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A formação de uma sociedade do medo através da influência da mídia.

(http://justificando.cartacapital.com.br/2014/12/12/a-formacao-de-uma-sociedade-
do-medo-atraves-da-influencia-da-midia/ acessado em 28/03/2017).

Por Raquel do Rosário e Diego Augusto Bayer

A Mídia tem um papel importante no campo político, social e econômico de toda


sociedade. Através desse mecanismo essa instituição incute na população uma
consciência, uma cultura, uma forma de agir e de pensar.

O crime desperta curiosidade na população por apresentar uma ameaça. A mídia atua
explorando essa fragilidade humana estimulando a sensação de insegurança. A televisão
tornou-se um fenômeno em massa, assim como, a alta taxa de criminalidade e, com isto,
também cresce a sensação de medo e insegurança em toda população.

Por nos encontrarmos em uma crise de credibilidade política, os telejornais procuram


outras categorias informativas para traduzir o interesse da sociedade — geralmente
notícias violentas. Assim, a curiosidade pela narração do crime e suas possíveis
consequências acabam por ser uma das causas de uma nova cultura de violência, em que
essa aparece como um fato normal, corriqueiro, que faz parte do cotidiano.

Não há com um grau de certeza a confirmação de que os meios de comunicação


influenciem na opinião pública, o fato é que existe uma influência mútua entre o
discurso sobre o crime — atos violentos — e o imaginário que a sociedade tem dele e
entre as notícias e o medo do delito. Com isso, pode-se sustentar que existe uma relação
sólida entre as ondas de informação e a sensação de insegurança.

A televisão se tornou um eletrodoméstico indispensável em qualquer lar e, hoje,


informar é fazer assistir. Quando a transmissão é ao vivo, as imagens passam uma
veracidade ainda maior aos telespectadores que deixam de lado as possíveis
consequências do fato noticiado.

Em uma sociedade como o Brasil, com altos índices de criminalidade, acabam por
encontrar um mecanismo de escape na tela da televisão. Conforme relatam Cristiano
Luis Moraes e Marlene Inês Spaniol, os medos passam a ser dramatizados em histórias
de vingança e de criminosos que são levados aos tribunais e posteriormente à prisão.
Isso leva a sociedade a reagir contra o crime como se ele fosse um drama humano,
levando-nos a crer que os delinquentes são em maior número e praticam mais delitos do
que realmente o são.

A origem do Medo

Desde muito pequeninos aprendemos a temer o medo e a confiar em celestiais criaturas


e muitos passam a serem nossos monstros, concepções imaginárias que nos assombram
em um quarto escuro, em um sonho, em uma visita ao médico ou dentista, em situações
que estamos longe de nossos genitores e nos sentimos ameaçados. No início de nossa
existência tudo é seguro, puro e invisível aos olhos. À medida que nos tornamos
maiores – criança, adolescentes, jovens, adultos e idosos – o medo passa a ser um de
nossos principais inimigos e será ele que, em muitos momentos, nos impedirá de seguir
nossos sonhos, de arriscar uma tentativa ou de fazer uma mudança radical. O medo
passa a ser parte de nossa vida e em tudo que fazemos sempre estará presente de alguma
forma e por algum motivo. Assim, aprendemos a temer o medo.

Segundo Bauman (2008, p. 8), medo é o nome que damos a nossa incerteza: nossa
ignorância da ameaça e do que deve ser feito. Vivemos numa era onde o medo é
sentimento conhecido de toda criatura viva.

Boldt (2013, p.96) assinala

Tema central do século XXI, o medo se tornou base de aceitação popular de medidas
repressivas penais inconstitucionais, uma vez que a sensação do medo possibilita a
justificação de práticas contrárias aos direitos e liberdades individuais, desde que
mitiguem as causas do próprio medo.

O medo pode surgir das mais variadas maneiras e nascer de qualquer canto de onde
vivemos, inclusive, em nossos próprios lares. Temos medo de comida envenenada, de
perder o emprego, de utilizar transporte público, de pessoas desconhecidas que
encontramos na rua, de pessoas conhecidas também, de inundações, de terremotos, de
furacões, de deslizamento de terras, da seca. Temos medo de atrocidades terroristas, de
crimes violentos, de agressões sexuais, de água ou ar poluído, de entrar na própria casa
e de sair dela, de parar no semáforo. Temos medo da velhice e de ficarmos doentes, de
sermos ameaçados, furtados ou roubados. Temos medo da bolsa de valores e da crise
econômica. Temos medo de voar de avião. São tantos os nossos medos que não caberia
aqui relatarmos todos.

Para Bauman (2008, p.18), riscos são perigos calculáveis. Uma vez definidos dessa
maneira, são o que há de mais próximo da certeza. Ou seja, o futuro é nebuloso e as
pessoas não deveriam se preocupar em vencer ou não qualquer situação de risco porque,
talvez, nunca se chegue a enfrentá-la. Mas, deve prever e tentar evitar oferecendo a si
mesmo um grau de confiança e segurança, ainda que sem garantia de sucesso.

A mídia pode ser considerada aqui uma causadora da proliferação do medo na


sociedade, pois o medo deixou de relacionar-se a estórias de contos e mitos, da
imaginação durante reuniões de família, para ser um aglomerado de imagens e
informações que a televisão transmite todos os dias dentro de cada lar e para todas as
famílias. A sociedade deixou de imaginar os contos para viver na realidade concreta as
situações que são transmitidas através dos telejornais e programas de entretenimento.

O mundo líquido mostrado por Bauman é uma espécie de irrealidade dentro da qual
estamos mergulhados, um mundo de aparência absoluta, de ameaças que quase nunca se
configuram reais, mas que nos são mostradas cotidianamente, principalmente pela
mídia. Diante disso, ele expõe o medo como uma forma inconstante. Podemos ter medo
de perder o emprego, medo do terrorismo, da exclusão. O homem vive numa ansiedade
constante, num cemitério de esperanças frustradas, numa era de temores.

E, assim, passamos a construir inimigos e fantasmas, nos deixando levar por todo tipo
de informação que nos é imposta sem nem ao menos questionar a real veracidade dos
fatos. É inegável que vivemos em uma sociedade violenta, com altos índices de
barbáries, mas o problema não está na prevenção de possíveis ameaças, mas em
considerar que tudo e todos possam ser ameaçadores. Ou seja, viver em alerta constante,
excluindo pessoas e julgando indivíduos sem nem ao menos conhecer por medo do
perigo que esse indivíduo possa lhe trazer.

O sentimento de insegurança não deriva tanto da carência de proteção, mas, sobretudo,


da falta de clareza dos fatos. Nessa situação difunde-se uma ignorância de que a ameaça
paira sobre as pessoas comuns e do que deve ser feito diante da incerteza ou do medo. A
consequência mais importante é uma crise de confiança na vida, uma vez que, o mal
pode estar em qualquer lugar e que todos podem estar, de alguma forma, a seu serviço,
gerando uma desconfiança de uns com os outros.

A influência da mídia e sua relação com o medo

A mídia tem por objetivo atender as expectativas imediatas dos indivíduos. Ela pode ser
definida como o conjunto de meios ou ferramentas utilizados para a transmissão de
informações ao público assumindo um papel muito importante na formação de uma
sociedade menos conflituosa. Porém, em uma realidade complexa como a nossa, a
mídia desempenha um papel garantidor da manutenção do sistema capitalista,
fomentando o consumo, ditando regras e modas e agindo sobre interesses comerciais.

A mídia notoriamente tem papel importante na conjuntura social atual, pois exerce
influência em todos os campos, seja na família, na política e na economia, incutindo na
população uma forma de agir e pensar importante para a manutenção da ordem.

A mídia, quando tomou corpo de mercadoria, era disponibilizada somente para as


famílias mais abastadas. Aos poucos esse público foi sendo ampliado e o acesso a esse
tipo de informação chegou também à população menos favorecida ocasionando o que
temos hoje, um público em massa dos meios de informação através, principalmente, da
televisão.

Schecaira (apud BAYER, 2013) entende que a mídia é uma fábrica ideológica
condicionadora, pois não hesitam em alterar a realidade dos fatos criando um processo
permanente de indução criminalizante. Assim, os meios de comunicação desvirtuam o
senso comum através da dominação e manipulação popular, através de informações que,
nem sempre, são totalmente verdadeiras.

Com isso, propagando o medo do criminoso (identificado como pobre), os meios de


comunicação aprofundam as desigualdades e exclusão dessa parcela da sociedade,
aumentando as intolerâncias e os preconceitos. Utiliza-se do medo como estratégia de
controle, criminalização e brutalização dos pobres, de forma que seja legitimo as
demandas de pedidos por segurança, tudo em virtude do espetáculo penal criado pela
imprensa.

Criam-se normas penais para a solução do problema, porém, o Direito Penal passa a ser
apenas um confronto aos medos sociais, ao invés de atuar como instrumento garantidor
dos bens juridicamente protegidos.
Hoje, vivemos em constante situação de emergência e deixamos de perguntar pelo
simples fato de estar provada a barbaridade dos outros. A partir daí, muros são
construídos para separar a sociedade. Há muros que separam nações entre pobres e
ricos, mas não há muros que separam os que têm medo dos que não têm (COUTO,
2011).

A manipulação das notícias através dos meios de comunicação aumentam os medos e


induzem ao pânico, reforçando uma falsidade à política criminal e promovendo a
criminalização e repressão, ofertando ao sistema penal uma legitimação para uma
intervenção cada vez mais repressiva, criando um verdadeiro Estado Penal.

A mídia exerce influência sobre a representação do crime e também do delinquente em


razão do constante destaque que se dá aos crimes violentos. Assim, a mídia vai
colaborando o processo de construção de “imagem do inimigo” – no Brasil quase
sempre como dos setores de baixa renda – mas também auxilia na tarefa de eliminá-los,
desconsiderando da ética e justificando a opressão punitiva.

Através de uma seleção de conteúdos a mídia tem o poder da construção da realidade,


que é um poder simbólico. Esse poder simbólico procura reproduzir uma ordem
homogeneizada do tempo e do pensamento, com um único objetivo, a dominação de uns
sobre os outros. Com isto, criam sujeitos incapazes de contestar o que se lhes é
apresentado de forma a garantir a ordem, a torná-los submissos e dominados.

A mídia incute na sociedade uma política de higienização e rotulação dos desiguais que
devem ser banidos da convivência social. Diante da propagação dessa política, cada vez
mais os cidadãos são colocados diante de questões criminais que parecem nunca se
resolver provocando uma sensação de intranquilidade e medo. Esse último, por sua vez,
é agravado pela sensação de vulnerabilidade e de impossibilidade de defesa. A
realidade entre medo e verdade

A frequente exposição da crescente criminalidade através da mídia cria um sentimento


de insegurança irreal, sem qualquer fundamento racional.

Na realidade, o principal objetivo da mídia é chamar a atenção do público e obter lucro.


Assim, a mídia passa a utilizar expedientes sensacionalistas com fatos negativos como
crimes e catástrofes, disseminando um sentimento de insegurança no seio social,
ocasionando o surgimento da cultura do medo e formando uma “Sociedade do Medo”.
Ou seja, nem tudo que vimos nos telejornais são de extrema veracidade, grande parte
desta informação tem uma intenção do porque ser transmitida e, essa intenção, estará
sempre relacionada a um fim lucrativo e dominador social.

De acordo com Silveira (2013), para dar sustentação ao ciclo que por diversas formas
fomenta o consumo e acarreta o lucro, a mídia, seguindo os ditames da indústria
cultural, interage com o público receptador das informações de uma forma muito
particular, visto que consegue se adaptar perfeitamente às mais diversas classes, idades
e tipos de pessoas, buscando uma relação com o público médio.

Há mais medo do que medo propriamente dito. A televisão tenta retratar os fatos de
forma a tornar a informação o mais real possível aproximando os acontecimentos do
cotidiano das pessoas e fazendo-as crer que aquela situação de risco poderá acontecer a
qualquer momento dentro de suas próprias casas, nos seus grupos sociais. Assim, os
telejornais propagam informações sensacionalistas através da exploração da dor alheia,
do constrangimento de vítimas desoladas e da violação da privacidade de algumas
pessoas. Para chamar a atenção do público, ainda lançam mão de outros recursos
semelhantes, como a incitação de brigas entre vizinhos nos bairros populares e os
crimes de violências sexuais cometidos por membros de uma mesma família.

Desta forma, mesmo que estejamos mais seguros do que em toda história da
humanidade, mesmo assim, as pessoas continuam a se sentir ameaçadas, inseguras e
apaixonadas por tudo aquilo que se refira à segurança e à proteção. Isso se dá através do
que Silveira (2013) chama de “cultura do medo”, ou seja, o que tem levado as pessoas a
intensificarem suas próprias medidas visando uma suposta diminuição de
vulnerabilidade, como a construção de muros e barreiras, assim como a se isolarem
dentro de suas próprias casas, evitando sair a eventos e espaços públicos por medo da
violência, o que configura uma mudança radical de comportamento, algo que beira a
paranoia.

Esta forma de isolamento dos conflitos ocasiona uma espécie de divisão social, onde as
pessoas economicamente privilegiadas passam a ocupar bairros considerados “nobres” e
condomínios vigiados continuamente, restando para a camada mais pobre da população,
territórios completamente negligenciados pelo Estado, locais em que a “elite” busca o
distanciamento, diz Silveira (2013). E complementa ainda Silveira (2013, p. 300) que
“O homem enfrenta grandes dificuldades em conseguir ver o outro como um semelhante
e não como um concorrente a ser eliminado”.

Toda essa realidade que se forma na “cultura do medo” acaba por contribuir para o
reforço dos preconceitos na esteira da ignorância e da insegurança. Com isso, cria-se a
“Sociedade do Medo” aqui abordada que, além de cruel e preconceituosa, passa a ser
ignorante e submissa a tudo que lhe é apresentado como verdade absoluta.

César Vinícius Kogut e Wânia Rezende Silva expõe que o medo é fenômeno de
paralisação do senso normal da vida, altera relações de formas e espaços, traz à tona
uma imagem duvidosa, reflete insegurança, tristeza e dá noção de fragilidade. Por isso,
uma das missões fundamentais do Estado deveria ser realizar ações para minimizar
problemas e reduzir o medo proporcionando à população uma melhor qualidade de vida,
libertando os indivíduos desse sentimento para que vivam em segurança.

Saber que este mundo é assustador não significa viver com medo. Nossa vida está longe
de ser livre do medo, assim como, livre de ser livre de perigos e ameaças, porém, não
podemos permitir que o que vimos na TV influencie nossa vida a ponto de pararmos de
viver, a ponto de guardarmos sonhos que gostaríamos de realizar ou de nos impedir de
promover uma mudança. Não devemos nos preocupar com o que ainda não aconteceu,
mas procurar sim evitar situações que possam nos colocar em risco e, até mesmo, nos
proteger do perigo. Tudo, porém, sem permitir que o medo e a insegurança tome conta
de nosso ser e do que somos.

Julga-se importante estabelecer os limites éticos da atuação da mídia, de forma que,


respeitem a ordem legal, discipline as atividades e defina suas responsabilidades em
relação às pessoas atingidas pela informação que se divulga, sem, é claro, que se perca o
direito de informar e de ser informado. É preciso que a mídia banalize menos e instrua
mais, sem decidir por si o que as pessoas devem pensar e a forma como elas devem agir
em relação ao que foi noticiado.

Por vivermos em uma sociedade complexa, onde o Estado já não mais é capaz de
cumprir com seu papel de proporcionar segurança à população, facilita ainda mais a
instalação do medo inconsciente das pessoas.

Assim, resta à sociedade acreditar naquilo que é transmitido pela mídia e esperar por um
futuro melhor, com menos violência e crimes hediondos. Até lá, a vida segue com uma
completa divisão social, na medida em que a elite escolhe seus inimigos nas camadas
mais pobres da população e continuam condenando aqueles que menos recursos têm: os
já predestinados ao fracasso no sistema.

Como expõe Loïc Wacquant: “tranque-os e jogue fora a chave’ torna-se o leitmotiv dos
políticos de última moda, dos criminólogos da corte e das mídias prontas a explorar o
medo do crime violento (e a maldição do criminoso) a fim de alargar seus mercados”.
Afinal, é esta política que ultimamente tem ganho voto e feito os políticos se elegerem.

Agora, quando os seus direitos e suas garantias fundamentais forem tiradas, só lhe
restará sentar no meio fio e chorar, afinal, você pode ter legitimado tudo isso. Cuidado,
muito cuidado.

Raquel do Rosário é Formada em Letras pela Universidade da Região de Joinville


(UNIVILLE); Especialista em Inglês como segunda língua pela Central Piedmont
Community College (CPCC) – Carolina do Norte / USA; Mestre em Ciências da
Educação pela Universidade Católica Portuguesa (UCP) – Lisboa / Portugal;
Graduanda do Curso de Direito pelo Centro Universitário – Católica de Santa
Catarina / Brasil. Email: raquelteacher@hotmail.com
Diego Bayer é Advogado criminalista, Doutorando em Direito Penal, Professor de
Penal e Processo Penal da Católica de Santa Catarina e autor de obras jurídicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAYER, Diego Augusto. A Mídia, a reprodução do medo e a influência da política criminal. In. Controvérsias Criminais: Estudos de
Direito Penal, Processo Penal e Criminologia. Jaraguá do Sul. Letras e Conceitos. 2013.

BAUMAN, Zygmunt. Medo Líquido. Tradução, Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; Ed. 2008.

BOLDT, Raphael. Criminologia midiática: Do discurso punitivo à corrosão simbólica do Garantismo. Curitiba: Juruá, 2013.

KOGUT, César Vinícius & SILVA, Wânia Rezende. A Mídia e seus Efeitos sobre o Medo Social. SESP– UEM.

MORAES, Cristiano Luis de Oliveira & SPANIO, Marlene Inês. Punição e mídia: análise de alguns aspectos que influenciam na
violência e na criminalidade.

PELUZO, Vinicius de Toledo Pisa. Sociedade, mass media e Direito Penal: uma reflexão. Revista da Escola Paulista da
Magistratura, 2003.

SILVEIRA, Felipe Lazzari da. A cultura do medo e sua contribuição para a proliferação da criminalidade. 2º Congresso
Internacional de Direito e Contemporaneidade. Santa Maria / RS UFSM – Universidade Federal de Santa Maria, 2013.

WACQUANT, Loïc. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Trad. Nilo Batista. Rio de Janeiro: Revan, 2001.

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