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de Ciências Econômicas
econõmiCQ
UFRGS
Reinaldo A. Carcanholoi
SINOPSE
Este artigo, depois de mostrar que a teoria do valor não pode ser
confundida com uma simples teoria dos preços relativos, apresenta uma
reinterpretação do enfoque smithiano. Busca-se não suas supostas con-
tradições, mas sua coerência interna. Toda dificuldade ha leitura da teoria
do valor de Smith foi atribuída a erro do observador, resultado da deforma-
ção de seu prõprío ponto de vista. Dessa maneira, pode-se. mostrar que as
críticas que tiveram origem em Ricardo e no próprio Marx, não são satis-
fatórias em sua quase totalidade. Smith readquire, dessa maneira, maior
^relevância dentro do pensamento econômico.
1. INTRODUÇÃO
1.1 A T e o r i a d o V a l o r C o m o M e r a T e o r í a d o s Preços
2 A = 1 B.
1^ Não C o r r e s p o n d ê n c i a e n t r e Preço e V a l o r
2A = 1B
20 A = 12,5 B, ou
2 A = 1,25B.
Nesse último caso, a produção de 'a' teria sido de 100 e sua apro-
priação também. O mesmo teria ocorrido com 'b', e a transferência seria
igual a zero.
Como dissemos, cfiamaremos esse preço particular de preço cor-
respondente à magnitude da riqueza produzida Ou, simplesmente,
PREÇO CORRESPONDENTE AO VALOR. No caso suposto, tal preço
não seria o preço "nonnal".
Assim, existiria um só preço correspondente à magnitude do valor
produzido, para cada mercadoria produzida Saber qual é esse preço é
tarefa posterior à resposta sobre a questão da natureza e da real medi-
da do valor, da riqueza capitalista
1.3 A s P e r g u n t a s F u n d a m e n t a i s d a T e o r i a do Valor
1 . 4 Ricardo e a M e d i d a d o Valor
2 . A R E S P E I T O DA T E O R I A S M I T H I A N A D O V A L O R
2 . 1 . S o b r e a M e d i d a d o Valor
Z2. A N a t u r e z a d a Riqueza
2.5 A s D u a s T e o r i a s d a D e t e r m i n a ç ã o d o Valor e m S m i t h
2.6 O u t r a s d u a s T e o r i a s do Valor e m S m i t h
Como comentaremos posteriormente, Napoleoni parece náo ter claro esse aspecto.
^ "Importa observar que o valor real dos diversos componentes do preço é medido pela quanti-
dade de trabalho que cada um deles pode comprar ou comandar. O trabalho mede o valor
nSo somente daquela parte do preço que se desdobra em trabalho efetivo, mas também da-
quela representada pela renda da ten-a, e daquela que se desdobra no lucro devido" (Smith,
1983, v. 1. p. 79).
cepções opostas, contraditórias, em Smith:
"Estamos, pois, em presença de duas cçncepções opostas. Se-
gundo uma, o salário, o lucro e a renda são partes de um valor global
preexistente... Segundo a outra, o valor é a resultante, mediante a soma
de três elementos que se encontram pressupostos (Napoleoni, 1980, p.
28).
Napoleoni parte da afirmação de Smith segundo a qual:
".- o valor que os trabalhadores acrescentam aos materiais desdo-
bra-se, pois, em duas partes ou componentes, sendo que a primeira pa-
ga os salários dos trabalhadores, e a outra, os lucros do empresário..."
(Smith, 1983, v . 1 , p. 78).
Frente a essa afirmação de Smith, já citada por nós, Napoleoni
conclui que o valor acrescentado aos materiais tem como única origem
a ação do trabalhador, o trabalho e, portanto, não é produto conjunto de
duas fontes diferentes. Está pensando, evidentemente, nos conceitos de
produtividade do trabalho e do capital (também da terra), alheios ao
pensamento smithiano. Sua conclusão é a seguinte:
"... segundo essa perspectiva, a forma como o valor se distribui en-
tre as classes não tem a ver com o modo como se forma o próprio va-
lor" (Napoleoni, 1980, p. 28).
O valor estaria, assim, determinado pelo trabalho incorporado. Is-
so, evidentemente seria totalmente contraditório com a 'outra' concep-
ção de Smith de determinação pelos três componentes.
Na verdade, o erro de Napoleoni está em acreditar que o valor
acrescentado pelos trabalhadores aos materiais tem magnitude igual à
duração do trabalho incorporado, aspecto já assinalado anteriormente.
Dessa maneira, podemos concluir, não há duas concepções em Smith
sobre a determinação da magnitude do valor, e muito menos opostas,
contraditórias.
2.7 O Círculo V i c i o s o de S m i t h
^ Napoleoni (1980, p. 28). Beneta tem posição similar. Ver Benetti (1978, p. 38). Essa obra en-
contra-se também em Ifngua portuguesa, com o tftulo "Valor e Repartição" (Coimbra, Cente-
lha, 1978).
lucro devido ao empresário" (Smith, 1983, v.1, p. 79).
Dessa maneira, o salário, como componente do preço de uma
mercadoria qualquer, pode ser medido pelo trabalho comandado. Em
outras palavras, o valor do salário é uma detenninada quantidade de
trabalho comandado.
Seja 'Vg o valor de uma mercadoria 'A' qualquer. Assim,
Vg = S + L + R,
BIBLIOGRAFIA
ABSTRACT
This paper, after showing that value theory should not be confounded with a
simple theory of relative prices, presents a reinterpretation of the Smithian ap-
proach. The paper does not look for the supposed contradictions of the approach;
it looks for its internal coherence. All difficulties in reading Smithian value theory is
then attributed to the readers, as a consequence of their own viewpoint. Thus, it
can be shown that very neariy all criticism originated in Ricardo and even in Marx
are not satisfactory. Smith hence reacquires a greater relevance within the eco-
nomic thought