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Texto de apoio
à formação de oficiais de justiça
A g osto/2 0 0 3
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_________________________________________ A Nova Acção Executiva
Preâmbulo:
de libertar o juiz das tarefas processuais que não envolvem uma função
jurisdicional e os funcionários judiciais de tarefas a praticar fora do tribunal.
Coube ao XV Governo Constitucional aprofundar a reforma projectada. Fê-lo
suprimindo pontos de praticabilidade discutível, como o da atribuição de competências
executivas às conservatórias do registo predial, demarcando mais nitidamente o plano
da jurisdicionalidade, estendendo o esquema de garantias do executado e alargando o
campo de intervenção do solicitador de execução, em detrimento do oficial de justiça e
do de outros intervenientes acidentais no processo.
Dentro e fora do domínio estrito da execução, são alterados muitos outros pontos
do regime processual vigente, bem como alguns preceitos de direito substantivo com
eles conexos. Optou-se por conservar, tanto quanto possível, a ordem dos artigos do
Código e procurou-se conciliar rigor, clareza e concisão na redacção dos preceitos,
aproveitando-se, inclusivamente, para clarificar o sentido de algumas alterações
recentes de interpretação duvidosa.
Não são alterados o elenco e os requisitos dos títulos executivos. Mas a
natureza do título executivo constitui juntamente com o valor da execução, a
natureza do bem a penhorar e a prévia notificação do executado, um dos factores
que dispensam, em regra, o despacho liminar e a citação prévia, dando
precedência à penhora.
Assim, mantém-se a regra da penhora sem necessidade de prévio despacho
judicial para a execução de sentença e para o requerimento de injunção no qual tenha
sido aposta a fórmula executória. Alarga-se, porém, esta regra às acções em que o título
executivo é uma decisão arbitral ou um documento particular com determinadas
características.
Assim, não há lugar a despacho liminar, nem a citação prévia do executado
nas execuções baseadas em:
a) Documento exarado ou autenticado por notário, ou documento
particular com reconhecimento presencial da assinatura do devedor
desde que:
i) O montante da dívida não exceda a alçada do tribunal da
relação e seja apresentado documento comprovativo da
INTRODUÇÃO
Com a reforma da acção executiva, que teve por finalidade retirar parte da
actividade processual aos tribunais, deixando para estes a sua verdadeira função de
dirimir litígios, foram criados intervenientes da acção executiva nomeadamente
secretarias de execução, o juiz de execução e o agente executivo, os quais vão ser
auxiliados pelo novo registo informático de execuções. Registo este que daqui a um ano
deverá abranger todas as acções executivas pendentes nos tribunais (novas e antigas),
assim como os processos de falência.
O novo diploma, sem romper a sua ligação aos tribunais, atribui ao agente de
execução a iniciativa e a prática dos actos necessários à realização da função executiva,
a fim de libertar o juiz das tarefas processuais que não envolvem uma função
jurisdicional e os funcionários judiciais de tarefas a praticar fora dos tribunais.
O JUIZ DE EXECUÇÃO
O juiz de execução tem por função supervisionar toda a acção executiva, resolver
os litígios e efectuar o controlo geral do processo (cfr. art.º 809.º), competindo-lhe,
nomeadamente:
- Proferir o despacho liminar, quando deva ter lugar, nomeadamente, nos termos
do art.º 812.º - A, n.º 2. Podendo este consistir em :
a) Despacho de aperfeiçoamento (art.º 812.º, n.º 4);
b) Despacho de indeferimento liminar (art.º 812.º, n.º 1 e 2);
c) Despacho que rejeite parte do título executivo (art.º 812.º n.º 3);
d) Despacho de citação (cfr. art.º 812.º, n.º 6). Note-se que a regra é haver
despacho de citação quando há despacho prévio (cfr. art.º 812.º- B).
- Julgar a oposição à execução (art.ºs 813.º a 816.º) e ou à penhora (art.º s 863.º
–A e 863.º -B);
- Verificar e graduar os créditos (cfr. art.ºs 865.º a 869.º);
- Julgar as reclamações dos actos praticados pelo agente de execução;
- Decidir outras questões levantadas pelas partes, pelo agente de execução ou
mesmo por terceiros intervenientes.
O n.º 2 do art.º 809.º prevê a aplicação de multa à parte
apresentante de requerimento considerado injustificado, de
valor compreendido entre ½ UC e 10 UC e cobrável nos
termos do art.º 103.º do (cfr. art.ºs 102.º, al.ª b) e 103.º do
Código das Custas Judiciais).
navegar.
854.º Decreta o arresto de bens do depositário infiel e
ordena o levantamento do mesmo arresto quando
após o pagamento do valor do depósito, das custas
e acréscimos.
856.º, n.º 5 Autoriza, a requerimento do exequente, do
executado e dos credores reclamantes a prática dos
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O AGENTE DE EXECUÇÃO
Competências
Pensamos que, face ao que dispõe o n.º 1 do artigo 808.º, os actos específicos do
agente de execução limitam-se exclusivamente aos “actos processuais executivos” tais
como a citação do executado, a penhora, as citações do cônjuge e dos credores ou
mesmo a venda, em que ele goza de relativa autonomia.
A tramitação dos apensos e dos procedimentos incidentais de natureza declarativa,
ainda que no interior da própria execução, são da competência da secretaria.
Por exemplo,
a apreciação pelo juiz do pedido de dispensa de citação prévia,
que é formalizado pelo exequente no requerimento executivo,
implica despacho inicial e a realização de diligências probatórias,
após o que é decidido.
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Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 88/2003, de 26 de Abril.
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Designação
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As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto foram encontram-se definidas pelo art.º 2.º da Lei n.º 44/91,
de 2 de Agosto. A área metropolitana de Lisboa abrange os concelhos de Alcochete, Almada, Amadora,
Azambuja, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Oeiras, Palmela, Sesimbra, Setúbal,
Seixal, Sintra e Vila Franca de Xira. E a área metropolitana do Porto abrange os concelhos de Espinho,
Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia.
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a) as normas próprias da acção executiva (art.ºs 45.º a 60.º, 90.º a 95.º e 801.º a
943.º);
b) as normas relativas à parte geral e comum ( art.ºs 1.º a 466.º);
c) na falta das normas próprias e comuns, aplicam-se, subsidiariamente, as
normas próprias da acção declarativa (art.º 466.º, n.º 1).
Assim, quanto ao fim (art.º 45.º, n.º 2) a acção executiva pode ser:
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A prestação diz-se fungível quando pode ser realizada por pessoa diversa do devedor com satisfação
do interesse do credor, sendo-lhe indiferente que ela seja realizada pelo devedor ou por outra pessoa
qualquer – cfr. art.º 828.º do C.Civil.
De modo inverso, prestação infungível é aquela que tem de ser efectuada pelo devedor para satisfação
do interesse do credor.
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Mas, a acção executiva, além de estar sujeita àqueles pressupostos, está ainda
sujeita a outros, que lhe são específicos, tais como: o título executivo, a certeza, a
exigibilidade da prestação e a liquidez da obrigação exequenda.
Título executivo
Condição necessária, porque sem título não há execução (cfr. art.º 45.º, n.º 1) . O
título deve acompanhar sempre o requerimento inicial (cfr. art.º 810.º, n.º 4).
Espécies de títulos
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O art.º 46.º enumera, nas suas alíneas, as espécies de título executivo. Vigora o
princípio da tipicidade ou seja, só existem estes títulos e nenhuns outros.
Sentenças4 condenatórias (art.º 46.º al. a) – Para que a sentença seja exequível é
necessário que tenha transitado em julgado, isto é, que não seja possível a interposição
de recurso ordinário ou de reclamação (cfr. art.º 677.º) , salvo se contra ela tiver sido
interposto recurso com efeito meramente devolutivo (cfr. art.º 47.º, n.º 1).
Documentos autenticados6 são aqueles que não são elaborados pelo notário, mas
sim apresentados pelas partes e, na sua presença, o notário certifica a conformidade das
suas vontades com o respectivo documento.
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Sentença é o acto pelo qual o juiz decide a causa principal ou algum incidente que apresente a estrutura
duma causa. As decisões dos tribunais colegiais denominam-se acórdãos – art.º 156.º, n.ºs 2 e 3 do
CPC.
São equiparados às sentenças os despachos e quaisquer decisões ou actos da autoridade judicial que
condenem no cumprimento de obrigação – art.º 48.º do CPC.
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Cfr. art.ºs 369.º a 372.º do Código Civil.
6
Cfr. art.ºs 377.º do Código Civil.
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Títulos executivos especiais (cfr. art.º 46.º al. d)) – a sua exequibilidade
depende de disposição especial conferida por lei, como acontece, por exemplo, nas
letras, cheques, livranças, requerimentos de injunção em que tenha sido aposta a
fórmula executória, actas de condomínio, etc.
Juros de mora (cfr. n.º 2 do art.º 46.º) – consideram-se abrangidos pelo título
executivo os juros de mora, à taxa legal, da obrigação dele constante. Podem surgir duas
situações:
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Cfr. art.ºs 373.º e seguintes do Código Civil.
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A secretaria deve recusar o requerimento executivo sempre que este não seja
junto à petição ou seja manifesta a insuficiência do título apresentado (cfr. art.º 811.º,
n.º 1, al. b). No entanto, o exequente pode reagir contra esta recusa, reclamando para o
juiz de turno à distribuição (cfr. art.ºs 811.º, n.º 2 e 161.º, n.º 5). Nesta situação, o
exequente pode apresentar no prazo de 10 dias a partir da recusa, novo requerimento ou
os documentos em falta, nomeadamente o documento comprovativo do prévio
pagamento da taxa de justiça inicial ou em alternativa da concessão do benefício de
apoio judiciário, considerando-se o novo requerimento apresentado na data em que o
primeiro tenha sido apresentado em juízo (cfr. art.ºs 476.º e 466.º).
Afigurando-se dúvidas quanto à suficiência do título executivo a secretaria deverá
submeter as dúvidas à apreciação do juiz – cfr.º art.ºs 234.º-A, n.º 5, 812.º-A, n.º 3,
809.º, n.º 1.
Se o executado, mesmo nesta situação, não recorrer aos meios de defesa atrás
expostos, pode o juiz , em qualquer momento, até ao primeiro acto de transmissão de
bens penhorados, ordenar a notificação do exequente para suprir a falta ou julgar
extinta a execução (cfr. art.º 820.º).
Se o exequente faz um pedido para além do que consta no título e a secretaria não
recusar a petição por insuficiência do título, quando o processo for concluso ao juiz, este
profere um despacho de indeferimento parcial (cfr. art.º 813.º, n.º 3) quanto ao excesso
do título, devendo a acção executiva prosseguir os seus tramites quanto à parte do
pedido que não foi objecto de indeferimento.
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Quando se tratar de uma prestação alternativa e a escolha pertencer ao credor, se o mesmo não a fizer
no requerimento executivo, é motivo de recusa por parte da secretaria, nos termos dos art.ºs 811.º, n.º
1, al. a) e 810, n.º 3 al. c) parte final.
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Exigível
No caso de o juiz entender ouvir o devedor, este é citado com a advertência que
com a falta de contestação se considera verificada a condição ou efectuada ou oferecida
a prestação, nos termos da petição inicial, salvo o previsto no art.º 485.º,excepção à
revelia. A contestação só pode ter lugar em oposição à execução, art.ºs 813.º e 817.º (
ver 2ª parte do art.º 804.º, n.º 2 e n.º 3).
Se a obrigação tiver prazo certo, a execução não pode ser proposta antes da data
do seu vencimento.
Se a obrigação não tiver prazo (obrigações puras) o credor tem o direito de exigir
a todo o tempo o cumprimento da obrigação. Se a interpelação for extrajudicial
(carta registada com aviso de recepção ou notificação judicial avulsa, art.º 261.º) serve
como prova que o devedor foi interpelado. O credor junta documento ao requerimento
executivo. Se não houver interpelação extrajudicial a citação do executado para a
acção executiva vale como interpelação.
NOTA:
Se a inexigibilidade e incerteza forem manifestas
em face título executivo, o juiz indeferirá
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Liquidez
Nesta situação tem de haver alegação e prova dos factos em que o exequente
fundamenta o seu pedido. Assim, a liquidação depende da averiguação de certos factos.
Os árbitros são nomeados segundo as regras dos art.ºs 568.º e segs. A sua decisão
é definitiva, limitando-se o juiz a homologá-la.
CONSTITUIÇÃOOBRIGATÓRIADEMANDATÁRIOJUDICIALNAACÇÃOEXECUTIVA
art.º 60.º
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€ 14.963,95 - superior à alçada da Relação mad
os)
Apenas Também
ADVOGADO - ADVOGADOESTAGIÁRIO
- SOLICITADOR(não de execução)
Se houver procedimento
declarativo (ex. oposição à Se não houver procedimento declarativo.
execução e ou à penhora).
9
“Em matéria cível a alçada dos tribunais da Relação é de € 14.963,94 e a dos tribunais de 1ª instância é
de € 3.740,98” – n.º 1 do art.º 24.º da Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro, alterado pelo art.º 3.º do Dec. Lei n.º
323/2001, de 17/12)
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TRAMITAÇÃO
DO PROCESSO EXECUTIVO
No requerimento executivo, para além dos requisitos que lhe são próprios e
constantes do referido modelo (cfr. art.º 810.º), deve obedecer ao disposto no art.º 467.º,
n.º 1 alíneas b), c), e) e f), bem como a identificação das partes nos termos da alínea a)
do n.º 1 do referido artigo, incluindo sempre que possível, o número de identificação de
pessoa colectiva, a filiação e os números dos bilhetes de identidade e identificação
postal.
- não conste do modelo aprovado por decreto – lei ou omita algum dos seguintes
requisitos:
* requisitos previstos no art.º 467.º, n.º 1 alíneas a), b), e) e f) tais como a
designação do tribunal, identificação completa das partes, indicação do domicílio
profissional do mandatário judicial, caso seja obrigatória a sua constituição (cfr. art.º
60.º), declarar o valor da causa, indicação do fim da execução (cfr. art.º 45.º, n.º 2).
- não apresente título executivo (cfr. art.º 810.º, n.4) ou seja, o documento escrito
que fundamenta a execução, ou juntando o título, este seja manifestamente
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insuficiente, uma vez que sem o respectivo título não há lugar a processo
executivo (cfr. art.º 45.º, n.1). O título será manifestamente insuficiente quando,
por exemplo, dele não seja possível extrairem-se os factos que fundamentem o
pedido, pelo que, o exequente deverá fazer um exposição sucinta desses mesmos
factos;
- designar o solicitador de execução (cfr. art.ºs 808.º, n.º 2, 810.º, n.º 3 alínea
e). A falta deste requisito não é motivo de recusa de recebimento do
requerimento inicial, uma vez que esta nomeação do agente executivo pode ser
feita pela secretaria, segundo uma escala constante de lista informática cedida
pela Câmara dos Solicitadores (cfr. art.º 811.º - A);
Nota:
Nas execuções dispensadas de despacho
liminar, o oficial de justiça deve suscitar a
intervenção do juiz (cfr. art.ºs 234.º-A, n.º 5 e
812.º - A, n.º 3) sempre que:
Prevê o n.º 2 do art.º 811.º que do acto de recusa cabe reclamação para o juiz, cuja
decisão é irrecorrível, salvo quando se funde na insuficiência do título ou na falta de
exposição dos factos.
Regra geral:
- Na acção executiva, a citação é precedida de despacho liminar
– art.ºs 234.º, n.º 4-e) e 812.º, n.º 1.
Excepções à regra:
- Só os casos concretamente previstos nos art.ºs 812.º, n.º 7 e
812.º-A, n.º 1.
10
Art.º 812.º-A, n.º 1-a).
11
Art.º 812.º-A, n.º 1-b).
12
Art.º 812.º-A, n.º 1-c).
13
Art.º 812.º-A, n.º 1-c).
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Em todos estes casos, portanto, a execução começa pela penhora. Tendo esta
circunstância em atenção, estabelece-se nestas situações o dever do funcionário
judicial de suscitar a intervenção do juiz em todos os casos em que é admissível o
indeferimento liminar ou despacho de aperfeiçoamento.”
14
Art.º 812.º-A, n.º 1-d).
15
Art.º 812.º-B, n.ºs 2 e 4.
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a) Quando a prova não possa ser feita por documento, o exequente indica
as provas logo no requerimento executivo, dando azo a despacho liminar –
cfr. art.ºs 804.º, n.º 2 e 812.º, n.º 6.
16
São direitos reais menores, entre outros: o usufruto – art.ºs 1439.º e seguintes do Cód. Civil; o direito
de superfície – art.ºs 1524.º e 1525.º do CC; o direito real de habitação periódica – Dec. Lei n.º 275/93, de
5/8
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d) em todas as outras situações que não sejam abrangidas pelo art.º 812.º-
A, n.º 1.
Nota:
Para que o devedor subsidiário17 possa ser
demandado é necessário que o mesmo tenha
renunciado ao benefício de excussão prévia (cfr.
art.º 638.º do C.C.), que consiste na sua recusa em
cumprir a obrigação enquanto não forem excutidos
todos os bens do devedor principal sem plena
satisfação do crédito.
QUADROS SINÓPTICOS:
17
São devedores subsidiários: o fiador – art.ºs 627.º e seguintes do Cód. Civil, salvo as excepções do art.º
604.º, n.º 2 (na fiança comercial, o fiador é solidário com o respectivo afiançado – cfr. art.º 101.º do Cód.
Comercial); sócios da sociedade comercial em nome colectivo – art.º 175.º, n.º 1 do Cód. das Sociedades
Comerciais; sócios comanditados da sociedade comercial em comandita – art.º 465.º, n.º 1 do Cód. das
Sociedades Comerciais; sócios da sociedade civil – art.º 997.º, n.º 2 do Cód. Civil.
Nas letras e livranças o avalista é considerado responsável como primeiro pagador – art.ºs 37.º e 77.º da
LULL.
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Art.º
Há despacho liminar 2
10 Sempre
Nas execuções movidas contra devedor subsidiário (apenas ou
também contra o devedor principal) em que o exequente requeira
dispensa de citação prévia – art.ºs 812.º, n.º 7-a), 812.º-A, n.º 2-a),
812.º-B, n.º 2 e 828.º.
Há citação prévia
(em princípio)
11 Sempre
Quando o cumprimento da obrigação exequenda dependa de
condição suspensiva ou de prestação por parte do credor ou de
terceiro e a prova não possa ser feita por documentos, nos termos do
n.º 2 do art.º 804.º - art.ºs 812.º, n.º 6 e 812.º-A, n.º 2-b)
12 E em qualquer outro caso não especificamente indicado nos pontos 1
a 9.
A OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO
Com a estrutura duma verdadeira acção declarativa, corre por apenso ao processo
executivo (cfr. art.º 817.º, n.º s 1 e 2), e varia consoante o título que lhe subjaz.
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Assim, a oposição pode ser restrita ou ampla. É restrita quando o título executivo
se baseia numa decisão judicial. Sabemos que a sentença, depois de transitada, constitui
o título executivo por excelência. Na acção declarativa onde foi proferida, o réu já teve
todas as possibilidades de se defender.
Os fundamentos desta defesa são, exclusivamente, os previstos no art.º 814.º.
Como já foi referido, a oposição à execução corre por apenso à execução (cfr. art.º
817.º, n.º 1 e está sujeita a despacho liminar, não vigorando aqui o princípio da
oficiosidade (cfr. art.ºs 234.º, n.º4 alínea a) e 817.º, n.º 1).
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a) o executado / opoente preste caução – tem carácter urgente (cfr. art.º 990.º);
b) esta suspensão cessa se a oposição estiver parada durante mais de 30 dias, por
negligência do executado / opoente;
c) se a execução não ficar suspensa, nem o exequente nem qualquer outro credor
podem ser pagos, na pendência da oposição, sem prestar caução.
A fase da penhora
Como vimos antes. a indicação dos bens tem lugar no próprio requerimento
executivo – art.º 810.º, n.º 3-e).
Independentemente dos bens que possam ser indicados pelo exequente, o n.º 3
do art. 821.º estabelece uma regra de proporcionalidade entre o valor dos bens a
penhorar e o valor da obrigação exequenda.
I - Os limites da penhora
Resumindo:
- Em princípio, é sempre penhorável 1/3 do salário do executado.
Excepção: Só assim não será se os restantes 2/3 tiverem
um valor inferior ao salário mínimo nacional,
caso em que este se manterá intacto,
incidindo a penhora sobre a diferença entre o
salário global e o "valor intocável".
Retomando o último exemplo:
€ 500,00 -€ 356,60 = € 143,40.
- Se os 2/3 forem inferiores ao triplo do salário mínimo
nacional, mantêm-se inatacáveis pela penhora, pelo que será
penhorável apenas a fracção de 1/3.
- Caso os 2/3 ultrapassem o triplo do salário mínimo nacional,
será penhorável a parte excedentária, além da fracção de 1/3.
Na penhora de dinheiro ( art.ºs 824.º-A; 839.º, n.º 3; 848.º, n.º 4; 865.º, n.º 4-
b) e 874.º) ou de saldo bancário (art.ºs 824.º-A; 861.º-A; 865.º, n.º 4-b) e 874.º) é
impenhorável o valor global correspondente a um salário mínimo nacional,
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Conjugando o art.º 825.º com o art.º 864.º, n.º 3-a) chega-se à conclusão que, em
execução movida apenas contra um dos cônjuges, deve ser citado o outro cônjuge por
qualquer da seguintes razões:
quando, em execução movida contra um dos cônjuges, sejam
penhorados bens comuns do casal – art.º 825.º, n.º 1;
quando o exequente, munido de título executivo que não a
sentença26, invoque a comunicabilidade da dívida – art.º 825.º, n.º
2.
quando tiver sido penhorado bem imóvel ou estabelecimento
comercial que o executado não possa alienar livremente (próprios
ou comuns – cfr. art.º 1682.º-A do CC) – art.º 864.º, n.º 3-a);
26
Presume-se que a sentença como título executivo foi posta à margem por se entender que a
oportunidade para discutir a comunicabilidade da dívida esgotou-se na acção declarativa.
27
Note-se que em caso de penhoras múltiplas espaçadas no tempo, o cônjuge, depois de citado, já só é
notificado para deduzir oposição à penhora no prazo de 10 dias, aplicando-se as regras do art.º 235.º do
CPC – cfr. art.º 863.º-B, n.º 1-B).
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Nas previsões deste artigo cabem as execuções propostas contra o herdeiro por
dívidas da herança, pelas quais respondem os bens que integram o respectivo
património (cfr. art.º 2068.º do CC).
Daí que no n.º 1 do art.º 827.º se estabeleça que na execução movida contra o
herdeiro só podem penhorar-se os bens que ele tenha recebido do autor da herança.
Mas, o herdeiro pode aceitar a herança pura e simplesmente ou a benefício de
inventário (cfr. art.º 2052.º do CC).
Se aceitar a herança a benefício de inventário, a penhora só atinge os bens que
ao herdeiro tiverem sido adjudicados em razão da partilha e se porventura forem
atingidos quaisquer outros bens, o herdeiro executado pode requerer
fundamentadamente o seu levantamento e ao mesmo tempo indicar outros bens da
herança que tiver em seu poder – n.º 2 do art.º 827.º.
28
Podem ser distintos os exequentes e os executados.
29
A penhora considera-se feita no momento da notificação - Ac. STJ, de 94/05/26 in BMJ 437, pg. 471.
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O benefício da excussão prévia é invocável pelos seguintes devedores subsidiários: fiador – art.ºs 627.º
e seguintes do Cód. Civil, salvo as excepções do art.º 640.º, n.º 2 e da fiança comercial, em que o fiador é
solidariamente responsável com o afiançado – cfr. art.º 101.º do Cód. Comercial; sócios da sociedade
comercial em nome colectivo – art.º 175.º, n.º 1 do Cód. das Sociedades Comerciais; sócios
comanditados da sociedade comercial em comandita – art.º 465.º, n.º 1 do Cód. das Sociedades
Comerciais; sócios da sociedade civil – art.º 997.º, n.º 2 do Cód. Civil.
O avalista nas letras ou nas livranças é considerado principal responsável – art.ºs 32.º e 77.º da LULL.
sujeitando-se, caso o não faça, à possibilidade de os seus bens serem logo penhorados –
cfr. n.ºs 1 e 3-a) do art.º 828.º.
A excussão plena dos bens do devedor principal termina com o “apuramento”
do produto da venda de todos os seus bens, pois só assim é possível aferir a eventual
insuficiência do produto em face do somatório das custas da execução (cfr. art.º 455.º),
do crédito exequendo e bem assim dos créditos graduados à frente do exequente.
A execução prosseguirá sobre os bens do devedor subsidiário até que o crédito
do exequente seja integralmente pago.
Assim, nas execuções em que não tenham lugar o despacho liminar nem a
citação prévia e o solicitador de execução aceite a designação no próprio
requerimento executivo, as diligências têm início a partir da notificação para tal efeito
realizada pela secretaria logo após a autuação do requerimento executivo, daí se
contando o prazo de 30 dias fixado no art.º 837.º, n.º 1.
E não vemos que possa ser de outro modo, pese embora a redacção do n.º 1 do
art.º 832.º.
É que o solicitador de execução que aceita a designação no próprio
requerimento executivo e o assina ou vem aceitar nos cinco dias subsequentes à
apresentação, só fica investido das funções de agente de execução depois de iniciada a
instância e deste facto nada garante que ele tenha conhecimento, a não ser através duma
notificação a efectuar pela secretaria, após verificada a inexistência de fundamentos
para suscitar a intervenção do juiz a coberto do n.º 3 do art.º 812.º.
Se o solicitador de execução não aceitar ou a designação ficar sem efeito,
será a partir da notificação da designação feita pela secretaria nos termos do art.º 811.º-
A, n.º 2 que as diligências da penhora têm início.
31
Nomes, domicílios ou sedes e na medida do possível as profissões e locais de trabalho.
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Todos estes dados serão introduzidos diária e oficiosamente pela secretaria com base na
informação carreada pelo agente de execução, nuns casos, ou por constatação directa,
noutros, como é o caso, por exemplo, dos créditos reclamados.
Mas, casos há em que o registo não é oficiosamente efectuado pela secretaria, por
carecerem de despacho judicial. Referimo-nos concretamente aos processos de falência
(cfr. art.ºs 806.º, n.º 4-a) do CPC e 186.º, n.º 1 e 187.º, n.º 1 do CPEREF, com as
alterações produzidas pelo Dec. Lei n.º 38/2003) e às execuções do foro laboral que
sejam arquivadas por falta de bens penhoráveis.
1. Que o exequente desta última execução seja titular dum direito real de
garantia (que não seja privilégio creditório geral32) sobre algum bem
penhorado na primeira execução – art.º 832.º, n.º 4-a); e
35 Aprovada pelo Decreto-Lei n.º 398/98, de 17 de Dezembro; revista e republicada com a Lei n.º
15/2001, de 5 de Junho e alterada pela Lei n.º 16-A/2002, de 31 de Maio.
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E decorrido um ano após aquele 30.º dia o processo é concluso para ser
declarada a interrupção da instância nos termos do art.º 285.º.
Notificado o despacho às partes e ao agente de execução, o processo
considera-se findo para efeitos de arquivo (cfr. art.º 126.º, n.º 1-c) da Lei n.º 3/9936, de
13 de Janeiro.
Como já foi antes referido antes, o registo informático das execuções efectua-
se após a consulta prévia pelo agente de execução e o que se pretende dizer com o n.º 6
do art.º 832.º, conjugado com o art.º 806.º, n.º 2-c), é que a suspensão de instância que
acabámos de referir está sujeita a registo. Ou seja, a pedido do agente de execução
antes do início das diligências para a identificação e localização dos bens, a secretaria
regista a execução e no caso de se verificar a referida suspensão da instância, ela
constitui motivo para actualização dos dados respeitantes à execução na base de dados.
36
Com declaração de rectificação n.º 7/99, de 16 de Fevereiro; e alterada pelos seguintes diplomas: Lei
n.º 101/99, de 26-07; Dec. Lei n.º 323/2001, de 17/12 e Dec. Lei n.º 38/2003, de 8 de Março.
37
À parte a citação prévia, o momento da realização constitui uma excepção ao regime regra estabelecido
no n.º 1 do art.º 864.º, segundo o qual o executado é citado no momento da penhora ou, quando não esteja
presente, num dos cinco dias seguintes.
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Realização da penhora
38
O valor desta sanção é repartida equitativamente pelo exequente e pelo Estado (cfr. art.º 829.º-A, n.º 3
do Cód. Civil).
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No entanto, porque cada caso é um caso não é sensato qualificar-se esta leitura
como uma regra de precedências.
Estando em causa a cobrança de dívida com garantia real que onere certos
bens do executado, caberá ao agente de execução escolher os bens a penhorar, mas,
somente após a comprovada insuficiência dos bens dados em garantia – art.º 835.º, n.º 1.
Sendo penhorados bens que estejam na posse de terceiro (cfr. art.º 831.º), o
agente de execução deverá averiguar se tal facto advém de direito de retenção ou de
penhor e na afirmativa, consigna-o no auto de penhora e identifica o terceiro39, tendo em
vista a sua ulterior citação aquando da convocação dos credores (registados ou
conhecidos), nos termos do art.º 864.º, n.ºs 1 e 9.
Reforço ou substituição
39
Estas referências são feitas em “18 - Observações” do auto de penhora de modelo aprovado pela
Portaria n.º 700/2003, de 31 de Julho.
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O auto de penhora
Penhora de imóveis
40
O modelo aprovado serve para a penhora de imóveis (art.º 838.º, n.º 3), móveis (849.º e 851.º, n.º 1) e
estabelecimentos comerciais (art.º 862.º-A, n.º 1).
41
Art.º 204.º do Cód. Civil: 1 - São coisas imóveis os prédios rústicos e urbanos; as águas; as árvores, os
arbustos e os frutos naturais, enquanto estiverem ligados a solo; os direitos inerentes aos imóveis
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O registo da penhora é considerado acto urgente (cfr. art.ºs 838.º, n.º 5 do CPC
e 75.º, n.º 3 do CRP) e perde eficácia se o preparo devido não for pago pelo exequente
ou pelo agente de execução, dentro do prazo de 15 dias a contar da notificação do
exequente para o efeito realizada pela Conservatória – cfr. art.º 838.º, n.º 6 do CPC
conjugado com os art.ºs 69.º, n.º 1-f), 150.º e 151.º, todos do CRP e 8.º do Regulamento
Emolumentar dos Registos e Notariado, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 322-A/2001, de
14 de Dezembro, com as alterações introduzidas o Decreto-Lei n.º 194/2003, de 23 de
Agosto.
Nas execução por custas, multas e outras quantias liquidadas e nas execuções
em que o exequente seja entidade isenta de custas ou beneficie do apoio judiciário na
modalidade de dispensa total, o pagamento do preparo pode constituir um obstáculo ao
prosseguimento da acção executiva derivado da eventual indisponibilidade orçamental
da delegação do Cofre Geral dos Tribunais (junto do tribunal da execução), quiçá
ultrapassável através da dispensa do preparo por parte do conservador44.
mencionados nas alíneas anteriores; as partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos. 2 - Entende-se
por prédio rústico é uma parte delimitada do solo e as construções nele existentes que não tenham
autonomia económica e por prédio urbano qualquer edifício incorporado no solo, com os terrenos que
lhe sirvam de logradouro. 3 - É parte integrante toda a coisa móvel ligada materialmente ao prédio com
carácter de permanência.
42
Art.º 48.º, n.º 1 do Cód. Reg. Predial (com a redacção dada pelo Dec. Lei n.º 38/2003, de 8/3):”O
registo da penhora pode ser feito oficiosamente, com base em comunicação electrónica do agente de
execução, condicionada, sob pena de caducidade, ao pagamento do respectivo preparo, no prazo de 15
dias, após a notificação do exequente para o efeito; tem natureza urgente, importando a imediata feitura
das inscrições pendentes.”
43
Os “certificados” desapareceram com o Decreto-Lei n.º 49063, de 12 de Junho de 1969.
44
“Os conservadores e notários podem exigir, a título de preparo, o pagamento antecipado do custo
provável dos actos a praticar nos respectivos serviços” – art.º 8.º do Regulamento Emolumentar dos
Registos e Notariado.
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inscrição no registo, quer a título provisório ou definitivo (cfr. art.ºs 70.º, 92.º e 101.º do
CRP).
Depositário
Casos especiais:
O próprio executado, mediante o consentimento do exequente ou
quando o imóvel penhorado seja a sua casa de habitação – al.ª a);
O arrendatário em caso de imóvel arrendado. Sendo vários os
arrendatários, o agente de execução escolherá um a quem caberá,
também, cobrar as rendas e depositá-las numa instituição de crédito à
ordem do solicitador de execução ou da secretaria de execução nas
execuções em que o agente de execução seja oficial de justiça – al.ª b)
e n.º 2;
O retentor relativamente a bem penhorado que seja objecto de direito
de retenção derivado de incumprimento contratual judicialmente
verificado – al.ª c).
Deveres e direitos
Estabelece o art.º 843.º que ao depositário incumbem, além dos deveres gerais
de zelo definidos nos art.ºs 1187.º e seguintes do Código Civil, o dever de administrar
os bens e a obrigação de prestar contas (cfr. art.º 1023.º), podendo o agente de
execução/solicitador de execução socorrer-se de colaboradores para o auxiliarem no
desempenho do cargo, sob a sua responsabilidade (cfr. art.º 1198.º do Cód. Civil).
Incidente de remoção
O depositário que deixar de cumprir escrupulosamente os seus deveres pode
ser removido pelo juiz a requerimento do exequente, do executado, do cônjuge deste
(cfr. art.º 864.º-A), de qualquer credor reclamante ou até de terceiro que tiver deduzido
embargos de terceiro – cfr. art.º 845.º.
Esta remoção não se aplica ao depositário agente de execução/solicitador de
execução, sem prejuízo da possibilidade de poder ser destituído nos termos previstos no
n.º 4 do art.º 808.º.
Apresentado e junto o requerimento ao processo executivo, o depositário é
oficiosamente notificado pela secretaria para responder no prazo de 10 dias, após o que
é processo concluso ao juiz para prosseguimento dos trâmites normais dos incidentes de
instância regulados nos art.ºs 302.º a 304.º.
Levantamento da penhora
Além dos casos previstos nos art.ºs 832.º, 833.º, tal como quando proceda a
oposição à execução (cfr. art.º 863.º-B, n.º 4), a penhora pode ser levantada a
requerimento do executado com fundamento na inércia negligente do exequente
causadora da paragem da execução durante seis meses, paragem essa que não é
quebrada pelos procedimentos atinentes à contagem do processo nos termos do art.º
51.º, n.º 2-b) do CCJ e aos pagamentos das custas (cfr. art.º 847.º n.ºs 1 e 2).
Também qualquer credor reclamante, a partir do termo do primeiro trimestre
decorrido após o início da imobilidade do exequente, pode praticar o acto deixado de
praticar pelo exequente promovendo assim o andamento do processo relativamente aos
bens sobre os quais o credor detenha garantia real (cfr. art.º 920.º, n.º 3) até que o
exequente retome a prática normal dos actos subsequentes – cfr. art.º 847.º, n.º 3.
Penhora de móveis
O auto de penhora
45
Os bens removidos para depósitos públicos são lá vendidos – cfr. art.º 907.º-A
46
O modelo aprovado serve para a penhora de imóveis (art.º 838.º, n.º 3), móveis (849.º e 851.º, n.º 1) e
estabelecimentos comerciais (art.º 862.º-A, n.º 1).
47
Depositário
Além dos deveres gerais estabelecidos nos art.ºs 1187.º e seguintes do Cód.
Civil, o depositário de bens móveis fica obrigado a mostrá-los a qualquer pessoa,
quando tal lhe for ordenado – cfr. art.º 854.º, n.º 1. Se não o fizer dentro do prazo de 5
dias nem justificar as razões da falta, o agente de execução dará conhecimento do facto
ao juiz com o fito de ser decretado arresto em bens do depositário faltoso para garantia
do valor do depósito (valor atribuído no auto de penhora aos bens em causa), as custas e
as despesas, arresto que será levantado logo que os bens sejam apresentados ou que
sejam pagos os valores atrás referidos, sendo as custas calculadas de imediato.
48
Mantidos em vigor pelo art.º 9.º do Decreto-Lei n.º 287/93, de 20 de Agosto,
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Navios
Tratando-se de navio despacho para viagem, a comunicação electrónica é
enviada à conservatória do registo comercial, atento o disposto nos art.ºs 2.º e 4.º-f) do
Dec. Lei n.º 42644, de 14 de Novembro49, diploma mantido em vigor pelo art.º 5.º do
Dec. Lei n.º 403/86, de 3 de Dezembro,
Nos termos do n.º 2 do art.º 830.º, o navio considera-se despachado para
viagem logo que esteja em poder do respectivo capitão o desembaraço passado pela
capitania do porto.
49
O art.º 5.º do Dec. Lei n.º 403/86, de 3/12, que aprovou o Código do Registo Comercial, manteve em
vigor o diploma em anotação.
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Aeronaves
Tratando-se de aeronave, a comunicação electrónica é dirigida ao Instituto
Nacional de Aviação Civil, que é a entidade competente para o registo nos termos do
art.º 6.º, al.ª i) do Dec. Lei n.º 133/98, de 15 de Maio, com as alterações introduzidas
pelo Dec. Lei n.º 145/2002, de 21 de Maio, seguida de notificação à entidade
responsável pelo controlo das operações onde ela se encontrar estacionada, com a dupla
finalidade de comunicar a penhora e para proceder à apreensão dos respectivos
documentos.
Veículos automóveis
Penhora de direitos
Penhora de créditos
como é sabido, começa pela via postal e vai até ao contacto pessoal por solicitador de
execução ou oficial de justiça, consoante o caso (cfr. art.ºs 233.º, n.ºs 2 e 4 e 808.º, n.º
1).
Este devedor (terceiro) é assim notificado de que o crédito do executado fica à
ordem do agente de execução e que dispõe dum prazo de 10 dias (prorrogável com
fundamento justificado) para declarar se o crédito existe ou não e, na afirmativa, quais
as garantias que o acompanham, em que data se vence e quaisquer outras circunstâncias
que possam interessar à execução – cfr. art.º 865.º, n.ºs 1 e 2 -, sendo advertido nos
termos e para os efeitos dos art.ºs 856.º, n.ºs 3 e 4 e 860.º, n.º 4.
Sendo a notificação feita por contacto pessoal, o notificando pode prestar as
declarações no próprio acto, as quais serão transcritas na certidão pelo agente de
execução.
Estando o crédito garantido por penhor de coisas (cfr. art.ºs 669.º e seguintes
do Cód. Civil), faz-se a apreensão dos próprios bens empenhados nos termos da penhora
de bens móveis. Tratando-se de penhor de direitos (cfr. art.ºs 679.º e seguintes do CC),
são os direitos transferidos para a execução por via da notificação das notificações aos
terceiros, nos termos da penhora de direitos.
Se o crédito estiver garantia por hipoteca, a penhora será registada por
averbamento à respectiva inscrição – cfr. art.ºs 856.º, n.º 6 do CPC; 2.º, n.º 1-o) e 101.º,
n.º 1-a), ambos do Código do Registo Predial.
50
“Diz-se litigioso o direito que tiver sido contestado em juízo contencioso, ainda que arbitral, por
qualquer interessado” – cfr. n.º 3 do art.º 579.º do Código Civil.
Exemplo:
Se o executado tiver adquirido um veículo automóvel
a prestações, com reserva de propriedade (cfr. art.º 934.º
do CC), o agente de execução procede à penhora da
seguinte forma:
Notifica o vendedor que o direito do executado
sobre o automóvel51 fica à ordem do agente de
execução, e tudo o mais prescrito no art.º 856.º, com
as necessárias adaptações;
Apreende52 o veículo automóvel (e os
documentos) nos termos do art.º 851.º, o qual deverá
estar na posse do executado, e se necessário remove-
o e confia-o a depositário por si designado;
E atendendo a que uma das principais finalidades
do registo é publicitar a situação jurídica dos bens e
uma vez que o veículo automóvel é bem móvel
sujeito a registo, também a penhora de um direito
sobre ele deve ser registada na competente
conservatória do registo automóvel.
51
O direito do executado consiste grosso modo na aquisição da propriedade do veículo depois de o pagar
integralmente ao vendedor ou
52
Não se confunda esta apreensão com a penhora, porque o bem pertence a terceiro pessoa.
53
Cfr. penhora de imóveis e móveis sujeitos a registo – art.ºs 838.º e 851.º.
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Nas execuções em que não haja lugar a despacho liminar, pode revelar-se
prematuro fazer o processo concluso imediatamente após a autuação do requerimento
executivo em face do que pode resultar da consulta prévia nos termos do art.º 832.º (cfr.
n.ºs 3 e 4).
Nas execuções em que agente de execução for oficial de justiça, será através do
H@bilus que estas comunicações se vão processar (envio resposta) bastando ao
54
O valor dos descontos mensais está sujeito aos limites do art.º 824.º.
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Custos
Para cada instituição notificada estão fixadas no art.º 32.º do Código das Custas
Judiciais (na redacção dada pelo art.º 18.º do Dec. Lei n.º 38/2003, de 8 de Março) as remunerações
a seguir indicadas, as quais entram em regra de custas a título de encargos (cfr. art.º
861.º-A, n.º 10):
Nas comunicações electrónicas:
1/10 UC, quando sejam apreendidos saldos de conta
bancária ou valores mobiliários existentes em nome do
executado;
1/20 UC, quando não haja saldo ou valores em nome do
executado;
Nas comunicações normais (não electrónicas)
O dobro dos valores acima indicados.
Penhora de
quinhão autónomo
direito a bem indiviso não sujeito a registo
direito real de habitação periódica
outro direito real cujo objecto não deva ser apreendido55
quota em sociedade
Comecemos por recordar as restrições à penhora dos próprios bens que integram a
universalidade do património autónomo ou bem indiviso estabelecidas no art.º 826.º.
55
Exemplo: penhora da nua propriedade em fracção autónoma.
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Civil), se o houver, e aos contitulares, com expressa advertência de que o direito fica
penhorado à ordem do agente de execução, desde a data da primeira notificação
efectuada a qualquer deles (administrador ou contitulares).
PAGAMENTOS
Findo o prazo para a reclamação de créditos (cfr. art.º 865º, n.º 2) a execução
prossegue, independentemente do prosseguimento do apenso da verificação e graduação
de créditos, com as necessárias diligências para a realização do pagamento, mas só
depois de findo o prazo para a sua reclamação (cfr. art.º 873º, n.º 1), com a excepção da
consignação de rendimentos, que pode ser requerida pelo exequente e deferida logo a
seguir à penhora.
Pagamentos
O pagamento pode efectuar-se numa das seguintes modalidades (cfr. art.º 872º):
O requerente deve indicar o preço que oferece, não podendo a oferta ser inferior a
70% do valor base dos bens (cfr. art.º 889º, n.º2). Deve ainda juntar ao requerimento da
proposta, um cheque visado à ordem da execução ou do solicitador de execução,
consoante o agente executivo seja funcionário de justiça ou não, no montante de 20% do
valor base dos bens, ou garantia bancária do mesmo valor (cfr. art.º 897º, n.º 1).
Requerida a adjudicação, será designado dia e hora para abertura das propostas de
preço superior ao oferecido, notificando-se os preferentes, executado e credores
reclamantes, se os houver.
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MODALIDADES DE VENDA
– ART.º S 886º E SEGS. -
O art.º 886º, n.º 1 prevê quais as modalidades que a venda pode revestir. Assim,
pode consistir:
Quando não esteja prevista na lei, cabe ao agente de execução a escolha depois
de ouvidos os interessados (cfr. art.º 886º - A) devendo esta decisão ter como
objecto as seguintes questões:
a) modalidade da venda;
Após decisão da venda por proposta em carta fechada, o agente de execução vai
dar publicidade a este acto, através de editais e anúncios e inclusão na página
informática da secretaria de execução (cfr. art.º 890º, n.º 1).
O valor a anunciar para a venda é de 70% do valor base dos bens (cfr. art.º 889º,
n.º 2)
Designado dia e hora para abertura de propostas pelo agente de execução, após
prévia consulta ao magistrado judicial, é feita pelo mesmo a publicidade da venda
através de editais, anúncios e inclusão na página informática da secretaria de execução
(cfr. art.º 890º, n.1).
Os anúncios a publicar igualmente pelo agente de execução (cfr. art.º 808º, n.º 1)
são publicados com igual antecipação, em dois números seguidos de um dos jornais
mais lidos da localidade da situação dos bens ou, se na localidade não houver periódicos
ou este se publicar menos de uma vez por semana, de um dos jornais que nela sejam
mais lidos, salvo se o agente de execução, em qualquer dos casos, os achar
dispensáveis, atento ao diminuto valor dos bens (cfr. art.º 890º, n.º 3).
Os bens a vender devem ser mostrados pelo depositário designado (cfr. art.º 839º)
a quem os queira examinar (cfr. art.º 891º).
Se o preço mais elevado for oferecido por mais de um proponente, abre-se logo
licitação entre eles, salvo se declararem que pretendem adquirir os bens em
compropriedade (cfr. art.º 893º, n.º 2).
Após abertura das propostas da licitação ou do sorteio a que haja lugar, são as
mesmas apreciadas pelo exequente, executado e credores que hajam comparecido. Se
nenhum estiver presente, considera-se aceite a proposta de maior valor (cfr.- art.º 894º,
n.º 1).
Caso se apresente mais de uma pessoa com igual direito de preferência, abre-se
licitação entre elas, sendo aceite o lance de maior valor (cfr. n.º 2 do art.º 896º).
A venda por negociação particular prevista no art.º 904º, pode surgir nas seguintes
situações:
a) quando o exequente propõe um comprador ou um preço, e após ouvidos o
executado e demais credores é aceite;
Esta venda é efectuada por uma pessoa especialmente designada para o efeito,
podendo ser nomeado o solicitador de execução por acordo de todos os credores e sem
oposição do executado, ou, na falta de acordo ou oposição, por determinação do juiz.
Para a venda de imóveis é preferencialmente designado um mediador oficial (cfr. art.º
905º, n.º s 1 a 3).
O preço oferecido deve ser imediatamente pago na sua totalidade antes de lavrado
o instrumento da venda (cfr. art.º 900º, n.º 1).
Direito de remissão
especial de preferência (cfr. art.º 912º). Este direito de remissão prevalece sobre o
direito de preferência (cfr. art.º 914º, n. 1).
Extinção da execução
Nota:
Perante a nova redacção dada pelo Dec. Lei n.º
38/2003, afigura-se-nos que a extinção da acção
executiva não carece da habitual sentença, sem prejuízo
do controlo processual poder ser exercido pelo juiz
aquando da correição.
A execução extinta pode renovar-se nas situações previstas no art.º 901º, n.º s 1 e
2 a requerimento do exequente, quando o título tenha um trato sucessivo, isto é, para
cobrança de prestações vincendas, ou por qualquer credor, cujo crédito esteja vencido,
podendo este, no prazo de 10 dias a contar da data em que declare extinta a execução,
requerer o prosseguimento da mesma, para pagamento do seu crédito, o qual vai
assumir a posição de exequente.
Pode ainda a execução extinta renovar-se nos termos do art.º 901º, por iniciativa
do adquirente dos bens penhorados, quando a posse efectiva dos mesmos seja
dificultada pelo detentor.
Este tipo de execução tem lugar sempre que o título executivo tenha por fim a
entrega de uma coisa (objecto da obrigação). Não se traduz na execução do património
do devedor para garantia e satisfação dos direitos do credor, mas sim numa obrigação de
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entrega de coisa certa, ainda que esta não exista ou não venha a ser encontrada, podendo
neste caso haver uma conversão deste tipo de execução.
O executado pode deduzir oposição pelos motivos especificados dos art.º s 814º,
815º e 816º, na parte aplicável, e com fundamento em benfeitorias a que tenha direito
(cfr. art.º 929º, n.º 1) devendo concluir com um pedido líquido (cfr. art.º 805º).
Utiliza-se este tipo de execução, quando o título é uma prestação de facto que
pode ter a natureza positiva ou negativa (cfr. art.º s 828º e 829º do C.C.).
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Sendo o facto infungível, não é possível obter de terceiro a sua prestação (como
acontece quando um pintor de renome é contratado para retratar determinada pessoa. Se
por qualquer motivo não poder efectuar o retrato, o lesado só pode ser ressarcido por um
equivalente pecuniário, uma vez que o devedor numa situação destas é insubstituível).
Se for facto fungível é possível ser praticado pelo devedor ou por terceiro, caso
seja indiferente ao credor que seja efectuado por um ou por outro.
Pode distinguir-se entre prestação de facto positivo sujeito a prazo (cfr. art.º s
933º a 938º), de facto positivo não sujeito a prazo (cfr. art.º s939º e 940º) e de facto
negativo (cfr. art.º s 941º e 942º).
Se o prazo não estiver fixado, o exequente indica o prazo que reputa suficiente,
sendo o executado citado para, em 20 dias, dizer o que tiver por conveniente (cfr. art.º
939º, n.º 1) sob pena de fixação judicial de prazo.
O executado pode deduzir oposição à execução e dizer o que se lhe ofereça sobre
o prazo indicado pelo exequente (cfr. art.º 939º, n.º 2).
Fixado o prazo pelo juiz, seguem-se os termos referidos para a prestação de facto
sujeito a prazo, com as necessárias adaptações (cfr. art.º 940º).
Facto negativo:
O executado está obrigado a não praticar certo facto e, apesar disso, praticou esse
mesmo facto, desrespeitando o compromisso.
Se o executado tiver praticado um facto que não devesse, o exequente pode, se for
o caso, à custa do património do devedor, pedir a demolição da obra que tenha sido
ilicitamente efectuada e uma indemnização compensatória pelo prejuízo (cfr. art.º 941º,
n.º 1).
C.F.O.J.
Agosto/2003