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Ficha de Avaliação Formativa 2: Grupo I
Ficha de Avaliação Formativa 2: Grupo I
GRUPO I
PARTE A
Leia a composição lírica de Pai Soares de Taveirós que se apresenta.
(1) rem: pessoa (o vocábulo rem significa coisa mas nesta cantiga pode adotar-se o significado apresentado).
(2) e quem viu quanto receou / d’ela: e quem viu acontecer aquilo que receou acerca dela.
(3) por ém: por isso.
(4) bem fazer: corresponder ao amor.
(5) e de quem lhe fez Deus veer / de que foi morto com pesar: e acerca de quem Deus lhe fez ver alguma coisa que
o fez morrer com desgosto.
(6) ensandeceu: enlouqueceu.
(7) ledo: alegre.
(8) quem a viu levar a quem / a nom valia: quem a viu ficar com quem a não merecia.
Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
2. Esta cantiga evoca o tema da coita de amor, apresentando-se um paralelismo entre alguém que morreu
de amor e a situação em que se encontra o sujeito poético.
2.1 Explique de que forma este paralelismo estrutura a cantiga, fundamentando a sua resposta com
transcrições textuais.
3. Refira-se ao campo semântico (relacionado com a morte e o lamento) e ao refrão da cantiga, explicando
como contribuem para concretizar a noção de coita de amor.
(1) Esta cantiga segue a transcrição feita por Graça Videira Lopes na obra Cantigas de Escárnio e Maldizer dos
Trovadores e Jograis Galego-Portugueses, Lisboa, Editorial Estampa, julho de 2002, p. 422.
(2) de dessoriam: de fraqueza, de esvaziamento (de fome).
(3) ca: que.
(4) gram sabor: ter vontade, ter gosto.
(5) al: outra coisa.
(6) Dom Poço de Baiam: fidalgo português, rico-homem das cortes de D. Sancho I, D. Afonso II e D. Sancho II;
possível referência irónica.
(7) m’est’a mi dirám: me dizem.
(8) end’eu hei: disso tenho eu.
(9) coita: sofrimento; ânsia.
Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
2. Explique de que forma se pode considerar esta cantiga como uma crítica à noção de coita de amor presente na
lírica trovadoresca.
GRUPO II
Leia o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulte as notas.
A poesia de corte compilada no Cancioneiro da Ajuda e nos que se lhe seguem é, naturalmente, muito
diversa da dos cantores rústicos, que correspondem aos gostos e interesses da gente rural, conquanto fossem
também cantados nas vilas e cidades.
Ao contrário da cantiga de amigo, o cantar de amor não sugere ambientes, sejam físicos, determinados
5 por referências ao mundo exterior, ou sociais, resultantes da presença de personagens interessadas no
enredo amoroso; não se refere à mãe, ao santo da romaria, às ondas do mar ou às árvores em flor. Isto
resulta de, ao contrário da poesia popular, esta não ser dramática. Só duas ou três vezes respigamos alusões
ao mundo ambiente: um poeta admirou uma dama por entre as ameias de um castelo; outro perdeu-se por
uma mulher que viu em cabelo entoando um cantar. Estar «em cabelo», nesta época, era uma antecipação de
10 estar nua.
Não há espaço à volta nos cantares de amor, se excetuarmos as pastorelas, que imitam de perto as
provençais, mas só a voz que canta na solidão: uma súplica do apaixonado para que a «senhor» reconheça e
premeie o seu «serviço»; ou um elogio abstrato da beleza dela; ou uma descrição dos tormentos do poeta
dirigida à piedade ou «mesura»1 da «senhor».
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.7, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.
1.1 O excerto apresentado centra-se na aceção de que o amor cortês é
(A) a base da poesia criada pelos trovadores.
(B) uma das temáticas da poesia feminina peninsular.
(C) a base em que assentam as cantigas de amor peninsulares.
(D) um reflexo da relação entre o trovador e os suseranos.
1.2 A expressão «o cantar de amor não sugere ambientes» (linha 4) refere-se ao facto de
(A) as cantigas de amor serem sem exceção, reflexões do eu sobre o amor.
(B) as cantigas de amor, normalmente, não mencionarem cenários nem personagens.
(C) as cantigas de amor serem, sem exceção, reflexões do eu sobre a sua «senhor».
(D) as pastorelas não terem qualquer cenário.
1.3 No trecho «o servidor está para com a “senhor” como o vassalo feudal para com o suserano» (linha 18),
compara-se
(A) o trovador com um cavaleiro que presta um serviço essencial ao seu senhor feudal.
(B) a «senhor» amada com um senhor feudal a quem se deve vassalagem e a quem se prestam serviços.
(C) a «senhor» com uma dama que tem o direito de governar e atribuir sentenças.
(D) o trovador com um vassalo que cumpre as tarefas para ser recompensado.
1.4 O preceito fundamental do amor cortês consistia
(A) em ser leal à «senhor» de forma discreta.
(B) em divulgar o amor pela «senhor».
(C) na dedicação exclusiva à amada.
(D) no sigilo acerca da identidade da «senhor».
3 Identifique os processos fonológicos envolvidos na evolução dos seguintes termos do latim para o português
contemporâneo.
a) gram grande
b) moiro morro
c) veer ver
GRUPO III
A partir do texto de António José Saraiva apresentado no Grupo II, construa uma síntese bem estruturada do mesmo
texto, com um mínimo de cento e oitenta e um máximo de duzentas e dez palavras.