1.

“DESDE ERAS ETERNAS”

1. Por que estudar esse assunto (concertos, lei e justificação)?

1.1. Interpretação e Compreensão da Bíblia.
1.1.1. Interpretar o texto da maneira que se lê.
“A linguagem da Bíblia deve ser explicada de acordo com o seu
óbvio sentido, a menos que seja empregado um símbolo ou figura.
”(GC, 593)
Ex. Gn 1:5 “Houve tarde e manhã, o primeiro dia”. (literal)
Ap 1:16 “Da boca saía-lhe uma afiada espada” (simbólica)
Logo, as interpretações alegóricas ou espiritualistas são proibidas,
pois elas enfraquecem a mensagem escrita e permitem que o
teólogo molde o texto de acordo com sua vontade, para promover
suas próprias ideias.
1.1.2. Tratar os problemas bíblicos de maneira igualitária.
Muitas soluções apresentadas acabam afetando a interpretação
dada a outras partes da Bíblia. Nem sempre é dado o mesmo
tratamento a todos os textos. Quando nos convém, usamos um
critério literal. Quando não nos convém, utilizamos um critério
simbólico. Pesos e medidas diferentes.
Ex. Is 28:10 “Regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali”

Gn 35:18 “Ao sair-lhe a alma (porque morreu), deu-lhe o nome de...”

Muitos usam o texto de Isaías para provar que devemos juntar

tudo aquilo que a Bíblia fala de um tema e retirar uma conclusão.
Mas, excluem o contexto e são extremamente literais. No segundo
caso, confrontados com uma alma que deixa o corpo, o tratamento
muda. Argumentam que não é literal e que é preciso olhar o
contexto. Então, no texto de gênesis, admitem análise do
hebraico, abstração, etc.

1
1.1.3. Interpretar corretamente os textos difíceis de Paulo.
Paulo escreveu muitas vezes sobre o fim da lei.
Hb 7:12; Hb 8:7 e 13; Gl 3:23-25; 2Co 3:14;
Muitos adventistas têm argumentado que todas as vezes que se
fala de forma negativa da lei, é a lei cerimonial. Quando se fala de
forma positiva, é a lei moral (os dez mandamentos). Logo, a lei
revogada é a lei cerimonial. Isso já seria uma pequena
manipulação do texto bíblico, pois é estranho pensar que Paulo,
numa única carta, se refira a coisas diferentes, sem se explicar,
utilizando sempre a mesma palavra.
Também é comum expor o assunto tentando provar que a Bíblia
tem duas leis: a moral e a cerimonial. Uma é a lei do Senhor (Sl
19:7), a outra é a lei de Moisés (Ne 8:1). A moral foi escrita pelo dedo
de Deus (Ex 31:28), a cerimonial foi escrita por Moisés (Dt 31:9). Uma
estava na arca e foi escrita na pedra (Dt 10:5), a outra fora e foi
escrita num livro (Dt 31:26). Uma era boa, pois é espiritual (Rm 7:4), a
outra ruim, em função de ser carnal (Hb 9:10). A cerimonial foi
abolida na cruz, mas os dez mandamentos continuam para
sempre. Porém, a própria Bíblia não faz essa divisão. Essa
separação é artificial.
1. A lei cerimonial é chamada de lei do Senhor (Lc 2:39; 2Co 31:3,4)
2. Os dez mandamentos foram escritos primeiramente por
Moisés num livro antes mesmo de Deus escrevê-los na pedra
(Ex 24:3-12).
3. “A lei cerimonial foi dada por Cristo. Mesmo depois que ela não
mais devia ser observada, Paulo apresentou-a aos judeus em
sua verdadeira posição e valor, (...) gloriosa esta lei, digna de
seu divino Originador. ” (PP, 367)
4. Ainda que todos aqueles argumentos tivessem apoio bíblico,
eles não resolveriam o problema por completo. Se os dez
mandamentos continuam, e a lei cerimonial é abolida na morte
de Cristo, (pois os rituais apontavam para cruz), e o que fazer
com a lei dos escravos, que não apontava para a cruz e nem
era lei moral (Ex 21:1-11; Dt 15:12)? E a lei da primogenitura (Dt
21:15-17)? E a lei do levirato (Dt 25:5-12)? E a leis sobre as
bordas das vestes (Nm 15:37-41; Dt 22:12)?
2
13
Pois nem mesmo aqueles que se deixam circuncidar guardam a lei
[Na prática, o objetivo não estava sendo guardar toda Antiga Aliança];
antes,
querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne [Eles
querem se exaltar no fato de terem conseguido conquistar mais um para seu modo de
pensar].
14
Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para
o mundo.
[A maior glória de Paulo era ter conhecido Jesus Cristo. E por Jesus Cristo, Paulo
desistiu de todas as suas pretensões terrestres, e o mundo já não via qualquer
valor em Paulo, querendo matá-lo]
1.2. Expor a verdade bíblica de maneira verdadeira.
15
Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o
ser nova criatura.
[Mais importante que regras de comportamento, vestuário ou alimentação é ser
uma pessoa nova interiormente. Alguém liberto do egoísmo e da rebelião, alguém
que se interessa desinteressadamente pelo próximo]
16
E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra [ser nova
criatura],
paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus.
17
Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as
marcas de Jesus.
18
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso
espírito. Amém!
90
Portanto, essa divisão (moral x cerimonial) é apenas didática, mas
não jurídica. Não existem códigos morais e cerimoniais
independentes um do outro. Precisamos estudar os concertos
para entender realmente a teologia de Paulo ao escrever aquelas
cartas, e interpretar os textos difíceis sem que isso afete a
explicação de outras partes da Bíblia
1.1.4. Entender o funcionamento da justificação.
A maneira pela qual você compreende os concertos, a maneira
pela qual você explica as reações de Paulo à lei, determinará seu
entendimento da doutrina da salvação e da justificação.
1.2.1: Deus proíbe o uso de argumentos falsos.
“É importante que, ao defender as doutrinas que consideramos
artigos fundamentais da fé, nunca nos permitamos o emprego de
argumentos que não sejam inteiramente retos. Eles podem fazer
calar um adversário, mas não honram a verdade. Devemos
apresentar argumentos legítimos, que não somente façam
silenciar os oponentes, mas que suportem a mais acurada e
perscrutadora averiguação. Quanto aos que se preparam para
debates, há grande perigo de que eles não lidem com lisura em
relação à Palavra de Deus. (...)”. (T5, 708.1)
1.2.2. Exemplos de argumentos ilegítimos:
Inserindo uma palavra
Rm 6:14 “pois não estais debaixo [condenação] da lei, e, sim, da graça”
Gl 4:4 “nascido de mulher, nascido sob [condenação] da lei” ????
Afirmando que o autor queria dizer, mas escreveu outra coisa.
Gn 2:2 “E havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra”
terminado no dia sexto (...)
Mudar o sentido das palavras de acordo com a conveniência.
Gálatas fala da lei cerimonial. Romanos fala da lei moral.
Portanto, esse estudo nos dará coerência e honestidade na
exposição bíblica de O Novo Testamento.
3
 2
1.3. Amar mais a Deus Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo [Nova
Aliança].
Mt 22:37. Nós amamos a Deus na medida do nosso entendimento.
Quem entende mais, ama Deus ainda mais. Quem O conhece
3
apenas um pouco, amará apenas no pouco que conhece. Quem Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si
conhece mais ama mais, aprecia mais, se envolve mais, tem mais mesmo se engana.
compromisso.
4
Mas prove cada um o seu labor e, então, terá motivo de gloriar-se
unicamente em si e não em outro.
2. Introdução ao tema dos concertos.
Como Deus se relaciona com o ser humano: Relacionamento ou 5
Porque cada um levará o seu próprio fardo.
Concerto?
6
Apesar de Deus possuir um relacionamento com seu povo, a Bíblia Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de
não utiliza essa palavra. A Bíblia sempre fala em aliança, concerto, todas as coisas boas aquele que o instrui [instrutor espiritual].
contrato. Relacionamento é uma palavra vaga, genérica. Concerto é
uma palavra restrita que pressupõe um relacionamento com um 7
Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem
compromisso, um contrato.
semear, isso também ceifará.
2.1. O que é um concerto. Princípios básicos de funcionamento.
8
Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá
2.1.1. Acordo entre duas partes. Um contrato. Uma aliança. corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida
eterna.
Ex. Serviço de energia que temos em nossa casa.

2.1.2. Cada parte possui direitos e deveres. Cada parte pode exigir
seus direitos da outra, desde que ela tenha cumprido seus deveres.
Ex. Meu direito é usar a energia. Meu dever é pagar a conta. O dever
da prestadora é fornecer energia. E seu direito é receber pelo serviço.
2.1.3. Um concerto só vincula as partes. Não podem exigir nada
de terceiros. As partes não são afetadas por atos de terceiros.
Ex. Se eu gastar muita energia, meu vizinho não terá de pagar por
isso. Se eu não pagar a conta, é a minha energia que será cortada, e
não a dele.
Ex. Se eu tenho ligação residencial, pago um valor. Se meu vizinho
tem ligação comercial, o valor é diferente. Cada um com seu contrato.
9
E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos,
se não desfalecermos.
10
Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos,
mas principalmente aos da família da fé.
11
Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho.
12
Todos os que querem ostentar-se na carne [praticar rituais que demandam
esforço e sacrifício para mostrarem um grau superior de santidade],
esses vos
constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem
perseguidos por causa da cruz de Cristo [Eles estão dizendo que é
consagração, mas na verdade é medo da perseguição]

4 89
coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como 2.1.4. Um contrato possui multa rescisória. Ela é aplicada à parte
já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais que não cumpriu seus deveres. Por mais dolorosa que possa ser a
coisas praticam. pena, se ela foi combinada, é justa que seja aplicada.
Ex. A multa para quem não paga a energia é ter o serviço interrompido.
22
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, É injustiça a prestadora cortar a luz de alguém? Não. Estava no
benignidade, bondade, fidelidade,23mansidão, domínio próprio. Contra contrato. Foi combinado assim. Paga, usa. Não paga, não usa.
estas coisas não há lei.
Ex. Apenas seria injustiça se minha energia fosse cortada sendo que eu
nunca deixei de pagar uma conta. Ora, se eu paguei, posso exigir o serviço.
[Já que os gálatas estavam tão pendentes para a Lei de Moisés, Paulo os orienta
a serem bondosos e amáveis, a praticar o fruto do Espírito, esclarecendo que a
Lei de Moisés não proíbe essas coisas]
2.2. Padrão bíblico de concerto. O exemplo de Adão (Gn 1 e 2).
24
E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas Adão. DEVERES: ser fecundo, multiplicar-se, sujeitar animais,
paixões e concupiscências. cuidar do jardim, não comer do fruto da árvore da vida.
DIREITOS: Gozar paz, alegria e viver eternamente.
25
Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
Deus. DEVERES: Conceder vida eterna a Adão.
26
Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros,
tendo inveja uns dos outros. DIREITOS: Receber adoração e obediência de Adão.

[O orgulho de ter vencido um debate, de ter deixado o oponente sem resposta, o

gostinho de dar uma resposta afiada, de provocar o partido oposto, mesmo MULTA CONTRATUAL: Morte
mediante ideias lógicas e verdadeiras, produz um sentimento de superioridade. “Porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” Gn 2:17.
Porém, o crente não deve ser deixado se seduzir por essa glória inútil]

2.3. A queda de Adão e a revelação do Concerto Eterno.

O que foi que Adão fez? Adão cumpriu sua parte do pacto?
6. Gálatas 6
Os 6:7. “Mas eles transgrediram a aliança, como Adão; eles se portaram
1
aleivosamente contra mim.”
Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois
espirituais [maduros, guiados pelo Espírito], corrigi-o com espírito de Adão quebrou o pacto. A multa deveria incidir. Adão deveria morrer.
brandura [sem provocação ou acusação]; e guarda-te para que não sejas
“O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior,
também tentado.
formulado depois da queda de Adão. Foi a revelação “do mistério que
desde tempos eternos esteve oculto”. Romanos 16:25. Foi um

88 5

desdobramento dos princípios que têm sido, desde os séculos da
eternidade, o fundamento do trono de Deus.” (DTN, p. 11.1)
“Antes que os fundamentos da Terra fossem lançados, o Pai e o Filho
Se haviam unido num concerto para redimir o homem, se ele fosse
vencido por Satanás. Haviam-Se dado as mãos, num solene
compromisso de que Cristo Se tornaria o fiador da raça humana. Esse
compromisso cumprira Cristo. Quando, sobre a cruz soltara o brado:
“Está consumado” (João 19:30), dirigira-Se ao Pai. O pacto fora
plenamente satisfeito.” (DTN, 590.9)
Se fosse necessário algo mais para a salvação do homem, a
humanidade pegaria Deus de surpresa, pois o céu não possuía nada
mais a oferecer. A dádiva mais preciosa, o mais excelente dom, o
preço mais elevado estava em Cristo, e o Pai nada mais tinha a
oferecer, pois fizera tudo que estava a seu alcance.
E você, tem feito tudo ao seu alcance? Cristo já fez a sua parte do
acordo. Temos a certeza, pela fé, de que Cristo já cumpriu sua parte.
A questão que fica é: Está você disposto a render-lhe o coração,
assim como ele lhe rendeu a eternidade? Está você disposto cumprir
o contrato nos termos que Cristo lhe propõe?
“Hoje, se ouvirdes sua voz, não endureçais o vosso coração”. Hb 3:15
6 87
13
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis
da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos
outros, pelo amor.
[Não é por estar agora debaixo de uma lei espiritual que os crentes deveriam
afrouxar sua conduta cristã. Eles não deveriam deixar que a liberdade de agir por
princípios os levassem a praticar os desejos da carne. Eles deveriam fazer o
melhor para o próximo.]
14
Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o
teu próximo como a ti mesmo.
[Toda a Lei de Moisés, com suas regras e pormenores, agora, sob o espírito da
Lei de Cristo, deve se resumir a um princípio: amor ao próximo]
15
Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não
sejais mutuamente destruídos.
[As disputas teológicas na Galácia estavam gerando problemas entre os irmãos.
Por meio de atos e palavras, os gálatas estavam se comportando como animais,
murmurando e caluniando uns aos outros. Dessa forma, a comunidade cristã
seria completamente destruída.]
16
Digo, porém: andai no Espírito [ouvindo a voz do Espírito Santo] e jamais
satisfareis à concupiscência [paixões] da carne [natureza pecaminosa]
[Se o crente se submeter à influência do Espírito Santo, o consolador o auxiliará
a resistir a todos os clamores de sua natureza caída].
17
Porque a carne milita contra o Espírito [natureza divina
[paixões interiores]
implantada no crente pelo Espírito Santo],
e o Espírito, contra a carne, porque
são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do
vosso querer.
18
Mas, se sois guiados pelo Espírito [Santo], não estais sob a lei [de
Moisés]
19
Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza,
lascívia,20idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras,
discórdias, dissensões, facções,21invejas, bebedices, glutonarias e
4
De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei [obter
justiça por meio da Lei de Moisés];
da graça decaístes.[Aquele sistema não
fornece graça].

5
Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que
provém da fé.

6
Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm
valor algum, mas a fé que atua pelo amor.

7
Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à
verdade?

8
Esta persuasão não vem daquele que vos chama. [vem de homens
infiéis].

9
Um pouco de fermento [mestres falsos] leveda toda a massa.

10
Confio de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro
sentimento; mas aquele que vos perturba [mestres falsos], seja ele quem
for, sofrerá a condenação.

11
Eu, porém, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continuo
sendo perseguido? Logo, está desfeito o escândalo da cruz.
[Paulo procura desmentir o boato que se espalhou a seu respeito por meio de um
argumento lógico. Os falsos mestres disseram que até mesmo Paulo estava
pregando a circuncisão. Por isso, Paulo procura ser racional com eles, explicando
que não seria perseguido se assim fizesse]

12
Tomara até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia.
[Paulo sugere que os falsos mestres podiam muito bem se castrar, pois, se a
circuncisão já tornava o crente mais aceitável perante Deus, então, a mutilação
total tornaria o favor de Deus ainda maior]

86 7

2. Os Dois Concertos
1. Deus revela sua misericórdia.
1.1. Se Adão houvesse obedecido, Deus poderia destruí-lo ou
expulsá-lo?
Rm 4:4. “Ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como
dívida. ”
1.2. Se Deus houvesse destruído o primeiro casal, ele seria justo?
Gn 1:17. “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás;
porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. ”
Rm 6:23. “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna.”
1.3. Por que Deus não destruiu Adão e Eva após comerem do fruto?
Lm 3:22. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos.”
Tt 3:5. “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua
misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo.”
A misericórdia é uma segunda chance, uma nova oportunidade. Parte-
se do pressuposto de que a criatura não conseguiu da primeira vez.
Então, é concedida uma nova chance, sem, todavia, alterar as
condições que já vigoravam desde o início. A misericórdia não destrói
os deveres já existentes no contrato. Ela apenas impede que a multa
rescisória seja aplicada. As obrigações contratuais continuam as
mesmas.
1.4. Deus está obrigado a manifestar sua misericórdia? O homem
pode exigir misericórdia?
14
Rm 9:14-16,18. “ Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De
15
modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me
aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter
16
compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas
18
de usar Deus a sua misericórdia. Logo, tem ele misericórdia de quem quer e
também endurece a quem lhe apraz.”
8 85
28
Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.
[Os que aceitavam o evangelho da Aliança da Promessa receberiam as mesmas
bênçãos espirituais que Isaque]
29
Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao
que nasceu segundo o Espírito, assim também agora.
[Ismael caçoava de Isaque (Gn 21:8-11). Da mesma forma, os judeus estavam
perseguindo os cristãos.]
30
Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho,
porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da
livre.
[Deus ordenou que Abraão despedisse Hagar e Ismael, e que a herança e a
benção espiritual acompanhariam Isaque.
[Da mesma forma, os gálatas deveriam rejeitar os ensinos dos mestres
judaizantes e se voltarem para o Evangelho da Nova Aliança, onde encontrariam
a herança e a benção prometida a Abraão]
31
E, assim, irmãos [cristãos], somos filhos não da escrava [Hagar, Israel, Lei
de Moisés], e sim da livre [Sara, cristãos, Lei de Cristo].
5. Gálatas 5
1
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou [a regeneração da mente lhe
daria vitória sobre o pecado]. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais,
de novo, a jugo de escravidão [Antiga Aliança, onde não havia auxílio divino
para a natureza caída].
2
Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada
vos aproveitará.[Eles não receberiam nenhum benefício espiritual a mais].
3
De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está
obrigado a guardar toda a lei [Lei de Moisés].
24
Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres [Hagar e Sara] são
duas alianças [Nova e Velha]; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai
[Velha Aliança], que gera para escravidão [não oferece misericórdia, apenas
condena]; esta é Hagar.[Hagar era uma escrava, logo, seu filho, Ismael, também
nasceu escravo]
25
Ora, Hagar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém
atual [Israel], que está em escravidão com seus filhos.
[Assim como Ismael, os habitantes de Jerusalém também permaneciam em
escravidão, pois, rejeitando a adoção de filhos em Cristo Jesus, dentro da Aliança
Eterna, escolheram ficar debaixo do aio. Escolheram permanecer no sistema
antigo, na Aliança do Sinai, a qual não pode regenerar o homem nem lhe perdoar
os pecados]
26
Mas a Jerusalém lá de cima [igreja cristã] é livre, a qual é nossa mãe;
[Os cristãos que aceitavam as regras da Nova Aliança haviam se libertado da
escravidão do aio, a Antiga Aliança. Assim como Deus prometeu um novo filho a
Abraão, Deus prometeu uma nova aliança por meio de Jeremias (Jr 31:31), não
conforme a aliança do Sinai, mas uma aliança capaz de pagar pecados e
regenerar o crente, libertando-o do poder escravizador do pecado]
27
porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz, exulta e
clama, tu que não estás de parto;
[Sara estéril e vivia triste por isso. A igreja cristã toma o lugar de Sara na
alegoria]
porque são mais numerosos os filhos da abandonada [Sara] que os da
que tem marido [Hagar].
[Ao entregar Hagar a Abraão, Sara se viu abandonada por causa de sua
esterilidade. No entanto, os filhos de Sara deveriam ser mais numerosos que os
filhos de Hagar
[A promessa era que Israel, sob condições de fidelidade, fosse uma grande
nação. Mas, como rejeitaram o Messias, Paulo procura mostrar que a promessa
cumpre-se na igreja cristã na forma de numerosas conversões entre os gentios]
[Resumindo, a Igreja Cristã, parecendo fraca e abandonada crescia mais que o
judaísmo]
84
Uma vez que a concessão de misericórdia é ato soberano de Deus, e
que Deus usa sua misericórdia para com quem quiser, da maneira que
desejar, e por quanto tempo lhe aprouver, isso quer dizer que Deus
está na liberdade de estabelecer condições para conceder sua
misericórdia ao homem (Ex 20:6).
O conjunto dessas condições e exigências estabelecidas por Deus
forma o Concerto Eterno. Esse pacto também é conhecido como
Concerto da Graça
Então, num ato de misericórdia, Deus não executou a penalidade
prevista no Pacto do Éden (que não provia graça), porém deu uma
nova chance ao homem, possibilitando-o ser parte de um novo
contrato (o concerto da graça, onde existe graça). Assim, cumpridas as
condições, Adão seria restabelecido no paraíso e receberia a vida
eterna por meio desse novo contrato.
Portanto, por meio de sua misericórdia, Deus ofereceu um novo contrato
a Adão, o Concerto Eterno. Esse pacto ainda continha uma multa em
caso de desobediência (morte eterna), porém, também tinha a previsão
de graça (que é perdão de pecados e o poder para obedecer), e uma
promessa (vida eterna).
Comentário de Ellen White: “Pela desobediência às ordens de Deus,
o homem caiu sob a condenação de Sua lei. Esta queda exigiu que a graça
de Deus se manifestasse em favor dos pecadores. Jamais teríamos
conhecido o significado da palavra “graça” se não tivéssemos caído. Deus
ama os anjos sem pecado, os quais fazem o Seu serviço e são obedientes a
Suas ordens; mas Ele não lhes concede graça. Esses seres celestiais nada
sabem de graça; jamais necessitaram dela, porque jamais pecaram. Graça
é um atributo de Deus, imerecidamente manifestado para com os seres
humanos. Nós não o procuramos, mas ele foi enviado a nossa procura.
Deus Se regozija em outorgar esta graça a cada um que a deseje. A todos
nós Ele apresenta termos de misericórdia, não porque sejamos dignos, mas
porque somos completamente indignos. Nossa necessidade é a qualificação
que nos dá a certeza de que receberemos esse dom.” (MG 3.2)
9
2. Deus apresenta o Concerto Eterno ao homem.
2.1. Como o Concerto Eterno foi apresentado ao homem?
15
Gn 3:15,21. “ Porei inimizade entre ti [serpente] e a mulher, entre a tua
descendência [da serpente] e o seu descendente [da mulher]. Este [descendente
da mulher, Cristo] te ferirá a cabeça [da serpente], e tu [serpente] lhe ferirás o
21
calcanhar [do descendente da mulher]. Fez o Senhor Deus vestimenta de peles
para Adão e sua mulher, e os vestiu.”
Gl 3:16. “(...) Não diz: E aos teus descendentes, como se falando de muitos,
porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.”
2.2. Além da cláusula de graça, quais eram os termos gerais dessa
aliança?
Rm 6:23. “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna.”
Portanto, a regra geral é: Obediência = Vida. Desobediência = Morte.
2.3. Com respeito a Cristo, além de esmagar a serpente, o que mais
estava previsto no Concerto Eterno que Cristo deveria cumprir?
13
Gl 3:13,14. “ Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio
14
maldição em nosso lugar. (...) Para que a benção de Abraão chegasse aos
gentios.”
É importante notar a troca realizada entre Cristo e o pecador. Cristo
obedeceu toda a lei. Merecia a vida, porém recebeu a morte. O
pecador quebrou a lei. Merece a morte, mas, recebe a vida a que
Cristo tinha direito.
Homem Desobedeceu Morte
Cristo Obedeceu Vida
Apesar de um plano de resgate ter sido apresentado, o Concerto
Eterno não passava de uma promessa que só poderia ser confirmada
quando Cristo cumprisse sua parte rendendo a vida sobre a cruz.
Logo, como Cristo tinha a opção de desistir, até lá, a promessa poderia
se desfazer e o homem perecer.
10
[Vocês foram tão próximos a mim que teriam até se sacrificado para me ajudar]
16
Tornei-me, porventura, vosso inimigo, por vos dizer a verdade?
17
Os que vos obsequiam [vos concedem mimos e presentes] não o fazem
sinceramente, mas querem afastar-vos de mim, para que o vosso zelo
seja em favor deles.
18
É bom ser sempre zeloso pelo bem e não apenas quando estou
presente convosco,
19
meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser
Cristo formado em vós;
[Paulo considera os gálatas seus filhos na fé. Ele sofreu uma vez para fazer deles
seus filhos. E agora está sofrendo uma segunda vez. Ele se compara a uma mãe
que tem de dar a luz pela segunda vez ao mesmo filho]
20
pudera eu estar presente, agora, convosco e falar-vos em outro tom
de voz; porque me vejo perplexo a vosso respeito.
21
Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei [Lei de Moisés]: acaso, não
ouvis a lei [Escritos do Antigo Testamento]?
[Paulo faz um jogo de palavras com a palavra lei. O sentido é esclarecido
contexto]
22
Pois está escrito que Abraão teve dois filhos [Ismael e Isaque], um da
mulher escrava [Hagar] e outro da livre [Sara].
[Paulo se utiliza do artifício da alegoria para exemplificar conceitos teológicos]
23
Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a
promessa.
[Ismael era fruto do pecado de Abraão com Hagar na tentativa de gerar um
herdeiro. Por outro lado, Isaque era o filho prometido por Deus. Isaque não era
filho de uma escrava, mas filho de Sara, a esposa legítima de Abraão. De Isaque
descende Jesus Cristo]
83
8
Outrora, porém, não conhecendo a Deus [antes da conversão, quando eram
pagãos],
servíeis a deuses que, por natureza, não o são [deuses];
9
mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por
Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e
pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos?
[Por não nascerem judeus, eles até tinham justificativas para errar, pois estavam
na escravidão do paganismo. Mas, depois da conversão e do conhecimento da
verdade, como eles poderiam retornar a outro tipo de escravidão, aos elementos
infantis da Antiga Aliança, a qual não é capaz de justificar, apenas produz
escravidão e morte?]
10
Guardais[cuidado escrupuloso] dias, e meses, e tempos, e anos.
[Solenidades, festas e feriados da Lei de Moisés]
11
Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco.
[Será que valeu a pena todo o tempo que dediquei para evangelizar vocês?]
12
Sede qual eu sou; pois também eu sou como vós. Irmãos, assim vos
suplico. Em nada me ofendestes.
13
E vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez por causa
de uma enfermidade física [Não nos é revelado qual seja].
[Não nos é revelado qual seja a doença ou enfermidade de Paulo. O Comentário
Bíblia Adventista advoga que ele não tinha planejado evangelizar a Galácia
naquele momento, mas teve de permanecer por lá um tempo por causa de
problemas de saúde. É possível que essa enfermidade tenha sido o espinho na
carne de 2Co 12:7-9]
14
E, posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação,
contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto; antes, me
recebestes como anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus.
15
Que é feito, pois, da vossa exultação? Pois vos dou testemunho de
que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para mos dar.
82
3. A repetição da promessa ao longo da história.
3.1. Com quem Deus renovou sua aliança antes e após o dilúvio?
Gn 6:18. “Contigo, porém, estabelecerei a minha aliança; entrarás na arca, tu e
teus filhos, e tua mulher, e as mulheres de teus filhos.
8 9
Gn. 9:8,9,12,13. “ Disse também Deus a Noé e a seus filhos: Eis que estabeleço
12
a minha aliança convosco e com a vossa descendência. Disse Deus: Este é o
sinal da minha aliança que faço entre mim e vós, e entre todos os seres viventes
13
que estão convosco, para perpétuas gerações. Porei nas nuvens o meu arco,
será por sinal da aliança entre mim e a terra.
3.2. Com que outro patriarca Deus renovou sua aliança?
1
Gn 17:1,2,7. “ Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-
lhe o Senhor, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-poderoso: anda na minha
2
presença, e sê perfeito. Farei uma aliança entre mim e ti, e te multiplicarei
7
extraordinariamente. Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua
descendência no decurso das gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus, e
da tua descendência.
Assim como o fez a Adão, Noé e Abraão, o Senhor renovou sua
aliança com personagens notáveis do velho testamento, tais como
Isaque (Gn 26:3), Jacó (Gn 28:13,14) e Davi (2Sm 23:5).
3.3. Em função de qual compromisso João Batista foi trazido ao
mundo?
Lc 1:72,73. “Para usar de misericórdia com nossos pais e lembrar-se da sua
santa aliança e do juramento que fez ao nosso pai Abraão.”
3.4. Por qual motivo Jesus veio ao mundo?
Rm 15:8. “Digo, pois, que Cristo foi constituído ministro da circuncisão, em prol da
verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos nossos pais.”
Portanto, a mesma promessa que Deus fez a Adão foi renovada com
reis e patriarcas ao longo das eras, até que Cristo viesse e ratificasse
a promessa feita a nossos pais, dos quais, Abraão é o que mais se
destaca. O Novo Testamento reconhece apenas duas alianças, a que
foi renovada aos vários patriarcas e a aliança do Sinai (Gl 4:24; Hb 9:1).
11

4. Uma outra aliança, o Concerto do Sinai
Voltemos ao tempo de Moisés. Após o povo sair do Egito, Deus fez uma
aliança com o povo de Israel. Não foi a mera renovação do Concerto
Eterno, mas uma aliança original, diferente daquela feita com Abraão.
4.1. Após um tempo na montanha recebendo instruções de Deus,
Moisés retornou ao povo. O que ele lhes apresentou? O que o povo
respondeu?
3
Ex 24:3,4,7. “ Veio, pois, Moisés e referiu ao povo todas as palavras do Senhor e
todos os estatutos; então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que
4 7
falou o Senhor faremos. Moisés escreveu todas as palavras do Senhor. (...) E
tomou o livro da aliança, e o leu ao povo; e eles disseram: Tudo o que falou o
Senhor, faremos, e obedeceremos.”
Muitos há que afirmam ter o povo respondido mal, de forma precipitada,
sem ter consciência do que estavam fazendo, fato que lhes desculparia
posteriormente. Porém, tanto Moisés como Ellen White negam essa
interpretação.
Dt. 5:28. “Ouvindo, pois, o Senhor as vossas palavras, quando me faláveis a mim, o
Senhor me disse: Eu ouvi as palavras deste povo, que te disseram; em tudo
falaram eles bem.
Manuscript Releases v. 1, p. 114.2. “Aqui o povo recebeu as condições da
aliança. Eles fizeram um solene concerto com Deus, tipificando o concerto feito
entre Deus e cada crente em Cristo Jesus. As condições foram claramente
postas diante do povo, que não foi deixado a interpretá-las incorretamente.
Quando eles foram requisitados a decidir se concordariam com todas as
condições dadas, unanimemente eles consentiram em obedecer cada obrigação.
Eles já tinham consentido em obedecer aos mandamentos de Deus. Os
princípios da lei foram agora pormenorizados para que eles pudessem
compreender o quando estava envolvido no ato de concordar em obedecer à lei.
E eles aceitaram especificamente as particularidades definidas na lei.”
4.2. Quais eram as cláusulas gerais do Concerto do Sinai?
Lv 18:5. “Portanto os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo os
quais, o homem viverá por eles.”
Dt 27:26. “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as
cumprindo.”
As únicas condições deste pacto eram: Obedece, vive. Desobedece,
morre. Não havia previsão para misericórdia ou graça.
12
2
Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo
pai.
[Apesar de um dia se tornar literalmente herdeiro de tudo, durante a menoridade,
o filho deve se sujeitar ao paidagōgos, ou um tutor ou curador, até quando o pai
achar que não mais é necessário.]
3
Assim, também nós [Israel], quando éramos menores [imaturos
espiritualmente],
estávamos servilmente [sob escravidão] sujeitos aos
rudimentos [elementos básicos] do mundo;
[Rudimentos do mundo (v. 3) são comparados a tutores e curadores (v. 2). Paulo
utiliza rudimentos do mundo para exemplificar a cartilha básica sobre religião e os
preceitos elementares essenciais sobre a justificação contidos na Antiga Aliança.
Assim como rudimentos (stoicheia) é utilizado no sentido de ABC, Paulo quer
dizer que a Lei de Moisés era como um ABC da verdade revelada adaptada a
crianças. E, enquanto crianças espirituais, e por causa da natureza caída, os
israelitas estavam presos, como escravos, a esse sistema. Ver Rm 7:6 e 25]
4
vindo, porém, a plenitude do tempo [o tempo exato previsto pela profecia. (Dn
9:24-27),Deus enviou seu Filho, nascido de mulher [como homem],
nascido sob a lei [sujeito a Antiga Aliança, sob a vigência da Lei de Moisés],
5
para resgatar [libertar] os que estavam sob a lei [sob a vigência da Antiga
a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.
Aliança]
[Resgatar os israelitas do ministério da condenação e morte, a Antiga Aliança
(2Co 3:7), a fim de que pudessem receber o ministério da justiça, a Nova Aliança
(2Co 3:9), e, ao mesmo tempo, permitir que os gentios fossem elevados à mesma
condição de herdeiros de Abraão, assim como os judeus eram pelo sangue.
Todos seriam filhos iguais de Deus]
6
E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de
seu Filho [Jesus], que clama: Aba, Pai! [papai, papai, demonstração de
intimidade].
7
De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também
herdeiro por Deus.
81
 Assim também deveria acontecer com Israel. Uma vez liberados do aio, seu
vínculo paterno com Deus, mediante a fé em Jesus, deve ser enfatizado. Israel
deve ser liberto do paidagōgos justamente por ter pai. Uma vez cumprido seu
papel, Deus, o Pai, dispensou os trabalhos do aio, a Antiga Aliança]
27
porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes.
[Aqui Paulo explica como se dá a filiação do homem a Deus, pois, ao se batizar
em Cristo, é como se a pessoa se vestisse de Cristo, ou melhor, usasse uma
fantasia de Cristo. E se Cristo é filho de Deus, assim também o crente. Deus olha
para o homem vestido de Cristo e entende que ele é seu filho, pois Cristo é seu
filho]
28
Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus.
[Então, se na Nova Aliança todos estão fantasiados de Cristo, todos deveriam
estar com a mesma roupa, ou, a mesma fantasia. Logo, não pode haver distinção
entre gênero, classe social ou etnia]
29
E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e
herdeiros segundo a promessa.
[Se o crente pertence a cristo, e se Cristo era descendente literal de Abraão, o
crente também pode ser herdeiro das promessas feitas a Abraão, ele pode se
filiar ao Concerto Abraâmico, ainda que não seja um descendente sanguíneo de
Abraão]
4. Gálatas 4
1
Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada
difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo.
[O filho de uma família grega, antes de atingir a maioridade, se parece com um
escravo na mão do paidagōgos, apesar dele ser filho do dono, e, de certa forma,
dono de tudo]
80
4.3. Como aquele contrato foi ratificado?
6 8
Ex 24:6,8. “ Moisés tomou metade do sangue, e o pôs em bacias; (...) Então tomou
Moisés aquele sangue e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da
aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas estas palavras.”
Hb 9:18,19. “Pelo que nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue; porque,
havendo Moisés proclamado todos os mandamentos segundo a lei, a todo o povo,
tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, e lã tinta de escarlate, e
hissopo, e aspergiu não só o próprio livro, como também todo o povo.”
5. A Ratificação do Concerto Eterno.
5.1. Se o Concerto do Sinai foi ratificado com o sangue de animais
em meio ao deserto, como e quando se deram a ratificação do
Concerto Eterno?
27
Mt 26:27,28. “ A seguir tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos
28
discípulos, dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue, o sangue da
nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.”
1Co 11:25. “Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o
cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as
vezes que o beberdes, e m memória de mim.”
Dn 9:27. “Ele fará firme aliança com muitos por uma semana; na metade da
semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares.”
É de vital importância perceber que o Concerto do Sinai teve início
com Moisés e foi logo ratificado, ao contrário do Concerto Eterno que
se iniciou com Adão, mas só foi ratificado quatro mil anos depois, na
cruz do calvário.
Portanto, o Concerto do Sinai foi ratificado antes do Concerto Eterno.
Assim, o Concerto do Sinal é chamado de velho, ou, primeiro,
enquanto que o Concerto Eterno é chamado de novo, ou, segundo,
pois os escritores bíblicos consideram a data de ratificação.
Ellen White confirma toda essa exposição:
“O concerto da graça foi feito primeiramente com o homem no Éden, quando,
depois da queda, foi feita uma promessa divina de que a semente da mulher
feriria a cabeça da serpente. A todos os homens este concerto oferecia perdão, e
a graça auxiliadora de Deus para a futura obediência mediante a fé em Cristo.
13
 Prometia-lhes também vida eterna sob condição de fidelidade para com a lei de
Deus. Assim receberam os patriarcas a esperança da salvação.
“Este mesmo concerto foi renovado a Abraão, na promessa: “Em tua semente
serão benditas todas as nações da Terra”. Gênesis 22:18. Esta promessa
apontava para Cristo. Assim Abraão a compreendeu (Gálatas 3:8, 16), e confiou
em Cristo para o perdão dos pecados. Foi esta fé que lhe foi atribuída como
justiça. O concerto com Abraão mantinha também a autoridade da lei de Deus. O
Senhor apareceu a Abraão e disse: “Eu sou o Deus todo-poderoso, anda em
Minha presença e sê perfeito”. Gênesis 17:1. O testemunho de Deus concernente
a Seu fiel servo foi: “Abraão obedeceu à Minha voz, e guardou o Meu mandado,
os Meus preceitos, os Meus estatutos, e as Minhas leis”. Gênesis 26:5. E o
Senhor lhe declarou: “Estabelecerei o Meu concerto entre Mim e ti e a tua
semente depois de ti em suas gerações, por concerto perpétuo, para te ser a ti
por Deus, e à tua semente depois de ti”. Gênesis 17:7.
“Se bem que este concerto houvesse sido feito com Adão e renovado a Abraão,
não poderia ser ratificado antes da morte de Cristo. Existira pela promessa de
Deus desde que se fez a primeira indicação de redenção; fora aceito pela fé;
contudo, ao ser ratificado por Cristo, é chamado um novo concerto. A lei de Deus
foi a base deste concerto, que era simplesmente uma disposição destinada a
levar os homens de novo à harmonia com a vontade divina, colocando-os onde
poderiam obedecer à lei de Deus. {PP 266.2}
“Outro pacto, chamado nas Escrituras o “velho” concerto, foi formado entre Deus
e Israel no Sinai, e foi então ratificado pelo sangue de um sacrifício. O concerto
abraâmico foi ratificado pelo sangue de Cristo, e é chamado o “segundo”,
ou o “novo” concerto, porque o sangue pelo qual foi selado foi vertido
depois do sangue do primeiro concerto. Que o novo concerto era válido nos
dias de Abraão, evidencia-se do fato de que foi então confirmado tanto pela
promessa como pelo juramento de Deus, “duas coisas imutáveis, nas quais é
impossível que Deus minta”. Hebreus 6:18. (PP, 371).
6. O conteúdo das alianças. Como uma aliança é subdividida.
É comum que se divida a aliança em lei moral e lei cerimonial. Mas
essa divisão não é encontrada no texto bíblico. Ela é uma construção
artificial, ou seja, não decorre da literalidade do texto bíblico. É um
conceito teológico. A Bíblia sempre apresenta a aliança como um único
pacote contendo vários tipos de lei.
6.1. Como a Bíblia denomina as espécies de leis contidas no pacote
do Concerto Eterno?
Gn 26:5. “Porque Abraão obedeceu à minha palavra, e guardou os meus
mandamentos, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis.
14
falhar, para, logo em seguida, perceber sua necessidade de crer em Jesus a fim
de receber a justiça da fé]
23
Mas, antes que viesse a fé [antes da confirmação da Nova Aliança pela morte
de Jesus], estávamos sob a tutela da lei [sob a vigência da Lei de Moisés] e
nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se.
24
De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a
fim de que fôssemos justificados por fé.
[Aio vem do grego paidagōgos, que quer dizer tutor ou guardião de crianças, mas
não um professor.Nas famílias gregas, os paidagōgos eram escravos que
supervisionavam os filhos enquanto fossem menores de idade. Eles os
acompanhavam até a escola e os protegiam de qualquer perigo. O aio também
impedia que o filho se comportasse mal e tinha o direito de discipliná-lo.
[Ao comparar a Lei de Moisés a figura do paidagōgos, Paulo está dizendo que a
Antiga Aliança cumpriu seu papel de disciplinar, guiar e proteger um filho menor
de idade, imaturo em questões espirituais, para que ele fosse preservado até a
maioridade.
[Quanto Israel estava preparado espiritualmente para coisas maiores, quando o
tempo da maioridade havia chegado, Jesus Cristo veio e ratificou a Aliança da
Fé.
[Observação: Toda a Antiga Aliança, com seus mandamentos, estatutos e juízos,
tanto a parte moral como a parte cerimonial, constituem o aio]
25
Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.
[Uma vez que Israel fora protegido pelo aio (Antiga Aliança) durante a
menoridade, e considerando que Jesus Cristo já viera e revelara a superioridade
da Nova Aliança, onde havia possibilidade de justificação, o paidagōgosnão mais
era necessário. Ele perdeu a razão de existir, pois Israel alcançara a maioridade
espiritual]
26
Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;
[O filho de uma família grega, apesar de estar sob a autoridade do paidagōgos,
era também filho do senhor da casa. Alcançando a maioridade, ele não mais se
reportaria ao paidagōgos, e sim ao próprio pai. Ou seja, após deixar o aio, seu
vínculo paterno é realçado. Do contrário, permaneceria para sempre sob as
ordens do paidagōgos.
79
 [Se já havia uma aliança eficaz, capaz de conceder justiça, desde a época de
Abraão, por qual motivo foi criada a Aliança do Sinai, a Lei de Moisés?]
foi adicionada por causa das transgressões [iniqüidade do povo de Israel],
até que viesse o descendente [Jesus] a quem se fez a promessa,
[A Aliança do Sinai foi adicionada por causa dos conceitos grosseiros que os
israelitas possuíam acerca da santidade. Os patriarcas tinham a lei escrita no
coração. Mas os israelitas estavam contaminados pelo paganismo egípcio.
Assim, Deus adiciona uma aliança bem detalhada, para que “pelo mandamento o
pecado se mostrasse sobremaneira maligno” (Rm 7:13)]
e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador.
[ainda não chegamos a um consenso acerca da promulgação por anjos]
20
Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.
[O mediador não pertence apenas a uma das partes do contrato. A mediação
pressupõe duas ou mais partes. O mediador deve representar todos.
Com relação a Deus, ele é o mesmo em cada aliança. Deus sempre é uma das
partes na Antiga e na Nova Aliança. Logo, não deve haver conflito entre elas,
pois Deus é parte em ambas. Ele não seria contraditório consigo mesmo]
21
É, porventura, a lei [Aliança do Sinai] contrária às promessas de
Deus?[Aliança Eterna] De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada
uma lei que pudesse dar vida [que, na prática, permitisse se chegar à vida
eterna apenas obedecendo à lei], a justiça, na verdade, seria procedente de
lei [os homens teriam conseguido a justiça dentro do Concerto do Sinai].
22
Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado,
[O Antigo Testamento mostra que todos pecaram, ninguém obedeceu a Antiga
Aliança sem ter falhado em algum momento]
para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida
aos que crêem.
[Os registros do Antigo Testamento servem para demonstrar que é impossível ao
homem, em sua condição caída, obter acesso à vida eterna sem a ajuda divina.
Assim, a Antiga Aliança teve seu papel ao deixar o homem tentar obter a justiça e
78
6.2. E com respeito ao Concerto do Sinai, qual a nomenclatura
utilizada?
13
Dt 4:13,14. “ Então vos anunciou ele a sua aliança, que vos prescreveu, os dez
14
mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra. Também o Senhor me
ordenou ao mesmo tempo que vos ensinasse estatutos e juízos, para que os
cumprísseis na terra a qual passais a possuir.”
Dt 4:45. “São estes os testemunhos e os estatutos, e os juízos que Moisés falou
aos filhos de Israel, quando saíram do Egito.”
Dt 7:11. “Guarda, pois, os mandamentos, e os estatutos e os juízos que hoje te
mando cumprir.”
1Re 2:3. “Guarda os preceitos do Senhor teu Deus, para andares nos seus
caminhos, para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus
juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na Lei de Moisés (...).”
Ne 9:13. “E sobre o monte Sinai desceste, e dos céus falaste com eles, e deste-
lhes juízos retos e leis verdadeiras, estatutos e mandamentos bons.”
Ne 10:29. “(...) andariam na Lei de Deus, e que foi dada por intermédio de
Moisés, servo de Deus; de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos
do Senhor, nosso Deus, e os seus juízos e o seus estatutos.”
6.3. Conclusão
1. A Bíblia agrupa as normas de Deus em Mandamentos, estatutos e
juízos, e não em morais e cerimoniais. Mandamentos se referem aos
Dez Mandamentos. Estatutos é o detalhamento desses mandamentos.
E juízos são as leis penais, ou, as punições por quebrar a lei.
2. Em cada aliança existe um rol dos Dez Mandamentos.
3. Nas duas alianças existem regras cerimoniais. A circuncisão e o
sacrifício eram comuns às duas alianças. Atualmente, a lei cerimonial
se resume ao batismo, lava pés e santa ceia.
4. Esse agrupamento entre moral e cerimonial que fazemos é apenas
didático, mas não jurídico. Na verdade, apesar de existir os grupos
mandamentos, estatutos e juízos, a aliança era um documento só.
Esses grupos estavam todos unidos num mesmo pacote.
5. Havia muito mais coisas dentro das alianças além das leis morais e
cerimoniais. Temos as leis civis, as leis penais, as leis de saúde, etc.
Elas estão incluídas sob a nomenclatura de estatutos, juízos.
15
7. Por que Deus firmou o Concerto do Sinai?
7.1. Se o Concerto Eterno era todo suficiente para salvar o homem, e
se ele é válido para toda humanidade, por que Deus firmou um novo
pacto apenas com os Israelitas:
Paulo faz essa mesma pergunta aos gálatas, e em seguida a
responde:
Gl 3:19. “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das
transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa.”
Em razão do grande período de cativeiro, os israelitas perderam de
vista quatro coisas: (1) a santidade de Deus, (2) depravação do
homem, (3) sua incapacidade de obedecer à lei de Deus e (4) a
necessidade de um salvador.Isso os incapacitava de perceber e
usufruir das bênçãos do Concerto Eterno.
A maioria do povo supunha ser Deus apenas mais uma entidade
semelhante aos deuses egípcios. Eles também não se viam como
pecadores, ou destituídos da glória de Deus. Eles não possuíam
consciência da sua malignidade. Não se sentiam perdidos, ou
necessitados de graça. Foi por isso que Deus lhes propôs o Concerto
do Sinai.
O Concerto do Sinai tinha função de resguardar e ensinar
(pedagógica).
23
Gl 3:23,24. “ Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei, e nela
24
encerrados, para essa fé que de futuro haveria de revelar-se. De maneira que a
lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos
justificados por fé.”
Enquanto Israel não possuía maturidade espiritual, Deus precisou
trabalhar com uma lei escrita que fosse bem detalhada e direta. É
como lidar com crianças pequenas. Ordenamos as coisas de forma
clara e detalhada para limitá-las e protegê-las, pois, elas não
possuem juízo, são infantis. Paulo faz esse mesmo raciocínio:
1
Gl 4:1-3. “ Digo, pois, que durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada
2
difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo. Mas está sob tutores e
3
curadores até ao tempo predeterminado pelo pai. Assim também nós, quando
éramos menores, estávamos (...).
16
[Cristo recebe a maldição que nos estava reservada pela desobediência à lei e,
assim, nos liberta dessa maldição]
14
para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus
Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.
[No mesmo ato em que recebe a maldição, Cristo ratifica o Concerto Abraâmico,
tornando possível a justificação do ímpio pela fé em Jesus]
15
Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente
humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta
alguma coisa.
[Mesmo nos contratos entre homens e nos testamentos pós-morte, a ratificação
confere uma certeza e imutabilidade nos documentos]
Obs. Fica subentendida a seguinte ideia: “Bem, se é assim entre homens
pecadores, muito mais certeza deve haver num contrato que envolve a promessa
de Deus.
16
Ora, as promessas [promessa envolvendo a Nova Aliança] foram feitas a
Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se
falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que
é Cristo.
17
E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada [no monte Sinai]
por Deus, a lei [Lei de Moisés], que veio quatrocentos e trinta anos depois
[da promessa do concerto firmado com Abraão], não a pode ab-rogar, de forma
que venha a desfazer a promessa [feita a Abraão].
18
Porque, se a herança [benção prometida aos filhos de Abraão] provém de lei
[decorre da Lei de Moisés],
já não decorre de promessa [então a promessa feita
a Abraão não contemplava benção alguma]; mas foi pela promessa que Deus
a concedeu gratuitamente a Abraão.
[Na verdade, a promessa de um messias que viria restaurar a humanidade foi
feita a Abraão enquanto ele estava em vida, e não no monte Sinai perante o povo
de Israel que lá estava acampado]
19
Qual, pois, a razão de ser da lei [Aliança do Sinai]?
77
preanunciou [revelou antecipadamente] o evangelho a Abraão: Em ti, serão
abençoados todos os povos.
[Um descendente literal de Abraão, Jesus, ratificaria a Aliança Eterna, e os
descendentes de Abraão deveriam divulgá-la aos gentios]
9 enterrar as fezes (Dt 23:12,13).
De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.
[Os que vivem no sistema da Nova Aliança recebem a mesma benção que
Abraão]
10
Todos quantos, pois, são das obras da lei [Antiga Aliança] estão debaixo de
maldição [estão condenados à morte eterna]; porque está escrito: Maldito todo
aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei,
para praticá-las.
[Os que querem viver nos sistema da Antiga Aliança não receberão a vida eterna,
pois a vida eterna sob a Antiga Aliança só era oferecida se o pactuante
cumprisse toda a lei durante todos os momentos da vida, sem nunca pecar. Se
ele falhasse, só lhe restaria a morte no lago de fogo. Então, como “todos
pecaram”, ninguém receberia perdão, segunda chance, justiça ou a benção de
Abraão. Estavam todos condenados]
11
E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus [pois
todos pecaram], porque o justo viverá pela fé
[Mesmo praticando plenamente a justiça da lei após a conversão, só é possível
ser justo no passado pecador por meio da justiça da fé].
12
Ora, a lei [Antiga Aliança] não procede de fé, mas: Aquele que observar
os seus preceitos por eles viverá.
[Não existe previsão de fé em Jesus para perdão de pecados na Antiga Aliança.
Mas, apesar disso, se a pessoa se garantisse e fosse fiel a todos os pormenores
da Lei de Moisés durante toda a sua vida, então ela não precisaria da Nova
Aliança. Ela teria vida eterna em decorrência de sua integral obediência dentro da
Antiga Aliança]
13
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio
maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que
for pendurado em madeiro),
76
Após décadas de escravidão, os israelitas eram brutos e ignorantes.
Perderam os princípios de civilidade e higiene. É por isso que Deus
detalhou a lei em pormenores, como a proibição de ter relações sexuais
durante a menstruação (Lv 18:19) e a necessidade de sair do arraial para
fazer as necessidades, bem como ordem para cavar um buraco e
Ellen White segue esse mesmo raciocínio:
“Mas, se o concerto abraâmico continha a promessa da redenção, por que se
formou outro concerto no Sinai? - Em seu cativeiro, o povo em grande parte
perdera o conhecimento de Deus e os princípios do concerto abraâmico.
Libertando-os do Egito, Deus procurou revelar-lhes Seu poder e misericórdia, a
fim de que fossem levados a amá-Lo e confiar nEle. Trouxe-os ao Mar Vermelho
- onde, perseguidos pelos egípcios, parecia impossível escaparem - a fim de que
se compenetrassem de seu completo desamparo, e da necessidade de auxílio
divino; e então lhes operou o livramento. Assim eles se encheram de amor e
gratidão para com Deus, e de confiança em Seu poder para os ajudar. Ele os
ligara a Si na qualidade de seu Libertador do cativeiro temporal.
“Havia, porém, uma verdade ainda maior a ser-lhes gravada na mente. Vivendo
em meio de idolatria e corrupção, não tinham uma concepção verdadeira da
santidade de Deus, da excessiva pecaminosidade de seu próprio coração, de sua
completa incapacidade para, por si mesmos, prestar obediência à lei de Deus, e
de sua necessidade de um Salvador. Tudo isto deveria ser-lhes ensinado.”
“Deus os levou ao Sinai; manifestou Sua glória; deu-lhes Sua lei, com promessa
de grandes bênçãos sob condição de obediência: "Se diligentemente ouvirdes a
Minha voz, e guardardes o Meu concerto, então... Ser-me-eis um reino sacerdotal
e o povo santo." Êxo. 19:5 e 6. O povo não compreendia a pecaminosidade de
seus corações, e que sem Cristo lhes era impossível guardar a lei de Deus; e
prontamente entraram em concerto com Deus. Entendendo que eram capazes de
estabelecer sua própria justiça, declararam: "Tudo o que o Senhor tem falado
faremos, e obedeceremos." Êxo. 24:7. Haviam testemunhado a proclamação da
lei, com terrível majestade, e tremeram aterrorizados diante do monte; e no
entanto apenas algumas semanas se passaram antes que violassem seu
concerto com Deus e se curvassem para adorar uma imagem esculpida. Não
poderiam esperar o favor de Deus mediante um concerto que tinham violado; e
agora, vendo sua índole pecaminosa e necessidade de perdão, foram levados a
sentir que necessitavam do Salvador revelado no concerto abraâmico e
prefigurado nas ofertas sacrificais. Agora, pela fé e amor, uniram-se a Deus como
seu Libertador do cativeiro do pecado. Estavam então, preparados para apreciar
as bênçãos do novo concerto.”
Tendo em vista que o povo não se comportava muito diferente dos
animais, considerando que eram analfabetos nos estudos e imaturos
17
espiritualmente, levando em conta os anos de degradação sob
trabalhos forçados, Israel jamais conseguiria se relacionar com Deus
mediante um contrato não escrito, baseado em princípios. Jamais
conseguiria compreender a profundidade da graça, uma vez que não
enxergava a necessidade dela.
Portanto, foi exatamente por isso que Deus lhes propôs um outro
concerto, diferente do Concerto Eterno. O Concerto Eterno era
baseado em princípios não escritos, o Concerto do Sinal era baseado
em decretos escritos e detalhados. O Concerto Eterno provia uma
segunda chance. O Concerto do Sinai só previa a morte eterna do
ofendido. Não havia previsão de graça para perdão dos pecados,
nem previsão da ação regeneradora do Espírito Santo. Assim, uma
vez que percebessem que o Concerto do Sinai era uma rua sem
saída, então, passariam a admirar o Concerto Eterno.
18
[O Espírito Santo é oferecido no Concerto do Sinai ou no Concerto Eterno?]
3
Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais,
agora, vos aperfeiçoando na carne?
[Vocês começaram num sistema superior, onde há auxílio do Espírito Santo, mas
agora estão voltando para o sistema antigo, onde você deve resistir com sua
própria força?]
4
Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram
em vão.
[Vocês sofreram tanto para receberem a verdade. Agora vão abandoná-la? Esse
sofrimento foi por nada? Bem, talvez esses sofrimentos ainda sirvam para
alguma coisa]
5
Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre
vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
[Jesus, que prometeu enviar o Espírito Santo, ele faz isso com base no Concerto
do Sinai ou no Concerto Eterno?]
6
É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para
justiça.
[Para cobrir seus pecados passados com justiça, Abraão não teve de praticar
algum ritual ou observar alguma lei. Ele apenas creu e recebeu a justiça]
7
Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.
[O concerto firmado com Abraão foi o Concerto Eterno. Ou seja, os reais filhos de
Abraão se apegam à fé prevista no Concerto Eterno. Logo, aqueles que querem
receber a benção destinada aos filhos de Abraão, devem viver dentro das regras
desse Concerto Eterno]
8
Ora, tendo a Escritura [profecias do Antigo Testamento] previsto que Deus
justificaria pela fé os gentios
[Em Jeremias 31 temos a apresentação da Nova Aliança, na qual havia previsão
para perdão de pecados, e em Isaías 42 temos a promessa de que esse pacto
seria destinado a todos, inclusive aos gentios]
75
mas Cristo vive em mim
[a vida que eu tenho não é minha, é vida emprestada pelos méritos de Cristo];
e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus
[Só não estou morto de verdade por causa das misericórdias de Deus em razão
dos créditos gerados pela obediência de Cristo. A vida que eu deveria manter
pelos meus próprios méritos é reclamada pela lei que eu quebrei. Se não
houvesse a esperança de uma nova chance, eu já deveria estar literalmente
morto]
que me amou e a si mesmo se entregou por mim.
21
Não anulo a graça de Deus [revelada na Nova Aliança];
pois, se a justiça é mediante a lei
[Se a Lei de Moisés já previa o perdão dos pecados e uma nova chance ao
homem, tornando possível o pecador ser declarado justo]
segue-se que morreu Cristo em vão
[A morte de Jesus era necessária para ratificar a Nova Aliança. Mas, se na Lei de
Moisés já era possível a salvação, então essa Nova Aliança foi supérflua e Jesus
não precisava ter morrido para ratificá-la. Se morreu, morreu em vão]
3. Gálatas 3
1
Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos
olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?
[Se eu já apresentei a morte de Jesus como a confirmação da Nova Aliança, se
eu já apresentei o evangelho eterno, onde só é possível pagar os pecados
passados mediante a fé em Jesus, como é que vocês ficaram cegos por outra
explicação, ou, estão dando ouvidos para outro evangelho?]
2
Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da
lei [Lei de Moisés] ou pela pregação da fé [Lei de Cristo]?
74
3. O Fim do Concerto do Sinai
1. Que promessa Deus fez a Israel por meio de Jeremias?
31
Jr 31:31-34. “ Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de
32
Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no
dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles
33
anularam a minha aliança, obstante eu os haver desposado, diz o Senhor. Porque
esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
Senhor. Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas
34
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Pois, perdoarei as
suas iniquidades, e dos seus pecados jamais me lembrarei.”
2. Após o ministério e morte de Cristo, que leitura o autor de
Hebreus faz acerca promessa de Jeremias? Qual a conclusão
desse autor?
7
Hb 8:7-13. “ Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de
8
maneira alguma estaria sendo buscado lugar para segunda. E, de fato,
repreendendo-os diz:
‘Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e
9
com a casa de Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em
que os tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito; pois eles
não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor.
10
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles
dias, diz o Senhor. Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também sobre
os seus corações as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu
11
povo. E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu
irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o
12
menor deles até ao maior. Pois, para com as suas iniquidades usarei de
misericórdia, e dos seus pecados jamais me lembrarei.’
13
Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna
antiquado e envelhecido, está prestes a desaparecer. ”
19
3. O que Paulo acredita ter acontecido ao Concerto do Sinai
depois do ministério de Jesus?
12
Ef 2:12-15. “ Naquele tempo, [vós gentios] estáveis sem Cristo, separados da
13
comunidade de Israel, e estranho às alianças da promessa (...). Mas agora em
Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de
14
Cristo. (...) o qual de ambos [judeus e gentios] fez um; e, tendo derrubado a
15
parede de separação que estava no meio, a inimizade, aboliu na sua carne a lei
dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse em si
mesmo um novo homem, fazendo a paz.”
Após a transgressão de Israel ter invalidado a Aliança do Sinai, Deus
prometeu fazer uma Nova Aliança, a qual seria diferente da Aliança do
Sinai (na verdade, seria a ratificação da promessa feita aos patriarcas).
A promessa de uma Nova Aliança foi cumprida por Jesus (Rm 15:8). Ele
ratifica a promessa feita a Abraão. O livro de Hebreus declara que
após a ratificação da Aliança Eterna (Nova Aliança), o Concerto do
Sinai ficou envelhecido e prestes a desaparecer. Paulo, em Efésios,
diz expressamente que Jesus revogou a Aliança do Sinai (Antiga
Aliança).
Uma vez que a Aliança do Sinai era um pacote, composta de
mandamentos, estatutos e juízos, todo o pacote foi abolido como um
todo. Agora, não haveria mais distinção entre gentios e judeus, não
haveria alianças diferentes para cada grupo. Depois de Cristo, tanto
judeus como gentios estariam subordinados a uma só regra, a Aliança
Eterna.
3.1. Objeção a expressão “na forma de ordenanças” de Ef 2:15.
Muitos escritores acreditam que a referência a mandamentos em Ef
2:15 é uma alusão à lei cerimonial por causa da expressão na forma
de ordenanças. Acontece que em nenhum lugar da Bíblia a palavra
ordenanças tem o sentido de ritual ou de regras cerimoniais.
Ordenança vem de ordem, decreto, regra. A palavra original em
grego é δόγµασιν(dogmassin) e ela aparece em outros quatro
lugares:
20
-===============================================================
15
Nós, judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios,
Ou seja, os judeus tinham conhecimento da Lei de Moisés desde a infância, ao
passo que os gentios eram pagãos, chamados de sem lei (Rm 2:12; 1Co 9:20,21)
16
sabendo[nós, judeus cristãos], contudo, que o homem não é justificado
por obras da lei [Lei de Moisés], e sim mediante a fé em Cristo Jesus
[Nova Aliança], também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos
justificados pela fé [por meio da Nova Aliança] em Cristo e não por obras da
lei [único modo disponível na Lei de Moisés], pois, por obras da lei, ninguém
será justificado [como não havia graça para perdão na Antiga Aliança, se a pessoa
pecasse, não havia mecanismo de torná-la sem pecado]
17
Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos
também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do
pecado? Certo que não!
[Se na Nova Aliança, que contém a justificação pela fé em Cristo, nós também
cometemos pecado, assim como na Velha, será que é Cristo que está nos
levando a pecar? Não!]
18
Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me
constituo transgressor.
[Eu recebi o perdão e decidi destruir minha vida de pecado. Se eu volto a pecar,
a culpa é minha. Sou eu que estou edificando o pecado que eu mesmo
prometera destruir]
19
Porque eu, mediante a própria lei [Lei de Moisés que me condenou à morte
sem misericórdia por causa dos meus pecados], morri para a lei [fiquei
desvinculado da Lei de Moisés. Assim como o marido está livre dos votos conjugais
quando a esposa morre (Rm 7:1-4), assim também Paulo se libertou da lei quando ela
própria o condenou à morte], a fim de viver para Deus [vinculado à Nova
Aliança]. Estou crucificado com Cristo;
20
logo, já não sou eu quem vive
[pois eu morri, a Lei de Moisés me matou devido às minhas transgressões para
as quais a Antiga Aliança só previa a morte],
73
Paulo registra que lá em Jerusalém também havia falsos irmãos (v. 4),
que tentavam pressioná-lo a continuar com as práticas da Antiga
Aliança (reduzindo-nos à escravidão), aos quais Paulo não se sujeitou.
Paulo também esclarece que todo o conteúdo exposto pelos apóstolos
não era novidade para ele, pois tudo lhe havia sido revelado por Jesus.
Nos versos 11-14, Paulo narra a visita de Pedro a Antioquia após o
encerramento das reuniões em Jerusalém. Nessa visita, Paulo
repreende fortemente a Pedro.
Acontece que “a decisão do concílio de Jerusalém afetava unicamente
os crentes gentios. Ela não liberou os cristãos judeus dos requisitos da
lei ritual” (CBA, v. 6, p. 1046). Assim, muitos cristãos de natureza judaica
estavam confusos entre dois sistemas: A Aliança de Moisés, que se
apagava, e a Aliança de Cristo, que ainda era uma novidade para
todos.
Pedro era um dos principais apóstolos e já havia sido ensinado da
aceitação dos gentios por parte de Deus. (At 10). No concílio de
Jerusalém, Pedro havia declarado que Deus “não estabeleceu
distinção alguma entre nós e eles [gentios], purificando-lhes pela fé os
corações.”
Entretanto, no episódio de Antioquia, Pedro viu que estavam chegando
irmãos que não compreendiam muito bem a transição entre as
alianças. Se eles vissem Pedro sentado com gentios, eles se
escandalizariam, pois para eles Pedro ainda devia seguir as instruções
da Lei de Moisés.
Assim, para evitar o choque, Pedro saiu da mesa e fingiu que não
estava comendo com os gentios, para evitar polêmica.
Nesse momento, Paulo se levantou e repreendeu a Pedro pelo
fingimento. Ora, se o sistema da Antiga Aliança não estava mais em
vigência, se nem Pedro estava seguindo a Lei de Moisés, por qual
motivo os gentios deveriam ser obrigados a segui-la?
Após utilizar essa história como introdução, Paulo inicia suas
considerações teológicas sobre a justificação e os concertos.
72
Cl 2:14. “Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava
de ordenanças (...);”
Lc 2:1. “Naqueles dias foi publicado um decreto de César Augusto, convocando
toda a população.”
At 16:4. “Ao passar pelas cidades, entregavam aos irmãos, para que
observassem as decisões tomadas pelos apóstolos e presbíteros de Jerusalém.”
At 17:7. “Aos quais Jasom hospedou. Todos estes procedem contra os decretos
de César, afirmando ser Jesus outro rei.”
O texto de Cl 2:14 é muito parecido com Ef 2:15e que não contribui para
elucidar o sentido do termo. Entretanto, as outras passagens
mostram que dogmassin é usado no sentido de ordem, decreto,
decisão, e nada tem a ver com lei cerimonial ou regras sobre
sacrifícios. Portanto, o que Paulo quis dizer é que a morte de Cristo
aboliu a Antiga Aliança, a qual tinha forma de ordens, decretos,
estatutos, que eram detalhados em pormenores e escritos na pedra e
no livro, diferentemente da Nova Aliança que é ampla, ilimitada e
escrita no coração.
4. Como os personagens do Novo Testamento anunciaram a
transição entre o Velho e o Novo Concerto? Como os apóstolos
lidaram com o fim do Concerto do Sinai?
Agora vamos estudar uma série de textos do Novo Testamento que
confirmam o entendimento acima exposto. Perceberemos que grande
parte dos conflitos entre judeus e gentios cristãos se dava por não
compreenderem a transição entre esses dois sistemas, velha e nova
aliança. Assim, a tônica do Novo Testamento é apresentar o motivo da
vinda de Jesus (confirmação da Eterna Aliança) e os efeitos
produzidos por sua missão (revogação da Aliança do Sinai).
Analisemos isso por um prisma jurídico.
JESUS
Lc 16:16. “A lei e os profetas vigoraram até João; desde esse tempo vem
sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por
entrar nele.”
21
 ESTEVÃO
At 6:13,14. “Apresentaram testemunhas falsas que depuseram: Este homem não
cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei; porque o temos ouvido dizer
que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes que
Moisés nos deu.”
PAULO
27
At 21:27,28. “ Os judeus vindos da Ásia, tendo visto Paulo no templo,
28
alvoroçaram todo o povo e o agarraram, gritando: Israelitas, socorro! Este é o
homem que por toda parte ensina todos a ser contra o povo, contra a lei e contra
este lugar...”
Observe que desde o início do ministério de Jesus, passando pelo
início da igreja Cristã e tomando volume durante o ministério de Paulo,
era comum a menção ao fim da Lei de Moisés, ou, Concerto do Sinai.
Com respeito às acusações feitas a Estevão e a Paulo, há quem possa
discordar dizendo que as testemunhas eram falsas. Mas, é preciso
lembrar que as testemunhas que acusaram a Jesus também eram
falsas, mas a falsidade não decorria das palavras de Jesus, mas da
interpretação a elas dada. Vejamos elas disseram:
60
“Mt 26:60,61. “ E não acharam, apesar de se terem apresentado muitas
61
testemunhas falsas. Mas afinal, compareceram duas afirmando: Este disse:
Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias”
Na verdade Jesus disse que destruiria o templo, se referindo ao
próprio corpo, e não ao Templo de Herodes. Então, a falsidade era
para com a interpretação, e não com as palavras.
Com respeito a Estevão e a Paulo, eles provavelmente pregaram que
segundo Daniel 9:27 os serviços do templo perderiam a validade, pois
Jesus estava agora no santuário celestial. Isso enraiveceu os líderes e
eles os acusaram de falar contra o santuário terrestre. Paulo também
pregou o fim da validade, fim da vigência, revogação da antiga aliança
(o concerto do Sinai). Obviamente, os líderes do judaísmo se sentiram
ofendidos e o acusaram de anarquia, de rebaixar a lei de Moisés.
Vejamos os trechos de Paulo que falam da revogação da Antiga Aliança:
Rm 10:4. “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.”
22
as normas da Antiga Aliança, em detrimento da Nova. A confusão
girava em torno de qual sistema poderia justificar o homem: a Lei de
Moisés ou a Lei de Cristo.
1.Gálatas 1
No primeiro capítulo, após a saudação costumeira, Paulo expressa sua
perplexidade pelos irmãos da região da Galácia (v. 6-9). Paulo havia
lhes doutrinado segundo o evangelho eterno da Nova Aliança. Mas,
conversas chegaram aos seus ouvidos de que eles estavam em um
sistema diferente de evangelho.
Em seguida, Paulo narra sua história, demonstrando que ele conhece
bem o sistema da Antiga Aliança (v. 10-6). Ele era um judeu-fariseu
exemplar. Porém, após ter-se encontrado com Jesus, ele passou a
pregar a graça de Cristo. Ele começou a divulgar o novo sistema, a
Nova Aliança.
Ainda no verso 17, Paulo esclarece que não foi influenciado pelos
discípulos em Jerusalém. Ele aprendeu o evangelho por meio de
revelação concedida pelo próprio Jesus Cristo. Nos versos 18-24,
Paulo conta que só conheceu Pedro e Tiago depois de já pregar o
evangelho há três anos.
RESUMO: Nesse capítulo, Paulo ficou chocado com a apostasia dos
gálatas, que estavam trocando o ensino de Paulo pelo judaísmo. Por
isso, Paulo procurou demonstrar que sua autoridade como apóstolo
veio diretamente de Jesus. Que ele conhecia muito bem a Lei de
Moisés, mas, após ser ensinado por Cristo, ele escolheu viver na Lei
de Cristo, e isso sozinho, sem a influência dos demais apóstolos.
2. Gálatas 2
Agora, Paulo reforça sua tese de que não estava copiando o
evangelho dos apóstolos mais antigos, pois só muitos anos depois (14
ou 17 anos após a conversão), ele retorna a Jerusalém,
provavelmente, por ocasião do Concílio de Jerusalém (At 15).
71

6. Lendo Gálatas à luz dos
Concertos
Introdução.
Após toda a exposição acerca das alianças, a sistemática de
ratificação do Concerto Eterno e da revogação do Concerto do Sinai, o
conteúdo de cada contrato e o funcionamento da justificação em cada
código, agora poderemos olhar para os escritos de Paulo com outros
olhos.
O propósito do estudo de hoje é aplicar esses conhecimentos na
Epístola aos Gálatas. Iremos comentar verso por verso e esclarecer o
sentido dos termos importantes e o seu lugar na sistemática que Paulo
constrói nessa carta, deixando a leitura da epístola o mais natural
possível.
Não é a intenção de esse estudo ser irredutível em cada detalhe ou
comentário. Essa interpretação é apenas uma proposta, uma
sugestão, onde se tentará expor o fluxo do raciocínio de Paulo verso a
verso, priorizando a literalidade do texto sobre as demais informações.
Esclarecemos que ainda não temos a explicação final para todos os
pormenores e pontos difíceis dessa carta. Talvez o comentário de um
ou outro verso ainda não tenha a melhor sustentação teológica, porém,
em linhas gerais, temos a certeza de que chegamos o mais próximo
possível à ideia original de Paulo ao escrever aos gálatas.
Antes de iniciar, segundo cremos, registramos que o problema de
Gálatas não eram os mestres judaizantes que pregavam salvação
pelas obras, mas que eles pregavam a obtenção de justiça em seguir
70
13
2Co 3:13-15. “ E não somos como Moisés que punha véu sobre a face, para que
14
os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia. Mas os
sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da
antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que em
15
Cristo é removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre
o coração deles.”
23
Gl 3:23-25. “ Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei, e nela
24
encerrados, para essa fé que de futuro haveria de revelar-se. De maneira que a
lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos
25
justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos
subordinados ao aio.”
12
Hb 7:12,18. “ Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também
18
mudança de lei. Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança
[Concerto do Sinai], por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca
aperfeiçoou cousa alguma) e, por outro lado, se introduz esperança superior
[Concerto Eterno], pela qual nos chegamos a Deus.”
É importante observar que mesmo após a revogação do Concerto do
Sinai, nós não ficamos sem lei perante Deus, pois estamos sujeitos ao
Concerto Eterno, feito com toda humanidade. O Concerto do Sinai foi
ratificado apenas com Israel, e o seu fim modificou apenas a situação
de Israel.
5. Qual era o problema do Concerto do Sinai? Por que ele foi
abolido?
Hb 8:6,7. “Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente,
quanto é ele também mediador de superiores promessas. Porque, se aquela
primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo
buscado lugar para segunda.
6. Qual era o defeito? Se Deus faz tudo perfeito, como a Antiga
Aliança poderia ser fraca e inútil?
O próprio autor de Hebreus revela o lugar onde deveremos procurar a
resposta. Ao citar Jeremias 31:31-34 nos versos seguintes, ele está
dizendo que a resposta se encontra ali, especialmente na parte final.
31
Jr 31:31-34. “ Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de
32
Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no
dia em que os tomei pela mão, para tirá-los da terra do Egito; porquanto eles
33
anularam a minha aliança, obstante eu os haver desposado, diz o Senhor. Porque
23
 esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
Senhor. Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas
34
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Pois, perdoarei as
suas iniquidades, e dos seus pecados jamais me lembrarei.”
Em 1Sm 15:11 Deus disse que se arrependia de haver constituído
Saul como rei, pois Saul “deixou de me seguir e não executou as
minhas palavras”.

A inutilidade da antiga aliança decorria de dois fatores: [i] ausência de
segunda chance (v. 34); e [ii] incapacidade de regenerar quem já estava
acostumado com o mal (v. 33).
6.1. Ausência de segunda chance
Será que nós estamos executando as palavras de Deus? Será que
estamos praticando a justiça da lei?
1Sm15:22. “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios
quanto em que se obedeça a sua palavra? Eis que obedecer é melhor que o
sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros.

Não havia, no Concerto do Sinai, uma cláusula prevendo misericórdia Deus tem prazer em conceder a justiça da fé. Porém maior prazer é
e graça para o pecador. Logo, se quisesse a vida eterna mediante o que o crente pratique a justiça da lei.
concerto do Sinai, o Israelita não poderia pecar. Se pecasse, não
receberia uma segunda chance (perdão). A Lei de Moisés o
condenava. E considerando que “todos pecaram” (Rm 3:23), ninguém
poderia obter vida eterna mediante a Antiga Aliança. Daí decorre sua
fraqueza e inutilidade.
At 13:39. “E por meio dEle todo o que crê é justificado de todas as cousas das
quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés.”

Hb 9:15. “Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança a fim de que,
intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira
aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido
chamados.”

Tendo compreendido isso, Jeremias destaca que o Novo Concerto

seria diferente do Velho, pois nesse novo pacto é dito “pois perdoarei
as suas iniquidades, e dos seus pecados jamais me lembrarei” (v. 34).
6.2. Incapacidade de regenerar o pecador
Não havia, no Contrato do Sinai, auxílio divino para a transformação
do caráter do indivíduo. Cada Israelita tinha apenas uma chance. E,
considerando a natureza humana degradada, eles naturalmente iriam
quebrar o contrato, pois a obra regeneradora do Espírito Santo não
fazia parte do Concerto do Sinai.
Rm 8:3. “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela
carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho (...).”
18
Hb 7:18,19. “ Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa
19
de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou cousa alguma) e,
por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.”
24 69
 nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.’ Rom. 8:3 e 4.”
(PP, p. 373) – Grifos no manuscrito original.
É imputada a justiça pela qual somos justificados; aquela pela qual somos
santificados é comunicada. A primeira é nosso título para o Céu; a segunda,
nossa adaptação para ele.MJ, p. 35.
6. Conclusão
Vimos que Deus providenciou um meio de justificar o homem. A justiça
da fé é capaz de cobrir os mais graves pecados do pecador penitente.
Quando nós entregamos nosso coração, Cristo perdoa os nossos
pecados e nos faz justos naquele exato momento. É instantâneo! E o
pai nos considera como se nós nunca houvéssemos pecado.
Mas a justiça da fé não é uma capa de cobrir pecados, e nem é uma
licença para pecar. As palavras de Cristo são: “Eu também não te
condeno; vai e não peques mais”. Ao conceder a justiça da fé, Cristo
quer que nós pratiquemos a justiça da lei. Cristo quer que nossos
gostos se harmonizem com todos os princípios da Nova Aliança.
Mas, por vezes, aproveitando a flexibilidade dos conceitos na Nova
Aliança, nós temos ótimas desculpas para não praticarmos a justiça.
Nós temos excelentes histórias para não cumprirmos a vontade de
Deus. Mesmo na Nova Aliança, existem normas explícitas. Mas muitos
ainda criam excelentes desculpas para não fazer o que Deus pediu.
Em 1Sm 13:3, Deus ordenou que Saul matasse os todos os
amalequitas, mesmo os idosos, as crianças e as mulheres. Inclusive os
animais.
Saul cumpriu a ordem do Senhor. Saul cumpriu quase tudo, mas não
tudo. Deixou vivo o rei Agague e vários animais. Saul tinha uma
excelente desculpa.
“Por que matar Agague se eu posso usar de misericórdia? Afinal, Deus
não é misericordioso conosco? Por que matar os animais se eu posso
oferecê-los como oferta ao Senhor? Não seria desperdiçar os rebanhos?”
68
Esse ponto do Novo Concerto também foi destacado por Jeremias
(31:33)como sendo um elemento diferenciador. A promessa era “na
mente lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas
inscreverei”.Isso significa a Espírito Santo transformação na vida do
crente, fazendo com que naturalmente ele guarde a lei e passe a
gostar das coisas que Deus gosta.
6.3. Conclusão
Portanto, a fraqueza do Concerto do Sinai era a ausência de graça e
a incapacidade de transformar o caráter do pecador. Não que isso
fosse um problema da aliança, mas como o povo certamente pecaria,
como eles possuíam natureza pecaminosa, todos que estivessem
sob seu julgo seriam condenados à morte eterna. A aliança não
funcionava para a vida. É por isso que Paulo lhe denomina de
ministério da condenação.
6
2Co 3:6-9. “ O qual [Cristo] nos habilitou para sermos ministros de uma nova
aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito
7
vivifica. E se o ministério da morte [antiga aliança], gravado com letras em
8
pedras, se revestiu de glória (...), como não será de maior glória o ministério do
9
Espírito [nova aliança]? Porque se o ministério da condenação [antiga aliança]
foi glória, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça [nova
aliança].”
E justamente por não salvar, ou, por só condenar, é que a Antiga
Aliança foi abolida e foi buscado lugar para uma nova aliança, a qual
teria graça para pecados e regeneração para o pecador. O Concerto
do Sinai teve o seu papel, mostrando o que é pecado e revelando
que o ser humano gosta do mal e precisa de uma transformação.
Assim, tendo cumprido seu propósito, ela perdeu sua utilidade e foi
buscado lugar para a Nova Aliança (Hb 8:7).
7. Então, quer dizer que as pessoas que viveram debaixo da Lei
do Sinai não serão salvas? Todas elas se perderão pela falta de
graça?
Primeiramente, sem graça não há salvação. Logo, o concerto do Sinai
não poderia salvar. Não estamos lidando com um sistema que salva
pela graça e outro que salva pelas obras. Não. A bíblia fala de um
25
sistema que salva (Concerto Eterno) e de outro que não salva
(Concerto do Sinai).
Em segundo lugar, ainda que estivessem atrelados ao Concerto do
Sinai, os Israelitas também faziam parte do Concerto Eterno. Eram
filhos de Adão e filhos de Abraão. Logo, eles estavam sujeitos às duas
alianças (Rm 9:4,5).
Terceiro, quando pecavam, mesmo que levassem o cordeiro ao
santuário e procedessem segundo a Lei de Moisés, não recebiam o
perdão via aquele sacrifício ou mediante o sistema do santuário
terrestre.
Hb 10:4. “Porque é impossível que sangue de touros e de bodes remova
pecados”
Em quarto lugar, certamente o santuário era um ponto de conexão
entre as duas alianças. Então, ao levar sua oferta ao santuário
terrestre, a mente do ofertante deveria ser transportada para o
santuário celestial, onde Jesus é o sacerdote. O pecador deveria
apelar para a Aliança Eterna, e não para a Aliança do Sinai.
23
Dt 4:23,27,30,31. “ Guardai-vos não vos esqueçais da aliança do Senhor vosso
Deus, feita convosco, e vos façais alguma imagem esculpida, semelhança de
27
alguma cousa que o Senhor vosso Deus proibiu. (...) O Senhor vos espalhará
30
entre os povos, e restareis poucos em número entre as gentes. Quando
estiveres em angústia e todas estas cousas te sobrevierem nos últimos dias, e te
31
voltares para o Senhor teu Deus, e lhe atenderes a voz, então o Senhor teu
Deus não te desamparará, porquanto é Deus misericordioso, nem te destruirá,
nem se esquecerá da aliança que jurou a teus pais.
Ver também Dt 9:4-27. Ali Moisés relata as várias vezes em Deus expressou sua
intenção de destruir o povo, por causa da quebra do Concerto do Sinai. Porém,
Moisés apela à misericórdia do Concerto Eterno, feita com Abraão, Isaque e
Jacó.
“Estas [promessas do Novo Concerto] nada mais são que as bênçãos do
evangelho por meio de Cristo. São prometidas sob condição de arrependimento,
confissão, fé e aceitação de Cristo, o Mediador de um novo concerto, que
significa salvação e obediência. Não havia no velho concerto providência para
perdão, nem poder para obedecer. Verdade é que havia perdão durante a
vigência do velho concerto, mas não por virtude deste. O perdão, tanto naquela
época como agora, era obtido mediante as providências do novo concerto, cujos
estatutos são mais antigos do que o velho.” – Estudos Bíblicos, 7ª ed., Tatuí, SP:
Casa Publicadora Brasileira, 1998, p. 278.
26
Olhando esse esquema, Desmond Ford, bem como muitos
protestantes, entenderam que estávamos colocando a lei como
requisito para a salvação (pois a SANTIFICAÇÃO está sob
SAVAÇÃO), quando a salvação é de graça. Dizia-se que os
adventistas eram legalistas pois diziam que para ser salvo era preciso
guardar o sábado. Logo, Ford fez o que achou óbvio fazer para
consertar a teologia adventista e deixá-la dentro da tradição
protestante. Ele defendeu a retirada do elemento SANTIFICAÇÃO do
esquema e deixar a fé como único requisito para salvação.
Feita essa modificação, poder-se-ia afirmar que os adventistas creem
na justificação pela fé, e pela fé somente, ou sola fide, no latim (não
sendo possível a justificação pelas obras).
Todavia, a história nos conta as consequências da teologia de Ford e
seus consequentes passos na negação das setenta semanas, na
purificação do santuário celestial, no juízo investigativo e na própria
existência de um santuário original. O fato de modificar o esquema
bíblico de justificação levou-o a negar outras verdades bíblicas que
dão sustentação e que são consequência do sistema de justificação.
5. Aprovação de Ellen White ao sistema proposto
O senso comum sobre justificação é de que só existe um mecanismo
de justificação, a justiça da fé. Pois a justiça da lei não é um conceito
bíblico, mas um conceito deturpado, farisaico.
Entretanto, vimos que existe um sistema completo e bem organizado
onde a justificação opera pela fé e pelas obras. Ellen White referenda
esse entendimento, ora utilizando a nomenclatura bíblica, ora
lançando mão dos conceitos teológicos wesleyanos.
“O apóstolo Paulo apresenta claramente a relação entre a fé e a lei, no novo
concerto. Diz ele: ‘Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por
nosso Senhor Jesus Cristo.’ Rom. 5:1. ‘Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira
nenhuma, antes estabelecemos a lei.’ Rom. 3:31. ‘Porquanto o que era
impossível à lei, visto como estava enferma pela carne’ - ou seja, ela não podia
justificar o homem, porque em sua natureza pecaminosa este não a poderia
guardar – ‘Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo
pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em
67
 Já Tiago apresenta os dois pilares de uma só vez e explica que é Mas apelar para a misericórdia e a graça do concerto eterno não era
possível ser justificado tanto pela fé como pela lei. Mas Paulo enfatiza apenas um exercício mental, ou uma questão de palavras, era algo de
apenas um desses pilares em Rm 3:28. ordem prática e que consistia de dois passos: (i) misericórdia e (ii)
espiritualização da lei.
7.1. Sendo misericordioso com o semelhante.
4.14. A reação de Desmond For à teologia adventista.
O Concerto do Sinai baseava-se unicamente na “justiça”. Não que
Apesar de Tiago e Paulo apresentarem um sistema onde o topo é
isso seja algo ruim, mas é um sistema onde não há misericórdia. Não
JUSTIFICAÇÃO e os dois pilares JUSTIÇA DA FÉ e JUSTIÇA DA
se podia exigir misericórdia nem da parte de Deus e nem da parte do
LEI, muitos teólogos adventistas adotaram o esquema de metodista,
seu próximo. Na Antiga Aliança imperava a regra “olho por olho,
onde o topo é SALVAÇÃO, e os pilares JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ e
dente por dente” (Ex 21:24).
SANTIFICAÇÃO.
Se a pessoa estivesse vinculada ao Contrato do Sinai e o cumprisse
perfeitamente, não se exigiria que ela fosse misericordiosa com o seu
Esquema seguindo a linguagem e terminologia bíblica: próximo. Ela poderia aplicar as penalidades previstas na lei e estaria
em perfeita harmonia com a vontade de Deus. Entretanto, se ela
falhasse, também não poderia esperar misericórdia da parte de Deus.
JUSTIFICAÇÃO Por outro lado, se o Israelita desejasse que Deus fosse
misericordioso para com suas faltas, não lhe aplicando as punições
na lei, então, ele também deveria mostrar a mesma disposição
FÉ OBRAS misericordiosa para com seu próximo, não agindo para com ele nos
termos que a lei permite.
(JUSTIÇA DA FÉ) (JUSTIÇA DA LEI)
32
Mt 18:32-35. “ Então o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado,
33
perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente,
34
compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E,
indignando-se o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a
35
dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes
cada um a seu irmão.”
Esquema de tradição metodista-wesleyana. 12
Tg 2:12,13. “ Falai de tal maneira, e de tal maneira procedei, como aqueles que
13
hão de ser julgados pela lei da liberdade. Porque o juízo é sem misericórdia
para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o
juízo.”
SALVAÇÃO
Exemplo claro desse sistema entre as duas alianças é a história de
Acabe e Ben-Hadade (1Rs 20:31-43). Deus ordenou a morte de Ben-
JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ SANTIFICAÇÃO Hadade, porém Acabe foi misericordioso para com esse rei sírio.
Retornando da batalha, acabe foi justo no julgamento de um soldado
que deixara um refém escapar.

66 27
 39
1Rs 20:39-40. “ Ao passar o rei, gritou e disse: Teu servo estava no meio da
peleja, quando, voltando-se-me um companheiro, me trouxe um homem e me
disse: Vigia este homem; se vier a faltar, a tua vida responderá pela vida dele, ou
40
pagarás um talento de prata. Estando o teu servo ocupado daqui e dali, ele se foi.
Respondeu-lhe o rei de Israel: Esta é tua sentença; tu mesmo a pronunciaste.
Ora, Acabe esperava receber misericórdia de Deus por ter poupado a
vida de um rei pagão, porém, ao mesmo tempo, exigiu justiça de um
soldado. Se também houvesse sido misericordioso, Deus também
teria sido misericordioso com Acabe. Mas, como Acabe optou pela
justiça, Deus também lhe pronunciou uma sentença sem
misericórdia:
1Rs 20:42. “Assim diz o Senhor: Porquanto soltaste da mão o homem que eu havia
condenado, a tua vida será em lugar da sua vida, e o teu povo em lugar do seu povo.”
Portanto, ao levar sua oferta ao santuário e pedir que Deus
perdoasse seu pecado, conforme a promessa da Nova Aliança, o
israelita também deveria ser misericordioso com o próximo e perdoar
os seus pecados.
7.2. Espiritualizando a aplicação da lei.
A Lei do Sinai era escrita, e tudo o que é escrito fica limitado aos
termos nos quais foi escrito. Sabemos que a lei de Deus é infinita (Sl
119:96). Porém, ao escrever a lei em um livro, dada as circunstâncias
do papel e da tinta, a abrangência da lei ficou limitada.
Do outro lado temos o Concerto Eterno, onde a lei não é escrita e,
por isso, essa lei se aplica a qualquer situação em qualquer tempo. É
um concerto de princípios amplos, não de regras limitadas.
Portanto, se o israelita buscava misericórdia e perdão de pecados,
deveria olhar para o Concerto Eterno e enxergar além das normas
limitadas do Concerto do Sinai. Isso significava praticar o espírito da
lei, e não apenas a letra da regra. Se quisesse viver sob o novo
concerto, ele deveria estar disposto a ampliar o nível de aplicação de
cada regra, mesmo que aquele caso não estivesse previsto
explicitamente na Lei de Moisés. Deveria discernir espiritualmente
qual a vontade mais ampla de Deus. Para receber a graça da Nova
Aliança, o Israelita deveria viver nos princípios dessa nova aliança,
não confinado à letra da lei, mas captando seu espírito.
28
Martinho Lutero, querendo resolver o conflito, disse que a Epistola de
Tiago não tinha mais valor que a palha. Logo, não era inspirada.
Pronto, eliminando um dos lados, Martinho Lutero apresentou sua
proposta. Mas, não podemos concordar com ela.
A verdade é que em Romanos, Paulo está escrevendo uma longa e
sistemática explicação acerca da justificação. Do capítulo 1:18 a 3:20
ele trata da regra geral, a justiça da lei (Rm 2:13), procurando
demonstrar que tanto judeus como gentios não atingiram as
reivindicações da lei, e por isso estão sob condenação da ira de
Deus.
Então, em Rm 3:21, ele apresenta a exceção, a justiça da fé. Ele
desenvolve o tema da fé até o final do capítulo 5. Do capítulo 6 ao
capítulo 8, Paulo mostra a santificação que deve seguir à obra de
conversão. Em Rm 8:4 ele mostra que, por meio de Cristo, é possível
sermos perdoados e atingirmos a justiça da lei. Por fim, em Rm
10:5,6, ele coloca as duas justiças lado a lado, como conceitos
Bíblicos.
5
“Rm 10:5,6. “ Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça
6
decorrente da lei, viverá por ela. Mas, a justiça decorrente da fé assim diz (...)
Paulo utilizou vários capítulos para mostrar como o sistema da
justificação funciona. Tiago, por sua vez, foi resumido e
esquematizou tudo em um só verso.
Logo, se comparássemos os sistemas propostos por Paulo e Tiago,
não veríamos contradição alguma. Porém, quando eu pinço um verso
onde Paulo está falando de apenas um pilar da justificação (justiça da
fé) e comparo com Tiago, onde ele fala de todo o sistema, parece
haver contradição.
A verdade é que Paulo está falando só sobre o pilar da salvação. E
esta não depende de observância da lei. Isso fica ainda mais
evidente quando ele insere “pela fé” ao lado de “justificado”.
Obviamente, em um dos pilares da justificação o processo ocorre
apenas por meio da fé, independentemente do outro pilar. Mas, isso
não quer dizer que todo o sistema é apenas por fé.
65
Outro exemplo é Raabe.
Tg 2:25. “De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz
Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho?”
Em Romanos também temos a exposição desse conceito:
4
Rm 4:4,5. “ Ora, ao que trabalha [obedece], o salário não é considerado como
5
favor, e sim, como dívida [justiça da lei]. Mas ao que não trabalha [transgride],
porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça
[justiça da fé].”
Portanto, a justiça da lei só se configura em certos momentos da
vida, em certos episódios, ou em certas ações. Nosso alvo é viver na
plenitude da justiça da lei. Mas, enquanto isso, quebramos a lei,
violamos a aliança e tropeçamos pelo caminho. Aí entra a justiça da
fé, para cobrir os nossos pecados e nos cobrir com a justiça de
Cristo. Todavia, a justiça da fé não toma a lugar que pertence à
justiça da lei.
4.13. Como harmonizar Tiago e Paulo
Sem conhecer os conceitos de justiça da lei e justiça da fé, e sem
uma ampla análise bíblica do termo justificação, parece que Paulo e
Tiago estão se contradizendo.
Parece que Paulo diz que só existe justificação pela fé, ou, nas
palavras dele, a justificação independe de obediência por parte do
crente.
Rm 3:28. “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela
independentemente das obras da lei.”
Já Tiago parece querer desafiar Paulo quando diz:
Tg 2:24. “Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé
somente.”
Aparentemente esse conflito parece sem solução. Muitas teorias
foram criadas para tentar fazer os dois concordarem, mas todas elas
parecem artificiais, não decorrendo da literalidade do texto Bíblico.
Muitas dessas explicações nos fazem ler a Bíblia fora da sua
linguagem natural.
64
9. Entendendo o Novo Testamento
Agora que você está ciente de que há dois sistemas no Novo
Testamento (um que está findando e o outro que está sendo
reforçado), e que esses dois sistemas são diferentes um do outro (ou
seja, as alianças não são uma continuidade uma da outra, mas corpos
diferentes com cláusulas diferentes), e que a principal diferença
repousa na ausência de graça e no elemento regenerador do Espírito
Santo, agora você está apto para discernir com clareza os conflitos da
igreja primitiva retratados nos escritos de Paulo ao falar sobre a lei.
Agora poderemos olhar para o Novo Testamento sob um novo prisma.
Vejamos três exemplos conhecidos e polêmicos nos escritos de Paulo:
Rm 6:14. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo
da lei [Concerto do Sinai], e, sim, da graça [Concerto Eterno].”
Será que antes o pecado tinha domínio? Sim, sob a Antiga Aliança, o
pecado tinha domínio sobre os pactuantes, pois não havia graça nem
regeneração. Mas agora, sob a Nova Aliança da Graça, existem as
promessas de vitória sobre todos os pecados e da transformação do
homem em nova criatura.
4
Rm 7:4,6. “ Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei
6
[Antiga Aliança] por meio do corpo de Cristo. Agora, porém, libertados da lei,
estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em
novidade de espírito [Nova Aliança] e não na caducidade da letra [Antiga
Aliança].
fé,
1
Rm 8:1,2. “ Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
2
Jesus. Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do
pecado e da morte.”
A mesma problemática acompanha vários capítulos no livro de
Romanos. Uma tensão entre o sistema da Antiga Aliança, que perdera
a validade, e a inauguração do sistema da Nova Aliança, com os quais
os crentes ainda não estavam acostumados e, por isso, se viam
perdidos entre os dois concertos.
29
8. Conclusão
Mesmo que estejamos há dois mil anos de Paulo, ainda lidamos com
problemas muito parecidos. Há irmãos que se prendem na letra.
Querem viver sob a Nova Aliança, mas têm dificuldade em
compreender como funciona a Nova Aliança. Não que tenham más
intenções, mas lhes falta um pouco mais de dedicação e comunhão
para compreenderem a natureza espiritual da lei. Por outro lado,
muitos que se dizem andarem no espírito, estão transgredindo
princípios expressos da palavra de Deus. Acabam utilizando o Novo
Concerto como uma desculpa para não seguirem a expressa vontade
de Deus.
Agora, talvez o maior de todos os problemas seja a misericórdia e a
justiça. É comum pedirmos a Deus pela misericórdia, mas sermos
implacáveis com o próximo. Meu apelo é que você aprenda a perdoar
como Jesus te perdoa. Na mesma quantidade de vezes e na mesma
profundidade em que é perdoado. Se você quiser participar da
misericórdia do Novo Concerto, é preciso estar sempre disposto a
perdoar e a esquecer, assim como Deus faz.
Se o seu irmão pede perdão a você, é preciso agir com seu irmão
como Deus age com você, como se nada houvesse acontecido, tendo
o dever de lhe oferecer os mesmos deveres de cuidado que cada
cristão deve oferecer ao outro.
E que você possa perdoar na mesma profundidade que é perdoado.
Deus perdoa e não se lembra. Você também precisa não mais se
lembrar, se quiser receber as graças da Aliança Eterna.
30
Essa confusão com a justiça da lei se inicia pela premissa evangélica
na mente de muitos teólogos. Quando falamos que justificar é
declarar justo, só estamos dizendo isso, e nada mais:
Justificar é declarar justo.
Entretanto, muitos leem essa frase e subentendem a palavra pecador
ali no meio. Na mente delas:
Justificar é declarar [o pecador] justo.
Bem, se essa última explicação fosse a adotada nesse estudo,
certamente os objetores teriam razão. Mas nós não defendemos que
justificar é declarar o pecador justo. Não. Estamos apenas dizendo
que justificar é declarar justo. E nada mais.
Ora, a escritura diz que Jesus foi justificado.
1Tm 3:16. “Evidentemente, grande é o mistério da piedade: ‘Aquele que foi
manifestado na carne, foi justificado em espírito, contemplado por anjos,
pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória.”
Logo, justificação não pode ser declarar o pecador justo, pois, desse
modo, eu estaria dizendo que Jesus era pecador.
O termo justificação pode, sim, se referir a declarar o pecador justo.
Mas, nesse caso, a palavra fé deveria vir junto com justificar.
Quando a palavra lei vem junto com justificar, então, só está se
afirmando, atestando, que aquela determinada conduta é
considerada justa pela lei, não havendo qualquer pagamento de
pecados ou salvação por sua própria obediência. Apenas se está
cumprindo os requisitos da vida eterna.
O exemplo Bíblico é a história de Abraão. Toda sua vida de pecados,
suas mentiras, adultério, foram justificadas pela fé. Mas, quando
Abraão obedeceu a Deus e ofereceu Isaque para ser sacrificado, ali,
naquele momento, ele foi justificado pelas obras. Aquela conduta foi à
justiça da lei.
Tg 2:21. “Não foi por obras que o nosso pai Abraão foi justificado, quando
ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque?”
63
 semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança de sua
6
ressurreição. Sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem,
para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como
7
escravos, porquanto quem morreu, justificado está do pecado.”

Paulo também ensina que outra parte da justificação envolve guardar

a lei.
Rm 2:13. “Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas
os que praticam a lei hão de ser justificados.”

Portanto, Paulo considera que a justificação possui dois estágios:

pela fé e pela lei. Sem essas duas pernas, o esquema da justificação
é incompleto.
Observação: Em geral, as pessoas utilizam santificação em lugar da
justiça da lei. Porém, a nomenclatura bíblica utiliza justiça da lei.

4.11. Como a Bíblia organiza, ou, esquematiza o sistema da justificação?

Tg 2:24. “Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé
somente.”

O esquema bíblico está organizado com a seguinte estrutura:

JUSTIFICAÇÃO

FÉ OBRAS
(JUSTIÇA DA FÉ) (JUSTIÇA DA LEI)
(SANTIFICAÇÃO)
4.12. Objeções contra a ideia de ser justificado pela lei.
Muitos argumentam que esse sistema está incorreto, uma vez que
boas obras nunca podem justificar um pecado, ou uma má conduta, e
essa objeção está corretíssima. Porém, ela não prejudica a
explicação dada acima pois lá se está falando de outra coisa.

62 31
 32
Mt 18:32-35. “ Então o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado,
4. Os Mandamentos do Novo e 33
perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente,
compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E,
34

Eterno Concerto indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda
35
a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não
perdoardes cada um a seu irmão.”

Quando um pecador que foi salvo torna a praticar o pecado, ele se

coloca outra vez sob a ira de Deus. E, se não quiser ser destruído,
1. Os mediadores de cada aliança precisará ser salvo por Jesus novamente.
Mediador é um intermediário entre duas partes. Funciona como um elo
entre dois opostos. Ele transmite informações de uma parte para a 4.9. Requisitos da justificação. Recapitulação.
outra, sendo assim o responsável pela comunicação. Mediador é aquele Vimos que para ser justificada, a pessoa precisa cumprir as
que media uma negociação. condições da salvação e estar em dia com os requisitos da vida
1.1. Quem foi o mediador entre Deus e Israel no Concerto do Sinai? eterna.
19
Ex 20:19,21,22. “ Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale JUSTIFICADO
21
Deus conosco, para que não morramos. O povo estava de longe em pé; Moisés,
22
porém, se chegou à nuvem escura, onde Deus estava. Então disse o Senhor a
Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel.”
SALVAÇÃO VIDA ETERNA
Moisés ficou conhecido na história como um legislador, pois foi por
intermédio dele que a lei foi transmitida a Israel (Ne 9:14; Jo 1:17).Além de PERDÃO OBEDIÊNCIA
ser o porta-voz entre Deus e o povo na ratificação da Antiga Aliança, GRAÇA GRAÇA
ele também foi um instrutor, alguém que ensinou a lei ao povo e zelou
pelo seu cumprimento. JUSTIÇA DA FÉ JUSTIÇA DA LEI

1.2. Antes de morrer, que importante aviso Moisés deu ao povo? As condições da salvação são as mesmas para se receber a justiça
15
da fé. E os requisitos da vida eterna são os mesmos exigidos pela
Dt 18:15-19. “ O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, de teus
19 justiça da lei. Na verdade, a justiça da fé produz a salvação, e a
irmãos, semelhante a mim: a ele ouvirás. (...) De todo aquele que não ouvir as
minhas palavras, que ele falar em meu nome, disso lhe pedirei contas. justiça da lei, vida eterna.

1.3. Isaías descreve algo revelador sobre esse futuro profeta. Que tipo Mas onde estão as provas bíblicas?
de tarefa ou função ele iria desempenhar?
1
Is 42:1-4,6. Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a
4.10. Justificados pela fé e pela lei.
minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito
2 3 Paulo ensina que parte do processo de justificação envolve fé em
para os gentios. Não clamará nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça. Não
esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade Cristo.
4
promulgará o direito. Não desanimará nem se quebrará até que ponha na terra o 4
6 Rm 6:4-7. “ Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que,
direito; e as terras do mar aguardarão a sua doutrina. Eu, o Senhor, te chamei em
como Cristo foi ressuscitado dentro os mortos pela glória do Pai, assim também
justiça, tomar-te-ei pela mão, e te guardarei, e te farei mediador da aliança com o 5
andemos nós em novidade de vida. Porque se fomos unidos com ele na
povo, e luz para os gentios;
32 61
permanecer dentro do barco. Se ela pular na água novamente,
poderá se afogar e, novamente, precisará de salvação.
A salvação serve para que a pessoa mude de vida. Para que não
peque mais. É comum ser salvo e novamente cair em pecado. Mas o
objetivo do perdão é que você pare de pecar. Viva em harmonia com
a lei de Deus.
4.7. Quais os requisitos da vida eterna?
Os requisitos da vida eterna formam o segundo pilar da justificação.
16
Mt 19:16. “ E eis que alguém, aproximando-se, lhe perguntou: Mestre, que farei
17
eu de bom, para alcançar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: (...) Se queres,
porém, entrar na vida,guarda os mandamentos.”
A obediência à lei de Deus não apaga os pecados do passado.
Todavia, é a obrigação de todos. Os santos anjos não precisam de
salvação, porém, devem obedecer a Deus, pois esta é a condição da
vida eterna. Lúcifer desobedeceu a Deus e, por isso, foi expulso do
céu e está condenado ao lago de fogo (Mt 25:41). Ele perdeu a vida
eterna. Nós, uma vez salvos, precisamos obedecer, como os santos
anjos que nunca pecaram. Não para obter algum mérito, mas porque
é nossa obrigação.
A guarda da lei, a guarda do sábado são requisitos da vida eterna, e
não da salvação. Para ser salvo não é preciso guardar nada. Mas, uma
vez salvos, aí começa nossa necessidade de guardar a lei. Não para
sermos salvos, mas para cumprirmos os requisitos da vida eterna.
A justificação possui essas duas pernas, salvação e vida eterna.
Apesar de não ser exigida obediência para a salvação, é preciso
obedecer para ser justificado, pois a justificação também compreende
a vida eterna.
4.8. Uma vez salvos, é possível perder a salvação? Será que Deus
pode retirar o perdão?
Sim. Deus pode retirar o perdão e você perder a salvação uma vez
recebida. O conceito “salvo uma vez, salvo para sempre” não é bíblico.
60
Direito foi traduzido a partir de ְ ׄ ‫( ִמ‬mishpat), cujo sentido comumente está
‫שפָּט‬
ligado a juízo, ordenança, dever legal.
Doutrina vem de ‫( תּו ׄ ָרה‬torah), que também é utilizado como lei ou palavra de Deus.
Podemos destacar três atitudes desse futuro profeta: (i) promulgar o
direito; (ii) doutrinar o povo e (iii) intermediar uma aliança.
Vemos, portanto, que esse futuro profeta exerceria uma função
jurídica (o texto de Isaías tem muitos elementos jurídicos). Ao
mediar uma nova aliança, ele deveria estabelecer um conjunto de
regras na terra, fixar um Direito, conjunto de leis, entre os povos.
Ele também doutrinaria israelitas e gentios. Sendo que a palavra
original é torah, esse profeta seria semelhante a Moisés no
aspecto de legislador.
1.4. Outro profeta, Daniel, também deu um aviso importante. Sobre
quem ele falava e o que essa pessoa faria?
Dn 9:27. “Ele fará firme (do hebraico gavar, fortalecer, confirmar) aliança com
muitos por uma semana; na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta
de manjares;”
Ou seja, o ministério desse futuro profeta tinha um tempo exato para
iniciar e terminar. Ademais, é reforçado em Daniel que, durante o seu
ministério, seria firmado uma aliança.
1.5. Obviamente esse profeta é Jesus (Mt 12:15-21). Mas, quando é
que ele começou a estabelecer essa nova aliança, e que prova temos
disto?
Assim como Moisés, no início do Êxodo, na qualidade de mediador
do Concerto do Sinai, (i) subiu ao monte, (ii) recebeu a lei, (iii)
transmitiu- a ao povo, (iv) realizou um sacrifício para selar o pacto e
(v) comeu e bebeu com os anciãos numa espécie de ceia,assim
também Jesus deveria fazer, seguindo esses passos, na qualidade
de mediador do Concerto Eterno.
Portanto, em primeiro lugar, Jesus recebeu sua doutrina do Pai.
Jo 12:50. “As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito, assim falo.”
33
 Depois, subiu ao monte e iniciou um processo de doutrinamento no Quando oramos a Deus e confessamos nosso pecado, ele nos
sermão da montanha, registrado nos capítulos 5, 6 e 7 de Mateus. concede a salvação no mesmo instante. Isso quer dizer que ele
1 perdoou nossas ofensas até ali, ou seja, os pecados do passado (Rm
Mt 5:1,2. “ Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e como se assentasse,
2
aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo:” 3:25 / 2Pe 1:9).

(A doutrinação continuou por preceito e exemplo ao longo de seu ministério.

Porém, o episódio do sermão da montanha destaca-se pela direta comparação
entre os ensinamentos da Velha e da Nova Aliança, como veremos depois.) 4.5. Quem precisa de salvação?

O povo concordou com os seus ensinamentos.
Mt 7:28,29. “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as
multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem
autoridade, e não como os escribas.”
Jo 7:31. “E, contudo, muitos de entre a multidão creram nele (...)”
Jo 8:30. “Ditas estas cousas, muitos creram nele.”
Os anjos fiéis que estão no céu precisam de salvação? Por que não?
Esses mesmos anjos possuem vida eterna?
Lc 19:10. “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido.”
Os anjos fiéis a Deus possuem a vida eterna. Eles não precisam de
salvação. Redenção é para quem já pecou. Salvação é para quem
está perdido, para quem está condenado a sofrer a ira de Deus.

Jesus selou esse novo pacto com sangue, tanto na ceia como no calvário. Concluímos que salvação é diferente de vida eterna, pois os anjos
possuem a imortalidade apesar de não necessitarem ser salvos, pois
Mt 26:28. “Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado
nunca se perderam. Não podemos confundir esses dois conceitos,
em favor de muitos, para remissão de pecados.
salvação e vida eterna são conceitos distintos.
Assim como Moisés e os anciãos “comeram e beberam”, Jesus
Vida eterna é possuir a imortalidade, viver para sempre, ir para o céu.
também ceou com seus discípulos, comendo pão e bebendo vinho
Salvação é não ser destruído pela ira de Deus. Salvação é perdão
com eles.
para quem já pecou. Quando uma pessoa é salva, isso não quer
Mc 14:22-24. “E, enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o dizer que ela automaticamente ganha a imortalidade, a vida eterna. O
partiu e lhes deu, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. A seguir, tomou Jesus um critério da vida eterna é um, as condições para ser salvo são outras.
cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos; e todos beberam dele.
Então lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em
favor de muitos.”
4.6. Para que serve a salvação
1.6. Os paralelos entre Moisés e Jesus. Jo 8:11. “Então lhe disse Jesus: Nem eu tão pouco te condeno; vai e não peques
mais.”
Há muitos paralelos entre Moisés e Jesus, destacam-se os seguintes:
“Nem eu tão pouco te condeno”, ou seja, a mulher é absolvida, é
Jo 1:17. “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade
salva. E de agora em diante, deve viver segundo os critérios da vida
vieram por meio de Jesus Cristo.”
eterna, abstendo-se de transgredir a lei em palavras, atos ou
Jo 5:46. “Porque se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; pensamentos. ”
porquanto ele escreveu a meu respeito.”
Exemplo. Pessoa que estava se afogando é puxada para dentro de
At 7:37. “Foi Moisés quem disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre
vossos irmãos um profeta semelhante a mim.”
um barco. Isso é salvação. Agora, para não mais se afogar, ela deve

34 59
4.2. O que o termo justificação significa?
Justificação significa declarar justo. O sentido bíblico para justificação
compreende o processo de atestar ou afirmar que algo ou alguém é
justo. Tanto um homem pecador como um anjo santo podem ser
justificados, pois se trata apenas de uma declaração de validade
após verificação prévia.
Dt 25:1. “Em havendo contenda entre alguns, e vierem a juízo, os juízes os
julgarão, justificando ao justo e condenando ao culpado.”
Portanto, para ir ao céu é preciso ser justificado, ou seja, passar pela
justificação. Em resumo, você precisará ser declarado justo.
Todavia, como o homem é pecador, condenado a sofrer a ira de Deus
(Rm 1:18), para ser declarado justo, primeiramente, ele precisa ser salvo.
4.3. O que é salvação?
Salvação é o livramento da destruição pela ira de Deus. Somos
salvos da ira por meio do perdão dos pecados. Esse é o primeiro pilar
da justificação.
Rm 5:9. “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos
por ele salvos da ira.”
13
Cl 1:13,14. “ Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o
14
reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos
pecados.”
2Pe 1:9. “Pois aquele a quem estas cousas não estão presentes é cego, vendo
só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora.”
4.4. O que fazer para ser salvo?
É preciso guardar a lei para ser salvo? É preciso guardar o sábado?
Ef 2:8. “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus.”
Não é preciso guardar nada para ser salvo. Salvação é pela graça.
Não é algo que vem de você, mas é um presente de Deus.
58
Hb 3:3. “Jesus, todavia, tem sido considerado digno de tanto maior glória do que
Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a estabeleceu.”
Portanto, à semelhança de Moisés, Jesus cumpriu todas as profecias
a seu respeito. Assim como Moisés é o mediador da Velha Aliança,
Jesus é o mediador da Nova Aliança. Cristo veio confirmar e ratificar
as promessas da Aliança Eterna feita aos patriarcas. Após o período
de doutrinamento, ele próprio foi o sacrifício que tornou irrevogável o
sistema do Concerto Eterno.
Hb 9:15. “Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança a fim de que,
intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira
aliança, recebam a promessa da eterna herença aqueles que têm sido
chamados.”
1.7. Como ficaram conhecidas as duas alianças no Novo
Testamento?
O pacote da Aliança do Sinai, cujo mediador foi Moisés, ficou
conhecido como Lei de Moisés.
At 15:5. “Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus, que haviam crido,
dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés.”
1Co 9:9. “Porque na lei de Moisés está escrito: ‘Não atarás a boca ao boi que
debulha’. Acaso é de bois que Deus se preocupa?”
Da mesma forma, o pacote de normas que formam a Aliança Eterna
foi denominado Lei de Cristo
20
1Co 9:20,21. “ Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os
judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse,
para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei.
21
Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus,
mas debaixo da lei de Cristo para ganhar os que vivem fora do regime da lei.”
Gl 6:2. “Levais as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.”
Notem que Paulo utilizou as duas expressões no capítulo 9 de 1
Coríntio. No verso 9 ele diz Lei de Moisés, e nos versos 20 e 21 ele
cuidadosamente esclarece não estar mais debaixo daquela lei, mas
sob a Lei de Cristo.
35
2. Jesus inicia um processo de doutrinamento sobre a Lei de Cristo
Ao abordar esse assunto, é comum que o estudante fique preocupado
quando se fala no fim da lei. Agora, é importante lembrar que a Bíblia
lida com duas alianças. Estamos tratando de duas leis. A Lei de
Moisés, com os mandamentos, estatutos e juízos foi revogada. Mas, a
Lei de Cristo, com seus mandamentos, estatutos e juízos, permanece
intocável.
Porém, como a Lei de Cristo não é escrita, considerando que a Aliança
Eterna é um pacto de princípios, é importante saber quais princípios da
Lei de Moisés foram repetidos na Lei de Cristo, quais foram revogados,
e se existe algum novo mandamento no Concerto Eterno que não
existia na Lei de Moisés.
2.1. A estrutura do Sermão da Montanha na comparação das alianças.
No Sermão da Montanha, no trecho de Mateus 5:21-48, Jesus
compara os mandamentos que foram dados por Moisés no passado
com os mandamentos que ele daria ao povo durante seu ministério.
Jesus utiliza-se da seguinte estrutura:
“Ouvistes o que foi dito aos antigos....” –as coisas que Moisés disse.
“Eu porém vos digo...” – Jesus diz os princípios da Nova Aliança.
É evidente que Jesus utiliza uma estrutura de contraste. Ao dizer “eu
porém”, ele está contrastando sua lei com a lei dada por Moisés. Nesse
processo de contraste entre seus ensinos e os ensinos de Moisés:
2.1.1. Alguns ensinos de Moisés foram ampliados por Jesus.
Versos 21 e 22
Moisés: “Quem matar estará sujeito a julgamento”
Jesus: “Todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão
estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão
estará sujeito a julgamento de tribunal; e quem lhe chamar: Tolo,
estará sujeito ao inferno de fogo.”
36
como dom gratuito a todos quantos o queiram receber. Sua vida substitui a dos
homens [justiça da fé]. Assim obtêm remissão de pecados passados, mediante a
paciência de Deus. Mais que isso, Cristo lhes comunica os atributos divinos. Forma
o caráter humano segundo a semelhança do caráter de Deus, uma esplêndida
estrutura de força e beleza espirituais. Assim, a própria justiça da lei se cumpre no
crente em Cristo. Deus pode ser ‘justo e justificador daquele que tem fé em Jesus’.
Rom. 3:26.” (DTN, p. 762)
4. Como funciona a justificação
Após entender os três tipos de justiça, estamos aptos a estudar como
funciona a justificação.
Há várias tentativas de explicar a justificação. O problema reside em
como a fé se relaciona com as obras. É comum ouvirmos que “somos
justificados somente pela fé, as obras são a consequência de nossa
fé”. Ou que Paulo estava escrevendo para um grupo de cristãos com
problema de legalismo, e que Tiago escreveu para outro grupo com
problemas de liberalismo. Existem inúmeras explicações, porém, por
mais que muitas delas apontem para a verdade, elas falham em não
conseguir explicar determinados textos bíblicos, ou, o sistema dessas
explicações não resolve os conflitos entre fé e obras.
E muitas dessas explicações são construídas em cima de frases
bonitas, ou em cima de exemplos, historinhas, etc. A verdade, porém,
é que a explicação precisa vir lastreada num texto bíblico. Sem
historinhas, sem exemplos, sem frases de efeito, mas utilizando o
fraseado bíblico, a nomenclatura dos autores bíblicos, não violando a
literalidade bíblica.
É isso que iremos apresentar agora.
4.1. Quem vai para o céu?
Mt 25:46. “E irão estes para o castigo eterno, porém os justos para a vida eterna.”
Se a condição para obter a eternidade é ser justo, parece impossível ao
homem ir para o céu, pois “todos pecaram”. (Rm 3:23), e não há um justo
sequer (Rm 3:10). Todavia, existe um procedimento capaz de transformar
pecadores em justos. Esse procedimento se chama justificação.
57
3.4. Conclusão
Portanto, toda vez que se ouvir o nome justiça própria, deve-se se
lembrar de que essa é a justiça falsa, a justiça própria, a justiça dos
fariseus e legalistas. A justiça da lei é um conceito bíblico correto. É o
padrão de justiça exigido de todos os seres criados, dos anjos, e
também dos homens. Pela justiça da fé, Deus nos ajudará a praticar a
justiça da lei.
3.5. Textos de Ellen White sobre os três tipos de justiça
“Por Sua própria obediência à lei, Cristo testificou do caráter imutável da mesma, e
provou que, por meio de Sua graça, ela podia ser perfeitamente obedecida por todo
filho e filha de Adão. [...] Os discípulos de Cristo precisam alcançar a justiça de um
caráter diverso daquela dos fariseus, se querem entrar no reino do Céu. Em Seu
Filho, Deus lhes oferecia a perfeita justiça da lei. Caso abrissem plenamente o
coração para receber a Cristo, a própria vida de Deus, Seu amor, habitaria então
neles, transformando-os à Sua própria semelhança; e assim, mediante o dom
gratuito [justiça da fé] de Deus, haviam de possuir a justiça exigida pela lei. Mas
os fariseus rejeitavam a Cristo; "não conhecendo a justiça de Deus e procurando
estabelecer a sua própria justiça" (Rom. 10:3), não se submeteram à justiça
divina.” (MDC, p.49, 54 e 55)
“Onde existe não só a crença na Palavra de Deus, mas também uma submissão à
Sua vontade; onde o coração se Lhe acha rendido e as afeições nele
concentradas, aí existe fé - a fé que opera por amor e purifica a alma. Por esta fé o
coração é renovado à imagem de Deus. E o coração que em seu estado
irregenerado não era sujeito à lei de Deus, agora se deleita em Seus santos
preceitos, exclamando com o salmista: ‘Oh! quanto amo a Tua lei! É a minha
meditação em todo o dia!’ Sal. 119:97. E cumpre-se a justiça da lei em nós, os que
não andamos ‘segundo a carne, mas segundo o espírito’. Rom. 8:1.” (CC, p. 63.)
“A lei é uma expressão do pensamento de Deus. Quando a recebemos em Cristo
ela se torna nosso pensamento. Ergue-nos acima do poder dos desejos e
tendências naturais, acima das tentações que levam ao pecado. "Muita paz têm os
que amam a Tua lei, e para eles não há tropeço" (Sal. 119:165) - coisa alguma os
levará a tropeçar. Não há paz na injustiça; os ímpios estão em guerra contra Deus.
Aquele, porém, que recebe a justiça da lei em Cristo, está em harmonia com o
Céu. "A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram."
Sal. 85: 10.” (ME, v. 1, p. 235).
“A lei requer justiça - vida justa, caráter perfeito; e isso não tem o homem para dar.
Não pode satisfazer as reivindicações da santa lei divina. Mas Cristo, vindo à Terra
como homem, viveu vida santa, e desenvolveu caráter perfeito. Estes oferece Ele
56
Versos 27 e 28
Moisés: “Não adulterarás”
Jesus: “Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura
no coração já adulterou com ela.”
2.1.2. Outros ensinos de Moisés foram reduzidos por Jesus.
Versos 31 e 32.
Moisés: “Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.”
Jesus: “Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de
relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele
que casar com a repudiada, comete adultério.”
2.1.3. E certos ensinos de Moisés foram revogados por Jesus.
Versos 33 a 37.
Moisés: “Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para
com o Senhor os teus juramentos.”
Jesus: “De modo algum jureis (...). Seja a tua palavra: Sim, sim;
não, não. O que disto passar, vem do maligno.”
Versos 38 a 39.
Moisés: “Olho por olho, dente por dente.”
Jesus: “Não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir na
face direita, volta-lhe também a outra.”
Portanto, percebe-se que Jesus está lidando com dois sistemas
diferentes. Um sistema antigo, que Jesus demonstra estar defasado,
ou, perdendo a validade, e um sistema novo, o qual Jesus está
introduzindo, ou, melhor dizendo, fortalecendo a Aliança de Abraão
(Nova Aliança), que estava apagada na lembrança dos israelitas.
Da mesma forma como fez no Sermão do Monte, Jesus continuou
instruindo o povo acerca do conteúdo da Nova Aliança.
37
 Mt 28:20. “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.”
Jo 14:15. “Se me amais, guardareis os meus mandamentos.”
At 1:1,2. “Compus meu primeiro relato, ó Teófilo, a respeito de todas as coisas que
Jesus fez e ensinou desde o início, até o dia em que foi arrebatado, depois de ter
dado instruções aos apóstolos que escolhera sob a ação do Espírito Santo. (Bíblia
de Jerusalém)
1Co 14:37. “Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser
mandamento do Senhor o que vos escrevo.”
Aqui está o cumprimento das profecias de Moisés (Dt 18:15), Isaías (Is
42:1), Jeremias (Jr 31:31) e Daniel (Dn 9:27). Jesus doutrinou o povo,
fortaleceu e confirmou a Aliança Eterna. Consequentemente, a
Aliança do Sinai estava se apagando, perdendo sua vigência,
caducando.
2.2. Então, se a Lei de Moisés estava perdendo sua vigência, e se
Jesus contrasta os ensinamentos de Moisés com a Aliança Eterna,
por que Ele inicia o sermão dizendo que não veio abolir a lei em
Mateus 5:17?
Esse texto é muito conhecido no meio adventista. Na verdade, ele é
conhecido como “a fortaleza dos adventistas”. Ou seja, é um texto de
refúgio para o adventista quando ele se depara com alguém dizendo
que a Lei de Moisés foi abolida. Mas, o que esse texto diz, na
verdade?
Mt 5:17,18. “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para
revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra
passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra.
2.2.1. Lei ou os profetas.
Ao citar o texto, muitas pessoas se lembram apenas da “lei”, e se
esquecem de outra palavra muito importante, “profetas”. Em
seguida, também partem da premissa que “lei”, ali no texto, se refira
exclusivamente aos Dez Mandamentos. Logo, se Jesus não veio
revogar a lei dos Dez Mandamentos, pronto, já se tem uma defesa
completa do sábado, que é o ponto da discussão.
38
Justiça própria é quando estabelecemos determinados pontos de
salvação que nos agradam, simplesmente para aliviar nossa
consciência, enquanto menosprezamos conscientemente outras
partes da revelação.
A história de Caim e Abel ilustra muito bem a diferença entre justiça
da lei e justiça própria.
Abel construiu um altar, pôs a lenha e ofereceu um cordeiro.
Caim construiu um altar, pôs a lenha e ofereceu frutas.
Caim obedeceu parcialmente. Justiça parcial é justiça própria, falsa.
Justiça própria também pode ser hipocrisia. Enquanto pareço justo e
obediente, exemplar marido, líder de igreja, escondo sob essa capa
de santidade os piores pecados. Bato na esposa, abuso os filhos,
minto, furto, violo conscientemente a lei de Deus, mas,
aparentemente, sou um exemplo de Cristão. Confio que meu
comportamento exterior me justifica, que não preciso de uma
mudança completa. Penso que está bom assim. Que vou para o céu.
Por fim, faz-se necessário comentar a carta de Paulo aos Filipenses.
Lendo o texto de forma desatenta, têm-se a impressão de que Paulo
condena a justiça da lei e diz que a única verdadeira é a justiça da fé.
Vejamos:
4
Fl 3:4-7. “ Bem que eu poderia também confiar na carne. Se qualquer outro
5
pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais. Circuncidado ao oitavo dia, da
linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei,
6
fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei,
7
irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, isto considerei perda por causa de
Cristo.”
É fácil perceber que Saulo não possuía a verdadeira justiça da lei,
mas a justiça própria, pois a lei nunca deu margem para perseguição
de Cristãos. Saulo pensava ter a justiça da lei, era apenas uma
imaginação. Na prática, ele tinha justiça própria. Seu caso era o
mesmo dos judeus da época:
2
Rm 10:2,3. “ Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém
3
não com entendimento. Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus, e
procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.”
55
conscientemente. Isso não faz sentido. Se a pessoa está sendo fiel a
Jesus, então é justiça da lei, e não justiça própria. Justiça própria é
outra coisa.
A Bíblia também chama um terceiro comportamento de justiça. Mas
não é justiça propriamente dita. É algo que tem apenas aparência de
justiça, mas é uma justiça falsa, pois não existe o elemento
obediência à lei.
A justiça própria é considerada um trapo de imundícia:
5
Is 64:5,6. “ Sais ao encontro daquele que com alegria pratica justiça, daqueles
que se lembram de ti nos teus caminhos [justiça da lei]. Eis que te iraste, porque
6 Lc 24:44. “(...) Importava que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei
pecamos; por muito tempo temos pecado, e havemos de ser salvos? Mas todos
nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo de
imundícia [justiça própria]; todos nós murchamos como a folha, e as nossas
iniquidades como um vento nos arrebatam.”
A justiça da lei, a obediência pela graça de Cristo, é considerada por
Deus de grande valor. A correta busca pela santificação e pureza é
preciosa aos olhos de Deus. Porém muitos estão dizendo que isso é
como “trapos de imundícia”, sendo que o texto está falando de justiça
própria, e não de justiça da lei. Esse é um erro básico de interpretação
é precisa ser corrigido.
Muitas pessoas também acreditam que justiça da lei é cumprir a lei
sem o amor. Ou, obedecer à lei e não ter Cristo. Muitos dizem que os
problemas dos fariseus era rejeitar a justiça da fé e praticar a justiça da
lei. Isso também é um absurdo, veja:
2 3
Mt 23:2,3. “ Na cadeira de Moisés se assentaram os escribas e fariseus. Fazei e
guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras;
porque dizem e não fazem.
(Nesse sentido, também consultar Rm 2:17-25)
Portanto, jamais se pode afirmar que os fariseus possuíam a justiça da
lei. Eles tinham aparência. Pregavam a obediência. Mas eles mesmos,
bem como a grande maioria dos judeus, não obedeciam à lei.
Mas então, o que é a justiça própria?
Justiça própria é quando selecionamos a lei de Deus, dizendo quais
mandamentos são importantes, e voluntariamente ignorando outros.
54
É verdade que Jesus não acabou com o sábado e nem com os Dez
Mandamentos. Mas essa não é a interpretação correta do texto.
A palavra “lei” é usada no Novo Testamento para se referir a várias
coisas: (i) Lei de Moisés, (ii) Pentateuco ou (iii) todo Antigo
Testamento.
No caso acima, cremos que Jesus está utilizando “lei” no sentido de
Pentateuco, pois ele adiciona os escritos dos “profetas” logo em
seguida. Essas eram divisões da bíblia hebraica, a qual se dividia
em três partes: lei (torah), profetas (nebihim) e salmos (kethubim).
de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.”
Lc 24:27. “E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-
lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.”
Mt 22:40. “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.”
At 14:15. “Depois da leitura da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga
mandaram dizer-lhes: Irmãos, se tendes alguma palavra de exortação para o povo,
dizei-a.”
Portanto, vimos que era comum se referir ao Antigo Testamento
citando duas ou três divisões das Escrituras Hebraicas. Logo, ao
Jesus dizer “lei ou os profetas”, ele está dizendo o seguinte:
“Não penseis que vim revogar as Escrituras do Antigo Testamento.”
2.2.2. Revogar.
O termo foi traduzido do grego καταλυσαι (katalusai). Em
português, revogar ecoa uma atividade jurídica. Todavia, o texto
grego aponta para uma outra nuance. Katalusai é geralmente
utilizada no sentido de destruir, demolir, derrubar, lançar por terra, e
assim foi traduzido nas seguintes passagens:
Mc 13:2. “(...) Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derrubada.”
Mt 27:40. “Ó tu que destróis o santuário e em três das o reedificas (...)”
Rm 14:20. “Não destruas a obra de Deus por causa da comida. (...)”
At. 6:14. “Porque temos ouvido dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este
lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu.”
39
Após compreender melhor o sentido de katalusai, nosso texto ficaria
assim:
“Não penseis que vim destruir, lançar por terra, derrubar as
Escrituras do Antigo Testamento.”
2.2.3. Cumprir.
A palavra cumprir expressa três sentidos básicos:
(i) Obedecer;
(ii) preencher os tipos e profecias do Antigo Testamento;
(iii) aperfeiçoar, aprofundar o significado, mostrar o sentido
espiritual, harmonizar o sentido da lei com o contexto.
Todos os três sentidos se aplicam a Jesus. Ele obedeceu
completamente os mandamentos, estatutos e juízos prescritos na
Lei de Moisés. Jesus também preencheu todos os tipos, fatos e
detalhes previstos no Antigo Testamento, e, finalmente aperfeiçoou
a Lei de Moisés em seu ministério.
De todos os três sentidos, no contexto de Mateus 5, o terceiro é o
que mais se destaca, pois nos versos seguintes, Jesus aparece
aperfeiçoando a Lei de Moisés. Essa lei melhorada, então, passa a
se chamar Lei de Cristo.
Em outras palavras, Cristo não ignora a Antiga Aliança, cujas
prescrições estão presentes em quase todos os livros do Antigo
Testamento. Jesus não menospreza a Aliança do Sinai, nem a
lança por terra. Ela a obedece, porém, a reformula, fazendo com
que a lei, no formato antigo, seja abolida, e, ao mesmo tempo,
estabelece a lei num novo formado e mais elevado grau de
desenvolvimento.
Hb 7:18,19. “Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de
sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou cousa alguma) e, por
outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.”
40
Gn 15:6. “Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça.”
At 13:39. “E por meio dele todo o que crê é justificado de todas as cousas das
quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés.”
Rm 1:17. “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como
está escrito: O justo viverá por fé.”
Rm 3:21,22. “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada
pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para
todos os que creem.”
Rm 4:5. “Mas ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua
fé lhe é atribuída como justiça.”
Gl 5:5. “Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que
provém da fé.”
A justiça da fé é a exceção. Só vale para os homens no planeta Terra
que aceitarem a Nova Aliança. Todos os habitantes dos mundos não
caídos, todos os anjos no céu conhecem um só tipo de justiça, a
justiça da lei.
Assim também era com Adão e Eva. Mas, uma vez que pecaram,
Jesus revelou algo que estava escondido de todo o universo, a justiça
da fé
Em se tratando da humanidade, a justiça da fé não anula a justiça da
lei. Ambas trabalham juntas. O homem recebe a justiça da fé para
cobrir suas transgressões, mas isso não quer dizer que ele não deve
buscar a santidade, ou seja, obedecer, que é a justiça da lei.
3.3. Justiça Própria (ou justiça falsa).
Na mentalidade popular do cristianismo, justiça própria é o esforço
para se salvar pelos próprios méritos, uma expressão que não tem
muito sentido. O que isso significa? Fazer as coisas certas e esquecer-
se da graça? Então é um assentimento, uma concordância mental? E
se eu fizer as coisas certas e pensar que é pela graça? Mas as
pessoas que pensam assim vão continuar falando que é justiça
própria. Parece que elas desejam que você pare de fazer as coisas
certas, que você seja mais desleixado com a lei de Deus, para
demonstrar sua necessidade de graça e perdão, vivendo no pecado
53
 íntegro para com ele e me guardei da iniquidade. Daí retribuir-me o Senhor
segundo a minha justiça, conforme a pureza das minhas mãos na sua presença.”
Ne 9:29. “Testemunhaste contra eles, para que voltassem à tua lei; porém eles se
houveram soberbamente, e não deram ouvidos aos teus mandamentos, mas
pecaram contra os teus juízos, pelo cumprimento dos quais o homem viverá.”
Ez 20:11. “Dei-lhes os meus mandamentos, e lhes fiz conhecer os meus juízos,
os quais cumprindo-os o homem, viverá por eles.”
16
Mt 19:16. “ E eis que alguém, aproximando-se, lhe perguntou: Mestre, que farei
17
eu de bom, para alcançar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: (...) Se queres,
porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.”
25 26
Lc 10:25-28. “ Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Então Jesus lhe
27
perguntou: Que está escrito na lei? Como interpretas? A isto ele respondeu:
‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração de toda a tua alma, de todas as
tuas forças e de todo o teu entendimento’, e ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo’.
28
Então Jesus lhe disse. Respondeste corretamente; faze isto, e viverás.”
Rm 8:4. “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos
segundo a carne; mas segundo o espírito.”
Gl 3:12. “Ora, a lei não procede de fé, mas: ‘aquele que observar os seus
preceitos, por eles viverá.”
A Bíblia diz que não há um homem sequer que não tenha pecado.
Logo, nós só produzimos a justiça da lei parcialmente, em alguns
momentos da vida. Em outros momentos, nós produzimos pecado.
Ou seja, em nossa vida, ou estamos produzindo pecado ou justiça da
lei. Jesus foi o único que durante todos os momentos da sua vida
produziu apenas justiça da lei.
A justiça da lei é muito conhecida sob o nome de “santificação”.
3.2. Justiça da Fé.
É a justiça da lei produzida por Cristo. É a justiça da obediência de Jesus.
Todavia, como Cristo recebe a penalidade do pecado, ele adquire
esses créditos da justiça da lei para poder doar a quem ele quiser.
Quando a justiça da lei referente à obediência de Cristo nos é
transmitida, ela muda de nome para justiça da fé. Ou seja, justiça da
fé e a justiça da lei decorrente da obediência de Jesus.
52
2.2.4. Objeções.
Talvez alguém possa se dar por insatisfeito e argumentar: “Ora, ele
não veio para destruir, mas, no final das contas, a Lei de Moisés
não é mais aplicada hoje. A Antiga Aliança foi abolida. Apesar de
dizer que não veio revogar, na prática ele revogou?”
Essa objeção é pertinente, mas não é suficiente para derrubar a
explicação feita até aqui.
O verso 18 diz:
“(...) nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra”.
Em sentido contrário, poderíamos dizer que, depois de tudo se
cumprir, algumas coisas poderão passar da lei.
Portanto, a questão está em ter a lei cumprido seu propósito, ou
não.
Jesus veio cumprir a lei. Ele irá cumpri-la por inteiro. Todas as
ordens, tipos, profecias das Escrituras se cumprirão. Mas, após
terem se cumprido, elas perderão sua finalidade.
É o caso do santuário terrestre. Ele estava presente na lei de
Moisés, mas era apenas uma sombra. Uma vez que Cristo morreu,
ele cumpriu a finalidade física do santuário terrestre. Por isso o
santuário passou.
O mesmo aconteceu com a Lei de Moisés:
24
Gl 3:24-25. “ De maneira que a lei [de Moisés] nos serviu de aio para nos
conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé [por meio da Lei de
25
Cristo]. Mas, tendo vindo a fé [Lei de Cristo], já não permanecemos
subordinados ao aio [de Moisés].”
Portanto, tendo a lei cumprido sua finalidade, ela foi revogada.
A ressalva de Cristo, dizendo que não viera destruir a lei ou os
profetas, no entanto, tem um motivo. Como ele estava a ponto de
remodelar a Lei de Moisés, aperfeiçoando a Antiga Aliança, o povo
poderia pensar que ele estivesse pregando rebelião a Moisés, ou,
que a Lei fosse algo ruim, prejudicial, de pouco valor. Logo, era
preciso deixar claro ao povo que a Lei de Moisés e os escritos dos
41
 profetas possuem seu valor. Tais instruções eram tão importantes
que o próprio Messias se submeteria a elas.
Então, antes de iniciar o assunto, Jesus deixa claro o valor da Lei e
as reivindicações que cada mandamento possui sobre o povo, e
que todas essas exigências se cumprirão. Mas, após o
cumprimento, passarão.
3. Os Santuários
Até aqui, vimos que cada aliança teve seu próprio conteúdo, seu
próprio mediador, e seu momento específico de ratificação. Além
disso, há ainda outra coisa importante: cada aliança está vinculada a
um santuário diferente.
Hb 9:1. “Ora, a primeira aliança também tinha preceitos de serviço sagrado, e o
seu santuário terrestre.”
Ao inserir também na primeira aliança, o autor dizendo que a segunda
aliança, obviamente, tem um santuário. Isso pode ser verificado nos
versos seguintes:
11
Hb 9:11,15. “ Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já
realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos,
15
quer dizer, não desta criação, (...). Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova
aliança a fim de que intervindo a morte para remissão das transgressões que
havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles
que têm sido chamados.”
O fato de que cada aliança possui seu próprio santuário é um detalhe
muito importante, pois parte do conteúdo da aliança, um monumento
comemorativo, era guardada dentro do santuário.
No santuário do deserto, no segundo compartimento, estava um móvel
chamado de a arca da aliança. E dentro dessa caixa estava um objeto
que servia de prova, uma espécie de testemunho (Gn 31:43-55) do contrato
firmado entre Deus e Israel. E esse objeto continha a essência da aliança,
os princípios orientadores daquele pacto: Os Dez Mandamentos.
Ex 31:18. “E, tendo acabado de falar com ele no m0nte Sinai, deu a Moisés as
duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.”
Ex 40:20. “Tomou o Testemunho, e o pôs na arca, e meteu os varais na arca, e
pôs o propiciatório em cima da arca.”
42
“Justiça é obediência à lei. (...)” (ME v. 1, p. 367).
“Deus espera de nós obediência perfeita a sua lei. Esta lei é o eco de Sua voz,
dizendo-nos: Santo, mais santo ainda. Desejai a plenitude da graça de Cristo,
sim, anelai – tende fome e sede de justiça. A promessa é: Sereis fartos”. Que o
vosso coração se encha do anseio dessa justiça.”
É importante notar que justiça é exatamente o oposto que pecado.
Enquanto que o pecado é o resultado da transgressão da lei, a justiça
é produzida pela obediência a essa lei.
3. Os três tipos de justiça na Bíblia
Paulo, explicando os tipos de justiça, afirma:
5
“Rm 10:5,6. “ Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente
6
da lei, viverá por ela. Mas, a justiça decorrente da fé assim diz (...).
Mas justiça não é uma só: obediência à lei? Como podem existir mais
de um tipo de justiça?
Na verdade, existe apenas um conceito de justiça, que é o resultado
da obediência à lei. Entretanto, esse único conceito de justiça muda de
nome dependendo de quem produziu essa justiça, ou seja, de quem
obedeceu.
3.1. Justiça da Lei.
É a justiça produzida pela obediência do próprio indivíduo. Quando um
anjo obedece à lei, ele gera justiça. Quando um homem guarda um
determinado mandamento por uma hora, ele pratica a justiça da lei.
Lv 18:5. “Portanto os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo os
quais, o homem viverá por eles.”
1Re 8:32. “Ouve tu nos céus, e age, e julga a teus servos, condenando ao
perverso, fazendo recair o seu proceder sobre a sua cabeça, e justificando ao
justo, para lhe retribuíres segundo a sua justiça.”
Sl 18:20-24. “Retribuiu-me o Senhor, segundo a minha justiça, recompensou-me
conforme a pureza das minhas mãos. Pois tenho guardado os caminhos do
Senhor, e não me apartei perversamente do meu Deus. Porque todos os seus
juízos me estão presentes, e não me afastei de mim os seus preceitos. Também fui
51

5. Justiça e Justificação
1. Introdução.
Uma vez que já estudamos a sistemática dos dois concertos, o nome
de cada um, a ordem de ratificação, a fraqueza e a revogação da
Antiga Aliança, e a superioridade e a confirmação da Nova Aliança,
chegou o momento de compreendermos o funcionamento da
justificação na Bíblia.
Porém, antes de aprendermos sobre justificação, precisamos entender
certos conceitos básicos. Adotaremos a nomenclatura utilizada pelos
autores bíblicos e a definição desses conceitos pela própria Bíblia.
2. Pecado e Justiça.
2.1. O que é pecado? Qual a definição Bíblica?
1Jo 3:4. “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o
pecado é a transgressão da lei.”
A única definição bíblica para pecado é transgressão da lei. Quando
eu quebro a lei é produzido pecado. O pecado é o resultado de uma
escolha em quebrar a lei de Deus.
A única definição de pecado, encontrada na Bíblia, é: "O pecado é a
transgressão da lei." I João 3:4. (ME, v. 1, p. 320).
Pois bem, precisamos compreender o que é o pecado - a saber, que ele é a
transgressão da lei de Deus. Essa é a única definição dada nas Escrituras. (FO,p.56)
2.2. O que é Justiça? Qual a definição Bíblia?
Dt 6:25. “Será por nós justiça, quando tivermos cuidado de cumprir todos
estes mandamentos perante o Senhor, nosso Deus, como nos tem ordenado.”
A definição de justiça é a obediência à lei. Na verdade, é o resultado
em obedecer. Quando eu obedeço à lei eu produzo justiça.
50
Dt 4:13. “Então vos anunciou ele a sua aliança que vos prescreveu, os dez
mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra.”
1Re 8:21. “E nela constituiu um lugar para a arca em que estão as tábuas da
aliança que o Senhor fez com nossos pais, quando os tirou do Egito.”
3 4
Hb 9:3,4. “ Por trás do segundo véu se encontrava (...) o Santo dos Santos, ao
qual pertencia (...) a arca da aliança totalmente coberta de ouro, na qual estava
(...) as tábuas da aliança.”
Observe que a arca possui um adjetivo: da aliança. Isso quer dizer que ela
estava guardando alguma coisa relativa à Aliança do Sinai. E os Dez
Mandamentos, depositados dentro da arca também são chamados de
Testemunho. Isso quer dizer que eram um memorial comemorativo da aliança.
Agora, vejamos o que é dito com relação ao santuário celestial:
Ap 11:19. “Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a
arca da aliança no seu santuário (...).”
Bem, apesar da descrição de João não dar mais detalhes sobre o
interior da arca da aliança do santuário celestial, será que ela também
abriga alguma coisa de valor?
Ap 15:5. “Depois destas cousas olhei, e abriu-se no céu o santuário do
tabernáculo do testemunho.”
Essa é uma inequívoca referência aos Dez Mandamentos. O santuário
celestial recebe um título em conexão com os Dez Mandamentos: o
tabernáculo do testemunho.
Logo, temos uma prova concreta de que o santuário celestial possui
um testemunho (Dez Mandamentos, ou tábuas da aliança). E se o
santuário celestial está vinculado à Nova Aliança, temos a confirmação
de que os Dez Mandamentos também estão vigorando no Novo e
Eterno Concerto.
Apesar de a Antiga Aliança ter sido abolida (e isso significa que todo o
seu conteúdo, os Dez Mandamentos, os estatutos e os Juízos
perderam a vigência, juntamente com o santuário terrestre e seus
rituais), podemos ter a certeza de que boa parte de seu conteúdo foi
copiado, ou melhor, repetido na Nova e Eterna Aliança, principalmente
os Dez Mandamentos.
43
4. Os Dez Mandamentos no Novo Testamento
É comum ouvir as pessoas perguntarem:
Por que a Nova Aliança não traz um rol claro e organizado dos
Dez Mandamentos como fez Moisés na Antiga Aliança? Ou:Onde
estão os Dez Mandamentos no Novo Testamento?
Em primeiro lugar, os Dez Mandamentos já eram bastante conhecidos
na época do Novo Testamento, de modo que não havia necessidade
de Jesus os apresentar novamente, utilizando a mesma estrutura e
sistemática já revelada no Sinai. Jesus simplesmente demonstrou –
por meio de seu exemplo e ensino – que os Dez Mandamentos ainda
estavam em vigor.
Em segundo lugar, há um motivo mais profundo para que não exista
esse rol detalhado da lei no Novo Testamento.
Na verdade, o propósito do Novo Concerto é que o relacionamento
Deus-homens seja próximo ao relacionamento Deus-anjos. Como é o
relacionamento entre Deus e os anjos? Existe um rol com regras
detalhadas dizendo o que pode e o que não se pode fazer? Não!
Segundo o Espírito de Profecia, a lei no céu também funciona na base
de princípios:
“No céu, porém, o serviço não é prestado no espírito de exigência legal. Quando
Satanás se rebelou contra a lei de Jeová, a ideia de que existia uma lei ocorreu
aos anjos quase como o despertar para uma coisa em que não se havia
pensado. Em seu ministério, os anjos não são como servos, mas como filhos.
Existe perfeita unidade entre eles e seu Criador. A obediência não lhes é pesada.
O amor para com Deus torna o Seu serviço uma alegria.” (MDC, p. 109).

Segundo o texto, ao obedecer a Deus, os anjos estavam fazendo sua

própria vontade, e não cumprindo uma exigência legal. Pelo fato de
não haver um rol de obrigações, os anjos não haviam se dado conta
de que havia uma lei. Isso demonstra a existência de uma lei na forma
de princípios, que se adapta a toda situação e em qualquer tempo.
Uma lei infinita.
Já no Concerto do Sinai, Deus estabeleceu uma lista de coisas com
“faça” e “não-faça”. Essa estrutura do concerto tinha um propósito
pedagógico, pois, naquele momento, os israelitas não estavam

44 49
5º MANDAMENTO: Mateus 15:1-9; 19:18; Marcos 7:1-13; 10:19;
Lucas 18:20; Romanos 1:28-32; Efésios 6:1-3; Colossenses 3:20; 1
Timóteo 5:3-16; 2 Timóteo 3:1-5.
6º MANDAMENTO: Mateus 5:21 e 22; 15:18-20; 19:18; Marcos 7:20-
23; 10:19; Lucas 18:20; João 8:44; Romanos 1:28-32; 13:9; 1 Timóteo
1:8-11; Tiago 2:11; 1 Pedro 4:15 e 16; 1 João 3:11, 12 e 15;
Apocalipse 9:20 e 21; 21:8; 22:15.
7º MANDAMENTO: Mateus 5:27, 28, 31 e 32; 15:18-20; 19:3-9 e 18;
Marcos 7:20-23; 10:2-12 e 19; Lucas 16:18; 18:20; João 8:1-11; Atos
15:20 e 29; 21:25; Romanos 1:24-27; 2:22; 13:9; 1Coríntios 6:9, 10 e
12-20; 7; 10:8; 2 Coríntios 12:21; Gálatas 5:19-21; Efésios 4:17-19;
5:3-5 e 22-33; Colossenses 3:5, 6, 18 e 19; 1 Tessalonicenses 4:3-7; 1
Timóteo 1:8-11; 3:1-13; 5:3-16; 2 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9; 2:1-5;
Hebreus 13:4; Tiago 2:11; 1 Pedro 3:1-7; 4:3; 2 Pedro 2:12-19;
Apocalipse 9:20 e 21; 21:8; 22:15.
8º MANDAMENTO: Mateus 15:18-20; 19:18; Marcos 7:20-23; 10:19;
Lucas 18:20; Romanos 2:21; 13:9; 1 Coríntios 5:9-11; 6:9 e 10; Efésios
4:28; Tito 2:9 e 10; 1 Pedro 4:15 e 16; Apocalipse 9:20 e 21.
9º MANDAMENTO: Mateus 5:33-37; 15:18-20; 19:18; Marcos 10:19;
Lucas 18:20; João 8:44; Efésios 4:25; Colossenses 3:9 e 10; 1 Timóteo
1:8-11; 3:1- 13; Tiago 5:12; Apocalipse 21:8 e 27; 22:15.
10º MANDAMENTO: Marcos 7:20-23; Romanos 1:28-32; 7:7; 13:9; 2
Coríntios 12:20; Gálatas 5:19-21 e 26; Efésios 5:3-5; 1 Timóteo 3:1-13;
6:3-6 e 10; Tito 1:5-9; 3:1-9; Tiago 3:13-18; 1 Pedro 2:1.
48
preparados para lidar apenas com princípios. Deveriam haver regras
práticas e detalhadas. Todavia, isso limitou a vontade de Deus. Os
princípios possuem aplicação infinita. Mas quando são escritos na
forma de regras ligadas a situações práticas, a aplicação da lei fica
limitada.
Portanto, a lei na forma de princípios é infinita. A lei na forma de regras
detalhadas e escritas é limitada, reduzindo a vontade de Deus. É por isso
que Paulo disse que Jesus aboliu a “lei dos mandamentos em forma de
decretos”. (Ef 2:15), e não apenas “a lei dos mandamentos” ou, “o espírito
dos mandamentos”.
4.1. Breve comentário sobre o propósito da Lei de Moisés
Gl 3:19. “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das
transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi
promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador.”
Como o povo saiu do Egito com a mente degradada, Deus teve de
estabelecer uma lista do que era certo e do que era errado. E essa
lista não foi escrita com a abstração de um princípio, mas em forma
de regras, com casos práticos que acontecem no dia a dia. Ao fazer
isso, Deus atingiu seu propósito inicial, que era mostrar àqueles
escravos recém libertos o que é pecado. “A lei foi adicionada por
causa das transgressões”. Ou seja, o propósito era ensinar o que é
transgressão, o que podia/não podia ser feito.
Acontece que, para atingir esse propósito inicial, Deus teve de
suportar um efeito colateral, que era a limitação de sua vontade, pois
uma lei escrita não consegue prever todas as situações existentes na
vida. Há muitos casos que ficam sem previsão legal. Então, no fim
das contas, só era proibido o que estava escrito, o que estava no
contrato. Se para determinada situação não tivesse previsão
contratual, não haveria lei para aquele caso, e, por isso, não haveria
pecado. Mas essa não era a plena vontade de Deus.
Esse quadro limitado com Cristo. Ele, por sua vez, ao mesmo tempo
em que revoga a “lei dos mandamentos em forma de ordens” (Lei de
45
 Moisés) institui a “lei do espírito” (Lei de Cristo, com normas amplas e OS DEZ MANDAMENTOS EM
abrangentes.
É por isso que Paulo, repetidas vezes, utiliza a expressão de que
servimos a Deus “não na caducidade da letra, mas na novidade do O NOVO TESTAMENTO
espírito”.
Rm 7:6. “Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que
estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na
caducidade da letra.”

2Co 3:6. “O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não
da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.”

A letra é uma referência à Lei de Moisés, baseada em regras escritas e

sem a previsão de graça. Logo, uma letra (aliança de regras escritas)
que não pode perdoar os pecados é uma letra que mata.
Por outro lado, espírito é uma referência à Lei de Cristo, que é
baseada em princípios amplos e que fornece misericórdia. Portanto,
uma lei espiritual (aliança de princípios + misericórdia) é uma lei que 1º MANDAMENTO: Mateus 4:10; 6:24; Marcos 12:29; Lucas 4:8;
vivifica. 16:13; João 5:44; 17:3; Atos 10:25 e 26; 12:20-23; 14:8-18;
Romanos1:22-25; 1 Coríntios 8:5 e 6; Gálatas 4:8; Efésios 4:4-6.
5. Onde encontrar os Dez Mandamentos nas páginas do Novo
Testamento 2º MANDAMENTO: João 4:23 e 24; Atos 15:20 e 29; 17:16-31; 21:25;
Romanos 1:22-25; 2:22; 1 Coríntios 5:9-11; 6:9 e 10; 10:7 e 14; 2
Apesar de havermos demonstrado os princípios da Lei de Cristo no
sermão da montanha, bem como a existência das tábuas da lei no Coríntios 6:16; Gálatas 5:19-21; Efésios 5:5; Colossenses 3:5 e 6; 1
santuário celestial, é importante provar que cada um dos dez Pedro 4:3; Apocalipse 9:20 e 21; 21:8; 22:15.
mandamentos foi repetido, reutilizado, ou melhor, provar que os vários
mandamentos também fazem parte da Nova Aliança.
3º MANDAMENTO: Mateus 6:9; 15:18-20; Marcos 7:20-23; Lucas
Segue, na página seguinte, passagens do Novo Testamento onde 11:2; Efésios 4:31; 1 Timóteo 6:1; 2 Timóteo 3:1-5; Tiago 2:7.
podemos fundamentar a vigência e validade na era cristã de cada um
dos dez mandamentos. Não existe uma lista inteira em um só lugar,
dada a natureza da Nova Aliança. Mas, existem dezenas de versos 4º MANDAMENTO: Mateus 12:1-12; Marcos 2:23-3:4; Lucas 4:16; 6:1-
fundamentando os eternos princípios da lei de Deus após a morte de 9; 13:10-16; 14:1-5; 23:54-56; João 5:5-18; 7:22 e 23; 9:1-41; Atos
Jesus, inclusive o 4° mandamento.
13:14, 27, 42 e 44; 16:13; 17:2; 18:1-4; Apocalipse 1:10.

46 47