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Sistema hormonal – Calcitonina – Paratiróides vitamina D3 48

METABOLISMO DO CÁLCIO E FÓSFORO

Funções fisiológicas do cálcio:

a- Participa na coagulação do sangue (é o IV factor de coagulação)


b- Actua na contracção muscular
c- Actua na permeabilidade da membrana
d- Actua na condução nervosa
e- Secreção do leite
f- Estrutura do osso (18% de cálcio)
g- Estrutura da casca do ovo nas aves

Metabolismo do cálcio - A manutenção da homeostasia do cálcio é regulado por 3


hormonas:

a- Duas hormonas hipercalcémicas: 1,25 dihidrocolecalciferol ou vitamina D3


e a parathormona (PTH)

b- Uma hormona anti-hipercalcémica: a calcitonina (CT)

A vitamina D3 - Assegura a mineralização da matriz óssea, promove a retenção dos


minerais de cálcio e fosfatos.

A PTH (Parathormona) - Mantém a concentração de cálcio na corrente sanguínea, de


modo a manter a razão Ca:P em quantidades adequadas, nos líquidos extra-celulares.

A CT (Calcitonina) - Evita a hipocalcémia (hormona de emergência).

Os tecidos-alvo - São:

1- Intestino (D3 e PTH) - Para a entrada de cálcio nos líquidos orgânicos;

2- Ossos - Regulação, minuto a minuto, do armazenamento de cálcio (CT ou


vitamina D3) ou disponibilidade de cálcio (PTH);
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3- Rim - Reabsorção de cálcio (PTH) e excreção de cálcio (CT)

Cálcio no osso - A maioria do cálcio (95%) aparece na estrutura cristalina dos ossos
combinado com o fosfato, apenas uma pequena quantidade, cerca de 1% ou 10 mg/dl,
está presente no plasma e citoplasma das células. Um adulto (espécie humana) contém
cerca de 1 kg de cálcio, 99% na forma de hidroxipatite (3Ca3(PO4)2.Ca(OH)2) e fora
da estrutura óssea apenas 10g de cálcio.

Composição do osso – Compõe-se de células (osteoblastos, osteócitos e osteoclastos),


minerais e matriz óssea. A matriz contém 90 a 95% de colagéneo. A estrutura óssea
contém 90% do fósforo do organismo, 50% do magnésio e 33% do sódio. O colagéneo
é sintetizado no retículo endoplasmático e é rico em ácidos como a glicina, a prolina e a
hidroxiprolina.

Os osteoblastos - Sintetizam o colagéneo e a glicoproteína da matriz óssea. Contém


fosfato alcalino ósseo e segregam uma proteína óssea não colagénea, que contém ácido
glutâmico (osteocalcina: 1 a 2%)), com a qual se inicia a mineralização da matriz
orgânica não calcificada.

Os osteócitos - Nos ossos já formados, promovem a reabsorção local, promovem o


crescimento orgânico e o transporte e nutrientes e produtos do catabolismo.

Os osteoclastos - São multinucleados e contribuem para a dissolução local do osso,


elaborando enzimas e ácidos orgânicos, como por exemplo, o ácido cítrico.

Tipos de ossos: Esponjoso e compacto.

Osso esponjoso - Encontra-se na região metafiseal (junção da diáfise com a epífise) dos
ossos longos e é composto de espículas, chamadas trabéculas que são a região mais
activa.

Epífise - Extremidade dos ossos longos.

Diáfise - Parte cilíndrica de um osso longo


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Osso compacto - Ocorre no córtex e diáfise, é mais calcificado mas menos activo.

Absorção e excreção do cálcio - O osso está em constante remodelação e está


influenciado por:

1- Alterações no fluxo sanguíneo, como resposta a influências anatómicas,


bioquímicas e nervosas

2- Hormonas: CT, PTH, Vitamina D3 e factores de crescimento

3- A concentração iónica, como por exemplo o aumento da concentração de


PO43- no plasma que promove a deposição de Ca2+ nos ossos e inibe a
reabsorção óssea.

4- O stress mecânico gera diferenças nos campos eléctricos dos ossos, no local
de inserção muscular e afecta a distribuição de osteoclastos e osteoblastos no
osso.

5- O pirofosfato inibe o crescimento orgânico do osso e a reabsorção óssea,


pela substituição do fosfato na superfície cristalina.

Balanço do cálcio – Num humano adulto (Brook e Marshall, 2001):

a- Ingestão oral = 25 mmol


b- Excreção fecal = 18 a 22 mmol
c- Absorção intestinal = 10 a 14 mmol
d- Secreção intestinal = 7 mmol
e- Absorção óssea = 10 mmol
f- Desmineralização óssea = 10 mmol
g- Filtração renal = 240 mmol/dia
h- Reabsorção renal = 233 mmol/dia
i- Excreção renal = 3 a 7 mmol
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Formas do cálcio no plasma – A concentração do cálcio no fluido extracelular é de 2,6


mmol/l no homem e existe sob 3 formas:

1- Livre (ionizado) - 47%

2- Ligado a proteínas (albuminas e globulinas) - 44%

3- Ligado a sais difusíveis (bicarbonato, citrato e fosfato) - 9%

O cálcio livre - Difusível está em constante troca com os fluidos extracelulares.

Cálcio intracelular - Uma grande parte está armazenado no RE ou nas organelas do


inositol (calcisomas).

A ingestão crónica de pouco cálcio - E de muito fósforo e pouca vitamina D3, vai
induzir a secreção de um excesso de PTH que por sua vez vai promover a mobilização
do Ca2+ e causar osteoporose.

A excreção do cálcio - Faz-se pela urina e fezes, sendo o primeiro o meio mais
importante na eliminação do cálcio. As necessidades de cálcio são mais acentuadas
durante o crescimento, gestação e lactação. As perdas pelo rim representam 2 a 3% e
são de 3 a 7 mmol/24 horas (homem).

HORMONA CALCITONINA (CT) - É uma hormona hipocalcémica, constituída por


um polipéptido contendo 32 AA e uma ligação bissulfídica.

Natureza química e secreção da calcitonina - Forma-se, nos mamíferos nas células


parafoliculares C da tiróide, desprovidas de inervação. Nos peixes, anfíbios, répteis e
aves, a sínteses tem lugar nos músculos branquiais terminais (úmero). A secreção de
calcitonina depende dos níveis de cálcio no plasma sanguíneo, assim, com uma
concentração baixa de cálcio no sangue a secreção de calcitonina decresce.

Mecanismos de acção da calcitonina - Actua através do 2º mensageiro.


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Acções principais da calcitonina:

1- Inibe a mobilização de sais minerais dos ossos (inibe a actividade


osteoclástica)

2- Conserva os sais minerais dos ossos, limitando a dissolução óssea, com


uma dieta rica em cálcio e vitamina D

3- Nas aves a sua acção é diminuta - na altura da postura permita uma taxa
elevada de cálcio no sangue, importante na formação da casca

4- Aumenta a excreção urinária de sódio, cloro, cálcio e fosfatos

Controlo da calcitonina - É efectuado pelos níveis de cálcio no sangue:

a- Níveis elevados: Estimulam a sua secreção

b- Níveis reduzidos: inibem a sua secreção

PARATIRÓIDES

Anatomia da paratiróide - É constituída por quatro corpos paratiróides cada uma


pesando 40 a 60 mg (homem), dois externos localizados sobre ou dentro das tiróides e
dois internos, localizados no interior das tiróides. Existem por vezes, corpos paratiróides
acessórios que podem substituir a glândula principal, no caso da sua extirpação. É
ricamente irrigada pelas artérias inferiores da tiróide e ocasionalmente, pela superior. A
via de regresso faz-se pelas veias superiores, média e inferiores da tiróide. A inervação
está a cargo de fibras simpáticas pré- ganglionares.

Natureza química da parathormona - É um polipéptido de cadeia simples com 84 AA


e deriva da pro-parathormona. A hormona "madura" é armazenada no Aparelho de
Golgi, em vesículas secretoras, sendo libertadas posteriormente na corrente sanguínea
por exocitose.
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Regulação da secreção da PTH - A produção é contínua, o magnésio influi na sua


secreção e o seu controlo está sob a acção do teor de cálcio na corrente sanguínea.

Tempo de semi-vida da parathormona - 5 minutos.

Efeitos e mecanismos de acção da PTH - Regular a concentração de cálcio e fósforo


na corrente sanguínea, importante na excitação neuro-muscular. Actua nas células
ósseas e nas células dos canalículos renais proximais, através do mecanismo de 2º
mensageiro.

Teoria renal da acção da PTH - No rim activa a eliminação de fosfatos (fosfatúria), a


reabsorção de cálcio nos túbulos renais e estimula a produção de vitamina D que por sua
vez, actua ao nível do tracto digestivo, aumentando a absorção do cálcio e dos fosfatos.

Influência directa da PTH sobre o osso - Favorece a mobilização dos sais de cálcio
(hipercalcémia).

O aumento da taxa de parathormona - Tem como consequência:

a- Um aumento do teor de cálcio e fósforo no sangue

b- Um aumento na eliminação de fosfatos pela urina

c- Uma diminuição na deposição no osso sob a forma fosfato cálcico

Um aumento na concentração de cálcio - Na corrente sanguínea, causa um


decréscimo na produção de parathormona e tem como consequência:

a- Um aumento da deposição de cálcio no osso

b- Uma diminuição da excreção de fosfatos pelo rim

c- Um aumento na deposição de fosfato de cálcio no osso


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Hipocalcémia - Em condições fisiológicas normais, há uma produção contínua de


parathormona, o que é importante na fase de crescimento, onde surgem zonas de
destruição (dissolução) e zonas de formação (depósito):

a- No final da gestação - Com uma dieta rica em cálcio, há um decréscimo na


secreção de parathormona e um aumento da de calcitonina, havendo uma
menor mobilização;

b- Com o início da secreção láctea - Há uma activação da produção de


parathormona, devido à saída de cálcio no leite. Se os valores de cálcio
forem inferiores a 8 mg/100 ml de plasma, podem surgir complicações
neuro-musculares na forma de paralisia, conhecida como paralisia do parto,
febre vitular, febre do leite e hipocalcémia.

O desenvolvimento da hipocalcémia - Pode ser evitado pela vitamina D3 (1,25-


Dihidroxiocolecalciferol) e pela parathormona.

Nas vacas de alta produção leiteira - O aumento da síntese da parathormona no início


da lactação é devido ao estímulo causado pela:

a- Saída de cálcio e fósforo mobilizados pelo feto no fim da gestação (5 a 6 g


de cálcio e 2 a 3 g de fósforo);

b- Excreção dos mesmos elementos no leite - No início da lactação, com uma


produção média entre 20 a 30 l/dia são excretados 22 a 32 g de cálcio e 20
a 30 g de fósforo.

Hiperfunção da paratiróide (Hiperparatiroidismo primário) - Pode causar


descalcificação óssea (= osteíte fibrosa de Recklinghausen), teor elevado de cálcio no
sangue e perda pelo rim.

Acção da dieta na tiróide - Uma alimentação rica em fósforo e pobre em cálcio pode
causar uma hiperfunção da tiróide com a consequente reabsorção osteoclástica
(hiperparatiroidismo secundário).
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Extirpação das paratiróides - Produz ao fim de poucos dias, a morte na maioria dos
animais.

VITAMINA D

Vitamina D - Colecalciferol - Vitamina D3 – 1,25-Dihidroxicolecalciferol – É uma


hormona esteróide, sintetizada inicialmente na pele, onde a 7-Dihidrocolesterol é
transformada em colecalciferol (vitamina D3) pela acção dos raios solares ultra-
violentas. Depois, no fígado, pela acção da enzima 25-hidroxilase é convertida em 25
Hidroxicolecalciferol e finalmente, no rim, em 1,25- Hidroxicolecalciferol (forma
activa) pela enzima 1α-hidroxilase. Esta enzima é estimulada pela hormona PTH assim
como por um nível baixo de fosfato no sangue.

Concentração no sangue da Vitamina D3 – 20 a 60 pg/ml de sangue no homem e


circula ligada a proteínas.

Efeitos da vitamina D3 – Devem-se à acção mediadora do calcitriol, importante na


absorção do cálcio através do intestino delgado.

Tempo de semi-vida - A forma 25-hidroxicolecalciferol pode durar várias semanas mas


a 1,25-dihidroxicolecalciferol (forma activa) dura poucas horas.

Funções da vitamina D3:

a- Actua no metabolismo mineral e crescimento ósseo

b- Facilita a absorção intestinal de cálcio, magnésio e fósforo

c- Estimula a diferenciação de osteoclastos

Deficiência de vitamina D - Pode resultar da resistência hereditária à vitamina D


(receptores), a doenças renais e hepáticas severas ou a luz insuficiente e pode ter como
consequência:
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a- Raquitismo (jovens)

b- Osteomalacia (= amolecimento dos ossos). Surge principalmente nos


adultos.

Excesso de vitamina D - A ingestão prolongada e excessiva de vitamina D pode ser


tóxica (é usada como raticida).

Outras hormonas - Que actuam no metabolismo do cálcio:

a- Estrogéneos - Evitam a osteoporose durante a gravidez, melhorando os


níveis de calcitonina (mineralização óssea) e de vitamina D3 (melhor
absorção intestinal de minerais para a síntese óssea).

b- Glucocorticóides - Em elevadas concentrações, causam osteoporose, inibem


a síntese proteica e decrescem a absorção dos minerais para formar a
estrutura óssea.

c- A hiperglicémia (glucagon) e o excesso de tiroxina - Decrescem a


formação do osso.

d- A hormona do crescimento (GH) - Tem uma acção hipercalcémica,


melhora a absorção intestinal mais do que a excreção renal.

e- A insulina - Promove o crescimento celular.

f- Hormonas esteróides - Promovem o anabolismo.

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