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14) Quando eu compreendo que minha verdadeira natureza está em tudo, tudo serve
para iluminar minha consciência com o arco de enrgia que flui da compreensão de
que tudo é minha consciência, e de que minha consciência é o vazio fundamental.
Com uma biografia que lembra a vida e as viagens de Gurdjieff, Oscar Ichazo é de
fato um homem notável. Apesar de sua pequena estatura e aparência frágil, ele é
um intelecto dinâmico, um visionário de uma força especialmente importante.
Sera a iluminação algo indefinido, ocasional, uma graça pela qual devemos rezar,
ou é algo que pode ser programado, trabalhado, quase como um projeto de
engenharia? Oscar reinvindica esta última colocação, e há dez anos (agora são 29
anos) fundou o Instituto Arica para prová-lo.
Oscar Ichazo (OI): Quando eu tinha seis anos de idade, eu começei a ter sérios
ataques periódicos de catalepsia. A cada dois ou três dias, à hora de dormir, eu
ficava muito rígido e muito assustado. Isso continuou por muitos anos. De início
eu fiquei mortalmente assustado, mas depois do pânico eu me tornei cínico, e
após o cinismo eu passei a pensar "E daí?" Eu estava vivendo minha vida morrendo
a cada dia, e isto continuou por muitos anos. Isso me deixava numa situação
muito estranha. Eu estava sempre meio esquisito, e não me sentia feliz. Eu me
sentia torturado, e a única forma que eu achei para descarregar minha
preocupação foi tentar descobrir acerca da minha doença lendo tudo o que eu
podia. Eu fiz um estudo realmente profissional até que eu finalmente cheguei à
conclusão de que não se sabia nada sobre o que eu tinha. Eu me lembro como
fiquei indignado. Durante meses eu me senti furioso.
JM: Quando foi que você conseguiu encontrar algo que lhe ajudou nesse seu
objetivo de ficar bom e entender o que havia de errado com você?
JM: Com seu cinismo, o que é que fez você acreditar que o tratamento deles iria
funcionar, e deu certo a cura?
OI: Bem, a princípio tudo o que eles me indicaram para fazer funcionou de uma
maneira curiosa. Eu era muito realista e cínico naquele tempo. Eu não acreditava
em Deus, idolatria ou misticismo. Para mim, eu estava empenhado em uma pesquisa
científica, e eu pensava que talvez eles teriam remédios que as pessoas
precisavam conhecer. Nada mais do que isso. Eu não estava pensando em nada
místico, mas a ayahuasca me deu a sintonia e o faro de que havia algo mais. Mais
de uma vez nessas experiências com ayahuasca eu fui transportado para fora do
corpo. Pareceu uma experiência real, embora eu pudesse ter sonhado: eu não vou
afirmar nada.
JM: Quando você teve essas experiências fora do corpo, nas montanhas, você viu
ou sentiu alguma coisa da qual você se lembrou em seu estado normal?
OI: Sim. Isso me ensinou muitas coisas diferentes, mas a mais importante foi que
tudo no universo é realmente uma coisa só. Havia uma perfeita unidade que tinha
graus de manifestação, com seres humanos no topo, sem dúvida. Foi tremendo
perceber a unidade da matéria, que em matemática moderna é explicada apenas
intelectualmente, não como uma experiência vital.
OI: Bem, uma coisa leva a outra. Eu já estava praticando Yoga e também mexia com
hipnose. Eu tinha pesquisado no que chamamos de grupo "banana" que estudavam
feitiçaria e espiritualismo, do Ocidente e dos índios. Eu tinha também estudado
Teosofia e Filosofia Hindu. Com dezenove anos eu já tinha passado por tudo isso
e tive a boa sorte de encontrar um homem mais velho que se interessou por mim,
se bem que na época eu não soube porque. Estávamos em 1950 e esse homem me
convidou a ir a Buenos Aires, onde eu estive envolvido com um grupo de místicos,
muitos dos quais tinham já setenta oi oitenta anos quando eu os conheci. A maior
parte do tempo eu apenas observava e era muito cuidadoso para ficar quieto. Eu
servia café para eles e continuei minha amizade com muitos deles até eles
morrerem.
JM: Então foi aí que você teve a sua primeira verdadeira experiência do
autêntico misticismo Ocidental e Oriental?
OI: Sim, eu conheci alguns swamis que apareceram por lá e deram iniciações. Eu
vi todos os tipos possíveis de Yoga. Fizemos muito Tantra, tanto Indiano como
Tibetano. Depois, eu repeti estes estudos no Oriente, mas lá eu obtive a base de
tudo. Era basicamente Kriya Yoga e muita Kabbala. Qualquer coisa que eles
falassem eu fazia, e às vezes, quando eles tinham tempo, eles me ensinavam
alguma coisa e eu aprendia muito rápido.
JM: Isto deve ter sido uma experiência extraordinária. Uma casa onde passaram
muitos professores espirituais para passar adiante seu conhecimento. Você era o
único estudante?
OI: Bem, eles não me viam como estudante. A idéia destas pessoas com
Conhecimento deve ter se originado de alguma forma por Gurdjieff, mas isto foi
apenas insinuado, ao invés de dito.
OI: Nenhum deles era sul-americano. Eles eram da Europa e do Oriente Médio.
JM: Aonde o levaram suas viagens depois de sua associação com os professores em
Buenos Aires? Para o Oriente?
OI: Eu fui para Santiago e organizei grupos lá em 1956, 1958 e 1960. Durante
cada um destes grupos eu viajei para o Oriente.
OI: Não, sòzinho. Foi um período difícil, porque eu estava exilado de meu país
por questões políticas. Eles não me queriam lá e era difícil viajar, embora eu
conseguisse arranjar um passaporte e viajar de qualquer jeito.
JM: Na sua primeira viagem, você estudou Sufismo. Poderia contar-nos sobre isto?
OI: Sim, de mulas, e realmente (foi) perigoso. Quando você é jovem você faz
estas coisas.
JM: Você foi mais para o Oriente?
OI: Na minha terceira viagem eu fui a Hong Kong, que era um lugar muito
importante para mim, porque eu realmente queria adquirir maestria dos clássicos
chineses. Já que eu não podia entrar no interior da China, o lugar mais próximo
era Hong Kong, e eu realmente aprendi muito mais do que eu tinha resolvido
aprender. Eu me envolvi profundamente com as culturas Muçulmana, Indiana,
Japonesa e Chinesa. Eu já tinha raízes muito profundas nestes aspectos, porque
eu tinha praticado artes marciais desde a idade de nove anos com Sensai Kentara
Ohara, um autêntico samurai. E eu tinha praticado Zazen e Hatha Yoga.
JM: Quando você voltou do Oriente, você passou alguns anos processando o que
você aprendeu. Você pode falar sobre isso?
JM: Isso que você está descrevendo é o que você chamou de "coma divino"?
OI: É normalmente conhecido como coma, mas também foi um estado de êxtase. Meu
corpo estava num estado muito suave de sono, mas eu não estava dormindo - eu
estava completamente consciente. Todas as funções de meu corpo diminuíram tão
intensamente que, por alguns momentos eu perdi a realidade de que estava vivo.
Eu tive a experiência de estar vivendo não apenas esta realidade, mas também
outras realidades ao mesmo tempo. Eu tinha muitas visões, uma após outra, que,
enquanto eu estav naquele estado, faziam tremendo sentido, mas quando eu saí
dele eu começei a ter minhas dúvidas.
OI: Oh, definitivamente. Mas, você sabe, a Iluminação é uma coisa que também tem
graus internos. Não é algo que você consegue tudo de uma vez. A primeira
Iluminação é estar completamente consciente que todo o jogo da vida é a
consciência. Isto é Kensho - quando você percebe que a consciência é a coisa a
focalizar, não a mente. Enquanto a mente se compõe de pensamentos, emoções,
sensações, a consciência não tem componente algum. Nossa consciência é a fonte
de nossa mente. Se nossa consciência não está clara ou está sofrendo, nossa
mente não vai estar clara e vai estar sofrendo. Nós não controlamos nossa ment
até que nossa consciência esteja clara.
OI: Vamos colocar o assunto desta forma: Nossa inteira manifestação não é nada
mais que consciência. Nosso corpo é uma manifestação desta consciência, e pode
sofrer; nossas emoções são uma manifestação dessa cosnciência e podem sofrer;
nossa mente é uma manifestação dessa cosnciência, e pode sofrer. Se esta
consciência não está liberada, ela sofre. Gurdjieff disse que ao invés de ajudar
a você próprio, tente ajudar a Deus. Isso parece estranho - como e que alguém
vai ajudar a Deus? Entretanto, a idéia central que Gurdjieff estava comunicando
era que a parte de Deus que existe em nós está sofrendo, e se nós paramos de
sofrer, nós verdadeiramente ajudamos a Deus. Se tudo é uma emanação de Deus, tem
que retornar à Fonte. Toda a criação e a vida humana é realmente aquele esforço
desde a benção de Deus em Sua criação até retornar a Si próprio.
JM: Como voc6e descreve ou define o que você compreende por Deus?
OI: É impossível dar qualidade a Deus ou defini-Lo. Suponha que você fala com um
Budista. Ele dirá que Deus não existe, mas há sutilezas aqui. O que ele
realmente quer dizer é que Deus está além da existência, e que "além da
existência" não pode ser qualificado, porque nós não sabemos o que é. Nós nunca
saberemos. Se uma pessoa vê as manifestações do Divino, ele óbviamente tem a
experiência destas manifestações, então ele tem a segurança da existência de
Deus. Com aquele termo inqualificado que nós não temos para ele, nós apenas
sabemos que "Deus é". O que nós temos de Deus é só o resultado. não Ele próprio.
Nós nunca O teremos. Isto é porque a criação só tem um Criador, e o Criador só
tem essa própria qualidade. Se ele tivesse qualquer outra qualidade Ele não
seria o Criador - Ele seria criatura. Você sabe, eu sempre rio muito, com todo o
devido respeito, quando eu vejo pessoas místicas conversando a respeito. É como
Gurdjieff costumava dizer: "É como tentar pôr o vazio dentro do vácuo".
JM: Depois dessa experiência extraordinária, você continuou a tê-las? Você tem a
sensação de que sua Iluminação se aprofunda com o tempo?
OI: Aquela foi para mim a experiência máxima. Uma coisa é você estar naquele
momento de pura luz, e outra, muito diferente, quando você "desce" e se vê a si
próprio. Na época, eu pensei que iria ser um homem muito feliz, apenas vivendo
minha experiência e escrevendo livros. Eu achei que eu tinha tudo em ordem.
Porém, no final da experiência, houve uma sensação de que eu tinha o dever de
ensinar tudo aquilo, e eu honestamente não gostei da idéia.
JM: As técnicas que você ensina são tão variadas quanto seus ascendentes. Você
encontrou a base para o treinamento "As Nove Formas de Zhikr" estudando com as
seitas sufis no Oriente?
OI: Eu tinha estado trabalhando com diferentes tipos de Zhikr, muito antes de eu
ir para o Oriente. O tipo de Zhikr Arica é muito mais potente que o tipo de
Zhikr feito pelas seitas sufis, porque ele inclui todas as nove maneiras de
fazer Zhikr. O tipo mais potente de Zhikr pode levá-lo a um estado de êxtase no
qual você perde a sensação de si próprio como um ser separado, e se funde no
universal. É o momento quando você faz a conexão com o Divino. É necessário ter
um guia que realmente conhece a técnica a fundo; de outra forma é muito confuso
e pode ser até perigoso. "O Caminho" começa para uma pessoa no momento que a
pessoa se torna consciente que ela está morrendo. A vida normal é aquela que se
esgota a si mesma, e é como morrer sem perceber. Jesus disse claramente que se
você quer ganhar sua vida você vai perdê-la, e se você perde a sua vida você a
ganha. O verdadeiro caminho é viver uma vida totalmente normal, ao mesmo tempo
que você está vivendo uma vida Divina. Isto é, consagrando cada ato que você faz
de modo que você não está fazendo para si próprio, mas você está fazendo com uma
finalidade a mais, que vai além de você, transcende a você. Aí vai ter um valor
real. Indo além de nós mesmos nós podemos desenvolver estruturas internas. Nós
não podemos fazer isso se primeiro nós não estamos claros em relação ao nosso
próprio corpo físico, e como ele funciona. Nosso corpo físico está estruturado
para atender as nossas necessidades externas, não necessidades internas. Então,
as necessidades internas são uma coisa pela qual temos que trabalhar.
OI: As pessoas em geral estão preocupadas com o mundo externo. Elas nem imaginam
que um mundo interno existe. A mente delas se ocupa de tratar dos objetivos
externos, e nunca atendendo aos objetivos internos, que são aqueles que vão
ficar com elas. Felicidade é uma coisa que não existe no nível físico. As
pessoas são simplesmente consumidas pelas coisas. O que nós chamamos de diversão
é apenas isso: sentar em frente da televisão e ter sua energia sugada de tal
forma que voc6e pensa estar vivendo. Na realidade você está é literalmente
morrendo. Todos os caminhos que dizem que espiritualidade é tornar-se você mesmo
e sintonizar-se com você próprio são um engano total, porque isso é como
encerrar-se dentro de uma concha. Você está se separando da energia universal.
OI: Se nós começamos a pensar que nós somos a causa de nosso mundo, nós estamos
totalmente enganados, já que nós não criamos nada - nem mesmo nossos sonhos. Nós
temos que conter nossos desejos egoístas. Ao invés de servir a nós próprios, nós
precisamos começar a viver aquilo que é mais alto em nós, do qual viemos, pois
todos nós viemos da Humanidade.Nós devemos tudo à Humanidade. Se nós seriamente
achamos que nós somos o centro, estamos sendo egoístas. Na tradição mística,
isto é chamado de Satan. Satan é aquilo que renega o caminho interior em nós. É
importante não ser tentado por nosso próprio demônio, nosso ego. Nosso ego é
simplesmente o espectro completo de nossas carências. Tentando preencher essas
carências, nós perdemos a nossa vida. Se nós percebemos que essas carências, na
realidade não existem, e são apenas parte de um processo pessoal, nós podemos ir
além dessas carências e tornar-nos integrados com nós mesmos. Aí então nós
podemos ser úteis para a evolução comum.
OI: A primeira coisa é saber como a sua psique trabalha. Aí você pode
comandar-se a si próprio e dirigir-se para onde quer que você deseje. Seus
esforços só tem valor se eles tem a necessária energia por trás deles. Você pode
fazer mil esforços e eles não dão nenhum resultado. Por outro lado, é possível
fazer apenas um esforço com a necessária energia e ele o afetará
permanentemente. É uma questão de conhecimento. É porisso que a verdadeira
transmissão é muito importante em todas as tradições. Eu recebi muitas
transmissões de nível top, e somado a isso eu elaborei um sistema diferente. Eu
sou as raízes de uma nova tradição, ou um novo caminho, o qual em essência veio
como uma consequência de outros caminhos, mas que é também diferente, porque tem
elementos diferentes, explicações mais exatas de nossa psique. Nunca antes a
psique humana foi descrita usando os métodos que eu proponho. Nunca antes foi
possível desenvolver quase que um projeto de engenharia para atingir seu próprio
caminho. Esses termos "projeto de engenharia"podem ser repulsivos para alguém
que seja místico, porque em misticismo as coisas que estão de acordo com a razão
não são simplesmente inaceitáveis, mas parecem contraditórios. Isto é porque até
agora não existia uma lógica que pudesse captar a unidade, e assim a razão foi
considerada oposta ao caminho espiritual. Se nós temos uma lógica com a qual
nós podemos captar a unidade, então nossa razão e o caminho se tornam um só.
Isso torna o caminho espiritual mais independente , e ,num sentido, mais
democrático. Antes, a relação de mestre ou professor era necessária. Uma vez que
todas as regras do jogo foram descobertas, quem é que precisa de mestre ou
professor?
OI: Qualquer prática, na realidade, está bem. Tudo tem sua própria validade. Eu
diria que em nosso tempo, nós temos que arranjar algo mais potente do que o que
já temos. Todo período de tempo na história tem suas necessidades e seus
próprios problemas. Cada época tem uma nova tecnologia, e os instrumentos ficam
mais refinados, mais específicos. Nosso tempo requer não só novos instrumentos,
mas novas técnicas que tratam desta época. Isso é tudo que é o Arica. A forma de
lidar com isso é primeiramente uma nova lógica, que trata da unidade, e que
projeta uma nova matemática, clara e completa. Podemos ter uma nova teoria
atômica e uma completa revisão da maneira que nós pensamos sobre biologia. Nosso
mundo físico tem que ser encarado diferentemente. Nós ainda o estamos vendo com
os olhos de dois séculos atrás. Nós estamos aquém de nossos tempos, o que é uma
situação perigosa. É uma questão de descobrir as técnicas de como evoluir e como
conduzirmo-nos de uma forma madura e totalmente independente. Eu não vou falar
nada contra a religião, mas o homem deveria depender de sua própria condição,
habilidades e qualidades para o seu misticismo. As pessoas trabalhando juntas em
grupo avançam tão rápido que é quase inacreditável. Você pode perceber-se com
tal velocidade quando você começa a praticar em grupo, que uma semana virá como
anos para você.
JM: Você pode falar sobre a polêmica antiga de ser preciso de um professor como
guia para os territórios desonhecidos da consciência, mas também de ser preciso
encontrar a Iluminação dentro de você mesmo, lugar aonde ninguém pode ir com
você? Como é que o Sistema Arica aborda esse problema?
OI: O Arica oferece uma precisa descrição científica da psique, e do que você
pode esperar. Por outro lado, a parte mística do Arica precisa ser validada,
ainda que a necessidade disto é menor no Arica. Nós não temos regras; nós não
dizemos "faça isto" ou "não faça isto" porque nós achamos que todo o caminho é
uma questão de responsabilidade, antes que de disciplina. não há nada de errado
com a disciplina, mas ela tem que vir de responsabilidades internas. Você
realmente tem que optar e assumir a responsabilidade de trilhar o caminho.
Ninguém pode fazer por você aquilo que você deve fazer. Uma diferença entre o
Arica e outros caminhos místicos é que normalmente o professor absorve o seu
karma. Mas isso é muito relativo, porque no final das contas só você pode viver
a sua vida.
JM: Em seu Sistema, um estudante pode trabalhar através de muitos estágios sem
precisar de um professor para monitorar seu progresso interno específico. Em que
ponto começa o trabalho com um professor ou com você?
OI: Quando você começa no Arica, desde o início você pode sentir a energia que
nós chamamos de "energia da Escola". Isto é muito real. Você começa a receber
uma energia extra que você não tinha antes.
JM: Você quer dizer que os iniciantes podem conectar-se com um "reservatório"de
energia resultante dos alunos mais antigos terem processado bastante?
OI: Exatamente. Em toda a idéia mística, um membro que irradia esse tipo de
energia tem que ser criado. Começa em uma pequena escala e depois cresce. Os
pioneiros, que tomam a responsabilidade no começo, são os que vão suar mais.
Eles abrem a estrada, o que significa construir a estrada, o que leva um monte
de esforço. O professor vem, mais ou menos, no oitavo nível da Escola. O
professor torna-se de fato indispensável quando se trabalha com os corpos
astral, mental e causal; isto significa telepatia. Neste estágio, a coisa
principal que um estudante sente é a reversão de atitude em relação ao seu
mundo. O que chamamos de estado de vigília torna-se o estado de sonho, e o que
chamamos de estado de sonho torna-se o estado de vigília. O estudante torna-se
consciente de diferentes espaços e diferentes realidades que são mais reais que
esta realidade. Ao fazer esta transição, o estudante realmente precisa de um
guia que esteve lá e é um especialista.
JM:Se um estudante fizer todo o Sistema Arica e completa os vários estágios, ele
terá alcançado a Iluminação?
OI: Sim, lembrando que a Iluminação é uma coisa que vem em diversos estágios e
graus.Significa sentir que a consciência é a raiz da vida, nossa existência,
tudo. Vem um momento quando você descobre que a consciência não se move, não foi
criada, e não vai ser fragmentada, entrar em colapso
ou ser destruída. Ela é um princípio externo que não está condicionado a nada e
está além da existência. Arica é um movimento social antes que um movimento
pessoal. Quando você trabalha no Arica você faz trabalho em você próprio, mas os
resultados vão beneficiar a Escola como um todo. Em certo ponto, a Escola
reverte esta energia para você - você dá um e vai receber cem. É um negócio
muito bom. Nós estamos falando em termos espirituais, porque nós não estamos
interessados na parte material. Sua atitude e intenção é o que conta. Você dá
amor a seus irmãos e irmãs na Escola e você recebe amor e carinho. Todo mundo
sabe intuitivamente quem está dando e quem não está dando. E no Arica nós
incentivamos a curiosidade. Se alguém quer ir visitar um outro mestre, um outro
caminho, nós não nos opomos, porque se ele se beneficia, ele vai beneficiar a
Escola. Se o outro caminho é melhor para ele, isto também está bem. Nossas
portas nunca estão fechadas, e ele pode voltar mais tarde na hora que ele
quizer.
JM: Então, por meio do Sistema Arica, você estabeleceu o preto no branco, o mapa
completo do caminho para a psique, e o processo humano de desenvolvimento?
OI: Sim, e ele funciona sempre, em qualquer caso. Agora eu desejo tornar-me mais
público. Eu estou escrevendo os livros um por um, de uma vez por todas. Eu
esperei por muito tempo até sentir que era o momento certo. Eu devo dizer que
nem tudo é intencional de minha parte, e, por uma razão ou por outra, eu nunca
pude organizar todo o material. Os mapas do caminho estão OK, ou eu nunca teria
começado a ensinar, mas eu tenho que descrever as coisas, de modo que o público
em geral possa ler e entender. Uma coisa é trabalhar pessoalmente com as
pessoas. Você pode explicar as coisasem termos místicos, que o público em geral
não aceitaria.
JM: Você poderia descrever, em termos simples, a base dos ensinamentos Arica?
OI: A primeira questão é, qual a raiz da vida? O que é que nos faz sentir que
estamos vivos? Nós temos que definir isso. Eu digo que o que nos faz sentir
vivos são os instintos. E o que é um instinto? Eu defino instintos como
perguntas vivas que nós não nos fazemos, mas que estão presentes de qualquer
modo. Há três questões fundamentais. A primeira é "Como estou? " - estou bem ou
não? A segunda questão é "Com quem estou? " Este é o nosso instinto de relação.
Você tem que saber como você está e com quem está. No reino animal, se um bicho
não sabe com quem ele está, ele vai morrer imediatamente. Se eu sou uma gazela
prestes a fazer amizade com um jaguar, eu não vou sobreviver. A terceira questão
é "Onde estou? " No momento em que você não sabe onde está, você entra em
pânico. Não podemos ignorar esta pergunta; nós temos que saber onde estamos o
tempo todo. Cada um dos instintos (Conservação, relação, adaptação) se
desenvolve em uma espécie de entidade que é independente em si própria.
OI: Sim. Esse é o eneágono dos nove sistemas hipergnósticos, que se manifesta
nesses três instintos, as quatro funções - espaço, tempo, expressão e
coordenação - e os dois pólos que fecham o círculo - o sexual e o espiritual.
Este é o primeiro nível de estudo.
OI: Toda manifestação pode ser dovidida em nove pontos - qualquer coisa.
OI: No segundo nível de estudo, o estudante trabalha com os nove sistemas como
projeções dos domínios da consciência. Os domínios são projetados em nossa
psique e em nosso mundo circundante. O Arica diz que nossa psique é uma projeção
de nosso corpo e nosso corpo é fruto de nossa consciência. Assim sendo, a
consciência é anterior ao corpo. Ela é o que faz nosso corpo. A consciência é
composta de nove domínios. Há nove sistemas em nosso corpo, que nos dão a
impressão dos nove domínios da consciência. Nós sabemos que nós temos oito
sentidos - audição, olfato, equilíbrio, tato, gustação, kinestésico, temperatura
e visão - que nos dão a impressão das energias vindas do exterior. As oito
energias cruzando, os oito sentidos, nos dão oito consciências que, todas
juntas, fazem a nossa consciência. É a consciência da vida. Sem essas oito
consciências, unidade, a nona, seria impossível.
OI: Sim.
OI: Sim. Você pode chamar o trabalho com os sistemas de um estágio físico
completo. Você pode chamar os domínios de emocionais, porque eles estão ligados
a relacionamentos. Agora, você precisa integrar ambos, de modo a tornar-se
independente dos sistemas e domínios. Para isso, nós fazemos "Protoanálise", o
terceiro estágio. Aí é quando você realmente trabalha com as fixações. Depois,
você começa a ver como você está continuamente andando em círculos, sem ter
consciência disso.
JM: E a fixação é onde a pessoa está bloqueada, o ponto crucial de seus dilemas?
OI: Sim. Tudo o que você começa na vida, você começa por aí.
JM: Uma vez que eu conheça meu dilema, minha fixação, como é que eu posso
dissolver meu bloqueio?
OI: Simplesmente reconhecendo-o. No momento que você reconhece que tem esse
mecanismo agindo e você vê o mecanismo, ele se torna muito engraçado. Você
começa a ver que seus processos internos não são tão monumentais, e que você
pode lidar com eles.
JM: O estudante trabalha com outras técnicas, como meditação, durante esse
processo de reconhecimento?
OI: Sim. Nós as chamamos de técnicas de suporte porque ao mesmo tempo que um
estudante está trabalhando no mecanismo externo, é necessário começar a afinar o
que existe por dentro. Uma das coisas principais para treinar-se, sem dúvida, é
meditação, mas meditação não é a única coisa.
JM: Há uma técnica muito interessante em que você trabalha com o que se chama
yantras. Você pode falar disso?
OI: Os yantras são realmente mantras visuais. Yantras e mantras são ferramentas
de concentração para meditação. A idéia é que se você se concentra em tipos
específicos de sons e formas, voc6ed pode sintonizar-se com seu interior. É uma
chave que não apenas abre o ser interior, mas tambem nos sintoniza com
consciências mais altas e com entidades mais altas.
JM: O Arica parece estar ligado com uma tal atitude positiva e voltado para a
concretização de um mundo unificado, num tempo quando profetas do apocalipse
espalham estórias de catástrofes. Você poderia falar sobre isso?
OI: Você vai além da catástrofe quando você a confronta cara-a-cara, como um
verdadeiro guerreiro. Um guerreiro não terá uma guerra se ele olhar friamente a
guerra e suas dificuldades. Um guerreiro não é um homem de bravuras - ele é um
homem que sabe. Se ele foge das dificuldades, essas dificuldades o perseguirão e
o matarão. Se o mundo não quer uma catástrofe, nós devemos enfrentar os perigos,
e um dos perigos piores que nós estamos correndo é que o clima vai mudar. A
ionosfera foi danificada e o perigo é que a mudança de clima não apenas ameaça
nosso ser exterior, mas produz uma mudança de todas nossas manifestações
orgânicas em nosso planeta. Quanto mais a humanidade se dá conta do perigo de
extinção definitiva, maiores são as nossas possibilidades de sobrevivência. Se
negamos a possibilidade de que a humanidade pode ser destruída, nós estamos nos
colocando em uma situação que pode ser perigosa.
JM: Essa consciência pode resultar que muitas pessoas focalizem em negatividade.
Será que isso não piora a situação em vez de melhorar?
OI: Uma pessoa do lado certo equivale a um milhão do outro lado. A maioria não é
necessária para o equilíbrio. Um kilate de diamante equivale a várias toneladas
de areia. Há uma imensa diferença entre uma pessoa consciente e o resto.
JM: No nível espiritual, quando você olha para a comunidade espiritualneste país
(USA) você é esperançoso?
OI: Sim. Todo mundo está fazendo a sua parte de um jeito ou de outro. Desde
1971, começou uma corrida. Todos os tipos de Tradição apareceram por aqui, e
isso é uma benção, mas no entanto essas antigas Tradições já disseram tudo o que
elas tinham para dizer. Nós precisamos de algo que pertença inteiramente a
nossos tempos. Ser moderno significa ser absoluta e radicalmente diferente. Se
nós não formos capazes de chegar a algo totalmente novo, desde uma nova direção,
nós não vamos ter sucesso. Um movimento sério, fora das fórmulas de fanatismo e
dogma, deve ser criado com verdade que possa ser entendida, verdade que possamos
captar e medir. Tem que ser um grande círculo de pessoas, porque é um trabalho
enorme.
OI: Sim, de fato, e é absolutamente necessário. Não está errado. Oportunismo vem
ao mesmo tempo que a verdade. Ele vai vestir-se com as mesmas roupas que a
verdade. A verdade sempre foi rejeitada em toda a história. Está ficando difícil
saber o que é verdade e o que não é , mas a diferença é que o oportunista não
tem raízes e precisa imitar a verdade.
OI: É melhor que sim, pois esta é a última crise. Caso contrário, morreremos.
JM: Há dez anos atrás (agora são 29 anos) você começou o Sistema Arica e
trabalhou com ele pessoalmente por cinco anos. Nos últimos cinco anos você não
tem se envolvido diretamente. Como, além de frmar um número de pessoas
"alertas", tem você trabalhado para equilibrar a crise dos últimos cinco anos?
OI: Uma parte do esforço tem sido muito intensa - absorver a negatividade em
volta. Eu tenho estado a absorvê-la e a transmutá-la em uma forma espiritual.
felizmente, a pior parte está terminada. Agora eu acho que iremos muito
depressa.
JM: Você nos forneceu o que você descreve como o mapa completo, os parâmetros
completos da psique humana. Há apenas e tantas energias, funções, domínios,
ilusões - exatamente essas e não mais. É difícil para mim pensar em termos
desses limites rígidos?