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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

CAMPUS DE GUARATINGUETÁ

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA

THALIS OTÁVIO SIQUEIRA DE OLIVEIRA – 181320193


KAUE CHIOVETTO SIQUEIRA – 181320142
MARÍLIA FERNANDES VIDILLE – 171321766
RAPHAEL DOS SANTOS MONTEIRO – 181320177

RELATÓRIO DE SOLUBILIZAÇÃO E PRECIPITAÇÃO DE LIGA DE


ALUMÍNIO

GUARATINGUETÁ
2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE GUARATINGUETÁ

DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIA

INTRODUÇÃO

O homem aprendeu a realizar tratamentos térmicos nos primórdios do seu domínio da


metalurgia, descobrindo acidentalmente diversos fenômenos como: metais quando aquecidos
suficientemente se fundem; metais deformados e muito duros após aquecidos, volta a ser
trabalhável e metais aquecidos e resfriados rapidamente ficam muito duros.
“Tratamento Térmico é um ciclo de aquecimento e resfriamento realizado nos metais
com o objetivo de alterar as suas propriedades físicas e mecânicas, sem mudar a forma do
produto, visando principalmente o aumento da dureza, resistência ao desgaste e fadiga”
(Objetivos do Tratamento Térmico dos Aços, 2017)
O conhecimento em tratamentos térmicos foi lapidado ao passar das décadas, podendo
ser utilizado em diversas ligas de diferentes metais e composições para o estudo da mudança
de suas propriedades mecânicas, existindo diversos gráficos de fases para diferentes materiais
de diferentes características. A Fig. 1 mostra um gráfico que será estudado neste relatório que
é o da liga alumínio-cobre.

Fig. 1- Gráfico de fases do alumínio-cobre- CALLISTER


(2012)
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Estas propriedades podem ser melhoradas ou inferiorizadas pela formação de


precipitados (partículas extremamente pequenas e uniformemente dispersas de uma segunda
fase no interior da matriz da fase original). Para este fim, é utilizado o processo de
endurecimento por precipitação. Algumas ligas como: alumínio-cobre, cobre-berílio e cobre-
estanho são possíveis de serem endurecidas por este processo
O primeiro passo nesse processo é fazer o tratamento térmico de solubilização, que
consiste elevar a temperatura (T0) da liga ao ponto que se obtém uma fase constante de alfa,
ficar um determinado tempo nesta temperatura para ser solubilizado as partículas do soluto na
matriz original (formando uma composição supersaturada de soluto) e finalmente resfriado a
temperatura ambiente (T1), por meio da agua ou óleo e, segundo CALLISTER (2012, p. 237),
“nesse estado a liga é relativamente mole e fraca devendo passar por outro processo para
melhorar as suas propriedades”.
Após a solubilização concluída, é novamente aquecido o material, mas até uma
temperatura inferior à passagem para fase alfa (T2), e quando chegada nessa temperatura, deve
ficar um tempo (determinada de acordo com suas dimensões para ter homogeneidade
volumétrica) para depois ser novamente resfriado a temperatura ambiente (T1), por meio de
água ou óleo. Este processo é chamado de envelhecimento, e é denominado natural se feito em
temperatura ambiente e artificial se feito a temperatura diferente da temperatura ambiente. Este
processo, microscopicamente, forma partículas do soluto finamente dispersas melhorando suas
propriedades (se for alumínio-cobre, por exemplo, aumenta em muito a ductilidade). Ambos os
passos descritos, são apresentados na Fig. 2 e Fig. 3.

Fig. 2- Diagrama de fases hipotético para uma liga endurecível por precipitação
com composição C0 – CALLISTER, 2012, p. 237
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Fig. 3- Gráfico esquemático da temperatura em função do tempo mostrando tanto o tratamento


térmico de solubilização como o tratamento térmico de precipitação para o processo de
endurecimento por precipitação – CALLISTER, 2012, p. 237

É interessante também estudar o gráfico de dureza em função do tempo de


envelhecimento. O comportamento para uma típica liga endurecível por precipitação é
apresentada na Fig. 4 e mostra que com o aumento do tempo, a dureza aumenta até atingir um
valor máximo e após finalmente diminui. Essa redução ocorre após longos períodos de tempo
e é conhecida por superenvelhecimento, isto acontece devido à reformação dos precipitados
finos em um precipitado de grão maior (estado após solubilização), diminuindo assim a dureza.

Fig. 4- Diagrama esquemático mostrando a dureza como função do logaritmo do


tempo de envelhecimento a uma temperatura constante durante o tratamento
térmico de precipitação – CALLISTER, 2012, p. 237
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ANÁLISE E DISCUSSÕES
Primeiramente, todos os corpos de provas foram levados ao forno à 490±5ºC, mostrado
na Fig. 5, e mantidos por um tempo para a formação da solução homogênea alfa, que foram
resfriados em água temperatura ambiente formando uma solução supersaturada de alfa.

Fig. 5- Forno
Fig. 6- Corpos de provas

Foram utilizados 4 c.d.p. para o ensaio, mostrados na Fig. 6. Um corpo de prova tem
dimensões cilíndricas de 40,0mm de diâmetro e 5mm de espessura. Este corpo de prova passou
por uma condição T4 de envelhecimento natural, tomando nota da dureza com tempo de 15, 30
e 45 minutos de envelhecimento
O restante dos c.d.p são amostras cilíndricas iguais citadas anteriormente com a
diferença de serem a metade do cilindro. Estes c.d.p. passaram por uma condição T6 de
envelhecimento artificial (190 ºC) tomando nota da dureza de todas com tempo de 15, 30 e 45
minutos de envelhecimento
O material utilizado para o corpo de prova foi o alumínio A2024 com composição de
4% de carbono, 1,4% de magnésio, 0,6% de manganês e o restante de 94% de alumínio.
Algumas aplicações e características típicas, para CALLISTER (2012, p. 259), são para
estruturas de aeronaves, rebites, rodas de caminhão, produtos de máquinas de fazer parafusos.
Também tem tipicamente um limite de resistência à tração de 470MPa e limite de escoamento
de 325MPa
Após todo tratamento térmico foi medido a dureza em Rockwell B três vezes e feito
uma média, como mostrado na tabela a seguir
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TEMPO DUREZA (HRB) CONDIÇÃO T4


(minutos) 1º medida 2º medida 3º medida média
Solubilização 40 39 43 40,6
15 46 48 48 47,3
30 49 55 56 53,3
45 59 60 58 59
Tabela 1- Dureza obtida pela condição T4

TEMPO DUREZA (HRB) CONDIÇÃO T6


(minutos) 1º medida 2º medida 3º medida média
Solubilização 40 39 43 40,6
15 69 71 71 70,3
30 65 63 65 64,3
45 70 69 70 69,7
Tabela 2- Dureza obtida pela condição T6

Dureza em função do tempo


80
70 70,3 69,7
64,3
60 59
Dureza (HRB)

53,3
50 47,3
40
T6
30
20 T4
10
0
0 0,5 1 1,5 2
logaritmo do tempo em minutos

Fig. 7- Gráfico da dureza em função do tempo

Uma das características que devemos observar é que o comportamento da condição T6


na Fig. 7 seria provavelmente parecida à Fig. 4 e um dos argumentos válidos seria que no ensaio
feito não foi obtido mais dados superiores a 45 minutos, pois caso feito provavelmente haveria
maiores valores de dureza HRB até um valor máximo, e após esse valor teria uma queda
gradativa, chamada de superenvelhecimento. Outro argumento válido seria devido ao lugar
feito o ensaio no corpo de prova, pois o corpo de prova já havia sido testado e medido a dureza
várias vezes, e se colhido um ponto próximo onde já havia feito um ensaio ou um ponto próximo
às bordas, poderia ter discrepâncias nos resultados (sem contar o fato da não homogeneidade
devido a fabricação do material)
Outro fato que deve ser mencionado é que a condição T4 de envelhecimento natural
não diminui a dureza, havendo picos da mesma, mas sim aumenta gradativamente em questão
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do decorrer do tempo, em temperatura ambiente. De forma observada, diferente do


envelhecimento artificial.
Além disso, durante a produção industrial do alumínio em questão, existe sempre uma
ligeira e inevitável variação na composição e tamanho médio dos grãos de um lote para o outro.
Essa variação resulta em alguma dispersão nos dados de dureza, apresentados acima na
condição T6.
Para ensaios futuros seria bom acrescentar o número de dados coletados. Invés de 3
dados com intervalos de 15 minutos seria interessante alterar para mais dados com intervalo de
5 minutos, em até 50 minutos, por exemplo. Fazendo isto, possibilitaria ver nitidamente o ponto
de superenvelhecimento, e caso fosse feito o ensaio com duas amostras em cada tempo evitaria,
estatisticamente, a aparição de erros devido à medição

CONCLUSÃO
O endurecimento por precipitação é empregado comumente em ligas de alumínio de
alta resistência. Embora um grande número dessas ligas possua diferentes proporções e
combinações de elementos de liga, o mecanismo do endurecimento foi talvez mais
extensivamente estudado para as ligas alumínio-cobre. O endurecimento por precipitação é
importante na produção de ligas que possuem a combinação ótima de propriedades mecânicas
(como dureza e ductilidade).
Para o tratamento de precipitação é importante observar que, em temperatura
constante, a resistência aumenta ao longo do tempo até atingi um valor máximo, e então diminui
com a fase chamada de superenvelhecimento.
Resumindo todo o exposto, o fenômeno de aumento da resistência pode ser explicado
em termos da criação de uma maior resistência ao movimento das discordâncias pelas
deformações da rede cristalina, as quais estabelecidas na vizinhança dessas partículas
precipitadas microscopicamente pequenas.
Concluindo, é plausível dizer que o tratamento térmico de solubilização e precipitação
é o mais amplamente utilizado na indústria e importante método para ligas de alumínio, por ser
um processo simples e eficiente para aumento de propriedades mecânicas do material que possa
passar por este processo (como dito, diversas ligas de alumínio são ideais). Vale ressaltar em
fim que a mudança das propriedades diversas se deve, portanto, em relação ao tempo dado ao
envelhecimento (natural ou artificial), à temperatura exposta, às dimensões do corpo de prova
devido a uma diferente taxa de resfriamento e, portanto, diferentes durezas e outras
propriedades e por fim pela liga utilizada. Este relatório foi feito tomando nota do procedimento
feito com alumínio-cobre, mas daria resultados diferentes se fosse com ligas como cobre-berílio
e cobre-estanho, por exemplo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLISTER Jr., W. D. - Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 8a edição, LTC,


Rio de Janeiro, 2012.
INFOMET. (31 de 10 de 2019). Metais e Ligas . Fonte: Infomet:
https://www.infomet.com.br/site/metais-e-ligas-conteudo-ler.php?codAssunto=50

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