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0.

INTRODUÇÃO

Na Antiguidade, a veiculação dos hábitos, costumes e valores era feito a base da


tradição oral. Os contos, estórias, fábulas, mitos se constituíram em fonte de sabedoria
que revelava o pensamento dos povos desta época histórica, bem como as suas
experiências de vida.

A assimilação de novas culturas, devido a globalização e o rápido crescimento


tecnológico contribuíram para desintegração de muitos hábitos e costumes dos povos
Bantu, que viram o seu património cultural a perder a sua vitalidade sapiencial. O
fenómeno da aculturação provocou mudanças significativas nas línguas dos povos, bem
como nas fontes de transmissão dos valores para as novas gerações. Algumas estruturas
lexicais foram perdendo seu valor quer semântico, quer filosófico, destacando os
provérbios.

O provérbio é um dos elementos do texto tradicional e pertence ao património


linguístico, sua origem é remota e desconhecida, possui conteúdo metafórico e carácter
autónomo, diacrónico e popular. Sua estrutura evidencia uma flexibilidade de
adequação contextual por seu valor semântico de verdade universal, carregado de juízos
de valor ou moralizantes, sempre implícitos.

Os provérbios também podem surgir como ferramentas sociopolíticas com fins de


controle social. Eles abordam a vida diária, bem como a arte de bem governar no seio
das comunidades. Os provérbios são encarados, na essência, como constatações
assertivas sobre as experiências colectivamente vividas e cuja finalidade é servirem de
guia ou modelo para ulteriores comportamentos.

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i. Problema

Numa cultura de tradição oral, o provérbio representa o tesouro de conhecimento que dá


um novo sentido de vida e uma visão mais ajustada sobre o mundo. Nos dias de hoje,
esta fonte de saberes vai se fragmentando devido a um conjunto de hábitos e costumes
desintegrados, fruto da globalização e da secularização.

Nota-se na nossa sociedade uma nova crença que traduz em comportamentos


desviantes, falta de temebilidade da vida do outro, perda de valores morais e culturais.
Os provérbios narram as experiências étnicas de um povo e dão conselhos que se
refletem como lições de vida. Para continuarmos a discussão em função do tema
vertente foi elaborada a seguinte questão de partida:

 Qual é a essência filosófica dos provérbios da Região ambundu?

ii. Formulação das hipóteses

Para responder à questão que nortea o problema da nossa pesquisa, fazemo-nos valer de
hipóteses, que segundo a concepção de Rudio (1980 apud OLIVEIRA, 2011, p. 13),
"são suposições que se fazem na tentativa de explicar o que se desconhece". Tratam-se
de respostas provisórias para solucionar o problema de investigação. Assim, foram
levantadas as seguintes hipóteses:

H1: Os provérbios constituem a fonte sapiencial dos povos da Região ambundu;

H2: Os provérbios traduzem a forma como os povos ambundu se diferenciam dos outros
povos;

H3: Os provérbios descrevem a crença dos povos ambundu;

iii. Objectivo do estudo

Segundo Lakatos e Marconi (2007), toda pesquisa deve ter um objectivo determinado
para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar.

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Objectivo geral

Conhecer a essência filosófica dos provérbios da Região ambundu.

Objectivos específicos
 Identificar os provérbios predominantes no Município do Ebo;
 Descrever as mensagens dos provérbios da Região ambundu;
 Apresentar o sentido filosófico dos provérbios;

iv. Justificativa da escolha do tema

Os provérbios são baseados na experiência de vida e no senso comum. São estruturas


lexicais ligados a comunidade de um determinado povo e revela a cultura e a vivência
deste povo.

A escolha do tema " A essência filosófica dos provérbios na Região ambundu: caso do
Município do Ebo" emerge das nossas convicções pessoais e deve a três (3) razões:
primeiro, por se tratar de um tema que se desdobra na Filosofia africana; segundo, por
ser um tema que reflete a sabedoria dos povos ambundu e terceiro, por ser um tema que
se configurou como desafio ao longo do nosso percurso académico.

v. Importância do estudo

Os provérbios são ditados populares que transmitem conhecimentos comuns sobre a


vida. Muitos deles foram criados na antiguidade, porém estão relacionados a aspectos
universais da vida, por isso são utilizados até os dias actuais. É muito comum ouvirmos
provérbios em situações do cotidiano. Quem nunca ouviu, ao fazer algo rapidamente,
que “a pressa é a inimiga da perfeição”. Os provérbios fazem sucesso, pois possuem um
sentido lógico.

O poder da oralidade não está na escrita, mas sim no poder da palavra, logo existe
uma relação estreita entre os provérbios e a oratória. Os provérbios ajudam no resgate
dos valores morais e culturais, promove o interesse da valorização das línguas nacionais

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e tem um valor extremo na educação familiar, pois ajuda a moldar o comportamento do
indivíduo na sociedade.

vi. Limitação e Delimitação do estudo


Tendo em conta a abrangência do nosso tema de investigação, limitamos e delimitamos
a nossa pesquisa, de modo a relatarmos com precisão os factos.

Limitação espacial

O presente trabalho foi realizado no Município do Ebo, Província do Cuanza-Sul, uma


região dos povos Ambundu.

Limitação temporal

Este trabalho constitui a razão da nossa luta incessante na busca de um saber crítico. O
nosso trabalho foi realizado num período de tempo compreendido entre os meses de
Janeiro a Novembro de 2019.

vii. Divisão do Trabalho

No tocante ao conteúdo, o nosso trabalho está estruturado em três (3) capítulos


principais. Após os conceitos iniciais, segue o primeiro capítulo referente a
fundamentação teórica, onde apresentamos a definição de termos e conceitos, o conceito
de provérbios, sua origem, sua formação lexical, os tipos de provérbios, a sua validade
na tradição oral, bem como a revisão da literatura.

No segundo capítulo referente a Metodologia, definimos o Universo e a amostra da


investigação, o tipo de amostragem, as variáveis, o modelo de pesquisa, as técnicas e
instrumentos, bem como os procedimentos e dificuldades encontradas.

No terceiro e último capítulo referente a Apresentação, Análise e Interpretação, dos


resultados apresentamos a descrição do local de pesquisa, a lista de corpus da
investigação, bem como a sua interpretação, tendo em conta a narrativa filosófica. Por
último, apresentamos as conclusões e as recomendações para futuros trabalhos.

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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1.Definição de termos e conceitos

1.1.Provérbios

Na esteira do legado greco-latino, Lopes (1992, p.9) afirma que os provérbios têm sido
definidos tradicionalmente como "sentenças lapidares e concisas que o uso popularizou
e consagrou". Ao contrário dos textos breves que correspondem a ditos memoráveis de
personagens ilustres, e que por isso mesmo possuem um autor reconhecido, a autora
relata que os provérbios circulam sempre como textos anónimos, veiculados oralmente.

Segundo Xatara e Succi (2008), um provérbio é definido como sendo:

uma unidade léxica fraseológica fixa e, consagrada por determinada


comunidade linguística, que recolhe experiências vivenciadas em comum e as
formula como um enunciado conotativo, sucinto e completo, empregado com a
função de ensinar, aconselhar, consolar, advertir, repreender, persuadir ou até
mesmo praguejar (XATARA e SUCCI, 2008, p.35).

Os mecanismos de acreditação do provérbio derivam de uma cultura oral, onde a


multiplicação de uma experiência depende do número de pessoas que a vivenciaram.
Cunha (1902, p.8) apud Lopes (1992, p.10) reconhecendo a dificuldade de definir
provérbio, alerta que na prática usual da linguagem vulgar confunde-se frequentemente
'adágio' com 'provérbio.

Nas palavras de Rodrigues (1982, p.10) apud Pereira (1994, p.13), um provérbio é uma
sentença popular que exprime uma verdade importante; adágio é um provérbio agudo e
chistoso. O provérbio enuncia uma verdade fundada na observação e na experiência. O
adágio dá a essa verdade uma agudeza que o torna mais penetrante. O provérbio é grave
e seco, cheio de sentido e precisão; o adágio é singelo e claro, cheio de espírito e finura.
O provérbio instrui e o adágio excita. Podemos perceber que a diferença estabelecida
pelo autor se dá em termos de estilo e é obscura. Todavia, permite entrever o seu caráter
de evidência incontestável, uma vez que remete à observação e à experiência, factores
geralmente considerados necessários no estabelecimento de uma verdade.

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No entender de Xatara e Succi (2008, p.33), " o enunciado proverbial abrange dois
vectores: forma plural (constituída por um grupo de palavras) e um só significado
(mensagem global a ser transmitida)". Os textos proverbiais têm uma função de arquivo,
pois conservam em si um saber cumulativo e empírico que durante séculos, sobretudo
em áreas onde imperava o analfabetismo, preencheu lacunas de conhecimento
científico.

Vellasco (2000, p. 11) apud Xatara e Succi (2008, p.34), relatam que:

A inviabilidade de se chegar a uma definição geral de provérbio decorre do


facto de que não se pode trazer todos os vários tipos desta forma concisa para
uma só categoria: um provérbio não reúne todas as características atribuídas
aos provérbios como um todo. Os provérbios devem ser encarados como uma
classe geral, em analogia aos substantivos, por exemplo, com subclasses
(VELLASCO, 2000, p. 11).

Ler ou enunciar um provérbio é entender seu enfoque social e linguístico, capacitar-se


de sua aplicação e ficar por dentro de sua mensagem, normalmente moralista ou
didáctica.

1.1.2. Origem do termo provérbio

A origem da palavra provérbio vem do latim proverbium, que significava “para


servir” ou “para reflectir. De acordo com Xatara (2002, p. 13) apud Xatara e Succi
(2008, p.36), ‘‘o provérbio aparece pela primeira vez em textos do século XII, e o
mais antigo estudo, assinado por Henri Estienne, data de 1579 – embora a mais
antiga colecção de provérbios seja a do inglês John Heywood, de 1562’’.
Entretanto, a existência dos provérbios tem origem muito mais remota, e só não é
atestada antes porque não puderam ser arquivados, ou porque pertenciam a uma
tradição oral, ou porque se perderam tais documentações através do tempo.

Corroborando Albuquerque (1989, p. 35):


Os ‘sebayts’ (ensinamentos), equivalentes aos provérbios actuais são citados
desde o terceiro milênio a.C. Entre os hebreus e os aramaicos o provérbio
representava a palavra de um sábio. No século VI a.C. aparecem as Palavras de
Ahiqar e no século IV a.C. os Provérbios de Salomão. Entre os gregos,
‘gnômê’ (pensamento) e ‘paroemia’ (instrução) cobrem as noções de
provérbio, sentença, máxima, adágio, preceito etc., aparecendo em obras de
Platão, Aristóteles e Ésquilo (...)

Os provérbios, portanto, representam a riqueza lexical da língua e fazem parte do


folclore, da cultura de um povo, estando presentes em discursos de várias esferas,

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podendo ir do discurso cotidiano até mesmo ao discurso jurídico. São enunciados
ricos em linguagem conotativa e muito úteis no discurso, servindo como um recurso
de linguagem apto a ser aplicado com diferentes objectivos, não deixando de
ressaltar seu caráter persuasivo e sua propriedade de verdade universal.

Provavelmente a origem da palavra provérbio seja até religiosa e não seria de se


estranhar, ao se decompor ‘‘provérbio’’, como alguns autores acreditam, que ele
tenha derivado de pro (em vez de, no lugar de) + verbo (palavra de Deus), ou seja,
no lugar da palavra de Deus, já que nele sempre se encerra um conselho, uma
admoestação.

O anonimato dificulta o reconhecimento exato da origem do provérbio, sendo essa


dificuldade ainda maior em países de imigração como o nosso, alguns provérbios
podem ter tido origem em outros países e, com a miscigenação de raças, ter-se
enraizado e naturalizado na outra língua, tornando o reconhecimento de sua origem
quase impossível (STEINBERG, 1985 apud XÍTARA e SUCCI, 2008).

Pode-se presumir com essa lógica que os provérbios inicialmente religiosos foram
criados por autores conhecidos, mas que no decorrer dos séculos, foram perdendo
autoria e caindo no domínio público. Como diz o próprio provérbio: ‘‘A voz do
povo é a voz de Deus’’, que parece corroborar a crença de que o pensamento é da
colectividade, e não do indivíduo. Alguns provérbios até conservam palavras
arcaicas, justamente porque elas lhes conferem um carácter de sabedoria ancestral.

1.1.3. Enquadramento histórico

Na cultura clássica, segundo IeracioBio (1984, p.88), "o conceito de proverbium


equivale ao conceito de παροιµια; a παροιµια ou o proverbium caracterizavam-se,
na antiguidade greco-latina, por dois traços essenciais: verdade e atemporalidade ".
Sendo considerado fruto de antiga sabedoria, o provérbio impõe-se como argumento
de autoridade justamente porque veicula assunções comummente reconhecidas
como verdadeiras.

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Deste modo, não admira que Aristóteles, na parte da Retórica consagrada à inventio
(a arte de descobrir materiais verdadeiros ou verosímeis susceptíveis de tornarem
plausível o objecto do discurso), inclua os provérbios no conjunto das "provas não-
artificiais", correspondente ao conjunto dos factos reais.

Na Idade Média, o provérbio ainda funcionou, em várias regiões da Europa, como


regra jurídica. Até mesmo Erasmus de Roterdão, Martin Lutero e Georgius Agricola
recorreram à autoridade da sabedoria popular, dinamizando a sua divulgação à
escala europeia.

Já na transição para o Renascimento,observa-se a reutilização de formas clássicas


em detrimento de expressões populares, especialmente quando a língua de
transmissão é o Latim. Erasmus, por exemplo, introduziu vários provérbios latinos
em muitas línguas europeias, particularmente nas de origem não românica. Este
fenómeno é explicável pelo uso dos «provérbios» de Erasmus nas escolas de Latim,
ou seminários, o que originou a infiltração dos mesmos no discurso escrito e oral
das diferentes sociedades. Por conseguinte,os provérbios vivem igualmente da
importação da sabedoria de outros povos,beneficiando, como neste caso, da cultura
escrita.

No tempo do Romantismo, verificou-se um redescobrimento da Cultura Popular,


após um período de marginalização da mesma no seio das elites, imbuídas do
espírito renascentista, que tendia a privilegiar uma abordagem mais científica. Neste
contexto, os provérbios, como regras empíricas, não podiam conquistar um lugar de
destaque, contrariamente ao que se verifica na época romântica, marcada pelo
subjectivismo.

Na fase da industrialização e da massificação do ensino, a cultura oral perdeu a sua


dominância na transmissão dos conhecimentos. A forma e os conteúdos educativos
mudaram, o que levou a um afastamento das culturas tradicionais, mas não ao seu
esquecimento.

Na comunicação social, os multiplicadores de opinião influenciam fortemente o


processo de verificação da utilidade dos provérbios, que cabe normalmente a cada

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geração. Numa sociedade plural, onde as forças de persuasão estão ao serviço de
diferentes grupos sociais,essa influência pode ser contrabalançada,o que não
acontece num regime totalitário, usurpador do discurso público e manipulador da
memória colectiva.

1.1.4. Tipos de provérbios

As propriedades linguísticas de um provérbio referem-se a algumas coerções que lhe


dão estabilidade e facilitam a sua memorização.

Segundo Cazelato (2003,p.19), há factores históricos e fontes bibliográficas que


influenciaram a construção proverbial, fontes como o Talmude, o Alcorão, a Bíblia; as
obras de filosófos e poetas da Antiguidade; o uso didáctico, religioso, lúdico, o modo de
existência desses factores e as características dos seus usuários; as diversas línguas que
os cristalizam; o uso feito pelos escritores; a linguagem oral usada pelos trovadores,
jograis; as recolhas da Idade Média.

Valendo-se das palavaras de Mota (1974), há três fontes principais dos provérbios: os
clássicos, os literários e os populares.

Os provérbios clássicos têm origem erudita, são os bíblicos, os filosóficos, os de origem


religiosa. Os literários são também de origem erudita, mas provindos da literatura
clássica universal, no teatro, nos ditados de personalidades históricas.

Os populares são os provérbios que nascem do povo, apresentam características de usos


e costumes do povo, incorporando o folclore nacional.

1.2. A lexicalização do provérbio

Em todas as línguas há 'expressões fixas', sintagmas que funcionam como um bloco


coeso, de extensão variável. Não são expressões formadas livremente no acto de fala,
mas sim estruturas pré-construídas, combinações que o falante se limita a reproduzir
como unidades compactas que integram a sua competência linguística.

Entendemos ser o provérbio uma unidade léxica (UL) complexa que não permite que o
seu significado seja calculado pelos significados isolados de cada uma das ULs simples

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contidas em seu interior. Neste caso, segundo Klein (2006) apud Xatara e Succi (2008)
para um enunciado ser identificado fraseologicamente como provérbio, a compreensão
semântica global desse enunciado só será alcançada considerando-se o conjunto de seus
constituintes.

Gross (1996) afirma que uma expressão fraseológica opaca ou figurada como os
provérbios correlaciona-se a um sentido não-composicional, ao contrário das sequências
transparentes ou não fraseológicas. De facto, reforçamos que o sentido de um provérbio
seja necessariamente opaco, figurado, conotativo e não transparente ou denotativo,
como no caso dos ditados, mas essa opacidade não é exatamente o mesmo que não-
composicionalidade, pois a característica figurada dos provérbios revela a maneira pela
qual esses fraseologismos são percebidos pelos interlocutores e a não-
composicionalidade procura esclarecer a relação que existe entre os constituintes do
enunciado e o produto global.

Valendo-se das palavras de Mejri (1997), Jorge (1999) apud Xatara e Succi (2008)
quando se fala no aspecto da conotação, situa-se, portanto, no nível da decodificação
proverbial; e quando se trata da relação entre os elementos lexicais formadores do
provérbio, refere-se à operação de codificação e de cristalização desses elementos.

Os provérbios, tal como outros elementos do vocabulário, respondem ao requisito de


serem unidades cristalizadas. Quanto à cristalização, Casteleiro (2001) apud Yuqing
(2019), o provérbio é o processo linguístico pelo qual uma determinada combinação de
palavras se fixa e adquire um significado próprio e independente dos seus
constituintes”.

Deste modo, logo se entende que a razão pela qual existem dicionários dos provérbios e
livros dos provérbios. Cada vocábulo, como fosse uma moeda, tem dois lados:
denotação e conotação. Por denotação, entende-se o significado do dicionário, por
outras palavras, a sua caraterística central mais reconhecida em sua comunidade
linguística; a conotação, ao contrário da denotação, refere os factores subjetivos, ou os
sentimentos e diferentes ligações que um indivíduo faz, de acordo com o seu
conhecimento ou a sua experiência.

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1.3. Provérbios como textos da literatura oral tradicional

Entende-se por texto a todo enunciado linguístico completo e coerente, de extensão


variável. No entender de Lopes (1992, p.37), um texto é uma unidade semântico-
pragmática, definida em função do seu potencial comunicativo no quadro de um
processo de interação.

De acordo com Funk e Funk (2008) apud Yuqing (2019, p.34), um dos critérios
linguísticos para identificar um provérbio é ter um texto mínimo (se formado por várias
palavras, ser geralmente realizado por uma frase, constituir uma proposição autónoma).
Sendo texto, os provérbios podem ocorrer isolados, quer integrados numa interação
conversacional quotidiana (por exemplo, nas páginas de uma antologia ou de um
dicionário, em inscrições domésticas, como slogan de grupo) ou num outro texto mais
extenso (nomeadamente num artigo de jornal, num sermão ou numa narrativa).

Segundo Sándor (2015, p.29-31) apud Yuqing (2019, p.35), a literatura oral é
classificada em três conjuntos: composições líricas, composições narrativas e
composições dramáticas. Dentro de composições líricas, identificam-se três
subconjuntos, nomeadamente:

a) Práticas de caráter prático-utilitário;


b) composições de carácter lúdico;
c) Variação.

Sendo textos da literatura oral tradicional, Sándor (2015, p.31-33) aponta as principais
características dos provérbios:

1. Oralidade: a sua origem é a oralidade;

2. Variabilidade: adaptam-se na interacção com o receptor num contexto específico;

3. Limitada originalidade: o narrador não poderá afastar-se muito da convencionalidade


da literatura oral tradicional, pois poderá causar estranhamento ao ouvinte;

4. Universalidade: esta caraterística é vinda da existência de um fundo mítico comum;

5. Anonimato: a literatura oral tradicional é de autoria colectiva, existindo da


comunidade para a comunidade.

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1.4. Revisão da Literatura

Na perspectiva do Léxico-Gramática, segundo Gross (1988, p.182), "a unidade mínima


de significado é a frase elementar e não a palavra". Por frase elementar, entendemos as
estruturas formadas por sujeito-verbo-complementos essenciais, sendo a estrutura
sintática de uma frase determinada especialmente pelas propriedades combinatórias do
léxico que a constitui.

Lopes (1992) sustenta que os provérbios têm sempre um valor semântico autónomo em
termos comunicativos, ao contrário das expressões idiomáticas que são apenas
constituintes de frase e nunca podem ocorrer como enunciados completos.

Chacoto (1994) analisa a fixidez e a variação léxico-sintática nos provérbios


portugueses e constata que, apesar da fixidez e coesão formal que caracterizam os
provérbios, estes podem apresentar variação léxico-sintática. As variações podem
resultar de uma comutação dos elementos da frase, de uma realização zero ou de uma
alteração da ordem dos constituintes.

Na língua falada, segundo Greimas (1975,p.288), “os provérbios e ditados se


distinguem nitidamente do conjunto da cadeia pela mudança de entonação”. Tem-se a
impressão de que o locutor abandona voluntariamente sua voz, tomando uma outra de
empréstimo a fim de proferir um segmento de fala que não lhe pertence propriamente e
que ele está unicamente citando .

Szemerkényi (1974) apud Pereira (1994,p.29) , considera os provérbios como parte de


um sistema modelizante secundário: modelizante, porque, junto com a arte, os mitos e o
folclore podem ser analisados como conjuntos organizados de signos, permitindo a
estruturação do mundo, com funções gnosiológicas e comunicativas; secundário, porque
se desenvolvem a partir e segundo o modelo das línguas nativas, consideradas como
sistemas modelizantes primários.

Acompanho Teixeira (2016), o provérbio liga-se sempre a uma comunidade, aos seus
modos de vida e às suas perspetivas (variadas) sobre o mundo e a vida. E ele próprio
pode indiciar a comunidade em que aparece, de tal modo que, fora dela, não funciona,
não apenas por motivos da sua ideologia própria, mas da forma como é realizado.

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CAPÍTULO II -METODOLOGIA

Considerando a natureza da investigação proposta, esta será necessariamente uma


pesquisa de características qualitativa-quantitativas, sendo que as estratégias
metodológicas adoptadas se suportam em dois eixos. Um de carácter teórico-conceptual
que se particulariza por utilizar as fontes bibliográficas de referências e outro, de
características empíricas e procura concertar ambivalências de processos.

2.1. População e Amostra

O Universo da nossa pesquisa foi constituído pelos habitantes do Município do Ebo,


localizado na Província do Cuanza Sul.

A amostra do nosso estudo foi constituída por 40 provérbios dos povos Ambundu do
Município do Ebo. De acordo com Gil (2012, p.90), “amostra é um subconjunto do
universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as
características desse universo ou população”.

2.2.Amostragem

A amostragem da nossa pesquisa é do tipo não-probabilística. Conforme Gil (2012,


p.139), “a amostra não probabilística nos dá acesso a um conhecimento detalhado e
circunstancial da vida social”. O método de escolha da amostra foi por acessibilidade
aos municípios.

2.1.Variáveis

Para Lakatos e Marconi (2001), uma variável pode ser considerada como uma
classificação ou medida, ou seja, um conceito operacional que apresenta valores,
passível de mensuração. O nosso estudo suporta duas variáveis e estabelecem entre si
relação de assimetria. Eis as variáveis:

a) Os provérbios como variáveis independentes. Segundo as autoras acima


referenciadas, a variável independente é caracterizada corno a variável que
influencia, determina ou afecta outra variável;

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b) A essência filosófica como variável dependente - A variável dependente é o
elemento que será analisado e explicado em consequência da influência que
sofre de outras variáveis, ou seja, é o factor que varia à medida que o
pesquisador modifica a variável independente.

2.2.Técnicas e/ou Instrumentos

Em função dos objectivos traçados e das hipóteses levantadas, chegamos a concluir que
as técnicas e/ou instrumentos que nos permitiram selecionar com precisão as fontes de
informação e a efectuar a colecta de dados foram a análise de conteúdo e a entrevista
semi-estruturada.

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando,


por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens,
obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a interferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção de mensagens (Bardin, 1977, p.21 apud
Triviños, 2013, p.160).Valemo-nos desta técnica com objectivo de dar significado, ao
conteúdo das mensagens obtidas com os participantes, através da elaboração de
categorias analíticas, que permitam sistematizar as informações.

Segundo Triviños (1987) apud Oliveira (2011), a entrevista semiestruturada parte de


questionamentos básicos, suportados em teorias que interessam à pesquisa, podendo
surgir hipóteses novas conforme as respostas dos entrevistados.

Considerando o objecto de estudo, os objectivos definidos e a problemática construída,


o recurso à entrevista semi-estruturada pareceu-nos útil, por possibilitar o conhecimento
do quadro de referência dos sujeitos, a exploração de outros aspectos que podem
clarificar o problema em estudo e delimitar assim os seus contornos.

2.3.Modelo de Pesquisa

O modelo de pesquisa constitui o suporte para o planejamento, implementação e análise


de um estudo. Trata-se de um passo essencial da pesquisa que nos permitiu converter as
hipóteses conceptuais para hipóteses operacionais

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Quanto a forma de abordagem, recorremos a pesquisa qualitativa, pois os fenómenos a
serem explorados não precisam, necessariamente, serem quantificados. Segundo
Triviños (1987 apud OLIVEIRA, 2011), a abordagem de cunho qualitativo trabalha os
dados buscando seu significado, tendo como base a percepção do fenómeno dentro do
seu contexto. O uso da descrição qualitativa procura captar não só a aparência do
fenómeno como também suas essências, procurando explicar sua origem, relações e
mudanças, e tentando intuir as consequências.

Quanto aos objectivos da pesquisa, recorremos a pesquisa exploratória, pois o estudo


nos permitiu aprofundar o tema em causa nos limites de uma realidade específica. Para
Zikmund (2000) apud Oliveira (2011, p.21), "os estudos exploratórios, geralmente, são
úteis para diagnosticar situações, explorar alternativas ou descobrir novas idéias".

Quanto ao objetivo de estudo, recorremos ao estudo de caso onde descrevemos o


Município do Ebo, suas culturas e suas fontes de conhecimentos. Segundo Yin (2001, p.
32) apud Prodanov (2013, p.61), “um estudo de caso é uma investigação empírica que
investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,
especialmente quando os limites entre o fenômeno e contexto não estão claramente
definidos”. O estudo de caso apresentou-se como a estratégia mais adequada para
responder a questões e ao desígnio deste trabalho de investigação, pois dá ênfase ao
local, a um contexto delimitado, onde a recolha de dados é feita no ambiente natural dos
protagonistas da acção –os sobas e os mais velhos das aldeias.

Quanto a técnica de colecta de dados, recorremos a pesquisa bibliográfica, fazendo


recurso a livros, monografias, dissertações, Teses, artigos científicos e internet; a
pesquisa documental fazendo recurso a materiais administrativos.

2.4. Procedimentos e dificuldades

Após a revisão da literatura e a elaboração do guião da entrevista, a recolha de dados foi


realizada no Município do Ebo e foram tidas em conta todas as considerações éticas
necessárias à realização do estudo.

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As fontes bibliográficas foram seleccionadas pela qualidade de informação que detêm,
pelo conteúdo do seu discurso e pelo facto de poderem assegurar a qualidade dos dados
da pesquisa. Primeiramente aplicamos uma entrevista do tipo semi-estruturada, através
de uma interacção directa com os mais velhos das aldeias e com os sobas. E em seguida,
fazemos a análise documental dos documentos fornecidos pela Administração do Ebo.
A recolha dos dados, propriamente os provérbios foi feita em Ngoya, uma variante da
língua Kimbundu.

No tocante as dificuldades, tínhamos que nos deslocar de Luanda para o Cuanza Sul,
propriamente no Município do Ebo, durante o mês de Fevereiro de 2019. A recolha de
dados foi muito difícil devido a escassez de fontes orais, a predominância de chuvas
neste período, o encontro com os mais velhos das Aldeias que só era possível ao
entardecer do dia e o acesso de fontes que descrevem a situação geodemográfico do
Município do Ebo.

A estas dificuldades, associam-se os problemas financeiros. Que dificultou na


deslocação a longo dos outros municípios vizinhos para suprir a carência de fontes
informativas a quanto da recolha dos provérbios que traduzem a sabedoria dos
Ambundu.

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CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS

3.1.Descrição do Município do Ebo


O povo do Ebo é oriundo do Pungo-A-Ndongo, província de Malanje que no quadro da
procura de melhores condições de vida e conquistas, por volta do século XVII,
chefiados pelos caçadores emigrantes conhecidos por Kixipu Kiandíu, Cassumba
Enûanzo, Nganga Ekuma, Kipala Kiassamba, Lipolo Assamba, Kungo, Kaia, Calele e
Ndunda, instalaram-se numa localidade que dista a 25 km a leste da sede do Município,
localidade que atribuíram o nome de Pungo-A-Ndongo.

O próprio e verdadeiro nome é Hêpo, que significa “Barriga Côncava” ou apertar o


cinto no momento da fome, até que se crie condições. Pela consequência da colonização
foi aportuguesado para Ebo.

3.1.1. Extensão

Possui uma extensão de 2.520 Km2, cerca de 4,5% da área da Província. O Município
do Ebo, com sede na Vila do mesmo nome, está situado nos paralelos 45 e 16, as suas
coordenadas geográficas extremas são: 11º. 15´.00´´ de latitude Sul-Norte e 11º.05º.25´´
de latitude Sul-Sul, perfazendo uma amplitude latitudinal de 0º.05´.51´´.

3.1.2. Limites

Limita-se a Norte com o Município da Kilenda, a Sul com os Municípios da Conda e


Seles, a Leste com os Municípios da Kibala e Cela e a Oeste com o Município do
Amboim.

3.1.3. População, cultura, usos e costumes

17
A sua população é estimada a 182.707 habitantes correspondente a uma densidade
populacional de 73 habitantes / Km2, sendo 85.724 homens e 96.983 mulheres
distribuídos em 141 Bairros ou Aldeias, em três (3) comunas e uma área administrativa.

A cultura do povo do Ebo não se difere muito de outros grupos de população Angola de
origem Bantu. Fala a língua Ngoya, embora com variante por zona.

Os bairros distribuídos por Banzas são chefiadas por Sobas. Geralmente, para
simbolizar a nobreza e dignificar o poder, usa-se a pele da Onça nos seus aposentos; é
costume dos Sobas todas as manhãs e tardes a saudação à Aldeia, para recolher
informações. A residência do Soba é denominada Zemba.

A proliferação de seitas religiosas, denota-se que a população é maioritariamente cristã,


não obstante a existência de grupos de populares que praticam o quimbandismo e a cura
tradicional, a música e a dança preenchem o quotidiano do povo desta região.

A construção de jangos é uma prática da região para neles resolverem problemas que
afectam a região, conflitos familiares, conflitos de terras e outros, ensinar a camada
jovem narrativas do passado.

3.1.4. Artes e Ofícios

A maioria da população é rural e dedica-se a agricultura, criação de gado, caça, pesca


fluvial artesanal e a recolecção, cultivando predominantemente: milho, feijão,
amendoim, café, as batatas doce e rena, mandioca e horticultícolas.

3.1.5. Potencialidades turísticas e económicas

O Município do Ebo é um verdadeiro oásis. Possui um relevo planáltico de média


altitude coberto por florestas tropicais abertas, verdes prados, anharas dos rios, boas
prais e boas quedas, constituindo as zonas paisagísticas.

Apresenta uma predominância de clima tropical húmido e de savana, com solos


ferralíticos e para-ferralíticos e áridos tropicais, atingindo uma temperatura de 18° C a
20° C sendo os meses mais quentes de Setembro à Maio e frios de Junho à Agosto.
Possui muitos riachos e ribeirinhos no seu interior que atravessam perpendicularmente
de Leste a Oeste, o que facilita a irrigação dos campos e a média anual das precipitações
oscila entre 1.400 a 1.500 mm.

18
Destacam-se os rios Keve ou Cuvo, rio Nhia, Mugige, Kussoi, Tunga, Muegi, Wili,
Sambalunga, Covuquengo, Lambaty e riachos de caudais consideráveis que podem ser
aproveitados para a criação de barragem e de irrigação e fertilidade das áreas
cultivaveis.

É considerado um dos celeiros da Província, porque parte dos produtos cultivados como
milho, feijão, mandioca, batatas doce e rena, amendoim, sojá, café, abacaxi, maçã, etc,
sustentam os mercados de Amboim e de Luanda.

No Município, cria-se gado bovino, caprino, suíno e ovino.

3.2. Apresentação dos dados

Para entendermos a fonte sapiencial dos povos ambundu, apresentamos um conjunto de


provérbios, que constituiram o corpus da nossa investigação.

Lista de corpus:

1- ONGOMA UPEKA IOMANE ISUNJI OU NGENHI

Tradução: O batuque de empréstimo não acaba a vontade ou desejo.

2- OKUINJIA NZÂMBA KWENDA ANDAKUKULA

Tradução: Para se conhecer o elefante é preciso deslocar-se, não basta ser adulto.

3- UNANA MUNANA WASA MUNBINGA

Tradução: Puxar por puxar bates no chifre.

4- WAMONA IMBUMBA

Tradução: Filho do divorciado, seu mal-educado; incorrigível.

5- KI WASANGUE PHALANGA IAPONDO LAMBINGA KUSESA IASESE!

Tradução: Se por ventura tiver encontrado a palanca enrolou os seus chifres, esquivou
muitos perigos.

6- KIWASANFGUE KAMBA LIA TATO IOMUWAMBILA KULAMDUKE ELA


VITELAKO

Tradução: Se tiver encontrado o teu amigo está sendo aconselhado pelo seu pai não
distraía, escute também os conselhos, te serão úteis na vida.

19
7- BUNDA KALIKALE MUNHA OU KALUNGA KALIKAKE MUTHU

tradução: A cintura não rejeita a pessoa, assim como a morte também não a rejeita.

8-WEPULA EYE WENZYA OU WANYSU EYE WELUKA

Tradução: Quem pergunta deseja saber e quem bufa é que está saudável.

9-OMBEU KY YALONDO KELU LYXINFGUY PUETY YU WEPAKEKO

Tradução: O cágado, se tiver por cima de um tronco, é porque alguém o terá colocado.

10- KYKOKA ÕMBBWA KUMATHU KYTOKA

Tradução: O que arrasta o cão vem nas pessoas.

11- MUJYMBO ASEKULU MAZO NGO OLANDUNGUE XE XIXAMO.

Tradudução: Na boca do seculo, do ancião, só apodrece os dentes, mas a sua sabedoria


mantém viva.

12- KYWASANGUE OMUENJY WONGUY UTEMA WA SUPELAWO MESMA

Tradução: Se tiver encontrado a barba do vizinho estiver a queimar, previna a tua barba.

13- MAPYTY HANGA KAKOMBE KAPITYMO LUFUNDA

Tradução: Onde passou o mais velho, eu não repito.

14- KUMBYLY KULYWA

Tradução: Na vontade se alcança aquilo que desejamos.

15- YALYAKULA OYO YEKYA OMEMA

Tradução: Que troveja é que dá água.

16-MULU LUMULU KIOLISANGUE MUTU LUMUTHU KYETY LYKYLYSANGA

Tradução: Montanha e montanha não se encontram, mas pessoa e pessoa hão-de


encontrar-se.

17-EYE WAYONGOLA UZALA KIPA KYOGO KUMOXY LALANONAXE

Tradução: Tu que quis vestir a pele da onça, deves suportar os seus piolhos.

18- ÑGANZA LAÑZALA KY XEZUKA. KAWEZENAKO. KUTHYNDOKA KYAHANE

Tradução: A cabeça) as cabeças) se estiver cheia, não se pode aumentar, entornar-se á.

19- KELYXYNGUY KOMBENA

20
Tradução: quem não se mexe, ninguém vem ao seu encontro, ou dar-lhe uma semba de
alegria.

20- OLYJY OZEMBA OPO OHA

Tradução: o rio que inferioriza )ignora) é onde morre.

21- WETY KASSE KUMASUA

Tradução: Deu-nos a força.

22- UTULA THAMBY KOLYLY

Tradução: Quem te transmite o óbito, não te chora.

23- WEPULA KAPULUNGO EYE OLYLA

Tradução: Quem perguntou a viúva, é que pode chorar.

24- KYLYTEPA KUPHONDE LAMEMA KILISANGA KE SO MOMBIA

Tradução: A separação do bagre e água, é só na panela.

25- WATETE KUHOHA OKYO KYA

Tradução: Aquilo que cortaste no cobre é que é teu.

26- ONVULA OMO YALUNDYLA ANDIKO OMO YNOHINA

Tradução: A chuva como troveja, não é conforme cai.

27- WETI HMNEHMNO LIONGUI KUXUKA

Tradução: Quem está na barriga do outro não pode esticar as pernas.

28- WALIAULA LUMENE KAHI MUWANDA

Tradução: Quem come de manhã, não morre na rede.

29- ÕMBWA KAIAMBATA MUALI WIHIPA

Tradução: O cão não leva) pode) dois ossos.

30- LAMUPA KAXILILA KOXOMEME ISALAXI-IE ITUNDA KELO

Tradução: A ginguba não se pode comer no fundo de água, as suas cascas hão-de sair a
superfície.

31- OHALI IO TOKA NGO

21
Tradução: o sofrimento não vem só.

32- ÔMBUA KI IAMINHI IHIPA IALIELELA KUPHANHA-WE

Tradução: O cão se tiver engolido osso, é porque confiou no seu ânus.

33- KETI LAWOMA KAKULU

Tradução: Quem não tem medo, também não cresce.

34- KWENDA KUITATU- OMUENHO KU-IUNGA

Tradução: Andar deve ser com muito cuidado, porque a vida deve ser bem protegida.

35- PUPANGO LIMUENHO PUJIKILA UNGUINI

Tradução: No buraco) furo) da vida não te pode fechar o outro.

36- OIA KOLUNGA OSUXILA PUJIKO

Tradução: Quem vai na morte, urina) mija) no fogo.

37- O MULU KI KUTENA KULONDA SOSESALAWO

Tradução: Se não consegues subir a montanha, então contorne com a mesma.

38- UMUTHU KUMIMUKA AMAIS NGA IÑGANA KITAÑGINA IPHATA LUSONDE


IE EIE LA KUTOPO AMAIS NGA OMEME ILININA MUNGUILA WE

Tradução: Tu, pessoa, não ficas espertalhão demais como macaco que mastiga lagarto
com seu sangue; e também não estúpido demais como carneiro que defeca na sua cauda.

39- ÕMBUA ILI-UJILA NGO IOTAPUKA IMBABA

Tradução: O cão só ladra, mas não atravessa com a carga.

40- KUTELEKA ONDANDI KUXIMBIKA ITIMA

Tradução: Cozinhar a pedra, é preciso tranquilizar o coração.

22
3.3. Análise e Interpretação dos resultados

Segundo Possenti (1998) apud Cazelato (2003), para entender um provérbio é preciso
não apenas decodificá-lo, mas interpretá-lo, o que demanda um trabalho do interlocutor
além da decodificação. O provérbio, assim, evoca experiências sociais, culturais e
históricas;

A análise feita aos provérbios da Região ambundu, obedeceu a todos os princípios de


análise de conteúdo definido por Bardin. A interpretação dos mesmos teve como base a
narrativa filosófica, uma vez que o fulcro da nossa pesquisa é conhecer a essência dos
provérbios dos povos ambundu. Assim, tendo em conta a lista de corpus apresentado,
eis a interpretação dos provérbios:

1. Na vida, devemos aprender a colher do nosso suor, para evitar aborrecimentos.


A dependência leva ao fracasso.
2. O reconhecimento da grandeza implica o conhecer da pequenez.
3. Para enfrentar o mundo, devemos reconhecer os nossos limites. A capacidade de
sobrevivência não está na longevidade, mas sim na forma como nos adaptamos
ao meio.
4. Ao lidar com os outros, o nosso comportamento definirá o percurso da relação.
Devemos pautar por um bom carácter para fazermos parte dos modelos da
sociedade, caso contrário seremos sempre os malvistos.
5. As cicatrizes da vida revelam as nossas batalhas diárias, as nossas fraquezas e
as nossas buscas. Quem muito quer, pouco se cansa. Encontra sempre força ou
condições motivacionais para seguir em frente.
6. O homem sábio sempre procura bons caminhos e o encontra. Quando vires
alguém a praticar o bem imita-o, porque a maldade acolhe sempre o imprudente.
Os conselhos dos adultos são caminhos a trilhar para vencer na vida.

23
7. A morte é uma porta aberta. Neste mundo, devemos temer a vida do outro, se
queremos chegar a velhice. Temos que ter cuidado com aquilo que nos sufoca e
reconhecer o nosso tamanho.
8. A saúde vem dos alimentos e a dúvida é o princípio do conhecimento. Quando a
pessoa está saudável apresenta boa disposição e quem saber a direcção chega ao
seu destino.
9. Para subir na vida não existe elevador, são os nossos esforços, a nossa dedicação
que nos colocam em cima, no topo. Sem luta, não há vitória. Para os apressados,
quanto maior é a altura, mais intensa é a queda.
10. O que nos faz o mal não são pessoas de longe, mais sim de perto. Devemos nos
afastar das pessoas que alteram o nosso campo magnético, o nosso nível astral.
A maldade se avizinha antes da bondade.
11. O mais velho pode ser iletrado, mas as suas experiências de vida são exemplos
de um excelente peregrino neste mundo. A experiência é a prática do saber.
Ouvir um mais velho é acompanhar as suas pegadas, seu estilo de vida e
projectar uma vida mais segura.
12. Nesta vida, não devemos rir das desgraças dos outros, pois a qualquer momento
podemos ser afectado por um momento idêntico ou pior. Quando estiveres em
cima estende a mão para quem estiver a baixo, pois quando acontecer o
contrário, ele poderá reconhecer o bem.
13. Os jovens não podem confrontar os mais velhos, antes respeitá-los, pois onde os
mais velhos passaram, eles não conseguirão passar. Dito isso, percebe-se que a
antiguidade é um posto.
14. Só alcançamos o que queremos, quando há vontade, há iniciativa da nossa parte.
O segredo para vencer na vida, consiste em enfrentar os altos e baixos, as
barreiras, o que requer autodomínio.
15. A colheita é o reflexo da plantação. Todo bem ou todo mal que fazemos se
reflete mais cedo ou mais tarde na nossa vida. É a chamada lei do retorno.
16. Os problemas são para ser resolvidos e não esquecidos. Na vida, devemos saber
encarar a verdade, consciente das nossas limitações. Fugir um problema é
originar mais problemas.
17. Este provérbio nos ensina a medir as consequências dos nossos actos antes de
entrarmos em acção. Devemos agir sempre de forma consciente e livre.

24
18. O provérbio nos ensina que o excesso sempre faz mal, devemos procurar ter o
necessário, o suficiente. Os clássicos nos ensinam que quem tudo quer tudo
perde.
19. Nos ensina que só nós realizamos com os outros, então devemos nos relacionar
uns com os outros para caminhar e desenvolver juntos, afinal ninguém é uma
ilha. Sempre precisamos dos outros.
20. O provérbio nos ensina que a terra que estamos a pisar é a mesma que nos
receberá no dia da morte. Em outras palavras, aquilo que menosprezamos
poderemos precisar a qualquer momento. Todas as coisas têm um valor.
21. O provérbio é breve e nos emite a ideia de que Deus nos suporta sempre nos
momentos difíceis. É necessário acreditar. Logo, percebe-se que enquanto há
vida, há esperança.
22. Nos ensina que a pessoa que morre nos transmite sentimento de dor, de tristeza,
logo nos transmite o óbito e no dia da nossa morte esta pessoa não estará
presente para chorar. Só os vivos choram.
23. Este tem relação estreita com o anterior, nos ensina que ao chorarmos num
óbito, estamos a compartilhar o pesar, a dor da mulher cujo marido faleceu. A
consolação é a dor partilhada.
24. O provérbio nos ensina que nada nesta vida dura para sempre. Devemos
preservar o que temos, devemos amar as pessoas ao nosso redor. A união faz a
força.
25. Nos remete a ideia de que o nosso sustento deve vir do nosso trabalho. Tudo que
conseguirmos deve refletir as nossas lutas, as nossas buscas e as nossas
superações.
26. O provérbio nos ensina que algumas pessoas têm dupla personalidade. Nem
todas pessoas que julgamos serem boas, são. As aparências iludem.
27. O provérbio nos ensina que quando dependemos de alguém, não devemos fazer
escolhas, devemos antes obedecer às regras estabelecidas. A dependência mata
as expectativas.
28. Este provérbio nos ensina que o pequeno almoço, que chamamos de matabicho,
é muito importante e não pode ser comprometida ou omitida da nossa dieta
alimentar. Em outras palavras, quem se previne, evita danos, problemas ou
situações desagradáveis.

25
29. Nos ensina que nenhuma pessoa pode ser fiel a outras duas, pois se falar bem de
uma, falará mal da outra. Ou seja, o orgulho mata a confiança.
30. Nos ensina que tudo feito no oculto, mais cedo ou mais tarde será descoberto.
Ou seja, um segredo quando contado deixa de ser segredo. A mentira tem pernas
curtas.
31. Nos ensina que o sofrimento não é apenas para dor, mas também para o
crescimento, amadurecimento e revela a forma de como superarmos as
dificuldades. É na dificuldade que aparece a oportunidade.
32. Remete-nos a ideia de que não devemos culpar os outros dos nossos erros, pois
somos dotados de livre arbítrio. O mal procurado não dói.
33. Nos ensina que o crescimento passa por diversas fases, onde somos submetidos
a enfrentar certos problemas, como de saúde, financeiros, etc e é normal que a
temebilidade, por exemplo da morte, tome conta de nós devido os
acontecimentos observáveis na sociedade. Apesar dos riscos, devemos tentar,
caso contrário não saberemos se algo dará certo ou não.
34. Nos alerta sobre os perigos deste mundo, que devemos saber liar com os outros,
saber evitar os problemas e saber agir. Evitar pessoas conflituosas ajuda a
melhorar a saúde física e emocional, prolongando a vida.
35. Devemos saber que somos passageiros neste mundo e que a morte não pode ser
motivo para não desfrutarmos desta vida. Devemos sonhar, devemos lutar para
alcançar os nossos objectivos, devemos viver a vida, cientes da morte, afinal
quem não sonha morre duas vezes.
36. Nos ensina que a morte é o fim de todos os problemas desta vida. A sua
mensagem alude a ideia de que viver é estar ciente de que teremos sempre
problemas, pois são inevitáveis.
37. Remete-nos a ideia de que é necessário saber lidar com as adversidades desta
vida, se uma forma não se adapta, tenta a outra. Devemos mudar a forma de
perceber os factos, pois a não mudança pode nos transmite a ideia de
incapacidade.
38. Nos ensina que nesta vida não podemos ser bons demais, para não nos pisar e
não maus demais para que as pessoas não fujam de nós. Devemos equilibrar o
nosso ser para lidar com os bons e os maus.
39. Nos ensina que em vez de criticar, devemos ajudar. Não basta falar, devemos
fazer. As pessoas emitam aquilo que você faz e não o que você diz.

26
40. Remete-nos a ideia de que devemos ser pacientes para colhermos frutos, bons
resultados e não comprometer a jornada. Os clássicos nos ensinam que a pressa
é inimiga da perfeição.

27
CONCLUSÃO

Os provérbios são narrativas que traduzem os hábitos e costumes dos povos, bem como
a sua filosofia de vida baseada na tradição oral. Os povos Ambundu têm uma visão
holítica do mundo e o interpretam a partir de suas vivências e experiências que são
transmitidos para gerações vindouras por meio dos contos, fábulas, estórias.

Apesar do conflito que se regista na sua origem, os provérbios sempre revelaram o valor
da língua e do povo que a fala. Para os Ambundu valorizar a língua é valorizar a vida da
comunidade. A essência proverbial Ambundu é revelada nos conhecimentos que são
transmitidos através dos dizeres entre um adulto e um jovem, entre um soba e a sua
comunidade, nos jangos ou em cerimónias festivais e fúnebres.

Os provérbios estão sempre ligados a comunidade em que está inserida um determinado


povo, pois é apartir das características desse povo que se desenvolvem os provérbios
como unidades lexicais que definem a situação social, política, cultural e também
espiritual dos povos. Ao interpretar um provérbio não podemos desprezar a ritualidade
nem a origem espacial do mesmo.

Dentre os tipos de provérbios, os mais predominantes na região Ambundu são os


populares que se formam através da crença e dos dizeres dos mais velhos, constituindo
assim uma fonte sapiencial para ensinar, educar e moldar comportamentos dos mais
jovens para serem vem vistos no seio comunitário ou na sociedade. Uma das vantagens
dos provérbios além de serem de fácil memorização, é de se veicular com tanta
vitalidade devido a oralidade.

Dos resultados alcançados, concluímos que os provérbios constituem a fonte de


sabedoria dos povos Ambundu, possibilitando o seu enquadramento devido as suas
crenças, expressividade cultural e experiências étnicas. A filosofia deste povo
caracteriza-se por valores éticos que exprimem o sentido da vida, a temebilidade da
morte, a espiritualidade, a prática da justiça social e a igualdade entre os membros da
mesma comunidade. Esta fonte de saber vai atravessando fronteiras, divulgando e
relacionando a cultura Ambundu com a dos outros povos.

28
RECOMENDAÇÕES

Tendo em conta as limitações e as dificuldades encontradas ao longo da nossa pesquisa,


definimos as seguintes recomendações para futuros trabalhos com o tema semelhante ao
nosso:

1. Que se evite a recolha de dados nas aldeias em tempo de chuva, pois é um


período tão constrangedor para o efeito do mesmo;

2. Que se faça com antecedência o plano de auscultação com os participantes da


pesquisa;
3. Que se desenvolvem trabalhos sobre os provérbios na área da Educação, pois
ajudará a promover a natureza didáctica dos provérbios;

4. Que a Fluan crie condições para a divulgação dos trabalhos científicos que
promovem a cultura nacional, pois ajudará a conservar os hábitos, os costumes e
valores culturais;

29
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