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Michael Welker, O Espírito de Deus – Teologia do Espírito Santo (Rio Grande do

Sul: Editora Sinodal) 300 pp.

A Obra: “O Espírito de Deus” de Michael Welker constitui-se uma excelente opção de


estudo para aqueles que buscam um aprofundamento na Teologia Sistemática,
especialmente na Pneumatologia.

O livro é dividido em cinco partes, e, embora o autor estabeleça um raciocínio coerente


no conjunto da obra, as divisões possibilitam um olhar específico a determinados pontos
da Doutrina do Espírito Santo.

Na primeira parte observa-se um olhar crítico no atual momento, constatando a presença


animadora (δυναμις) do Espírito Santo em diversos fenômenos sociais. Mesmo sem
ignorar a negação que se faz da legitimidade de tais fenômenos na mentalidade
moderna, o autor a confronta apresentando argumentos sólidos e incontestáveis. É
importante ressaltar que, apesar da iniciativa de ostentar a veracidade da ação do
Espírito, a obra põe-se criticamente oposta a uma percepção metafísica e
demasiadamente abstrata.
Na segunda parte, Welker enfatiza a contemporaneidade da manifestação do Espírito
Santo, a partir de uma fundamentação histórica que constata experiências, que, embora
tais não obedeçam a um rigor metodológico que padroniza, a forma difusa em que se dá,
só reafirma ainda mais a ação do Espírito que, como um vento exerce absoluta
autonomia na forma como se revela.
Na terceira parte, o olhar de Welker volta-se ao poder do Espírito que capacitou Jesus
no desempenho do seu ministério. Percebe-se claramente o cuidado de enfatizar a forma
concreta em que o Espírito atua em Jesus, e posteriormente exerce o protagonismo na
ação evangelística dos seus seguidores.
Em seguida, o autor aborda acerca do derramamento do Espírito Santo, salientando sua
ação libertadora e vitoriosa sobre o mundo. Neste ponto destaca-se o fenômeno do
Pentecostes e a reverberação do marco inicial da Igreja Cristã.
Por último, Welker destaca a Pessoa pública do Espírito Santo, propondo uma
superação das concepções metafísicas dominante no pensamento de Aristóteles e Hegel.
A proposta fundamental na última parte da obra é uma pneumatologia solidária a
condição humana, reinterpretada a partir dos desdobramentos da história sem perder
vínculos com os princípios atemporais.
A crítica que se faz da obra reside nas questões epistemológicas relacionadas à
hermenêutica existencial claramente aplicada a Pessoa do Espírito Santo. Embora faça-
se necessário uma revisão nos conceitos metafísicos e totalizantes formulados na
elaboração dos dogmas, deve-se atentar para este esforço não ocasionar uma total
desvinculação da tradição cristã.
Obviamente nenhuma crítica obscurece a relevância da Obra que torna-se uma leitura
recomendável a todos que pretendem estudar com profundidade acerca da doutrina do
Espírito Santo.

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