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Apostila de Anatomia Básica

Introdução ao Estudo da Anatomia

Conceito: Anatomia é a ciência biológica que estuda a forma e


a constituição dos seres vivos. Pode ser estudada macroscopicamente e
microscopicamente. Então, a anatomia (do grego ana = em partes; tomein
= cortar) é geralmente estudada pela dissecção de peças previamente
fixadas por soluções apropriadas.

Nomenclatura Anatômica:

É o conjunto de terminologias utilizadas em anatomia que tem por


função universalizá-las e unificá-las (uniformizar).

Histórico:
 BNA (Basle Nomina Anatomica) 1895
 PNA (Paris Nomina Anatomica) 1955

Princípios Gerais:
 Língua oficial - Latim
 Abolição dos epônimos
 Termos devem indicar: forma, posição, situação, etc.
 Tradução para o vernáculo do País

Abreviatura dos termos usuais:


 artéria (a.) / artérias (aa.)
 veia (v.) / veias (vv.)
 nervo (n.) / nervos (nn.)

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Divisão do Corpo humano:

Por segmentos:

 Cabeça
Crânio
Face
 Pescoço
 Tronco:

Tórax
Abdome
Pelve

 Membros
Superiores

raiz (ombro)

Parte livre:
braço
cotovelo
antebraço
punho
mão

 Membros
Inferiores

raiz (quadril)

Parte livre:
coxa
joelho
perna
tornozelo

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Posição Anatômica:

Definição – É a posição padrão universal, na qual se descreve as estruturas do


corpo humano.

Descrição - Indivíduo em pé, com o corpo ereto, cabeça erguida com a face
voltada para frente e o olhar dirigido ao horizonte. Membros superiores
estendidos, aplicados ao longo do tronco, com as palmas das mãos voltadas para
frente e com os dedos unidos. Membros inferiores unidos, com as pontas dos
pés dirigidas adiante e ligeiramente afastadas.

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Conceito de Variação Anatômica e Normal:

Um grupamento humano evidencia de imediato, diferenças


morfológicas entre os elementos que o compõe. Estas diferenças são
denominadas variações anatômicas e podem apresentar-se externamente ou
em qualquer dos sistemas do organismo sem que isso traga prejuízo funcional
ao indivíduo. Normal é toda estrutura ou órgão que esteja bem adaptado a sua
função, e que seja estatisticamente comum. Desta forma podemos dizer que as
variações anatômicas são modificações dentro da normalidade.
Quando a modificação do padrão normal perturba a função de um
órgão ou sistema, diz-se que se trata de uma anomalia. Monstruosidade é o
termo usado para a anomalia que chega a ser incompatível com a vida.

Fatores Gerais de Variação Anatômica:


Às variações ditas individuais devem-se acrescentar aquelas
decorrentes da:
a) idade
b) sexo
c) raça
d) biótipo
e) Genética (evolução)

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Planos de Delimitação e de Secção do Corpo Humano

Planos de Delimitação - Na posição anatômica o corpo humano pode ser


delimitado por planos tangentes (paralelos) à sua superfície, são eles:

a) Plano Ventral ou Anterior


b) Plano Dorsal ou Posterior
c) Planos Laterais Direito e Esquerdos
d) Plano Cranial ou Superior
e) Plano Podálico (Caudal) ou Inferior

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Eixos de Construção do Corpo Humano:

longitudinal ou crânio-podálico
sagital ou dorso-ventral
transverso ou látero-lateral

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Planos de Secção - No estudo da anatomia é usual visualizar o corpo cortado
ou seccionado em vários planos de referência, são eles:

a) Plano Mediano (ou Sagital Mediano)


b) Plano Sagital
c) Plano Frontal (ou Coronal)
d) Plano Transversal (ou Horizontal)

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Têrmos de Posição e Direção

- Mediano
- Lateral
- Medial
- Intermédio
- Dorsal
- Ventral
- Superior
- Inferior
- Médio
- Proximal e Distal
- Esterno e Interno
- Superficial e Profundo

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Sistema Nervoso

Conceito: Todos os indivíduos estão dotados das faculdades de sentir,


mover e nutrir-se. Além disso, diferentes atos psíquicos, como atividades
intelectuais e afetivas, encontram-se destinados por um conjunto de
órgãos no desempenho destas várias funções, constituindo o sistema
nervoso.No homem, anatomicamente, se distingue o sistema nervoso
central, localizado no eixo encéfalo-espinhal, se acha coberto e defendido
por tecidos conectivos fibrosos que formam as meninges, além dos ossos
que constituem o crânio e a coluna vertebral, onde uma massa volumosa de
substância nervosa (cinzenta ou branca) encontra-se no interior desses
ossos. Compreende o encéfalo, protegido e alojado pelo crânio; e a medula
espinhal, que percorre o canal vertebral.
Quanto ao sistema nervoso periférico, localizado fora desse conduto
ósseo, compreende: os nervos espinhais e cranianos, os gânglios e as
terminações nervosas.

Citologia e Histologia do Sistema Nervoso:

Todos os estímulos do nosso ambiente, causando sensações como:


dor e calor, pensamentos, programação de respostas emocionais e motoras,
aprendizagem e memória, ação das drogas psicoativas, causas de distúrbios
mentais, e qualquer outra ação ou sensação do ser humano são processadas
pelos neurônios. Portanto, a unidade morfofuncional do sistema nervoso é a
célula nervosa ou neurônio.
Os neurônios são células altamente especializadas nas
propriedades de excitabilidade e condução do impulso nervoso, propriedades
estas que são à base das funções do sistema nervoso. Assim, como outras
células, os neurônios se nutrem, realizam respiração celular, têm os mesmos
genes, os mesmos mecanismos bioquímicos e as mesmas organelas celulares.
Entretanto, eles são caracterizados por serem capazes de detectar,
transmitir, analisar e utilizar informações geradas pelos estímulos sensoriais
representados por calor, luz, energia mecânica e alteração química.
Uma célula nervosa consiste de uma membrana celular, um corpo
celular no qual se acham as diversas organelas celulares. Do corpo celular
separam-se dois tipos de prolongamentos, os dendritos e um axônio.

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A membrana celular é especializada para transportar sinais nervosos como
pulsos eletro-químicos.
O corpo celular ou pericário, formado por um núcleo que ordena
todas as ações da célula e de um citoplasma. Grumos relativamente grandes de
retículo endoplasmático granular (corpúsculo de Nissl), podem ser vistos no
citoplasma da maioria das células nervosas. Outras organelas celulares
(complexo de Golgi, mitocôndrias, neurofilamentos, microtúbulos e inclusões),
também são encontradas no citoplasma de um neurônio.
Os dendritos (do grego DEDRON, ou árvore), são prolongamentos
curtos, bastante ramificados, cujo calibre diminui à medida que se afastam do
corpo celular. Funcionalmente, os dendritos são definidos como os
prolongamentos que conduzem impulsos nervosos para o corpo celular e
aumentam a superfície receptora da célula.
Os axônios (do grego AXOON, ou eixo), são prolongamentos
longos, finos e únicos por célula nervosa. Funcionalmente, os axônios são
definidos como o cabo condutor de sinais, e pontos de contatos sinapticos,
onde a informação pode ser passada de uma célula para outra. A maioria dos
axônios é envolvida por uma bainha de mielina, substância facilitadora da
transmissão do impulso nervoso, além de proteção. As células de Schwann
produzem a bainha de mielina, além de desempenhar um papel crítico na
regeneração das fibras nervosas do sistema nervoso periférico. Os intervalos
periódicos ao longo de um axônio mielinizado (nodos de Ranvier), representam
junções entre as células de Schwann sucessivas, onde também aumentam a
velocidade de transmissão do impulso nervoso.
Um axônio se ramifica somente na proximidade de sua terminação,
onde forma o telodendro, prolongamento que contém as placas motoras, região
pela qual o neurônio entra em contato com o tecido muscular ou com outro
neurônio. Esse prolongamento possui as vesículas sinapticas, cujo interior
apresenta substâncias químicas (neurotransmissores), responsáveis pela
transmissão do impulso nervoso, através das sinapses.
Os neurônios são classificados estruturalmente pelo número de
prolongamentos associados com cada corpo celular. Em alguns casos não se
distingue o dendrito, sendo denominados neurônios pseudo-unipolar. Quando,
além do axônio, é possível visualizar também os dendritos, temos um neurônio
bipolar. Porém, o caso mais freqüente é o neurônio multipolar, que se acha em
todo o sistema nervoso central. À região axônica opõe-se a outra que apresenta
uma extraordinária ramificação de dendritos em diversos planos.
Também podemos classificar os neurônios, segundo a função.
Existem duas vias distintas, a que leva a informação de uma determinada
região do corpo para o sistema nervoso central, denominadas via sensitiva ou

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aferente. O sistema de resposta, ou seja, a informação é interpretada e


conduzida do sistema nervoso central para uma determinada região do corpo,
denominado via motora ou eferente.

Células da Glia:

Além dos neurônios, há no tecido nervoso um conjunto de células


de diferentes formas e funções denominadas neuroglia, glia ou gliócitos. Estes
tipos celulares consistem nos astrócitos, oligodendrócitos, micróglia e células
ependimárias.
Os astrócitos, consideradas células grandes, possuem
prolongamentos do citoplasma. Suas funções estão relacionadas com a nutrição
do sistema nervoso (contém pés vasculares), e barreira hemato-encefálica,
impedindo a passagem de substâncias estranhas no sistema nervoso. Existem
três tipos de astrócitos. Os protoplasmáticos, densos e curtos. Encontrados na
substância cinzenta do sistema nervoso central.
Os segundos tipos de astrócitos, denominados fibrosos, são
delgados e longos. Estão presentes na substância branca do sistema nervoso
central. Já os astrócitos do tipo mistos, estão presentes nas zonas de
transição entre substância branca e cinzenta.
Os oligodendrócitos são células pequenas, existentes tanto na
substância cinzenta quanto na substância branca. Sua função está voltada a
formação de bainha de mielina.
A micróglia, células muito pequenas, encontradas na substância
branca e cinzenta, cuja função é a defesa do sistema nervoso (função
macrofágica).
As células ependimárias, com formato cilíndrico e núcleos
alongados, responsáveis por revestir as cavidades do encéfalo e medula
espinhal.

Arcos Reflexos:

O reflexo representa uma atividade básica do sistema nervoso,


sendo uma resposta a um estímulo sem início intencional (involuntário). Com
exceção dos movimentos treinados, os movimentos do corpo são em grande
parte reflexos como o batimento cardíaco, movimentos respiratórios e
ajustamentos posturais. Para vários estímulos, a resposta é sempre uma
contração muscular ou a secreção glandular. O reflexo mais simples é o reflexo
monossinaptico de estiramento, onde apenas uma sinapse está envolvida.

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O reflexo inicia com um estímulo mecânico no tendão patelar. Os impulsos
nervosos são conduzidos por neurônios sensitivos ou aferentes até o sistema
nervoso central. A informação atinge a medula espinhal que envia uma resposta
por neurônios motores ou eferentes até o músculo efetuador, cujo tendão foi
batido/estirado. O músculo se contrai levemente em resposta aos impulsos
nervosos que caminham ao longo dessa via nervosa motora.

Já os reflexos polissinapticos variam de simples reflexo de estiramento,


a reflexos mais complexos que envolvem vários segmentos da medula espinhal
ou vários centros no cérebro. Eles são muito mais comuns que os reflexos de
estiramento. Apresentam neurônios de associação que medeiam a transferência
de excitação dos neurônios sensitivos para os neurônios motores.

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Sistema Nervoso Central:

O sistema nervoso central é composto de bilhões de


células nervosas e gliais, juntamente com vasos
sanguíneos e uma pequena quantidade de tecido
conjuntivo.
O encéfalo, terminação principal
aumentada do sistema nervoso central, ocupa o crânio
ou caixa encefálica. Representa cerca de 2% do peso
corporal, recebe cerca de um sexto do débito cardíaco
e tem um consumo de um quinto do oxigênio utilizado
pelo corpo em repouso, além de grande quantidade de
glicose necessária para as funções vitais.
O encéfalo humano apresenta três divisões, cada uma possuindo
componentes e subdivisões relativamente constantes. As três partes são o
prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. O prosencéfalo por sua vez,
apresenta duas subdivisões, o telencéfalo e o diencéfalo, formando a maior
porção do encéfalo, o cérebro. O rombencéfalo apresenta igualmente duas
subdivisões, o metencéfalo e o mielencéfalo, sendo que do metencéfalo se
forma o cerebelo e a ponte, enquanto do mielencéfalo se origina o bulbo.
A última porção do sistema nervoso central que segue inferior ao
bulbo, emergindo ao nível do forame magno e situada no canal vertebral, é a
medula espinhal.

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Cérebro:

Porção do encéfalo que compreende uma pequena parte, o


diencéfalo e uma porção maciça, o telencéfalo. O telencéfalo, sinônimo de
hemisférios cerebrais (direito e esquerdo), cuja superfície apresenta giros ou
dobras (circunvoluções da superfície do cérebro), sulcos (depressões rasas
entre os giros), e as fissuras (depressões profundas entre os giros). A
conexão principal entre os dois hemisférios cerebrais é o corpo caloso.

O cérebro do homem, cortado em uma fatia, apresenta uma camada


externa de cor cinzenta, formado em sua maior parte por corpos celulares, o
córtex cerebral. O córtex cobre inteiramente os dois hemisférios cerebrais.

Um corte em profundidade no cérebro mostra que a superfície


cinzenta tem espessura que varia de 01 a 04 mm. A maior parte é composta por
células nervosas que recebem impulsos dos pontos mais distintos do corpo e os
retransmitem ao destino certo. Mas, o cérebro desempenha funções altamente
diversificadas e por isso mesmo, as células que o constituem também são
especializadas. Tipos diferentes de neurônios são distribuídos através de
diferentes camadas no córtex cerebral dispostas de tal forma a caracterizar
as várias áreas dos hemisférios, cada qual com sua função.

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O córtex cerebral é dividido em lobos, compreendendo cada um ao


osso do crânio com que guardam relações. Assim temos um lobo frontal,
próximo ao osso frontal do crânio (a partir do sulco central para frente),
responsável pela elaboração do pensamento planejado, programação das
necessidades individuais e emoção. O lobo parietal, próximo ao osso parietal (a
partir do sulco central para trás), responsável pela sensação de dor, tato,
gustação, temperatura e pressão. Também estão relacionadas com a lógica
matemática. O lobo temporal, próximo ao osso temporal (abaixo da fissura

lateral), é relacionado primariamente com os sentido da audição, possibilitando


o reconhecimento de tons específicos e intensidade do som. Esta área também
exibe um papel no processamento da memória e emoção como a raiva,
hostilidade e preservação da espécie. O lobo occiptal, próximo ao osso occiptal
(se forma na linha imaginária do final do lobo temporal e parietal), é
responsável pelo processamento da informação visual.

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Um quinto lobo, situado ao redor da junção do hemisfério cerebral


e tronco encefálico, o lobo límbico, está envolvido com o processamento da
memória, aspectos do comportamento emocional e sexual.

O interior dos hemisférios


cerebrais, incluindo o diencéfalo,
contém estruturas de substâncias
cinzentas, os núcleos da base. Estes
núcleos são o corpo estriado, o globo
pálido e o claustro. O Corpo Estriado,
responsável pelos movimentos
intencionais e grosseiros do organismo,
como a posição do corpo e movimentos
dos braços. O Globo Pálido regula o
tônus muscular, iniciado no córtex
cerebral. Já a função do Claustro é
desconhecida.
O diencéfalo inclui
os tálamos, o
hipotálamo, o corpo
pineal ou epífise. Os
tálamos são duas
grandes massas de
substância cinzenta
situadas a cada lado
do III ventrículo.
Funcionam na
regulação e
manutenção do estado
de consciência. A
região logo abaixo de
cada tálamo, o
hipotálamo, contém as
células neurossecretoras que controlam a glândula hipófise, regula a
temperatura corpórea, a atividade sexual, o apetite, a sede, as atividades
gastrintestinais e as emoções (raiva e o medo). O corpo pineal ou epífise está
localizado abaixo do corpo caloso. Seu papel como glândula endócrina é ainda
mal conhecido. Pesquisas científicas mostram que os hormônios epifisários
regulam as reações do organismo a luz e a obscuridade (a luz inibe a
transformação da serotonina em melatonina).
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Determinada região encontrada no cérebro, denominada sistema


límbico envolvido na formação das emoções, e constituído pela área pré-
frontal, além de importantes grupamentos subcorticais: amígdala, tálamo,
hipotálamo, fórnix, giro do hipocampo, área septal, núcleos basais do
prosencéfalo e formações do tronco encefálico.

É importante destacar que as estruturas envolvidas com a emoção se


interligam intensamente, e que nenhuma delas é exclusivamente responsável
por este ou aquele tipo de estado emocional. No entanto, algumas contribuem
mais que as outras para esse ou outro determinado tipo de emoção.
A amígdala (corpo amigdalóide), uma pequena estrutura situada
dentro da região anterior e inferior do lobo temporal, se interconecta com o
hipocampo, os núcleos septais, a área pré-frontal e o tálamo. Essas conexões
garantem seu importante desempenho na medição e controle das atividades
emocionais de ordem maior, como amizade, amor, afeição, e principalmente, nos
estados de medo, ira e de agressividade. A amígdala é fundamental para a
autopreservação, por ser o centro identificador do perigo, gerando medo e
ansiedade. A destruição das amígdalas (são duas uma para cada hemisfério
cerebral), faz, entre outras coisas, com que o indivíduo perca o sentido afetivo
da percepção de uma informação vinda de fora, como a visão de uma pessoa
conhecida. Ele sabe que está vendo, mas não sabe se gosta ou desgosta da
pessoa em questão.

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O hipocampo envolvido com os fenômenos de memória, em especial com a


formação da chamada memória de longa duração (aquela que persiste, às vezes
para sempre).
O fórnix e o giro hipocampal são importantes vias de conexão do
sistema límbico.

O giro do cíngulo está situado na face medial do cérebro, entre o sulco do


cíngulo e o corpo caloso (principal feixe nervoso ligando os dois hemisférios
cerebrais). Há ainda muito por conhecer a respeito desse giro, mas sabe-se que
a sua porção frontal coordena odores, e visões com memórias agradáveis de
emoções anteriores. Está região participa ainda, da reação emocional à dor e da
regulação do comportamento agressivo.

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A área tegmental ventral, na parte mesencefálica (superior do tronco


encefálico), onde neurônios dessa região produzem sensações de prazer,
algumas similares ao orgasmo. Indivíduos que apresentam, por defeito
genético, nessa área, tornam-se incapazes de se sentirem recompensados pelas
satisfações comuns da vida e buscam alternativas “prazerosas” atípicas e
nocivas como, por exemplo, o alcoolismo, cocainismo, compulsividade por
alimentos doces e pelo jogo desenfreado.
O septo situado anterior ao tálamo, onde se encontram os
centros do orgasmo (04 para as mulheres e 01 para os homens). Certamente
por isso, esta região se relaciona com as sensações de prazer, principalmente
aquelas associadas às experiências sexuais.

A área pré-frontal compreende toda a região anterior não motora do lobo


frontal. Desempenha importante papel na gênese e, especialmente na
expressão dos estados afetivos.

Em uma secção
transversal feita no cérebro,
é fácil ver as áreas cinzentas
e brancas. O córtex cerebral
e outras células nervosas são
cinzentos, e as regiões entre
elas, brancas. A coloração
acinzentada é produzida pela
agregação de milhares de
corpos celulares, enquanto que
a cor branca é a cor de
mielina. A cor branca revela a
presença de feixes de
axônios, passando pelo
cérebro, mais em que outras
regiões, nas quais as conexões
estão sendo feitas.
Nenhum neurônio
tem conexão direta com
outro. No final do axônio
encontram-se filamentos
terminais, e estes próximos a outros neurônios. Eles podem estar próximos aos
dendritos de outros neurônios, ou próximos ao corpo celular.

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Tronco Encefálico:

Compreende o mesencéfalo,
ponte e bulbo (medula
oblonga). É importante
assinalar que, estruturas do
tronco encefálico são
responsáveis não só dos
mecanismos de alerta, vitais
para a sobrevivência, mas
também do estado de vigília-
sono. Reações emocionais
envolvem o tronco
encefálico, participando do
sistema límbico. Estruturas
deste tronco como os
núcleos dos pares cranianos,
estimulados por impulsos
provenientes do córtex e do
corpo estriado, respondem
pelas alterações
fisionômicas dos estados
afetivos (expressão de raiva,
alegria, tristeza e ternura).

O mesencéfalo conecta o rombencéfalo com o prosencéfalo.


Funcionalmente, se relaciona com respostas a um som alto e alarmante. Com o
mesencéfalo estão associados o III e IV pares de nervos cranianos.

A ponte localiza-se entre o bulbo e o mesencéfalo, e é bem


destacada. Está situada anteriormente ao cerebelo e assemelha-se,
superficialmente, com uma ponte que une os dois hemisférios cerebelares. O V
par de nervos craniano está associado com a ponte. Os pares de nervos
cranianos, do VI ao VIII, estão situados na junção entre a ponte e o bulbo.

O bulbo é a parte inferior do tronco encefálico. Estão associados


do IX ao XII pares de nervos cranianos. O bulbo contém centros nervosos
muito importantes relacionados com as funções de respiração e circulação.

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Cerebelo:

O cerebelo está situado na


parte posterior do tronco encefálico,
alojado na fossa posterior da base do
crânio. Ele controla o equilíbrio, a postura
e o conjunto de movimentos automáticos.

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Ventrículos Encefálicos:

Os ventrículos encefálicos são cavidades no interior de várias


partes do encéfalo que se comunicam entre si, sendo que no interior dessas
cavidades contém o líquor. São eles: os ventrículos laterais, III e IV
ventrículos.

Os dois ventrículos laterais são os maiores de todos os ventrículos


do cérebro. Seu formato é irregular. Cada um consiste de uma parte central,
com corno anterior, posterior e inferior. O III ventrículo é uma estreita
fenda vertical situada no diencéfalo. Quanto ao IV ventrículo é uma cavidade
localizada posteriormente à ponte, à metade superior do bulbo, e
anteriormente ao cerebelo.

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Medula Espinhal:

A medula espinhal, uma longa e quase cilíndrica massa de tecido


nervoso, ocupando dois terços superiores do canal vertebral. Começando no
forame magno do crânio, a medula espinhal é a continuação distal do sistema
nervoso central. A medula termia em L1, aproximadamente, e a partir daí
segue-se à cauda eqüina.

Ao contrário do que ocorre nos


hemisférios cerebrais, a medula espinhal
consiste de uma massa central de
substância cinzenta disposto na forma de
um H, e de uma porção periférica de
substância branca, formando tractos
descendentes e ascendentes. À medida que
a medula prossegue distalmente, a
quantidade de substância branca é
reduzida com relação à substância
cinzenta, indicando que um número cad vez
maior de axônios saem à medida que a
medula desce.
Os 31 pares de nervos
espinhais, se originam na medula espinhal e
atravessam os forames intervertebrais das
vértebras adjacentes, sendo que estes
nervos formam o sistema nervoso
periférico.

A medula espinhal apresenta


funções sensitivas de uma
forma limitada, reflexos
espinhais sem ação dos
centros superiores do
encéfalo. Além disso,
transmite os impulsos
nervosos para o encéfalo.

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Meninges:

O sistema nervoso central é coberto por três membranas,


denominadas meninges. Essas camadas, que, de fora para dentro, são a dura-
máter, a aracnóide e a pia-máter. A dura-máter ou paquimeninge é a camada
que está intimamente relacionada com o tecido ósseo. A aracnóide e a pia-
máter são conhecidas como leptomeninges, sendo que a pia-máter está
intimamente relacionada com o tecido nervoso.
Entre essas camadas existem espaços. O espaço entre a dura-máter e a
aracnóide é denominada espaço subdural. Já o espaço entre a aracnóide e a
pia-máter, o espaço subaracnóideo, contém o líquor.

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Líquido Cerebroespinhal (LCE):

O líquor é elaborado continuamente


por vasos capilares sanguíneos especializados, o
plexo corióide, no interior dos ventrículos
encefálicos. O líquor de todas as suas origens flui
para o espaço subaracnóideo, sendo que precisa ser
constantemente reabsorvido. Isso ocorre pela
circulação sanguínea através das granulações
aracnóides que o lançam no seio sagital superior, no
topo da cavidade do crânio.
Suas funções em proteger o encéfalo e
a medula espinhal por muitos danos químicos e
substâncias biológicas pela barreira hemato-
encefálica, situada entre o sangue e o líquor. Serve
para reduzir ao mínimo lesões devidas a choques na
cabeça e no pescoço.

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Sistema Nervoso Periférico:

A parte periférica do sistema nervoso consiste de nervos, gânglios


e terminações nervosas.
Os nervos são constituídos pelos axônios que se acham rodeados
por um tecido conjuntivo. Os axônios levam ou trazem os impulsos nervosos
para o sistema nervoso central. A maioria dos nervos é mista, ou seja,
compostos de fibras nervosas sensitivas que conduzem a informação da
periferia do corpo para o sistema nervoso central, e fibras nervosas motoras
que levam a resposta elaborada pelo sistema nervoso central à periferia do
corpo.
Os gânglios são denominados acúmulos de corpos de neurônios que
se apresentam como dilatações no percurso de um nervo. Os gânglios podem
ser sensitivos/somáticos ou motores/viscerais.
As terminações nervosas são as extremidades das fibras nervosas
motoras e sensitivas. Nas fibras nervosas motoras, denominadas placas
motoras, produzem movimentos. Nas fibras nervosas sensitivas, recebem
estímulos físicos ou químicos na superfície ou interior do corpo e os levam para
o sistema nervoso central.

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Nervos Espinhais:

Os nervos espinhais conectam-se com a medula espinhal, deixando


o canal vertebral através dos forames intervertebrais. O primeiro par de
nervos cervical emerge entre o osso occiptal e o Atlas.
Subdivide-se em 31 pares, e inervam o tronco, membros superiores
e inferiores e parte da cabeça. São 08 cervicais, 12 torácicos, 05 lombares, 05
sacrais e 01 coccígeo.

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Nervos Cranianos:

Os nervos cranianos conectam-se com o encéfalo, onde a maioria


emerge do tronco encefálico, exceto o I par que está relacionado com o
telencéfalo, e o II par que está relacionado com o diencéfalo. Inervam a
cabeça e parte do pescoço, sendo que participam do sistema sensorial e do
sistema neurovegetativo.

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Sumário dos Nervos Cranianos:

Origem no Componentes
Nome Principais Funções
Encéfalo Principais
I – Olfatório Telencéfalo Sensitivo Olfato
II – Óptico Diencéfalo Sensitivo Visão
III -
Mesencéfalo Motor Movimentos dos olhos
Oculomotor
IV - Troclear Mesencéfalo Motor Movimentos dos olhos
Principais movimentos da
V - Trigêmeo Ponte Misto mandíbula/Sensibilidade da
cabeça
VI - Abducente Ponte Motor Movimentos dos olhos
Expressão facial/Secreção de
VII – Facial Ponte Misto
lágrimas e saliva/Gustação
VIII –
Ponte /
Vestíbulo- Sensitivo Equilíbrio/Audição
Bulbo
coclear
Elevação da faringe/Secreção
IX - de saliva/Sensibilidade da
Bulbo Misto
Glossofaríngeo língua/Gustação/Sensibilidade
da orelha externa e média
Movimentos da
laringe/Movimentos e
secreção das vísceras
X – Vago Bulbo Misto torácicas e
abdominais/Sensibilidade da
faringe, laringe e vísceras
torácicas/Gustação
Movimentos da faringe e
laringe/Movimentos dos
músculos
XI - Acessório Bulbo Motor esternocleidomastóideo e
trapézio/Movimentos e
secreção das vísceras
torácicas e abdominais
XII -
Bulbo Motor Movimentos da língua
Hipoglosso

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Apostila de Anatomia Básica

Organização Funcional do Sistema Nervoso:

O sistema nervoso do ponto de vista funcional se divide em


sistema nervoso somático e sistema nervoso visceral. O sistema nervoso
somático consiste na vida de relação com o meio externo. Seu componente
aferente conduz impulsos nervosos do meio externo ao sistema nervoso
central, enquanto seu componente eferente conduz impulsos nervosos aos
músculos estriados esqueléticos, resultando em movimento e integração com o
meio externo.
O sistema nervoso visceral ou vegetativo consiste na vida de
relação com o meio interno. Seu componente aferente conduz impulsos
nervosos originados nos receptores das vísceras, enquanto seu componente
eferente conduz impulsos nervosos até as estruturas viscerais, terminando em
glândulas, músculo liso ou músculo estriado cardíaco. O sistema nervoso
visceral aferente não é consciente. O sistema nervoso visceral eferente ou
autônomo é dividido em duas partes antagônicas: o sistema simpático e o
sistema parassimpático.

Diferenças entre o SNS eferente e o SNA:

SNS EFERENTE SNA


Termina nos músculos estriados Termina em músculos lisos ou músculo
esqueléticos estriado cardíaco ou glândula
Voluntário Involuntário
Neurônio pré-ganglionar (medula ou
Único neurônio efetuador tronco) e neurônio pós-ganglionar (no
gânglio)
Placas motoras Não há placas motoras

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Apostila de Anatomia Básica
Ação do Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático:

Órgão Simpático Parassimpático


Íris Midríase Miose
Glândula lacrimal Vasoconstrição Secreção abundante
Glândulas Secreção viscosa/Pouco Secreção
salivares abundante/Vasoconstrição fluida/Abundante/Vasodilatação
Glândulas
Secreção Inervação ausente
sudoríparas
Músculos
eretores dos Ereção dos pêlos Inervação ausente
pêlos
Taquicardia/Dilatação das Bradicardia/Constrição das
Coração
coronárias coronárias
Brônquios Dilatação Constrição
Tubo digestivo Diminui o peristaltismo Aumenta o peristaltismo
Contração da
Bexiga urinária Nenhuma ação
parede/Esvaziamento
Genitália
Vasoconstrição/Ejaculação Vasodilatação/Ereção
masculina
Glândula adrenal Secreção de adrenalina Nenhuma ação
Veicula a ação inibidora da
Glândula pineal Ação desconhecida
luz ambiente
Vasos de sangue Vasoconstrição Nenhuma ação

Vascularização do Encéfalo:

A irrigação sanguínea do encéfalo é realizada pelas artérias


vertebrais e carótidas internas, cujos ramos formam o círculo arterial
cerebral (de Willis), na base do encéfalo. A artéria vertebral (ramo da artéria
subclávia, dirigindo-se para cima através dos forames das seis vértebras
cervicais superiores), entra no crânio pelo forame magno e une-se com a
artéria vertebral do outro lado para formarem a artéria basilar na linha
mediana da face ventral da ponte. Divide-se nas duas artérias posteriores do
cérebro, sendo que cada uma delas une-se à artéria carótida interna pela
artéria comunicante posterior.

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Apostila de Anatomia Básica

A artéria carótida interna se divide em artéria média do cérebro


(que se coloca lateralmente ao sulco lateral do córtex do cérebro), e artéria
anterior do cérebro (que se une à artéria anterior do cérebro do outro lado
pela pequena artéria comunicante anterior e dirige-se para a face medial do
hemisfério do cérebro). Independente dos ramos para o córtex, para o tronco
do encéfalo e para o cerebelo, existem, ainda, pequenos mas altamente
importantes ramos estriados das artérias anterior e média do cérebro que
penetram na substância do cérebro para suprir a cápsula interna.
Várias veias do cérebro, que em geral não acompanham as artérias,
drenam em seios venosos adjacentes. Como as veias do coração, elas
singularmente não são afetadas por doenças.

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Apostila de Anatomia Básica

Sistema Cardiovascular

Conceito: O crescimento e a manutenção da vitalidade do organismo são


proporcionados pela adequada nutrição celular. Caracterizam-se assim,
diversas funções realizadas pelo sistema cardiovascular: Promove a
chegada de nutrientes e oxigênio as células de todo o organismo, recolhem
produtos do metabolismo celular e enviam para órgãos responsáveis por sua
excreção (rins, pulmões, intestinos e pele). Possui células que defendem o
organismo contra a invasão de substâncias estranhas e microrganismos,
além de levar hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas, manter a
temperatura corpórea e ser uma via medicamentosa. Tudo isso é realizado
através do sangue circulante no interior dos vasos sanguíneos.

Portanto, o sistema cardiovascular está constituído por um sistema


sanguíneo – composto pelos vasos condutores de sangue e o coração; por
um sistema linfático – composto por vasos condutores de linfa e órgãos
linfóides.

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Apostila de Anatomia Básica
Coração:

O coração (o adjetivo cardíaco provém do grego Kardia, que


significa coração). Consiste de uma bomba muscular do sistema cardiovascular,
que se encontra no interior da caixa torácica, estando posterior ao osso
esterno e anterior às vértebras torácicas (vértebras de Giacomini). Está
situado no mediastino médio e repousa sobre o músculo diafragma. Apresenta
uma base superior, onde estão os grandes vasos da base, e um ápice inferior.
Seu eixo longitudinal maior forma com a horizontal um ângulo aproximado de
quarenta graus. O coração tem situação predominante para o lado esquerdo do
plano mediano (dois terços), sendo que para o lado direito do plano mediano (um
terço).
Apresenta quatro câmaras cardíacas – átrios (direito e esquerdo),
e ventrículos (direito e esquerdo). A circulação pulmonar envolve as câmaras
do lado direito do coração, levando o sangue dos pulmões e o devolve para o
coração. A circulação sistêmica envolve as câmaras do lado esquerdo do
coração, levando o sangue para todo o organismo.

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Apostila de Anatomia Básica
Anatomia Externa do Coração e Vasos da Base

O coração fixado é comumente descrito como tendo um ápice, uma


base e três faces: esternocostal, diafragmática e pulmonar ou esquerda.
A base do coração é formada pelos átrios. As veias cavas superior
e inferior, e as veias pulmonares penetram no coração pela base,
respectivamente no átrio direito (veias cavas superior e inferior), e no átrio
esquerdo (veias pulmonares). Cada átrio se continua anteriormente de cada
lado da artéria aorta e do tronco da artéria pulmonar, como um apêndice em
forma de orelha, a aurícula. Estudos evidenciam as aurículas com sendo pré-
câmaras cardíacas, diminuindo assim a velocidade de chegada do sangue nas
câmaras atriais.
Os átrios e os ventrículos são separados pelo sulco coronário ou
atrioventricular, que aloja o seio coronário, a artéria coronária direita e a
terminação da artéria coronária esquerda.

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Apostila de Anatomia Básica

A face esternocostal do coração é formada, sobretudo pelo


ventrículo direito com o tronco da artéria pulmonar na parte superior. A face
pulmonar ou esquerda é formada principalmente pelo ventrículo esquerdo, que
produz a impressão cardíaca na face medial do pulmão esquerdo. A artéria
aorta encontra-se na parte superior do ventrículo esquerdo e à direita do
tronco da artéria pulmonar. Assim, a ordem dos três grandes vasos da base na
parte superior do coração, da direita para a esquerda, é: veia cava superior,
artéria aorta e tronco da artéria pulmonar. Já a face diafragmática é formada
por ambos os ventrículos, repousando principalmente sobre o músculo
diafragma.

Margens do Coração:

A margem direita é formada pelo átrio direito, que vai da terceira


cartilagem costal à sexta cartilagem costal na margem direita do osso esterno.
A margem inferior é formada principalmente pelo ventrículo direito com o
ventrículo esquerdo (ápice) na margem esquerda, e vai da sexta cartilagem
costal direita ao quinto espaço intercostal esquerdo, aproximadamente 09
centímetros da linha mediana; esse é o local onde o batimento cardíaco do
ápice pode ser percebido na parede do tórax. A margem esquerda é formada
pelo ventrículo esquerdo, com a aurícula esquerda na extremidade superior, e
vai do ápice à segunda cartilagem costal esquerda, na margem lateral do osso
esterno.

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Apostila de Anatomia Básica

Anatomia Interna dos Átrios:

Os átrios são considerados câmaras cardíacas pequenas,


localizadas na região superiores do coração. Os átrios direito e esquerdo
normalmente não se comunicam um com o outro, estando separados pelo septo
interatrial.
As superfícies internas de ambas as aurículas são enrugadas por
elevações musculares, os músculos pectíneos. A superfície interna do átrio
esquerdo é lisa, enquanto a do átrio direito é parcialmente enrugada pelos
músculos pectíneos que se estendem da aurícula direita.

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Apostila de Anatomia Básica

Anatomia Interna dos Ventrículos:

Os ventrículos são considerados câmaras cardíacas grandes, localizados


próximos ao ápice do coração. Assim, como os átrios, nem os ventrículos direito
e esquerdo se intercomunicam estando separados pelo septo interventricular.
O fato de a pressão arterial ser muito mais alta na circulação sistêmica do
que na pulmonar, o ventrículo esquerdo realiza mais trabalho, e sua parede
(miocárdio) é, normalmente mais que o dobro da espessura da parede do
ventrículo direito.
Em ambos os ventrículos são implantados na parede ventriculares, os músculos
papilares. Seus ápices são continuados por cordas tendíneas fibrosas que se
prendem as margens das cúspides das valvas atrioventriculares (valvas mitral
e tricúspide). Elas impedem que as cúspides evertam para o interior dos átrios
quando os ventrículos se contraem e asseguram, assim, que o sangue escoe
através das valvas semilunares (aorta e do tronco pulmonar).

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Apostila de Anatomia Básica
Fluxo Cardíaco:

O sangue proveniente da cabeça e das extremidades superiores,


assim como do tronco e das extremidades inferiores, retorna através das veias
cavas superior e inferior, respectivamente, para o átrio direito. Daí passa para
o ventrículo direito. À medida que o ventrículo direito se contrai, a valva
tricúspide se fecha, impedindo o fluxo de sangue retrógrado do sangue para o
átrio. Ao mesmo tempo, a valva pulmonar se abre e canaliza o sangue, através
do tronco da artéria pulmonar, na direção dos pulmões. Ao retornar dos
pulmões, através das veias pulmonares, o sangue é lançado dentro do átrio
esquerdo e, a seguir, do ventrículo esquerdo. Aqui a distribuição das valvas é a
mesma observada no ventrículo direito, entretanto a valva mitral ou bicúspide
se fecha para impedir o fluxo retrógrado para dentro do átrio esquerdo, e a
valva da aorta se abre, dirigindo o sangue para todo o organismo.

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Apostila de Anatomia Básica
Vascularização do Miocárdio:

Como qualquer tecido, o músculo cardíaco (miocárdio), também


necessitam de suprimento sanguíneo, a fim de fornecer-lhe oxigênio e remover
os produtos de desgaste. A irrigação do coração é denominada circulação
coronária. O músculo cardíaco é irrigado por duas artérias principais, a artéria
coronária direita e a artéria coronária esquerda. Estas se originam na aorta,
imediatamente acima da valva da aorta, e circundam o coração. Elas se
anastomosam, isto é, se intercomunicam, na superfície posterior do coração. Ao
longo de seu trajeto emitem ramificações, de forma que o miocárdio como um
todo é irrigado por uma rica rede de tecido vascular. A artéria coronária
direita entra na parte direita do sulco coronário, emitindo um grande ramo
marginal, em geral próximo à margem inferior do coração, e um ramo
interventricular posterior na face inferior.
A artéria coronária esquerda, após um pequeno trajeto atrás do
tronco da artéria pulmonar, continua na parte esquerda do sulco coronário
como artéria circunflexa, após emitir o ramo interventricular anterior, que
desce pelo sulco interventricular anterior.
As veias do coração, em geral, acompanham as artérias e drenam
no seio coronário, na parte posterior do sulco coronário. O seio se abre na
parte inferior do átrio direito, próximo da abertura da veia cava inferior, que,
por sua vez, lança o sangue venoso diretamente no átrio direito do coração.

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Apostila de Anatomia Básica
Complexo Estimulador do Coração (Sistema de Condução):

O coração possui um ritmo contrátil inerente. Isso equivale a dizer


que, se todos os nervos que inervam o coração forem seccionados, o coração
ainda continuará gerando impulsos nervosos que o induzirão a se contrair de
maneira rítmica. Habitualmente, esse auto-ritmo tem origem numa área
especializada de tecido denominada nó sino-atrial; entretanto, todo o tecido
cardíaco possui essa propriedade. O nó sino-atrial localiza-se na parede
posterior do átrio direito. O batimento cardíaco normal tem início no nó sino-
atrial, portanto apresenta a capacidade de auto-excitação, controla a
freqüência cardíaca e recebe a designação de marcapasso do coração.
A partir do nó sino-atrial, o impulso nervoso propaga-se através
dos átrios pelas vias internodais, cuja função além da condução, consiste na
inervação dos átrios (direito e esquerdo) e do septo interatrial. A seguir, o
impulso proveniente dos átrios ativa outra área especializada do coração,
denominado nó (nodo) átrio-ventricular. Este também se localiza no átrio
direito, próximo a valva tricúspide. Inerva o septo átrio-ventricular, sendo o
local do retardo. Dessa forma, fibras nervosas possibilitam que o átrio e o
ventrículo não contraiam ao mesmo tempo. Do nó átrio-ventricular sai um feixe
desse mesmo tipo de tecido especializado na condução, denominado Fascículo
Atrioventricular (feixe de Hiss), que se estende para os ventrículos direito
(ramo direito do feixe) e esquerdo (ramo esquerdo do feixe). Sua função é
inervar o septo interventricular. Esses feixes dão origem a muitos ramos, onde
pequenos grupos de células condutoras terminais, os Ramos Subendocárdicos
(fibras de Purkinge), acabam alcançando todo o miocárdio ventricular,
produzindo sua contração.

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Apostila de Anatomia Básica

Pericárdio e Paredes do Coração:

O pericárdio uma formação sacular fibroserosa e resistente que envolve


todo o coração e as origens dos vasos da base, com o qual ocupa a maior parte
do mediastino médio. Compreende duas estruturas diferentes intimamente
ligadas entre si, ou seja, trata-se de um duplo saco, formado por um saco
fibroso externo, chamado pericárdio fibroso, e de um saco interno, o
pericárdio seroso.
O pericárdio seroso possui dupla parede, a externa denominada lâmina
(folheto) parietal e a interna, denominada lâmina (folheto) visceral.
O coração é constituído, de fora para dentro, de epicárdio, miocárdio e
endocárdio. O epicárdio é o pericárdio visceral (lâmina visceral), sendo
freqüentemente infiltrado de gordura. Os vasos coronários destinados ao
coração têm trajeto pelo epicárdio antes de atingir o miocárdio.
O miocárdio é composto principalmente de fibras musculares cardíacas.
Também contém o esqueleto de tecido conjuntivo que sustenta a musculatura e
lhe dá inserção. A espessura da camada do miocárdio é proporcional à
quantidade de trabalho que executa. Os ventrículos trabalham mais do que os
átrios, e suas paredes são mais espessas. O endocárdio constitui o
revestimento endotelial liso do interior do coração.

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Apostila de Anatomia Básica
Vasos Sanguíneos:

Os vasos sanguíneos consistem num sistema fechado de tubos que


transportam o sangue do coração para todas as partes do corpo e trazem de
volta ao coração. Os principais tipos de vasos sanguíneos são as artérias e as
veias. Portanto, as artérias são vasos de sangue que deixam o coração,
enquanto as veias são vasos de sangue que circula da periferia em direção ao
coração.
As artérias possuem uma coloração amareladas ou cinzento-azuladas no
indivíduo vivo e caracterizam-se pela sua pulsação. Quando cortada, a artéria
sangra em esguicho; também encurta e, se não for de grande calibre, suas
extremidades se retraem de modo a estancar a hemorragia.
As veias têm uma coloração azul-escura no indivíduo vivo. Normalmente não
pulsam, e por isso a hemorragia não ocorre em esguicho. As veias são mais
numerosas do que as artérias, entretanto há exceções: no pênis e no cordão
umbilical existem duas artérias para uma veia.
Com base na sua estrutura, as artérias são classificadas em grandes ou
elásticas; de distribuição, de tamanho médio ou muscular; e arteríola. As
artérias elásticas incluem a aorta, o tronco braquiocefálico, a artéria carótida
comum, a subclávia e as artérias pulmonares. As artérias musculares são os
ramos e as continuações das artérias elásticas. As arteríolas consistem nas
menores divisões das artérias.
A parede dos vasos sanguíneos (exceto os capilares) é tri-estratificada e
seus nomes de fora para dentro, portanto em direção ao lúmen ou luz são:
túnica adventícia ou externa, túnica média e túnica íntima.
veias artérias

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Sistema Linfático:

Intimamente ligado ao sistema cardiovascular, o sistema linfático consiste de


órgãos linfóides (timo, baço, tonsilas e linfonodos), e vasos linfáticos, onde em
seu interior percorre a linfa.
Os linfonodos variam em tamanho, forma e cor. Ocorrem comumente em
grupos, embora às vezes possam estar isolados. Localiza-se com freqüência, ao
longo do trajeto dos vasos sanguíneos, sendo que muitos se situam em várias
regiões profundas do corpo.
Os linfonodos da região inguinal podem geralmente ser palpados; os de
algumas outras regiões serão percebidos se estiverem aumentados. Crescem
rapidamente até o fim da infância, depois do que diminuem tanto no peso
absoluto quanto no relativo. Podem ficar intumescidos, ainda como reação à
inflamação. Os linfonodos diminuem de tamanho durante a má nutrição e após a
irradiação.

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Apostila de Anatomia Básica

As tonsilas massas de tecido linfóide que se encontram na parte oral da


faringe entre os arcos palatoglosso e palatofaríngeo (em conjunto chamado
istmo das fauces). A mucosa na superfície da faringe contém numerosas
criptas que podem se infeccionar, especialmente em crianças. As tonsilas
palatinas, a tonsila faríngea na parte posterior da parte nasal da faringe e a
tonsila lingual na base da língua formam um anel protetor de tecido linfóide no
início dos sistemas digestório e respiratório, sendo assim, apresentam como
função uma defesa adicional contra invasão de microorganismos.
O timo responsável pela produção de linfócitos T encontra-se anterior aos
grandes vasos e superior do pericárdio. Parece ser uma estrutura única, mas na
realidade apresenta dois lobos aplicados uma ao outro. Atinge seu maior
tamanho na infância, regredindo posteriormente, mas permanece ativo ao longo
da vida. A função do hormônio do timo ainda está sendo esclarecida. Há
evidências de que atue sobre as células de sangue mesmo após terem deixado a
glândula.
O baço, o maior dos órgãos linfóides, encontra-se coberto pela metade
esquerda do músculo diafragma (que o separa da pleura e das costelas 9-11), ao
longo da margem lateral da parte superior do rim esquerdo e atrás do
estômago. É recoberto por peritônio, cujas pregas o fixam ao rim e ao
estômago respectivamente. Apresenta duas faces distintas, relacionadas com o
músculo diafragma, a face diafragmática e a face visceral (relacionada com as
vísceras), onde se verifica a presença do hilo do baço por onde penetram vasos
de sangue e nervos. Entre várias funções, o baço serve como reservatório de
sangue, destrói e produz células de sangue, filtra o sangue e realiza a defesa
contra microrganismos.

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Apostila de Anatomia Básica

Sistema Esquelético
Conceito: O esqueleto consiste de ossos e cartilagens, dá sustentação ao
corpo e proteção para alguns órgãos, especialmente o encéfalo e a medula
espinhal, alojados na cavidade craniana e no canal vertebral. Também age
com armazém para minerais como o cálcio, fósforo, sódio e potássio
estocados no esqueleto. Podem ser mobilizados e distribuídos pelo sistema
vascular sanguíneo, assim que necessário pelo organismo (exemplo: durante
a gestação, o cálcio é removido do esqueleto da mãe e usado no
desenvolvimento dos ossos do feto, caso a dieta da mãe não inclua
quantidade suficiente de cálcio). Serve como local de formação das células
de sangue. O esqueleto humano é considerado um endoesqueleto, colocado
entre os tecidos moles do corpo, sendo uma estrutura viva capaz de
crescer, se adaptar e se reparar.Os ossos constituem a estrutura
sustentadora do corpo (esqueleto). O mais duro entre todos os tecidos
vivos apresenta coloração esbranquiçada, resistentes e cujas formas são
variáveis.

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Apostila de Anatomia Básica

Divisão do Esqueleto:

O esqueleto pode ser dividido em duas grandes porções. O


esqueleto axial é a principal estrutura de sustentação do corpo e é orientado
ao longo de seu eixo longitudinal mediano. Inclui o crânio, vértebras, esterno,
costelas e o osso hióide. Esta parte do esqueleto é mais rígida do que o
esqueleto apendicular. Os ossos do esqueleto apendicular formam uma
estrutura que permite liberdade de movimentos para os membros superiores e
inferiores. A união entre estas duas porções se faz por meio das cinturas
escapular e pélvica. A cintura escapular (cíngulo do membro superior) que é o
elo de ligação do esqueleto axial aos membros superiores, formada pela
clavícula e escápula. Já a cintura pélvica (cíngulo do membro inferior) é o elo de
ligação do esqueleto axial aos membros inferiores, formada pelos ossos do
quadril (direito e esquerdo), e a porção terminal da coluna vertebral (sacro e
cóccix).

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Apostila de Anatomia Básica

Número de Ossos:

No indivíduo adulto, idade na qual se considera completa o


desenvolvimento orgânico, o número de ossos é de 206. Este número, no
entanto, pode variar de acordo com alguns critérios.
O fator etário (do nascimento à senilidade), há uma diminuição do
número de ossos. Isto se dá ao fato de que, certos ossos, no recém-nascido,
são formados de partes ósseas que se fundem durante o desenvolvimento dos
indivíduos até formar um único osso no adulto. Um exemplo ocorre entre os
ossos do crânio, onde as suturas são calcificadas.
O fator individual é um outro critério na variação do número de
ossos. Em alguns indivíduos pode haver persistência da divisão do osso frontal
no adulto, através da sutura denominada metópica.
Os anatomistas utilizam às vezes critérios muito pessoais para
fazer a contagem dos ossos do esqueleto, e isto explica a divergência de
resultados quando comparamos, como exemplo pode citar os ossículos da orelha
média.

Classificação Morfológica dos Ossos:

Há várias maneiras de classificar os ossos, entretanto a mais


difundida é aquela que leva em consideração à forma dos ossos, classificando-
se segundo a predominância de uma de suas dimensões sobre as outras. Assim,
reconhecem-se os ossos longos, curtos, planos e irregulares.

Os ossos longos são aqueles nos quais o comprimento excede a


largura e a espessura. Apresentam duas extremidades, denominadas epífises, e
um corpo ou diáfise. A diáfise geralmente apresenta uma cavidade central, a
cavidade medular. Exemplos de ossos longos são o fêmur e o úmero.

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Apostila de Anatomia Básica

As principais dimensões dos ossos curtos são aproximadamente


iguais. Encontradas nas mãos e nos pés, consistem em osso esponjoso e medula
óssea envolvidas por uma fina camada de osso compacto. Exemplos de ossos
curtos incluem os ossos do tarso e do carpo.

Os ossos que apresentam o comprimento e a largura equivalentes,


predominando sobre a espessura são classificados como planos. Consistem de
duas placas de osso compacto, com osso esponjoso e medula óssea localizadas
entre as placas. Exemplos de ossos planos são os ossos do crânio, esterno e a
escápula.

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Apostila de Anatomia Básica

Os ossos irregulares como os ossos faciais e as vértebras são geralmente


ossos que apresentam uma morfologia complexa que não se encaixam em
formas geométricas conhecidas.

Entretanto, alguns ossos apresentam características específicas, e


alguns morfologistas classificam estes ossos de acordo com sua forma. Ocorre
nos ossos considerados sesamóides, pneumáticos e acessórios.

Os ossos sesamóides estão localizados entre tendões. Eles não


somente protegem o tendão, mas também aumentam a vantagem mecânica do
músculo envolvido através de uma ampliação no sítio de inserção muscular.
Exemplos de ossos sesamóides é a patela e os ossos conectados ao flexor curto
do polegar e flexor curto do hálux.

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Apostila de Anatomia Básica

Os ossos pneumáticos apresentam uma ou mais cavidades, de volume variável,


revestidas de mucosa e contendo ar. Estas cavidades recebem o nome de sinus
ou seios e estão comunicadas com a cavidade do nariz. Os ossos pneumáticos
apresentam como exemplos os ossos situados no crânio como o frontal,
etmóide, maxila e esfenóide. A porção mastóidea do osso temporal apresenta
os seios mastóideos, que são espaços aéreos revestidos por membrana mucosa.
Esses seios, que se comunicam com a cavidade do tímpano, dando ao osso a
características de um osso pneumatizado.

Os ossos acessórios são os que não estão presentes regularmente. Tais


ossos são em geral do tipo curto ou plano, sendo encontrados principalmente
nas mãos e nos pés. Incluem-se, no adulto, alguns ossos sesamóides
supranumerários e certas epífises não ossificadas.

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Arquitetura Óssea:

A epífise é a extremidade de um osso longo, sendo bastante


esponjosa e envolta por cartilagem articular. Está separada da diáfise por um
disco epifisário cartilaginoso de tamanho variável nos primeiros 20 anos de
vida. A maioria dos ossos se desenvolve a partir dos moldes de cartilagem. O
desenvolvimento ósseo ocorre na epífise e na diáfise, onde vagarosamente
ambas avançam em direção ao disco epifisário. A cartilagem afina de forma
progressiva até se tornar uma linha e por fim desaparece com os centros de
ossificação epifisária / diafisário se encontram ao final do crescimento ósseo.
A diáfise é o corpo do osso longo. Consiste de osso compacto com
uma cavidade central. Ela resiste a forças de flexão. A linha epifisária a separa
da epífise. O osso diafisário compacto desenvolve-se antes de haver
substituição da cartilagem por osso no interior do corpo. Ela oferece suporte
ao osso em desenvolvimento durante a formação da cavidade medular.
A única evidência remanescente do passado cartilaginoso de um
osso adulto é a cartilagem articular, caracterizada por ser lisa, deslizante,
avascular e mantida por um fluido, proveniente do revestimento sinovial da
cavidade articular. Os ossos de uma articulação sinovial fazem contato físico
em suas extremidades cartilaginosas.

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Apostila de Anatomia Básica

O periósteo é uma bainha fibrosa, vascular, altamente sensitiva


que mantém o osso vivo, fornecendo nutrição sanguínea para as células ósseas,
sendo também uma fonte de células para o desenvolvimento durante o
crescimento e após fraturas. Ele não cobre a cartilagem articular.

Pequenas trabéculas de osso formando treliças capazes de


reorientação, os ossos esponjosos resistem ao estresse de peso e mudanças
posturais, assim como ao desenvolvimento muscular. A medula óssea vermelha
ocupa os espaços entre as trabéculas de certas epífises ósseas, além de outros
locais. Ela é formada por massas de células sanguíneas brancas e vermelhas, em
desenvolvimento e maduras, sustentadas por um arranjo de fibras finas e
frouxas.
O osso denso da diáfise, o osso compacto, constitui-se de padrões
que se repetem de tecido ósseo sólido organizado em camadas concêntricas. A
cavidade medular da diáfise serve para diminuir o peso do osso e alojar a sua
medula. Após a infância, a produção de células sanguíneas cessa amplamente na
medula da diáfise e estas células são substituídas por gordura.
Como qualquer tecido vivo, os ossos também necessitam de
nutrientes e oxigênio. Portanto, ramos provenientes da artéria aorta são
responsáveis pela vascularização de um osso. Cada osso longo contém um túnel
oblíquo em seu corpo para a passagem de uma artéria nutrícia que entra na
cavidade medular e se ramifica irrigando a diáfise.

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Sistema Articular

Conceito: Os ossos unem-se uns aos outros para


constituir o esqueleto. As junturas ou articulações variam muito em
estrutura e disposição, sendo, freqüentemente, especializadas para
desempenhar determinadas funções. Não obstante, as junturas possuem
certos aspectos funcionais e estruturais em comum. Pode-se classifica-la
por seus aspectos mais característicos em três tipos principais: fibrosas,
cartilagíneas e sinoviais.

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Articulações Fibrosas:

Os ossos de uma articulação fibrosa (às vezes denominadas


sinartroses) estão unidos por tecido fibroso. Há dois tipos de articulações
fibrosas: as suturas e as sindesmoses. Pequeno ou nenhum movimento, com
poucas exceções, ocorre em qualquer dos tipos. A juntura entre um dente e um
alvéolo é denominada gonfose, sendo às vezes classificada como um terceiro
tipo de articulação fibrosa.

Nas suturas do crânio, os ossos estão ligados por várias camadas


fibrosas. Os mecanismos do crescimento ao nível dessas suturas são
especialmente importantes na adaptação do crescimento do encéfalo. As
suturas podem ser planas, onde a união é linear retilínea ou aproximadamente
retilínea, tendo como exemplo a articulação internasal. Uma segunda
classificação das suturas é as escamosas, onde a união é oblíqua, sendo um
exemplo a articulação parieto-temporal. A última classificação é as suturas
serreadas, onde a união é em linha denteada, trazendo com exemplo a sutura
sagital.

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A sindesmose é uma articulação fibrosa na qual o tecido conectivo


interposto é consideravelmente maior em quantidade de uma sutura. As
membranas interósseas que unem o Rádio e a Ulna, assim como aquelas que
unem a Tíbia e a Fíbula, são exemplos de sidesmoses. A articulação Tíbio-
Fibular Distal é um outro exemplo clássico.

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Articulações Cartilagíneas:

Os ossos das articulações cartilagíneas estão unidos por


cartilagem hialina ou por fibrocartilagem. As sincondroses apresentam tecido
que interpõe as peças ósseas de cartilagem hialina. Já as sínfises quando o
tecido que se interpõe é de cartilagem fibrosa. Permitem, às vezes,
movimentos limitados, como os discos intervertebrais entre os corpos das
vértebras e a sínfise púbica entre as extremidades anteriores dos dois ossos
do quadril. As junções entre as diáfises e as epífises dos ossos em
desenvolvimento também são do tipo de articulação cartilagínea, embora
desapareçam quando cessa o crescimento.

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Articulações Sinoviais:

As articulações sinoviais, freqüentemente denominadas


diartroses, possuem uma cavidade e são especializadas para permitir maior ou
menor liberdades de movimento. O elemento que se interpõe às peças ósseas
que se articulam é um líquido, denominado sinóvia ou líquido sinovial. Deste
modo o elemento que faz junção entre as peças esqueléticas é a cápsula
articular. O espaço entre a cápsula articular e a peça óssea é denominada
cavidade articular e é nela que se encontra o líquido sinovial.

A cápsula é reforçada externamente por ligamentos que, às vezes,


também são encontrados internamente. Por dentro, a cápsula articular está
forrada pela membrana sinovial que secreta uma pequena quantidade de líquido
sinovial. Esta membrana é bastante vascularizada e inervada.

As superfícies que mantém contato numa articulação sinovial são


denominadas de superfície articular, sendo revestida em toda a sua extensão
por cartilagem hialina, denominada cartilagem articular. Apresenta-se lisa,
deslizante, avascular, sem inervação e de cor esbranquiçada.

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Em várias articulações sinoviais, interpostas às superfícies articulares são


encontradas estruturas fibrocartilagíneas, denominadas meniscos. Servem à
melhor adaptação das superfícies que se articulam e destinadas a receber
violentas pressões, agindo assim como amortecedores.

Tipos de Articulações Sinoviais:

As articulações sinoviais são classificadas de acordo com a forma


das superfícies articulares dos ossos que as compõem. Essas formas
estabelecem o tipo de movimento e são parcialmente responsáveis pela
determinação do grau de movimento. Os tipos mais comuns de articulações
sinoviais são a plana, em dobradiça e condilar. As articulações esferóides,
elipsóides, em pivô ou selar são menos freqüentes.

As superfícies articulares de uma articulação plana são, em geral,


ligeiramente abauladas. Elas permitem resvalos ou deslizamentos em qualquer
direção ou a torção de um osso sobre outro. Ocorre nas articulações
intercárpicas.

O gínglimo é uma articulação uniaxial e só permite movimento num


único plano, sendo estes movimento limitado à flexão/extensão. Seus exemplos
são: tornozelo e articulações interfalangeanas.

A área articular de cada osso de uma articulação condilar consiste


em duas superfícies articulares distintas, cada uma denominada côndilo.
Embora semelhante ao gínglimo no tipo de movimento, esta articulação permite
várias modalidades de movimento. As articulações do joelho e a
temporomandibular são do tipo condilar.

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Na articulação esferóide ou enartrose, da qual a articulação do ombro é um


exemplo, uma superfície esferóide de um osso move-se dentro de um
receptáculo de outro osso, segundo três eixos. Flexão, extensão, adução,
abdução e rotação podem ocorrer, bem como a combinação desses movimentos,
denominada circundução. Outro exemplo ocorre na articulação do quadril.

A articulação elipsóide, que se assemelha a uma articulação


esferóide, as superfícies articulares são muito mais longas numa direção do
que na que lhe é perpendicular. A circunferência da articulação, dessa forma,
assemelha-se a uma elipse. Ela é biaxial e a articulação radiocárpica é um
exemplo.

A articulação em pivô ou trocóide, do qual a articulação radioulnar


proximal é um exemplo, sendo também uniaxial, porém o eixo é vertical e o osso
gira dentro de um anel ósseo. O movimento é limitado a rotação. Outro
exemplo, o crânio sobre o Atlas roda em torno de um processo odontóide no
áxis.

A articulação selar apresenta a forma de uma sela; um exemplo é a


articulação carpometacárpica do polegar, onde as superfícies articulares se
articulam uma com a outra. Trata-se de uma articulação biaxial.

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Tipos de Movimentos Articulares:

Os movimentos articulares são classificados conforme a natureza


de sua mobilidade. Nos movimentos angulares ocorre diminuição ou aumento do
ângulo entre os segmentos que se articulam no plano sagital. Quando há uma
diminuição do ângulo é denominada flexão. Já quando há um aumento do ângulo
é denominada extensão.
Caso no movimento articular o segmento é deslocado em direção ao
plano mediano é denominada adução. Em contra partida, quando é deslocado
afastando do plano mediano é denominada abdução.
O movimento em que o segmento gira em torno do eixo longitudinal,
mas não consegue atingir 360 graus é denominada rotação. Há dois tipos, a
rotação interna quando se gira medialmente, e a rotação externa quando se
gira lateralmente.
A combinação desses movimentos (flexão, extensão, adução,
abdução e rotação) resulta na circundução, onde o membro volteia de maneira a
circunscrever um cone.
Existem ainda, os movimentos especiais, onde na elevação ocorre a
suspensão de uma parte do corpo. Na depressão resulta no abaixamento de
uma parte do corpo. A inversão consiste na torção do pé de modo que a planta
fique voltada para dentro, enquanto na eversão ocorre a torção do pé de modo
que a planta fique voltada para fora. Outros movimentos especiais são a
protração e a retração. Na protração, o movimento desloca a parte do corpo
para frente, e na retração esse segmento desloca para a posição de origem.

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Sistema Muscular

Conceito: Nenhuma característica externa da vida animal é


tão peculiar quanto à do movimento. Este é efetuado por células
especializadas denominadas fibras musculares, cuja energia latente é ou
pode ser controlada pelo sistema nervoso. As fibras musculares
classificam-se em esqueléticas, cardíacas e lisas.

Os músculos esqueléticos são voluntários, devido ao fato


de poderem, quase sempre, ser controladas voluntariamente pelo
consciente do indivíduo. Entretanto, os músculos envolvidos na manutenção
da postura são controlados pelo sistema nervoso somático.A fibra muscular
esquelética apresenta um aspecto estriado característico ao microscópio,
por isso é referida como estriado esquelético. Os músculos estriados
esqueléticos estão fixados aos ossos do esqueleto, sendo responsáveis por
atividades como: andar, manipular objetos no meio externo, estática do
corpo humano, a posição e a postura do esqueleto.
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A musculatura lisa e a cardíaca, chamadas musculatura


involuntária, não estão geralmente sob o controle consciente do indivíduo
governado pelo sistema nervoso autônomo. A musculatura lisa, também
conhecida como musculatura visceral, pois é encontrada nas paredes dos
órgãos ocos e tubulares como o estômago, os intestinos e os vasos de
sangue. Suas células não apresentam estrutura estriada. O músculo
cardíaco, denominado miocárdio, é responsável por formar as paredes do
coração e apresenta fibras estriadas.

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Características Gerais dos Músculos Esqueléticos:

Cada fibra muscular é envolvida por uma delicada bainha de tecido


conectivo, o endomísio. As fibras musculares ficam agrupadas em fascículos,
que são envolvidas por uma bainha de tecido conectivo denominado perimísio. O
músculo como um todo se compõe de vários fascículos e é envolvido pelo
epimísio, que se associa intimamente a fáscia e às vezes funde-se a ela.As
fibras musculares especializam-se para a contração e o relaxamento, sendo que
estas agrupadas formam massas macroscópicas, denominadas músculos
esqueléticos.
Os músculos esqueléticos possuem uma porção média e
extremidades. A porção média é a parte compreendida entre sua origem e a
sua inserção, sendo „carnosa‟, contráctil e vermelha no vivente. É a porção mais
alongada do músculo (ventre).
As extremidades são resistentes, esbranquiçadas e brilhantes;
cuja função consiste na fixação do músculo. Podem ser de dois tipos: os
tendões e as aponeuroses. Os tendões um tecido conjuntivo, de aspecto
cilíndrico ou em forma de fita, e comprimento variável.
As aponeuroses são largas e delgadas, apresentando uma grande área de
inserção. A maior parte dos músculos está ligada diretamente ou por
intermédio de seus tendões
ou aponeuroses aos ossos, cartilagens, ligamentos ou fáscias, ou a uma
combinação destes. Quando um músculo se contrai e encurta, uma de suas
conexões geralmente permanece fixa, enquanto a outra se movimenta. O ponto
fixo é denominado origem (usualmente proximal) e o móvel, inserção
(usualmente distal).

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A fáscia muscular é uma lâmina de tecido conjuntivo que envolve cada músculo.
Sua função é de bainha elástica de contenção do músculo e permitir o fácil
deslizamento dos músculos entre si. Quando a bainha encontra-se espessada
são denominadas de septos intermusculares e sua função é de separarem
grupos musculares em lojas ou compartimentos.

Classificação dos Músculos Esqueléticos:

Os músculos podem ser classificados seguindo vários critérios.


Quanto à forma dos músculos e arranjo de suas fibras, onde a função do
músculo será determinante para seu condicionamento. Como as funções dos
músculos são muito variadas, também o é sua morfologia. De um modo geral e
amplo, os músculos tem as fibras dispostas paralela ou oblíquas à direção de
tração exercida pelo músculo. Assim, na disposição paralelas das fibras, onde
estas convergem para as extremidades, podendo ser encontradas nos músculos
longos (esternocleidomastóideo, sartório e bíceps braquial) em músculos
fusiformes, onde predomina o comprimento; e nos músculos largos (peitoral
maior), onde a largura e o comprimento se equivalem, as fibras podem convergir
para uma aponeurose, tornado-o com aspecto de leque.

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Na disposição oblíqua das fibras, os músculos, cujas fibras são transversais em


relação aos tendões denominam-se peniformes. Quando convergem para apenas
um lado são chamados unipenados (tibial posterior), e quando convergem para
os dois lados são chamados bipenados (reto femural).

Os músculos podem ser classificados quanto aos tendões de origem e


inserção. Quando existe mais de um tendão de origem diz-se que o músculo
possui mais de uma cabeça. São classificados como bíceps (bíceps da coxa),
tríceps (tríceps da perna), e quadríceps (quadríceps da coxa). Quando existe
mais de um tendão de inserção, são classificados como bicaudados ou
policaudados.

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Alguns músculos apresentam mais de um ventre muscular com


tendões intermediários entre eles. São classificados em digástricos e
poligástricos. Finalmente, de acordo com a ação principal da contração
muscular são classificados como flexores, extensores, adutores, abdutores,
rotadores, pronadores e supinadores.

Os músculos podem ser classificados também conforme a ação que desempenha


em determinado segmento do corpo. Portanto temos os músculos: flexores,
extensores, adutores, abdutores, supinadores, pronadores e rotadores.

Principais Ações dos Músculos:

Em suas ações, os músculos são incluídos nos grupos dos agonistas


determinado pelo papel desempenhado pelo músculo principal que realiza o
movimento. Os músculos antagonistas que se opõe ao movimento realizado
pelos agonistas. E por fim, os músculos sinergistas que auxilia o outro em sua
ação, contraindo ao mesmo tempo em que um agonista.

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Sistema Endócrino

Conceito: Semelhante ao sistema nervoso, o endócrino é um sistema


de integração, mas que atua em nível mais lento através dos hormônios
secretados por seus vários componentes em geral distribuídos pela
circulação sanguínea. É constituído pelas principais glândulas endócrinas:
hipófise ou glândula pituitária e parte adjacente do encéfalo, glândula
adrenal, tireóide e paratireóide, e vários outros grupos de células
endócrinas que são encontradas em outros órgãos, especialmente no
pâncreas (onde formam as ilhotas de Langerhans), nos testículos, ovários e
tracto digestório.

Glândula Pituitária ou Hipófise:

É uma glândula extremamente pequena localizada na base do crânio (mais


precisamente na fossa hipofisária do osso esfenóide), e está unida ao
hipotálamo. Do ponto de vista fisiológico, possui dois lobos distintos, cada um
dos quais secreta hormônios específicos. O lobo posterior, também denominado
neuro-hipófise (por causa de sua conexão direta com o hipotálamo), é
responsável pela secreção do ADH e a ocitocina. O lobo anterior, também
denominado adeno-hipófise, secreta os seguintes hormônios: GH, ACTH, TSH,
FSH, LH, prolactina e as endorfinas.

Glândula Adrenal:

A glândula adrenal, como seu nome implica, está localizada no pólo


superior de cada rim. Fisiologicamente, a glândula adrenal é constituída de fato
por duas porções distintas, a medula, ou porção interna, e o córtex, ou porção
externa. A medula secreta dois hormônios: a adrenalina e a noradrenalina.
Esses dois hormônios são denominados catecolaminas. O córtex secreta cerca
de 40 hormônios que pertencem à classe dos compostos conhecidos como
esteróides. Esses são divididos nos seguintes grupos: os mineralocorticóides (o
mais importante é a aldosterona) e os glicocorticóides (mais importante o
cortisol).

Pâncreas:
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O pâncreas é considerado uma glândula mista, pois apresenta uma porção


exócrina e uma porção endócrina. Na sua porção endócrina secreta dois
hormônios: a insulina e o glucagon. Ambos são secretados pelas células das
ilhotas de Langerhans, a insulina, pelas glândulas beta e o glucagon, pelas
células alfa.

Glândulas Tireóide e Paratireóide:

A tireóide está localizada na parte superior da traquéia, logo abaixo da


laringe. Seus principais hormônios são a tirosina e a triiodotironina, apesar de
secretar também um hormônio denominado calcitonina.
As glândulas paratireóides são minúsculas glândulas encaixadas na
superfície dorsal da tireóide. O paratormônio é o hormônio por elas secretado.

Ovários e Testículos:

Como glândulas endócrinas, os ovários (nas mulheres) e os testículos (nos


homens) produzem os hormônios sexuais, androgênios nos homens e
estrogênios (estradiol) e progesterona na mulher. O androgênio mais
importante e a testosterona.

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Sistema Digestório

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Conceito: Para que aconteça a manutenção da vida corpórea,
cada célula do corpo deve receber um suprimento constante de material
nutritivo, de onde se obtém energia. Todavia, a maioria dos alimentos não
pode entrar diretamente na corrente sangüínea, até que, por uma série de
transformações físicas e químicas, seja fracionado tornando-se solúvel.
O sistema digestório modifica o alimento ingerido, por processos
mecânicos e químicos, de modo que, no final possa penetrar nos sistemas
vasculares sangüíneos e linfáticos e chegar a todas as partes do corpo.

Além das funções de preensão, mastigação, deglutição, digestão e


absorção dos alimentos, o sistema digestório possui órgãos especialmente
adaptados à expulsão dos resíduos, eliminados sob a forma de fezes.

Divisão do Sistema Digestório:

O sistema digestório consiste de um longo tubo chamado Trato


Gastrintestinal ou Canal Alimentar, que se estende da boca ao ânus.
O canal alimentar inicia-se na cavidade da boca, continuando-se na
Faringe, Esôfago, Estômago, Intestino Delgado e Intestino Grosso (ânus). O
canal alimentar, portanto, é aberto nas duas extremidades (boca e ânus) o que
faz sua luz, pelo qual transita o alimento, ser parte do meio externo. Os órgãos
do canal alimentar estão situados na cabeça, pescoço, tórax, abdome e pelve.
Os Órgãos Anexos ao Sistema Digestório ou Órgãos Digestivos
Acessórios são glândulas que possuem, como produtos de secreção, enzimas
importantes nos processos da digestão.
Destes órgãos fazem parte as Glândulas Salivares, cujos ductos
abrem-se na boca, o Pâncreas e o Fígado, ambos vertendo suas secreções no
Duodeno do intestino delgado.

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Anatomia do Sistema Digestório:

É importante guardar que todo o canal alimentar é revestido por


uma membrana mucosa, que protege os tecidos subjacentes, e ao mesmo tempo
permite a absorção do alimento digerido.
A membrana, para ser adequada à absorção, deve ser delgada e
úmida. A secreção de muco pelas células mucosas conserva a membrana úmida e
pelo fato do muco ser viscoso, ele também serve como mecanismo protetor.

Boca:

A boca é a primeira parte do canal alimentar. Estende-se desde os


lábios até a orofaringe. A face externa dos lábios está coberta de pele que
tem uma camada de células superficiais relativamente transparente, que
permite a observação dos capilares subjacentes através dela. Por esta razão os
lábios apresentam-se vermelhos.

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A boca pode ser dividida em cavidade própria da boca, que é o


largo espaço interno aos dentes, que aloja a língua, e o vestíbulo da boca, que é
o pequeno espaço que separa os lábios e as bochechas dos dentes e gengivas.
Os lábios e bochechas ajudam a movimentar o alimento entre os dentes
superiores e inferiores durante a mastigação, e também ajudam na articulação
da palavra (fala).

O teto da boca é formado anteriormente pelo palato duro e posteriormente


pelo palato mole. O palato duro é formado pelos ossos palatinos e maxilas. O
palato mole, que se estende posteriormente ao palato duro, separa a cavidade
bucal da nasofaringe. É composto principalmente por músculos. O palato mole é
empurrado para cima durante a deglutição, bloqueando a entrada na cavidade
nasal via faringe e servindo para prevenir que alimentos e bebidas deglutidas
possam entrar na cavidade do nariz. A úvula palatina é uma pequena saliência,
que pende da margem posterior do palato mole. Serve como um coxim
prevenindo o palato mole de ser empurrado para a cavidade do nariz durante a
deglutição. O palato mole esta unida lateralmente à língua pelos arcos palatos
glossos e à parede da orofaringe pelos arcos palatos faríngeos. As tonsilas
palatinas, que são órgãos linfóides, estão localizadas nas fossas entre os dois
arcos, uma região chamada fauces.

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Língua:

A língua forma o assoalho da boca. É composta de feixes


entrelaçados de músculos esqueléticos cobertos por membrana mucosa. Esta
membrana é modificada pela presença de numerosas pequena projeções
chamadas papilas gustativas. Estas variam na forma; cada tipo tende a ser
mais comum em certas regiões da superfície lingual. A face dorsal posterior da
língua contém um agregado de pequenos nódulos linfáticos chamado tonsila
lingual. A língua está unida ventralmente ao assoalho da boca por uma prega da
membrana mucosa chamada frênulo da língua.

Dentes:

Os dentes sobressaem-se na boca a partir de alvéolos localizados


ao longo dos processos alveolares das maxilas e mandíbula. As gengivas,
formadas por tecido epitelial e conjuntivo, cobrem os processos alveolares. Os
alvéolos são revestidos por uma membrana fibrosa chamada membrana
periodontal.
A porção de cada dente que se sobressai da gengiva na boca é chamada coroa.
Uma ou mais raízes ancoram o dente no alvéolo. Entre a coroa e a raiz
encontra-se uma parte com ligeira constrição, chamada colo.
Cada dente é composto na sua maior parte de uma substância dura, chamada
dentina. A dentina da coroa é coberta por esmalte, que é mais duro que a
dentina. Uma substância semelhante ao osso, denominada cemento cobre a
dentina da raiz e ancora o dente na membrana periodontal que reveste o
alvéolo. A região central do dente contém uma cavidade pulpar, na qual são
encontradas. Essa cavidade estende-se para baixo, em cada raiz, pelo canal
radicular. No final de cada canal radicular encontra-se um forame apical,
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através do qual os vasos sangüíneos e nervos penetram na cavidade pulpar. Há
quatro tipos de dentes, nomeados de acordo com sua função ou forma. Cada
tipo de dente executa uma função específica na preparação do alimento para a
digestão, são eles: incisivos, caninos, pré-molares e molares.

Há, normalmente, dois conjuntos de dentes que se desenvolvem durante a


vida de uma pessoa. Os 20 dentes decíduos, irrompem através da gengiva, a
intervalos regulares, começando com os incisivos ao redor do 6º mês de vida.
Os 32 dentes permanentes tomam o lugar dos decíduos a partir dos 6 anos de
idade até cerca de 17 anos, quando todos os dentes temporários geralmente já
foram substituídos. Os terceiros molares (dentes do siso) são os últimos a
irromper, geralmente entre os 17 e 25 anos de idade.

Decíduos Permanentes
Incisivos 8 8
Caninos 4 4
Pré-molares 0 8
Molares 8 12
T OTAL 20 32

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Número de tipos de dentes específicos na maxila e na mandíbula.

Glândulas Salivares:

Cerca de 1.000 a 1500 ml de saliva são secretados diariamente na


boca. Parte desta é produzida por inúmeras glândulas bucais localizadas na
membrana mucosa da cavidade da boca. Estas glândulas secretam
continuamente e conservam a mucosa da boca úmida. A maior parte da saliva,
entretanto, é secretada por 3 pares de glândulas salivares, que são ativadas
principalmente pelo estímulo associado ao alimento.

O maior par de glândulas salivares, as glândulas parótidas, estão


localizadas abaixo e anteriormente à orelha, na face posterior do músculo
masseter. As glândulas submandibulares estão localizadas medialmente ao
ângulo da mandíbula. As glândulas sublinguais estão localizadas no assoalho da
boca, numa dobra da membrana mucosa. As quantidades de saliva secretadas
pelos diferentes pares de glândulas salivares percorrem um sistema de ductos
que desembocam no assoalho e no vestíbulo da boca.

Faringe:

O alimento que é deglutido passa da boca para a parte bucal da


faringe (orofaringe) e depois para a parte laríngea da faringe
(laringofaringe). Estas duas porções da faringe servem como uma passagem
comum aos sistemas digestório e respiratório. A principal função da faringe
relativa ao sistema digestório envolve as contrações musculares na ocasião da
deglutição.
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Esôfago:

O esôfago é um tubo muscular que conecta a faringe ao estômago.


Está localizado atrás da traquéia, atravessa o mediastino do tórax e passa
através do músculo diafragma por meio de uma abertura denominada hiato
esofágico. O alimento é movido ao longo do esôfago por ondas de contração
(peristaltismo) dos músculos de sua parede.
É possível dividir o esôfago em 3 porções de acordo com as
regiões do corpo pelo qual ele atravessa; desta forma temos: porção cervical,
porção torácica e porção abdominal. Na parte superior da porção cervical,
próxima à faringe, a parede do esôfago contém músculos esqueléticos. No
restante do órgão os músculos da parede são lisos.

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Estômago:

Pode ser descrito como uma dilatação do canal alimentar que


continua o esôfago e é continuada pelo intestino delgado. Está colocado à
esquerda do plano mediano, logo abaixo do músculo diafragma. A abertura do
esôfago no estômago é chamada Óstio cárdico. A saída do estômago, na junção
com o intestino delgado, é guarnecida pelo esfíncter pilórico.

A curvatura direita do estômago, que é côncava, é chamada


curvatura gástrica menor. A borda esquerda, convexa, constitui a curvatura
gástrica maior. A curvatura gástrica menor está ligada à face inferior do
fígado por um mesentério formado por uma dupla camada do peritônio visceral,
denominado omento menor. Estas duas camadas se separam na curvatura
gástrica menor e formam a serosa que cobre as faces do estômago. As duas
camadas de peritônio se reúnem ao nível da curvatura gástrica maior para
formar o omento maior, que une o estômago aos intestinos delgado e grosso.
A parte principal do estômago é chamada corpo gástrico. O fundo
gástrico é à parte que se projeta acima da entrada do estômago. O corpo do
estômago afunila-se inferiormente para formar uma região chamada piloro, que
se une com a primeira parte do intestino delgado.
A superfície interna do estômago, quando vazio, apresentam uma
série de rugas na sua mucosa denominadas pregas gástricas. Estas conferem
ao estômago a capacidade de distender-se, aumentando consideravelmente o
seu volume.

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Intestino Delgado:

O estômago esvazia-se no intestino delgado, a mais longa e sinuosa


porção do canal alimentar (cerca de 6m). Com base na estrutura microscópica é
possível dividir o intestino delgado em 3 regiões não nitidamente separadas
uma da outra:
O duodeno representa os primeiros 25cm do intestino delgado.
Encontra-se encurvado ao redor da cabeça do pâncreas onde recebe seu ducto
proveniente (ducto pancreático), assim como o ducto proveniente do fígado
(ducto colédoco), numa abertura chamada papila duodenal. Esta abertura é
rodeada por um esfíncter, chamado esfíncter hepatopancreático (o antigo
esfíncter de Oddi). O duodeno é um órgão retroperitoneal, isto é, situado
atrás do peritônio e está firmemente preso à parede posterior do corpo.

Os próximos 2,5m, aproximadamente, do intestino delgado constituem o jejuno.


Esta porção está suspensa na cavidade abdominal pelo mesentério. O íleo
constitui os restantes 3,5m, ou algo assim, do intestino delgado.
A camada mucosa da luz do intestino delgado apresenta uma série
de pregas circulares, que aumentam a superfície interna do órgão. Tal
superfície é aumentada ainda mais pela presença das vilosidades intestinais ou
microvilosidades, que são projeções muito finas em forma de dedo de luva. As
vilosidades são tão numerosas e tão próximas umas das outras que a mucosa do
intestino delgado tem um aspecto aveludado.

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Intestino Grosso:
O intestino grosso, que tem cerca de 1,5m de comprimento começa
numa dilatação em fundo cego chamado ceco. Este se comunica com o íleo do
intestino delgado através da valva íleo cecal. O apêndice vermiforme é um
tubo estreito, também em fundo cego, que se estende para baixo a partir do
ceco. À parte do intestino grosso que se estende para cima a partir do ceco é
chamado colo ascendente, que está firmemente aplicado contra a parede
abdominal posterior. O colo ascendente termina em uma curvatura denominada
flexura cólica, onde começa o cólon transverso, que se estende até a flexura
cólica esquerda. O colo transverso está suspenso por um tipo de mesentério
chamado mesocolo. O cólon descendente continua a flexura cólica esquerda
para baixo e une-se ao cólon sigmóide, que possui a forma de um “S” alongado.
Logo em seguida ao colo sigmóide, o intestino grosso dirige-se anteriormente
formando uma porção chamada reto. Os 3 ou 4 cm terminais do intestino
grosso recebem o nome de canal anal, que se abre ao meio externo através do
ânus.

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A camada muscular da parede do intestino grosso apresenta uma musculatura


em forma de três fitas, que percorrem o órgão no seu comprimento,
denominado tênia. Esta é mais curta que os colos determinando o aparecimento
de bosseladuras (pequenas bolsas), chamadas haustros.

Órgãos Anexos (Acessórios) ao Sistema Digestório:

É importante lembrar que as glândulas salivares também são


órgãos digestivos acessórios, todavia já foram descritas em virtude de sua
íntima relação com a boca.

Pâncreas:

O pâncreas está localizado atrás do peritônio e abaixo do


estômago. A cabeça está incrustada na curvatura do duodeno, com o corpo e a
cauda estendendo-se para a esquerda. A cauda do pâncreas atinge a vizinhança
do baço.
O suco pancreático é transportado ao duodeno pelo ducto
pancreático (antigo ducto de Wirsung). Um ducto pancreático acessório
(antigo ducto de Santorini) ramifica-se do ducto pancreático e desemboca no
duodeno independentemente.
O pâncreas é descrito como uma glândula de secreção mista, pois
tem produtos de secreção endócrina e exócrina. O produto de secreção
exócrina do pâncreas é o suco pancreático e os produtos de secreção endócrina
do pâncreas serão discutidos no estudo do sistema endócrino.

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Apostila de Anatomia Básica

Fígado:

É um órgão muito grande que se encontra posicionado no lado


direito, abaixo do diafragma. É dividido em duas regiões principais: lobos
direito e esquerdo. Na face inferior do lobo direito estão os pequenos lobos
quadrado e caudado. Os lobos direito e esquerdo estão separados por uma
prega do peritônio parietal chamada ligamento falciforme, que prende o fígado
à parede abdominal anterior.
A bile produzida pelos hepatócitos percorre finos canais,
denominados dúctulos bilíferos, que se juntam formando os ductos biliares.
Estes, por sua vez, unem-se formando dois troncos que deixam o fígado
chamados ductos hepáticos direito e esquerdos, que se unem constituindo o
ducto hepático comum. O ducto hepático comum une-se ao ducto cístico para
formar o ducto colédoco, que por sua vez, une-se ao ducto pancreático para
formar a ampola hepatopancreática (antiga ampola de Vater), que desemboca
no duodeno pela papila duodenal.

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Apostila de Anatomia Básica

Vesícula Biliar:

A vesícula biliar é um pequeno saco agregado à face inferior do


fígado, próximo ao lobo quadrado. Serve como local de armazenamento de bile,
que ela recebe do fígado. A vesícula biliar é drenada pelo ducto cístico, que se
une ao ducto hepático comum, como estudado anteriormente.

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Apostila de Anatomia Básica

Sistema Respiratório

Conceito: Para que as células do corpo possam desempenhar


suas atividades metabólicas, elas necessitam de um suprimento constante
de oxigênio (O²) e uma maneira eficiente de remover o dióxido de carbono
(CO²) produzido nas suas atividades. Este trabalho é feito por um
conjunto de órgãos denominados, Sistema Respiratório e complementado
pelo Sistema Circulatório, onde o sangue funciona como veículo de
transporte entre os gases. Desta forma, os órgãos do Sistema
Respiratório desenvolvem-se para que possam promover o rápido
intercâmbio entre o ar e o sangue.

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Apostila de Anatomia Básica

Divisão do Sistema Respiratório:

O Sistema Respiratório pode ser dividido em 2 partes: A primeira


corresponde aos órgãos tubulares cuja função é levar o ar inspirado até o local
onde será processada a troca de gases; esta é a porção de condução. A porção
de respiração é representada por um conjunto de órgãos responsáveis em
efetivar as trocas gasosas que acontecem entre o ar inspirado e o sangue
circulante.

Anatomia do Sistema Respiratório:

Nariz:

No estudo da anatomia do nariz costuma-se considerar: o nariz


externo, a cavidade nasal, e os seios paranasais.
O nariz externo é visível externamente como um órgão
pirâmido-triangular localizado no plano mediano da face. O ângulo superior
desta pirâmide é denominado raiz do nariz, e a extremidade inferior, oposta à
raiz é chamada base do nariz. O ápice do nariz é o ponto mais projetado
anteriormente e o dorso nasal estende-se entre o ápice e a raiz do nariz.
Habitualmente o nariz é descrito como um órgão ósteo-cartilaginoso, do qual
fazem parte ossos do esqueleto da cabeça (face) e diversas cartilagens.

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Apostila de Anatomia Básica

A cavidade nasal comunica-se com o meio externo através das


narinas, que conduzem o ar ao vestíbulo nasal. A parte inferior do vestíbulo do
nariz contém pêlos (vibrissas) que servem para reter as maiores partículas que
podem penetrar no sistema respiratório. O septo nasal divide a cavidade nasal
em câmaras direita e esquerda. As paredes laterais da cavidade nasal
apresentam alterações de relevo conhecidas como conchas nasais. As conchas
nasais superiores e médias fazem parte do osso etmóide (base do crânio), as
conchas nasais inferiores são ossos independentes. Os espaços entre as
conchas nasais são denominados meatos nasais, que possuem o poder de
aquecer o ar inspirado pelo nariz. A superfície da cavidade nasal é revestida
por uma mucosa formada pelo tecido epitelial pseudo–estratificado colunar
ciliado, que apresenta numerosas glândulas mucosas que produzem de forma
abundante o muco nasal. A cavidade nasal se comunica com a faringe através
das coanas.

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Apostila de Anatomia Básica

Os seios paranasais, que são espaços aéreos revestidos por uma membrana
mucosa (ossos pneumáticos) e que se comunicam com a cavidade nasal, serão
mais bem estudados em anatomia radiológica, durante o estudo dos ossos que
compõe o esqueleto da cabeça.

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Apostila de Anatomia Básica

Faringe:

A faringe é um tubo muscular que serve tanto ao sistema


respiratório como ao sistema digestório. Comunica-se com a cavidade do nariz
(através das coanas), com a cavidade da boca (através do istmo das fauces ),
com a orelha média ( através das tubas auditivas), com a laringe ( através da
glote ) e com o esôfago. A mucosa faríngea é contínua com a mucosa das partes
com as quais se comunica. Podemos dividir a faringe em 3 partes, de limites
não muito nítidos: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe.
A parte nasal da faringe (nasofaringe) está localizada
imediatamente atrás da cavidade do nariz e é contínua com ela através das
coanas. Na parede lateral da nasofaringe existe uma região denominada tórus
tubário, na qual se localiza um orifício conhecido como óstio faríngeo da tuba
auditiva.
A parte bucal da faringe (orofaringe) é a continuação da
nasofaringe, estendendo-se desde o palato mole, onde termina a nasofaringe,
até o início da laringofaringe. Comunica-se com a boca através das fauces. Nas
paredes laterais da orofaringe, estão localizadas as duas tonsilas palatinas e
na base da língua está infiltrada a tonsila lingual.
A parte laríngea da faringe (laringofaringe) estende-se desde
sua junção com a orofaringe até o esôfago. Comunica-se anteriormente
com a laringe.

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Apostila de Anatomia Básica

Laringe:

A laringe é um tubo músculo-cartilaginoso que conecta a faringe à


traquéia. É formada por 9 cartilagens, sendo 3 ímpares e 3 pares. Estas
cartilagens são mantidas juntas, e unidas ao osso hióide acima e à traquéia
abaixo, por ligamentos e músculos. A cartilagem tireóidea é a maior das
cartilagens ímpares. Ele é formado pela fusão de duas placas achatadas
anteriormente, na linha mediana do pescoço, produzindo uma proeminência
laríngea. Logo abaixo da cartilagem tireóidea está a cartilagem cricóidea, em
forma de anel, que está ancorada na cartilagem tireóidea acima e na traquéia
abaixo. A terceira cartilagem ímpar, em forma de folha, é a epiglote, está
fixada por sua extremidade mais estreita, na face interna da região anterior
da cartilagem tireóidea; sua porção superior, livre, projeta-se como uma aba
atrás da base da língua. Durante a deglutição, a laringe é puxada para cima,
encostando-se na epiglote, que tende a desviar sólidos e líquidos para longe da
abertura da laringe em direção ao esôfago.
As cartilagens aritenóideas são as mais importantes das
cartilagens pares. Cada cartilagem aritenóidea possui a forma de uma pequena
pirâmide e se localiza na borda súpero-posterior da cartilagem cricóidea. A
extremidade posterior das pregas vocais fixa-se nas cartilagens aritenóideas,
e o movimento das cartilagens é responsável pela variação de tensão da pregas
vocais. As outras cartilagens pares, cuneiformes e corniculadas, são pequenas
e muito relacionadas com as cartilagens epiglótica e aritenóideas.

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Apostila de Anatomia Básica

Traquéia:

A traquéia é um tubo de aproximadamente 2,5cm de diâmetro e 11cm


de comprimento. Estende-se desde a laringe até o limite da Sexta Vértebra
Torácica, onde ela se divide em brônquios principais direito e esquerdos. A
traquéia está aplicada na face anterior do esôfago. Observa-se por toda a
traquéia uma série de semi-anéis cartilaginosos justapostos, que têm por
finalidade impedir o colapso do órgão.
Músculos lisos e densos camadas de tecido conjuntivo mantém os
anéis unidos posteriormente, fechando as aberturas dos semi-anéis. Assim
como outros órgãos do sistema respiratório, a traquéia é revestida
internamente pelo epitélio pseudo-estratificado colunar ciliado, que se
movimenta para cima e tende a carregar partículas estranhas e excessivas
secreção de muco para fora desde os pulmões até a faringe, onde são
deglutidos.

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Apostila de Anatomia Básica

Brônquios e Bronquíolos:

Origina-se na bifurcação da traquéia; lugar onde se encontra uma


válvula chamada carina, que divide em contrações iguais o ar inspirado e o
distribui aos brônquios fonte direito e esquerdo. Cada brônquio fonte divide-
se em ramos ainda menores, os brônquios lobares. Estes, por sua vez, dividem-
se em muitos brônquios segmentares, que continuam se dividindo
repetidamente até formar os finíssimos bronquíolos. Estes se subdividem
muitas vezes, formando os bronquíolos terminais, cada um dos quais dá origem
a diversos bronquíolos respiratórios, constituindo a árvore brônquica.

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Apostila de Anatomia Básica

Alvéolos Pulmonares:

São estruturas saculares diminutas, que se comunicam com os


bronquíolos respiratórios através dos ductos alveolares. Freqüentemente
diversos alvéolos abrem-se em uma câmara comum chamada saco alveolar.
Os alvéolos são órgãos da porção de respiração, ou seja, são os
órgãos responsáveis pelas trocas de gases ( CO²/O²). Suas paredes apesar de
finas possuem a capacidade de distender-se, aumentando o volume dos alvéolos
durante a inspiração.
e retornar a sua condição inicial durante a expiração. O líquido surfactante,
produzido pela membrana hialina impede o colabamento dos alvéolos,
sobretudo dos recém-nascidos.

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Apostila de Anatomia Básica

Pulmões:

Os pulmões têm forma semelhante à de um cone, com o ápice pontiagudo de


cada um ultrapassando o estreito espaço do alto da cavidade torácica, atrás da
clavícula. A base de cada pulmão é larga e côncava e descansa sobre a
superfície convexa do músculo diafragma; por esta razão ela é também
conhecida como face diafragmática. Uma depressão chamada hilo é
encontrada na face mediastinal do pulmão. O hilo é a região onde as
estruturas que formam a raiz do pulmão (o pedículo), isto é, os brônquios,
vasos sangüíneos, linfáticos e nervos entram ou saem do pulmão. A face costal,
que se posiciona contra as costelas é arredondada, seguindo a curvatura das
costelas. O pulmão esquerdo apresenta uma concavidade para o coração,
denominada incisura cardíaca, na sua face mediastinal. Cada pulmão é dividido
em lobos superior e inferior por uma fissura oblíqua. O pulmão direito é ainda
dividido por uma fissura horizontal, que delimita um lobo médio. Assim o
pulmão direito tem 3 lobos, enquanto o direito tem 2.
Os dois pulmões estão separados por um espaço chamado
mediastino. Importantes estruturas estão localizadas no mediastino, incluindo
o coração, a artéria aorta, as veias cava, os vasos pulmonares, o esôfago,
parte da traquéia e dos brônquios, e o timo.

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Apostila de Anatomia Básica

Pleura:

Cada pulmão é envolvido por um saco de paredes duplas chamado pleura.


Ambas as camadas da pleura são formadas por membrana serosa. A porção da
pleura que adere firmemente aos pulmões é a pleura visceral (ou pulmonar). A
porção que reveste as paredes da cavidade torácica é a pleura parietal. As
camadas visceral e parietal são contínuas ao nível do hilo pulmonar. Entre as
duas camadas da pleura há uma cavidade pleural, que é preenchida pelo fluido
(líquido) pleural. Este é secretado pela pleura, e age como lubrificante para
reduzir o atrito entre as duas camadas durante os movimentos respiratórios.

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Apostila de Anatomia Básica

Sistema Genital

Conceito: Os órgãos dos sistemas reprodutores masculinos e


femininos asseguram a continuidade da espécie humana. Executam tal
função produzindo gametas, ou células germinativas, e por meio de um
método que assegura que os gametas do homem (espermatozóides) possam
ser introduzidos no corpo da mulher, aonde um deles irá se fundir com um
gameta feminino (óvulo). Esta penetração de um óvulo pelo espermatozóide
é chamada fertilização. Os órgãos que produzem os gametas são referidos
como órgãos sexuais principais, primários, essenciais ou simplesmente
gônadas. São eles os testículos no homem e os ovários na mulher. Além da
produção de gametas, as gônadas também produzem hormônios que influem
no desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas ou
femininas e regulam o ciclo reprodutivo. No homem, células especializadas
nos testículos produzem um grupo de hormônios chamados andrógenos. O
andrógeno mais importante é a testosterona. Na mulher, os ovários
produzem estrógenos e progesterona.
As estruturas que transportam, protegem e nutrem os gametas
após terem deixado as gônadas são chamadas órgãos sexuais acessórios ou
secundários.

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Apostila de Anatomia Básica

Anatomia do Sistema Reprodutor Masculino

Testículos e Escroto:
Os testículos são os órgãos nos quais ocorre a produção de
espermatozóides (espermatogênese). Estão localizados numa bolsa de coberta
de pele chamada escroto. Este apresenta uma delgada camada de músculo liso,
logo abaixo da camada de pele, denominada túnica dartos. A contração dessa
musculatura confere ao escroto uma aparência enrugada.
Cada testículo é um órgão oval que está revestido por uma cápsula
de tecido conjuntivo chamada túnica albugínea. Invaginações desta túnica
formam séptulos (ou septos) que dividem o testículo em compartimentos
denominados lóbulos. Cada lóbulo aloja diversos túbulos bastante enovelados,
os túbulos seminíferos contorcidos, que contém espermatozóides em vários
estágios de seu desenvolvimento.
Os túbulos seminíferos contorcidos de cada lóbulo do testículo
juntam-se para formar um tubo curto e retilíneo denominado túbulo seminífero
reto. No mediastino do testículo, os túbulos seminíferos retos formam uma
rede de túbulos denominados rede testicular. Os túbulos desta rede, por sua
vez, abrem-se em dúctulos eferentes que deixam os testículos e penetram no
epidídimo.

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Apostila de Anatomia Básica

Epidídimo:

O epidídimo, que está localizado no interior do escroto, onde ode


ser sentido pela palpação, é a primeira porção de um sistema de ductos que
transporta os espermatozóides dos testículos ao exterior do corpo. Cada
epidídimo é uma estrutura alongada (pode alcançar de 4 a 6m de comprimento)
que está firmemente presa na face posterior do testículo. Consiste de um tubo
sinuoso (em forma de “C”) que pode ser dividido em cabeça, corpo e cauda.

Ducto Deferente:

O ducto deferente é a continuação da cauda do epidídimo. Cada


ducto deferente consiste de um tubo retilíneo que passa ao longo da face
posterior do testículo, medialmente ao epidídimo, sobe através do escroto,
penetra no canal inguinal, onde atinge a cavidade abdominopélvica. Nesta,
sobe por sua parede lateral até cruzar com o ureter, e então desce ao longo da
face posterior da bexiga urinária, onde se alarga para formar uma ampola, que
se conecta ao ducto ejaculatório.
Através do canal inguinal, passam uma série de estruturas além do
ducto deferente (vasos sangüíneos e linfáticos, e nervos) revestido por uma
fáscia, denominadas, no conjunto, funículo espermático.

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Apostila de Anatomia Básica

Ducto Ejaculatório:

É formada pela união da ampola do ducto deferente com um ducto


curto, de uma pequena bolsa chamado vesícula seminal. O ducto ejaculatório
atravessa a próstata, até alcançar a parte prostática da uretra, onde se
encontra uma pequena saliência chamada colículo seminal. Contrações do ducto
ejaculatório impelem os espermatozóides e as secreções das vesículas seminais
para a uretra.

Vesículas Seminais:

São duas bolsas sacciformes, membranosas, localizadas lateralmente


aos ductos deferentes, nas faces póstero-inferiores da bexiga urinária. O
ducto da vesícula seminal, de cada uma delas, se junta ao ducto deferente
para constituir o ducto ejaculatório.
As vesículas seminais secretam um fluido viscoso que contribui para a formação
do sêmen.

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Apostila de Anatomia Básica

Próstata:

É uma glândula que abraça a uretra logo abaixo da bexiga urinária, à


frente do reto. É composta por cerca de 30 pequenas glândulas que emitem o
mesmo número de dúctulos prostáticos, que se abrem independentemente na
uretra. A próstata secreta um líquido leitoso, fluido e alcalino que contribui
para a formação do sêmen.

Glândulas Bulbo-Uretrais:

São uns pares de pequenas glândulas localizados abaixo da próstata,


uma de cada lado da parte membranosa da uretra. Sua secreção, que também
contribui para a formação do sêmen, é transportada para a uretra por meio de
um ducto proveniente de cada glândula.

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Apostila de Anatomia Básica

Pênis:

È o órgão masculino de cópula. Maneira pelo qual os espermatozóides


são colocados no interior do sistema reprodutor feminino. Consiste de um eixo
coberto por uma dupla camada de pele relativamente frouxa.
O pênis possui três câmaras cilíndricas, cada um dos quais revestido
por uma cápsula fibrosa. Esses três corpos são formados por um tipo de
tecido conjuntivo, ricamente vascularizado chamado tecido erétil, que contém
numerosos espaços que se enchem de sangue durante a estimulação sexual,
causando o alongamento e o enrijecimento do pênis. As duas câmaras cilíndricas
dorsais são chamadas corpos cavernosos e o corpo ventral, ímpar é chamado
corpo esponjoso. A uretra passa através do corpo esponjoso em todo o seu
comprimento. A extremidade anterior (externa), dilatado, do corpo esponjoso
forma a glande do pênis; a extremidade posterior (interna), alargada, forma o
bulbo do pênis. Os dois corpos cavernosos separam-se na extremidade anterior
formando os ramos do pênis, que o ancoram nas porções púbica e isquiática do
osso do quadril.

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Apostila de Anatomia Básica

Anatomia do Sistema Reprodutor Feminino

Ovários:

São as gônadas femininas, nos quais são produzidos os gametas


femininos (óvulos). Além disso, os estrógenos e a progesterona, hormônios que
influem no desenvolvimento dos órgãos sexuais acessórios e nas características
sexuais secundárias, são secretados pelos ovários.
Cada um dos ovários é oval, ligeiramente menor que os testículos,
situados junto à parede lateral da cavidade abdominopélvica, um de cada lado
do útero. Os ovários são mantidos nesta posição por diversos ligamentos. O
maior deles é o ligamento largo. O mesovário é uma dobra curta de peritônio
que mantém os ovários suspensos na face posterior do ligamento largo. Os
outros ligamentos que mantém os ovários na posição são: o ligamento próprio
do ovário e o ligamento suspensor do ovário.

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Apostila de Anatomia Básica

Tubas Uterinas:

Cada tuba uterina se estende da vizinhança do ovário ao ângulo


látero-superior do útero, posicionada entre as camadas do ligamento largo. A
porção do ligamento largo que ancora a tuba uterina é chamada mesosalpinge.
Podemos dividir cada tuba uterina em 4 partes: A porção mais próxima do
útero é chamada porção uterina, que se comunica com a cavidade uterina pelo
óstio uterino da tuba. O istmo é uma porção mais estreitada da tuba uterina
que continua a porção uterina. Curvada ao redor do ovário está uma região da
tuba uterina chamada ampola, onde acontece a fecundação. A extremidade
mais próxima ao ovário é chamada infundíbulo. Este, em forma de funil, abre-se
no ovário através do óstio abdominal da tuba, que é rodeado por projeções
digiformes denominadas fímbrias.

Útero:

É um órgão ímpar, oco, com a forma de uma pêra invertida, que


recebe as tubas uterinas nos seus ângulos laterais superiores e se conecta com
a vagina. A porção superior do útero é chamada corpo. A região em forma de
cúpula que se estende para cima do corpo é denominada fundo.
Abaixo do corpo o útero se estreita formando o istmo e, quando se
junta à vagina adquire uma forma cilíndrica, constituindo o cérvix (colo). A
abertura do útero na vagina é chamada óstio do útero.
Auxiliando o ligamento largo a manter o útero na posição estão os
ligamentos redondos.
A parede do útero consiste de 3 camadas: A mais externa é uma
membrana serosa formada pelo peritônio denominada perimétrio. Logo abaixo
desta está uma espessa camada de tecido muscular chamada miométrio. A
cavidade do útero é revestida por um epitélio chamado endométrio.

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Apostila de Anatomia Básica

Vagina:

É um canal que se estende do cérvix do útero até o meio externo. A


mucosa da vagina contém numerosas pregas transversais denominadas rugas
vaginais. Perto da entrada da vagina, a mucosa forma uma prega de tecido
conjuntivo denominada hímen, que normalmente é dilacerado após o primeiro
intercurso sexual, restando apenas as carúnculas himenais.
A luz da vagina é pequena e normalmente suas paredes estão
colabadas, todavia o canal é capaz de considerável distensão, seja quando a
vagina recebe o pênis durante o intercurso sexual ou quando funciona como
canal do parto.

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Apostila de Anatomia Básica

Órgãos Genitais Femininos Externos

A genitália externa feminina é conhecida, no conjunto, como vulva ou


pudendo.
Sob a influência de estrógenos, há uma tendência na mulher de
depositar tecido adiposo à frente da sínfise púbica. Esta deposição produz uma
elevação chamada monte pubiano (ou monte de Vênus).
Duas dobras arredondadas, os lábios maiores, estendem-se para
trás do monte pubiano. A superfície externa dos lábios maiores é pigmentada e
coberta com pêlos. A superfície interna é lisa, glabra e úmida pela presença de
numerosas glândulas sebáceas.
Os lábios menores são duas dobras cutâneas menores, localizadas
medialmente aos lábios maiores. A pele que os recobre é lisa e vermelha. O
espaço entre os lábios menores é o vestíbulo da vagina, onde se apresentam o
óstio externo da uretra, o óstio da vagina e os orifícios das duas glândulas
vestibulares.
O clitóris é uma pequena estrutura alongada, localizada na junção
anterior dos lábios maiores. A maior parte do clitóris está envolvida por um
prepúcio formado pelos lábios maiores. A porção livre e exposta do clitóris é
chamada glande. O clitóris é formado por tecido erétil e apresenta dois corpos
cavernosos, mas não apresenta corpo esponjoso.

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Apostila de Anatomia Básica

Sistema Urinário

Conceito: A manutenção da vida das células envolve um


ambiente estável. O estado relativamente constante do meio interno do
corpo é denominado homeostase. Para se manter a homeostase, as
concentrações de substâncias como água, sódio, potássio, cálcio e
hidrogênio devem permanecer relativamente constantes, bem como as
concentrações de nutrientes celulares. O metabolismo celular tende,
constantemente a desarranjar a homeostase consumindo algumas
substâncias e produzindo resíduos e toxinas. Além disso, outras
substâncias podem se incorporar ao meio interno do corpo como resultado
da ingestão. A urina é um dos veículos de excreção com que conta o
organismo. O sistema urinário é composto pelos órgãos formadores da
urina, os rins, e outros destinados à sua eliminação: ureteres, bexiga
urinária e uretra.

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Apostila de Anatomia Básica

Anatomia do Sistema Urinário

Rins:
São dois órgãos marrom-avermelhados, em forma de grão de feijão,
situados na parede posterior da cavidade abdominal, um de cada lado da coluna
vertebral. Cada rim possui duas faces, anterior (ventral) e posterior (dorsal),
e duas bordas, medial e lateral. As extremidades renais são denominadas
pólos superiores e inferior. A glândula adrenal repousa como um capuz sobre
o pólo superior do rim. Os rins apresentam aproximadamente 11cm de
comprimento e se estendem desde o nível de T¹¹ ou T¹² até L³. Devido à
presença do fígado, o rim direito é ligeiramente inferior em relação ao rim
esquerdo.
Cada rim é envolvido por 3 camadas de tecidos. A mais interna que
cobre a superfície do rim é a cápsula fibrosa. Envolvendo a cápsula fibrosa,
está uma massa de tecido gorduroso denominado cápsula adiposa. A terceira
camada é uma lâmina dupla chamada fáscia renal.
A borda medial, côncava, de cada rim é chamada hilo renal, por onde
entra a artéria renal e saem a veia renal e o ureter.

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Apostila de Anatomia Básica

Três regiões internas podem ser distinguidas em cada rim: o córtex


renal, a medula renal e a pelve renal.
O córtex renal é a camada mais externa, situada logo abaixo da
cápsula fibrosa. Expansões do córtex, as colunas renais, projetam-se para a
medula renal.
A medula renal está localizada abaixo do córtex e consistem de
várias estruturas triangulares denominadas pirâmides renais. As pirâmides
estão orientadas de maneira que suas bases amplas se encontram revestidas
pelo córtex, e seus ápices, as papilas renais, seguem em direção à pelve renal.
As pirâmides são separadas entre si pelas colunas renais. Os vasos sangüíneos
destinados ao córtex se projetam ao interior de uma câmara em forma de funil
denominada cálice renal menor. Vários cálices menores se unem para formar o
cálice renal maior. Estes se unem para formar a pelve renal, que é a
extremidade superior, dilatada do ureter.

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Apostila de Anatomia Básica

Ureteres:

Cada ureter é um tubo muscular que transporta a urina que goteja


pelos rins à bexiga urinária. Inicia-se na pelve renal, que constitui sua
extremidade superior, dilatada, desce colado à parede posterior do abdome
(em posição retroperitoneal) e se insere na face póstero-lateral da bexiga
urinária, através do óstio ureteral. Desta forma podemos dividir o ureter em
3 partes: abdominal, pélvica e Intramural.

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Apostila de Anatomia Básica

Bexiga Urinária:

É um órgão, muscular, cavitário utilizado no armazenamento da urina,


transformado por ela em emissão periódica (micção). Quando está cheia
(plena), a bexiga apresenta uma forma esférica; mas quando vazia, seu formato
se assemelha a uma pirâmide invertida.
Na morfologia externa da bexiga urinária é possível reconhecer uma face
superior, duas faces ântero-laterais e uma face posterior (fundo). As faces
ântero-laterais da bexiga estão localizadas posteriormente a sínfise púbica. A
face posterior nos homens é anterior ao reto, e nas mulheres, está situada
anteriormente ao útero e à porção superior da vagina.
A morfologia interna da bexiga urinária é a de um órgão cavitário,
apresentando um ápice (anterior), um corpo e um colo (inferior). O ligamento
umbilical mediano, ou úraco, estende-se do ápice da bexiga até o umbigo.
Na superfície interna da uretra são reconhecidos facilmente 3 orifícios: os
óstios uretéricos direito e esquerdo, unidos pela prega inter-uretérica
(interureteral), e o óstio interno da uretra, que esvazia a bexiga urinária na
uretra. Estas estruturas limitam o trígono vesical, cuja superfície mucosa é
lisa e plana, diferente do restante da superfície interna da bexiga que
apresenta aspecto enrugado.

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Apostila de Anatomia Básica

Uretra:

É um tubo músculo-membranáceo que sai da face inferior da bexiga urinária e


transporta a urina até o meio externo. A musculatura que circunda o óstio
interno da uretra funciona como uma válvula que mantém a uretra fechada,
denominado esfíncter interno da uretra.
No sexo feminino a uretra é curta (aproximadamente 4cm) e situa-se
anteriormente a vagina, abrindo-se no vestíbulo da vagina através do óstio
interno da uretra.
A uretra masculina possui cerca de 20cm de comprimento e termina no óstio
externo da uretra, localizado no ápice do pênis. Ela é dividida habitualmente
em três porções: parte prostática, parte membranosa e parte esponjosa.
Pode-se ainda observar uma quarta porção da uretra que está contida no colo
da bexiga denominada parte cervical (Di Dio et al, 1998).
No homem a uretra serve como via comum para a micção e à
ejaculação, enquanto na mulher serve apenas para micção.

Prof. Marcelo Mendes 110

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