.º 102/IV/93, de 31 de Dezembro;


D. Leg n.º 2/95, de 20 de Junho;
D. Leg n.º 87/92, de 16 de Julho – Mobilidade profissional e territorial dos funcionários.

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6- Extinção da relação jurídica de emprego

A extinção da relação jurídica de emprego pode ter umas das seguintes causas, aplicáveis a
funcionários, agentes e contratados:
· Exoneração – cessação de funções a pedido do funcionário;
· Desligação de serviço para efeitos de aposentação – cessação de funções por limite de
idade ou por tempo de serviço;
· Mutuo acordo - situação em que mediante indemnização a Administração e o
funcionário, agente, ou trabalhador em regime de contrato de trabalho acordam na
cessação de funções, não podendo em princípio voltar a ser admitido;
· Demissão e aposentação compulsiva - cessação de funções pela aplicação de pena
disciplinar de natureza expulsiva a funcionários e agentes;
· Denúncia – Situação em que por iniciativa de qualquer das partes contratantes, é posto o
termo ao contrato, mediante a apresentação de pré-aviso de 10 dias;
· Rescisão pelo contratado – cessação de funções no decurso da vigência do contrato por
iniciativa do trabalhador com base na lei ou contrato;
· Caducidade – cessação de funções pelo decurso do prazo estabelecido para o contrato
administrativo ou contrato de trabalho, pela incapacidade total de prestar o trabalho e
pela aposentação;
· Morte
Legislação

Lei n.º 102/IV/93, de 31 de Dezembro;


Lei n.º 101/IV/93, de 31 de Dezembro – Lei laboral.

II – REGIME DE TRABALHO

1. Horários de Trabalho e suas Modalidades

Existem as seguintes modalidades de horário de trabalho:

· Horário normal
· Trabalho por turnos
· Horário especial

Horário normal

É caracterizado por ser um horário rígido que se reparte por dois períodos diários separados
por um intervalo para descanso e com horas fixas de início e fim.

O período normal de trabalho diário tem a duração máxima de 8 horas (período de manhã das
8h às 12 horas e período da tarde das 14 às 18 horas), com o intervalo de descanso não
superior a 2 horas.
A duração semanal de trabalho é de 40 horas de segunda a sexta-feira.

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Trabalho por turnos

Esta modalidade de horário só pode ser autorizada quando se justifique pela necessidade de
funcionamento contínuo do serviço ou de disponibilidade habitual ou frequente e regular de
funcionários e agentes.

O trabalho por turno obedece designadamente aos seguintes parâmetros:

· A duração não pode exceder 8 horas;


· O dia de descanso semanal deve coincidir com o domingo, pelo menos uma vez por cada
período de 4 semanas;
· O turno é rotativo isto é, sujeita-se à variação regular da escala;
· Os agentes não podem prestar mais de seis dias consecutivos de trabalho.
Horário especial

Este tipo de horário é autorizado quando se justifique pelas condições particulares de


trabalho em certas actividades (p.ex. penosidade, perigosidade ou outras características da
actividade exercida que justificam a opção), ou pelo interesse público em certas actividades
designadamente pela comodidade dos utentes

Assim, pode-se estabelecer período especial de trabalho diário ou semanal de duração


inferior a 8 horas ou 40 horas respectivamente, ou ainda relativamente aos agentes
portadores de deficiência.

A maioria dos Municípios do país regem-se pelo período especial de horário diário de trabalho
das 7h30 a 15h30 ou das 8h00 às 16h00.

Pode-se ainda estabelecer períodos especiais de duração de trabalho diário e semanal para
o pessoal docente, pessoal dos serviços da saúde e pessoal civil das forças armadas e da
polícia

2. Trabalho Extraordinário

O trabalho extraordinário é considerado aquele que por determinação superior, for prestado
fora do período de trabalho diário e não estiver abrangido por isenção de horário de trabalho.

Quando ele é determinado por despacho escrito e fundamentado do dirigente superior do


serviço ou equiparado a sua prestação é obrigatória salvo se o funcionário ou agente invoque
motivo atendível, designadamente:

· Seja portador de deficiência


· Esteja em situação de gravidez avançada
· Tenha a guarda de filhos com idade inferior a um ano.
O trabalho extraordinário não pode exceder 2 horas por dia, nem determinar um período de
trabalho diário superior a 10 horas e nem, ultrapassar 120 horas por ano, salvo em caso
especial expressamente estabelecido por diploma próprio.
A prestação de trabalho extraordinário admite dois tipos de compensação conforme a opção
do trabalhador:

16 GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


· Através da remuneração suplementar
· ou através de dedução posterior no
período de trabalho, bastando para tal que o
funcionário ou agente comunique por escrito ao serviço nos oito dias seguintes à
prestação desses serviços.

Por cada mês o funcionário ou agente percebe uma compensação por trabalho
extraordinário não superior a 1/3 do vencimento fixado na tabela salarial para a respectiva
categoria;

3. Trabalho Nocturno

Considera-se nocturno o trabalho prestado no período que decorre entre as 22h00 horas de
um dia e 6h00 horas do dia seguinte e pode ser normal ou extraordinário.

O trabalho nocturno é retribuído com o acréscimo de 50% sobre a remuneração prestado por
período diurno.

4. Trabalho em dia de Descanso Semanal ou Feriado

Quanto ao trabalho em dia de descanso semanal ou feriado ele cumpre os mesmos


parâmetros que o trabalho nocturno e extraordinário com as devidas adaptações

Este trabalho é retribuído com um acréscimo de 100% sobre a remuneração do trabalho em


outro dia normal da semana.

Legislação

Lei nº 44/V/98, de 9 de Março – Princípios fundamentais do regime jurídico de trabalho na


Administração Pública
Decreto-Lei nº 70/97 de 10 de Novembro – Define o período de trabalho na Administração
Pública
Portaria nº 4/2000 de 6 de Março – Fixa o horário especial em alguns Municípios
Resolução n.º 56/97 de 22 de Dezembro – Fixa o período normal de trabalho

5. Férias, Faltas e Licenças

Natureza do Direito a Férias

As férias constituem um direito irrenunciável, sendo indispensável à recuperação física e


psíquica de todos os trabalhadores

Durante o período de férias, o funcionário ou agente tem direito aos seus vencimentos certos,
como se se encontrasse ao serviço, mas não a gratificações, abonos por inerência ou por
acumulação.

O direito a férias vence-se no dia 1 de Janeiro de cada ano e reporta-se, em regra, ao serviço
prestado no ano civil anterior.

GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 17


Marcação de Férias

Até 31 de Janeiro de cada ano, deverão os funcionários ou agentes indicar o período do ano
em que preferem gozar as ferias.

As férias devem ser marcadas de acordo com os interesses das partes, sem prejuízo de se
assegurar, em todos os casos, o regular funcionamento dos serviços.

Na falta de acordo, as férias são fixadas pelo dirigente competente para o período entre 1 de
Maio e 31 de Outubro.

Duração e Gozo de Férias

Os funcionários e agentes, têm direito, em cada ano civil, a um período de 22 dias úteis de
férias

O funcionário ou agente cujo início de funções ocorra no primeiro semestre, pode gozar
antecipadamente, neste ano civil, 11 dias úteis seguidos de férias após 6 meses de serviço
efectivo.

As férias podem ser gozadas seguidas ou interpoladamente não podendo um dos períodos
ser inferior à metade dos dias de ferias (11 dias) a que o funcionário ou agente tenha direito.

As férias devem ser gozadas no decurso do ano civil em que se vencem, salvo se, por motivo
de serviço, não puderem ser gozadas nesse ano ou no ano seguinte, caso em que poderá
haver acumulação de férias.

O gozo efectivo das férias não pode ser substituído por qualquer compensação económica.
Contudo, nas situações da sua interrupção, e na falta de acordo, o funcionário ou o agente
interessado será compensado proporcionalmente pelos dias de férias não gozados.

Interrupção de Férias

As férias são interrompidas por motivo de maternidade, paternidade, adopção, doença e


assistência a familiares doentes e por conveniência de serviço (por razões imperiosas e
imprevistas).

Conceito e Tipos de Faltas

Considera-se falta a ausência do funcionário ou agente durante a totalidade ou parte do


período diário de presença obrigatória no serviço, bem como a não comparência no local a
que o mesmo deva deslocar-se por motivo de serviço.

A ausência por períodos inferiores ao período normal de trabalho será adicionada para
determinação dos períodos normais de trabalho diário em falta, nas seguintes condições:

· São equiparados a meio período diário os tempos de ausência a ele inferiores;


· São equiparados a um período diário os tempos de ausência superiores a meio período
diário.

As faltas podem ser justificadas ou injustificadas consoante seja ou não cumpridos os


respectivos procedimentos de justificação.

18 GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


Faltas justificadas

Consideram-se justificadas as seguintes faltas:

· Até seis por ocasião do casamento devendo o facto ser comunicado ao superior
hierárquico imediato do funcionário ou agente com uma antecedência mínima de quinze
dias;
· Até seis por motivo de falecimento do cônjuge, unidos de facto ou de parente ou afim no
1º grau da linha recta;
· Até duas consecutivas por falecimento de parente ou afim em qualquer outro grau da
linha recta e no 2º e 3º graus da linha colateral;
· Até três consecutivas por motivo de doença comprovada por declaração médica, com
assinatura certificada pelo serviço respectivo;
· Mais de três e até trinta consecutivas por motivo de doença comprovada por atestado
médico;
· Uma por cada prova ou exame que o funcionário ou agente tenha que prestar, bem assim
as dadas na estrita medida das necessidades impostas pelas deslocações para prestar
provas de exame ou de ava1iação de conhecimento;
· As dadas para prestação de provas de concurso público no âmbito dos serviços
abrangidos pelo artigo 1º do presente diploma;
· Uma por ocasião do nascimento de um filho, devendo o facto ser comunicado ao serviço
no próprio dia em que ocorrer o nascimento ou, excepcionalmente, no dia seguinte, e
justificada por escrito logo que o funcionário ou agente se apresente ao serviço;
· As ocorridas durante o período de incapacidade de trabalho de funcionários vítimas de
acidentes considerados de, serviço;
· Até 15 dias por ano para prestar assistência inadiável e imprescindível, em caso de
doença ou acidente, a membro do agregado familiar do funcionário ou agente;
· As motivadas pelo tempo necessário para a doação de sangue;
· As dadas pelos funcionários ou agentes que pertençam associações, humanitárias
durante os períodos necessários para ocorrer a incêndios ou a quaisquer outros
acidentes em que a sua presença seja exigida pelos regulamentos aplicáveis, devendo a
justificação ser feita mediante apresentação da declaração da respectiva associação no
prazo de 48 horas em que o funcionário esteve ocupado e bem assim a indicação dos
factos;
· As motivadas pelo cumprimento de obrigações legais ou por imposição de autoridade
judicial, policial ou militar;
· As dadas por motivo de prisão preventiva;
· Um por mês por conta do período de ferias, do próprio ano ou do seguinte, se tiver já
gozado as ferias no ano em que ocorrerem as faltas;
· As dadas no exercício do direito à greve na função púb1ica;
· As que forem prévia ou posteriormente autorizadas pelo dirigente, não podendo em caso
algum ultrapassar 6 dias em cada ano civil e um dia por mês;

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· As que resultam do crédito de horas concedido aos representantes sindicais dos
funcionários e agentes nos mesmos termos da legislação laboral;

· As autorizadas para a preparação e participação nas provas oficiais aos praticantes do


desporto em regime de alta competição

São ainda consideradas faltas justificadas aquelas dadas para o cumprimento de tratamento
ambulatório, para o acompanhamento do cônjuge ou equiparado, ascendentes,
descendentes, adoptandos e enteados, menores ou deficientes em regime de tratamento
ambulatório, etc.

Licença de Maternidade

A mulher funcionaria, tem direito a uma licença maternidade de 45 dias gozados por ocasião
do parto.

As funcionárias ou agentes grávidas têm direito a dispensa de trabalho para se deslocarem a


consulta pré-natais, podendo-lhes ser exigida a apresentação do documento comprovativo
da realização da consulta.

Para efeitos de amamentação, a funcionaria ou agente tem direito, durante os primeiros seis
meses a seguir ao parto, a 45 minutos de dispensa em cada período de trabalho.

O exercício do direito a licença por maternidade suspende o gozo de ferias, devendo os


restantes dias de férias ser gozados após o termo da licença, mesmo que tal se verifique no
ano civil seguinte.

Faltas por Doença

Por motivo de doença devidamente comprovada, mediante apresentação do atestado


médico, ou declaração da doença passada pelo estabelecimento hospitalar ou centro de
Saúde, o funcionário ou agente por si ou por interposta pessoa, pode justificar as faltas no
próprio dia ou no prazo de 24h00 horas, indicando o local onde se encontra.

Caso adoeça no estrangeiro, deve comunicar o facto ao serviço no prazo de 7 dias, por si ou
por interposta pessoa, e apresentar o documento comprovativo da doença, visado pela
autoridade competente da missão diplomática ou consular do país onde o interessado se
encontre doente, no prazo de 20 dias úteis a contar do primeiro dia da doença.

1
Ver arts. 40 a 42o do D.Lei n. 5/2004, de 16 de Fevereiro, alterado pelo D.Lei n. 51/2005, de 25 de Julho, e art. 110 da lei laboral,
o o o o

o o o o
aplicáveis por força dos arts. 2 e 4 do D.Lei n. 21;2006, de 27 de Fevereiro alterado pelo D.Lei n. 40/2006, de 10 de Julho.

20 GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


Efeitos das Faltas Justificadas

As faltas justificadas não interrompem efectividade do serviço e não determinam a perda de


remuneração ou de quaisquer direitos ou regalias, salvo as que decorrem do cumprimento da
pena de prisão.

As faltas dadas no exercício de direito à greve não interrompem a efectividade do serviço,


mas determinam a perda da remuneração.

Também, as faltas dadas por doença, assistência a familiares doentes, maternidade,


paternidade e adopção implicam a perda de remuneração, mas dão direito a subsídios pagos
pelo Instituto Nacional da Previdência Social, calculados ao abrigo dos arts. 40º a 59º do D.Lei
n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro, alterado pelo D.Lei n.º 51/2005, de 25 de Julho, aplicáveis por
força do D.Lei n.º 21/2006, de 27 de Fevereiro.

Injustificação das Faltas por Doença

Consideram-se injustificadas todas as faltas dadas e não previstas no leque de faltas


justificadas supra, ou embora previstas não foram justificadas nos termos da lei,
nomeadamente quando não seja apresentada a prova ou quando o motivo invocado for falso.

As faltas injustificadas, para além das consequências disciplinares a que possam dar lugar,
determinam a perda das remunerações correspondentes aos dias de ausência e não contam
para efeitos de antiguidade.

Licenças

Considera-se licença a ausência prolongada do serviço mediante autorização.

As licenças podem revestir as seguintes modalidades:

· Licença sem vencimento até 90 dias;


· Licença sem vencimento de longa duração;
· Licença sem vencimento para acompanhamento do cônjuge colocado no estrangeiro;
· Licença sem vencimento para exercício de funções em organismos internacionais. Das
quatro modalidades de licença, esta é a única cujo tempo conta para o desconto na
antiguidade para todos os efeitos legais.

Legislação

Decreto Legislativo n.º 3/93 de 5 de Abril – Lei de férias, faltas e licenças


D.Lei n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro, alterado pelo D.Lei n.º 51/2005, de 25 de Julho, -
Protecção dos trabalhadores por conta de outrem
D.Lei n.º 21/2006, de 27 de Fevereiro, alterado pelo D.Lei n.º 40/2006, de 10 de Julho –
Integração gradual dos agentes públicos no sistema de segurança social dos trabalhadores
por conta de outrem
Decreto-Lei n.º 86/97, de 31 de Dezembro – Estatuto do praticante desportivo em regime de
alta Competição.
Decreto-Lei n.º 76/95, de 27 de Novembro (art. 7º) – Regula alguns aspectos ligados à
colocação no exterior dos funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros

GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 21


III - REMUNERAÇÃO, OUTROS ABONOS E DESCONTOS

1. O sistema das remunerações

O sistema retributivo da função pública é composto pela:


· Remuneração base;
· Suplemento.
A estrutura da remuneração base da função pública integra:
· Tabela salarial para cargos efectivos;
· Tabela salarial para cargos em comissão.
O direito à remuneração constitui-se com a tomada de posse pelo nomeado ou com o início do
exercício efectivo de funções, nos casos em que não há lugar à posse ou ainda a partir da data
do despacho ou outra data indicada.

O direito à remuneração cessa com a verificação de qualquer das causas de cessação da


relação de emprego.

A remuneração base corresponde um índice para qual se obtém a expressão monetária


através da sua multiplicação pelo montante atribuído ao respectivo índice 100.

O valor do índice 100 é fixado por Decreto do Governo. O valor desse índice é actualizado
pelo Governo nas negociações do Conselho de Concertação Social. Neste ano o valor do
índice 100 corresponde a 13.083$00, para o pessoal do quadro comum.

A remuneração base integra a remuneração do cargo e a remuneração de exercício.

A remuneração do cargo é igual a cinco sextos da remuneração base.

A remuneração de exercício é igual a um sexto da remuneração base.

2. Suplementos

Os suplementos são os acréscimos remuneratórios atribuídos em função das


particularidades especificas da prestação de trabalho e só podem ser considerados os que se
fundamentem em:
· Trabalho extraordinário;
· Trabalho nocturno;
· Abono para falha;
· Trabalho em dia de descanso semanal ou feriado;
· Trabalho prestado em condições de risco. Penosidade ou insalubridade;
· Subsidio de dedicação exclusiva;
· Subsidio de deslocação;
· Incentivo à fixação em zonas de periferia;
· Trabalho em regime de turno;
· Participação em comissão ou grupo de trabalho;
· Participação em custas ou multas.
22 GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
Podem ser atribuídos suplementos por compensação de despesas por motivo de serviço que
se fundamentem, designadamente, em:

· Trabalho prestado fora do local normal de serviço que dê direito a atribuição de ajudas de
custo ou outros abonos devidos a deslocação em serviço.
· Transferência para localidade diversa que confira direitos a subsidio de instalação.
3. Ajudas de Custo

Têm direito ao abono de ajudas de custo diárias os funcionários ou agentes, quando


deslocados do seu domicílio profissional por motivo de serviço público.

Aos funcionários que se desloquem ao exterior em missão de nível ministerial, chefiando


delegações em substituição de um membro de Governo, serão abonados de ajudas de custo
diárias de quantitativo igual ao previsto para os membros do Governo.

Toda deslocação ao exterior que dê direito a ajudas de custo deverá efectuar-se, mediante
despacho de autorização do membro do Governo competente.

Para o efeito referido no número anterior devem os serviços interessados apresentar ao


Ministério responsável pela área das Finanças a proposta relativa a cada missão,
devidamente, fundamentada referindo, designadamente, o objecto, duração, encargos
financeiros e respectiva cobertura orçamental.

3.1. Condições de Atribuições das Ajudas de Custo

As ajudas de custo diárias são concedidas por cada dia de afastamento do domicílio
profissional.

Nos dias em que o funcionário não pernoitar fora do seu domicílio profissional é lhe devido
apenas metade das ajudas de custo diárias.

Quando uma missão integre funcionários de diversas categorias e que deverão se instalar no
mesmo estabelecimento hoteleiro, o valor das respectivas ajudas de custo será idêntico ao
auferido pelo funcionário de mais elevada categoria.

Aquele que receber ajudas de custo diárias e que por qualquer motivo, não realizar a missão,
fica obrigado a reposição integral do montante recebido no prazo máximo de cinco dias.

O funcionário que, por motivo qualquer, regressar ao seu domicílio profissional antes do prazo
previsto para o termo da missão restituirá a quantia recebida em excesso, no prazo a que se
refere o número anterior.

O funcionário que tenha recebido indevidamente quaisquer abonos de ajudas de custo fica
obrigado a sua reposição, independentemente da responsabilidade disciplinar que ao caso
couber.

Nas deslocações em que sejam garantidos, oficialmente o alojamento e a alimentação, o


funcionário terá direito a 1/3 da totalidade das ajudas de custo.

No caso de lhe ser garantida somente uma das prestações – só alojamento ou somente a
alimentação –, o funcionário terá direito a 2/3 da totalidade das ajudas de custo.

GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 23


As tabelas de ajudas de custo diárias por deslocações em missão oficial de serviço dentro do
país e ao exterior constam do Decreto nº 204/91 de 30 de Dezembro.

As ajudas de custo dos titulares de cargos políticos (membros do Governo, titular de órgãos
municipais, governador civil) estão regulados no D.Lei n.º 36/99, de 27 de Maio e
D.Regulamentar n.º 8/99, de 19 de Julho

Legislação

Decreto-Lei nº 86/92 de 16 de Julho


Decreto nº 204/91 de 30 de Dezembro – Regula as ajudas de Custo
D.Lei n.º 149/79, de 31 de Dezembro –Direitos dos funcionários transferidos
D.Lei n.º 36/99, de 27 de Maio – Regula as deslocações em missão oficial de serviço dos
titulares de cargos políticos em funções na Administração Pública
D.Regulamentar n.º 8/99, de 19 de Julho – Tabela de ajudas de custo dos agentes políticos

IV – SEGURANÇA SOCIAL

1. Protecção na Doença, Maternidade, Paternidade e Adopção

São beneficiários da protecção na doença, maternidade, paternidade e adopção:


· Os servidores públicos (funcionários, agentes, trabalhadores contratados) do Estado,
Institutos Públicos, Agências reguladoras e Autarquias Locais e os aposentados – art. 4º
do D.Lei n.º 21/2006, de 27 de Fevereiro;
· Familiares dos funcionários e equiparados (cônjuge, os unidos de facto, e os membros do
agregado familiar a cargo do beneficiário titular) - art. 5º do D.Lei n.º 21/2006, de 27 de
Fevereiro;
· A inscrição destes familiares é feita desde que provem não beneficiar de qualquer regime
de prestação - art. 6º do D.Lei n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro;
·É obrigatória a inscrição dos servidores públicos; os seus vencimentos estão sujeitos ao
desconto de 8% para o INPS (Instituto Nacional da Previdência Social) – art. 3º do D.Lei
n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro; Portaria n.º 49/95, de 9 de Outubro;

A protecção é assegurada no país, tanto no regime ambulatório como no internamento, e no


âmbito das evacuações inter-ilhas e para o estrangeiro com comparticipação em (Portaria n.º
8/2005, de 7 de Fevereiro; Portaria n.º 7/2005, de 7 de Fevereiro, Portaria n.º 31/2004, de 16
de Agosto, D.Lei n.º 47/2006, de 9 de Outubro, Portaria n.º 23/2004, de 9 de Agosto, Portaria
n.º 29/2006, de 13 de Novembro):
· Assistência médica (consultas, diagnóstico, terapêutica, intervenções cirúrgicas etc.);
· Assistência hospitalar;
· Assistência medicamentosa;
· Cuidados de saúde no estrangeiro.
24 GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
Legislação

Portaria n.º 31/2004, de 16 de Agosto – Comparticipação na aquisição de medicamentos;


Portaria n.º 23/2004, de 9 de Agosto – Tabela de comparticipação nos cuidados de
estomatologia e próteses dentárias;
Portaria n.º 8/2005, de 7 de Fevereiro – Subsídio diário no âmbito das evacuações;
D.Lei n.º 21/2006, de 27 de Fevereiro, alterado pelo D.Lei n.º 40/2006, de 10 de Julho-
Portaria n.º 7/2005, de 7 de Fevereiro – Comparticipação de medicamentos,
D.Lei n.º 47/2006, de 9 de Outubro – Condições de acesso às prestações na doença,
maternidade, paternidade e adopção.
Portaria n.º 29/2006, de 13 de Novembro – Cria a pensão de solidariedade social.

2. Aposentação

Protecção na velhice e na invalidez

A Direcção Geral da Contabilidade Pública assegura aos servidores públicos recrutados até
31 de Dezembro de 2005 e seus familiares conforme o caso (art. 3º D.Lei n.º 21/2006, de 27
de Fevereiro):
· Abono de família e prestações complementares;
· Pensão de invalidez;
· Pensão de velhice;
· Pensão de sobrevivência.
Aposentação Ordinária:

A aposentação ordinária verifica-se quando o subscritor esteja numa das seguintes situações
(art. 5º Lei n.º 61/III/89, de 30 de Dezembro - EAPS):
· Conte 60 anos de idade e 34 anos de serviço;
· Conte pelo menos 10 anos de serviço e reúna uma das seguintes condições:
§
Seja declarado pela Junta de Saúde absoluta e permanentemente incapaz para o
exercício das funções públicas;
§
Atinja o limite de idade para o exercício das funções públicas - 65 anos;
§
Seja punido com pena de aposentação compulsiva

A aposentação extraordinária verifica-se independentemente da idade e do tempo de serviço


quando a Junta de Saúde declara o subscritor absoluta e permanentemente incapaz para o
exercício das suas funções públicas ou atribui simples desvalorização permanente e parcial
que o impede de exercê-las mesmo em regime moderado, em resultado de (art. 6º do EAPS):
· Acidente de serviço ou doença contraída neste e por motivo do seu desempenho;
· Acidente ou doença resultante de actos humanitários ou dedicação à causa pública
(p.ex.: auxílio às populações em caso de calamidade pública, manutenção da ordem pública
etc.).

As prestações na velhice e invalidez e outras previstas na lei são asseguradas pelo INPS aos
servidores públicos recrutados após 31 de Dezembro de 2005 e seus familiares conforme o
caso – art. 3/3º D.Lei n.º 21/2006, de 27 de Fevereiro:
· Abono de família e prestações complementares;
· Pensão de invalidez;
· Pensão de velhice;
· Pensão de sobrevivência.
GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 25
Pensão de velhice pelo INPS:

Ter no mínimo 15 anos de serviço (art. 81º do D.Lei n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro):
· Ter 60 anos de idade para mulheres;
· Ter 65 anos de idade para homens;
A pensão de velhice não ultrapassa 80% do vencimento base.

Pensão de invalidez pelo INPS:

· Ter no mínimo 5 (cinco) anos de serviço (art. 69º e 72º do D.Lei n.º 5/2004, de 16 de
Fevereiro):
· Estar incapacitado por doença, acidente sem responsabilidade de terceiros, quando a
incapacidade for igual ou superior a 66%.

Legislação

D.Lei n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro, alterado pelo D.Lei n.º 51/2005, de 25 de Julho –
Protecção dos trabalhadores por conta de outrem;
D.Lei n.º 21/2006, de 27 de Fevereiro, alterado pelo D.Lei n.º 40/2006, de 10 de Julho -
Integração gradual dos agentes no sistema de protecção social dos trabalhadores por conta
de outrem;

3. Pensão de sobrevivência.

A pensão de sobrevivência consiste numa prestação pecuniária mensal, igual à metade da


pensão de aposentação que o funcionário se encontre a receber (na data) na data da sua
morte ou a que teria direito se na mesma data fosse aposentado (art. 72º/3 da Lei n.º 61/III/89,
de 30 de Dezembro - EAPS).

No caso de o funcionário ou agente ter sido aposentado extraordinariamente a pensão de


sobrevivência é igual à sua metade independentemente do tempo em que esse servidor
público haja estado sujeito a descontos para efeitos de aposentação (art. 72º/5 da Lei n.º
61/III/89, de 30 de Dezembro - EAPS).

São beneficiários da pensão de sobrevivência (65º- 70º EAPS) o cônjuge sobrevivo


independentemente de qualquer requisito; ex-cônjuge sobrevivo divorciado, desde que à
data do óbito do subscritor tenha direito a receber deste pensão de alimentos fixada pelo
tribunal (1948º a 1951º Código Civil); unido de facto sobrevivo, depois de obtida a sentença a
reconhecer o direito a haver pensão de alimentos (1719º Código Civil); os filhos incluindo os
nascituros e os adoptados todos menores; Os filhos maiores até aos 25 anos, desde que
frequentem curso médio superior ou equiparado; Filhos e adoptados maiores, desde que
sofram incapacidade permanente e total para o trabalho; netos maiores ou menores desde
que satisfaçam as condições exigidas para os filhos e: a)sejam órfãos de pai e mãe, ou de um
deles, se o outro não conseguir prover a sua subsistência; b) os pais se encontrem ausentes
em parte incerta e não provejam ao seu sustento; Pais e avós que à data do óbito do subscritor
vivam ao seu cargo, ou seja com o rendimento não superior a metade do vencimento mínimo
da função pública

26 GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


A pensão de sobrevivência em relação aos servidores públicos providos após 31 de
Dezembro de 2005, é paga aos respectivos herdeiros pelo INPS, desde que aqueles tenham
pago pelo menos 36 meses de contribuição (art. 2ºe 3º/2 do D.Lei n.º 21/2006, de 27 de
Fevereiro e art. 83º do D.Lei n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro).

Têm direito à pensão de sobrevivência pelo INPS, o cônjuge sobrevivo, não separado de
facto, unido de facto nos termos da lei, os descendentes com direito a abono de família.

O valor da pensão de sobrevivência que não deve ultrapassar os 100% da pensão de


aposentação é paga na seguinte percentagem (art. 86º do D.Lei n.º 5/2004, de 16 de
Fevereiro):
· 50% do valor da pensão para o cônjuge ou unido de facto sobrevivo;
· 25% do valor da pensão por cada descendente;
· 50% do valor da pensão por cada descendente, no caso de não existirem cônjuge ou
unido de facto sobrevivo, com direito à pensão.

4- Subsídio por morte.

Por morte do servidor público no activo, aposentado ou reformado a Direcção Geral da


Contabilidade paga um subsídio a um familiar a seu cargo pela seguinte ordem de
preferência:
· Cônjuge sobrevivo se não houver separação judicial ou de facto;
· O mais velho dos descendentes do grau mais próximo;
· Um dos ascendentes do aposentado, ou, na sua falta, do seu cônjuge do grau mais
próximo;
· Outro parente, segundo a ordem de sucessão legítima e, em igualdade de condições, o
mais velho (art. 2061º Código Civil.).

O subsídio por morte é pago numa única prestação e é igual a 6 vezes o valor da pensão
mensal ilíquida incluindo o mês em que se der a morte se o ex-aposentado ainda a não tiver
recebido. Se o ex-aposentado houver recebido a pensão do mês em que se der a morte o
subsídio é igual e 5 vezes o valor da pensão mensal

O subsídio deve ser requerido no prazo de 60 dias a partir da data do óbito do aposentado

Legislação

EAPS;
D.L.42947, de 24.7.60 – Fixa o subsídio por morte;
D.L.49031, de 27.05.69 – Aumenta o subsídio por morte;
Portaria de 24/70 de 18 de Abril) – Estende o subsídio por morte ao Ultramar.

4.1. Subsídio de Funeral

Por morte do servidor público provido após 31 de Dezembro de 2005, ou seu familiar previsto
na lei, não é devido o subsídio por morte, mas sim o subsídio de funeral pago pelo INPS.

GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 27


O subsídio de funeral é pago pelo falecimento do servidor público (segurado) do pensionista
de velhice ou invalidez, do cônjuge não separado de facto ou do unido de facto nos termos
legais, dos descendentes ou ascendentes com direito a abono de família

Por morte do servidor público no activo, aposentado ou reformado, o INPS paga um subsídio
pela seguinte ordem de preferência:
1. Cônjuge sobrevivo não separado judicial ou de facto ou ao unido de facto nos termos
legais;
2. Aos descendentes;
3. Aos ascendentes;
4. A quem apresentar os documentos comprovativos de falecimento e de ter efectuado as
despesas do funeral, na falta das pessoas referidas nos números anteriores

O subsídio de funeral é pago numa única prestação e é fixado em função da idade do falecido
em:
· 7.000$00, quando o falecido não tenha mais de 5 anos de idade;
· 15.000$00, quando o falecido tenha mais de 5 anos de idade e menos de 14 anos;
· 20.000$00, quando o falecido tenha mais de 14 anos de idade.
O subsídio deve ser requerido no prazo de 6 meses a partir da data do óbito do aposentado.

Legislação

D.Lei n.º 5/2004, de 16 de Fevereiro, alterado pelo D.Lei n.º 51/2005, de 25 de Julho;
D.Lei n.º 21/2006, de 27 de Fevereiro, alterado pelo D.Lei n.º 40/2006, de 10 de Julho
Portaria n.º 9/2005, de 7 de Fevereiro- Regulamenta o abono de família e prestações
complementares

V – PRINCIPAIS DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS SOBRE


OUTROS DIREITOS E DEVERES

1. Deveres dos funcionários na Constituição da República de Cabo Verde

Artigo 237º: - Estabelece o dever dos trabalhadores da Administração Pública actuar, no


exercício das suas funções com respeito pelos princípios da justiça, imparcialidade, respeito
pelos direitos dos cidadãos e igualdade de tratamento de todos os utentes nos termos da lei.

Artigo 237º: - Impõe aos trabalhadores da Administração Pública e demais agentes de Estado
e de outras entidades públicas, agir exclusivamente ao serviço do interesse público definido
pelos órgãos competentes.

Artigo 239º/1: - Atribui responsabilidade disciplinar, civil e criminal pelos actos e omissões
praticados no exercício das suas funções que resulte na violação dos direitos e interesses
legalmente protegidos dos cidadãos.

1.1. Deveres Gerais no Estatuto Disciplinar

· Dever de isenção, que consiste em não retirar vantagem directas ou indirectas,


pecuniárias ou outras das funções que exerce, actuando com independência em relação aos
interesses e pressões particulares de qualquer índole, na perspectiva do respeito pela
igualdade dos cidadãos;

28 GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


· Dever de zelo, que importa o conhecimento de normas legais regulamentares e as
instruções dos superiores hierárquicos, bem como possuir e aperfeiçoar os seus
conhecimentos técnicos e métodos de trabalho, tendo em vista melhorar o exercício das suas
funções;
· Dever de obediência ou seja acatar e cumprir as ordens dos superiores hierárquicos,
dadas no contexto do serviço;
· Dever de lealdade que significa o desempenho de funções em subordinação aos
objectivos do serviço e na perspectiva da prossecução do interesse público;
· Dever de sigilo, que é a obrigação de guardar silêncio profissional relativamente aos
factos de que tenha conhecimento em virtude do exercício das suas funções e que não se
destinem a ser do domínio público;
· Dever de correcção, que é o de tratar com respeito quer os utentes dos serviços públicos
quer os colegas e superiores hierárquicos;
· Dever de assiduidade, a obrigação de comparecer regular e continuamente no serviço;
· Dever de pontualidade, a obrigação de comparecer aos serviços dentro do horário
designado

Legislação

Lei n.º 31/III/87, de 31 de Dezembro alterado pelo D.Leg n.º8/97, de 8 de Maio – Estatuto
disciplinar dos Agentes da Administração Pública;

2. Direitos dos Funcionários na Constituição da República de Cabo Verde.

Artigo 41º/2 e 237º/6 : - Estabelece que todos os cidadãos têm direito de acesso à função
pública, em condições de igualdade e com base no mérito.

Artigo 55º: - garante o livre acesso a funções públicas e cargos electivos a todos os cidadãos,
sem que tal ponha em causa a sua carreira, emprego, ou actividade pública ou privada nem
benefícios sociais a que tenha direito. O mesmo direito é estabelecido para os trabalhadores
da Administração Pública no art. 237º/2 e 4.

Artigo 237º/2: - Consagra o livre exercício de direitos políticos para os trabalhadores da


Administração Pública, sem que tal ponha em causa a sua carreira, emprego, ou actividade
pública ou privada nem benefícios sociais a que tenha direito.

Artigo 239º/2: - Consagra o direito de não obedecer ao superior hierárquico sempre que o
cumprimento das ordens ou instruções implique a prática do crime.

Artigo 62º/2: - Prevê a prestação de trabalho em condições de higiene, saúde e segurança;


repouso e lazer;

3. Direitos Sindicais

O direito de negociação colectiva e de participação dos trabalhadores apenas poderá ser


exercido através das associações sindicais devidamente registadas e abrange as matérias
relativas à política salarial, pensões de aposentação, higiene e segurança no trabalho, outras
regalias de carácter social incluindo a defesa dos interesses dos trabalhadores que
representam (D.Lei n.º 170/91, de 27 de Novembro, art. 65º CRCV).

GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 29


3.1. Actividade Sindical
Direitos dos membros da Direcção das associações sindicais:

· Dois dias remunerados por mês;


· Faltar justificadamente ao trabalho nos termos da lei (com perda de remuneração);
· Realização de reuniões fora das horas normais de trabalho podendo excepcionalmente
reunir-se durante o período normal de trabalho até o máximo de 10 horas por ano, que
contarão para todos os efeitos, desde que fique assegurado o funcionamento normal dos
serviços.
Direitos dos Delegados sindicais

· Crédito de 8 horas remuneradas por mês;


· Faltar justificadamente ao trabalho nos termos da lei (com perda de remuneração);
· Participar nas missões e estágios ligados a actividades sindicais, conservando todos os
direitos excepto a remuneração;
· Licença especial sem remuneração até 6 meses exercida uma vez em cada 2 anos.
3.2. Direitos dos Trabalhadores

· Dispensa do serviço para participação nas actividades sindicais (reuniões, eleições etc.);
· Direito à greve.
Legislação
D.Lei n.º 170/91, de 27 de Novembro – Exercício de direito de associação sindical e
respectiva actividade por parte dos trabalhadores.,
D.Lei n.º 76/90, de 10 de Setembro – Regula o direito de greve;
Lei n.º 81/III/90, de 29 de Junho alterado pela Lei n.º 107/V/99, de 2 de Agosto – Regime
jurídico do exercício dos direitos de reunião e manifestação;

VI – RACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO JURÍDICA


A proliferação legislativa tem gerado a dispersão normativa e alguma obscuridade e incerteza
do Direito particularmente da função pública.
Para superar este problema, o Governo através do Gabinete do Secretário de Estado da
Administração Pública optou pela colecção da legislação da Administração Pública.
É assim que em 2006 foram compilados cerca de 324 diplomas legais organizados em 4
volumes a saber:
1. Colectânea sobre a “Garantia dos Particulares”
2. Colectâneas do “Regime Geral da Função Pública”, vols. I, II e III

Conforme consta da nota introdutória do “Regime Geral da Função Pública, vol. I” não foi
recolhida toda a legislação da Função Pública, mas o que de essencial existe foi compilado.

Deste modo, para se inteirar detalhadamente do direito da função pública, remetemos os


interessados para estas colectâneas.

30 GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


VII - BASE DE DADOS DOS RECURSOS HUMANOS

Em 2001-2002, o governo, através do departamento governamental responsável pela


administração pública, efectuou um recenseamento geral dos servidores públicos com vista à
criação/reactivação do Banco de Dados da Administração Pública.
Criou-se a Base de Dados, onde as informações referentes aos efectivos encontram-se
consolidadas.

Essa Base de Dados fornece informações sobre o perfil técnico dos Recursos Humanos
permitindo ao Governo definir medidas de política de gestão das diversas carreiras e dos
diversos quadros de pessoal, da mobilidade e da gestão previsional.

Tratando-se de uma Base de Dados dinâmica (as informações são permanentemente


actualizadas), importa informar que o perfil dos Recursos Humanos da Administração
Pública, em Novembro/Dezembro de 2006, daí extraídos, encontra-se já publicado, em
formato de papel, e electrónico nas paginas do Ministério das Finanças e Administração
Pública www.minfin.cv, e do Governo respectivamente www.governo.cv numa iniciativa do
Gabinete do Secretário de Estado da Administração Pública.

VIII – ALGUNS FORMULÁRIOS

REQUERIMENTO DE FÉRIAS

Exmo Sr.
Director de Administração
(identificação do Organismo de que o agente depende).

(Nome completo)......................................... (categoria)..............................da/o (serviço onde exerce


funções)....................(B.I. n.º) ...................................................................., solicita a autorização para
gozo de.........dias úteis de férias a que tem direito, nos termos do D.Leg. n.º 3/93, de 5 de Abril.

Pede deferimento

Data
Assinatura

REQUERIMENTO DE LICENÇA
Exmo Sr.
Director de Administração
(identificação do Organismo de que o agente depende).

(Nome completo)......................................... (categoria)..............................da/o (serviço onde exerce


funções)....................(B.I. n.º) ...................................................................., solicita ........... dias de licença
(até 90 dias) , nos termos do D.Leg. n.º 3/93, de 5 de Abril, conjugado com o art. 21º do D.Leg. n.º 13/97,
de 1 de Julho.

Pede deferimento

Data
Assinatura

GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 31


REQUERIMENTO DE APOSENTAÇÃO

Exmo Sr.
Ministro/Presidente da Câmara Municipal/
(identificação do Organismo de que o agente depende).

(Nome completo)..................................... (data de nascimento),.......... (categoria)


..............................da/o (serviço onde exerce funções)....................(do B.I. n.º)
....................................................residente em (morada completa, com código postal e
telefone)..................................., requer a V.Excia. providências para o reconhecimento do direito a uma
pensão de aposentação, ao abrigo do art. 47º do Estatuto de aposentação e da pensão de sobrevivência,
por se encontrar incapaz/ter atingido o limite de idade.

Mais requer que a pensão a que se habilita seja creditada na conta n.º (número da conta bancária do
requerente) em nome do requerente e no de (nome de outro titular se houver).

Juntar:
- Fotocópia do B.I.;
- Certidão do tempo de serviço (se tiver no momento do requerimento);
- Certidão da contagem do tempo de serviço (se tiver no momento do requerimento);

Pede deferimento

Data
Assinatura

JUNTA DE SAÚDE ou COMISSÃO DE VERIFICAÇÃO DE INCAPACIDADE (CVI)

Exmo Sr.
Ministro/Presidente da Câmara Municipal/ (identificação do
Organismo de que o agente depende).

(Nome completo).....................(data de nascimento),......................... (categoria) da/o (serviço onde


exerce funções)..................... (B.I. n.º ).................... residente em (morada completa com código postal e
telefone), ...........................requer a V.Excia. se digne mandá-lo apresentar a novo exame, em virtude de
se ter agravado o grau de incapacidade atribuído em Junta de saúde(CVI) anterior:

Pede deferimento

Data
Assinatura

32 GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


SUBSÍDIO POR MORTE

Exmo Sr.
Director Geral da Administração Pública/Director Geral
da Contabilidade Pública

(Nome completo do requerente sem abreviaturas), nascido a (data de nascimento), (categoria) da/o
(serviço onde exerce funções), portador do B.I. n.º (número do bilhete de identidade) residente em
(morada completa, com código postal e telefone), na qualidade de (grau de parentesco) vem requerer a
V.Excia. o reconhecimento do direito ao subsídio por morte de (nome do falecido), filho de (pais do
falecido) falecido em (data de óbito), na situação de (activo, ex-funcionário, aposentado ou reformado).

Mais requer que o subsídio a que se habilita seja creditada na conta n.º..........do
BCA/CECV/BInteratlantico em nome do requerente.

Juntar:

- Fotocópia do B.I.;
- Certidão de óbito do contribuinte;
- Atestado passado pela Câmara Municipal da área da residência comprovativo de que o falecido
contribuía regularmente para o seu sustento.

Pede deferimento

Data
Assinatura

SUBSÍDIO DE FUNERAL
Exmo Sr.
Director .....................do Instituito Nacional da Previdência Social

(Nome completo)............, (data de nascimento), (categoria).................................... da/o (serviço onde


exerce funções), B.I. n.º........................................ residente em (morada completa, com código postal e
telefone), na qualidade de (grau de parentesco) vem requerer a V.Excia., o subsídio de funeral por morte
de (nome do falecido), filho de (pais do falecido) falecido em (data de óbito), na situação de (activo, ex-
funcionário, aposentado ou reformado).

Mais requer que o subsídio a que se habilita seja creditado na conta n.º..........do
BCA/CECV/BInteratlantico em nome do requerente.

Juntar:

- Fotocópia do B.I.;
- Certidão de óbito do contribuinte;
- Comprovativo das despesas de funeral

Pede deferimento

Data
Assinatura

Nota: O subsídio por morte só é pago pela morte do servidor público provido após 31 de
Dezembro de 2005.

GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 33


PENSÃO DE SOBREVIVÊNVIA

Exmo Sr.
Director Geral da Administração Pública/Director
Geral da Contabilidade Pública

(Nome completo do requerente sem abreviaturas), nascido a (data de nascimento), (categoria) da/o
(serviço onde exerce funções), portador do B.I. n.º (número do bilhete de identidade) residente em
(morada completa, com código postal e telefone), na qualidade de (grau de parentesco) vem requerer a
V.Excia. o reconhecimento do direito a uma pensão de sobrevivência, por óbito de (nome do falecido),
filho de (pais do falecido) falecido em (data de óbito), na situação de (activo, ex-funcionário, aposentado
ou reformado).

Mais requer que a pensão a que se habilita seja creditada na conta n.º (número da conta bancária do
requerente) em nome do requerente e no de (nome de outro titular se houver).

(Se o falecido estava na situação de activo ou de ex-funcionário, deve completar o requerimento com a
versão se adapta à situação):

- O falecido efectuou descontos para a segurança social ;


- O falecido não efectuou descontos para a segurança social

Juntar:
- Certidão do registo de nascimento do requerente;
- Certidão de óbito do contribuinte;
- Certidão de tempo de serviço prestado pelo contribuinte
- Certidão de nascimento de cada herdeiro hábil devidamente actualizada;
- Fotocópia do B.I (para filhos maiores ou incapazes.;
- Documento de matrícula em estabelecimento de ensino no ano lectivo em curso (filhos maiores do
contribuinte)
- Certidão do tempo de serviço;
- Certidão judicial que comprove direito a alimentos (quando os requerentes sejam divorciados,
separados ou companheiros do contribuinte falecido);
- Atestado passado pela Câmara Municipal da área da residência comprovativo dos rendimentos
qualquer que seja a sua natureza (quando os requerentes são pais ou avós do contribuinte)

Pede deferimento

Data
Assinatura

IX – ENDEREÇOS ÚTEIS

Gabinete do Secretário de Estado da Administração Pública - Tel.: 260 74 94


Directora Geral da Administração Pública
Tel: 260-99-90/84

Directora Geral de Administração do Ministério das Finanças - Tel.: 260 74 90

Director Geral das Contribuições e impostos - Tel.: 261 77 59


Direcção Geral da Contabilidade Pública - Tel.: 260 74 50

34 GUIA DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


SINDICATOS

CCSL – CONFEDERAÇÃO CABO-VERDIANA DE SINDICATOS LIVRES –


CENTRAL SINDICAL - Telefax- 261-63-19.

UNTC – CS – UNIÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES DE CABO VERDE– CENTRAL


SINDICAL , Praia, Tel: 260-08-20/ 261-13-48/41-55/46-29

Sindicatos Filiados na UNTC-CS

SINDEP - Sindicato nacional democrático de professores


Praia - Tel. 261-85-97
R. Grande, Tel– 221-27-24
SV. - Tel. 231-84-52
S.Filipe, Tel – 281-22-01

SINTCAP - Sindicato de transportes, comunicações e Administração Pública


Sal, Tel: 241-13-47
SLTSA - Sindicato livre do trabalhadores de Santo Antão, R. Grande, Tel: 221-11-01
STBV – Sindicato dos trabalhadores da Boa Vista, Vila de Sal Rei, Tel: 251-13-12
STIF – Sindicato dos trabalhadores das Instituições financeiras,
Praia Tel: 261-85-71
Mindelo: 232-48-52
Secretariado Sindical – Vila do Maio, Tel: 255-15-15
SPAPS – Sindicato dos trabalhadores da Administração Pública de Santiago
Praia – Tel. 261-41-45
SACTAPS – Sindicato de Agricultura, comércio, transporte, telecomunicações,
Administração Pública e Serviços do Fogo
SNETS - Sindicato nacional de enfermeiros e técnicos de saúde
Praia – Tel. 261-99-21
SINTAP – Sindicato de transportes, comunicações e Administração Pública
Mindelo, Tel: 231-31-99/232-43-41.

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