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Boletim Técnico Boletim Técnico

Estudo da viabilidade técnica da agroindústria artesanal de Estudo da viabilidade técnica de agroindústria artesanal de
chocolate com e sem recheios no Distrito Federal chocolate com e sem recheios no Distrito Federal

Rosemary Christina Franzoni Duarte

Planaltina Planaltina
Distrito Federal Distrito Federal
Novembro de 2005 Novembro de 2005
9
UPIS- Faculdades Integradas DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA
Departamento de Agronomia
Rodovia BR 020, km 12
DF 335, km 4,8
Planaltina (DF) Brasil
Endereço para correspondência:
SEP/Sul Eq. 712/912 Conjunto A
CEP: 70390-125 Brasília (DF) Brasil
Fone/Fax: (0XX61) 3488-9909
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agronomia@upis.br
Supervisor: Prof. MSc. Adilson Jayme de Oliveira
Profa. Dra. Janine Tavares Camargo
Orientadora: Profa. MSc. Eliane Maria Molica
Coorientador: Prof. Julio Sérgio Morais
Membros da Banca:
Profa. MSc. Eliane Maria Molica
Prof. MSc. Léa Vaz Cardoso
Prof. MSc. Antonio Alberto Fonseca Filho
Data da Defesa: 11/11/2005
10 11
SUMÁRIO 5. COMERCIALIZAÇÃO 39
6. CONCLUSÃO 41
RESUMO 09 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 42
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 10
2. OBJETIVO 13
3. EXIGÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS 14
3.1 Escolha do Local 14
3.2 Instalações e detalhes da Construção 14
3.3 Equipamentos 18
3.4 Higiene e Sanitização 21
3.4.1 Legislação sobre sanidade de alimentos 21
3.4.2 Qualidade da água 24
3.4.3 Preparo da água clorada 24
3.4.4 Equipamentos, utensílios e bancadas (mesas) 25
3.4.5 Funcionários de produção 28
4. ESTUDO DE CASO 29
4.1 Instalação da agroindústria 29
4.2 Necessidades de recursos humanos 31
4.3 Fluxograma de produção 32
4.4 Descrição do fluxograma 34
4.4.1 Recepção 34
4.4.2 Pesagem 34
4.4.3. Corte 35
4.4.4 Derretimento 35
4.4.5 Temperagem ou pré-cristalização 35
4.4.6 Moldagem 36
4.4.6.1 chocolates sem recheios 36
4.4.6.2 chocolates com recheios 37
4.4.7 Recheios 37
4.4.8 Cobertura 37
4.4.9 Resfriamento 38
4.4.10 Desenformagem 38
4.4.11 Embalagem 38
4.4.12 Armazenamento 39
9 10
RESUMO 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O cacaueiro (Theobroma cacao L.) é uma planta O Brasil é o segundo produtor mundial de cacau, com
pertencente à família das esterculiáceas. O cacau foi cultivado 300 mil toneladas anuais superado apenas, pela Costa do
para dele aproveitar as sementes que apresentam coloração Marfim, com 740 mil toneladas (Gráficos 1,2 e 3). O Brasil
amarelo-escuros/claros, que são mucilaginosas e açucaradas de também detém a mais avançada tecnologia do setor e, em
onde é retirada a matéria-prima utilizada na indústria de conseqüência, apresenta os mais altos índices de produtividade
chocolate. O chocolate apresenta uma associação bem da lavoura (750 Kg de sementes secas por hectare/ano), além de
equilibrada de cacau, leite e açúcar. Devido ao seu alto índice ocupar a liderança, como país produtor, na industrialização da
de carboidratos e gordura, o chocolate apresenta taxas de produção. O cultivo do cacaueiro se estende por nove Estados
proteínas bastante apreciáveis. A indústria moderna de da Federação, sendo que a Bahia participa com
chocolate atende a um mercado global superior U$ 60 bilhões aproximadamente 90% (cerca de 270.000 toneladas/ano) da
anuais. E desde a amêndoa até a barra de chocolate, o setor vem produção nacional e possui uma área de 600.000 hectares de
sendo cada vez mais controlado por um número pequeno de cacau (Agrianual, 2005).
grandes empresas. No Brasil estima-se que 119 milhões são Gráfico 1: Produção e Área colhida mundial
consumidores de chocolates e derivados, ocupando a 5ª posição Produção (Toneladas) x Área colhida (Ha) Mundial
na indústria chocolateira mundial. Apesar dessa posição o 7500000
7000000
Brasil continua importando 40 mil toneladas anuais para 6500000
6000000
atender o seu mercado interno. No Distrito Federal o aumento 5500000

Toneladas
5000000
do consumo de chocolate em 2005, na época da Páscoa, foi da 4500000
4000000
ordem de 14%. Essa é mais uma evidência da necessidade da 3500000
3000000
instalação de mais agroindústrias de chocolate, visto que o 2500000
2000000
mercado é bem atraente. 1500000
1000000
500000
0
1999 2000 2001 2002 2003
Anos

Qtd. Produzida em toneladas Área colhida em Ha

Fonte: Agrianual, 2005.

No gráfico acima se observa um aumento de 10% na


produção/área colhida de 1999 a 2000. Observou-se também
que nos anos de 2001 e 2002 houve quedas sucessivas de
Palavra Chave: Agroindústria, Artesanal, Chocolate, produção/área colhida, voltando a crescer somente em 2003.
Bombons, Cacau.
11 12
Gráfico 2: Produção e Área colhida no Brasil O gráfico 3 representa a quantidade produzida/área
colhida no estado da Bahia, apresentando as quedas de
Produção (Toneladas) x Área colhida (Ha) Brasil
produção/área produzida de 2000 a 2003, chegando a
750000
700000 estabilizar no ano de 2004.
650000
600000 O cacau foi cultivado para dele aproveitar-se as
550000
500000 sementes de seus frutos, que são a matéria-prima da indústria
450000
chocolateira. O chocolate é o alimento com o melhor
Toneladas

400000
350000
300000 balanceamento de nutrientes que existe. Ele tem uma
250000
200000 associação bem equilibrada de cacau, leite e açúcar. Devido ao
150000
100000 seu alto índice de carboidratos e gordura, o chocolate apresenta
50000
0 taxas de proteínas bastante apreciáveis. Um tablete com 100
1999 2000 2001 2002 2003 2004
Anos gramas correspondem a 6 ovos ou 3 copos de leite ou 220
Qtd. Produzida em toneladas Área colhida em Ha gramas de pão branco ou 750 gramas de peixe ou 450 gramas
de carne bovina (orlandocruz, 2005).
Fonte: Agrianual, 2005. No Brasil estima-se que 119 milhões são consumidores
de chocolates e derivados, ocupando a 5ª posição na indústria
No gráfico 2 temos a representação da quantidade chocolateira mundial. O setor vem registrando crescimento de
produzida e área colhida no Brasil nos últimos anos, cerca de 48% nas exportações e contribuindo com o superávit
demonstrando que de 2000 até o ano de 2003 houve sucessivas de US$ 236 milhões na balança comercial (bahiainvest, 2005).
quedas de produção/área colhida, chegando a estabilizar no ano O chocolate escuro contém em média 50% de chocolate
de 2004. e 50% de açúcar, com uma porcentagem menor de manteiga de
Gráfico 3: Produção e Área colhida na Bahia. cacau. O chocolate branco difere do escuro na composição de
Produção (Toneladas) x Área colhida (Ha) Bahia manteiga de cacau, leite em pó e essência de baunilha
650000
600000
(revistagalileu, 2005).
550000 São derivados do cacau: manteiga, chocolate em pó e
500000
450000 chocolate em barra. Na fabricação do chocolate é necessário o
acréscimo de açúcar em porcentagens diferentes: chocolate ao
Toneladas

400000
350000
300000
250000
leite 60%, chocolate branco 59,4% e o chocolate meio amargo
200000 com 51,4%.
150000
100000 As amêndoas ou sementes dos frutos do cacau são as
50000
0
principais matérias-primas do doce. Um cacau possui entre 20
1999 2000 2001 2002 2003 2004
e 50 sementes, com alto teor de gordura e água. Necessitando
Anos
Qtd. Produzida em toneladas Área colhida em Ha
ao sol secar ao sol durante oito dias. Após a secagem passam
Fonte: Agrianual, 2005.
pela máquina de torrefação, objetivando eliminar a umidade e
13 14
desenvolvendo a cor, aroma e sabor. As cascas das amêndoas 3. EXIGÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS
são retiradas do triturador e encaminhadas para a máquina de
pesagem, que são separadas em dois produtos: a manteiga de 3.1 Escolha do Local
cacau e a torta de cacau. Parte da tora de cacau é dissolvida e
misturada ao açúcar para se fazer o chocolate em pó e a outra Segundo ABIA (2003), a localização de qualquer
porção é resfriada e quebrada em tabletes, usados na fabricação fábrica de alimentos (agroindústria) deve ser definida
do chocolate (revistagalileu, 2005). considerando alguns aspectos da infra-estrutura do local, como
Grandes misturadores transformam a mistura em uma a disponibilidade de água, rede de esgotos, energia, via de
pasta. Na produção do chocolate preto, a torta e a manteiga de transporte e sistemas de comunicação para garantir futuras
cacau recebe açúcar e leite, formando a massa de chocolate ampliações na linha de produção.
tradicional enquanto que o chocolate meio amargo leva todos É recomendável uma análise da qualidade da água da
os elementos, menos o leite e o chocolate branco é feito apenas região para verificar se está dentro das especificações
com manteiga de cacau, açúcar e leite. Todos os chocolates desejáveis ao processamento. A proximidade com os centros
passam pelos cilindros de refinação, quebrando os cristais de consumidores e com os fornecedores pode significar um grande
açúcar em pequenas partículas. passo para a conquista do mercado e representa uma economia
Aparelhos mantêm a massa em movimento, retirando a no transporte dos produtos (Corrêa, 1999).
acidez e umidade do chocolate e depois o doce passa por
diversas trocas de temperatura. Nele cristaliza-se a manteiga de 3.2 Instalações e detalhes da Construção
cacau e deixa a pasta na consistência ideal para ser moldada.
No Brasil existem 119 milhões de consumidores de Conforme ABIA (2003), as normas no que diz respeito
chocolate. No Distrito Federal o aumento do consumo de à construção da agroindústria, são as seguintes:
chocolate e seus derivados foram da ordem de 14% no ano de • Materiais utilizados: as estruturas devem ser
2005. Por esse grande potencial de consumo vê-se como um projetadas de forma que não permitam acúmulo prolongado de
bom negócio o desenvolvimento de atividades na área de umidade e resíduos, evitando o desenvolvimento de
chocolates no Brasil e no Distrito Federal. microorganismos e o aparecimento de corrosão em superfícies
metálicas. Geralmente cantos arredondados e estruturas
2. OBJETIVO tubulares são preferidos sob o ponto de vista de higiene.
• Pé-direito: na área de processamento deverá ter
Analisar a viabilidade técnica da implantação de uma quatro metros de altura, propiciando boa ventilação e evitando
agroindústria de chocolate com e sem recheio artesanal no o acúmulo de umidade.
Distrito Federal. • Paredes: serão revestidos com azulejos até dois
metros de altura, brancos, facilitando a limpeza e
proporcionando uma aparência agradável e higiênica do local.
Os ângulos formados entre as paredes e dessas com o piso serão
15 16
arredondados. Os rejuntes dos azulejos serão feitos com janelas em todas as paredes. A voltagem a ser utilizada será a
material impermeabilizado e de cor clara. padrão do Distrito Federal, ou seja, 220 volts.
• Os ralos serão sifonados e de aço inox com tampas • Instalações Elétricas: seguirão as normas
do tipo abre e fecha, para facilitar a limpeza e garantir a estabelecidas pela ABNT, em relação à capacidade de carga e
eficiência contra insetos rasteiros. outros detalhes de segurança e distribuição. As instalações e
• Bancadas: as superfícies de bancadas e mesas será materiais elétricos expostos serão passadas em tubos de pvc e
de mármore sem rugosidades, frestas ou outras imperfeições pintados com tinta impermeabilizante para facilitar a
que possam comprometer a higiene ou que sejam fontes de higienização e impedir a penetração de água.
contaminação. Não será utilizado nenhum tipo de equipamento • Instalações Hidráulicas: serão aparentes para
ou utensílio de madeira para se evitar contaminações devendo facilitar a instalação e para que não ocorra a quebra da parede
esses ser de plástico ou aço inox. toda a vez que for realizada a manutenção e pintadas em cor
• Portas e Janelas: todas as aberturas fixas serão diferente das elétricas.
protegidas por tela de malha 1 mm, facilmente retiradas para Na área de produção existirá uma pia exclusiva com
limpeza. As portas de acesso à unidade, com uso freqüente, detergente/sanitizantes e toalhas de papel para a assepsia das
serão providas de sobreportas de telas com sistema de mãos dos manipuladores.
fechamento automático. Os peitoris nas janelas serão inclinados Para o refeitório ou cantina quando existente, deve
e impermeabilizados. Tanto as portas como as janelas serão seguir as normas e recomendações.
feitas de esquadrias de alumínio. • Instalações Sanitárias: a higiene na indústria de
• Forro: o teto será de laje, facilitando a limpeza, alimentos só será mantida em nível satisfatório se as instalações
melhorando a resistência impermeável, resistente à umidade e sanitárias forem limpas, iluminadas, ventiladas e com as portas,
vapores e possui uma maior vedação em comparação com os sempre fechadas, voltadas para área externa. Somente assim um
outros materiais. programa de treinamento de pessoal se tornará produtivo.
• Piso: será de cerâmica impermeável, resistente a Segundo Figueiredo (2004), os lavabos, banheiros e
impactos, antiderrapante e de fácil limpeza. Adotamos uma vestuários de uso dos funcionários devem estar completamente
declividade de 2% em direção a ralos e canaletas. separados das áreas de processamento, de embalagens e de
• Área de estocagem: a área de estocagem de armazenamento.
matéria-prima e produtos alimentícios será composta de Não é permitida a instalação de vaso sanitário do tipo
bancadas, armários com portas e gavetas de metal para perfeita “turco”. Os banheiros devem possuir papel higiênico, e os
organização dos ingredientes e materiais. Será utilizado ar tanques para lavagem de panos de limpeza devem ser
condicionado para controle da temperatura do local a pelo exclusivos para essa finalidade (Figueiredo, 2004).
menos 22oC. • Rede de Esgoto: a rede de esgoto terá canaletas ou
• Iluminação: a iluminação artificial será feita com ralos sifonados em todas as seções, exceto em câmaras frias,
lâmpadas fluorescentes e protegida com canaletas acrílicas. O onde não é permitido qualquer tipo de ralo ou canaleta. Não
aproveitamento da iluminação natural será feito com o uso de será feito o deságüe direto na superfície do terreno, para isso
17 18
utilizaremos esgoto públicos que sofrerão tratamento • Vizinhança livre de contaminantes de qualquer
posteriormente. espécie e as vias rodoviárias com condições de uso e de fácil
É obrigatória a existência de lavatórios próximos dos acesso.
locais de processamento, para que os manipuladores possam
lavar e secar adequadamente as mãos. As pias para 3.3 Equipamentos
higienização das mãos não devem ser usadas para a
higienização da matéria-prima. Deve haver papel-toalha É importante que o empreendedor conheça bem os
próximo aos lavatórios (Figueiredo, 2004). equipamentos antes de comprá-lo, bem como conhecer a
• Lixo: de acordo com Corrêa (1999), em qualquer estrutura do estabelecimento, a capacidade de produção
dependência da fábrica, os recipientes destinados ao desejada para que possa optar por equipamentos cujas
armazenamento dos produtos não-comestíveis (material de especificações atendam às suas necessidades. Existem alguns
limpeza e lixo), devem ser constituídos em metal ou qualquer tipos de equipamentos que são básicos numa fábrica de
outro tipo de material não-absorvente nem permeável, que chocolates, e dentro desses tipos, há modelos de maior ou
sejam de fácil limpeza e de eficiente eliminação do conteúdo. menor sofisticação (Corrêa, 1999).
As lixeiras devem estar sempre tampadas e ser do tipo abre com A disposição dos equipamentos, mesas, bancadas e
pedal, para evitar que os funcionários toquem com as mãos a armários deverão ser de acordo com a seqüência de utilização
tampa da lixeira o tempo todo. Devem existir locais para que se considere menor trânsito de pessoal na área de
estratégicos para as lixeiras e uso constante de sacos de lixo que produção, agilizando e organizando o processamento. Os
serão de plástico. equipamentos fixos serão instalados de modo a permitir fácil
A Legislação Brasileira e a ABIA (2003), estabelece acesso para limpeza adequada do ambiente (Corrêa, 1999).
algumas normas a serem seguidas com relação à localização, Os materiais utilizados na agroindústria de chocolate
construção e instalação de unidades de processamento de estão relacionados na figura 1.
alimentos, que são apresentadas de forma resumida a seguir: Relação de Equipamentos
• A unidade de processamento deverá ser
Descrição Qtd
dimensionada acima de sua capacidade, de forma a permitir,
quando necessário, futuras expansões na linha de produção; Mão-de-obra
• Deverá existir um local apropriado na linha de Chocolateiros 02
descarte dos resíduos, distante da unidade de processamento; Encarregados de recheios 01
• É necessário suprimento de água de boa qualidade; Encarregados de embalagem 01
• Fornecimento de energia elétrica suficiente e sem Administrador 01
interrupção; Motorista 01
• Disponibilidade de mão-de-obra para o Auxiliar de Serviços Gerais 01
processamento; Atendente/Vendedor 01
19 20
Relação de Equipamentos
Descrição Qtd Relação de Equipamentos

Matéria-Prima Descrição Qtd


Barras de chocolate (1Kg) 112 Para trabalhar a massa
Recheios Recipientes de inox (cubas) 20
Espátulas de inox 05
Amendoim (Kg) 16,80
Nozes (Kg) 11,25 Para moldar
Castanhas (Kg) 22,50 Moldes diversos 30
Cajuzinho (Lata) 5,60 Para recheios
Embalagens Fogão 4 bocas industrial 01
Papel celofone (rolo) 141 Panelas de Inox, 04
Papel alumínio (rolo) 43 Conchas 04
Etiquetas (unidades) 5000 Colheres 08
Para derreter chocolate Escumadeiras 04
Derretedeira Elétrica (15Kg) 02 Escritório
Mesa de trabalho Mesa 01
Cadeiras 03
Mármore (m2) 04
Telefone 01
Secagem Computador 01
Refrigerador (parte inferior a 12o C) 03 Armário com gaveta 01
Ar condicionado 03 Arquivo 01
Impressora 01
Controle de temperatura
Materiais diversos
Termômetros culinários 03
Figura 1: Materiais utilizados na agroindústria artesanal de
Para picar e pesar chocolate com e sem recheio para uma produção de 112 Kg/dia.
Facas 08 Fonte: Corrêa, 1999; adaptado por Rosemary Duarte, 2005.
Placas de altileno 10
Balança Eletrônica 01
21 22
3.4. Higiene e Sanitização ou manteiga de cacau com outros ingredientes, contendo, no
mínimo, 25% de sólidos totais de cacau, o Chocolate Branco é
3.4.1 Legislação sobre sanidade de alimentos o produto obtido a partir da mistura de manteiga de cacau com
outros ingredientes, contendo, no mínimo, 20% de sólidos
A Portaria do Ministério da Saúde no 1565 de totais de manteiga de cacau.
20/08/1994 (Brasil, 1994) e o Sistema Nacional de Vigilância Os produtos são designados através de denominações
Sanitária (ANVISA) estabelecem as bases para a execução de consagradas pelo uso, processo de obtenção, aspecto, cor,
serviços e ações de vigilância em saúde e esclarecem as finalidade de uso, forma de apresentação ou característica
competências na três esferas de governo: específica o que aprova o Regulamento Técnico para Fixação
• Federal: Ministério da Saúde – Agência Nacional de Identidade e Qualidade de chocolate e chocolate branco, à
de Vigilância Sanitária (ANVISA). qual obriga a industrialização de chocolate a cumprir o APPCC
• Estadual: Secretaria de Estado da Saúde; Centro de (Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle) e o registro
Vigilância Sanitária; Direção Regional de Saúde e Núcleos do produto no Ministério da Saúde segundo legislação
Regionais de Saúde. especifica e no IBAMA (e-legis, 2005).
• Municipal: Secretaria Municipal de Saúde. As medidas de procedimento geral de limpeza e
A responsabilidade da ANVISA, entre outras, é o sanitização não devem ser abandonadas e precisa ser
controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se acompanhada de um procedimento adequado de sanitização
relacionam à saúde, envolvendo todas as etapas do processo de para garantir produtos de melhor qualidade e com maior vida
produção até o consumo de alimentos (matéria-prima, de prateleira (Corrêa, 1999).
transporte, processamento, armazenamento, distribuição, Na maioria das pequenas fábricas de chocolates, os
comercialização e consumo). Dessa forma, é de competência do maiores problemas são causados por roedores e insetos, que se
Ministério da Saúde o controle de todos os alimentos alimentam dos resíduos das matérias-primas no chão, mesas e
industrializados (exceto produtos animais e bebidas). Assim, equipamentos. Esses animais carregam microorganismos que
todos os alimentos comercializados devem ser registrados no deterioram os alimentos, e patogênicos, ou seja, que causam
Ministério da Saúde – DINAL (Divisão Nacional de Vigilância doenças nos seres humanos.
Sanitária de Alimentos). O registro é solicitado nas Secretarias A limpeza adequada no local e uma perfeita higiene dos
da Saúde. funcionários são indispensáveis para garantir a sanidade do
A ANVISA, através da portaria no 120 de 18/02/1999 produto que está sendo processado. É obrigatório garantir a
aprova o “Manual de procedimentos e análise de técnica para limpeza diariamente na área de produção, dos banheiros e
registros de alimentos, aditivos, coadjuvantes de tecnologia e vestuários. Nas demais dependências são realizadas inspeções
embalagens”. No caso específico do chocolate existe a completas das condições higiênicas da fábrica, pelo método
Resolução no RDC 227 de 28/08/2003, definindo que o Swab que devem ter pessoal treinado (Corrêa, 1999).
Chocolate: é o produto obtido a partir da mistura de derivados
de cacau (Theobroma cacao): massa de cacau, cacau em pó e
23 24
As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são, pré- • Controle integrado de pragas (insetos, roedores,
requisitos fundamentais, constituindo-se na base higiênico para pássaros);
a implantação do Sistema APPCC. Quando o programa (BPF), • Projeto sanitário dos equipamentos;
não é eficientemente implantado e controlado, Pontos Críticos • Manutenção preventiva dos equipamentos;
de Controle adicionais são identificados, monitorizados e • Limpeza e sanitização de equipamentos e utensílios;
mantidos sob a égide do Plano APPCC. Portanto, a implantação Todas as condições de higiene operacional devem ser
das Boas Práticas de Fabricação irá viabilizar o Plano APPCC, monitoradas e registradas, devendo-se adotar ações corretivas
assegurando sua integridade e eficiência, com o objetivo de sempre que se observar desvios, sendo sua ocorrência
garantir a segurança dos alimentos (Guia para elaboração do registrada (Guia para elaboração do Plano APPCC, 2000).
Plano APPCC, 2000).
Com relação às Boas Práticas de Fabricação, foram 3.4.2 Qualidade da água
publicadas as Portarias no. 326 de 30/07/97 da Secretaria de
Vigilância Sanitária – DOU de 01/08/97 e no. 368 de 04/09/97 O uso da água na agroindústria de alimentos é intenso,
do Ministério de Estado e do Abastecimento – DUO de envolvendo desde a limpeza e higienização dos
08/09/97, que regulamentam as condições higiênico-sanitárias e equipamentos/utensílios, ambiente até a etapa do processo final.
de boas práticas de fabricação para estabelecimentos Nesse caso, é de fundamental importância o controle total da
produtos/industrializados de alimentos (Guia para elaboração água de forma que garanta as características físicas, químicas e
do Plano APPCC, 2000). microbiológicas, para que não haja contaminação dos
Os seguintes aspectos devem ser contemplados no equipamentos e alimentos (Andrade e Macedo, 1994).
Programa de Boas Práticas de Fabricação: A água pode conter vários componentes como os gases,
• Projetos dos prédios e instalações, facilidade de compostos orgânicos e microrganismos encontrados
limpeza, operações sanitárias e fluxos lógicos; dissolvidos ou em suspensão que podem limitar o uso dessa
• Limpeza e conservação de instalações hidráulicas, água na agroindústria, por torna-la um veículo de contaminação
pisos e paredes, terrenos, instalações elétricas e isolamentos, dos alimentos. Quando apresentar microorganismos (coliformes
tratamento de lixo; fecais) acima dos níveis permitidos pela Legislação Sanitária, o
• Programa de qualidade da água, potabilidade da uso dessa água é proibido (Leite et al., 2003).
água; A análise da água seguirá as normas do órgão
• Recebimento de matérias-primas e estocagem, áreas fiscalizador.
apropriadas, para estoque de matéria-prima, embalagem,
produto acabado, produtos químicos e insumos; 3.4.3 Preparo da água clorada
• Higiene do pessoal: controle de doenças, uso de
uniformes, toucas e calçados limpos e adequados, evitar Segundo Chitarra (1998), o agente sanitizante mais
atitudes não higiênicas (como tocar o produto com as mãos, utilizado na industria é o cloro na forma líquido de hipoclorito
comer, fumar na área de processo); de sódio (NaOCl).
25 26
Do cloro adicionado à água, cerca de 20% pode equipamentos, utensílios ou qualquer elemento que possa
combinar com resíduos orgânicos e apenas 80% permanece na contaminar o alimento (geocities, 2005).
forma ativa, reduzindo a ação biocida, quando a concentração A conservação dos edifícios, equipamentos, utensílios e
ao cloro é baixa. Portanto, as soluções de cloro devem ser todas as demais instalações, incluídas os desaguamentos,
preparadas de acordo com as recomendações, não esquecendo devem ser mantidos em bom estado de conservação e
que o excesso de cloro pode causar descoloração do produto, funcionamento. As salas devem ser secas, estar isentas de
corrosão nos equipamentos e intoxicação dos consumidores. vapor, poeira, fumaça água residual (geocities, 2005).
Pré-lavagem: Deve ser feita com água (fria ou morna),
3.4.4 Equipamentos, utensílios e bancadas com o objetivo de reduzir a quantidade de resíduos e amolecer
(mesas) sujidades que já estejam ressecadas. A temperatura da água
(morna) será em torno de 40oC a 45oC sendo aquecida no
Cada estabelecimento deve assegurar sua limpeza e fogão, e deve-se observar a qualidade da água da limpeza, para
desinfecção. Não devem ser utilizadas, nos procedimentos de não se utilizar água contaminada (Corrêa, 1999).
higiene, substâncias odorizantes e/ou desodorantes em qualquer Lavagem com solução detergente: Será realizada com o
das suas formas nas áreas de manipulação dos alimentos, com auxilio de esponjas e escovas. O objetivo é a remoção completa
vistas a evitar a contaminação e mistura (geocities, 2005). das sujidades.
Imediatamente após o término do trabalho ou quantas O detergente será usado na concentração prevista pelo
vezes for conveniente, devem ser limpos cuidadosamente os fornecedor, devendo-se dar preferências para os tipos
chãos incluindo o desague, as estruturas auxiliares e as paredes “tensoativos anoiônicos”, por serem mais indicados à remoção
da área de manipulação de alimentos (geocities, 2005). de materiais com alto teor de carboidratos.
Devem ser tomadas precauções adequadas para impedir Será usada a solução detergente com água em torno de
a contaminação dos alimentos quando as áreas, os 40 C a 45oC ou à temperatura ambiente (Corrêa, 1999).
o

equipamentos e os utensílios forem limpos ou sanitizados com Enxágüe: É importante a utilização de água em
águas ou detergentes ou com desinfetantes ou soluções. Os abundância para a remoção completa de todas as sujidades e
detergentes e sanitizantes que devem ser adequados para essa resíduos de solução de detergente. O uso de detergentes neutro
finalidade. é indispensável e a água deve ser quente (cerca de 80oC), mas o
Os resíduos desses agentes que permaneçam em ponto importante é observar se toda a solução detergente foi
superfície suscetível de entrar em contato com alimento devem enxaguada, pois ela pode transmitir sabor e odor desagradável
ser eliminados mediante uma lavagem cuidadosa com água para os produtos alimentícios (Corrêa, 1999). A água do
potável antes que volte a ser utilizada para a manipulação de enxágüe ocorrerá em temperatura de 25oC.
alimentos. Sanitização: Tem como objetivo eliminar os
Devem ser tomadas precauções adequadas na limpeza e microorganismos deteriorantes e patogênicos. O sanitizante
desinfecção quando se realizem operações de manutenção geral mais recomendado para a realização da sanitização é o cloro, na
ou particular em qualquer local do estabelecimento,
27 28
concentração recomendada pelo fornecedor, ou conforme a funciona como lubrificante. Antes de usá-los novamente, raspe
tabela 1. os resíduos de chocolate e guarde-os cobertos (Corrêa, 1999).
Os sanitizantes utilizados e as dosagens utilizadas na
limpeza e higienização dos equipamentos/utensílios da 3.4.5 Funcionários de produção
agroindústria estão descrito na tabela 1 abaixo. O tempo
mínimo de sanitização será de 15 a 20 minutos, em temperatura A higiene das mãos dos operadores da indústria pode
ambiente de forma a garantir a higienização total do local e ser feita usando-se um dos seguintes compostos: derivados
equipamento/utensílios. fenólicos, iodóforos ou clorohexidina. Esses ingredientes ativos
Será realizada semanalmente a manutenção de todos os fazem parte de uma enorme variedade de produtos para higiene
equipamentos e materiais utilizados de forma a garantir o bom disponível no mercado, variando em termos de concentração da
funcionamento dos equipamentos e a não falta de material para substância ativa e na forma de sabonetes bactericidas, líquidos
a realização do turno do trabalho diário. sanificantes, onde todos são efetivos na desinfecção dos
Após a utilização de equipamentos, utensílios e manipuladores, e devem ser escolhidos de maneira que o custo
bancadas ocorrerá a higienização dos mesmos. Feita a e a forma de aplicação sejam adequados ao fabricante (Corrêa,
higienização o próximo passo é a sanitização 1999).
A sanitização das mãos deve ser feita, no mínimo,
Tabela 1- Recomendação dos principais sanificantes para equipamentos, sempre que o funcionário voltar para a área de produção. É
áreas específicas e manipuladores recomendado que durante o dia de produção, o funcionário faça
Equipamentos/Áreas/Manipuladores Sanificantes Concentração (mg/l)
Equipamentos de aço inox CRL 200
periodicamente a lavagem e desinfecção das mãos,
Recipientes de plásticos CRL 200 independente de ter ou não saído da área de produção, para
Prateleiras de Metal CRL 200 eliminar o suor dessas partes do corpo. Dependendo do tipo de
Pisos/Paredes CRL 200 uniforme utilizado, é desejável que o operador lave também os
Mesas (mármore) CRL 200
Paredes de azulejos CRL 200
antebraços (Corrêa, 1999). A recomendação está descrita na
Imersão das mãos IRL 25 tabela 1.
Fonte : Marriot, 1989, adaptado por Rosemary Duarte, 2005 As outras medidas recomendáveis e indispensáveis são:
IRL : Iodo Residual Livre a) Manter sempre as unhas curtas (mulheres não podem
CRL : Cloro Residual Livre
usar esmaltes), cabelos curtos/presos, usando sempre um
protetor, como toca;
Numa fábrica de chocolate, os moldes usados para a b) Não permitir que os funcionários usem anéis,
confecção de chocolate não têm necessidade de serem lavados alianças, relógios e pulseiras, nos braços e nas mãos durante o
diariamente, pois eles devem ser secos à temperatura ambiente. trabalho na produção;
As formas usadas mais de uma vez (sem lavar) dão c) Não permitir que o pessoal fume ou coma no interior
como resultado produtos mais bonitos e fáceis de serem da área de produção e depósitos de alimentos;
destacados. Nesse caso a manteiga de cacau deixada nas formas
29 30
d) Trocar diariamente os uniformes exceto as botas, que
devem ser limpas diariamente;
e) Exigir e fornecer o uniforme completo (botas, calça
comprida, camisa com manga, jaleco, avental, toucas
descartáveis e luvas) (Corrêa, 1999).

4. ESTUDO DE CASO

4.1 Instalação da agroindústria

Será construída uma agroindústria na SMLN Trecho 05,


chácara 179 (Núcleo Rural Córrego da Palha), Lago Norte,
Brasília, Distrito Federal. A área a ser construída será de 102,44
m2 para um conforto melhor dos funcionários/equipamentos e
para uma produção diária de 112,50 Kg/dia de chocolate,
podendo ampliar a área futuramente. As instalações sanitárias
estarão fora da área de processamento e deverão estar dentro
das normas da vigilância sanitária.
O esquema da planta baixa apresentada na Figura 2
sugere as dimensões físicas necessárias para o
empreendimento.

Figura 2 – Unidade para processamento /venda de chocolate.


Fonte: Rosemary Duarte, 2005.
31 32
Legenda: O regime de contratação dos funcionários será do tipo
A - Recepção de mercadorias, CLT. O horário será o horário comercial, ou seja, com semana
B - Armazenagem de embalagens,
C - Armazenagens de cobertura e adições,
de seis dias (segunda-feira a sábado) com oito horas de segunda
D - Escritório, a sexta, das 08:00Hs as 18:00Hs, com duas horas para o
E - Sala de preparo de recheios, almoço; e no sábado com horário de 08:30Hs as 12:30Hs.
F - Sala de trabalho com chocolate,
G - Armazenagem, 4.3 Fluxograma de produção
H - Vendas.

O processamento do chocolate é simples, entretanto,


4.2 Necessidades de recursos humanos
deve-se seguir várias etapas para que possa garantir um produto
final que atenda as normas de qualidade e higiene estabelecidas
Para esse empreendimento serão necessários (08) oito
pela legislação sanitária para a fabricação de alimentos. Essas
funcionários, sendo que teremos a seguinte divisão de
etapas podem sofrer pequenas variações, entretanto, cada etapa
responsabilidades:
tem sua importância no processo como um todo e descuidos
• 02 Chocolateiros: responsável pela qualidade da massa e mesmos pequenos podem levar ao comprometimento final dos
temperagem manual e análise da qualidade final da massa,
produtos (Corrêa, 1999).
sendo que um deles ajudará no processo de embalagens;
O chocolate é um ingrediente delicado e para manter a
• 01 Encarregado dos recheios: responsável pela criação e cremosidade de sabor, não deve ser exposta a temperatura (nem
execução dos recheios e, podem representar um forte muito frio, nem muito quente) e nem ter contato com umidade.
diferencial de uma chocolateira; Por isso deve-se procurar trabalhar com chocolate em horários
• 01 Encarregado das embalagens: as embalagens dão a cujo clima já mais ameno (em torno de 20oC), ou em horários
aparência dos produtos da empresa e estabelecem sua simpatia cuja temperatura é mais baixa (à noite ou de manhã), deve-se
com a clientela, onde muitas vezes uma boa embalagem utilizar ventiladores, ar condicionado, para preparar grandes
conquista o consumidor; quantidades com intenção de comercialização (Nestlé, 2002).
• 01 Administrador e vendas: responsável pelo trabalho Com relação à umidade deve ser observada:
executivo, realiza compra e venda, fecha negócios e determina • Certifique-se de ter todos os equipamentos e
as políticas da empresa junto a seus clientes e fornecedores. utensílios estejam bem secos;
• 01 Auxiliar de serviços gerais: responsável pela • Não ferva a água do banho-maria, deixe por volta
limpeza/higienização dos equipamentos e da unidade de de 48oC para não formar vapor de água;
processamento; • Cuidado no manuseio, a transpiração das mãos
• 01 Motorista: responsável pela entrega das mercadorias nos pode vir alterar o chocolate;
locais e pontos de vendas. A umidade faz com que o chocolate se torne uma massa
• 01 Atendente/Vendedor: responsável pelo atendimento e compacta e pastosa que, mesmo aquecida não se torna fluida
venda a consumidores que forem à indústria. (Nestlé, 2002).
33 34
As etapas do processamento do chocolate que serão 4.4 Descrição do Fluxograma
seguidas estão descrita na figura 3 abaixo.
4.4.1 Recepção

Para obter sucesso no produto final e de excelente


qualidade, depende de uma série de fatores como: qualidade da
matéria-prima, recheio, embalagens empregadas, higiene no
preparo, técnicas e métodos de processamento, treinamento de
mão-de-obra.
As barras de chocolates que serão utilizadas para a
confecção dos bombons serão compradas de fornecedores,
sendo da marca Nestlé, adquiridas pelo preço de R$ 12,00 o
kilo.
Um dos fatores mais importantes para o processamento
do chocolate está na escolha do tipo da matéria-prima a ser
utilizada, pois a temperatura e a umidade afetam diretamente o
produto final (Corrêa, 1999).
As mercadorias quando forem recebidas serão separadas
em matéria-prima e embalagens. Na sala de armazenamento de
matéria prima deve ser observada uma temperatura de 20oC a
22oC, para que as barras de chocolate, coberturas, recheios e
outros ingredientes não deteriorem.
A condição higiênica desse local será a mais rígida
possível para se evitar a contaminação dos ingredientes em
geral.
Na sala de embalagens serão armazenadas as
embalagens que serão utilizadas na fabricação do produto final,
a temperatura dessa sala não deverá ultrapassar 24oC.

4.4.2 Pesagem
Figura 3: Fluxograma das etapas do processamento do chocolate com
recheio e sem recheio.
Fonte: Corrêa, 1999; adaptado por Rosemary Duarte, 2005. Toda a matéria-prima será pesada logo após ser retirada
da sala de armazenamento para que haja um controle da
quantidade de produto produzido/dia.
35 36
4.4.3 Corte O chocolate após derretido será despejado na mesa de
trabalho. Em seguida será mexido continuamente com uma
As barras de chocolate serão dispostas sobre uma espátula até que se obtenha uma consistência próxima a da
bancada de mármore em cima de placas de altileno brancas, maionese (creme).
onde será cortado em pedaços pequeno utilizando-se facas de Durante o processo de temperagem, deve ser observada
aço inox. A temperatura ambiente da sala de preparo deve a temperatura da massa para que a mesma seja resfriada
variar entre 20o C e 22oC. lentamente e gradativamente até atingir a temperatura de 27oC a
28oC, a temperatura será verificada com termômetro culinário.
4.4.4 Derretimento Caso a temperatura caia mais do que o ideal é
necessário começar novamente todo o processo de temperagem.
Serão utilizadas duas derretedeiras com capacidade de Quanto mais próximo do ideal a temperagem, maior será a
15Kg cada. As derretedeiras elétricas serão ligadas e qualidade final do produto.
abastecidas com água de boa qualidade onde a temperatura da Se for temperado de forma ideal o chocolate terá
água deve estar entre 50oC e 60oC. Após picar o chocolate este consistência, superfície, maciez e durabilidade maior.
será colocado em um recipiente de aço inox (cuba). Essa cuba
será levada para a derretedeira elétrica, 4.4.6 Moldagem
Estando nessa temperatura a derretedeira elétrica será
desligada. Colocar a cuba com o chocolate, e mexer com uma Antes de iniciar a moldagem os moldes deverão estar na
espátula de inox até que o chocolate fique totalmente derretido. mesma temperatura da sala de processamento, onde serão
Com o chocolate totalmente derretido, a temperatura da massa preparados os produtos (18 – 22oC). Os moldes e recheios
deverá estar em 45oC, que será medida por um termômetro deverão estar na sala de preparo um dia antes de iniciar a
culinário. Esse é o ponto de retirada da cuba da derretedeira moldagem.
elétrica.
4.4.6.1 chocolates sem recheios
4.4.5 Temperagem ou pré-cristalização
Após a temperagem, colocar a massa em um recipiente
Uma das operações mais importante no processamento de inox (cuba). Pegar os moldes que irão produzir o produto
do chocolate é a temperagem, pois garante o sabor, a textura e o final. Despejar a massa nos respectivos moldes e retirar o
brilho dos chocolates preparados. excesso de chocolate com uma espátula, e bater o molde na
Consiste no processo de resfriamento, lento e gradual, bancada de mármore, para que o ar saia dos orifícios dos
do chocolate. Durante a temperagem, formam-se cristais de moldes, obtendo assim produtos com acabamentos desejáveis.
manteiga de cacau que vão sendo repartidos uniformemente
pela massa (Correa, 1999).
37 38
4.4.6.2 chocolates com recheios chocolate (conhecido como talão) e leve ao refrigerador até
endurecer.
Após a temperagem, colocar a massa em um recipiente Depois de pronto retirar os moldes do refrigerador e
de inox (cuba). Pegar os moldes que irão produzir o produto virá-los para desenformagem dos chocolates.
final. Despejar a massa temperada nos respectivos e moldes e
bater o molde na bancada de mármore para a retirada do ar, 4.4.9 Resfriamento
retirar o excesso de chocolate e virar os moldes para baixo,
deixar uma camada fina de chocolate, deixar por 3 minutos em Após preencher os moldes com chocolate e seus
temperatura ambiente, depois levar os moldes para o ingredientes, levar ao refrigerador horizontal com a temperatura
refrigerador com uma temperatura de 8oC a 13oC por 3 a 5 de 8oC a 13oC, onde permanecerá até obter o ponto de retirada
minutos para obtenção do ponto de desenformar. do chocolate.
Retirar do refrigerador, raspar os excessos e colocar o
recheio (não se deve colocar muito recheio, para não atrapalhar 4.4.10 Desenformagem
a próxima fase).
Quando os fundos dos moldes estiverem esbranquiçados
4.4.7 Recheios e opacos, o chocolate estará pronto para a desenformagem.
Retirar do refrigerador os moldes e desenformar em
A criação e execução de recheios são etapas placas de altileno e deixar em repouso durante 06 horas em
importantes, pois pode representar um forte diferencial numa ambiente com a temperatura em torno de 20oC.
agroindústria artesanal de chocolate.
Os recheios serão preparados na sala específica para tal, 4.4.11 Embalagem
utilizando panelas de aço inox e fogão à gás, com antecedência
e estarão com a mesma temperatura da sala de processamento Após seis horas de desenformagem em temperatura
(20oC). ambiente, os chocolates estarão prontos para serem embalados.
Como matérias-primas iremos utilizar: cajuzinho, nozes, Antes de iniciar a embalagem utilizar uma tesoura limpa
castanhas e amendoim adquiridos no comércio local.. e higienizada para retirar das arestas de excesso de chocolate,
Com o auxílio de colher de aço inox, os recheios serão dando aos bombons um acabamento.
colocados pesando em média 20g por unidade. A embalagem pode representar uma das etapas menos
importante e simples, mas quando bem elaborada pode
4.4.8 Cobertura conquistar o consumidor.
Pesquisas têm demonstrado que uma boa embalagem
Os recheios serão cobertos com mais chocolate determina a imagem dos produtos e estabelecem sua empatia
temperado e bater levemente o molde para a retirada do ar e com o cliente.
acomodar o recheio e o chocolate. Raspar o excesso de
39 40
Nesse estudo serão utilizados papel alumínio e celofone Serão oferecidos também bombons em uma cesta que
colorido para diferenciar os recheios e todos os bombons serão será comercializada com 1,2 Kg (com 30 bombons) que sairá
etiquetados. Nas etiquetas virão impressos: peso, validade, pelo preço de R$ 60,00.
ingredientes, valor nutricional, fabricante e endereço. O valor unitário dos bombons será de R$ 2,00 com
recheio e R$ 1,60 sem recheio. Esse valor foi definido após
4.4.12 Armazenamento pesquisas realizadas em lojas especializadas em chocolate. Vale
salientar que os preços e a gramatura (40g) aqui oferecidos são
Os chocolates embalados serão armazenados em inferiores às praticados pelo mercado e a gramtura acima.
prateleiras limpas e higienizadas, em uma sala climatizada com Os chocolates além de comercializados na própria
uma temperatura variando de 18oC a 20oC. indústria serão vendidos para bailes, festas de formaturas,
Vale a pena ressaltar que a umidade é um ponto casamentos e demais eventos do gênero como buffetes e lojas
fundamental para a perfeita consistência do chocolate. do comércio local.
O tempo de prateleira (validade) será de 90 dias a contar Para a venda acima de 100 Kg os pedidos deverão ser
da data de fabricação. feitos com antecedência de 48 horas.
O Distrito Federal é um bom exemplo do aumento de
5. COMERCIALIZAÇÃO consumo de chocolate. Segundo o Sindicato do Comércio
Varejista do DF (Sindivarejista), na última páscoa o brasiliense
Na industrialização do chocolate existe uma enorme aumentou o seu consumo de chocolate em 14% em relação ao
possibilidade de diversificação de produtos. Para a fabricação ano de 2004 e neste mesmo ano, o comércio dos produtos já
de novos tipos de produtos basta a aquisição de moldes havia sido 9% superior ao de 2003. Este ano, mesmo com
conforme a necessidade e ter boa criatividade, além dos preços até 10% mais caros, os brasilienses gastaram mais. Cada
tradicionais bombons com ou sem recheios. consumidor desembolsou, em média, R$ 22,00; contra os R$
Pode-se fabricar trufas com diversos recheios e sabores, 18,00 em 2004.
tais como: Maracujá, morango, nozes, castanhas, café e alguns
exóticos como pimenta e quentão, mas não será alvo desse
estudo.
Os produtos fabricados serão vendidos no atacado e
varejo, com peso de 40g a unidade. Todos serão embalados
com papel alumínio e papel celofane. Os papéis celofanes terão
cores diversificadas para que os sabores dos bombons possam
ser facilmente identificados.
Após pesquisas realizadas nas lojas especializadas em
chocolate, quanto maior a compra maior será o desconto
oferecido.
41 42
6. CONCLUSÃO 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

No Brasil existem 119 milhões de consumidores de AGRIANUAL 2005, Anuário da Agricultura Brasileira, São
chocolates e seus derivados, ressaltando que o Brasil ainda Paulo: FNP, 10 ed. 2004, 420p.
precisa importar 40 mil toneladas de chocolate por ano para
suprir o seu mercado interno. No Distrito Federal o aumento do ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DA
consumo de chocolate em 2005, na época da Páscoa, foi da ALIMENTAÇÃO (ABIA). Compêndio de Legislação de
ordem de 14%. Alimentos. Atos do Ministério da Saúde e ANVISA. Revisão
Após pesquisas realizadas nas lojas especializadas em no. 9. 3 volumes ou versão eletrônica (CD). São Paulo, ABIA,
chocolates no Distrito Federal, foi evidenciado que o produto fevereiro, 2003.
em si tem um grande potencial de consumo.
O produto final é de grande aceitação pelo mercado e o ANDRADE, N. J. de.; MACÊDO, J. A. B. de. Higienização na
consumo de chocolate no Brasil tem aumentado gradativamente indústria de alimentos. UFV, Viçosa, Minas Gerais, julho,
nos últimos anos, o que facilita a abertura de pequenas e médias 1994.
agroindústrias para suprir o nosso mercado cada vez mais
exigente. ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
A agroindústria de chocolate com e sem recheio tem Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária.
uma rentabilidade relativamente alta em relação ao seu baixo Portaria nº 326 de 30 de julho de 1997. Aprova o
investimento. Regulamento Técnico sobre "Condições Higiênico-Sanitárias e
A implantação de uma agroindústria de chocolate de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos
proposta para o Distrito Federal é tecnicamente viável. Produtores/Industrializadores de Alimentos".

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária,


Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância Sanitária.
Portaria nº 368 de 04 de setembro de 1997. Aprova o
Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias
e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos
Elaboradores/Industrializadores de Alimentos.

BRASIL. Resolução RDC ANVISA/MS nº 227 de 28 de


Agosto de 2003. Regulamento Técnico para fixação de
identidade e qualidade de chocolate e chocolate branco.
Diário Oficial da União. Brasília, DF, 28 de Agosto 2003.
43 44
BRASIL. Portaria do Ministério da Saúde no. 1565 de 26 de MARRIOT, N.G., Principles of food microbiologic, AVI, 2
agosto de 1994. Define Sistema Nacional de Vigilância th, 387 p. 1989.
Sanitária e sua abrangência, esclarece a competência das três
esferas de governo e estabelece as bases para a descentralização NESTLE, Curso de Culinária: Presente de páscoa. Disponível
da execução de serviços e ações de vigilância em saúde no em <http://www.nestle.com.br/momentonestle.htm>. Acessado
âmbito do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União, em 16/08/2005.
Brasília, 29 de agosto. 1994. Seção 1.
Worldwatch Institute – Disponível em: <http://
CHITARRA, M.I.F. Processamento mínimo de frutos e www.wwiuma.org.br/ww_mat_choc1.htm>. Acessado em
hortaliças. Viçosa: CPT, 1998, 88p. (CPT. Agroindústria, 31/01/2005.
manual, 155)
Orlando Cruz e Associados – Disponível em : <http://
CORRÊA, C.L. Como montar e operar uma pequena www.orlandocruz.com.br/suco.html>, Acessado em:
fábrica de chocolate. Viçosa: CPT, 1999. 44 p. 22/02/2005.
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Pimenta. Viçosa. Minas Gerais. CPT, 2004. 160p. 1865>. Acessado em: 02/08/2005.

GUIA para elaboração do Plano APPCC (CONTROLE DE Portal Globo – Revista Galileu – Disponível em:
QUALIDADE DE ALIMENTOS); laticínios e sorvetes. <http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT883986-
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SENAI/DN, 2000. 162 p. ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária – VISA
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GRAMACHO. I. da C. P., MAGNO, A. E. S., MANDARINO, legis.bvs.br/leisref/public/search.php>, Acessado em
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LEITE, M.O.; ANDRADE, N. J.; SOUZA, M.R.; FONSECA, dos estabelecimentos produtores e industrializadores de
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de qualidade da água em industria de alimentos. Revista <http://geocities.yahoo.com.br/mi_david2001/bpf.html>,
Leite e Derivados, n. 69, Março/Abril, 2003. Acessado em 17/08/2005.
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Upis – Faculdades Integradas


Departamento de Agronomia

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