Cabra Marcado Pra Morrer é um documentário de Eduardo Coutinho, terminado
em 1984. Ele narra a trajetória da liga camponesa de Sapé, e os fatos e acontecimentos que interligaram o grupo de filmagens que estavam produzindo um filme em 1964. “Cabra Marcado Pra Morrer” era originalmente uma película que retratava as péssimas condições de trabalho dos camponeses e a luta da Liga Camponesa de Sape e seu líder João Pedro Teixeira. Os antigos integrantes da Liga relatam que eles chegavam ao limite de, quando alguém da fazenda falecia, eles pediam um caixão emprestado para a prefeitura, usavam-no para a cerimonia e depois devolviam o caixão. A trajetória de João Pedro (líder da Liga), fora retratada no filme em produção, ele dedicou-se a organizar a Liga Camponesa de Sape em 1958, lutou passivamente. Por essas e outras razões as filmagens dedicavam-se a vida de João Pedro, entretanto em 1962, João Pedro fora assassinado por ser considerado líder comunista da Liga. Após esses fatos a própria equipe de filmagens fora perseguida, junto com os outros integrantes da filmagem, que eram os próprios camponeses e membros da Liga. Vários matérias de filmagens foram aprendidos, restando apenas algumas cenas da película original, quem mais aparecera nessas filmagens sobreviventes era Elizabeth Teixeira, viúva de João Pedro. Ela foi perseguida por toda a sua vida a partir da morte de seu marido, tivera que mudar seu nome para Marta e tivera que exilar-se em outras cidades sem a presença de seus 11 filhos, apenas um fora com a mãe. O documentário produzido por Coutinho, passa a retratar a vida de Elizabeth e sua busca de recontro com seus filhos e amigos. Dessa forma, o filme bifurca-se em três vertentes. A primeira sendo o intuito original do filme de retratar a vida de João Pedro Teixeira, mas que infelizmente fora interrompido por sua morte em 1962. Depois o documentário feito em 1984 (resultado final dessa junção de documentário e as cenas do filme de 1962) entrevista e resgata a história por meio dos outros integrantes da antiga Liga, cada um a seu modo de contar, resgata a história de João Pedro e suas próprias histórias. O grupo vai ao encontro de Elizabeth que estava ainda vivendo sobre o nome de Marta, ela se emociona a encontrar a equipe de filmagem após 17 anos e ela começa relatar sua vida de luta e refúgio. A equipe então passa a buscar os filhos de Elisabeth que ainda estão separados de sua mãe, eles filmam as emoções, resgatando os seus relatos. A educação é retratada de diferentes formas no documentário, primeiramente a iniciativa de produzir as filmagens partiu de um grupo de estudantes, eles estavam percorrendo o país retratando cenas para promover a reforma universitária, era 1962, dos anos do período mais assombroso da Ditadura Militar. Eduardo Coutinho era membro do CPC (Centro Popular de Cultura) e estava envolvido nessa iniciativa dos estudantes. Dessa forma, vale ressaltar a importância dessa iniciativa estudantil, se não fosse por esse movimento, a história do assassinado e perseguição de João Pedro e dos outros membros não teria sido retratada da forma que fora, Outra relação educacional fora nas próprias reivindicações dos camponeses, que clamavam por uma educação acessível para seus filhos, a própria Elisabeth fora professora nesse período de reclusão que tivera, ela continuou como educadora desde então.