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GRADUAÇÃO
2016.2
Sumário
Direitos Humanos
AULA 05: SISTEMA GLOBAL — MECANISMOS CONVENCIONAIS E EXTRACONVENCIONAIS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS........47
AULA 12: DIREITOS HUMANOS E VIOLÊNCIA URBANA — HOMICÍDIO, TRÁFICO E SUPERENCARCERAMENTO........................... 116
AULA 24: O PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL NA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS............................................................. 232
BIBLIOGRAFIA
Procure trazer as questões no horário das aulas sempre que possível, ou logo
depois de encerrada a aula. Caso necessite tratar de assunto fora do ambiente
de sala de aula, o professor estará disponível na sua sala (13º andar, sala 1318)
terças e quintas das 16:00 às 16:30h, mas por favor agende o horário por email
ou telefone. O email também é uma opção para resolver um problema, embo-
ra a resposta nem sempre será imediata: michael.mohallem@fgv.br
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
TEXTO 1:
Há exatos quinze anos uma tragédia que marcou a cidade do Rio de Ja-
neiro acontecia dentro do ônibus que fazia o itinerário Gávea — Central do
Brasil. O episódio, que ficou conhecido como “Ônibus 174”, mudou os ru-
mos da política de segurança pública da cidade, foi roteiro de documentários,
filme de ficção e continua sendo tema de debate até hoje.
Em entrevista para o Viva Favela, Damiana Souza, última refém a deixar
o ônibus, relata o que aconteceu no dia e como tem sido sua vida após a tra-
gédia. “Como é que pode a gente sair de casa, feliz, de mão dada uma com
a outra…Era dia 12 de junho. Encontramos meu marido no caminho e ele
falou ‘vocês estão com cara de que vão aprontar’ e a Geisa respondeu ‘a gente
vai passear no shopping’ e descemos rindo”, lembra.
O desenho da tragédia
Geisa Gonçalves tinha 21 anos e estava grávida de dois meses. Ela e San-
dro Nascimento, que tinham a mesma idade, foram as duas únicas vítimas
fatais do episódio. Geisa viera de Fortaleza dois anos antes e estava morando
na Rocinha fazia oito meses. Lá ela conheceu Damiana e se tornaram grandes
amigas, tanto que se tratavam como mãe e filha. As duas também eram com-
panheiras de trabalho na Ong Curumim, que funcionava no alto da favela.
No 12 de junho do ano 2000 as duas embarcaram juntas no ônibus 174
rumo a um banco no Jardim Botânico para trocar um cheque no valor de
R$130, referente à venda de cestas de material reciclado confeccionadas por
Geisa na Ong.
Sandro subiu alguns pontos depois armado com um revólver. Um dos pas-
sageiros percebeu a arma na cintura dele e avisou à uma viatura da polícia que
passava pela rua no momento. A partir daí a tragédia começou a se desenhar.
Os policiais pararam o ônibus para fazer uma averiguação e Sandro fez reféns
os oito passageiros que estavam no veículo.
Foram mais de quatro horas de terror dentro do ônibus, dos quais Da-
miana destaca dois momentos de maior tensão. O primeiro, quando Sandro
disse que mataria uma das reféns depois que contasse até cem. “Ele contava
pulando os números, quando chegou no cem, ele fez ela se abaixar e fingiu
ter dado um tiro na cabeça dela”, recorda. O outro foi quando ele colocou a
arma na cabeça da Geisa e disse que ela iria morrer. “Ele dizia o tempo todo
que a culpa era da polícia, que ele só queria ir embora, que ele não ia fazer
nada, mas que a polícia causou a situação. Depois ele começou a gritar, fez
um disparo para fora do ônibus, ficou fora de si e dizia que iria matar alguém”
[…].
Link: http://vivafavela.com.br/708-tragedia-do-onibus-174-completa-quin-
ze-anos/
TEXTO 2:
fascista. Para os setores mais críticos, a explicação não foi aceita. Tropa de
elite 2, propositalmente ou não, traz elementos novos. Surge nas telas um
capitão Nascimento mais maduro, mais crítico sobre seu papel; as entranhas
corruptas da polícia são explicitadas; um novo “inimigo” aparece, as milícias;
um novo personagem, o professor Diogo Fraga, inspirado no deputado esta-
dual Marcelo Freixo (PsolRJ), encarna a defesa dos direitos humanos.
A pedido do Brasil de Fato, organizações de direitos humanos escreveram
textos analisando o filme. As opiniões são diversas. Em geral, acreditasse que
houve avanços, mas se pontua uma série de elementos preocupantes na nova
película — principalmente tendo em vista sua mais do que comprovada ca-
pacidade de diálogo com a sociedade. “O novo capitão Nascimento combate
as milícias e entende que o problema da violência é também um problema
político. Quem queria um herói que luta contra o mal e mata ‘bandidos vaga-
bundos’ não gostou”, diz Taiguara Souza, do Instituto de Defensores de Di-
reitos Humanos (IDDH), que também pontua a qualidade técnica do filme.
“Enquanto na primeira versão de Tropa de elite dava-se ênfase ao discurso
policial, margem à apologia da tortura e à legitimação dos discursos fascistas,
a atuação do deputado Diogo Fraga mostrou a ineficácia dessa política de
segurança pública”, completa.
Taiguara, porém, aponta problemas. “Como a primeira versão, [o filme]
constrói e reafirma conceitos problemáticos no imaginário social: heroiciza o
Bope como padrão de polícia incorruptível, que pode violar garantias funda-
mentais para cumprir suas missões institucionais. O roteiro centra-se, ainda, no
paradigma do inimigo. Não mais traficantes, mas milícias paramilitares”, diz.
Na Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, os integran-
tes debateram coletivamente o filme para elaborar um texto. Consideram que
Tropa de elite 2 suscita uma reflexão crítica maior em relação ao primeiro
filme, a corrupção política e policial aparece como um problema mais grave
que o tráfico, e o movimento de direitos humanos é retratado de maneira
mais interessante, ainda que através de um único personagem.
A principal crítica que a Rede faz, no entanto, diz respeito aos prota-
gonistas. “As principais vítimas do sistema de violência e criminalidade, as
moradoras e moradores das comunidades pobres, estão literalmente ausentes
do enredo, são no máximo figurantes, e na maior parte das vezes apenas ce-
nário”, diz Maurício Campos, principal autor do texto da Rede. “Mais ainda,
não existem personagens no filme que representem a importante resistência
popular, que apesar de tudo se constrói na luta das vítimas e familiares de
vítimas da violência, juventude favelada e periférica que se organiza no movi-
mento hip hop e outras expressões político culturais, pré-vestibulares comu-
nitários etc.”, afirma. A inexistência desses personagens impediria a empatia
do público com o sofrimento popular, inviabilizando a compreensão das reais
motivações de quem luta por direitos humanos.
Link: http://antigo.brasildefato.com.br/node/5583
TEXTO 3:
[1]O uso da violência foi o meio empregado por mais de 300 membros
da Tropa de Choque e da Rota para reprimir briga de poucos detentos do
Pavilhão 9. Utiliza-se o termo massacre para retratar que a violência foi des-
proporcional e predominantemente oriunda de uma das partes do conflito.
[2] Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/28746cnjdivulgad
adossobrenovapopulacaocarcerariabrasileira
[3] Disponível em http://portal.mj.gov.br.
[4] O comandante da operação da PM que resultou no massacre foi elei-
to deputado estadual por SP em 2002 com 56.155 votos. Disponível em:
http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/2002/result_blank.htm
[5] Interessante notar que o Massacre do Carandiru motivou a organiza-
ção e surgimento de uma das maiores facções criminosas do Brasil: o Primei-
ro Comando da Capital (PCC), criado em 1993, um ano após o episódio.
Link: http://ponte.org/apos-22-anos-do-massacre-do-carandiru-contex-
to-para-novo-exterminio-continua-sem-que-cause-indignacao/
ATIVIDADE OBRIGATÓRIA:
LEITURA OBRIGATÓRIA:
LEITURA COMPLEMENTAR:
INTRODUÇÃO
Art. 60. …
§ 4º — Não será objeto de deliberação a proposta de emenda ten-
dente a abolir:
...
IV — os direitos e garantias individuais.
NOTÍCIA:
Texto 1
elpais.com/brasil/2016/02/23/politi-
ca/1456259176_490268.html>, últi-
mo acesso em 10/08/2016.
quase total impunidade”. A ONG ilustra sua conclusão com dados da cidade
do Rio de Janeiro e critica a ausência de informações que permitam calcular
o impacto da violência policial no país. “Das 220 investigações sobre homicí-
dios cometidos por policiais abertas em 2011, houve, até 2015, somente um
caso em que um policial foi indiciado. Em abril de 2015, 183 dessas investi-
gações continuavam abertas”, afirma o documento.
Texto 2
people may be online by 2025. Microsoft has estimated that number will be
close to 5 billion.
This revolution carries with it other important questions. If there is a right
to the Internet, for instance, does that mean people must also have a right
to the electricity needed to plug into the web? The answer, resoundingly, is
yes — even though, in a great tragedy of multilateralism, the creators of the
Millennium Development Goals failed to set a benchmark for energy access.
Electricity once seemed a luxury, but today the nearly 1.3 billion without it
are effectively cut off from modern life. Yet this raises another question: In a
world where roughly 80 percent of electricity is — and for a long time will
be — produced by burning fossil fuels, how is the right to a clean, healthy
environment also protected? This points to a need for universal access to cle-
an, sustainable, and affordable energy.
Abstract as a discussion of fundamental rights may seem, determining
what people must have to survive and thrive, and wrestling with the conflicts
found among these elements, may represent the greatest challenge of this
century. The world requires new rules that will empower and enable more
and more people to tap into the full promise of human existence, while not
simultaneously undercutting and diminishing that promise.
These rules are being made possible by technological advances, but they
will not actually come to be if leaders do not act to create them — if gover-
nments leave it to the happenstance of progress to sort out tensions among
the modern ingredients of life, liberty, and the pursuit of happiness. The
conversation about necessary action is already coming too late. The longer it
takes to kick into high gear, the longer humans will continue hurtling toward
a new economic and social reality. Simultaneously, there will be much slower
progress toward ensuring that the gains this reality brings are not offset by the
tragedy of too few people benefiting or by the planet’s gradual but irreversible
degradation.
LEITURA OBRIGATÓRIA:
LEITURA COMPLEMENTAR:
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos cul-
turais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a
valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º — O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,
indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo
civilizatório nacional.
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tra-
dicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens
NOTÍCIAS RECENTES
Texto 1
véu pra provocar”. O que antes era apenas um constrangimento, virou medo.
“Meu filho deixou de ir ao colégio, pois os colegas dizem que a mãe dele é
uma mulhe rbomba”, afirma. Os casos serão levados à Comissão dos Direitos
Humanos da OABPR, ao Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico Racial
(Nupier). “É um absurdo que as pessoas relacionem casos de terrorismo com
viés político e econômico a pratica de uma religião que promove o bem. De-
vem ser responsabilizadas criminalmente”, defende Gamal Oumari, diretor
da sociedade muçulmana do Paraná.
Portas abertas
Pra desassociar a ideia da prática religiosa do islã de atos políticos terroris-
tas, o muçulmanos mantém a Mesquita Imam Ali, próxima às ruínas do São
Francisco, aberta à comunidade. “Desde o ataque às torres gêmeas, a imagem
do islã passou a ser relacionada com atos bárbaros que não possuem absolu-
tamente nenhuma ligação com a prática da religião”, afirma Gamal.
Conversão ao Islã
Filho de casal católico, o jornalista Omar Nasser encontrou no islamismo
a orientação espiritual para guiar sua vida. Após ler o alcorão e aprofundar os
estudos sobre o islã, ele se tornou um muçulmano. “De acordo com o livro
sagrado do islã, todos nascem muçulmanos. Ao longo da vida, muitos se afas-
tam desse caminho e cedem às tentações. Quando buscamos o conhecimento
sagrado revertemos essa condição”, explica Omar.
Ele abriu mão de hábitos como beber com os amigos pra se dedicar ao
islã. As práticas como o Ramadan, o ritual do jejum para renovação da fé e
realizar cinco orações ao dia se tornaram parte do dia a dia de Omar. “Meu
pai era católico da igreja maronita do Líbano. Mas para mim, o islã acabou
me ajudando a me desenvolver como um ser uma pessoa melhor por ser dar
respostas mais racionais a questionamentos espirituais”, conta.
Pai de dois filhos, Ali e Hassan, e casado com uma empresária, ele diz que
a religião o ajuda a ser um marido melhor. “Em casa, ajudo com as tarefas
domésticas e com a criação das crianças. Quando minha esposa chega, eles já
estão de banho tomado, prontos para dormir. Há um equívoco muito grande
em relação ao papel da mulher na cultura muçulmana. No ocidente existe
a cobrança pra que a mulher tenha um corpo perfeito, trabalhe e cuide dos
filhos. É obrigação do homem dividir responsabilidades”, compara.
Link: http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/919495/?
noticia=MULHERES+MUCULMANAS+SOFREM+ATAQUES+NAS+R
UAS+DE+CURITIBA
Texto 2
Menina vítima de intolerância religiosa diz que vai ser difícil esquecer
pedrada
Criança é do candomblé e foi agredida na saída do culto.
Avó iniciou campanha na internet e recebeu apoio de amigos.
16/06/2016, no G1.com
Link: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/06/menina-viti-
ma-de-intolerancia-religiosa-diz-que-vai-ser-dificil-esquecer-pedrada.html
LEITURA OBRIGATÓRIA:
LEITURA COMPLEMENTAR:
McCREA, Ronan. The Ban on theVeil and European Law. Human Rights
Law Review v.13, ed. 1 (2013), p. 57-97
ANNICCHINO, Pasquale. Is the glass half empty or half full? Lautsi v Italy
before the European Court of Human Rights. Stato, Chiese e pluralismo
confessionale, 2010.
MARKS, Susan. Four Human Rights Myths. LSE Law, Society and Eco-
nomy Working Papers 10/2012.
civil por dívida (art. 5º, inc. LXVII CF) ao caso do depositário infiel. É no
contexto de tais decisões que firmou entendimento de que os tratados pos-
suem status de supralegalidade. Nesse sentido, apenas os tratados que forem
aprovados em conformidade com o parágrafo 3º do art. 5º é que adquirem
status constitucional.
Saliente-se aqui a outra inovação apresentada pela Reforma do Poder Judi-
ciário: a federalização das violações de direitos humanos. O artigo 109 passa
a contar com a seguinte redação:
NOTÍCIA:
Link: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1769736-secreta-
rio-geral-da-oea-diz-que-vai-consultar-corte-interamericana-sobre-impeach-
ment.shtml
LEITURA OBRIGATÓRIA:
LEITURA COMPLEMENTAR:
I. MECANISMOS CONVENCIONAIS
Os Comitês.
Os Relatórios Periódicos.
NOTÍCIA:
Link: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/03/enviado-de-direitos-
-humanos-da-onu-pede-julgamento-de-kim-jong-un.html
LEITURA OBRIGATÓRIA:
LEITURA COMPLEMENTAR:
Fact Sheet No. 30, Rev. 1 — The United Nations Human Righst Treaty System.
Office of the High Comissioner. Disponível em <http://www.ohchr.org/Docu-
ments/Publications/FactSheet30Rev1.pdf>
SISTEMA EUROPEU
SISTEMA AFRICANO
Uma das suas características refere-se à proteção dos direitos dos povos. Con-
ta com a Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos, que pode ser
acessada tanto por Estados Parte quanto por indivíduos, e com a Corte Afri-
cana de Direitos Humanos e dos Povos, que iniciou seus trabalhos em 2008.
SISTEMA INTERAMERICANO
“Pode ser afirmado que o sistema global e o sistema regional para a pro-
moção e proteção dos direitos humanos não são necessariamente incompatí-
veis; pelo contrário, são ambos úteis e complementares. As duas sistemáticas
podem ser conciliadas em uma base funcional: o conteúdo normativo de
ambos os instrumentos internacionais, tanto global como regional, deve
ser similar em princípios e valores, refletindo a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, que é proclamada como um código comum a ser alcan-
çado por todos os povos e todas as Nações. O instrumento global deve conter
um parâmetro normativo mínimo, enquanto que o instrumento regional
deve ir além, adicionando novos direitos, aperfeiçoando outros, levando em
consideração as diferenças peculiares em uma mesma região ou entre uma
NOTÍCIA:
Texto 1:
Link: http://www.conjur.com.br/2016-jun-20/inglaterra-ignora-corte-
-europeia-impedira-presos-votar
Texto 2:
Link: http://www.vermelho.org.br/noticia/282333-1
LEITURA OBRIGATÓRIA:
LEITURA COMPLEMENTAR:
The legal implications of a repeal of the Human Rights Act 1998 and wi-
thdrawal from the European Convention on Human Rights (Policy Paper).
Edited by Kanstantsin Dzehtsiarou and Tobias Lock.
O Brasil teve nove casos levados pela Comissão à Corte, sendo dois de-
les ainda em 2015 e outros dois em 2016. Estes quatro últimos, que ainda
aguardam julgamento, são os seguintes: (i) Trabalhadores da Fazenda Brasil
Verde Vs. Brasil, (ii) Cosme Rosa Genoveva e outros (Favela Nova Brasília)
Vs. Brasil, (iii) Povo Indígena Xucuru e seus membros Vs. Brasil e (iv) Vladi-
mir Herzog e outros Vs. Brasil.
O primeiro destes, admitido pela Corte em março de 2015, diz respeito à
omissão e negligência do Estado brasileiro em investigar de maneira diligente
diversas denúncias de trabalho forçado e servidão por dívidas relacionadas
à Fazenda Brasil Verde, localizada no Pará. As consequentes fiscalizações es-
tatais realizadas no local em 1989, 1993, 1996, 1997 e 2000 apontaram
diversas ilegalidades, mas nenhuma medida substancial foi adotada pelas au-
toridades para cessar a prática. Trabalhadores que conseguiram fugir do local
apontaram que sofriam ameaças de morte se tentassem escapar, eram impe-
didos de sair livremente, não recebiam salários ou recebiam valores ínfimos,
contraíam dívidas com o fazendeiro e eram submetidos a condições degra-
dantes de moradia, alimentação, higiene e saúde. Além disso, foi alegada a
responsabilidade do Estado pelo desaparecimento de dois menores de idade
que trabalhavam no local, deixando de investigar seu paradeiro.
Como resultado, a Comissão Interamericana concluiu que havia indícios
de violação aos artigos 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 22 e 25 da Convenção America-
na de Direitos Humanos (CADH).
No caso Cosme Rosa Genoveva e outros (Favela Nova Brasília) Vs. Brasil,
imputa-se ao Estado a responsabilidade internacional pela ausência de in-
vestigações cuidadosas e exaustivas em relação ao assassinato de 26 homens
e ao estupro de 3 meninas em duas operações policiais realizadas no Rio de
Janeiro em 1994 e 1995. Haveria, com isso, um contexto de impunidade,
tolerância e incentivo estatal diante dos atos de uso excessivo de violência
pelas forças policiais, com tortura, violação sexual e execuções extrajudiciais
encobertas pelos chamados “autos de resistência”.
Segundo a Comissão, isso daria ensejo à responsabilização do Estado pela
violação dos artigos 4º, 5º, 8º, 11, 19 e 25 da CADH, além dos artigos 1ª, 6º
e 8º da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (CIPPT)
e do artigo 7º da Convenção de Belém do Pará.
Por sua vez, o caso Povo Indígena Xucuru e seus membros Vs. Brasil trata
da responsabilidade do Estado por violar o direito à propriedade indígena
pela demora de 16 anos, entre 1989 e 2005, de demarcar e regularizar por
completo suas terras. A Corte possui uma extensa jurisprudência sobre o
assunto, mas ainda não havia analisado nenhum caso brasileiro que tratasse
disso. Assim, é a primeira vez que o Brasil pode ser condenado por violar
direitos humanos de povos indígenas.
A Comissão Interamericana, em seu relatório de mérito, determinou que
o caso apresentava violações aos artigos 5º, 8º, 21 e 25 da CADH.
Por fim, o processo brasileiro mais recente perante a Corte é o caso Vla-
dimir Herzog e outros Vs. Brasil. Nele, é alegada a responsabilidade estatal
pela impunidade em relação à prisão arbitrária, tortura e morte do jornalista
Vladimir Herzog em dependências do Exército, atentando contra sua liber-
dade de expressão na crítica ao regime militar e dissuadindo outros jornalistas
militantes, especialmente aqueles que, como ele, eram vinculados ao Parti-
do Comunista Brasileiro (PCB). Além disso, seus parentes também estariam
sendo submetidos a violações até a atualidade, uma vez que a ausência de
investigação e responsabilização agravaria seu sofrimento. O caso é encarado
como mais uma oportunidade para a Corte tratar da Lei de Anistia adotada
no Brasil, que já foi declarada incompatível com o arcabouço jurídico intera-
mericano no caso da Guerrilha do Araguaia.
A Comissão concluiu que o caso atual comporta violações aos artigos 5º,
8º e 25 da CADH, além de violações aos artigos 1º, 6º e 8º da CIPPT.
NOTÍCIA:
Texto 1:
O Brasil está no banco dos réus por violação de direitos humanos. Entre
1994 e 1995, 26 pessoas morreram durante operações policiais no Complexo
do Alemão, Zona Norte do Rio. Até hoje, ninguém foi punido.
Por conta disso, o Brasil foi processado na OEA, a Organização dos Es-
tados Americanos. Agora, o país vai ser julgado, pela primeira vez, na Corte
Interamericana por impunidade em casos de violência policial. “Quando o
telefone tocou, que veio a notícia que o meu irmão tinha falecido de forma
brutal, não se faz isso com ser humano nenhum, aí começou o desespero na
família, minha mãe passou mal”, conta Tereza de Cássia, irmã de uma das
vítimas.
“Foi um massacre. Jogaram nossos familiares dentro de uma caçamba de
lixo, meu irmão. É muito difícil”, diz Rosilene Nascimento. “Foi tirado dele
o direito de viver. Ele só tinha 17 anos. A Justiça não foi feita. Ninguém pa-
gou pelo que foi feito, até hoje”, desabafa Mariana Neves.
Link: http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2015/06/brasil-e-reu-pe-
la-1-vez-por-impunidade-em-casos-de-violencia-policial.html
Texto 2:
Atribuições da Comissão
• Visitar locais e documentar casos de violações de direitos huma-
nos.
• Publicar informes temáticos e por países, sobre violações de direi-
tos humanos.
• Ditar medidas cautelares de proteção em favor de pessoas que este-
jam em risco iminente.
• Prestar assistência técnica aos governos da região em temas de di-
reitos humanos.
FUNDO REGULAR
O primeiro, chamado de “regular”, vem do repasse de um percentual do
dinheiro que todos os Estados-membros devem pagar anualmente à OEA
(Organização dos Estados Americanos). Nesse tipo de contribuição, o doa-
dor não pode dizer onde o dinheiro deve ser gasto — se em temas de gênero
ou de liberdade de expressão, por exemplo. A decisão cabe exclusivamente à
própria Comissão.
FUNDO ESPECÍFICO
O segundo, chamado de “específico”, é formado por doações livres, sem
percentual definido, feitas tanto por Estados-membros quanto por países de
fora da OEA, ou mesmo por empresas privadas e fundações. Nesse tipo de
contribuição, o doador pode dizer onde o dinheiro deve ser gasto, privile-
giando programas ou países específicos.
O problema com o “fundo regular” é a inadimplência de Estados-mem-
bros. O Brasil, por exemplo, pagou a quantia simbólica de US$ 1 em 2014.
No ano seguinte, 2015, pagou US$ 4,1 milhões, mas o valor se destinava a
cobrir o rombo do ano anterior (2014), não a saldar a cota do ano corrente
(2015), que era de US$ 8 milhões.
No “fundo específico”, a Comissão recebeu doações voluntárias de apenas
9 dos 35 Estados-membros, em 2015, e de 4 dos 35 no que vai de 2016.
Outro problema é que a Comissão costumava receber aportes voluntários da
União Europeia, como bloco, e de nove países daquele continente, individu-
almente: Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Noruega, Reino Unido,
Holanda, Suécia e Suíça, mas esses recursos passaram a ser direcionados re-
centemente para lidar com o afluxo de refugiados na Europa.
Por trás da falta de dinheiro, está a acusação de alguns países de que a
OEA é controlada por interesses americanos. Os EUA são o principal doador
individual, além de ser a sede da OEA. Países alinhados com a Venezuela —
no grupo de governos de esquerda chamados bolivarianos — dizem que os
trabalhos da Comissão são dirigidos de maneira política, produzindo infor-
Link: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/05/30/Como-
-a-Comiss%C3%A3o-Interamericana-de-Direitos-Humanos-chegou-
-%E2%80%98%C3%A0-beira-do-colapso%E2%80%99
LEITURA OBRIGATÓRIA:
LEITURA COMPLEMENTAR:
3. Todo Estado Parte que fizer uso do direito de suspensão deverá in-
formar imediatamente os outros Estados Partes na presente Convenção, por
intermédio do Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos, das
disposições cuja aplicação haja suspendido, dos motivos determinantes da
suspensão e da data em que haja dado por terminada tal suspensão.
Artigo 44
Artigo 64
1. Os Estados membros da Organização poderão consultar a Corte so-
bre a interpretação desta Convenção ou de outros tratados concernentes à
proteção dos direitos humanos nos Estados americanos. Também poderão
consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados no capítulo X da
Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de
Buenos Aires.
2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Organização, poderá
emitir pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas
e os mencionados instrumentos internacionais.
FORMA DE IMPLEMENTAÇÃO
PROTOCOLO FACULTATIVO
“Artigo 2.º
1. Cada um dos Estados Partes no presente Pacto compromete-se a agir,
quer com o seu próprio esforço, quer com a assistência e cooperação interna-
cionais, especialmente nos planos econômico e técnico, no máximo dos seus
recursos disponíveis, de modo a assegurar progressivamente o pleno exercício
dos direitos reconhecidos no presente Pacto por todos os meios apropriados,
incluindo em particular por meio de medidas legislativas.
(...)
3. Os países em vias de desenvolvimento, tendo em devida conta os
direitos do homem e a respectiva economia nacional, podem determinar
em que medida garantirão os direitos econômicos no presente Pacto a não
nacionais.” (Grifo nosso)”
NOTÍCIA 1
Agora, têm de acordar às 4 da manhã para ir para o mesmo lugar, se é que não
perderam o emprego. “O ambiente, pra mim, é normal. Tô superbem. Mas
que eu preferia estar lá no centro, eu preferia. Lá, em qualquer lugarzinho,
eu colocava um isopor com cerveja, com biscoito, qualquer esquinazinha ali
eu já tinha um trabalho. Pra ajudar na renda dentro de casa”, diz Simone da
Conceição, que hoje mora no Minha Casa Minha Vida em Senador Camará.
“Só me arrependo em matéria de trabalho. Lá eu já tinha uma ocupação certa
pra mim, sendo mulher com 40 anos de idade.”
Sônia Braga, ex-moradora da comunidade Vila Harmonia, no Recreio, e
hoje também em Senador Camará, disse que as condições não eram adequa-
das quando as famílias foram reassentadas — e tiveram um alto custo pessoal.
“Aqui não tinha ônibus, não tinha van, não tinha nada. Eu não ia botar meu
filho pra sair de madrugada num lugar deserto. A prefeitura falou que ia
colocar ônibus e não colocou. Meu filho ficou quase dois anos sem estudar.”
A segurança do bairro onde todos se conheciam há 10, 20, 30 anos desa-
pareceu. O pé no chão de terra do quintal também. As árvores que faziam
sombra, os bichos, os quintais, como o de Jane Nascimento, que davam espa-
ço para seu trabalho. “O espaço fora da sala, quarto, cozinha não é mais meu.
Eu não posso receber um caminhão pra me entregar um material para fazer
uma placa”, explica a artesã e ex-moradora da Vila Autódromo. “’Dessociali-
zou’ minha vida toda, acabou com tudo.” [...]
A ausência de garantias básicas aos moradores removidos — como infor-
mações sobre as contas, o condomínio, prazo para o imóvel passar ao seu
nome e contrato de entrega de chave — ajuda a deixá-los vulneráveis às exi-
gências da milícia. “A subprefeitura local tem um poder enorme”, explica
o sociólogo Paulo Magalhães, que observou a dinâmica da região após ser
contratado pela Invepar para fazer um plano de investimento social privado
em virtude da construção da Transolímpica. “E faz a política articulada com
dois mercados grandes — o mercado de segurança e o mercado imobiliário
formal”. Ambos os interesses, diz Paulo, são concatenados. “O marketing da
milícia é vender um terreno onde você não tem problemas de segurança”.
É a nova face de um expediente tão antigo que permeou todas as fases da
história do Rio de Janeiro. As remoções forçadas já aconteciam em 1808,
quando o rei de Portugal dom João VI se mudou para Brasil e usurpou casas
dos moradores do centro da cidade para instalar sua luxuosa corte. As casas
eram marcadas com a sigla “PR”, de “Príncipe Regente”, uma violência sim-
bólica, mas real, reeditada durante as remoções olímpicas: até 2013, todas
as casas a serem demolidas eram marcadas com a sigla SMH — Secretaria
Municipal de Habitação.
“A história do Rio de Janeiro é calcada em cima de construção e expulsão
daqueles que construíram”, reflete Sandra Maria, uma das moradoras da Vila
Autódromo que contou sua história para este especial. “Os ex-escravos cons-
Link: http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/redacao/2016/07/21/o-lega-
do-das-remocoes-no-rio-violencia-dividas-e-povo-na-mao-de-milicias.htm
NOTÍCIAS:
Texto 2
Main activities
In the fulfilment of the mandate, the Special Rapporteur:
• Undertakes country visits;
• Responds to information received concerning the human rights situ-
ation of people living in extreme poverty;
• Develops constructive dialogue with Governments, international or-
ganizations, civil society and other relevant actors with a view to iden-
tifying ways to remove all obstacles to the full enjoyment of human
rights for people living in extreme poverty;
• Submits annual reports to the Human Rights Council and to the Ge-
neral Assembly;
• Communicates with States and other concerned parties with regard
to alleged cases of violations of the human rights of people living in
poverty and social exclusion (See Individual Complaints) and other
issues related to the mandate.
Texto 3
Across the world, 925 million people are undernourished. Every 90 se-
conds, a woman dies from complications of pregnancy or childbirth. One
billion people live in slums.
Everyone, everywhere has the right to live with dignity. No one should be
denied their rights to adequate housing, food, water and sanitation, and to
education and health care.
As the Universal Declaration of Human Rights says (Article 22): “Everyo-
ne... is entitled to realization... of the economic, social and cultural rights
indispensable for his [or her] dignity.”
Gross economic and social inequality is an enduring reality in countries of
all political ideologies, and all levels of development. In the midst of plenty,
many are still unable to access even minimum levels of food, water, educa-
tion, health care and housing. This is not only the result of a lack of resour-
ces, but also unwillingness, negligence and discrimination by governments
and others. Many groups are specifically targeted because of who they are;
those on the margins of society are often overlooked altogether.
In recent years Amnesty International has broadened its mission in recog-
nition that there are many more prisoners of poverty than prisoners of cons-
cience, and that millions endure the torture of hunger and slow death from
preventable disease. Given the interconnected nature of all human rights
violations, engaging with economic, social and cultural rights has enabled
Amnesty International to address complex human rights problems in a more
holistic and comprehensive manner.
Amnesty International documents how human rights violations drive and
deepen poverty. Amnesty International also recognizes that people living in
poverty have the least access to power to shape the policies of poverty and are
frequently denied effective remedies for violations of their rights
LEITURA OBRIGATÓRIA
Mantouvalou, Virginia, The Case for Social Rights (April 12, 2010). DEBA-
TING SOCIAL RIGHTS, Conor Gearty, Virginia Mantouvalou, eds., Hart
Publishing, 2010; Georgetown Public Law Research Paper No. 10-18. Dis-
ponível em http://ssrn.com/abstract=1588220 (* Observação: o texto será
utilizado nas aulas 8 e 9)
LEITURA COMPLEMENTAR:
SALOMON, Margot E. Why Should it Matter that Others Have More? Po-
verty, Inequality and the Potential of International Human Rights Law. LSE
Law, Society and Economy Working Papers 15/2010.
LOPES, José Reinaldo de Lima. Direitos Sociais: Teoria e Prática. São Paulo:
Método, 2006. Capítulo 6 (Direitos Sociais como Justiça Distributiva).
Decisões no Brasil:
ARTIGO 2º
1. Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a adotar medidas,
tanto por esforço próprio como pela assistência e cooperação internacionais,
principalmente nos planos econômico e técnico, até o máximo de seus recur-
sos disponíveis, que visem a assegurar, progressivamente, por todos os meios
apropriados, o pleno exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto,
incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativas.
2. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a garantir que
os direitos nele enunciados e exercerão em discriminação alguma por motivo
de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, ori-
gem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra
situação.
Artigo 1
Obrigação de adotar medidas
Artigo 2
Obrigação de adotar disposições de direito interno
Artigo 8
Direitos sindicais
1. Os Estados Partes garantirão:
a. O direito dos trabalhadores de organizar sindicatos e de filiar se ao de
sua escolha, para proteger e promover seus interesses. Como projeção desse
direito, os Estados Partes permitirão aos sindicatos formar federações e con-
federações nacionais e associar se às já existentes, bem como formar organiza-
ções sindicais internacionais e associar se à de sua escolha. Os Estados Partes
também permitirão que os sindicatos, federações e confederações funcionem
livremente;
b. O direito de greve.
2. O exercício dos direitos enunciados acima só pode estar sujeito às limi-
tações e restrições previstas pela lei que sejam próprias a uma sociedade de-
mocrática e necessárias para salvaguardar a ordem pública e proteger a saúde
ou a moral pública, e os direitos ou liberdades dos demais. Os membros das
forças armadas e da polícia, bem como de outros serviços públicos essenciais,
estarão sujeitos às limitações e restrições impostas pela lei.
3. Ninguém poderá ser obrigado a pertencer a um sindicato.
Artigo 13
Direito à educação
1. Toda pessoa tem direito à educação.
2. Os Estados Partes neste Protocolo convêm em que a educação deverá
orientar se para o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sen-
tido de sua dignidade e deverá fortalecer o respeito pelos direitos humanos,
pelo pluralismo ideológico, pelas liberdades fundamentais, pela justiça e pela
paz. Convêm, também, em que a educação deve capacitar todas as pesso-
as para participar efetivamente de uma sociedade democrática e pluralista,
conseguir uma subsistência digna, favorecer a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos
e promover as atividades em prol da manutenção da paz.
Artigo 19
Meios de proteção
6. Caso os direitos estabelecidos na alínea a do artigo 8, e no artigo 13,
forem violados por ação imputável diretamente a um Estado Parte deste Pro-
tocolo, essa situação poderia dar lugar, mediante participação da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos e, quando cabível, da Corte Interame-
ricana de Direitos Humanos, à aplicação do sistema de petições individuais
regulado pelos artigos 44 a 51 e 61 a 69 da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos.
Artigo 20
Reservas
Os Estados Partes poderão formular reservas sobre uma ou mais disposi-
ções específicas deste Protocolo no momento de aprová lo, assiná lo, ratificá
lo ou a ele aderir, desde que não sejam incompatíveis com o objetivo e o fim
do Protocolo.
Parte do Preâmbulo
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do Ho-
mem conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Huma-
nidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres
de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais
alta inspiração do Homem
Artigo 22°
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social;
e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e
culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacio-
nal, de harmonia com a organização e os recursos de cada país
Artigo 2.º
1. Cada Estado Parte no presente Pacto compromete-se a respeitar e a
garantir a todos os indivíduos que se encontrem nos seus territórios e estejam
sujeitos à sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem qual-
quer distinção, derivada, nomeadamente, de raça, de cor, de sexo, de língua,
de religião, de opinião política, ou de qualquer outra opinião, de origem
nacional ou social, de propriedade ou de nascimento, ou de outra situação.
Artigo 11.º
1. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de todas
as pessoas a um nível de vida suficiente para si e para as suas famílias, in-
cluindo alimentação, vestuário e alojamento suficientes, bem como a um
melhoramento constante das suas condições de existência. Os Estados Partes
tomarão medidas apropriadas destinadas a assegurar a realização deste direito
reconhecendo para este efeito a importância essencial de uma cooperação
internacional livremente consentida.
INTRODUÇÃO
O DIREITO À VIDA
NOTÍCIAS
Texto 1
A lei que permite abater um avião seqüestrado por terroristas está sendo
reexaminada pela Corte Suprema da Alemanha. Para autores da ação e peri-
tos de direito, uma porta aberta para abusos do Estado. “Licença para matar”,
“Cidadãos na linha de tiro”, “Abater para salvar”, “O ministro é Deus”: as
manchetes dos jornais explicitam de forma dramática o problema que o Tri-
bunal Constitucional Federal da Alemanha está analisando.
A partir desta quarta-feira (09/11), a Corte Suprema, sediada em Karl-
sruhe, se ocupa de seis ações judiciais contra a nova lei de segurança aérea.
O texto autoriza a destruição de um avião seqüestrado por terroristas, caso
estes pretendam utilizá-lo como arma, dirigindo-o, por exemplo, contra um
arranha-céu ou usina nuclear.
A ação foi iniciada por dois pilotos comerciais, três passageiros que voam
com freqüência e o ex-deputado Burkhard Hirsch. O político do Partido
Liberal (FDP) já recorreu diversas vezes, com sucesso, à Corte Suprema, para
combater “exageros” na legislação alemã de segurança.
Aplicação improvável
Na época, o ministro do Interior, Otto Schily, argumentara ser necessário
possibilitar aos aviões de combate da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs)
que intervenham em caso de ameaça, numa situação em que forças policiais
estariam impossibilitadas de agir.
Agora, ele observa que a lei não será praticamente nunca aplicada. Para tal,
seria preciso que — devido à intenção dos terroristas de colidir contra um
alvo — a morte dos passageiros fosse certa e que jatos militares estivessem
em condições de abater a aeronave. “Estes parâmetros jamais coincidirão na
prática”, afirma Schily. Os autores da ação judicial rebatem que, ao embarcar
num avião, o passageiro estaria se tornando um mero objeto dos atos estatais.
Texto 2
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
LEPSIUS, Oliver. Human Dignity and the Downing of Aircraft: The Ger-
man Federal Constitutional Court Strikes Down a Prominent Anti-terrorism
Provision in the New Air-transport Security Act. German Law Journal, vol.
07, nº 09 (2006).
WICKS, Elizabeth. The Meaning of ‘Life’: Dignity and the Right to Life in
International Human Rights Treaties. Human Rights Law Review v. 12 n. 2
(2012).
Artigo 6.º
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deve ser pro-
tegido pela lei: ninguém pode ser arbitrariamente privado da vida.
2. Nos países em que a pena de morte não foi abolida, uma sentença de
morte só pode ser pronunciada para os crimes mais graves, em conformidade
com a legislação em vigor, no momento em que o crime foi cometido e que
não deve estar em contradição com as disposições do presente Pacto nem
com a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio.
Esta pena não pode ser aplicada senão em virtude de um juízo definitivo
pronunciado por um tribunal competente.
Artigo 3°
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 25°
1.Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar
e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação,
ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços
sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na
invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsis-
tência por circunstâncias independentes da sua vontade.
Artigo 11.º
1. Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de todas
as pessoas a um nível de vida suficiente para si e para as suas famílias, in-
cluindo alimentação, vestuário e alojamento suficientes, bem como a um
INTRODUÇÃO
NOTÍCIAS
Texto 1
Leaders of Germany’s estimated 3.5 million Muslims noted that Muslim wo-
men who had previously declined to train as teachers for fear they would not
be able to wear the head scarf in school would now be encouraged to do so.
Although the ruling does not mean a general permission to wear the head
scarf, “it is cause for joy,” said Nurhan Soykan, general secretary of the Cen-
tral Council of Muslims in Germany. “It gives worth to Muslim women in
Germany and lets them participate in social life as citizens with equal rights.”
Christian Pestalozza, a constitutional law professor at Berlin’s Free Univer-
sity, said, “I especially like that the court does not give either a blanket ruling
that anything goes, or a blanket ban.” But teachers and school principals
could face a challenge. Some news media commentators also worried that the
ruling would fan anti-immigrant sentiment and perhaps lend new support to
Pegida, an anti-Islam protest movement that started in Dresden and argues
that Europe is being “Islamized.”
“Pegida will celebrate,” the leftist Taz newspaper said on its front page.
Udo Beckmann, the chairman of one of Germany’s biggest teachers organiza-
tions, said the ruling puts a new burden on school principals to decide whe-
ther wearing the head scarf constitutes a real disruption. It also potentially
increases pressure on Muslim girls from traditional families or social groups
to wear the head scarf, Mr. Beckmann said.
“The head scarf ban in schools created a certain zone of protection for
girls who were being pressed to wear the covering,” he said in a telephone
interview. “This space will now disappear.”
Concerns about Muslims and their influence are common across Europe,
which is now home to an estimated 18 million Muslims, out of a total po-
pulation of about 500 million. The ruling leaves Germany in stark contrast
to France, where a law bans conspicuous religious symbols, including Islamic
head scarves, in state schools.
French Muslim advocates welcomed the ruling. Elsa Ray, spokeswoman
for the Collective Against Islamophobia in France, said the German court’s
decision showed that religious freedoms should be respected. But she said she
had little hope that French courts would follow the German example. “We
are very far from this in France, where, if anything, there is a push to extend
the head scarf ban,” she said. “There is hysteria about Islam at the moment in
France and a deformation of the notion of secularism that limits freedom of
religion and conscience. The German decision can raise the same issue here,
but the judicial environment will not change.”
The Karlsruhe court ruled on complaints brought by two unidentified
Muslim women working in schools in North Rhine-Westphalia, Germany’s
most populous state. One, a social science teacher, had substituted a woolen
cap and rollneck pullover for a head scarf when asked to remove the head co-
vering. She had nonetheless received a disciplinary warning, and then sued.
The second plaintiff was a woman who taught Turkish in several scho-
ols and eventually was fired for refusing to remove her head scarf. Professor
Pestalozza said he interpreted Friday’s ruling as taking immediate effect. In
its lengthy ruling, the court explicitly said that the freedom of religion and
belief granted by Germany’s constitution allowed women in state schools to
conform with a dress code stipulated by religion. In addition, it noted, forbi-
dding women to wear the head scarf effectively excludes them from teaching
and thus violates the constitutional requirement not to discriminate against
women.
An 11-page statement from the court summarizing the ruling also speci-
fied that state schools should promote religious tolerance, and that permit-
ting the wearing of a Jewish kippa, a nun’s habit or symbols like a cross is part
of that tolerance. By contrast, the ban on crosses, crucifixes or other religious
symbols on the walls of state schools stands, the court ruled. “A cross or
crucifix on the wall is something different,” Professor Pestalozza said. “If you
put it up on the wall, then that is not an individual act by a teacher. It is the
school, and by extension in effect the state.”
Link: http://www.nytimes.com/2015/03/14/world/europe/german-
-court-rules-that-muslim-teachers-may-wear-head-scarves.html?_r=0
Texto 2
“Imagine que, em uma escola se pedisse uma oração antes de a aula co-
meçar, algo assim. É inadmissível. É o mesmo princípio”, diz. Segundo Dias,
o Brasil é um Estado laico desde a primeira Constituição republicana, do
século 19. Ele explica que o Estado brasileiro — e a regra vale para a muni-
cipalidade de São Paulo — deve tanto assegurar a liberdade para a prática de
qualquer religião, de um lado, quanto evitar a interferência para privilegiar
as entidades religiosas. “Se é aberto um espaço para uma religião, o equilíbrio
do Estado estaria em abrir para todas elas, caso contrário um grupo estaria
sendo privilegiado”, afirma.
Direitos
O vereador Eduardo Tuma, que abriu um dos plenários do Legislativo
para o Ministério Ágape Reconciliação para uma reunião por mês, afirma que
obedece a lei ao requisitar o espaço. “Respeito absolutamente a liberdade de
expressão e a liberdade religiosa”, afirma.
Segundo Tuma, “essas entidades têm forte atuação no terceiro setor, elas
agem em prol do interesse público e chegam aonde o Estado não alcança,
como a cracolândia, a entrega de cobertores a sem-teto no frio”, diz.
Ele afirma não ver problemas nas falas dos fiéis durante os cultos nem no
fato de haver orações em locais cuja manutenção e todo o custeio é feita com
dinheiro público. “Essas entidades trazem para a Câmara as próprias práti-
cas”, diz. “Seria natural que, em um evento de músicos, houvesse música”,
observou.
O Ministério Ágape se manifestou por nota. Disse que a finalidade de
seus eventos é “debater assuntos de interesse da cidade quanto ao papel social
desenvolvido pelas entidades religiosas, enquanto atuantes no terceiro setor,
em prol da sociedade paulistana”.
A reportagem deixou recado no gabinete de Jean Madeira (PRB), vereador
que convocou o evento “Louvorzão” na Câmara Municipal, mas não obteve
resposta. A vereadora Noemi Nonato (PR) não foi localizada em seu celular.
Também não foi possível encontrá-la em seu gabinete, quando ela foi pro-
curada.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Link: http://istoe.com.br/constitucionalistas-veem-uso-da-camara-de-sp-
-para-cultos-como-inadmissivel/
Texto 3
Após quatro anos, os crucifixos e símbolos religiosos agora podem ser re-
colocados nos prédios do Judiciário do Rio Grande do Sul. A decisão do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), publicada neste mês, reforça que a pre-
sença de tais imagens nos tribunais não prejudica o Estado laico ou a liber-
dade religiosa.
“A presença de Crucifixo ou símbolos religiosos em um tribunal não exclui
ou diminui a garantia dos que praticam outras crenças, também não afeta o
Estado laico, porque não induz nenhum indivíduo a adotar qualquer tipo de
religião, como também não fere o direito de quem quer seja”, afirma a de-
cisão do Conselho, tendo como relator o Conselheiro Emmanoel Campelo.
Este caso teve início em fevereiro de 2012, quando foi protocolado um
requerimento para retirada do Crucifixo e símbolos religiosos dos prédios
da Justiça gaúcha, em recurso à decisão de dezembro de 2011. O pedido foi
feito por Rede Feminista saúde, SOMOS — Comunicação, saúde e sexuali-
dade, THEMIS, Assessoria Jurídica e Estudo de Gênero, Marcha de Mulhe-
res, NUANCES — Grupo pela livre Orientação Sexual e Liga Brasileira de
Lésbicas.
Em março de 2012, o Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça
do Rio Grande do Sul (TJRS) determinou, por unanimidade, a retirada de
crucifixos e símbolos religiosos dos prédios da Justiça gaúcha.
Após esta determinação do TJRS, a Arquidiocese de Passo Fundo (RS)
buscou reverter a situação no Conselho Nacional de Justiça. Também pedi-
ram a reconsideração da decisão a Associação dos Juristas Católicos (AJC) e
pessoas físicas.
discriminatório, já que atende a uma minoria, que professa outras crenças, ig-
norando o caráter histórico do símbolo no Judiciário brasileiro”, acrescenta.
Campelo explica que “símbolos religiosos são também símbolos culturais”
e que o “Crucifixo é um símbolo simultaneamente religioso e cultural”, re-
presentando um dos pilares da civilização ocidental.
Sublinha ainda que a Constituição Brasileira não traz nenhuma vedação
à presença de símbolos religiosos, como o Crucifixo, em entidades públicas.
Pelo Contrário, estabelece em seu artigo 5º a liberdade religiosa.
Além disso, a própria Constituição de 1988 traz em seu preâmbulo a ex-
pressão: “promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da
República Federativa do Brasil”.
“Evidencio, assim, que para acolher a pretensão de retirada de símbolos
religiosos sob o argumento de ser o Estado laico, seria necessário, também,
extinguir feriados nacionais religiosos, abolir símbolos nacionais, modificar
nomes de cidades, e até alterar o preâmbulo da Constituição Federal”, afirma.
Dessa forma, o relatório esclarece que “ser laico não significa ser inimigo
da religião, ou agir como se a mesma não existisse”.
Por fim, conclui que “os símbolos religiosos podem compor as salas do
Poder Judiciário, sem ferir a liberdade religiosa, e que não se pode impor a
sua retirada de todos os tribunais, indiscriminadamente”.
Link: http://www.acidigital.com/noticias/decisao-do-cnj-esclarece-cruci-
fixo-em-predios-da-justica-nao-afeta-estado-laico-15362/
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
Art. 5
VI — é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
aos locais de culto e a suas liturgias;
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
cípios:
I — estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-
-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações
de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de in-
teresse público;
Artigo 2.º
2. Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a garantir que os
direitos nele enunciados serão exercidos sem discriminação alguma baseada
em motivos de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou qualquer
outra opinião, origem nacional ou social, fortuna, nascimento, qualquer ou-
tra situação.
Artigo 18.º
1. Toda e qualquer pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de cons-
ciência e de religião; este direito implica a liberdade de ter ou de adoptar uma
religião ou uma convicção da sua escolha, bem como a liberdade de mani-
festar a sua religião ou a sua convicção, individualmente ou conjuntamente
com outros, tanto em público como em privado, pelo culto, cumprimento
dos ritos, as práticas e o ensino.
2. Ninguém será objecto de pressões que atentem à sua liberdade de ter ou
de adoptar uma religião ou uma convicção da sua escolha.
3. A liberdade de manifestar a sua religião ou as suas convicções só pode
ser objecto de restrições previstas na lei e que sejam necessárias à protecção
de segurança, da ordem e da saúde públicas ou da moral e das liberdades e
direitos fundamentais de outrem.
4. Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a respeitar a li-
berdade dos pais e, em caso disso, dos tutores legais a fazerem assegurar a
educação religiosa e moral dos seus filhos e pupilos, em conformidade com
as suas próprias convicções.
Artigo 27.º
Nos Estados em que existam minorias étnicas, religiosas ou linguísticas,
as pessoas pertencentes a essas minorias não devem ser privadas do direito
de ter, em comum com os outros membros do seu grupo, a sua própria vida
cultural, de professar e de praticar a sua própria religião ou de empregar a sua
própria língua.
Artigo 18°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de
religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convic-
Artigo 8º
A liberdade de consciência, a profissão e a prática livre da religião são ga-
rantidas. Sob reserva da ordem pública, ninguém pode ser objeto de medidas
de constrangimento que visem restringir a manifestação dessas liberdades.
8
População carcerária cresce 6 ve-
zes em 22 anos. Congresso em foco.
10/01/2014. Disponível em : http://
congressoemfoco.uol.com.br/noticias/
populacao-carceraria-cresce-seis-
-vezes-em-22-anos/ Último acesso em
25/07/2016
TEXTO 1
pessoas dos presos, mas isso não significa que as atuais violações causadoras
dos danos morais ou pessoais aos detentos devam ser mantidas impunes,
sobretudo quando o acórdão recorrido admite que a situação do sistema pe-
nitenciário sul-mato-grossense tem lesado direitos fundamentais relativos à
intimidade e à integridade física e psíquica. O julgamento foi suspenso após
pedido de vista do ministro Luís Roberto Barroso.
TEXTO 2:
TEXTO 3:
Esse entendimento, que havia sido fixado pelos ministros durante o julga-
mento de um Recurso Especial (RE) no mês passado, transformou-se agora
em súmula vinculante, o que significa que deverá ser seguido por tribunais
inferiores e pela administração pública.
O texto aprovado diz que os detentos não podem ser prejudicados pela
omissão do Estado quanto à superlotação do sistema.
“A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção
do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta
hipótese, os parâmetros fixados no RE 641320”, diz a recém-criada Súmula
Vinculante 56.
Esses parâmetros são medidas alternativas para resolver o problema da fal-
ta de vagas, propostas pelo ministro Gilmar Mendes, relator do RE. Até que
essas medidas sejam estruturadas, contudo, o condenado poderá ter direito à
prisão domiciliar.
Isso porque a falta de vagas não terá a progressão de regime como consequ-
ência imediata, e cada caso deverá ser analisado pelo juiz de execução penal.
As medidas propostas são: “saída antecipada de sentenciado no regime
com falta de vagas; liberdade eletronicamente monitorada a sentenciado que
sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; e
cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que
progride ao regime aberto”.
Conforme relatório do Cadastro Nacional de Inspeções nos Estabeleci-
mentos Penais (CNIEP), divulgado mensalmente pelo Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), o Brasil tem hoje 642 mil presos, mas apenas 391 mil vagas, o
que gera um déficit de 251 mil vagas no sistema prisional.
TEXTO 4:
Aplicação da medida
De acordo com o advogado Breno Melaragno, presidente da Comissão de
Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Rio de Janeiro
(OAB-RJ),”O juiz só vai aplicar a monitoração eletrônica se o preso tiver
direito à liberdade. O juiz avalia caso a caso. Quando o estado não dispõe
da tornozeleira, o raciocínio jurídico que se tem é que ele não pode perder o
direito porque o estado não dispõe do equipamento”, esclareceu o advogado.
À espera de pagamento
De acordo com a direção da empresa paranaense Spacecom, que desde
2014 tem contrato com a Seap para fornecer as tornozeleiras, a dívida do
estado hoje chega a cerca de R$ 2,8 milhões.
Na semana passada, representantes da secretaria informaram que os paga-
mentos deverão ser regularizados ainda esta semana. A Secretaria Estadual de
Fazenda do Rio, no entanto, informou que ainda não há previsão de quando
a dívida será quitada.
Jurisprudência e Tratados
Brown v. Plata (em que a Suprema Corte Norte Americana manteve de-
cisão proferida por corte da Califórnia, que determinara a soltura de 46 mil
prisioneiros de menor periculosidade, em razão da crônica superlotação dos
presídios daquele Estado).
Torreggiani e outros v. italia (Corte Europeia de Direitos Humanos,
diante da superlotação dos presídios italianos a Corte concedeu o prazo de
um ano para que as autoridades responsáveis implementassem um ou mais
remédios visando à correção do problema).
RE 592.581, STF (que, com repercussão geral, reconheceu a competência
do Poder Judiciário para determinar ao Poder Executivo a realização de obras
em estabelecimentos prisionais com o objetivo de assegurar a observância de
direitos fundamentais dos presos). RE 580.252, STF (que, com repercussão
geral, reconheceu a Responsabilidade do Estado por danos morais decorren-
tes de superlotação carcerária).
LEITURA OBRIGATÓRIA:
LEITURA COMPLEMENTAR:
“Juiz explica por que 900 presos vão deixar prisões do RJ sem tornozeleira”13
13
Juiz explica por que 900 presos
vão deixar prisões do RJ sem tor-
nozeleira. O Globo. 18/07/2016.
Disponível em: http://g1.globo.com/
rio-de-janeiro/noticia/2016/07/juiz-
-explica-porque-900-presos-vao-dei-
xar-prisoes-do-rj-sem-tornozeleira.
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campaign=share-bar Último acesso:
25/07/2016
DIREITO HUMANITÁRIO
Tendo em vista que a Carta das Nações prevê o uso da força em situações
específicas, o direito humanitário se faz necessário para que em hipóteses
de conflito, sejam garantidos direitos básicos à pessoa humana, como por
exemplo o direito do prisioneiro de guerra de ser tratado com humanidade
ou o direito dos feridos e doentes de receberem assistência sem que seja feita
discriminação alguma. Sendo assim, o objetivo do direito internacional hu-
manitário é diminuir os efeitos dos conflitos armados, garantindo, em certa
medida, que conflitos armados não se tornem situações de completa barbárie.
Em 1949 foram assinadas quatro Convenções de Genebra, que servem
como fonte principal do direito internacional humanitário. Elas visam prote-
ger os feridos, doentes, náufragos, prisioneiros de guerra e também a popu-
lação civil em situações de conflito internacionais (envolvendo dois ou mais
Estados) ou em conflitos não internacionais. Em 1977, foram elaborados
dois protocolos adicionais às Convenções: o primeiro visava incluir no con-
ceito de conflito armado a luta contra dominação colonial ou contra regimes
racistas e o segundo reforçava a aplicabilidade das normas a conflitos armados
internos, se estivessem de acordo com certas condições. 14
Direito Internacional Humanitário.
As Convenções de Haia de 1907 também são fontes do direito interna- Cruz Vermelha Brasileira. 20/04/2012.
Disponível em: http://cruzvermelhani.
cional humanitário, visto que determinam princípios que devem ser seguidos org.br/site/cruz-vermelha/43-direito-
nas operações militares, direitos e deveres dos militares participantes e limi- -internacional-humanitario.html Últi-
mo acesso em 25/07/2016.
Por mais que as Convenções de Genebra tenham sido aderidas por qua-
se todos os países, e os protocolos seguintes por uma grande parte deles, as
regras acima são violadas recorrentemente em conflitos por todo o mundo.
O grande desafio do direito internacional é fazer com que as convenções
assinadas sejam cumpridas, e haja responsabilização dos países que a desres-
peitarem.
O Movimento da Cruz Vermelha trabalha intensamente nesses conflitos
para buscar a maior proteção possível das pessoas que estão envolvidas nos
TEXTO 1
TEXTO 2:
TEXTO 3:
by Michelle Maiese
Just Cause
Formulated in international law and recognized by most cultures, the ru-
les of jus ad bellum serve as principles to determine when war and the use of
violence are justifiable. Only when the criteria of jus ad bellum are met can
the use of violent force be permitted.
Having just cause is often thought to be the most important condition of
just war. Many hold that the only just cause for war is self-defense against ag-
gression. In 1974, the United Nations General Assembly defined aggression
as “the use of armed force by a State against the sovereignty, territorial inte-
grity or political independence of another State.”States’ rights to territorial
integrity and political sovereignty are derived from the rights of individuals
to build a common life and rest on the consent of their members. Insofar as
a state protects the lives and interests of individuals, it cannot be challenged
in the name of life and liberty by any other state. International law holds that
a state engaging in war, other than for purposes of self-defense, commits the 17
“What is Just war theory?”. Michelle
Maiese. Beyond Intractability. 06/2003.
crime of aggressive war. Disponível em: http://www.beyondin-
tractability.org/essay/jus-ad-bellum
Último acesso em 25/07/2016.
However, many have noted that this conception of just cause is far too
narrow. First, it is commonly thought that states can defend themselves
against violence that is imminent, but not actual. When the threat is clear
and the danger close, military acts of “anticipation” are often considered mo-
rally justified. For example, many believe that states are justified in conduc-
ting pre-emptive strikes in cases where there is a sufficient threat, and failure
to exercise military force “would seriously risk their territorial integrity or
political independence.” There are threats with which no nation can be ex-
pected to live.
In addition, many have noted that the “aggressor-defender” dichotomy
is an oversimplification. Intervention across national boundaries can some-
times be justified, and the legal existence of a regime does not guarantee its
moral legitimacy. They believe that force may sometimes be used to correct
grave public evils or to address massive human rights violations. When a go-
vernment turns savagely upon its own people, it violates their human rights
and imposes conditions to which they could not possibly consent. Such a
government lacks moral legitimacy, and its political sovereignty and rights to
govern are called into doubt. Because governments that engage in massacre
are criminal governments, wars of interventions resemble law enforcement
or police work.
TRATADOS E JURISPRUDÊNCIA
Article 51: “Nothing in the present Charter shall impair the inherent right
of individual or collective self-defense if an armed attack occurs against a
Member of the United Nations.”
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
NOTÍCIAS
Texto 1
O Haiti é aqui
18
22/05/2015 02h00 — Marta Suplicy
Texto 2
procurar trabalho sem saber se voltaria vivo para casa. “Só queríamos sair
dali, ir para qualquer outro lugar”. Ao saber que o Brasil havia facilitado a
emissão de vistos, a família saiu de Damasco para Beirute, no Líbano, em
busca da embaixada brasileira. Um mês depois Yuna, seu marido e três filhas
desembarcavam em São Paulo para uma rápida escala, tendo Brasília como
destino final.
As filhas de Yuna e Mohammed têm hoje 13, 11 e 3 anos de idade, todas
dominam o idioma português e frequentam escolas públicas no bairro onde
moram. A mais velha quer ser jornalista. “Você sabe em quanto tempo posso
me naturalizar brasileira?”, pergunta a mãe à reportagem do ACNUR. “O
mundo está difícil para os sírios, por muito tempo nos olharão com des-
confiança”, diz ela. E prossegue “a vida aqui não é fácil, tudo é muito caro e
nossos recursos praticamente acabaram. Mas estamos seguros, nos sentimos
acolhidos, isso é o mais importante”.
Com ajuda do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), par-
ceiro do ACNUR no atendimento a refugiados e solicitantes de refúgio no
Distrito Federal, este casal empreendedor tenta agora abrir uma pequena em-
presa para ampliar o comércio de doces e acelerar sua autonomia financei-
ra. Sem nenhuma expectativa de voltar à Síria nem mesmo a passeio, Yuna
investe seus escassos recursos financeiros e energia na fabricação de “sonho
verde”, sua nova especialidade feita com açúcar, farinha, especiarias árabes e
uma dose extra de simpatia para a clientela brasileira.
Texto 3:
apenas sírios, mas também de todo o Oriente Médio e da África — que atra-
vessaram o Mediterrâneo em busca de refúgio, como Grécia (1.275), Espa-
nha (1.335), Itália (1.005) e Portugal (15). Os dados da Eurostat, a agência
de estatísticas da União Europeia, referem-se ao total de sírios que receberam
asilo, e não aos que solicitaram refúgio.
Apesar da distância — 10 mil quilômetros separam Brasil e Síria, o gover-
no brasileiro vem mantendo uma política diferente da de muitos países euro-
peus em relação a refugiados sírios.Há cerca de dois anos, o Conare publicou
uma normativa facilitando a concessão de vistos a imigrantes daquele país.
“São pessoas com todos os perfis socioeconômicos. Há desde camponeses
a engenheiros e advogados, muitos deles com pós-graduação. Em comum,
todos estão fugindo de um país imerso em uma espiral de violência”, acres-
centou.
**Nota: Os dados referentes a Grécia, Espanha e Portugal são até o 1º trimestre de 2015.
A estimativa da Argentina é até 2014 e os dados do Canadá são de 2014 a 2015, apenas.
Facilidade
Em entrevista à BBC Brasil, o representante da Acnur (Agência da ONU
para Refugiados), Andrés Ramirez, elogiou a iniciativa do governo brasileiro,
que classificou como uma “importante mensagem humanitária e de direitos
humanos”.
“O Brasil tem mantido uma política de portas abertas para os refugiados
sírios. O número ainda é baixo, em muito devido à localização geográfica.
Mas sem dúvida se trata de um exemplo a ser seguido a nível mundial”, afir-
mou ele.
Ramirez lembrou que no Brasil, diferentemente de outros países, enquan-
to espera pela concessão, o refugiado pode trabalhar e ter acesso à saúde e à
educação.
Ele criticou, entretanto, a demora no processamento de pedidos. Segundo
ele, o Conare vem tendo dificuldades para atender à demanda crescente das
solicitações.
Texto 3
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
INTRODUÇÃO
NOTÍCIAS
Texto 1
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
VÍDEO
NOTÍCIAS
Texto 1
[...]
LEI
Pela proposta, as penas serão ampliadas de um terço até a metade se o cri-
me for praticado durante a gestação da vítima ou nos três meses após o parto,
contra menores de 14 anos, portadoras de deficiências ou na presença de
pais/filhos da vítima. O texto diz que é considerado razão de gênero quando
o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discrimi-
nação à condição de mulher.
A proposta também inclui o feminicídio no rol de crimes hediondos. Se-
gundo Dilma, morrem, em média, 15 mulheres por dia no país vítimas de
violência por questão de gênero. “os números nos chocam e mostram que as
brasileiras são submetidas a uma violência inaceitável”, disse. “Combatemos
a violência contra a mulher porque acreditamos que toda mulher tem direito
a integridade. Quando tratamos a mulher como protagonista, o que quere-
mos é dar poder a ela”, afirmou. Dilma foi aplaudida diversas vezes durante
o seu discurso.
Texto 2
Mapa
O mapa sobre “Mulheres na Política 2015”, elaborado pela Organização
das Nações unidas (ONU), aponta que o Brasil ocupa apenas a 124ª posição
em um ranking de 188 países em relação à igualdade de gênero e à partici-
pação de mulheres na vida pública, ficando de países árabes e africanos. Na
América Latina, o Brasil está a frente apenas do Haiti. Vanessa Grazziotin
classificou a situação como “vexatória”: — Na América do Sul, nós somos
os últimos em termos de representação feminina — lamentou. Em março, a
bancada feminina lançou a campanha “Mais Mulheres na Política”. Além da
PEC 23/2015, que garante 30% das vagas no Poder Legislativo por gênero,
o grupo defende a PEC 24/2015, que torna obrigatória uma vaga por gênero
quando da renovação de dois terços do Senado.
Texto 3
Senado aprova projeto com pena de até 30 anos por estupro coletivo26
Julia Lindner — O Estado de S.Paulo
31 Maio 2016 | 21h 12 — Atualizado: 31 Maio 2016 | 23h 01
mulher. Elas planejam agora unir forças para barrar projetos que consideram
prejudiciais à causa.
Um deles é de autoria do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e do líder do governo na Casa, André Moura (PSC-SE), que
criminaliza quem induzir uma gestante a praticar o aborto. A matéria prevê
ainda que uma vítima de abuso sexual terá que realizar um boletim de ocor-
rência para, só então, ser atendida em uma unidade de saúde.
Texto 427
Cultura machista faz com que vítimas de estupro não reconheçam vio-
lência, diz psicóloga
Camilla Costa — BBC Brasil
Por outro lado, o debate a respeito do assunto acontece há mais tempo por
aqui e existe um sistema um pouco mais bem estruturado para dar assistência
à vítima e tratamento ao agressor. Eu vejo muito, por exemplo, uma preocu-
pação com o tratamento dos agressores — o que, infelizmente, a gente ainda
negligencia no Brasil.
Além disso, aqui há diferenças culturais como menor desigualdade de gê-
nero, índices menores de violência e maior participação feminina no mer-
cado, que se refletem na maneira como a violência é perpetrada aqui. Por
exemplo: você nao vê — ou vê raramente — mulheres sendo “puxadas pelo
braço ou pelo cabelo” em uma festa, ou cantadas nas ruas.
TRATADOS E JURISPRUDÊNCIA
Artigo 4º
1. A adoção pelos Estados-parte de medidas especiais de caráter temporá-
rio destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o homem e a mulher não
se considerará discriminação na forma definida nesta Convenção, mas de
nenhuma maneira implicará, como conseqüência, a manutenção de
normas desiguais ou separadas: essas medidas cessarão quando os objeti-
vos de igualdade de oportunidade e tratamento houverem sido alcançados.
2. A adoção pelos Estados-parte de medidas especiais, inclusive as contidas
na presente Convenção, destinadas a proteger a maternidade, não se consi-
derará discriminatória.
Artigo 5º
Os Estados-parte tomarão todas as medidas apropriadas para:
a) Modificar os padrões socioculturais de conduta de homens e mulheres,
com vista a alcançar a eliminação dos preconceitos e práticas consuetudiná-
rias, e de qualquer outra índole, que estejam baseados na idéia de inferiorida-
de ou superioridade de qualquer dos sexos ou em funções estereotipadas de
homens e mulheres;
b) Garantir que a educação familiar inclua uma compreensão adequada
da maternidade como função social e o reconhecimento da responsabilidade
comum de homens e mulheres no que diz respeito à educação e ao desenvol-
vimento de seus filhos, entendendo-se que o interesse dos filhos constituirá a
consideração primordial em todos os casos.
Artigo 12
1. Os Estados-parte adotarão todas as medidas apropriadas para eliminar
a discriminação contra a mulher na esfera dos cuidados médicos a fim de
assegurar, em condições de igualdade entre homens e mulheres, o acesso a
serviços médicos, inclusive os referentes ao planejamento familiar.
2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1º, os Estados-parte garantirão
à mulher assistência apropriada em relação à gravidez, ao parto e ao perío-
do posterior ao parto, proporcionando assistência gratuita quando assim for
necessário, e lhe assegurarão uma nutrição adequada durante a gravidez e a
lactância.
Artigo 16
1. Os Estados-parte adotarão todas as medidas adequadas para eliminar a
discriminação contra a mulher em todos os assuntos relativos ao casamento
e às relações familiares e em particular, com base na igualdade entre homens
e mulheres, assegurarão:
a) O mesmo direito de contrair matrimônio;
Artigo 18
1. Os Estados-parte comprometem-se a submeter ao Secretário-Geral das
Nações Unidas, para exame do Comitê, um relatório sobre medidas legislati-
vas, judiciárias, administrativas ou outras que adotarem para tornarem efetivas
as disposições desta Convenção e sobre os progressos alcançados a esse respeito;
a) No prazo de um ano a partir da entrada em vigor da Convenção para o
Estado interessado; e
b) Posteriormente pelo menos cada quatro anos e toda vez que o Comitê
solicitar.
2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificuldades que influam no grau
de cumprimento das obrigações estabelecidas por esta Convenção.
Artigo 21
1. O Comitê, através do Conselho Econômico e Social das Nações Uni-
das, informará anualmente a Assembléia Geral das Nações Unidas de suas
atividades e poderá apresentar sugestões e recomendações de caráter geral
baseada no exame dos relatórios e em informações recebidas dos Estados-
-parte. Essas sugestões e recomendações de caráter geral serão incluídas no
relatório do Comitê juntamente com as observações que os Estados-parte
tenham porventura formulado.
2. O Secretário-Geral transmitirá, para informação, os relatórios do Co-
mitê à Comissão sobre a Condição da Mulher.
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
VÍDEOS RECOMENDADOS
INTRODUÇÃO
Por fim, há três bons exemplos de alteração legislativa que visam a uma
mais ampla garantia de direitos a pessoas LGBTI. Um caso é o PL 122/06,
protocolado pela Deputada Iara Bernardi (PT/SP), que busca criminalizar
a homofobia. Segundo exemplo é o PL 5.120/13, de autoria do Deputado
Federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) e da Deputada Federal Érika Kokay (PT/
DF), que realiza as devidas alterações legislativas para o reconhecimento do
casamento civil homoafetivo. Por fim, há o PL 5.002/13 — a chamada Lei
João W. Nery ou Lei de Identidade de Gênero —, de mesma autoria que o
anterior, que visa a facilitar a alteração de dados no registro civil para pessoas
trans.
NOTÍCIAS
Texto 1
Texto 2
Pela primeira vez, STF reconhece direito de adoção por casais homos-
sexuais
Documento assinado pela ministra Carmen Lúcia diz que “a Constituição
Federal não faz a menor diferenciação” entre casais heterossexuais e homoafetivos
19/03/15 — Zero Hora
pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, com direitos e deveres iguais
aos da união estável heterossexual. Como a Constituição prevê a conversão
da união estável em casamento, abriu-se a possibilidade de consolidação do
casamento gay. Em 2006, o Tribunal de Justiça gaúcho já havia admitido a
adoção por duas pessoas do mesmo sexo, o que foi confirmado pelo STJ só
em 2010.[...]
Texto 3
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
STYCHIN, Carl. Faith in the Future: Sexuality, Religion and the Public Sphe-
re. Oxford Journal of Legal Studies, Vol. 29, No. 4 (2009), pp. 729—755.
VÍDEO
INDICAÇÃO CINEMATOGRÁFICA:
33
PRINCÍPIOS SOBRE A APLICAÇÃO
“The Danish Girl” de Tom Hooper. Pintor dinamarquês Einar Wegener DA LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL DE
DIREITOS HUMANOS EM RELAÇÃO À
que, em 1931, foi uma das primeiras pessoas a se submeter a uma cirurgia de ORIENTAÇÃO SEXUAL E IDENTIDADE DE
GÊNERO . Disponível em: http://www.
mudança de sexo, tornando-se uma mulher e passando a se chamar Lili Elbe. ypinaction.org/files/01/37/princi-
pios_yogyakarta.pdf - , último acesso
em 25/07/2016.
[…] “sustentada pela ideia que a educação seria a única via que
pode tirar a criança de sua vulnerabilidade para que tenha acesso à
autonomia; por outro, uma corrente defendida pelos “artesãos da au-
todeterminação” que pedem uma mobilização em torno dos direitos
do homem na criança. (Théry, apud Sirota, 2001, p.20). Esta última
denominada, comumente, posição filosófico-política “protecionista”
(ou paternalistas) e “liberacionista” (ou autonomista). Conforme foi
possível rastrear, tais posições, cristalizadas pelos debates em torno da
Convenção de 1989, se conformaram muito mais cedo no século XX.”
O BRASIL E A CONVENÇÃO
Por fim, outro marco normativo nacional que merece destaque é o Estatu-
to da Criança e do Adolescente (Lei 8.069), promulgado em 1990, um ano
após a Convenção. Não obstante, em seu artigo 2º, o legislador logo introdu-
ziu um fator que diverge do documento internacional: para o ECA, criança
é toda pessoa com menos de 12 anos e adolescente é aquela que se encontra
com mais de 12 e menos de 18 anos. Não há, portanto, a reunião dos dois
grupos sob uma única categoria normativa.
Ademais, este diploma legal trouxe consigo não apenas um reflexo das
previsões constitucionais dos artigos 227 a 229, mas uma série de deveres
da sociedade e do Poder Público para com crianças e adolescentes e novos
direitos que a estes deveriam ser assegurados. Trata-se também de verdadeiro
microssistema jurídico, com disposições que vão da enumeração de direitos
à tipificação de crimes praticados contra menores, passando por temas como
adoção, Conselhos Tutelares, atos infracionais e medidas socioeducativas.
Cabe destacar que, além da Declaração dos Direitos da Criança, o ECA
traz também conteúdo concernente às Regras de Beijing (Regras Mínimas
das Nações Unidas para Administração da Justiça da Infância e da Juventude)
e às Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da Delinquência Juvenil.
Não é raro que um caso em que haja violação dos direitos da criança seja
levado ao Sistema Interamericano. De fato, a própria Convenção Americana
de Direitos Humanos prevê, em seu artigo 19, que: “[t]oda criança terá direi-
to às medidas de proteção que a sua condição de menor requer, por parte da
sua família, da sociedade e do Estado.”
Assim, embora apresente uma redação bastante breve e ampla, a mera
existência desse dispositivo já tem importância fundamental no direciona-
mento de casos para solução perante a Comissão e a Corte. Inclusive, o fato
de ser um artigo de sentido relativamente aberto permite que a Corte, em úl-
tima instância, decida quanto ao conteúdo deste direito e à forma como deve
ser entendido e aplicado. Nesse processo de interpretação, frequentemente
remete-se à Convenção dos Direitos da Criança de 1989, verdadeira refe-
rência internacional na disposição sobre o tema. Desta forma, foi construída
uma jurisprudência que, entre outras características, define o artigo 19 como
direito de implementação progressiva, voltado para um grupo vulnerável,
guiado pelo interesse superior da criança e pertencente a um corpus iuris in-
ternacional — o que inclui o documento de 1989.
Em 2002, a Corte emitiu sua Opinião Consultiva de nº 17 (OC-17/02),
que trata da Condição Jurídica e dos Direitos da Criança. Nesta decisão, não
deixou de citar a Convenção e tratou de diversos temas, como a igualdade, o
(i) a Corte entende como “criança” todo menor de 18 anos, salvo dispo-
sição legal em contrário;
(ii) as crianças são titulares de direitos e a elaboração normativa deve
levar em conta o “interesse superior da criança”, critério que inclui
seu desenvolvimento e o exercício pleno de seus direitos;
(iii) o princípio da igualdade não impede a existência de um tratamento
diferenciado às crianças, contanto que seja em função de suas con-
dições especiais;
(iv) o Estado deve apoiar a família, ambiente primordial de desenvolvi-
mento da criança, favorecendo sua permanência no núcleo familiar;
(v) a separação entre da criança em relação a seu núcleo familiar deve ser
excepcional e temporal;
(vi) no caso das crianças, o direito à vida compreende a obrigação de
adotar medidas específicas para garantir seu desenvolvimento em
condições dignas;
(vii) os procedimentos judiciais e administrativos a respeito dos direitos
da criança devem observar o devido processo legal; e
(viii) os menores de 18 anos que tenham cometido algum delito devem
ser processados em órgãos jurisdicionais distintos daqueles destina-
dos aos maiores de idade.
NOTÍCIAS
Texto 1
férias escolares seriam divididas em períodos iguais para ambos, bem como a
comemoração do dia dos pais e das mães e do aniversário da menor.
A mãe contestou a decisão do TJAC, sustentando que a guarda da filha
sempre ficou a seu cargo e que possui as melhores condições para exercê-la.
Requereu, por fim, a condenação do pai nas penas de litigância de má-fé, por
ter alterado a verdade dos fatos. No STJ, ao analisar o recurso do pai, a rela-
tora do caso, ministra Nancy Andrighi, destacou que, neste processo, não se
está tratando do direito dos pais à filha, mas sim, e sobretudo, do direito
da menina a uma estrutura familiar que lhe confira segurança e todos os
elementos necessários a um crescimento equilibrado.
Segundo Nancy, as partes devem pensar de forma comum no bem-estar da
menor, sem intenções egoísticas, para que ela possa usufruir harmonicamente
da família que possui, tanto a materna quanto a paterna, porque toda criança
ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família, con-
forme dispõe o artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Para a ministra, se a decisão do TJAC atesta que a mãe oferece as melhores
condições de exercer a guarda da criança, deve a relação materno-filial ser
preservada, sem prejuízo da relação paterno-filial, assegurada por meio do
direito de visitas. Assim, ficou definido que melhores condições para o exer-
cício da guarda significam, para além da promoção do sustento, objeti-
vamente, maior aptidão para propiciar ao filho afeto, saúde, segurança e
educação, considerado não só o universo genitor-filho, como também o
do grupo familiar em que está a criança inserida.
Fonte: STJ
Texto 2
uol.com.br/a-pedalada-constitucional-
em plenário, é razoável supor que sabia do perigo de que, se derrotada, a -de-eduardo-cunha> último acesso
em 25/07/2016.
Texto 3
Texto 4
NOTA:
1
Dados retirados do: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS). Organização Internacional do Trabalho (OIT). III
Conferência Global sobre Trabalho Infantil:relatório final. Brasília, DF:
Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação, 2014.
TRATADOS E JURISPRUDÊNCIA
Artigo 3
1. Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições pú-
blicas ou privadas de bem estar social, tribunais, autoridades administrativas
ou órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o interesse maior
da criança. (...)
Artigo 5
Os Estados Partes respeitarão as responsabilidades, os direitos e os deveres
dos pais ou, onde for o caso, dos membros da família ampliada ou da comu-
nidade, conforme determinem os costumes locais, dos tutores ou de outras
pessoas legalmente responsáveis, de proporcionar à criança instrução e orien-
tação adequadas e acordes com a evolução de sua capacidade no exercício dos
direitos reconhecidos na presente convenção.
Artigo 6
1. Os Estados Partes reconhecem que toda criança tem o direito inerente
à vida.
2. Os Estados Partes assegurarão ao máximo a sobrevivência e o desenvol-
vimento da criança.
Artigo 12
1. Os Estados Partes assegurarão à criança que estiver capacitada a formu-
lar seus próprios juízos o direito de expressar suas opiniões livremente sobre
todos os assuntos relacionados com a criança, levando-se devidamente em
consideração essas opiniões, em função da idade e maturidade da criança.
2. Com tal propósito, se proporcionará à criança, em particular, a oportu-
nidade de ser ouvida em todo processo judicial ou administrativo que afete a
mesma, quer diretamente quer por intermédio de um representante ou órgão
apropriado, em conformidade com as regras processuais da legislação nacional.
Artigo 18
1. Os Estados Partes envidarão os seus melhores esforços a fim de asse-
gurar o reconhecimento do princípio de que ambos os pais têm obrigações
comuns com relação à educação e ao desenvolvimento da criança. Caberá aos
pais ou, quando for o caso, aos representantes legais, a responsabilidade pri-
mordial pela educação e pelo desenvolvimento da criança. Sua preocupação
fundamental visará ao interesse maior da criança.
2. A fim de garantir e promover os direitos enunciados na presente con-
venção, os Estados Partes prestarão assistência adequada aos pais e aos repre-
sentantes legais para o desempenho de suas funções no que tange à educação
da criança e assegurarão a criação de instituições, instalações e serviços para
o cuidado das crianças.
Artigo 27
1. Os Estados Partes reconhecem o direito de toda criança a um nível
de vida adequado ao seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral e
social. (...)
Artigo 28
1. Os Estados Partes reconhecem o direito da criança à educação e, a fim
de que ela possa exercer progressivamente e em igualdade de condições esse
direito, deverão especialmente:
a) tornar o ensino primário obrigatório e disponível gratuitamente para
todos;
b) estimular o desenvolvimento do ensino secundário em suas diferentes
formas, inclusive o ensino geral e profissionalizante, tornando-o disponível
e acessível a todas as crianças, e adotar medidas apropriadas tais como a im-
plantação do ensino gratuito e a concessão de assistência financeira em caso
de necessidade;
c) tornar o ensino superior acessível a todos com base na capacidade e por
todos os meios adequados;
d) tornar a informação e a orientação educacionais e profissionais disponí-
veis e accessíveis a todas as crianças;
e) adotar medidas para estimular a freqüência regular às escolas e a redu-
ção do índice de evasão escolar.
(...)
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
VÍDEO
INTRODUÇÃO
Essa aula busca ampliar o debate sobre a discriminação racial e suas muitas
e diversas ramificações. De acordo com Rüdiger Wolfrum existem fatores e
processos históricos que contribuem para a emergência de ideias, políticas
ou práticas racistas e xenófobas, como a escravidão e comércio de escravos, a
exploração econômica, a colonização branca,o jugo colonial, imperialismo,
práticas genocidas motivadas por perseguição religiosa ou étnica, migração
por motivos econômicos e conflitos religiosos. Para ele o primeiro pas-
so na direção de atitudes racistas ou xenófobas pode ser o ato de distinguir
como diferente um grupo (ou os seus integrantes) do restante da população.
Em 1969 a Convenção sobre Eliminação de todas as formas de
Discriminação Racial comprometeu-se com a eliminação de todas as for-
mas existentes de discriminação e estabeleceu a promoção da igualdade como
uma prioridade.
Para a convenção o significado de discriminação racial é trazida por seu
art. 1º, que prescreve: “toda distinção, exclusão, restrição ou preferência ba-
seada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha
por objeto ou resulta— do anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos hu-
manos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social,
cultural ou em qualquer outro campo da vida pública”.
Contanto, constata-se que até hoje os indivíduos afrodescendentes sofrem
uma situação de vulnerabilidade em relação aos seus direitos humanos, visto
que são vítimas de inúmeros casos em que sua realidade é afetada pejorati-
vamente devido a sua cor de pele. De acordo com pesquisa recente do IPEA
“nascer negro no Brasil ainda está relacionado a uma maior probabilidade
de crescer pobre”. De modo que faz-se mister analisar a relação entre raça e
renda também pelo ângulo das outras dimensões que a pobreza pode assumir,
principalmente a pobreza da representação (na política, nas artes, na mídia..).
Outro dado importante é o fornecido pelo Índice de Vulnerabilidade Juvenil,
cujo resultado mostra que a cor da pele dos jovens está diretamente relaciona-
da ao risco de exposição à violência a que estão submetidos.
Conclui-se que o Brasil precisa considerar a segurança pública como fator
de desenvolvimento e ter políticas mais sólidas voltadas aos jovens, sobre-
tudo aos negros, cabendo aqui uma observação quanto as políticas de ações
afirmativas que apesar de tratarem negros de forma diferente não devem se
confundir com discriminação racial visto que têm único objetivo de assegu-
rar que esse grupo, que precisa de proteção, tenha seus direitos humanos e
liberdades fundamentais garantidos.
NOTÍCIAS
Texto 1
Uma mulher de 58 anos foi presa neste sábado (28) suspeita de injúria
racial no Leblon, Zona Sul do Rio. Segundo testemunhas, Maria Francisca
Alves de Souza, de 58 anos, teria insultado, com palavras de cunho racista,
um funcionário negro da rede de supermercados Zona Sul. O caso ocorreu
por volta das 20h, em um dos endereços mais nobres do Leblon, Zona Sul
do Rio: a Rua Dias Ferreira, conhecida pela grande movimentação de bares e
restaurantes, sobretudo à noite (veja o vídeo).
Testemunhas contaram ao G1 que a suspeita insultou o funcionário com
frases como “Volta para sua senzala’ e ‘quilombo’. De acordo com um dos
funcionários, a mulher fez as ofensas depois que o colega que teria sido vítima
de racismo se negou a lhe prestar um favor — buscar um produto enquanto
ela aguardava na fila do caixa — o que motivou a discussão. Ela também teria
achado que foi tratada com deboche por uma caixa.
O funcionário que denuncia ter sido ofendido é um gerente, identificado
como Paulo Roberto Gonçalves Navaro, 45 anos. Ele se disse indignado com
as ofensas e chamou a polícia. “Infelizmente é muito triste que hoje em dia
aconteça isso”, afirmou Paulo.
No local, a mulher se defendeu dizendo que “senzala” e “quilombo” são,
na visão dela, exaltações à raça negra. “Olhem as senzalas das telas de De-
bret”, em referência ao pintor francês Jean-Baptiste Debret, conhecido por
suas pinturas sobre o período escravocrata brasileiro no século 19. Sobre o
“quilombo”, a mulher diz se referir a Zumbi dos Palmares, líder negro e, se-
gundo ela, “ícone da resistência negra”. 39
Mulher é presa suspeita de injúria
Houve um princípio de confusão e gritos de “racista” até policiais do Ba- racial em supermercado do Rio. O Glo-
bo. 29/05/2016. Disponível em: http://
talhão do Leblon chegarem ao local. A mulher, o funcionário e outras teste- g1.globo.com/rio-de-janeiro/noti-
munhas prestaram depoimento na delegacia do bairro. cia/2016/05/mulher-e-presa-suspeita-
-de-racismo-em-supermercado-na-
-zona-sul-do-rio.html Último acesso:
25/07/2016
Texto 2
EXCEÇÃO
Nas 20 maiores empresas do país, apenas um presidente se considera
pardo, Marcelo Odebrecht. “Mais que preconceito, [o fato de haver pou-
cos empresários negros] reflete nossa realidade socioeconômica e o acesso
à educação”, afirma o diretor-presidente do conglomerado de empresas de
construção.
No setor de micro e pequenas empresas, o cenário é diferente. Negros
são proprietários de metade dos negócios no Brasil, segundo estudo do Se-
brae divulgado em abril. Contudo, o rendimento médio dos empreendedores
brancos é 116% maior que o de negros, que se concentram em ramos de
menor lucratividade, como os setores agrícola e de construção. Mais de qua-
tro décadas antes de faturar R$ 50 milhões por ano com desmanche legal de
caminhões, o empresário Geraldo Rufino, 56, negro, catava latinhas em um
aterro sanitário para ajudar na renda familiar.
Foi trabalhar como office-boy em uma multinacional, subiu até virar di-
retor e, aos 21 anos, saiu para assumir um pequeno negócio da família. Ape-
sar de ser uma exceção, Rufino diz que racismo só é problema para quem
acredita que ele existe. “Isso é coisa que põem na cabeça das pessoas. Se o
negro tiver desenvolvimento, tiver uma situação financeira estável, o racismo
é secundário.”
Segundo Marcelo Paixão, negro, professor de economia da UFRJ (Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro), a situação é mais complexa. “É importante
analisar a relação entre raça e renda também pelo ângulo das outras dimen-
sões que a pobreza pode assumir, principalmente a pobreza da representação.
Na política, nas artes, na mídia”, diz.
REPRESENTATIVIDADE
Dos 513 deputados federais eleitos em 2014, 80% são brancos. Na Justi-
ça, a prevalência dos brancos é ainda maior: 25 dos 29 ministros do Superior
Tribunal de Justiça são brancos, três são pardos e um, preto. Todos os 11
ministros do Supremo Tribunal Federal, a corte máxima do país, são brancos,
desde que Joaquim Barbosa se aposentou.
O ministro aposentado Carlos Alberto Reis de Paula, 71, que foi o primei-
ro presidente negro do Tribunal Superior do Trabalho, afirma que os casos de
racismo se repetiram ao longo de sua vida. Ele lembra, em especial, quando
foi impedido de entrar em um clube em 1967. “As coisas para nós, negros,
eram mais difíceis. A gente tinha que lutar mais, tinha que se empenhar mais,
tinha que provar para os outros que éramos capazes.”
Na música erudita, a situação é parecida. A Osesp (Orquestra Sinfônica
do Estado de São Paulo), considerada uma das mais importantes da América,
tem entre os brasileiros de seu coral 29 brancos (63%), 15 cantores negros
(33%), um amarelo e um indígena. A televisão também conta com uma re-
Texto 3
Jovem negro tem 2,5 vezes mais chance de ser assassinado do que
branco
Do UOL, em São Paulo 41
07/05/2015 10h00
Outro índice
O estudo refere-se a jovens de 12 a 29 anos, leva em conta a proporção
das raças na população e usa como base dados produzidos por fontes como o
SIM (Sistema de Informações de Mortalidade), do Ministério da Saúde, e o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
O relatório também apresenta um indicador inédito, o Índice de Vulne-
rabilidade Juvenil — Violência e Desigualdade Racial. Ele é calculado com
base em cinco categorias: mortalidade por homicídios, mortalidade por aci-
dentes de trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza no
município e desigualdade.
O resultado mostra que a cor da pele dos jovens está diretamente relacio-
nada ao risco de exposição à violência a que estão submetidos. Numa escala
de 0 a 1, quatro Estados se situam na categoria de vulnerabilidade muito
alta para negros, com índices acima de 0,5: Alagoas, Paraíba, Pernambuco e
Ceará.
Texto 4
Ataques
A atriz Taís Araújo foi alvo de comentários racistas no Facebook no final
de outubro do ano passado. A imagem que passou a receber comentários pre-
conceituosos de diferentes perfis, datada do início de outubro, foi publicada
a cerca de um mês antes dos ataques.
Na época dos ataques, Taís chegou a desabafar por meio do Twitter e disse
que iria recorrer à Polícia Federal:
“É muito chato, em 2015, ainda ter que falar sobre isso, mas não podemos
nos calar. Na última noite, recebi uma série de ataques racistas na minha pá- 42
Homem é preso em operação contra
gina. Absolutamente tudo está registrado e será enviado à Polícia Federal. Eu ataques racistas a Taís Araújo e Maju.
O Globo. 16/03/2016. Disponível em
não vou apagar nenhum desses comentários. Faço questão que todos sintam : http://g1.globo.com/bahia/noti-
o mesmo que eu senti: a vergonha de ainda ter gente covarde e pequena neste cia/2016/03/homem-e-preso-em-
-operacao-contra-ataques-racistas-
-tais-araujo-e-maju.html Último
acesso em 25/07/2016
país, além do sentimento de pena dessa gente tão pobre de espírito. Não vou
me intimidar, tampouco abaixar a cabeça”, escreveu.
Já a jornalista Maria Júlia Coutinho foi alvo de comentários racistas na
página do Jornal Nacional no Facebook, no mês de julho do ano passado.
Alguns internautas escreveram comentários racistas na postagem com a foto
da jornalista e várias pessoas saíram em defesa dela.
No Twitter, ela respondeu um comentário agressivo de um internauta com
o comentério: “Beijinho no ombro”.
William Bonner e Renata Vasconcellos gravaram um vídeo postado no
Facebook em que dão um recado em apoio a Maju, com a equipe do JN. Eles
mostraram um cartaz e gritaram a “SomosTodosMaju”. No Twitter, a hashtag
#SomosTodosMajuCoutinho foi ao topo dos tópicos mais comentados.
Link: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2016/03/homem-e-preso-em-
-operacao-contra-ataques-racistas-tais-araujo-e-maju.html
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
43
Lei 12288 - Estatuto da Igualdade
Racial. Disponível em: http://www.
Casos e legislação planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2010/Lei/L12288.htm
Comissão Interamericana de Dire-
Comissão Interamericana de Diretos Humanos, Caso 12.001: Simone André
44
VÍDEOS
Artigo I
1. Nesta Convenção, a expressão “discriminação racial” significará qual-
quer distinção, exclusão restrição ou preferência baseadas em raça, cor, des-
cendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito anu-
lar ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano,(em
igualdade de condição), de direitos humanos e liberdades fundamentais no
domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio
de vida pública.
2. Esta Convenção não se aplicará ás distinções, exclusões, restrições e
preferências feitas por um Estado Parte nesta Convenção entre cidadãos e
não cidadãos. (...)
4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais toma-
das com o único objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos
raciais ou étnicos ou de indivíduos que necessitem da proteção que possa ser
necessária para proporcionar a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exer-
cício de direitos humanos e liberdades fundamentais, contando que, tais me-
didas não conduzam, em conseqüência, à manutenção de direitos separados
para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos alcançados os
seus objetivos.
Artigo IV
Os Estados partes condenam toda propaganda e todas as organizações que
se inspirem em ideias ou teorias baseadas na superioridade de uma raça ou de
um grupo de pessoas de uma certa cor ou de uma certa origem étinica ou que
pretendem justificar ou encorajar qualquer forma de ódio e de discriminação
raciais e comprometem-se a adotar imediatamente medidas positivas destina-
das a eliminar qualquer incitação a uma tal discriminação, ou quaisquer atos
de discriminação com este objetivo tendo em vista os princípios formulados
na Declaração universal dos direitos do homem e os direitos expressamente
enunciados no artigo 5 da presente convenção. (...)
Artigo VII
Os Estados Partes, comprometem-se a tomar as medidas imediatas e efi-
cazes, principalmente no campo de ensino, educação, da cultura e da infor-
Artigo IX
1. Os Estados Partes comprometem-se a apresentar ao Secretário Geral
para exame do Comitê, um relatório sobre as medidas legislativas, judiciárias,
administrativas ou outras que tomarem para tornarem efetivas as disposições
da presente Convenção:
a) dentro do prazo de um ano a partir da entrada em vigor da Convenção,
para cada Estado interessado no que lhe diz respeito, e posteriomente, cada
dois anos, e toda vez que o Comitê o solicitar. O Comitê poderá solicitar
informações complementares aos Estados Partes.
2. O Comitê submeterá anualmente à Assembléia Geral, um relatório so-
bre suas atividades e poderá fazer sugestões e recomedações de ordem geral
baseadas no exame dos relatórios e das informaçõe recebidas dos Estados
Partes. Levará estas sugestões e recomendações de ordem geral ao conheci-
mento da Assembleia Geral, e se as houver juntamente com as observações
dos Estados Partes.
Artigo XI
1. Se um Estado Parte Julgar que outro Estado igualmente Parte não apli-
ca as disposições da presente Covenção poderá chamar a atenção do Comi-
tê sobre a questão. O Comitê transmitirá, então, a comunicação ao Estado
Parte interessado. Num prazo de três meses, o Estado destinatário submeterá
ao Comitê as explicações ou declarações por escrito, a fim de esclarecer a
questão e indicar as medidas corretivas que por acaso tenham sido tomadas
pelo referido Estado.
2. Se, dentro de um prazo de seis meses a partir da data do recebimento
da comunicação original pelo Estado destinatário a questão não foi resolvi-
da a contento dos dois Estados, por meio de negociações bilaterais ou por
qualquer outro processo que estiver a sua disposição, tanto um como o outro
terão o direito de submetê-la novamente ao Comitê, endereçando uma noti-
ficação ao Comitê assim como ao outro Estado interessado.
3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma questão, de acor-
do com o parágrafo 2 do presente artigo, após ter constatado que todos os
recursos internos disponíveis foram interpostos ou esgotados, de conformi-
dade com os princípios do direito internacional geralmente reconhecidos.
Artigo XXII
Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados Partes relativa à in-
terpretação ou aplicação desta Convenção, que não for resolvida por nego-
ciações ou pelos processos previstos expressamente nesta Convenção será,
pedido de qualquer das Partes na controvérsia, submetida à decisão da Côrte
Internacional de Justiça a não ser que os litigantes concordem em outro meio
de solução.
INTRODUÇÃO
“Artigo 1º
1. A presente convenção aplica-se:
a) aos povos tribais em países independentes, cujas condições so-
ciais, culturais e econômicas os distingam de outros setores da coleti-
vidade nacional, e que estejam regidos, total ou parcialmente, por seus
próprios costumes ou tradições ou por legislação especial;
b) aos povos em países independentes, considerados indígenas pelo
fato de descenderem de populações que habitavam o país ou uma re-
gião geográfica pertencente ao país na época da conquista ou da colo-
nização ou do estabelecimento das atuais fronteiras estatais e que, seja
qual for sua situação jurídica, conservam todas as suas próprias institui-
ções sociais, econômicas, culturais e políticas, ou parte delas.
Desta forma, o item 1.1.a define povos tribais, ao passo que o 1.1.b traça
contornos sobre aquilo que caracteriza uma comunidade indígena. Já o artigo
1.2 estabelece um critério de grande importância: a autoidentificação como
maneira fundamental de definir se um grupo é indígena ou tribal e se um in-
divíduo se vê como pertencente a ele. A Comissão Interamericana, tratando
dessas distinções em seu relatório “Derechos de los Pueblos Indígenas y Tri-
bales sobre sus Tierras Ancestrales y Recursos Naturales: Normas y Jurispru-
dencia del Sistema Interamericano de Derechos Humanos”[1], destaca que:
“Artigo 6º
1. Ao aplicar as disposições da presente Convenção, os governos
deverão:
a) consultar os povos interessados, mediante procedimentos apro-
priados e, particularmente, através de suas instituições representativas,
cada vez que sejam previstas medidas legislativas ou administrativas
suscetíveis de afetá-los diretamente;
b) estabelecer os meios através dos quais os povos interessados pos-
sam participar livremente, pelo menos na mesma medida que outros
setores da população e em todos os níveis, na adoção de decisões em
instituições efetivas ou organismos administrativos e de outra natureza
responsáveis pelas políticas e programas que lhes sejam concernentes;
c) estabelecer os meios para o pleno desenvolvimento das institui-
ções e iniciativas dos povos e, nos casos apropriados, fornecer os recur-
sos necessários para esse fim.
2. As consultas realizadas na aplicação desta Convenção deverão ser
efetuadas com boa fé e de maneira apropriada às circunstâncias, com o
objetivo de se chegar a um acordo e conseguir o consentimento acerca
das medidas propostas.
[...]
Artigo 15
1. Os direitos dos povos interessados aos recursos naturais existen-
tes nas suas terras deverão ser especialmente protegidos. Esses direitos
abrangem o direito desses povos a participarem da utilização, adminis-
tração e conservação dos recursos mencionados.
Caso 1
Caso 2
ca Belo Monte podem acarretar. Por esta razão, estão sendo observadas, com
rigor absoluto, as normas cabíveis para que a construção leve em conta todos
os aspectos sociais e ambientais envolvidos. O governo brasileiro tem atuado
de forma efetiva e diligente para responder às demandas existentes”. Acerca
da medida cautelar, Fernando Collor de Mello fez a seguinte declaração: “A
OEA é extremamente intrometida”.
— É possível um país desenvolver-se e, ao mesmo tempo, não causar da-
nos irreparáveis ao meio ambiente?
— No entender do aluno, o direito a um meio ambiente sadio deveria ser
peticionável, independentemente da violação a outros direitos?
Denúncias:
— Conselho dos Direitos Humanos da ONU (março e setembro de
2012): A/HRC/19/NGO/72 e A/HRC/21/NGO/75.
— Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Hu-
manos (EACDH): http://www.aida-americas.org/sites/default/files/refDo-
cuments/LargeDams_UPRJointSub_Brazil_2nd_Cycle.pdf
— Organização Internacional do Trabalho (OIT): http://util.socioam-
biental.org/inst/esp/consulta_previa/sites/util.socioambiental.org.inst.esp.
consulta_previa/files/0808-ComunicaçãoInd%C3%ADgena169OITEspañ
ol.pdf
— Comissão Interamericana de Direitos Humanos: http://advivo.com.
br/documento/comissao-interamericana-de-direitos-humanos-da-oea-medi-
da-cautelar-38210
— Nota do governo brasileiro: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-im-
prensa/notas-a-imprensa/solicitacao-da-comissao-interamericana-de-direi-
tos-humanos-cidh-da-oea
— Resposta do governo brasileiro: http://www.xinguvivo.org.br/wp-con-
tent/uploads/2010/10/Resposta_do_Estado_MC_030520111.pdf
NOTÍCIAS
Texto 1
Texto 2
Texto 3
Obrigados a deixar suas aldeias pelo avanço das obras da usina hidrelétrica
de Belo Monte, sem um plano de reassentamento totalmente estruturado,
os índios ganharam TVs de plasma e combustível e passaram a consumir ali-
mentos industrializados. Esses são alguns dos problemas apontados pelo ISA.
A desnutrição infantil nas aldeias da região de Altamira (PA) cresceu 127%
entre 2010 e 2012. Na mesma época, aumentou em 2.000% os atendimen-
tos de saúde a indígenas.
Texto 4
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
BRUNNER, Lisl. The Rise of Peoples’ Rights in the Americas: The Saramaka
People Decision of the Inter-American Court of Human Rights. Chinese
Journal of International Law (2008) 7 (3): 699-711.
TEXTO 1
É patente que nos últimos anos tem se visto um crescimento intenso das
desigualdades entre os povos do mundo, bem como uma evolução sem pre-
cedentes da distância entre os chamados países desenvolvidos e os países em
desenvolvimento (os subdesenvolvidos). Um bom exemplo e a constatação
de que 20% dos países mais ricos se apropriam de 80% do produto interno
bruto mundial, enquanto que os 20% mais pobres não detêm mais que 1%
desse de produto interno bruto. É um mal que assola grande parte da popu-
lação mundial, e há muito tempo é preocupação entre as nações.
Após inúmeros debates levados por anos, os governos do mundo procla-
maram pela primeira vez, perante as Nações Unidas, que o direito ao desen-
volvimento era um direito humano inalienável. A Declaração sobre o Direito
ao Desenvolvimento, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em
1986, é o símbolo de uma nova maneira de versar sobre a concretização dos
ideais das Nações Unidas, pois ela proclama que “A pessoa humana é o sujeito
central do desenvolvimento e deve ser o participante ativo e o beneficiário do
direito ao desenvolvimento”.
Portanto, o “Direito ao Desenvolvimento é reconhecido pela Organização
das Nações Unidas (ONU) como um direito humano fundamental e indis-
ponível, assim como os demais, e reconhece-o como um direito a igualdade
de oportunidades para as pessoas e as nações”.
Levando em consideração a importância do direito ao desenvolvimento, a
Assembléia Geral decidiu, também em 1986, introduzir como um dos obje-
tivos da Conferência Mundial de Direitos Humanos uma análise da relação
entre o desenvolvimento e o usufruto dos direitos econômicos, sociais e cul-
turais, bem como dos direitos civis e políticos.
O direito ao desenvolvimento passou a ser um direito do homem como 50
Direito ao desenvolvimento: Um
direito humano. Âmbito Jurídi-
qualquer outro, e responsabilidade dos Estados de promovê-lo e efetivá-lo. È co.09/2008. Disponível em: http://
www.ambito-juridico.com.br/site/
também a concretização de um pensamento de Amartya Sen: “É difícil pen- index.php?n_link=revista_arti-
sar que o desenvolvimento possa realmente ser visto independentemente de gos_leitura&artigo_id=5165 Último
acesso: 25/07/2016
JURISPRUDÊNCIA E TRATADOS
Artigo 3
1. Os Estados têm a responsabilidade primária pela criação das condições
nacionais e internacionais favoráveis à realização do direito ao desenvolvi-
mento.(...)
3. Os Estados têm o dever de cooperar uns com os outros para assegurar
o desenvolvimento e eliminar os obstáculos ao desenvolvimento. Os Estados
deveriam realizar seus direitos e cumprir suas obrigações de modo tal a pro-
mover uma nova ordem econômica internacional baseada na igualdade sobe-
rana, interdependência, interesse mútuo e cooperação entre todos os Estados,
assim como a encorajar a observância e a realização dos direitos humanos.
Artigo 5
Os Estados tomarão medidas resolutas para eliminar as violações maciças
e flagrantes dos direitos humanos dos povos e dos seres humanos afetados
por situações tais como as resultantes do apartheid, de todas as formas de
racismo e discriminação racial, colonialismo, dominação estrangeira e ocupa-
ção, agressão, interferência estrangeira e ameaças contra a soberania nacional,
unidade nacional e integridade territorial, ameaças de guerra e recusas de
reconhecimento do direito fundamental dos povos à autodeterminação.
Artigo 8
1. Os Estados devem tomar, a nível nacional, todas as medidas necessárias
para a realização do direito ao desenvolvimento e devem assegurar, inter alia,
igualdade de oportunidade para todos em seu acesso aos recursos básicos,
educação, serviços de saúde, alimentação, habitação, emprego e distribuição
eqüitativa da renda. Medidas efetivas devem ser tomadas para assegurar que
as mulheres tenham um papel ativo no processo de desenvolvimento. Re-
formas econômicas e sociais apropriadas devem ser efetuadas com vistas à
erradicação de todas as injustiças sociais.
Artigo 9
1. Todos os aspectos do direito ao desenvolvimento estabelecidos na pre-
sente Declaração são indivisíveis e interdependentes, e cada um deles deve ser
considerado no contexto do todo.(...)
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
sos naturais. Por sua vez, os países em desenvolvimento muitas vezes ainda
não se utilizaram dos seus próprios recursos, e argumentam que a utilização
de tais recursos é essencial ao desenvolvimento e modernização. Trata-se do
desafio de harmonizar, de um lado, a proteção ao meio-ambiente e, de outro,
o direito ao desenvolvimento.
Em 1972 foi realizada a Primeira Conferência Mundial Sobre o Homem
e o Meio Ambiente, também conhecida como Conferência de Estocolmo,
organizada pela ONU, que contou com a participação de 115 países. Este
foi o primeiro grande marco da proteção ao meio ambiente pela comunidade
internacional, e das disposições e princípios elencados pela Convenção sur-
giram várias outras.
Em 1982 foi realizada a Conferência de Nairóbi, que avaliou o desempe-
nho e o comprometimento dos países em implementar as ações aprovadas
na Conferência de Estocolmo. No mesmo ano foi aprovada a Carta Mundial
para a Natureza, pela Assembleia Geral da ONU, que enfatizava o respei-
to à natureza como um princípio básico. No ano seguinte, a ONU cria a
Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, buscando
aproximar os países do hemisfério Norte e Sul na agenda do meio ambiente.
Em 1992 ocorre a Conferência do Rio (ECO 92), novamente para discu-
tir a implementação das políticas aprovadas pela Conferência de Estocolmo.
178 países se reuniram e votaram cinco diferentes instrumentos internacio-
nais: A Declaração de Princípios sobre as Florestas, a Declaração do Rio de
Janeiro, a Agenda 21, a Convenção-quadro sobre as Mudanças Climáticas e
a Convenção Sobre a Diversidade Biológica. De forma geral, a ECO 92 foi
altamente criticada por diversos países. Cabe apontar que a harmonização
entre os interesses dos diferentes países foi processo extremamente difícil,
uma vez que a questão ambiental esbarra necessariamente na econômica, e
os diferentes agentes buscavam defender diferentes interesses. Ainda assim,
a Conferência teve papel essencial na discussão acerca da proteção do meio
ambiente, trazendo-o à agenda internacional, além de ratificar diversos prin-
cípios e diretrizes de proteção assumidos na Conferência de Estocolmo.
20 anos depois, em 2012, é realizada a Rio +20 (Conferência das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Sustentável), cuja principal preocupação
referia-se a renovar os compromissos políticos assumidos pelos Estados na
proteção do meio ambiente, além de avaliar o seu desenvolvimento e a im-
plantação de suas políticas. Na Conferência, que contou com a participação
de 193 países, ficou reconhecido, entre outros, que a pobreza é um dos maio-
res desafios ao desenvolvimento sustentável.
Através da análise da realização de todas estas Conferências, deve ser per-
cebido o crescimento da preocupação e da tutela da natureza e do meio am-
biente, a necessidade da implementação de um desenvolvimento sustentável
e da relação direta entre a qualidade de vida do homem e o meio no qual
“Artigo 11
Direito a um meio ambiente sadio
O Protocolo de São Salvador, estabelece em seu artigo 19.6 que, com re-
lação aos direitos sobre os quais dispõe, apenas os direitos à educação (Artigo
13) e à livre associação sindical (Artigo 8, “a”) poderão ser alvo de petição
individual conforme previsto pelos artigos 44 a 51 e 61 a 69 da Convenção
Americana. Sendo assim, tem-se que a Comissão e a Corte Interamericanas
não têm competência para avaliar uma violação diretamente ao artigo 11 do
Protocolo de São Salvador.
No entanto, a Comissão e a Corte Interamericanas de Direitos Humanos
consolidaram entendimento no sentido de que tal violação pode ser pleitea-
da quando associada à violação de outros Direitos Humanos, tutelados pela
Convenção Americana. Significa dizer que o direito a um meio ambiente
sadio está intrinsecamente relacionado a outros direitos humanos, tais como
o direito à vida e à saúde, e que, consequentemente, a sua violação na maioria
das vezes resulta em violação a outros direitos humanos. Neste sentido, elen-
ca Leonardo Zagonel Serafini:
Dentro desse contexto, emerge, com nitidez, a ideia de que o meio am-
biente constitui patrimônio público a ser necessariamente assegurado e pro-
tegido pelos organismos sociais e pelas instituições estatais (pelos Municípios,
inclusive), qualificando-se como encargo irrenunciável que se impõe — sem-
pre em benefício das presentes e das futuras gerações — tanto ao Poder
Público quanto à coletividade em si mesma considerada (MARIA SYLVIA
ZANELLA DI PIETRO, “Polícia do Meio Ambiente”, “in” Revista Forense
317/179, 181; LUÍS ROBERTO BARROSO, “A proteção do meio ambien-
te na Constituição brasileira”, “in” Revista Forense 317/161, 167-168, v.g.)
Na realidade, o direito à integridade do meio ambiente constitui prerroga-
tiva jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afir-
mação dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder deferido
não ao indivíduo identificado em sua singularidade, mas, em um sentido
verdadeiramente mais abrangente, atribuído à própria coletividade social.
O reconhecimento desse direito de titularidade coletiva, tal como se qua-
lifica o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, constitui, por-
tanto, uma realidade a que não mais se mostram alheios ou insensíveis, como
NOTÍCIAS:
Texto 1:
Direitos enfraquecidos
Enquanto o rio de metais pesados se espalha e arrasa vidas em Minas Ge-
rais, em Brasília os instrumentos legais de proteção ambiental, de direitos de
populações afetadas por grandes empreendimentos e de regulação da indús-
tria extrativa mineral correm risco de serem ainda mais enfraquecidos.
Os processos vigentes de licenciamento de grandes empreendimentos ge-
ralmente desconsideram as vozes de defensores locais de direitos humanos
e de territórios tradicionais, priorizando a viabilidade econômica acima da
responsabilidade socioambiental e permitindo que as empresas transfiram os
custos como poluição, gestão de resíduos, remoções de populações e outros
impactos.
E até mesmo estes processos débeis de licenciamento estão sendo des-
montados: dias após a tragédia de Minas Gerais, uma Comissão Especial do
Senado aprovou um mecanismo de aceleração de licenciamento ambiental de
projetos considerados estratégicos, como a usina hidrelétrica de Belo Monte,
por exemplo.
Existe ainda o risco de que o novo Código de Mineração, em tramitação
no Congresso, seja votado a qualquer momento por uma maioria de depu-
tados cujos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registram doações
de mineradoras em suas campanhas eleitorais. As comunidades afetadas por
Texto 2
Desmatamento
Um dos pontos mais significativos das metas, que é a redução de 80% da
taxa de desmatamento da Amazônia Legal, poderá ser atingido até 2020, ain-
da na avaliação da parlamentar. Tomando como referência os níveis de 2005,
segundo ela, já houve uma redução de 75,3%.
O Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) é outro aliado na
obtenção das metas acertadas em Paris, de acordo com a senadora. Só na
recuperação de pastagens degradadas é prevista a liberação de 15 milhões de
hectares.
Com várias outras iniciativas, ela espera como resultado total a liberação
de 70 milhões de hectares — “o quanto o Brasil ainda pode produzir sem des-
matar”. Nesses 70 milhões de hectares, poderão ser produzidas 379 milhões
de toneladas de grãos, o que significa quase o dobro da atual produção de 190
milhões de toneladas.
TRATADOS E JURISPRUDÊNCIA
CAPITULO XVI
COOPERACAO NO APROVEITAMENTO DOS RECURSOS NA-
TURAIS, DO AMBIENTE E DA VIDA SELVAGEM
ARTIGO 1222
Âmbito e princípios da cooperação
1. Os Estados-membros acordam em tomar, para benefício mutuo, me-
didas concertadas para fomentar a cooperação na gestão conjunta e eficiente
e na exploração sustentável dos recursos naturais no interior do Mercado
Comum;
2. Os Estados-membros reconhecem que a atividade econômica é frequen-
temente acompanhada de uma degradação ambiental, de uma depauperação
LEITURA OBRIGATÓRIA:
LEITURA COMPLEMENTAR:
INTRODUÇÃO
Além disso, cabe destacar que o estudo dos mecanismos que a compõem
deve sempre ser um processo de adaptação a partir da observação de outros
casos. O aprimoramento da justiça de transição é, por excelência, fruto de
experiências prévias e da pesquisa jurídica comparada. De forma emblemá-
tica e buscando demonstrar vertentes diversas desta, podem ser citadas duas
experiências distintas: aquela que se observou de forma similar em diversos
países da América Latina (como Argentina, Chile e Peru); e, em seguida, o
caso do Brasil.
No primeiro exemplo — que, na realidade, reúne uma gama de casos —,
o principal fator distintivo foi que os processos de responsabilização foram
iniciados imediatamente após a cessação das violações de direitos humanos
e a anistia, apesar de bilateral — isto é, que exime de responsabilidade tanto
os membros das forças insurgentes quanto os agentes estatais —, foi julgada
inconstitucional pelas respectivas cortes nacionais.
Já na situação brasileira, ocorreu o oposto: as primeiras investigações tive-
ram início apenas com a criação das Comissões da Verdade, a partir de 2012,
e a Lei de Anistia de 1979, igualmente bilateral, teve sua constitucionalidade
confirmada pelo STF na ADPF 153, julgada em 2010. Nesta oportunida-
de, o tribunal entendeu que a Lei 6.683/79 fora recepcionada e estava de
acordo com o ordenamento jurídico pátrio. Entretanto, posteriormente, mas
no mesmo ano, adveio condenação do país pela Corte Interamericana de
Direitos Humanos, no caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”)
v. Brasil, sob o argumento de que o Estado falhou em investigar os casos de
desaparecimento forçado dos membros do movimento durante a década de
1970. Após esta decisão, foi reacendido o debate sobre a constitucionalidade
da anistia concedida.
No cerne desta discussão, insere-se também um novo fator: a Conven-
ção das Nações Unidas sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra
e dos Crimes contra a Humanidade, de 1968. Isto porque, embora o di-
ploma internacional esteja em vigor desde 1970, o Brasil não o ratificou
(e, consequentemente, também não o publicou e promulgou), levantando
argumentos de que não seria passível de aplicação em âmbito interno ou de
responsabilização internacional.
Cabe, por fim, destacar um último conjunto de medidas de justiça tran-
sicional, mais comumente referido como exemplo de justiça restaurativa: o
JURISDIÇÃO UNIVERSAL
NOTÍCIA 1
TRATADOS E JURISPRUDÊNCIA
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
NOTÍCIA
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
Nos últimos anos, a coleta e o uso dos dados pessoais dos consumidores
despontam como mais uma fonte de violações aos Direitos Humanos, in-
clusive ao direito à privacidade. Neste sentido, os próprios termos de uso
figuram como um mecanismo potencial de violação.
Em sua origem, o direito à privacidade concentrava-se na proteção frente
ao Estado. Atualmente, contudo, as discussões sobre privacidades também
buscam fazer frente às potenciais atividades violadoras dos entes privados.
A importância do direito à privacidade cresce à medida em que facilita-se
sua violação através de novas tecnologias de informação e comunicação, daí
a necessidade de o artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos Humanos,
prever inclusive que: “No one shall be subjected to arbitrary interference
with his privacy, family, home or correspondence, nor to attacks upon his
honour and reputation. Everyone has the right to the protection of the law
against such interference or attacks.”
Pergunte-se: qual o grau de controle que você tem sobre seus dados pessoais
no Facebook? Você sabia que ao aceitar os termos de uso da rede social, você
concede uma licença para uso livre, inclusive comercial, de qualquer material
protegido por direito autoral, como fotos e vídeos?
São problemas novos no campo dos Direitos Humanos e que ainda não
possuem soluções ou estratégias claras de enfrentamento. Por isso mesmo,
são desafios fundamentais para a tutela efetiva do direito à privacidade, entre
outros. Assim, como o jurista deve entender as questões relevantes para a
proteção do direito à privacidade no cenário complexo da Sociedade da In-
formação? Além disso, como pode atuar para desenhar soluções inovadoras?
“situações que são apenas uma parcela dos problemas que podem ocorrer
no tratamento de dados com a utilização das novas tecnologias — não é
possível proporcionar uma tutela efetiva aos dados pessoais na amplitu-
de que a importância do tema hoje merece.” (DONEDA, 2011)
“De acordo com estudo de 2012 da Intel, em um único minuto são gerados
na internet mais de 6 milhões de visualizações de postagens no Facebook. Mais
de 200 milhões de e-mails são enviados. Mais de 2 milhões de pesquisas são re-
alizadas no Google. E o número de dispositivos conectados irá dobrar até 2015.
Isso sem considerar todos os dados que fornecemos para as empresas de telefonia
móvel, para os bancos, para os supermercados com seus cartões de fidelidade.”
(MONCAU, 2013)
A importância do direito à privacidade cresce à medida em que facilita-se
sua violação através de novas tecnologias de informação e comunicação. Em
1928, por exemplo, já discutia-se, nos Estados Unidos, o aumento do poder
governamental em vigiar seus cidadãos e violar sua privacidade, quando da
disseminação da tecnologia telefônica.
A informação sempre foi uma peça-chave para o exercício da autoridade
e controle estatal sobre seu território e sua população. Governos coletam
grandes quantidades de informações pessoais, como registros de nascimento
e casamento, números de identidade, registros criminais, informações fiscais,
registros de imóveis, de propriedade de carros etc. O indivíduo não pode op-
tar por não fornecer seus dados pessoais ao Estado: ainda que migrasse para
outro país, enfrentaria o mesmo problema.
Na Era da Informação que vivenciamos, tecnologias da informação são
utilizadas para a coleta, agregação e processamento destes dados pessoais.
Neste contexto, o direito à privacidade, como um direito “guarda-chuva”, se
tornou um direito chave nas discussões internacionais.
b) Abuso do uso de dados pessoais, sua proteção e a questão dos termos de uso
TEXTO 1
TRATADOS E JURISPRUDÊNCIA
LEITURA OBRIGATÓRIA
LEITURA COMPLEMENTAR:
A graphic novel “The Private Eye”, escrita pelo ganhador do Eisner, Brian K.
Vaughan. Disponível gratuitamente em: <www.panelsyndicate.com>. A série
em dez exemplares se passa em um futuro no qual a Internet não existe mais,
após um atentado virtual em que todos os dados pessoais dos usuários da
rede, como mensagens privadas, histórico de acesso, informações bancárias
etc., foram expostos. Assim, o principal mote da obra é a relação da sociedade
com a privacidade.
LEGISLAÇÃO RELEVANTE
FICHA TÉCNICA