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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E EXATAS – DQE


DISCIPLINA: QUÍMICA ANALÍTICA I
DISCENTE: VANESSA NERES SANTANA
DOCENTE: MARINA MENEZES
TURMA P01

EQUILÍBRIO DE COMPLEXAÇÃO

JEQUIÉ
OUTUBRO/2014
Equilíbrio de Complexação

De acordo com a Teoria de Lewis, ácidos são espécies receptoras de pares de


elétrons e bases são espécies doadoras de pares de elétrons. De acordo com as
reações 1 e 2 abaixo, nota-se que esta teoria é complementar à teoria de Arrhenius e
de Bronsted-Lowry.
Em ambas, os conceitos de Bronsted-Lowry são obedecidos, porém, a teoria de
Lewis nos permite estudar reações envolvendo espécies metálicas na forma de íons,
por meio de reações de complexação, onde o íon metálico atua como um ácido de
Lewis que recebe um par de elétrons de uma base de Lewis, que é denominada como
“Ligante”.
Os complexos formados são classificados em função de sua carga. Se for um
composto neutro, são denominados “Compostos de Coordenação”. Caso contrário, os
íons complexos são classificados como “Catiônicos ou Aniônicos”.

Ni2+ + 6 H2O ⇄ Ni(H2O)62+


Hexaquaníquel(II) íon complexo catiônico

Zn2+ + 4 Cl- ⇄ Zn(Cl)42-


Tetracloreto de Zinco(II) íon complexo aniônico

Co3+ + 3 NH3 + 3 NO2- ⇄ Co(NH3)3(NO2)3


Triamintrinitrocobalto(III) Composto de coordenação

Na química analítica, a maior parte dos complexos de interesse são


mononucleares, ou seja, possuem apenas um átomo central. Existem, porém espécies
polinucleares como o Ag2I3- (triiodoargenato(I)) e o Fe2PO43- (µ-fosfatoferro(III)).
Os ligantes são classificados em função do número de pares de elétrons
disponíveis para a reação. Assim os ligantes “monodentados” dispõem de apenas um
par de elétrons, como a NH3, Cl-, H2O e outros. Já os ligantes “polidentados”
possuem dois ou mais pares de elétrons, como a etilenodiamina – NH 2CH2CH2NH2 –
e a dietilamina – NH(CH2CH2NH2)2.
Os ligantes polidentados são denominados “agentes quelantes” e seus
complexos são denominados “quelatos”, cuja estabilidade é superior aos complexos
obtidos a partir de ligantes monodentados.
Nos estudos de equilíbrios envolvendo complexos, o interesse é calcular as
concentrações de todas as espécies envolvidas nas reações de complexação. Para tal,
vamos fazer as considerações: os complexos mais usados em química analítica são
estáveis, ou seja, em condições adequadas, as reações são praticamente completas e
instantâneas. Para fins didáticos, inicia-se os estudo com ligantes monodentados
seguidos pelos ligantes polidentados.
A formação de um complexo metálico mononuclear poder ser genericamente
representada pela equação:
Kf = [ML]
[M][L]
Em que M é um íon metálico e L um ligante. As cargas das duas espécies iônicas foram
omitidas para efeito de simplificação na representação. O caso mais simples é dos
compostos mononucleares com n = 1.
Os ligantes L são doadores de elétrons, que podem ser denominados de
monodentados ou multidentados. Sendo que, os multidentados ou quelante são aqueles
que se ligam a um íon metálico através de mais de um átomo ligante.
Quando vários ligantes se ligam ao átomo metálico central, a formação do
complexo envolve sucessivas etapas, e, então, o equilíbrio é determinado por tantas
constantes de formação quantos sejam as espécies complexas em questão. Têm-se para
as sucessivas etapas:
K1 = [ML]
M + L ↔ ML [M][L]

ML + L ↔ ML2 K2 = [ML2]
[ML][L]
MLn+1 + L ↔ MLn Kn+1 = [MLn]
[MLn+1][L]
Em que K1, K2, ..., Kn são as sucessivas constantes de estabilidade da reação de
complexação. Em geral K1 > K2 > K3 ...; porém são conhecidas exceções. Às vezes,
pode ser conveniente usar o produto das sucessivas constantes de estabilidade ou
produto de estabilidade (também chamado constante de formação global ou cumulativa
do complexo). Assim, combinando as sucessivas etapas da reação de formação do
complexo MLn, pode escrever-se
M + nL ↔ MLn em que Kf = K1.K2 . . . Kn
Como o objetivo é a determinação da concentração de todas as espécies, é
necessário fazer o balanço de massa em função do íon metálico e do ligante.
CM = [M] + [ML] + [ML2] + ................+ [MLn] (3)
CL = [L] + [ML] + 2 [ML2] + ..............+ n [MLn] (4)
De modo geral, a concentração do ligante é suficientemente elevada, tal que,
após todas as reações, sua concentração permanece aproximadamente a mesma, ou
seja, o consumo do ligante se torna desprezível. Assim CL ~ [L]. Rearranjando o
balanço de massa em relação ao metal para deixar em função da [M], na equação 3,
[ML] = β1[L][M]; [ML2] = β2[L]2[M] e [MLn] = βn[L]n[M]. Assim, a equação 3 torna-
se:
CM = [M] + β1[L][M] + β2[L]2[M] + ................+ βn[L]n[M] (5)
Rearranjando a equação 5, tem-se:
CM = [M] (1 + β1[L] + β2[L]2+ ............+ βn[L]n) (6)
Agora é possível calcular a concentração de M em equilíbrio, desde que se
conheça a concentração analítica do metal ou do ligante.

Diferentemente das reações que envolvem ligantes monodentados, as reações


envolvendo ligantes polidentados apresentam um grande interesse para a química
analítica, pois, além dos quelatos apresentarem uma maior estabilidade e serem
solúveis em água, de modo geral, a proporção do metal : ligante é 1 : 1, independente
da carga do íon. Os quelantes mais comuns, são os ácidos aminocarboxílicos como o
ácido trans–1,2–diaminocicloexanotetracético (DCTA), ácido
dietilenotriaminopentacético (DTPA), ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), e
outros. O mais importante em química analítica é o EDTA, cuja reação genérica é dada
por:
Mn+ + Y4- ⇄ MYn-4 Kf = MY n-4
[Mn+] [Y4-]

Como se trata de um ácido tetraprótico fraco, tem-se:


É importante que se saiba como calcular a concentração de cada espécie de
EDTA numa determinada condição de pH. Considerando as reações abaixo:

Da mesma maneira que as reações de complexação envolvendo ligantes


monodentados, para se calcular a concentração de cada espécie inicia-se pelo balanço
de massa que é dado por:

Rearranjando o balanço de massa acima em função da [Y 4-], faz-se as seguintes


substituições:

Assim, evidenciando [Y4-], o balanço de massa fica:

E, as frações de cada espécie são dadas por:

Lembrando que
6.0 Referências Bibliográficas

Harris, Daniel C., Análise Química Quantitativa, 6ª edição, Livros


Técnicos e
Científicos Editora, 2005.

Skoog, Douglas A., West, Donald M., Holler F. James, Crouch,


Stanley R., Fundamentos de Química Analítica, 8ª edição, Editora
Thomson Learning, 2007.
7.0 Anexos

PÓS – LABORATÓRIO

1- É provável que a frase “um aumento de temperatura favorece a reação


endotérmica” não lhe seja estranha (se for o caso consulte o professor). Mostre
como esta frase decorre do princípio de Le Chatelier.
É como se a quantidade de calor fosse um dos componentes da reação. Por
exemplo: Reagentes + Calor → Produtos. Então quando se adiciona calor ao sistema, o
equilíbrio tende a se deslocar para a reação endotérmica, para consumir o calor
excessivo.

2- O que aconteceria se você acrescentar ácido clorídrico concentrado a uma


solução saturada de NaCl? Porque?
Porque ao se adicionar HCl neste equilíbrio, um pouco de NaCl irá se
precipitar:

NaCl(s) ↔ Na+(aq) + Cl-(aq)

Pois o ácido também libera íons cloreto, que é um íon em comum em solução o
que aumentaria a concentração deste íon no sistema. A adição de Cl- irá deslocar o
equilíbrio no sentido de formação do NaCl(s).

3- Dissolver a quente 12,5 g de tiossulfato de sódio pentahidratado em 12,5 mL


de água, resfriar cuidadosamente a solução e depois acrescentar um cristalzinho
do sal, você observará uma súbita e maciça precipitação. Quer dizer: a adição de
um cristal provocou o aparecimento de muitos outros cristais. Isto não parece
contradizer o princípio de Lê Chatelier?
Não. De acordo com o principio de Lê Chatelier, quando se aumenta a
concentração de uma substância num sistema em equilíbrio, o equilíbrio é deslocado no
sentido da formação de mais produto, já nesse caso foi adicionado um cristal do sal que
foi dissolvido, tendo sua concentração aumentada quando ele foi adicionado ao sistema,
havendo precipitação.
4-  Os produtos de solubilidade de carbonato de cálcio e do fluoreto de cálcio
são 8,7 x 10-9 e 4,0 x 10-11, respectivamente. Mostre que o fluoreto é mais solúvel
que o carbonato, apesar de ter o Kps menor.

CaCO3(s) → Ca2+(aq) + CO32-(aq)

início 1 0 0

equilíbri
1-X X X
o

Kps = [Ca2+].[CO32-] = 8,7 x 10-9

X2 = 8,7 x 10-9

X = 9,3 x 10-5 (solubilidade do carbonato)

CaF2(s) → Ca2+(aq) + 2F-(aq)

início 1 0 0

equilíbri
1-Y Y 2Y
o

Kps = [Ca2+].[F-]2 = 4,0 x 10-11

4Y3 = 4,0 x 10-11

Y = 2,2 x 10-4

2Y = 4,4 x 10-4 (solubilidade do fluoreto)

4,4 x 10-4 > 9,3 x 10-5, portanto a solubilidade do fluoreto > solubilidade do carbonato.

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