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O esquecer-me da matéria não é uma ação, mas o estudar para impedir que me esqueça da
matéria outra vez é uma ação pois eu quero estudar e faço isso acontecer.
Nem tudo o que acontece é uma ação. Por definição, um acontecimento é algo que se verifica
num certo momento e num certo lugar sem intervenção de um agente, definição essa que não
é, de todo, similar à da de ação.
Imaginemos:
Isto foi algo que me aconteceu, eu não quis cair e não fiz com
que caísse no chão, apenas caí “por mal dos meus pecados”.
Eu posso, por outro lado, cair porque participo numa peça de teatro.
Isto foi uma ação porque eu, efetivamente, decidi e fiz para
cair. Esta queda é um acontecimento, como é claro, mas
aconteceu por causa da minha ação.
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Explicar a importância do agente na ação humana
A primeira frase fala-nos de algo que o Luís fez. Ou seja, ele torna-se o agente da ação que
praticou. E a entidade “agente” é muito importante nas ações humanas porque é a intervenção
dessa entidade que distingue as ações dos acontecimentos. É ao agente que nós atribuímos a
ação, está sob o seu controlo praticar ou não a ação (dispõe de cursos alternativos de ação).
Por definição, intenção é o propósito ou o objetivo da ação, isto é, o que o agente pretende
com a ação, responde à pergunta “o que quer fazer o agente?”.
Por definição, motivo é o porquê da ação, as razões que permitem justificar a ação.
A relação existente entre ambos é a seguinte: saber qual o motivo da ação, o seu porquê ou
razão de ser, clarifica a intenção do agente; o motivo é fundamental para se fazer transparecer
a intencionalidade da ação. Se um agente tem a intenção de fazer algo – inscrever-se no clube
de jornalismo – saber o que o motiva torna mais claro o seu propósito e esclarece-nos quanto a
opções que podia tomar e não tomou. Teremos por outras palavras a justificação da intenção.
Eu tenciono participar no
clube de jornalismo para
Eu increvo-me no clube
Eu quero ser jornalista no futuro praticar aquela que será a
de jornalismo
-MOTIVO- minha profissão futura, se
tudo correr bem. -AÇÃO-
-INTENÇÃO-
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Articular deliberação e decisão (da ação)
Por definição, a decisão é a escolha que o agente faz entre vários rumos possíveis para a
ação, entre as várias alternativas e possibilidades possíveis em função de determinadas razões
e motivações. A decisão é precedida pela deliberação.
A deliberação e a decisão são duas coisas que temos de fazer antes de agirmos. Isto é, antes
de praticarmos a ação nós ponderamos sobres as várias possibilidades que temos (agimos de
que forma? não posso fazer isto em vez disto?) e decidimos, posteriormente, uma dessas.
O Homem conta com vários obstáculos quando age: as condicionantes da ação humana.
Entende-se por condicionante da ação os limites que fatores internos e externos impõem à
nossa ação, mas que, ao mesmo tempo, possibilitam-nos a agir com fatores internos e
externos, também. Isto faz com que, se por um lado limitam as nossas ações, por outro
possibilitam-nas, simultaneamente.
Condicionantes Socioculturais
Condicionantes Socioculturais
Condicionantes Psicológicos
Como já tínhamos visto, por definição, condicionantes da ação são os limites que fatores
internos e externos impõem à nossa ação, mas que, ao mesmo tempo, possibilitam-nos a agir
com fatores internos e externos, também.
Por definição, determinantes da ação são os fatores que, atuando sobre nós, determinam as
nossas ações, isto é, impedem que a nossa vontade encontre cursos alternativos de ação.
Estes dos conceitos não podiam ser mais distintos. As condicionantes da ação têm uma certa
dualidade, se, por um lado, nos condicionam, por outro, possibilitam-nos a agir, ao contrário
das determinantes da ação, que vão determiná-la. Em suma, enquanto que as condicionantes
da ação apenas a influenciam, já que é a nossa vontade que, apesar de certos fatores, controla
a ação, as determinantes da ação vão impor apenas uma forma de agir, já que a nossa
vontade, por causa de certos fatores (as determinantes), não controla a ação.
O livre-arbítrio é a capacidade de decidir (ou arbitrar) em liberdade o que fazemos das nossas
vidas, tendo a capacidade de seguir outros rumos da ação. Assim, se eu puder agir, fazer algo,
por escolha minha, estando livre e consciente, posso dizer que possuo livre-arbítrio.
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Clarificar o problema do livre-arbítrio e a sua importância
“Será que escolhemos realmente o que fazemos ou as nossas ações são causadas por fatores
que não controlamos?”
Este é o problema que o livre-arbítrio nos coloca. Mas como é que surge tal questão? O livre-
arbítrio é um problema porque apesar de acreditarmos que escolhemos realmente o que
fazemos, também somos profundamente influenciados pela explicação científica da natureza
ou do mundo físico. Conforme vimos sabemos, as nossas ações são acontecimentos causados
pelas nossas crenças e desejos, mas, por sua vez, é legítimo perguntar se existe algo que
causa as nossas crenças e desejos. Nessas circunstâncias, é tentador perguntar se podemos
considerar que somos realmente livres ou se as nossas ações são apenas o resultado de
acontecimentos anteriores que escapam inteiramente ao nosso controlo.
O problema do livre-arbítrio tem importantes implicações práticas, a principal das quais está
relacionada com a nossa responsabilidade morar. Se não controlamos as nossas ações (já que
o que fazemos é apenas o resultado de acontecimentos anteriores que escapam inteiramente
ao nosso controlo), será que podemos ser alguma vez considerados moralmente responsável
por um acontecimento. Ser responsável implica ser livre, e se não somos livres não podemos
ser responsáveis.
Sintetizando o problema do livre-arbítrio faz duas perguntas: Num mundo regido por uma lógica
causalista, será que há espaço para a nossa vontade de agir livremente? Serão as crenças na
liberdade de escolha e no determinismo compatíveis?
O determinista encara a Natureza como um conjunto de coisas e factos em que tudo o que
acontece resulta de causas anteriores, às quais se seguem efeitos inevitáveis. Se as nossas
decisões dependerem estritamente de leis físicas, então as condicionantes da ação humana
não são meros obstáculos ou limites. São elementos determinantes e necessários.
Ou seja, o determinismo radical é uma tese filosófica segundo a qual não existe livre-arbítrio.
As nossas ações são determinadas pela cadeia causal de acontecimentos (não são livres).
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O determinismo radical nega a liberdade à ação humana, afirma que o ser humano não pode
livremente escolher outro modo de agir, e defende o incompatibilismo entre a liberdade e o
determinismo natural. O homem faz exatamente o que tinha de fazer e não podia ter feito outra
coisa, ou seja, os seus atos não dependem da sua vontade, mas de causas (externas ou
internas) que estão fora do seu poder controlar.
• Quando agimos de determinado modo temos a consciência que poderíamos ter agido
em sentido oposto.
• É difícil contruir a vida social sem a ideia de responsabilidade moral que requere que
haja livre-arbítrio.
O determinismo defende que as nossas ações não são livres. Contudo, se as nossas ações
não são livres como é que responsabilizamos alguém.
Toda a nossa vida social baseia-se em que tenhamos livre-arbítrio. Como é que condenamos
alguém? Como é que elogiamos alguém? Como é que dizemos a alguém que não deveria ter
feito o que fez? Todos estes atos requerem uma única condição, requerem que o ser humano
tenha o poder de agir de diferentes formas daquela que escolheu agir, aí podemos
responsabilizar alguém tendo em conta a ação que praticou. Se não formos responsáveis pelas
ações que praticamos, como é que somos responsabilizados?
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Explicar a teoria do determinismo moderado
Resumindo, se as causas de uma ação estão em mim (nas minhas crenças e desejos), então
são livres. Se não são causadas pelas crenças e desejos que constituem a minha
personalidade, então não são livres.
Visto isto conseguimos dizer, adotando uma visão compatibilista, que o facto de uma ação ser
ou não ser livre não depende de ser ou não ser causada, mas do modo como é causada.
• O determinismo moderado, apesar das aparências não distingue ações livres de ações
não livres.
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Explicar a teoria do libertismo
Ainda que um indivíduo escolhesse deixar de ser livre, esta decisão seria uma demonstração
da sua liberdade.
Podemos saber que somos livres a partir da consciência de que cada escolha realizada foi feita
por nós. Mesmo quando temos que fazer escolhas difíceis e que se nos afiguram como
obrigatórias, podíamos optar por não escolher, pelo que a decisão final é nossa. A partir do
momento em que é cada indivíduo quem toma decisões na sua vida, este é totalmente
responsável pelas suas ações. Basta que exista mais do que um caminho possível para que
tenhamos a possibilidade de escolher entre eles, razão pela qual somos os únicos
responsáveis pela decisão que tomamos.
• Se eu me determino a mim próprio, quem sou “eu”? Sou causa das minhas ações, mas
serei uma entidade física? Porque se for, não escapo das leis físicas e, portanto, sou
determinado.
Miguel Almeida