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NOTAS DE AULA DE

MÁQUINAS ELÉTRICAS I

Professor: José Geraldo Lanna


Monitora: Flávia Marcelle M. Brito
Colaborador: Vilmar Siqueira da Silva

Belo Horizonte/MG
2010

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Sumário

CAPÍTULO I - CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................ 3

CAPÍTULO II - CIRCUITO MAGNÉTICO ................................................................... 10

CAPÍTULO III - A BOBINA (SOLENÓIDE) ................................................................. 20

CAPÍTULO IV - INDUTANCIA MÚTUA ...................................................................... 28

CAPITULO V - ENERGIA DO CIRCUITO MAGNÉTICO............................................ 30

CAPITULO VI - PERDAS MAGNÉTICAS NOS MATERIAIS FERROMAGNETICOS 39

CAPITULO VII - TRANSFORMADOR IDEAL............................................................. 43

CAPITULO VIII - TRANSFORMADOR REAL............................................................. 47

CAPÍTULO IX - ENSAIOS DE CARACTERÍSTICAS ................................................. 61

CAPITULO X - AUTOTRANSFORMADOR ................................................................ 78

CAPITULO XI – SISTEMA PERCENTUAL E POR UNIDADE ................................... 83

CAPITULO XII – TRANSFORMADOR TRIFÁSICO ................................................... 89

CAPITULO XIII – TRANSFORMADOR INSERIDO NO SISTEMA TRIFÁSICO ....... 111

CAPITULO XIV - RESOLUÇÃO DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS UTILIZANDO ¨PU¨ 119

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Capítulo I – Conceitos Básicos

CAPÍTULO I - CONCEITOS BÁSICOS


Na natureza existem perturbações de origens diversas, caracterizadas por
manifestações variadas, tais como: calor, força, luz. Essas manifestações ocorrem
em uma região do espaço chamado campo. Portanto, campo é um parâmetro
geométrico, representando onde uma dessas manifestações está ocorrendo.
Assim, onde o calor de uma fogueira é sentido, diz-se que se está no campo da
mesma. Do mesmo modo, todo corpo está dentro do campo gravitacional
terrestre. Baseado nesse conceito, o campo luminotécnico de uma lâmpada é a
região até onde chegam os raios luminosos da lâmpada. A entidade característica
da luz é o raio luminoso (lúmen), da gravidade é uma força (Newton) e do calor é
um raio calorífico.
O fluxo representa a somatória das entidades unitárias indicadas. Assim, temos
que o fluxo luminoso de uma lâmpada é a soma de todos os raios luminosos que
dela emanam. Por exemplo, uma lâmpada fluorescente de 40 W tem fluxo
luminoso de 2300 lúmens.
Fluxo magnético( ) é o número total de linhas de força existente num determinado
circuito magnético:

A densidade de fluxo relaciona o fluxo e a área em que o mesmo incide


perpendicularmente. Assim dizemos que o iluminamento sobre o plano de uma
mesa de trabalho é a relação entre o fluxo luminoso da lâmpada e a área da
lúmen
mesa, ou seja: B lux
A m2

Densidade de fluxo magnético (B) se refere à concentração de linhas de força em


uma dada seção (área):
B
A

A intensidade de campo mede onde a manifestação é maior ou menor. No caso


da iluminação, onde tem mais luz ou menos luz. Normalmente, a intensidade é
maior nas proximidades da perturbação, por isto, existe mais luz perto da
lâmpada, assim como, existe mais calor perto da fogueira. Quando afastamos da
perturbação a intensidade diminui.
Intensidade de campo magnético (H) é a razão entre a fmm e o comprimento
médio do circuito magnético, isto é:

fmm
H
l

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Capítulo I – Conceitos Básicos

Magnetismo é uma perturbação caracterizada por uma manifestação de uma


força, que pode ser de atração ou repulsão. Por exemplo, corpos de material
ferroso são atraídos ou repelidos na proximidade de um imã ou de um circuito
elétrico com corrente circulante. O magnetismo é oriundo de uma ordenação dos
diversos dipolos existentes em um material. Esta ordenação é obtida na prática,
atritando-se o material com um imã ou por eletromagnetismo que é a produção de
magnetismo em um circuito quando uma corrente elétrica circula pelo mesmo.
Após estes procedimentos aparece a manifestação de força.
Eletromagnetismo: a corrente elétrica percorrendo um condutor gera na região
do espaço próxima ao mesmo a manifestação de uma força, ou seja, magnetismo.
A força é uma grandeza fasorial que apresenta módulo, direção e sentido,
conforme fig. 1.
Módulo: depende do valor da corrente em Ampères e do meio onde se
instala o circuito;
Direção: as forças elementares são mostradas como linhas circulares
concêntricas em relação ao condutor chamadas de linhas de fluxo;
Sentido: segundo a regra da mão direita de Fleming, temos o dedo polegar
no sentido da corrente, o sentido das linhas de fluxo será indicado pelos
demais dedo da mão.

I (A) Φ corrente I
(entrando no papel)

a
C

Seção AA do condutor

Fig. 1 – Linhas de força em um condutor percorrido por uma corrente elétrica

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Capítulo I – Conceitos Básicos

1.1 Força entre condutores paralelos percorridos por correntes elétricas:

Consideremos agora, um circuito conforme fig. 2. Observando as forças geradas


pelos condutores 1 e 2, verificamos que na região do espaço entre os dois
condutores as forças produzidas por ambos se somam, aumentando a intensidade
magnética nesta região. Nas regiões acima do condutor 1 e abaixo do condutor 2
a concentração de força é menor do que na região central.
F1

condutor: 1 I I 1

I 2
condutor: 2

Fig. 2 – Forças geradas pelos condutores 1 e 2

F2

Na natureza as perturbações tendem a se propagar partindo das regiões de alta


concentração (intensidade mais alta) para regiões de baixa concentração
(intensidade mais baixa). O calor flui do corpo mais quente para o corpo mais frio.
Deste modo, no condutor 1 aparece uma força para cima e no condutor 2 aparece
uma força para baixo ficando demonstrado a existência de uma repulsão entre os
condutores.
Num caso prático, conforme mostrado na fig. 2.1, um sistema elétrico trifásico é
mostrado em uma estrutura poste x cruzeta com os 3(três) condutores distribuídos
sobre isoladores.
O condutor do extremo direito tem uma corrente I1 penetrando no papel e o
condutor próximo tem a corrente I2 saindo do papel. Haverá uma concentração
maior de energia na região entre os condutores e haverá uma força de repulsão.

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Capítulo I – Conceitos Básicos

Fig. 2.1 – Sistema Elétrico Trifásico em uma estrutura Poste x Cruzeta

Esta força pode ser calculada pela lei de Ampère:

7 I1 xI 2
F 2,04 x10
D

onde: F = Força em Newton;


I1 e I2 = Correntes nos condutores em ampere
D = Distância entre os condutores em metro.

Para o circuito da fig. 2, como as correntes são iguais (I1 = I2 ), temos:

2
7 I1
F 2,04 x10
D

1.2 Tensão induzida em um condutor que se movimenta em um campo


magnético:

Fig. 2.2 – Condutor em movimento em um campo magnético

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Capítulo I – Conceitos Básicos

O condutor CD repousa sobre o plano H. Um fluxo magnético faz um ângulo


/ 2 com o plano H.
Suponhamos que se aplique uma força ao condutor CD deslocando-o para
esquerda com uma velocidade ( v ).
Pela Lei de Faraday aparece tensão elétrica (f.e.m.) no condutor CD; pois passa a
existir movimento relativo entre condutor e fluxo.
Esta tensão vale:

eCD .l.v.sen
A

eCD B.l.v.sen

onde: eCD = Força eletromotriz entre C e D;


B = Densidade de fluxo no plano H de área A(m²);
v = Velocidade imposta ao condutor em m/s;
= Ângulo entre e v .

Para / 2 , a tensão induzida é máxima:

eCD B.l.v

Para 0 , ou seja, e v estão na mesma direção, a tensão induzida será nula.

Podemos demonstrar que a mesma expressão eCD B.l.v pode ser transformada
e explicitada em função do fluxo como segue:

Ao sair da posição 1 e ir para a posição 2, o condutor descreve um comprimento


ds. A área correspondente é dA l.ds . A tensão induzida pode ser escrita
conforme abaixo:

ds dA d
eCD B.l. B
dt dt dt

Se tivermos N condutores

d
eCD N
dt

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Capítulo I – Conceitos Básicos

Esta expressão demonstra que a tensão induzida e gerada tanto pela movimento
do condutor diante do fluxo ( eCD B.l.v ) ou pela variação do fluxo com o condutor
d
estacionário ( eCD N ).
dt

Fig. 2.2a – Condutor fixo em um campo magnético variável

1.3 Interação entre o fluxo magnético e um condutor percorrido por uma


corrente elétrica:

Na figura abaixo, o condutor BC está exposto ao fluxo e é percorrido por uma


corrente proveniente de uma fonte de tensão (V).

Fig. 2.3 – Condutor percorrido por uma corrente exposto ao fluxo

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Capítulo I – Conceitos Básicos

A seção S1S2 é mostrada no desenho abaixo:

Fig. 2.4 – Seção S1S2

O condutor BC fica submetido ao fluxo e ao fluxo c gerado pela corrente i.


Os dois fluxos interagem, aumentando a densidade de fluxo no lado esquerdo do
condutor e diminuindo do lado direito. Como resultado, o condutor vai deslocar
para direita, ou seja, da região de maior densidade magnética para região de
menor densidade magnética. Para que haja o deslocamento faz-se necessário
admitir a existência de uma força F conforme indicado nas figuras.

F B.l.i.sen

onde: F = Força em Newton;


l = Comprimento do condutor em (m);
i = Corrente em ampère;
= Ângulo entre e H o plano que contem o condutor

Pode-se observar na fig. 2.4 que a interação entre os fluxos e c provoca a


deformação do fluxo o qual tende a se alinhar com c.

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Capítulo II – Circuito Magnético

CAPÍTULO II - CIRCUITO MAGNÉTICO

Este circuito é composto de duas partes:


dispositivo produtor de fluxo magnético;
caminho destinado à passagem do fluxo magnético produzido.

O dispositivo produtor de fluxo magnético é conhecido como bobina ou solenóide,


sendo de construção simples, é obtido enrolando-se um fio isolado formando
várias espiras. É essencial que o fio seja isolado para evitar curto-circuito entre as
espiras. O material que servirá de suporte para o enrolamento pode ser madeira,
papelão, etc., conforme fig. 3.
Para se obter fluxo é necessário fazer circular uma corrente elétrica, pois, como
vimos anteriormente, para produção de magnetismo deve haver corrente elétrica
percorrendo um condutor.
Deste modo, o nosso dispositivo produtor de fluxo passa a ser um circuito elétrico
composto de um fio enrolado (bobina) e uma fonte de tensão que poderá ser
contínua ou alternada. Essa é a condição para que circule uma corrente elétrica I
nas N espiras da bobina. Então, aparecem linhas de força concêntricas em torno
dos condutores das diversas espiras.
Observando os condutores superiores e inferiores, conforme fig. 3, verifica-se que
o fluxo magnético resultante na região central é aditivo e tem sentido da direita
para esquerda. O retorno do fluxo se dá por cima e por baixo, partindo do ponto N
até o ponto S. O ponto N é chamado de Norte e o ponto S é chamado de Sul. Na
parte central, o fluxo é e nas partes superior e inferior é /2.
Φ/2

N Φ S

V
Φ/2

Fig. 3 – Linhas de força em um enrolamento de N espiras

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Capítulo II – Circuito Magnético

O meio físico no qual se dá o trajeto do fluxo para esse caso (fig. 3) é o ar. Mas,
poderíamos instalar um material ferroso, como por exemplo, um arame de aço de
seção circular, conforme fig. 4.
Φ
Arame
de aço

Φd

Fig. 4 – Linhas de fluxo em um enrolamento de N espiras e circuito magnético


Como o material ferroso conduz melhor do que o ar, a tendência do fluxo é ficar
confinado nesse material (arame de aço), não havendo condução através do ar,
correspondente a parte inferior do carretel. Entretanto, na prática, algum fluxo
retorna pela parte inferior sendo chamado de fluxo de dispersão ( d).
Portanto, o caminho destinado à passagem do fluxo magnético é chamado de
núcleo magnético sendo um item importante a ser considerado. Existem diversos
materiais para construção do núcleo magnético, alguns oferecem um caminho de
fácil passagem para o fluxo (núcleo de material ferroso), enquanto outros
apresentam dificuldade a passagem do fluxo (núcleo de ar, madeira, vácuo, etc.).
Esse grau de dificuldade representa a oposição do meio à passagem de fluxo é
chamado de relutância. A relutância depende de:
a) comprimento do trajeto do fluxo (l);
b) área da seção transversal do material onde o fluxo transita (A);
c) natureza do material, chamada de permeabilidade do meio ( ).

Temos a expressão matemática que quantifica a relutância:

l
R
A

Concluímos que para obtenção de magnetismo a partir de energia elétrica,


devemos montar um circuito elétrico composto de uma bobina e uma fonte de
tensão, fazendo circular uma corrente elétrica (I) nas espiras da bobina. Nesse
circuito elétrico, carregado, surge uma grandeza chamada força magnetomotriz
(fmm). Esta grandeza vale:
fmm NI

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Capítulo II – Circuito Magnético

Aparecendo força magnetomotriz, finalmente surge o fluxo magnético ( ),


caracterizado por um conjunto de forças elementares, representadas por linhas. O
fluxo é uma grandeza fasorial, cujo módulo é expresso por:

fmm NI
R R

A permeabilidade dos diversos materiais é relativa a permeabilidade do vácuo,


cujo valor é:
Tm
0 4 10 7
Ae

Nas aplicações práticas será informada a permeabilidade absoluta, assim todo


valor dado deverá ser multiplicado por 0 para relativizá-lo ao vácuo:

r x 0 .

Apresentamos a seguir as grandezas definidas anteriormente e sua respectiva


unidade no sistema internacional (SI):

Grandeza Unidade
: fluxo magnético Wb : Weber
: densidade de campo Wb/m2 = T : Tesla
H: intensidade de campo Ae/m : Ampère espira por metro
fmm : força magnetomotriz Ae : Ampère x espira
R: Relutância Ae/Wb : Ampère espira por Weber
: Permeabilidade Tm/Ae : Tesla x metro por Ampère espira
ou Wb/Ae.m Weber por Ampère espira x metro

2.1 Analogia entre os circuitos elétrico e magnético:

No circuito elétrico, temos as grandezas fundamentais: tensão, resistência e


corrente ligadas entre si pela Lei de Ohm. Há circulação de corrente, quando
uma força eletromotriz é aplicada sobre uma resistência inserida em um
circuito, conforme fig. 5a).
No circuito magnético podemos dizer que há circulação de fluxo magnético,
quando uma força magnetomotriz, produzida por uma bobina é aplicada sobre
um núcleo com uma relutância inserida, conforme fig. 5b).

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Capítulo II – Circuito Magnético

Fig. 5a) Circuito Elétrico Fig. 5b) Circuito Magnético

Circuito Elétrico Circuito Magnético


fem (força eletromotriz) fmm (força magneto motriz)
R (resistência) R (relutância)
I (corrente) Φ (fluxo)
σ (condutividade) μ (permeabilidade)

A relutância é um parâmetro que só depende do material, da sua natureza e da


sua geometria, do mesmo modo que se observa para resistência no circuito
l l
elétrico. Com efeito, R . O parâmetro σ é chamado de condutividade.
A A
l
No circuito magnético R , onde:
A
- resistividade;
σ – condutividade;
- permeabilidade;
l - comprimento do fio para o circuito elétrico e comprimento do núcleo para o
circuito magnético;
A - seção transversal do fio para o circuito elétrico e seção transversal do
núcleo para o circuito magnético.

2.2 Características dos materiais magnéticos:

Como vimos anteriormente, a permeabilidade é o parâmetro que mede o grau


intrínseco de oposição que um material oferece à passagem das linhas de
força.
Existem os materiais não magnéticos, chamados de diamagnéticos e
paramagnéticos, cujas permeabilidades são próximas do vácuo 0 4 10 7
Tm/Ae.
Os materiais ferrosos, entretanto, apresentam permeabilidade elevada em
relação ao vácuo. Esses materiais são chamados de ferromagnéticos. Para
fabricação de núcleos magnéticos de transformadores e motores são
especificados materiais ferrosos aos quais é adicionado silício no percentual de
até 6% conseguindo uma liga de ótima permeabilidade.

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Capítulo II – Circuito Magnético

Os materiais diamagnéticos e paramagnéticos, com permeabilidade próxima a


do vácuo, obedecem à Lei de Ohm do circuito magnético, havendo uma
proporcionalidade entre o fluxo magnético ( ) produzido e a força
magnetomotriz (fmm) produtora do fluxo, conforme mostrado na fig. 6.

(Wb)

fmm (Ae)
Fig. 6 – Curva de magnetização (materiais não magnéticos)

Os materiais ferromagnéticos apresentam proporcionalidade entre fluxo e fmm


para baixos valores de fmm. Para valores elevados de fmm, o fluxo não aumenta
na mesma proporção do aumento do Ampère-espira. A variação apresenta uma
reta inicial, enquanto para valores maiores de fmm aparece um patamar horizontal
chamado de saturação, conforme fig. 7.

B saturação
A
Bp

proporcionalidade

Hp fmm
H
m
Fig. 7 – Curva de magnetização (materiais ferromagnéticos)

A curva completa, composta da reta e do patamar é chamada curva de


magnetização. A curva tem no eixo horizontal a intensidade de campo (H) e no
eixo vertical a densidade de fluxo (B). As unidades são respectivamente Ae/m
(Ampère-espira por metro) T (Tesla). Podemos conceituar o parâmetro H,
intensidade de campo, como sendo a quantidade de força magnetomotriz
necessária para impelir o fluxo através de 1 metro de comprimento do núcleo.

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Capítulo II – Circuito Magnético

Para um determinado ponto da curva, conhecendo o valor de B, é possível


determinar a fmm (Ae) necessária para impelir o fluxo em 1(um) metro linear do
núcleo considerado. Através da curva também se pode determinar a
permeabilidade do material, já que:

B
H

2.3 Resolução de circuitos magnéticos:

Os circuitos magnéticos podem ser constituídos por um único material, por dois
ou mais materiais, ou seja, podem conter trechos de núcleo com diferentes
permeabilidades, comprimentos e seções. Quando um dos trechos é o ar,
intercalado entre dois materiais sólidos, o mesmo recebe o nome de entreferro.
Na fig. 8a), temos um núcleo com 3 materiais diferentes, formando três trechos
em série, todos com a mesma seção transversal, porém com diferentes
comprimentos e permeabilidades. Sendo assim, esse circuito magnético é
composto por três relutâncias distintas colocadas em série: R1, R2 e R3. A fmm
será produzida por uma bobina de N espiras, instalada sobre o montante da
esquerda, na qual circula uma corrente I. A fig. 8b) representa o circuito
magnético simplificado.

Fig. 8a) – Circuito magnético Fig. 8b) – Circuito magnético simplificado

Supondo que sejam conhecidas a fmm, as dimensões (comprimento e seção


transversal) do núcleo e as permeabilidades dos materiais, é possível calcular o
fluxo, aplicando-se a Lei de Ohm. Analogamente, o fluxo magnético que
corresponde à corrente no circuito elétrico será calculado através da expressão:

NI
R1 R2 R3

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Capítulo II – Circuito Magnético

Para os circuitos com relutâncias em paralelo calculamos a relutância equivalente:


1 1 1 1
, a fmm é a mesma sobre os ramos em paralelo, do mesmo
Req R1 R2 R3
modo que a tensão é a mesma nos terminais das resistências em paralelo. O fluxo
NI
será calculado por: .
Req
Para os circuitos mistos, calcula-se a relutância equivalente em paralelo,
simplificando o circuito para relutâncias em série. Ver circuito magnético na fig. 9a
e circuito magnético simplificado na fig. 9b.

Φ1 Φ2
Φ1 Φ2

R0

Fig 9a) Fig 9b)

 


  

  

 

 


 

  



Fig 9a) Circuito magnético


Fig 9b) Circuito magnético simplificado

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Capítulo II – Circuito Magnético

2.4 Exercício Resolvido:

Questão 1:

O circuito magnético acima possui r aço = 2000 e as dimensões do núcleo são


constantes para todo o circuito, sendo 2,5cm de espessura e 2,5cm de
profundidade, exceto a perna central do núcleo que possui 5cm de profundidade.
Pede-se:
a) Os fluxos magnéticos;
b) As densidades de fluxo.

Solução letra a):

fmm NI fmm 200 x1 200 Ae

l 7 Wb
R r x 0 0 4 10
A Ae.m

7,5 9,9 7,5 .10 2 Ae


R aço direito 158.598,7
2000 x 4 10 7 x 2,5 x 2,5 x10 4
Wb

0,10 x10 2 Ae
Refd 1.273.885,4
4 10 7 x 2,5 x 2,5 x10 4
Wb

7,5 9,95 7,5 .10 2 Ae


R aço esquerdo 158.917,2
2000 x 4 10 7 x 2,5 x 2,5 x10 4
Wb

0,05 x10 2 Ae
Refe 636.942,7
4 10 7 x 2,5 x 2,5 x10 4
Wb

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Capítulo II – Circuito Magnético

Calculando o circuito elétrico equivalente:

Ae
RD R aço direito Refd 158.598,7 1.273.885,4 1.432.484,1
Wb

10 x10 2 Ae
RC 31.847,1
2000 x 4 10 7 x 2,5 x5 x10 4
Wb

Ae
RE R aço esquerdo R efe 158.917,2 636.942,7 795.859,9
Wb

RDxRE 1.432.484,1x795.859,9 Ae
Req 511.616,1
RD RE 1.432.484,1 795.859,9 Wb

fmm
R

NI 200
c 0,00037Wb
Req Rc 511.616,1 31.847,1

Sabemos que fmmD fmmE , logo RDx D REx E

D RE 795.859,9
0,555
E RD 1.432.484,1

Temos que D E C , ou 0,555 x E E C

0,00037
E 0,00024Wb
1,555

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Capítulo II – Circuito Magnético

D 0,00037 0,00024 0,00013Wb

Contra prova:
- A fmm na perna central vale: fmmC C xRc 0,00037 x31.847,1 11,78 Ae
- A fmm disponível nas relutâncias em paralelo será: fmmD fmmE
fmm fmmC 200 11,78 188,22 Ae

fmmD 188,22
D 0,00013Wb
RD 1.432.484,1

fmmE 188,22
E 0,00024Wb
RE 795.859,9

Resumo: C 0,00037Wb
D 0,00013Wb
E 0,00024Wb

Solução letra b):

B
A

C 0,00037
BC 0,296T
A 2,5 x5 x10 4

D 0,00013
BD 4
0,208T
A 2,5 x2,5 x10

E 0,00024
BE 4
0,384T
A 2,5 x2,5 x10

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Capítulo III – A Bobina (Solenóide)

CAPÍTULO III - A BOBINA (SOLENÓIDE)


Trata-se de um dispositivo, constituído de um fio isolado que é enrolado em torno
de um núcleo feito de um determinado material. Anteriormente, foi explicado como
este dispositivo transforma energia elétrica em energia magnética.
O comportamento da bobina depende da natureza da fem ou tensão aplicada ao
circuito elétrico, que pode ser proveniente de uma fonte de tensão contínua ou
alternada.
Sob tensão contínua, a corrente terá sentido único consequentemente o fluxo
também apresentará um sentido único, determinado pela “regra da mão direita”.
Temos então numa seqüência o aparecimento das seguintes grandezas: tensão
aplicada (V) corrente (I) força magnetomotriz (fmm) fluxo magnético ( ).
Sob tensão alternada, a corrente não será unidirecional, produzindo um fluxo cujo
sentido muda em função do tempo, conforme indicado nas figs. 10ª) e 10b).

Tensão alternada (+V) Tensão alternada (-V)

Fig. 10a) – Circuito magnético Fig. 10b) – Circuito magnético

Além disso, surge nos terminais da bobina (H1 e H2) uma grandeza adicional,
denominada tensão induzida (e). Temos então numa seqüência o aparecimento
das seguintes grandezas: tensão aplicada (V) corrente (I) força
magnetomotriz (fmm) fluxo magnético ( ) tensão induzida (e).
A produção de tensão induzida é baseada na Lei de Faraday que diz: “Quando
existe um movimento relativo entre um condutor elétrico e um fluxo magnético,
aparece no condutor uma força eletromotriz (tensão elétrica)”.

movimento

Φ
S N

Fig. 11a) – Produção de tensão induzida a partir de fluxo


invariável

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Capítulo III – A Bobina (Solenóide)

A produção de tensão induzida pode ocorrer de duas maneiras:


Seja um fluxo magnético invariável no tempo, produzido por uma corrente
contínua (DC), instala-se um condutor elétrico conforme mostrado na fig.
11ª). Fornecendo energia mecânica ao condutor de modo a movimenta-lo
para cima aparece então uma fem no condutor. Esta fem é uma grandeza
fasorial sendo sua direção e sentido, dados pela “regra da mão direita” - o
dedo indicador no sentido do fluxo, o polegar no sentido do movimento do
condutor, o dedo médio indicará o sentido da fem induzida. Vê-se aí a
conversão de energia mecânica em energia elétrica, conforme ocorre nas
centrais elétricas. Nesse caso, o fluxo é constante e o condutor varia de
posição.
I
Φ
S N
V

Fig. 11b) Produção de tensão induzida a partir de fluxo


variável
Agora, seja um fluxo magnético variável no tempo produzido por uma
corrente alternada (AC) de valor eficaz (I). Instala-se o condutor conforme
fig. 11b). Mesmo sem movimento do condutor irá surgir uma fem induzida
no condutor. Esse é o princípio básico de funcionamento dos
transformadores. Nesse caso, o fluxo é variável e o condutor é
estacionário dentro do fluxo (em posição fixa).


   

O módulo da tensão induzida (e) depende da quantidade de condutores enlaçados


pelo fluxo. Se a bobina possui N espiras enlaçadas pelo fluxo o valor da tensão
induzida será dado pela expressão abaixo, onde fica indicada a variação do fluxo
no tempo:
d
e N
dt

Pág. 21
Capítulo III – A Bobina (Solenóide)

O sinal (-) menos dessa expressão indica que essa tensão induzida (e) é contrária
à tensão aplicada (V) já que o fluxo Φ é função da corrente I e esta por sua vez é
função de V. Trata-se, portanto de uma força contra-eletromotriz.

Para o nosso estudo, vamos considerar o fluxo total produzido pela bobina e o
fluxo concatenado ou enlaçante que pode ser calculado pela expressão abaixo:

É importante saber diferenciar uma tensão aplicada (V) de uma fem induzida (e). A
primeira é oriunda de uma fonte de tensão, enquanto a segunda “nasce” no
condutor, nas entranhas do mesmo e situa-se nos terminais de entrada da bobina.
Cálculo da tensão induzida:
d
e N como: max sen wt
dt
d
temos: e N max senwt Nw max cos wt
dt
Vemos que a tensão de auto indução é uma cosenóide estando portanto em
atraso de 90º relativamente ao fluxo.Na figura 11d vemos a onda de tensão V
adiantada de 90º em relação ao fluxo. A tensão e esta atrasada de 90º em
relação ao fluxo. Conclui-se que e está defasado de 180º em relação a V. Portanto
e é uma onda oposta à V (tensão da fonte).

Fig. 11d)

Também podemos explicitar a expressão acima em função da corrente. Para isto,


vamos conceituar uma grandeza chamada auto indutância (L) ou coeficiente de
auto indução, que mede a relação entre um fluxo produzido por uma corrente e o
valor da corrente elétrica que o produz.
d di
Temos então que L L i e L e onde i I max sen wt
i dt dt
A unidade da indutância (L) é o “Henry” e o símbolo é H. O sinal negativo refere-se
ao enunciado pela Lei de Lenz abaixo.
Lei de Lenz: Esta lei complementou a Lei de Faraday dizendo que “a tensão
induzida (e) é contrária à corrente (i)” que lhe deu origem. Se a corrente (i) é

Pág. 22
Capítulo III – A Bobina (Solenóide)

produzida pela tensão aplicada (V), segue-se que a tensão induzida (e) opõe-se a
tensão aplicada (V), conforme visto linhas atrás.
Conforme a expressão e Nw max cos wt Nw max sen ( wt ) , o valor máximo do
2
módulo da tensão induzida ocorre para sen ( wt ) 1 ou wt=0, e será dado pela
2
expressão: e max Nw max 2 fN max .

O valor eficaz será: erms 4.44 fN max


4,44 fN 2 . rms

Analisando a expressão acima, verifica-se que a tensão induzida depende do fluxo


que enlaça (fluxo máximo multiplicado pelo número de espiras), da quantidade de
espiras enlaçadas e da freqüência de variação do fluxo. Sendo a curva do fluxo
uma senóide e a curva da tensão induzida uma cosenóide verifica-se um
defasamento de /2 entre elas. Como se trata de um circuito puramente indutivo, a
corrente (i) e o fluxo ( ) estão atrasados de /2 em relação à tensão aplicada (V)
da fonte.
Podemos fazer a representação fasorial conforme indicado no diagrama da fig.
12a e comparar com o diagrama senoidal da fig. 11d.

V (tensão e (tensão de
aplicada) auto indução)

Fig. 12a – Diagrama fasorial

A tensão aplicada (V) está representada formando um ângulo 0 0 com a horizontal.


A corrente i I max sen wt com valor eficaz (I) está atrasada de 900 em relação à
tensão, por se tratar de um circuito puramente indutivo. A tensão induzida (e) está
atrasada de 900 em relação a corrente e ao fluxo. Com relação à V, e está
deslocada de 180º e, portanto, oposta.
Fisicamente, pode-se dizer que, a tensão induzida (e) se opõe a tensão aplicada
(V), sendo, portanto uma força contra eletromotriz. As grandezas acima descritas
estão indicadas na fig 12a.
Vê-se que, a tensão induzida na bobina é produzida pela corrente que circula na
mesma bobina, daí chamá-la de tensão de auto indução ou self indução.
Cálculo da auto indutância (L) de uma bobina:
Para uma corrente I circulando nas N espiras da bobina, o fluxo concatenado será:

Pág. 23
Capítulo III – A Bobina (Solenóide)

N
N como L temos L vimos anteriormente que
i i
Ni N2 l
então L substituindo o valor da relutância R
R R A
teremos:
N2 A
L
l

Analisando a expressão acima, verifica-se que a auto indutância depende da


quantidade de espiras (N) da bobina, da permeabilidade ( ), do comprimento (l) e
da seção (A) do núcleo. Todos são parâmetros construtivos da bobina e do
núcleo, portanto a auto indutância é uma grandeza que depende apenas da
d
construção da bobina e respectivo núcleo. Para excitação DC, temos 0,
dt
logo a tensão de auto indução será nula. A corrente DC produz fluxo
magnético, porem não produz tensão de auto indução.
Reatância indutiva:
Do mesmo modo que uma resistência, a bobina oferece oposição à passagem da
corrente elétrica, oposição esta, cujo nome é reatância, cuja unidade de medida é
ohm ( ). O valor da reatância pode ser deduzido como segue:
erms 4.44 fN max 4.44 fN 2 2 fN 2 2 fN . Dividindo ambos os membros
e 2 fN N
da expressão por i temos rms como L substituindo N iL
i i i
e 2 fiL
encontramos rms logo: X L 2 fL
i i

Após as considerações anteriores podemos afirmar que uma bobina real, de


resistência não desprezível, pode ser apresentada conforme figura 12b abaixo,
considerando alimentação em AC.


    


 

     

Fig. 12b)

Pág. 24
Capítulo III – A Bobina (Solenóide)

Teremos 2(duas) quedas de tensão: ER na resistência e e tensão de auto indução


na reatância XL Podemos calcular a tensão na fonte:

          
VF VC 0 V E e 0 V E e VC e ER
F R F R

2
A energia na resistência produz calor por efeito joule R RI O
A reatância produz energia magnética a ser gasta para produzir o fluxo. Conforme
1 2
vamos deduzir mais adiante o seu valor é: L LI O
2
O diagrama fasorial correspondente está indicado na figura 12c abaixo

 




  

     
Fig. 12c)

A tensão ER está em fase com Io. A soma fasorial de ER com (-e ) dá o valor da
tensão da fonte( VF), que agora está adiantada de um ângulo menor que /2
devido a introdução da resistência.
Se a resistência é desprezível, R=0, ER=O. Temos então VF=e O circuito passa a
ser conforme figura 12d:


           


       
 

Fig. 12d)

Neste caso não existe energia térmica (Joule) e apenas energia magnética
destinada à produção de fluxo. Considerando a excitação em DC, temos que a
N2
indutância L sempre existe já que depende do número de espiras e da
R
relutância do núcleo; portanto apenas da construção da bobina.

Pág. 25
Capítulo III – A Bobina (Solenóide)

Entretanto, a reatância indutiva deixa de existir, já que, mesmo sendo L 0 , em


DC, a freqüência é nula e vamos ter: X L 2 fL 0 . Conseqüentemente,
e I O X L 0 e portanto não há tensão de auto indução. O circuito apresenta-se
conforme mostrado na figura.


 
  

  
  

Fig. 12e)

Existe energia térmica (Joule), e energia magnética para produção de fluxo. Se


analisarmos sob a equação de Faraday, temos: e 4,44 Nf 2 0 uma vez que
f=0 comprovando, mais uma vez, que a tensão de auto indução é nula quando a
excitação for em DC. O circuito fica mais simples conforme mostrado na figura 12e
acima.

Vamos agora estudar a variação da relutância do núcleo e a sua influencia nas


demais grandezas. Para tanto vamos elaborar um quadro para DC e outro para
AC. A variação da relutância do núcleo pode ser feita conforme esquema da figura
12e1.

Fig. 12e1)
Em DC:
Posição R L XL IO fmm R m
(l/µA ) N2 (2 f V ( NI O ) NI O RI02 1 2
( ) ( ) ( ) 2
LT

R L) R R
X=d 0 constante constan consta
te nte
X=0 0 constante constan consta
te nte

Em AC:
Posição R L XL IO fmm R m
X=d *
X=0 *

Pág. 26
Capítulo III – A Bobina (Solenóide)

* Se a bobina tiver uma resistência desprezível em relação à reatância, temos


o seguinte entendimento: se a relutância aumentar, a conseqüente redução de L e
NI O
XL aumentará o valor de Io Analisando a expressão do fluxo podemos
R
dizer que a corrente Io e a relutância ( R ) variam na mesma proporção mantendo
o fluxo constante.
Representação gráfica:

Uma curva de magnetização, representa a relutância de um núcleo magnético,


pois os eixos correspondem ao fluxo e a fmm. O eixo das abscissas representa a
bobina e, portanto o circuito elétrico. O eixo das ordenadas representa o núcleo
onde está o fluxo. Deste modo, podemos apresentar no gráfico, através de duas
curvas de magnetização duas situações de um núcleo correspondentes à duas
relutâncias diferentes, bem como considerar também a excitação da bobina, se
em AC ou DC.
Vamos considerar a excitação em DC, e a variação da relutância conforme
mostrado na pg. 22. Para X=0 R=Rf e para X=d R=Ra. Vê-se no gráfico
I=constante e dois fluxos correspondentes a cada valor de relutância.

Analogamente, com excitação em AC, o fluxo é constante e têm-se dois valores


de corrente correspondentes a cada valor de relutância.

Pág. 27
Capítulo IV – Indutância Mútua

CAPÍTULO IV - INDUTANCIA MÚTUA

Vamos estudar agora a influência que uma bobina (1) exerce sobre uma outra
bobina (2), ambas instaladas sobre o mesmo núcleo magnético.
A bobina (1) tem N1 espiras enquanto a bobina (2) tem N2 espiras. Excita-se a
bobina (1) com uma fonte AC. A bobina (1) vai produzir um fluxo 1 variável com o
tempo. Esse fluxo, por sua vez, gera uma tensão de auto-indução (e1) na própria
bobina (1), contrária à tensão aplicada V1 pela fonte AC. Por outro lado, este fluxo
também enlaça as N2 espiras da bobina (2) conforme fig. 13a). Na fig. 13b) é
apresentado o diagrama fasorial, indicando a posição relativa das grandezas.

1
w

I1

V1 e1 e12

Fig. 13a) Circuito magnético Fig. 13b) Diagrama fasorial

Como esse fluxo é variável no tempo, será induzida uma tensão de mútua (e 12)
nos terminais da bobina (2). Trata-se de uma tensão induzida em uma bobina por
um fluxo gerado por outra bobina. Esse fenômeno é chamado de mútua indução
e a tensão induzida chama-se tensão de mútua indução.
Por convenção indica-se a polaridade instantânea considerando como positivo o
terminal onde a corrente deixa a bobina para o circuito externo.
d
O valor de (e12) será conforme lei de Faraday: e12 N 2 1 4,44 fN2 1. max .
dt
Analisando essa expressão, verifica-se que as espiras são da bobina 2 (N2) e o
fluxo 1 é produzido pela bobina (1). A bobina (1) que foi excitada por uma fonte
externa, chama-se primário e a bobina (2), onde a tensão foi mutuamente
induzida, tem o nome de secundário. No primário temos: tensão aplicada (V1),
corrente primaria (I1), fluxo produzido ( 1), e tensão de auto indução (e1). Na
bobina secundaria, temos apenas a tensão de mútua indução (e 12) produzida pelo
fluxo ( 1) originado no primário.

Aqui também temos o coeficiente de mútua indução ou indutância mútua, cujo


símbolo é (M).
Cálculo da indutância mútua (M):
N1 I 1 N1 N 2
Temos que M 12 N 2 1 como 1 teremos: M 12
I1 R R

Pág. 28
Capítulo IV – Indutância Mútua

Podemos também considerar a excitação da bobina (2) e tensão de mútua


indução na bobina (1). Assim temos:
2
M 21 N1 onde o fluxo ( 2) será produzido pela corrente I2
I2
N2I2 N1 N 2
2 teremos: M 21
R R

d 1
Como se vê: e12 N2 4,44 fN2 1. max
dt

É também uma grandeza que depende, exclusivamente, da construção das


bobinas e do núcleo sobre o qual ela está montada. A unidade da indutância
mútua é o “Henry”.
Vamos deduzir uma expressão relacionando as indutâncias de auto e de mútua.
2 2 2
N1 N2 N 1 N 22
Temos que L1 e L2 logo: L1 xL 2
R R R2

N1 N 2
L1 L2 M
R

A indução mútua é à base da transferência da energia de um enrolamento para


outro enrolamento, desde que acoplados magneticamente. Inicialmente, a energia
do circuito elétrico da bobina (1) foi transformada em energia magnética com a
produção do fluxo ( 1). Posteriormente, a energia magnética deste fluxo ( 1) foi
armazenada na bobina (2) disponibilizando nessa, novamente uma tensão
elétrica.

Pág. 29
Capítulo V – Energia do Circuito Magnético

CAPITULO V - ENERGIA DO CIRCUITO MAGNÉTICO


A energia elétrica na entrada de uma bobina é transformada em fluxo magnético,
no núcleo, gerando uma energia magnética ( ) que fica disponibilizada no
núcleo. O nosso objetivo, neste momento, é calcular esta energia. Podemos
explicitá-la em função da auto indutância, ou do fluxo magnético, ou do volume do
núcleo.
Considerações:
d N N2
e N ; L ; BA ; L
dt i R

a) Energia fornecida pelo circuito elétrico da bobina:


Resulta uma expressão em função da corrente e da auto indutância.
d di
d e.i.dt N i.dt L i.dt L.i.di
dt dt

1 2
L.i.di L i.di , temos que: Li J
2
b) Energia armazenada no núcleo
Resulta uma expressão em função de duas grandezas pertencentes ao núcleo:
fluxo e relutância.

1 2 1 2
1 2 1 N2 2
1 2
Li L.N 2 2 , temos que: J . J R J
2 2 L 2 L 2 L 2

c) Energia armazenada no núcleo em função do volume do mesmo.

1 2 2 1 2 B 2 A2 1 1 l 1 l 2
N N RB 2 A 2 B 2 A2 B A
2 L 2 L 2 2 A 2
1 v 2
Chamando “v” o volume do núcleo, temos que : B J
2
Enfatizamos que, uma bobina com resistência desprezível, converte a energia
elétrica que lhe é entregue para energia magnética. Entretanto, não há conversão
desta última em trabalho mecânico ou em calor; ou seja, a energia não é ativa. No
primeiro semiciclo da corrente, a energia elétrica flui da fonte para bobina sendo
convertida em energia magnética e fica armazenada na bobina nesta forma. No
semiciclo negativo da corrente, a energia armazenada anteriormente, flui da
bobina para fonte de tensão. Esta energia cíclica, que vai e volta chama-se
energia reativa. Para ser possível a conversão desta energia magnética na forma
de energia ativa, mecânica, por exemplo, que é a mais comum, esta energia
magnética deve ser variada. Para isto, pode-se manter constante a amplitude da
corrente no circuito elétrico DC, variando-se a relutância do núcleo. Teríamos
então dois estados de funcionamento, caracterizados por duas relutâncias
diferentes R1 e R2. Na fig. 14ª, a relutância R1 é representada pela curva de

Pág. 30
Capítulo V – Energia do Circuito Magnético

magnetização do núcleo oa. Quando se varia o estado do núcleo, por exemplo,


variando um entreferro, a relutância muda para R2, representada pela curva de
magnetização ob. Vê-se que, o fluxo magnético variou de 1 para 2. Houve,
portanto, uma variação da energia magnética, correspondendo aos dois estados
0a e 0b. A área hachurada representa a variação de energia magnética e a
conversão em energia mecânica gasta para mover o núcleo e variar a relutância.

O trabalho gasto para movimentar a parte superior (parte móvel) do núcleo vale:
dWmec Fdx

A variação da energia magnética entre oa correspondente a relutância R1 e ob


correspondente a relutância R2 vale dWm .
A energia elétrica para suprir a variação da energia magnética vale:
dWl eidt onde dt é o tempo gasto na variação.
Temos então:

dWl dWm dWmec

eidt dWm Fdx

d d
como e vem i dt dWm dWmec então:
dt dt
dWm id Fdx (equação 1)

Se o entreferro for mantido constante, X= constante, dx 0

dWm id

nessa condição a energia magnética é igual à energia elétrica fornecida e não há


conversão em energia mecânica, apenas armazenamento no núcleo magnético.
Chamamos a atenção que a energia magnética dWm é função do fluxo magnético
do núcleo e da posição relativa do núcleo (fig.14b).

Pág. 31
Capítulo V – Energia do Circuito Magnético

Portanto temos:

Wm f ( , x)

Wm Wm
dWm d dx
x

comparando com a equação 1 temos:

Wm ( , x )
id d

Wm ( , x )
Fdx dx ou
x

Wm ( , x )
i

Wm ( , x )
F
x

Wm i ( )d
0
Assim, conhecendo-se a variação de energia magnética, pode-se determinar o
valor da corrente no circuito elétrico e a força produzida no dispositivo conversor.

5.1 Exercício Resolvido

Questão 1:

Determinar a energia e a força gerada no entreferro de um circuito magnético


onde a variação abaixo deve ser verificada:

2
fmm 2
x2
N

Solução:

2 2
Ni 2
x2 i 3
x2
N N

2
Wm i ( )d 3
x 2d
0 0 N

Pág. 32
Capítulo V – Energia do Circuito Magnético

x2 2 x2 3
1 3
d x2
N3 0 N3 3 3

3
( 3
x2 )
F 3N
x
3
F 2x
3N 3

3
2
F x
3 3N 3

2 N3 3
F x
3 N3

2 3
F x
3

Escolhendo 2 valores quaisquer; como x=0,20m 0,035wb


2
F 0,0353 0,20 0,0000057 N
3

Os entreferros apresentam grande valor de relutância e de energia armazenada.


Quando se varia o entreferro, altera-se a relutância, obtém-se, portanto variação
da energia magnética.
Esta energia, na prática, manifesta-se através de ação de uma força F de tração
entre as faces do entreferro conforme figura 14c.

Pág. 33
Capítulo V – Energia do Circuito Magnético

Se Eef é a energia armazenada no entreferro e lef é o comprimento do entreferro,


podemos escrever:

Eef F lef
1
v B2
Eef 2 1 1 1 1 A B2 B2 A
F A lef B2 A B2
lef lef 2 lef 2 2 4 10 7 8 10 7

B2 A
F
8 10 7

F – Newton
B – Tesla
A – m2

Questão 2:
Calcular a corrente no eletroímã da figura a seguir, de modo a permitir o
levantamento da peça inferior, de ferro fundido, que pesa 65Kg. Considerando a
excitação AC em 60Hz e resistência desprezível:

Cada entreferro levantará 32,5kgf = 324N

B2 A
F
8 10 7

Pág. 34
Capítulo V – Energia do Circuito Magnético

B2 A
324 B2 1.02
8 10 7

B 1.00 T

4
B A 1 10 2 4 0,0008 wb

50 10 2 Ae
Raço 248805
2000 4 10 7 2 4 10 4
wb

30 10 2 Ae
Rff o 106631
700 4 10 7 8 4 10 4
wb

2 0,5 10 2 Ae
Re ntreferro 2 4.976.114 9.952.229
4 10 7 2 4 10 4
wb

Ae
Re q 10307665
wb

fmm 10307665 0,0008 8246 Ae

8246
i 16.5 A
500

No entreferro aberto (curva Oa fig. 14d)

ia 16.5 A fmm 8246 Ae


5002
La 0,024 H
10307665

No entreferro fechado (curva Ob fig. 14d)

Ae
Re 248.805 106631 355436
wb
5002
Lb 0,703H
355436

X La 2 fLa 6,28 60 0,024 9,04

V 9,04 16.5 149,16V (tensão necessária para o atracamento)

Pág. 35
Capítulo V – Energia do Circuito Magnético

X Lb 2 fLb 6,28 60 0,703 264,89

149,16
ib 0,56 A
264,89

A redução no valor da corrente foi de 16.5-0,56=15,94A


Não há variação do fluxo conforme se comprova abaixo.

8246
aberto 0,000799 wb
10307665

0,56 x500
fechado 0,000787 wb
355436

Fig. 14d

Variação da energia magnética.


Podemos variar a energia do circuito magnético, variando a relutância e
conseqüentemente a indutância já mostrado na pág. 23
Pode-se também variar a corrente no circuito elétrico (Ver expressões de pág.26)
No caso de excitação em DC, podemos variar a energia, mantendo a corrente
constante e variando a relutância do núcleo de Rb para Ra. O fluxo no núcleo ira
variar de b para a, conforme figura 14f.

Pág. 36
Capítulo V – Energia do Circuito Magnético

Fig. 14f - energia

Se N for o numero de espiras da bobina, os fluxos concatenados serão:


a N a e b N b
Genericamente, a energia toma a forma da expressão:
d Iod e IO d
0

No caso de excitação em AC, com uma bobina de resistência desprezível, que


contem uma indutância pura, temos a variação conforme figura 14g

Fig. 14g - coenergia

A variação da relutância de Ra para Rb acarretará a variação di da corrente,


mantendo o fluxo constante. De uma maneira geral, a energia toma a forma da
expressão:
i
d di e di que corresponde à área hachurada entre as curvas da fig.
0
14g. Conceitualmente, em AC, o sistema tende a manter a energia magnética do

Pág. 37
Capítulo V – Energia do Circuito Magnético

núcleo, respondendo com variação de corrente à toda variação provocada pelo


núcleo magnético.
N2
Em DC a indutância do circuito será L . Para o entreferro aberto a relutância
R
será máxima = (Rmax.) então L será mínimo. A reatância XL=0 já que f=0. A
VDC
corrente i será então definida por i onde r é a resistência ôhmica da
r
bobina.
Para o entreferro fechado a relutância será mínima = (Rmin.) e a indutância
N2
L será máxima
R
Apesar da indutância aumentar, a reatância permanecerá nula já que f=0
VDC
Teremos então i o que demonstra que a corrente não altera com a
R
variação do entreferro quando a excitação é em DC. Na fig. 14f, a variação da
energia magnética corresponde à área hachurada entre as curvas e vale:
d id e i d O circuito elétrico mantém a sua energia constante e
qualquer variação provocada no núcleo magnético, acarretará variação do fluxo
magnético

Questão 3:

Calcular a energia nos entreferros para o circuito do exercício resolvido no item


2.4 da apostila.

Solução:

1 v 2
B
2

1 vefd 2 1 2,5 2,5 10 4 0,1 10 2

efd BD 0,208 2 efd 0,01076 J


2 o 2 4 10 7

1 vefe 2 1 2,5 2,5 10 4 0,05 10 2

efe BE 0,384 2 efe 0,01834 J


2 o 2 4 10 7

Pág. 38
Capítulo VI – Perdas Magnéticas nos Materiais Ferromagnéticos

CAPITULO VI - PERDAS MAGNÉTICAS NOS MATERIAIS


FERROMAGNETICOS
Estas perdas são devidas a dois fatores:
a) Perdas por histerese: na fig. 15 está representada a variação do fluxo
magnético com a corrente de excitação que circula na bobina.

Partindo da origem, ponto para o qual, o material está desmagnetizado, já que a


fmm e o fluxo são nulos, vai se aumentando a corrente para o lado positivo e o
material se magnetiza conforme a curva de magnetização oa atingindo a
saturação no ponto a. Em seguida a corrente é reduzida, o fluxo reduz, porém não
cai à zero, mantendo um valor residual correspondente à ordenada ob. Este fluxo
residual é conhecido também como remanente ou remanescente. Invertendo-se o
sentido da corrente, será produzida fmm de sentido contrário à anterior. Será
necessário gastar uma quota de fmm para retirar o magnetismo residual, operação
representada pelo trecho bc. Vê-se que, no ponto c, o fluxo é nulo e a abscissa oc,
representa a quantidade de fmm gasta para desmagnetizar o núcleo em análise.
Esta abscissa oc chama-se força coercitiva. Em seguida, aumentando-se a fmm
para o lado negativo, temos uma nova curva de magnetização correspondente ao
trecho cd. Um acréscimo de fmm obedecendo ao trecho de resultará no
magnetismo residual oe e força coercitiva of. Continuando o processo,
aumentando a fmm para o lado positivo, atingimos novamente o ponto a através
do trecho fa fechando o ciclo. A área interna deste ciclo representa uma perda de
energia e pode ser medida por integração. Verifica-se que a quantidade de ciclos
produzidos depende da freqüência de onde se deduz que as perdas por histerese
dependem da freqüência.

Pág. 39
Capítulo VI – Perdas Magnéticas nos Materiais Ferromagnéticos

As perdas podem ser empiricamente determinadas pela formula de Steinmetz:

f
pH k B2
100

onde k é uma constante para cada material (coeficiente de perdas por histerese).
Para chapa magnética de aço silício de baixa liga, k 4.5 e para aço de alta liga k
2,70.
W Wb
Unidades: p H : ; B: 2 ; f : Hz .
kg m
Fisicamente, estas perdas representam a energia gasta pelos dipolos para
mudar de sentido dentro do material.
b) Perdas por correntes de Foulcaut: Na fig. 16, está representado um
núcleo ferromagnético e seção AA da culatra superior.

i
i

seção AA

Fig. 16 – Núcleo ferromagnético de seção AA

Vê-se que, o núcleo sendo metálico, pode ser um condutor elétrico, e mais, está
estacionado dentro de um fluxo magnético variável com o tempo. Aplica-se então
a Lei de Faraday, e uma tensão elétrica é induzida no núcleo. O material do
núcleo forma um circuito elétrico fechado e esta tensão induzida faz circular
corrente no sentido indicado pela regra da mão direita. A função precípua do
núcleo é conduzir fluxo e não corrente elétrica. Estas correntes irão aquecer o
núcleo devido ao efeito Joule e são, portanto indesejáveis.

Pág. 40
Capítulo VI – Perdas Magnéticas nos Materiais Ferromagnéticos

A determinação quantitativa destas perdas pode ser feita pela fórmula a seguir:

2
f
pF k B2
100

onde as unidades são as mesmas da expressão anterior. Nota-se que, as perdas


por Foulcaut aumentam com o quadrado da freqüência, portanto são mais
acentuadas do que as perdas por histerese que aumentam com a primeira
potência da freqüência. O valor de k é função da espessura da chapa e do
material do núcleo. Assim temos:

Descrição Espessura K
Chapa de baixa liga 1mm 22,40
Chapa de baixa liga 0,5mm 5,60
Chapa de baixa liga 0,35mm 3,20
Chapa de alta liga 0,5mm 1,20
Chapa de alta liga 0,35mm 0,60

Pág. 41
Capítulo VI – Perdas Magnéticas nos Materiais Ferromagnéticos

B
Nota: os valores de já estão multiplicados por o = 4 10-7.
H

Pág. 42
Capítulo VII – Transformador Ideal

CAPITULO VII - TRANSFORMADOR IDEAL


O transformador é uma máquina constituída de um núcleo de material
ferromagnético, normalmente aço silício para freqüência industrial até 100 Hz, e
de material magnetodielétrico para freqüências elevadas. O núcleo é constituído
de dois montantes (pernas esquerda e direita) e duas culatras (inferior e superior).
Sobre os montantes do núcleo são enroladas duas bobinas, sendo bobina 1 com
N1 espiras e bobina 2 com N2 espiras, (conforme mostrado na fig 17ª). O conjunto
acima descrito (núcleo + bobinas) é conhecido como parte ativa e pode ser
colocado dentro de um tanque contendo óleo isolante cujas finalidades são isolar
e resfriar o transformador. Esse transformador é do tipo imerso em óleo. O
transformador que não possui tanque, apenas a parte ativa é chamado de tipo
seco.

m
w

I0

e1 e12
V1

Fig. 17a) Transformador a vazio Fig. 17b) Diagrama fasorial

Funcionamento em vazio (no load):


Chamando a bobina 1 (N1) de primária e a bobina 2 (N2) de secundária, vamos
excitar a bobina primária N1, aplicando uma fonte senoidal de tensão, cujo valor
eficaz é V1, conforme indicado na fig. 17a). Vimos no capítulo III que surgem na
seqüência: corrente I0, fluxo m e tensão de auto indução e1 que também
aparecem indicadas na fig. 17a). A tensão e1 é uma força contraeletromotriz,
contrária à V1. As grandezas mencionadas estão situadas na bobina primária,
exceto o fluxo que é produzido no primário, mas transita no núcleo. Esse por sua
vez, pertence às duas bobinas, já que é comum a ambas. Pode-se dizer então que
o núcleo promove o acoplamento magnético entre as bobinas N 1 e N2 permitindo
que o fluxo m transfira energia da bobina N1 para bobina N2. O acoplamento
magnético é um efeito de indução mútua, quantificado pelo coeficiente de mútua
N1 N 2
indução M e o resultado da transferência é o aparecimento de uma
R
tensão elétrica de mútua indução e12 nos terminais da bobina N2. Salientamos que
as bobinas são isoladas eletricamente entre si, o que comprova que a geração de
tensão no secundário é por via magnética, através do fluxo m. As tensões e1 e e12
são geradas pelo mesmo fluxo m, portanto, ambas estão em fase e possuem o
mesmo sentido, conforme diagrama fasorial da fig 17b). Observa-se, também que
a tensão e12 fica disponível no secundário, porém não há corrente no secundário

Pág. 43
Capítulo VII – Transformador Ideal

já que o circuito do mesmo está aberto. Portanto, não há potência, nem energia
sendo entregue pelo secundário à carga. A energia que entra pelo primário é
gasta para:
produzir o fluxo ( m);
suprir as perdas por histerese e Foulcaut (PHF) situadas no núcleo.

Funcionamento com carga no secundário (on load):


Neste caso, fecha-se à chave S e uma corrente I2 flui conforme indicado na fig. 18,
observando a Lei de Lenz. “O sentido da corrente é tal que tende a contrariar a
tensão que lhe deu origem”. Como a tensão e12, tende impelir corrente saindo para
carga pelo terminal X2, pela Lei de Lenz a corrente I2 sai para carga pelo terminal
X1. A corrente I2 gera um fluxo 2 contrário à m cujo sentido é determinado
aplicando-se a regra da mão direita. Por sua vez, o fluxo 2 gera duas tensões
induzidas: e2 e e21, uma de auto indução no secundário
d 2 di 2
e2 N2 L2 4.44 fN2 2 max , e outra de mútua indução no primário
dt dt
d di
e21 N1 2 M 2 4.44 fN1 2 max . Como os fluxos m e 2 são contrários,
dt dt
conseqüentemente as tensões primárias (e1) e (e21) também o são. Portanto,
haverá uma redução transitória da tensão nos terminais H 1 e H2 da bobina N1.
Como V1 é constante aumenta a diferença de potencial entre a tensão aplicada V 1
e a tensão nos terminais da bobina H1 e H2. Conseqüentemente a corrente do
primário poderá aumentar. Chamando o acréscimo de corrente de I 1a, a corrente
do primário passa a ser I 1 I 0 I 1a . Agora no primário temos o fluxo 1 m 1a ,

I I
onde m N1 0 e 1a N1 1a . No núcleo o fluxo 1a surgiu para neutralizar o
R R
fluxo 2 oriundo da carga. Segue-se que o transformador em carga passa a manter
o fluxo m, suprir as perdas e atender a carga adicional do secundário.

Resumindo temos que, em vazio, existe o fluxo m e em carga t= m+ 1a+(- 2).


Como 1a= - 2 segue-se que o fluxo total no núcleo com o transformador em carga
continua sendo m.

Pág. 44
Capítulo VII – Transformador Ideal

Vemos que no circuito magneticamente acoplado, a corrente secundária produz


um fluxo contrário ao fluxo produzido pelo primário, tentando reduzi-lo. O primário
nesta situação, aumenta a corrente para restabelecer o fluxo mútuo no núcleo. Há,
portanto, uma variação de energia magnética do núcleo. Deste modo, instalando-
se uma potência ativa no secundário, seja uma resistência ou um motor, a energia
magnética do núcleo irá variar desde a condição sem carga até a condição de
plena carga, propiciando no secundário a conversão em energia térmica se a
carga for resistiva ou energia mecânica se a carga for um motor.

O circuito magnético funciona como um reservatório de energia intermediário


conforme mostrado na figura acima.
Na ausência de carga no secundário, a energia é simplesmente armazenada no
circuito magnético (reservatório), e não produz trabalho. Quando a carga é ligada,
ela solicita mais energia do circuito magnético e o nível do mesmo tende a
diminuir.
O circuito elétrico da esquerda, automaticamente, repõe energia no reservatório
do circuito magnético (intermediário) fazendo com que o mesmo volte ao nível
anterior.
Podemos fazer uma analogia hidráulica. Na figura abaixo temos um reservatório
fechado na parte superior, com duas válvulas R e V. Uma roda pode ser movida
pelo jato de água que sai da válvula V. Suponhamos o reservatório cheio até o
nível H + H com ambas válvulas fechadas. Abre-se a válvula V, mantendo-se R
fechada. Haverá escoamento através de V para roda e consequentemente
teremos conversão de energia potencial para cinética na água e conversão em
energia mecânica na roda. O escoamento termina quando H for zero. Se
mantivermos R fechada, mesmo com V aberta, não teremos escoamento e não
haverá conversão em energia mecânica na roda. Existe energia potencial na água
armazenada no nível H. Para conversão constante, precisaremos abrir R de modo
a manter constante o nível H + H.
Na outra figura, o transformador é um reservatório de energia magnética que pode
fornecer energia para um motor elétrico M. Se a chave S estiver aberta, não
haverá fluxo de corrente no secundário, e a conversão da energia magnética do
núcleo em energia mecânica no motor é zero. Se a chave S for fechada, haverá
circulação da corrente I2 no secundário que produzirá o fluxo 2 oposto à m.
Como sabemos, este fluxo 2 tende a reduzir o fluxo m, Para que isto não
aconteça, o primário providencia o fluxo adicional ad, acarretando, portanto, uma

Pág. 45
Capítulo VII – Transformador Ideal

variação da energia magnética no núcleo. Nesta condição, haverá conversão em


energia mecânica. Na analogia, H se identifica com m e H com ad

Para o transformador ideal podemos estabelecer algumas condições que são:


Todo fluxo produzido pelo primário enlaça a bobina secundária. Portanto,
não há fluxo de dispersão.
A potência do primário é igual à potência do secundário (S1 = S2). Portanto,
não existem perdas nos enrolamentos, nem no núcleo.

Temos que:
d 1 d 1
a) e1 N1 e e12 N2 . A relação entre as tensões será:
dt dt
e1 N1
a que representa a relação de transformação do transformador.
e12 N2

I1 e12 N2 1
b) S1 S 2 então e1 I 1 e12 I 2 . Vem então:
I2 e1 N1 a
c) Do item b) tiramos: N1 I 1 N2 I2 fmm1 fmm2

e1 e12 Z1 e1 I2
d) Chamando Z 1 e Z2 vem a a a 2 . Podemos
I1 I2 Z2 e12 I1

escrever então: Z 1 a2Z2 .

Pág. 46
Capítulo VIII – Transformador Real

CAPITULO VIII - TRANSFORMADOR REAL


Neste caso vamos considerar as seguintes condições:

a) Existe fluxo de dispersão d1 cujo trajeto é mostrado na fig. 19, fechando no


ar que envolve o primário. A maior parte do fluxo ( m) (produzido pelo
primário) irá enlaçar a bobina secundária e produzir nela uma tensão
induzida e12. Esse fluxo m chama-se fluxo mútuo. O fluxo total produzido
no primário, para o transformador em vazio, será 1 d1 m . Existem,

então, dois fluxos concatenados como segue: no primário, 1 N 1 m e no


secundário, 2 N 2 m .
b) Para o transformador em carga, existe a corrente I2, o fluxo produzido por
ela no secundário terá uma parte que se dispersa, fechando através do ar
conforme mostrado na fig. 19. Vamos denominá-lo de fluxo de dispersão
d2.
c) As bobinas, tanto do primário quanto do secundário, apesar de serem
enroladas em cobre ou alumínio, apresentam sempre alguma resistência
ôhmica. Vamos então considerar R1 para o primário e R2 para o secundário.
d) O fluxo de dispersão d1 produzido por I1, representa uma indutância de
d1
dispersão L d 1 N1 e, portanto uma reatância de dispersão X d 1 2 fLd 1 .
I1
e) O fluxo de dispersão d2, produzido por I2 quando o secundário estiver
fechado sobre a carga, representa uma indutância de dispersão
d2
Ld 2 N2 e, portanto uma reatância de dispersão X d 2 2 fLd 2 .
I2
f) Vamos considerar que o transformador apresenta perdas por histerese e
Focault no núcleo e perdas por Joule nos enrolamentos.

Fig. 19 – Transformador real

Considerando o explanado acima, vemos que em um transformador real existem


dois fluxos, um principal que caminha no circuito magnético e outro que extravia
lateralmente às bobinas. Estes fluxos são produzidos na mesma bobina e seus
NI NI
módulos valem m e d , onde Rm e Rd possuem
Rm Rd

Pág. 47
Capítulo VIII – Transformador Real

N2 N2
valores diferentes. As indutâncias correspondentes são Lm e Ld ,
Rm Rd
sendo Rm a relutância correspondente ao circuito magnético (ferro) e R d a
relutância correspondente ao circuito de dispersão (meio circundante da bobina).
O circuito equivalente do transformador real é apresentado nas fig. 20a) e 20b).
Na fig.20a) estão representados os dois enrolamentos isoladamente, enquanto na
fig.20b) está representado o primário e o secundário com todas as suas grandezas
refletidas (referidas) para o primário.

Fig. 20a) Circuito equivalente do transformador real

Fig. 20b) Circuito equivalente do transformador real com o secundário referido

Na fig. 20a) temos:

R1 = resistência ôhmica do enrolamento primário


Xd1 = reatância de dispersão do enrolamento primário
Rhf = resistência ôhmica do núcleo
Xm = reatância de magnetização do núcleo
R2 = resistência ôhmica do enrolamento secundário
Xd2 = reatância de dispersão do enrolamento secundário
A reatância do primário compõe-se de 2(duas) reatâncias: Xm que ao ser
percorrida por Im produz o fluxo Øm e Xd1 que corresponde ao fluxo d1 de
dispersão no primário
Zc é a impedância da carga

Pág. 48
Capítulo VIII – Transformador Real

Considerando a fig. 20b) vemos que a corrente do primário I 1 circula pela


resistência R1 e pela reatância de dispersão Xd1 provocando uma queda de tensão
V1 = I1 (R1 + jXd1). A tensão e nos terminais H1 e H2 será e V1 V1 . Vê-se,
portanto, que para o transformador ideal não existe a queda de tensão já que são
nulas a resistência R1 e a reatância de dispersão Xd1. No ponto H1, temos o
desmembramento da corrente I1 em duas componentes:

a) I0 é denominada corrente de excitação. Esta corrente alimenta dois trechos


em paralelo, formados pela resistência RHF e pela reatância pura Xm. A
resistência RHF, percorrida pela corrente IHF denominada corrente de
perdas, representa a conversão em calor das perdas por histerese e
Foulcaut no núcleo. A reatância Xm ao ser percorrida pela corrente Im
denominada corrente de magnetização produz o fluxo m do primário.
I2
b) I21 é a corrente refletida do secundário em carga, que vale: I 21 , onde
a
N1
a é a relação de transformação. Para o transformador em vazio, I 21 é
N2
nula.
c) No lado direito do circuito temos: a2R2 que é a resistência do secundário
refletida para o primário, a2Xd2 que é a reatância de dispersão do
secundário refletida para o primário, a2Zc que é a impedância da carga
refletida para o primário.

d) A diferença de potencial nos terminais X1 e X2 do secundário refletida para


o primário, pode ser assim calculada:
I2 2 I2 2
aV2 ae12 a V2 ae12 a R2 a 2 X d 2 a Z c . Enfatizamos que
a a
essas grandezas são fasoriais, devendo ser tratadas e operacionalizadas como
tal.
Nas figs. 21a) e 21b) apresentamos o diagrama fasorial do transformador.
Consideremos uma reta horizontal e um ponto de referencia o. Todas grandezas
do primário serão indicadas à esquerda do ponto o e as do secundário à direita do
mesmo.
Para o funcionamento em vazio (conforme diagrama fasorial da fig. 21a),
aplicando uma tensão senoidal ao primário (V1) esta vai fazer circular, no primário,
uma corrente (I0), de pequeno valor, suficiente apenas para produzir o fluxo m e
suprir as perdas no núcleo PHF por histerese e Foulcaut. Esta corrente (I0) é
denominada corrente de excitação. Como vimos no circuito equivalente, o
suprimento das perdas é representado pela circulação da componente I HF na
resistência RHF. Esta componente é ativa (wattada) já que responde pela
transformação de energia elétrica em calor no núcleo e está desenhada em fase
com V1. A componente Im denominada corrente de magnetização, é a produtora do
fluxo m, quando percorre a reatância pura Xm, estando, portanto, atrasada em
relação à V1 de 90º ( /2).

Pág. 49
Capítulo VIII – Transformador Real

O fluxo m está em fase com Im. A soma fasorial das componentes I HF I m I 0


representa a corrente de excitação. A corrente I0 faz um ângulo com a horizontal
e o cós é o fator de potência do transformador em vazio. A tensão induzida e 1,
como vimos, é contrária à V1 estando desenhada a 1800 em relação à V1. A
tensão de mútua no secundário e12 é produzida por m e, portanto está em fase
com e1. O módulo desta tensão pode ser maior ou menor do que e 1. Se N1 for
maior que N2, o transformador será abaixador então, e 1 será maior que e12, e se
N1 for menor que N2, o transformador será elevador então, e1 será menor que e12.
m

Io w
Im

α e1 e12
V1

IHF o
Fig. 21a) Diagrama fasorial do transformador real a vazio

Agora, vamos carregar o secundário, fechando a chave S (conforme diagrama


fasorial apresentado na fig. 21b). Uma corrente I 2 vai circular em um sentido tal de
modo a se opor à tensão e12, produzindo o fluxo 2 contrário ao fluxo m do
primário. A corrente I2 ao percorrer a resistência R2 e a reatância Xd2 provoca a
queda de tensão V2 = I2 (R2 + jXd2). A diferença de potencial, disponível nos
terminais X1 e X2 que será V2 e12 V2 I 2 Z 2 . No diagrama fasorial, a corrente
I2 forma um ângulo 2 com a tensão V2 cujo valor depende da natureza de Zc: se
for resistiva 2=0º, se for indutiva ou capacitiva pura 2=90º.
Vamos assumir um caso geral de carga mista, contendo resistência e reatância,
com ângulo 2 entre 00 e 900 indutivo. A queda de tensão na resistência R2 está
em fase com I2 e vale I2R2. A queda de tensão na reatância Xd2 está adiantada em
relação à I2 em 900. Estamos considerando sentido de rotação fasorial anti-horário.
A tensão e12 vale a soma fasorial: e12 = V2 + I2R2 + I2jXd2 = V2 + I2 (R2 + jXd2).
Para compensar a corrente I2 do secundário, a corrente do primário terá de
aumentar de um valor correspondente. Temos então, no primário, o adicional de
I2
corrente I 21 que nada mais é que a corrente do secundário refletida para o
a
primário. Agora, a corrente total do primário I1 será a soma fasorial da corrente de
excitação I0 mais I21,conforme representado no diagrama fasorial da fig. 21b). A
queda de tensão no primário ∆V1 pode ser assim calculada: V1= I1R1 + I1jXd1,
salientando que se trata de soma fasorial. A tensão na resistência está em fase
com a corrente I1, enquanto na reatância Xd1 está 90º adiantada em relação à

Pág. 50
Capítulo VIII – Transformador Real

corrente I1. A tensão aplicada no primário V1 = -e1 + I1R1 + I1jXd1 também é uma
soma fasorial.

Determinação de I1.

I2
X I0 cos cos I1 X2 Y2
a

I2 Y
Y I 0 sen sen arctg
a X

Determinação de e1.

X e1 I 1 R1cos I 1 Xd 1cos( )
2
Y 0 I 1 R1sen I 1 Xd 1sen( )
2

Como V1, , X e Y são conhecidos, determina-se e1.


O ângulo de e1 com o eixo horizontal é dado pela expressão:

arc tg arc tg Y/X.










  


  
 
     
  









  



Fig. 21b) Diagrama fasorial do transformador real com carga

Pág. 51
Capítulo VIII – Transformador Real

Exercício:

1) Um transformador, monofásico de 50kVA, 2400/240V, 60Hz, apresenta:

R1=2Ω, R2=0,02Ω, I0=2% da corrente nominal, Xd1= 3Ω, Xd2=0,03Ω, PHF=40W

Pede-se:

a) Desenhar o circuito elétrico do transformador;


b) Desenhar o circuito equivalente, em vazio referido ao lado de 2400V;
c) Desenhar o diagrama fasorial em vazio;
d) Determinar a potência aparente em vazio;
e) Determinar o fator de potencia em vazio;
f) Calcular a corrente de perdas;
g) Calculara a corrente de magnetização;
h) Calcular a resistência representativa das perdas no núcleo;
i) Calcular a reatância de magnetização.

Solução

a)

    


   
    


  


b)
      



  


  
 

Pág. 52
Capítulo VIII – Transformador Real

c)




   

d)

2 50000
S V1 V1 I0 2400 2400 0,42 1008VA
100 2400

e)

PHF 40
cos 0,0396
SV 1008

87 0 ,73

f)

I HF I 0 cos 0,42 0,0396 0,0166 A

g)

Im I 0 sen 0,42 sen 87 0 ,73 0,42 0,999 0,419 0,42 2 0,0166 2 0,419 A

h)

PFH 40
R FH 2
145158
I HF 0,0166 2

2400
145158
0,0166

i)
2400
Xm 5727
0,419

Pág. 53
Capítulo VIII – Transformador Real

Exercício:

2) Ao transformador anterior foi ligada uma carga no lado de baixa tensão de


100A, cos =0,8 indutivo.
Na figura 21c.) estão indicados as grandezas calculadas.
Pede-se:

a) Fazer o diagrama fasorial em carga. Posicionar I2, V2, VR2, VXd2, e12.

b) Calcular os módulos dos fasores I2, VR2, VXd2, e12.

c) Calcular o valor de V2.


I2
I ad
d) Lançar no diagrama o fasorial, o fasor a

e) Calcular e posicionar o fasor V1.

f) Calcular e posicionar as quedas de tensão VR1, VXd1 do lado de 2400V.

g) Posicionar o fasor V1 (tensão da fonte).

h) Determinar RC, XC, e ZC.

i) i) Lançar os fasores do item h.

j) Desenhar o circuito equivalente referido a 2400V.

Solução
a)








  


 
 
     
  









  
 


Fig. 21c) Diagrama fasorial do transformador real com carga

Pág. 54
Capítulo VIII – Transformador Real

VR2 0,2V
VX d2 0,3V
e12 240V
I1 10,27A
I 2 100A
V2 236,59V
0,280
I2
10A
a
37,280
e1 2363V
0,26 0
Z C 2,3659
R C 1,89
X C 1,432
VR1 20,54V
VX 1 30,81V
arccos0,8 37 0
39 0
87,730

b)

VR2 I2R 2 100 0,02 2V

VX d2 I 2 X d2 100 0,03 3V

e12 240V

I2 100A

c)
X V2 VR 2 cos VX d2 cos( )
2
X V2 2 cos37 0 3 cos530

X V2 1,6 1,8 V2 3,4


Y 0 VR 2 sen VX d2sen ( )
2

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Capítulo VIII – Transformador Real

Y 0 2sen 37 0 3sen53 0

Y 0 1,2 2,395 1,195

e12 240 X2 Y2

240 2 X2 Y2

57600 (V2 3,4) 2 1,195 2

57600 (V2 3,4) 2 1,428

(V2 3,4) 2 57598

V2 3,4 57598

V2 3,4 239,99

V2 236,59V
Y
tg
X

1,195
tg 0,005
239,99
0,28 0

Referido ao lado de 2400V

aV2 10 236,59 2365,90V

d)

I2 100 A

I2 100
10 A
a 10
I2
I1 I0
a
I2
X I 0 cos cos
a
X 0,42 0,0396 10 cos 37,28 0

Pág. 56
Capítulo VIII – Transformador Real

X 0,0166 10 0,795 7,97


I2
Y I 0 sen sen
a
Y 0,42 0,999 10 sen 37,28 0

Y 0,419 10 0,606 6,479

I1 7,97 2 6,479 2 10,27 A

Y
tg
X

6,479
tg 0,813
7,97
390

e)

X e1 I 1 R 1 cos 39 0 I 1 X d1 cos 51 0

X e1 20,54 0,777 30,81 0,629

X e1 35,33

Y 0 I 1 R1 sen 39 0 I 1 X d1 sen 510

Y 0 20,54 0,629 30,81 0,777

Y 12,9 23,9 11,08

2
V1 X2 Y2

2400 2 (e1 35,33) 2 ( 11,08) 2

5760000 (e1 35,33) 2 122,76

5760000 122,761 (e1 35,33) 2

5759998 (e1 35,33) 2

Pág. 57
Capítulo VIII – Transformador Real

e1 35,33 5759998

e1 2399 35,33

e1 2363V

Y
tg
X

11
tg 0,000458
2399

0,0267 0

f)

VR1 10,27 2 20,054V

VX 1 10,27 3 30,81V

g)
V2 236,59
ZC 2,3659
I2 100

RC ZC 0,8 2,3659 0,8 1,89

2 2
XC ZC RC 2,3659 2 1,89 2 1,432

j)

    


  




  
 


Pág. 58
Capítulo VIII – Transformador Real

Regulação de tensão:

Como vimos, a tensão nos terminais do secundário depende da amplitude e do


ângulo 2 da corrente I2. Quando I2 aumenta, V2 também aumenta. Então V2
diminui.
Quando I2=0 → V2=0, resultando em V2 = (e12). Define-se a regulação como
segue:
e12 V 2
R% 100
e12

Como V2 depende da corrente I2 e do fator de potência da carga, segue-se que a


regulação depende da carga.

Exercício:

Para o transformador do exemplo anterior, calcular a regulação de tensão:

a) Para carga de 100A com fator de potência de 0,8;


b) Para carga de 50A com fator de potência de 0,7;

Resolução:
240 236,59
a) R% 100 1,42%
240

b) Vamos calcular V2 para a nova carga:




 










arccos 0,7 45,57 0

I2R2 50 0,02 1V

I 2 X d2 50 0,03 1,5V
X V2 1 cos 45,57 0 1,5 cos 44,43 0

Pág. 59
Capítulo VIII – Transformador Real

X V2 0,7 1,052 V2 1,752

Y 0 1 sen 45,57 0 1,5 sen 44,43 0

Y 0,71 1,050

Y 0,34

240 2 X2 Y2

240 2 X2 Y2

57600 (V2 1,752) 2 0,34 2

(V2 1,752) 2 57599

(V2 1,752) 239,9

V2 1,752 239,9

V2 238,24V

240 238,24
R% 100 0,73%
240

Pág. 60
Capítulo IX – Ensaios de Características

CAPÍTULO IX - ENSAIOS DE CARACTERÍSTICAS

A partir da realização destes ensaios é possível levantar o circuito elétrico


equivalente do transformador, o que traz grandes simplificações nos cálculos de
sistema com transformadores inseridos.

Ensaio em vazio:

Excita-se o transformador em um dos enrolamentos, deixando o outro


enrolamento em aberto sem carga. Aplica-se tensão nominal no enrolamento
excitado, medida pelo voltímetro, conforme fig. 22ª. No amperímetro será lida a
corrente de excitação I0, e no wattímetro será lido o valor relativo às perdas por
histerese e Foulcaut PHF no núcleo. As componentes da corrente de excitação I0
podem ser determinadas conforme diagrama fasorial da fig. (22c). Estamos
desconsiderando as perdas Jáulicas no enrolamento excitado (primário), tendo em
vista o pequeno valor da corrente de excitação, conforme apresentado no circuito
elétrico equivalente da fig. (22b), e como não há corrente no secundário, não
existe queda de tensão neste enrolamento.

Fig. 22a) Ensaio a vazio

Fig. 22b) Circuito elétrico equivalente

m
w
Io
Im
S
Qm
0

PHF
V1 0 e1 Fig. 22d) Triângulo de potência

IHF
Fig. 22c) Diagrama fasorial do ensaio a vazio
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Capítulo IX – Ensaios de Características

PHF W
Sendo: I HF I 0 cos 0 cos 0
Im I 0 sen 0
S VA

onde as grandezas têm o significado visto anteriormente.

V1 PHF
A resistência RHF vale: R HF 2
I HF I HF

V1
A reatância: Xm
Im

Características da corrente de excitação

A forma de onda da corrente de excitação é distorcida, apresentando uma


componente fundamental na freqüência da tensão da fonte e outras componentes
de terceiro e quinto harmônico. Com efeito, pode-se fazer o traçado da corrente
partindo da curva de magnetização do núcleo e da curva do fluxo fundamental
(steady state). Da curva do fluxo traçam-se horizontais cl, bf até encontrar a curva
de magnetização, determinando os pontos l e f. A partir destes pontos, as verticais
determinam os pontos g e m no eixo horizontal. As distâncias og e om são
marcadas como ordenadas na curva do fluxo resultando nos pontos k e p.
Ligando-se estes pontos tem-se a linha da corrente de excitação. Ver figura 22e.
Nesta, estão indicadas as componentes de 3º e 5º harmônicos.

Fig. 22e) Características da corrente de excitação

Pág. 62
Capítulo IX – Ensaios de Características

Corrente de “inrush” dos transformadores

Consideremos um transformador alimentado por uma fonte de tensão senoidal, e


sem carga em seu secundário.
Como vimos, a tensão instantânea da fonte obedece a equação abaixo:

d
Vf m R.1 I 0 N1 (1) onde:
dt

Vfm-----tensão instantânea da fonte de alimentação


R1-----resistencia ôhmica do enrolamento do primário do transformador
I0------corrente de excitação
N1-----nº de espiras do primário
------fluxo magnético produzido pela corrente de excitação

O segundo termo da direita da equação (1) representa a tensão de auto indução


no primário.
Para os casos práticos, o primeiro termo direito da equação pode ser desprezado
já que os valores de R1 e I0 são bastante reduzidos. Então, a equação (1) pode
ser escrita:

d
Vf m N1 (2)
dt

Se a tensão da fonte é senoidal podemos escrever:

Vf m 2Vrms sen wt

Vrms-----valor eficaz da tensão da fonte


----------ângulo que mede a posição da onda de tensão da fonte
wt---------2 ft

Substituindo este valor na equação (2) vem:

d
2Vrms sen wt N1 (3)
dt

Trata-se de uma equação diferencial em função da variável cuja solução é:

2
Vrms cos wt t
w.N1

Pág. 63
Capítulo IX – Ensaios de Características

Pela analise da equação (4) verifica-se que o fluxo está atrasado de /2 em


relação à tensão da fonte. Verifica-se também que o fluxo é composto de duas
parcelas:

A primeira representa a componente fundamental do fluxo que corresponde


à freqüência da tensão da fonte. É a componente fundamental de caráter
permanente(steady state).

A segunda ( t), constante da integração representa a componente


transitória fluxo que surge no instante da energização e depende da
posição da onda de tensão da fonte neste momento.O valor da tensão é
máximo para = /2 e nulo para = 0º.

Conforme observamos no fenômeno de histerese, existe sempre um fluxo


residual nos núcleos magnéticos, cujo valor depende do instante em que o
transformador foi desligado.

Chamaremos este fluxo de r.

Determinação do fluxo transitório ( t)

Vamos estabelecer as seguintes condições:

a) o fluxo residual no núcleo, no momento da energização é nulo. ( r =0) para


t=0
b) vamos calcular o fluxo transitório para os instantes = /2 e =0
c) para t=0, wt=0
2
d) vamos fazer m Vrms
w.N1
Aplicando estas condições na equação (4) teremos:

r m cos t0 (5)
m

A primeira parcela do segundo termo da equação representa o fluxo fundamental


no instante t=0 e a segunda parcela o fluxo transitório no instante t=0. Para fluxo
residual nulo, temos r=0 e a equação (5) fica:

Para = /2:

r m
m
cos t0
0 (6), resultando:

Pág. 64
Capítulo IX – Ensaios de Características

m cos t0 0 e t0 0
m
2 m

Para =0

m cos 0 t0 0 e t0 m

Verifica-se que o fluxo transitório é máximo quando se energiza o transformador


no instante em que a tensão da fonte está passando pelo seu valor zero. Ele será
zero se a energização ocorrer quando a tensão da fonte estiver passando no valor
máximo.
Na figura apresenta-se a situação para t=0 e =0º

Fig. 22f)

O fluxo total no núcleo será:

t0 m m 2 m

Para t=0 e = /2
t0 0 e o fluxo total será m

Pág. 65
Capítulo IX – Ensaios de Características

Se considerarmos a existência de fluxo residual ( r>0) este deverá ser


acrescentado na figura 22f) resultando a figura 22g) Nesta ultima figura foi
considerado r = 0,6 m

Fig. 22g)

Determinação gráfica da corrente de inrush.

A construção é feita a partir da curva de magnetização e do fluxo senoidal de


regime permanente.
Partindo-se da curva do fluxo, ver figura 22h), tiram-se horizontais até cortar a
curva de magnetização. Destes pontos, linhas verticais determinam no eixo
horizontal, os pontos A,B,C,D.
Os segmentos OA, OB,OC,OD são levados como ordenadas na curva do fluxo.
Obtem-se os pontos M,N,O,P,Q,R,S. e a linha que interliga os pontos citados
representa a corrente de inrush.
A corrente de inrush pode ser estimada para transformadores imersos em óleo em
até 8 vezes a corrente nominal. Nos transformadores do tipo seco pode chegar a
11 vezes a corrente nominal Em ambos os casos, o tempo de permanência da
corrente de inrush é de 0,1 segundo.

Pág. 66
Capítulo IX – Ensaios de Características

Fig. 22H) Determinação da corrente de Inrush

Ensaio em carga (curto circuito):

Excita-se o transformador em um dos enrolamentos, fechando o outro


enrolamento em curto circuito, conforme fig 23a).

Aplica-se tensão reduzida, o suficiente para fazer circular a corrente nominal do


transformador. Devido a isto, as perdas por histerese e Foulcaut, ficam
desprezíveis neste ensaio, já que a tensão aplicada no ramo paralelo é bastante
reduzida (conforme circuito elétrico equivalente da fig. 23b).

Pág. 67
Capítulo IX – Ensaios de Características

Fig. 23a) Ensaio de curto

Fig. 23b) Circuito equivalente

Pág. 68
Capítulo IX – Ensaios de Características

Zeq
Xeq

Req

Fig. 23c) Triângulo de impedância

Sendo assim o wattímetro vai registrar apenas as perdas por Joule nos
enrolamentos:
2
2 2 I2
W PCC R1 I 1 a R2
a

A tensão reduzida lida pelo voltímetro nada mais é do que a queda de tensão na
impedância do transformador, ou seja, podemos considerar que I 1 é
I
aproximadamente 2 , já que a corrente no ramo paralelo (núcleo) é desprezível:
a

V I 1 R1 a 2 R2 I 1 Xd1 a 2 Xd 2 I1 Z1 a2Z2

onde: a2R2, a2Xd2 e a2Z2 são valores da resistência, da reatância de dispersão e


da impedância do secundário refletidas para o lado primário. Denominam-se
grandezas equivalentes. Temos as seguintes relações básicas:

VCC PCC 2 2
Z eq e Req 2
então: X eq Z eq R eq
I1 I1
As perdas de curto circuito dividem-se igualmente entre o primário e o
secundario.Com efeito, temos:

2 2
W I 1 R1 I2 R2

2
2 I2
W I 1 R1 2
a 2 R2
a

2 2
W I 1 R1 I 1 a 2 R2 (equação 1)

2 2
W I 1 R1 a 2 R2 ou W I1 Req (equação 2)
R1
Temos também R1 a 2 R2 ou R2
a2
2
Podemos escrever, considerando a equação 1 que : W I 1 .2 R1 (equação 3)
Req
Comparando as equações 2 e 3 temos: R1
2

Pág. 69
Capítulo IX – Ensaios de Características

Exercício: O transformador do problema anterior apresentou R eq =1,42 .e


perdas de 617 w. Pede-se calcular as resistências do primário e secundário.
Solução:

Req 1,42 R1 0,71


R1 0,71 então R2 0,0071
2 2 a2 10 2

2 2
W I 1 R1 I2 R2 ou W 20,83 2.0,71 208,3 2.0,0071 617 w ( contra prova )

Rendimento:

Rendimento de um transformador é a relação entre a potência ativa de saída e a


potência ativa de entrada, pois conforme detalhado anteriormente, no
transformador real a potência de entrada é maior que a potência de saída devido
às perdas internas. A potência de entrada é a soma da potência de saída mais às
perdas internas do transformador para carga a ser alimentada. Para o cálculo do
rendimento, procede-se como segue:

a) Determina-se a potência ativa de saída para a carga PS;


b) Determinam-se as perdas totais, somando as perdas do ensaio a vazio
acrescidas das perdas joulicas dos enrolamentos para carga a ser
alimentada
c) Determina-se a potência ativa de entrada PE.= PS + (PHF + Pcc).

O rendimento será:
PS
% 100
PS PHF PCC

Correção das grandezas para 75º no ensaio de curto circuito:


Os enrolamentos dos transformadores não trabalham a temperatura ambiente e
sim na faixa de 75ºC. As normas então exigem que os valores da impedância e
perdas nos enrolamentos sejam referenciadas para esta temperatura.Como a
componente resistiva do ensaio de curto circuito varia com a temperatura, faz-se
necessário a correção dos valores para 75ºC, através da expressão:

234,5 75
RCC 75º R onde é a temperatura na qual o transformador foi
234,5
ensaiado.

Uma vez calculado o valor de RCC75ºC, calcula-se a impedância:

2
Z CC 75 RCC 75 X 2CC e WCC RCC 75 I N2

Pág. 70
Capítulo IX – Ensaios de Características

Exercício Resolvido:

Questão 1:

Um transformador apresentou no ensaio em vazio uma perda de 200W e no


ensaio em curto 500W. Este transformador alimenta uma carga de 5KVA com um
fator de potência de 0,80. O rendimento será:

PS 5 10 3 0,80
% 100 100 85,1%
PS PHF PCC 5 10 3 0,80 200 500

Questão 2:

Um transformador de 50KVA, 2400/240 (relação em vazio) foi ensaiado em vazio


e curto circuito, com os seguintes resultados:
Vazio: PHF= 186W I0=5,4 A V0=240 V
Curto: Pcc= 617W Icc= 20,8 A Vcc=48 V

Determinar:

a) O lado no qual foi realizado cada ensaio no transformador


b) Circuito equivalente do transformador
c) A regulação e o rendimento do transformador na baixa tensão quando o
transformador alimenta uma carga nominal com fator de potência de 0,8

Solução da letra a):


O ensaio a vazio foi realizado no lado de BT (baixa tensão), pois a tensão aplicada
no transformador foi 240V que corresponde à tensão no lado de BT, conforme
relação de transformação a vazio apresentada no enunciado do exercício.

Para identificar em qual lado foi realizado o ensaio de curto circuito precisamos
dividir a potência aparente do transformador pela corrente aplicada no mesmo
durante o ensaio.
S 50 10 3
V 2400V
I 20,8
Portanto, concluímos que o transformador foi ensaiado pelo lado de AT (alta
tensão).

Solução da letra b):

Primeiramente, vamos determinar o circuito equivalente do transformador a partir


do ensaio a vazio.
V1 PHF V1
Temos: R HF e X m
I HF I HF 2 Im

Pág. 71
Capítulo IX – Ensaios de Características

PHF 186
Sendo : I HF I 0 cos 0 e Im I 0 sen 0 cos 0 0,14
S0 240 5,4

I HF 5,4 0,14 0,76 A Im 5,4 sen ar cos 0,14 5,35 A

V1 PHF 186
Logo: R HF 2
322
I HF I HF 0,76 2

V0 240
Xm 44,86
Im 5,35

Agora, vamos determinar o circuito equivalente dos enrolamentos do


transformador a partir do ensaio de curto circuito.

PCC 617
Req( AT ) 2
1,42
I cc 20,8 2 Zeq
Xeq

VCC 48
Z eq( AT ) 2,31 Req
I cc 20,8
Fig. 24 – Triângulo de impedância
2 2
X eq( AT ) Z eq Req 2,312 1,42 2 1,82

Tendo em vista o valor reduzido de Vcc, a corrente no ramo paralelo será


desprezível podendo o ramo paralelo ser eliminado. O circuito poderá ser
simplificado conforme fig. 25.

Fig. 25 – Circuito elétrico equivalente

Solução da letra c):


Como queremos calcular o rendimento e a regulação pelo lado de BT (baixa
tensão), deveremos referir as grandezas para o lado de BT.
Referindo a resistência, reatância e impedância calculadas anteriormente para BT
temos:

Pág. 72
Capítulo IX – Ensaios de Características

Req( AT ) 1,42 ReqBT 0,0142


Req( BT ) 2 2
0,0142 e R2 0,0071
a 2400 2 2
240

Z eq( AT ) 2,31
Z eq( BT ) 2 2
0,0231
a 2400
240

X eq( AT ) 1,82 X eqBT 0,0182


X eq( BT ) 2 2
0,0182 e Xd 2 0,0091
a 2400 2 2
240

N1 e1
Estamos considerando a ou a . Caso o transformador seja elevador
N2 e1 2
essa relação é fracionária (a 1), e no caso de ser abaixador: a 1.
A corrente I2(BT) será:

S 50 10 3
I 2 ( BT ) 208 A . Esta corrente será o fasor básico para o traçado
V BT 240
do diagrama da fig. 26.
Y

o 240V

V2
φ2
I2Xd2
I2R2
Y X
I2

Fig. 26) Diagrama fasorial do transformador real em carga

Em seguida vamos lançar o fasor V2 adiantado de =370 em relação à I2, cujo


módulo não conhecemos. O fator de potência da carga é:

cos 2 0,8 2 ar cos 0,8 37º .

Pág. 73
Capítulo IX – Ensaios de Características

A partir da extremidade de V2, em uma paralela à I2, lançamos o fasor que


representa a queda de tensão na resistência que vale:
VR I 2 R2 208 0,0071 1,477V .

A queda de tensão na reatância, cujo módulo é


Vx I 2( BT ) X d 2 208 0,0091 1,89V , está adiantada de 900 em relação à I2 e cujo
fasor tem a extremidade coincidindo com a extremidade do fasor (e12) = 240V.

Temos agora um problema trigonométrico para resolver. Para tanto, vamos adotar
dois eixos ortogonais, sendo que um deles coincide com o fasor V 2. Vamos
projetar os vetores nos dois eixos e somá-los conforme Teorema de Carnot. Vem:

X =proj. V2 + proj. VR + proj. VX

X V2 1,477 cos 37º 1,89 sen37º V2 2,31

Y =proj. V2 + proj. VR + proj. VX

Y 0 1,477 sen37º 1,89 cos 37º 0 0,866 1,51 0,644


Pelo Teorema de Carnot o módulo da resultante é a raiz quadrada da soma dos
quadrados das projeções das componentes.
2
240 2 X 2 Y 2 V2 2,31 0,644 2 Temos então V2 237,68V .

240 237,68
A regulação será: R% 100 0,96%
240

50000 0,8
O rendimento será: % 100 0,98 100 98%
50000 0,8 186 617

Pág. 74
Capítulo IX – Ensaios de Características

Polaridade:

Consideremos o circuito magnético da fig. 27a), onde estão montadas no mesmo


núcleo as bobinas 1, 2 e 3. A bobina 1 ao ser excitada gera uma tensão de mútua
nas outras duas, conforme detalhado a seguir. O fluxo 1 produzido na bobina 1 é
horário e, ao enlaçar a bobina 2 induz tensão no sentido indicado na fig. 27a),
tendendo a impelir corrente para o circuito externo saindo por X2. Entretanto, pela
Lei de Lenz, caso essa bobina seja ligada à carga Z 2 como indicado na fig. 27b), o
sentido da corrente será exatamente o inverso, saindo por X1. Raciocínio análogo
pode ser aplicado à bobina 3. A tensão de mútua induzida por 1 na bobina 3
tende a impelir corrente para o circuito externo, saindo de X4, porem a corrente
real sairá por X3, quando essa bobina estiver ligada `a carga Z3.

Fig. 27a) Tendência de circulação de corrente Fig. 27b) Sentido real das correntes nos
(circuito aberto) enrolamentos carregados

Convenções: Os fabricantes dos transformadores indicam as polaridades dos


através de ponto ( ) ou de letra+número (X1) desenhados junto aos terminais,
conforme fig. 27b).
Convenção do ponto: Marca-se um ponto, aleatoriamente, em um dos terminais da
bobina indutora (para o nosso caso bobina 1). Escolhemos o terminal H1 desta
bobina e marcamos o ponto neste terminal. Conforme se observa, a corrente I1
está entrando na bobina por este terminal. Diz a convenção:

Se a corrente entra na bobina 1 (indutora) no terminal com ponto (H1) a


tensão será positiva (+) nesse ponto, e a tensão também será positiva (+)
nos terminais marcados com ponto nas bobinas 2 e 3. Também por
convenção, sabemos que a tensão é positiva no terminal onde a corrente
deixa a bobina e vai para a carga. Sendo assim, teremos tensões positivas
(+) nos terminais X1 e X3 da fig. 27b) e estes terminais serão marcados os
pontos.

Pág. 75
Capítulo IX – Ensaios de Características

Se a corrente sai na bobina 1 (indutora) pelo terminal marcado com ponto,


as tensões nas bobinas 2 e 3 serão negativas (-) nos terminais marcados
com ponto.

Essas notações de ponto e letra+número consideram os sentidos das correntes


induzidas, portanto, pressupõe o fechamento da bobina na carga.

Convenção da letra+número: Os terminais das bobinas de alta tensão são


marcadas com a letra H, e os terminais de baixa tensão são marcados com a letra
X. O número ímpar é marcado no terminal onde a tensão é positiva que
corresponde onde está marcado o ponto pela outra convenção.

Ligação de bobinas: Na fig 27c) e 27d), podemos considerar para um instante de


tempo que as tensões induzidas são baterias com as polaridades indicadas. Se
ligarmos duas baterias em série conforme fig. 27c) e medirmos a tensão resultante
nessa associação com um voltímetro, este indicará a soma das tensões induzidas,
o que é chamado de ligação com polaridade aditiva. Por outro lado, se ligarmos
duas baterias em paralelo conforme fig. 27d) estaremos fazendo uma ligação com
as tensões em oposição. Um voltímetro instalado conforme fig. 27d) mediria
diferença de potencial e teremos uma ligação com polaridade subtrativa.

Fig. 27c) Ligação aditiva Fig. 27d) Ligação subtrativa

A determinação da polaridade pode ser feita em circuito de corrente alternada


(AC) (conforme fig. 28a). Um voltímetro mede a tensão V1 aplicada pela fonte
sobre a bobina indutora primária (que corresponde aos terminais A e B). Os
terminais adjacentes A e C são ligados entre si. Os terminais B e D são ligados a
um outro voltímetro (V2). Está marcado o sentido da corrente I que percorre os
enrolamentos.

Pág. 76
Capítulo IX – Ensaios de Características

Fazendo a marcação das polaridades vemos que, para corrente entrando em A na


bobina 1, a corrente induzida sai em C na bobina 2, conforme convenção do
ponto. O ponto é marcado junto à letra C ou pode-se marcar também X1.
Conseqüentemente o terminal inferior D é marcado sem ponto ou X2.
A corrente I proveniente de A é oposta a corrente induzida que sae por C e os
fluxos respectivos serão opostos.
A leitura do voltímetro V2 será menor que V1 e a ligação é subtrativa.
Se invertermos a ligação, ligando A com D, a corrente I entra em D e sai em C, no
mesmo sentido da corrente induzida que também sae em C pela convenção do
ponto.
Sendo assim, o fluxo resultante na bobina CD é reforçado e V2 será maior que V1.
A ligação é portanto aditiva.

Pág. 77
Capítulo X – Autotransformador

CAPITULO X - AUTOTRANSFORMADOR

Um transformador, conforme fig. 29a, pode funcionar como autotransformador.


Para tanto, precisamos de uma ligação elétrica entre os enrolamentos do primário
e secundário, além, obviamente, do acoplamento magnético do transformador
original como indicado na fig. 29a1.

 




    



   


    

  

       

     
 

  
 
    
     
  

   
    






No exemplo, ligamos H1 com X2, intercalando a carga a ser alimentada entre X1 e


H2 e ficando a alimentação entre H1 e H2. Encontram-se indicado nas fig. 29b1 e
29b2 os sentidos das correntes em circulação.
Verifica-se que os enrolamentos antes separados eletricamente constituem agora
um único enrolamento.

Pág. 78
Capítulo X – Autotransformador

Na figura 29b2, a corrente I2, proveniente de P, circula na bobina 2 e passa a ser a


corrente secundária do transformador original. O fluxo mútuo m gera a tensão de
mútua e12 que tende impelir corrente saindo por X1. Verifica-se que a corrente I2
tem o mesmo sentido da corrente proveniente do sistema magnético e a tensão
e12 é positiva (+) em X1 e negativa (-) em X2. Analisando a ligação para polarização
indicada, conclui-se que VH1-H2 e e12 tem o mesmo sentido, já que o terminal
H1(+) está ligado ao terminal X2(-) A tensão na carga será :
Vc= VH1H2 + e12
O fluxo( 2) gerado no secundário por I2, será oposto à m e vai requisitar fluxo
I
adicional no primário, fazendo circular uma corrente 2 no enrolamento. A
a
I2
corrente do primário passa a ser : I1 I 0 já que ambas tem o mesmo sentido.
a
Considerando o ponto P, a corrente de entrada será: I E I 2 I1 .

Consideremos como exemplo numérico o transformador da fig. 30a) de 50 kVA,


2400/240V funcionando como autotransformador onde estamos ligando as
bobinas somando as tensões. Então a tensão disponível na carga passa a ser
2640V, mantendo-se a excitação em 2400V.

Fig. 30a) Autotransformador – bobinas em ligação aditiva

Supondo fazer circular as correntes máximas suportáveis nos enrolamentos,


teremos no enrolamento de 2400V a corrente de 20,8A como no transformador
original, e no enrolamento de 240V a corrente de 208A. A potência na carga será
S 2 2640 208 549.120VA . A potência de entrada, no lado de 2400 V, será igual
à potencia da carga.Temos então S1 549.120VA igual portanto à da carga. A
549120
corrente na entrada será: I E 228 A Em qualquer hipótese deverão ser
2400
respeitados os valores máximos das correntes do transformador original,ou seja,
na condição de autotransformador, deveremos ter na bobina de 240 V, o máximo
de 208 A e no lado de 2400 V o máximo de 20,8 A conforme calculado abaixo:

Pág. 79
Capítulo X – Autotransformador

50.000 50.000
i1 20,8 A i2 208 A
2.400 240

Na figura 30b, a corrente I2 proveniente de P entra em X1 e sai em X2 tendendo


contrariar a tensão e12 que impele corrente de X2 para X1. Agora a corrente I2 sai
de H1 (+ ) e entra em X1 ( + ) o que caracteriza que são opostas ou subtrativas.
A tensão na carga será :
Vc VH 1H 2 e12
O fluxo 2 gerado por I2 terá o sentido horário, requisitando uma corrente do
I2
primário . O sentido desta corrente é tal que tende a produzir um fluxo oposto à
a
2 e por isto,será oposta à I0 e de maior valor. A corrente no primário será:
I2
I1 I 0 A corrente na entrada será: I E I 2 I1 .
a

 

        
    
    

 
  
 
     
          
  

   
     
 

 



 

     



Podemos também calcular IE em função das potencias de entrada e de saída.


Para o mesmo transformador anterior, 50 KVA, 2400/240V ligado subtrativamente,
temos:

Pág. 80
Capítulo X – Autotransformador

449280
S2 S1 2160 x208 449280VA e IE 187,20 A .
2400
2400
Fazendo por relação de transformação onde a 10
240
208
vem I E 208 208 20,8 187,20 A ( contraprova).
10

O circuito equivalente está indicado na fig. 30b1).














  



 

Verifica-se que, na condição de autotransformador a potência foi


consideravelmente aumentada, saindo de 50 KVA para 549,12 KVA. . A ligação
como autotransformador aumenta o rendimento quando comparado com o
transformador original.

Com efeito, considerando o transformador original da fig. 30a), lembramos que as


perdas do mesmo, obtidas nos ensaios em vazio e curto circuito, foram de perdas
totais = 617 + 186 = 803W e um rendimento de 98%. Agora como
autotransformador, ligação aditiva, se considerarmos a carga nominal com fator de
potência de 0,8 indutivo, o rendimento será:
PS 549120 0,8
% 100 100 99,82%
PS PHF PCC 549120 0,8 (617 186)
(maior que 98% calculado para o transformador original).

A potência de 549.120Kva é chamada de potência passante e a potência de


50Kva do transformador original é chamada de potência própria.
A ligação de autotransformador permite, portanto, aumentar a potência de um
transformador e melhorar o rendimento. Isto se deve ao fato, de que as perdas
continuam as mesmas do transformador original, e como há aumento da potência

Pág. 81
Capítulo X – Autotransformador

de saída na ligação como auto transformador, as perdas passam a representar


menos (percentualmente) em relação à potência que foi aumentada.
Uma vantagem do transformador em relação ao auto transformador é de criar dois
circuitos elétricos independentes isolados um do outro. Para relações de
transformação elevadas, na ligação como auto transformador, a bobina de tensão
inferior não possui isolamento suficiente para tensão de saída. Exige-se portanto,
nestas condições, o reforço de isolamento da mesma.
Como vantagem, pode-se ligar uma carga de potencia elevada, considerando-se a
mesma como potencia passante de um auto transformador. Sendo assim,
conforme demonstrado no exemplo anterior, foi possível alimentar uma carga de
549,12 KVA empregando-se um transformador com potencia própria de 50 KVA.

Pág. 82
Capítulo XI – Sistema de Percentual e Por Unidade

CAPITULO XI – SISTEMA PERCENTUAL E POR UNIDADE


Grandeza dos transformadores expressa em percentagem e por unidade.
É bastante comum, estabelecer grandezas referenciais, chamadas de base e
referir todas as demais a estas grandezas previamente escolhidas.
Assim podemos converter as grandezas dos ensaios dos transformadores em
percentagens e por unidade.
Tomemos como exemplo o transformador de 50kVA, 2400/240V que apresentou
os seguintes resultados.
Vazio:
I–5A
V – 240V
W – 186W
Curto circuito:
I – 20,8ª
V – 48V
W – 617W

Para o ensaio em vazio vamos escolher


Vbase = 240V porque no ensaio o trafo foi excitado pelo lado de baixa tensão
Sbase = 50000VA

Sbase 50000
Ibase 208 A
Vbase 240

Vbase 240
Zbase 1,153
Ibase 208

Calculando:

Vbase 240
Zbase 1,153
Ibase 208

Calculando:

S 240 X 5 1200VA

W 186
cos 0,16 80,790
S 1200
I HF I 0 cos 5 0,16 0,8 A
Im I 0 sen 5 0,987 4,93 A
186
RHF 290,6
0,82

240
Xm 48,68
4,93

Pág. 83
Capítulo XI – Sistema de Percentual e Por Unidade

Para as bases escolhidas vem:

1200 2,4
S 100 2,4 0 0 OU 0,024 pu
50000 100

186 0,372
W 100 0,372 0 0 OU 0,0037 pu
50000 100

240 100
V 100 100 0 0 OU 1 pu
240 100

5 2,40
I0 100 2,40 0 0 OU 0,024 pu
208 100

0,80 0,384
I HF 100 0,384 0 0 OU 0,00384 pu
208 100

4,93 2,37
Im 100 2,37 0 0 OU 0,0237 pu
208 100

290,6 25203
RHF 100 25203 0 0 OU 252 pu
1,153 100

48,68 4222
Xm 100 4222 0 0 OU 42,22 pu
1,153 100

Poderíamos portanto ter os circuitos equivalentes explicitados em percentagem e


“pu”.



   

     




 

   

Pág. 84
Capítulo XI – Sistema de Percentual e Por Unidade

Para o mesmo ensaio realizado pelo lado de AT teríamos:

V 2400V

5 5 5
I0 0,5 A
a 2400 10
240

I HF 0,8 0,1 0,08 A

Im 4,93 0,1 0,493 A

186
RHF 29062
0,08 2

2400
Xm 4868
0,493

Agora temos para valores base:


Vbase = 2400V
Sbase = 50000VA

Sbase 50000
Ibase 20,85 A
Vbase 2400

Vbase 2400
Zbase 115,21
Ibase 20,83

Explicitando:

0,5
I0 0,024 pu
20,8

0,08
I HF 0,00384 pu
20,8

4,93
Im 0,0237 pu
20,8

29062
RHF 252 pu
115,21
4868
Xm 42,25 pu
115,21

Pág. 85
Capítulo XI – Sistema de Percentual e Por Unidade

Nota-se que os valores das grandezas, quando explicitados para “pu” são os
mesmos independentemente do lado do transformador.
Para o ensaio de curto circuito:
O ensaio foi feito pelo lado de AT então vem:
617
Raqcc 1,426
20,82
48
Z aqcc 2,31
20,8
X eqc 2,312 1,426 2 1,82

Transformando em pu:
Vbase = 2400V
Sbase 50.000VA

50000
Ibase 20,8 A
2400

Zbase 115,3

48
Vcc 0,02 pu
2400

1,426
Rccpuc 0,012 pu
115,3

1,82
xccpu 0,016 pu
115,3

X eqc 2,312 1,426 2 1,82

Transformando em pu:
Vbase = 2400V

Sbase 50.000VA

50000
Ibase 20,8 A
2400

Zbase 115,3

48
Vcc 0,02 pu
2400
1,426
Rccpuc 0,012 pu
115,3

Pág. 86
Capítulo XI – Sistema de Percentual e Por Unidade

1,82
X ccpu 0,016 pu
115,3

2,31
Z ccpu 0,020 pu
115,3

20,8
Inccpu 1,0 pu
20,8

O circuito equivalente é mostrado abaixo:

  




Se referirmos ao lado de BT, teremos:


Vbase = 240V

Sbase 50.000VA

50000
Ibase 208 A
240

240
Zbase 1,153
208

48
Vcc 10 0,02 pu
240

Pág. 87
Capítulo XI – Sistema de Percentual e Por Unidade

1,426
Rccc 10 2 0,012 pu
1,153

1,82
X cc a2 0,016 pu
1,153

2,31
Z cc a2 0,020 pu
1,153

Como se pode notar, os valores em pu independem do lado do transformador.

Pág. 88
Capítulo XII – Transformador Trifásico

CAPITULO XII – TRANSFORMADOR TRIFÁSICO


Vamos considerar 3 (três) transformadores monofásicos idênticos. Na fig. 31ª)
apresentamos apenas os três enrolamentos primários excitados pelas linhas R, S,
T de um sistema trifásico. Haverá a produção de três fluxos, defasados de 120º,
cuja soma, em qualquer instante é nula.
IT

IS

IR

Fig. 31a) Três transformadores monofásicos idênticos formando um banco trifásico

Na configuração apresentada, diz-se que os três transformadores monofásicos


passaram a constituir um banco trifásico. Nesta configuração, temos 6 (seis)
enrolamentos, sendo três de alta tensão e três de baixa tensão que poderão ser
ligados em triângulo ou estrela, conforme apresentado nas figs. 31b) e 31c).

Pág. 89
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Desenho esquemático

Fig. 31b) Banco de transformadores ligação do primário em Y

Desenho esquemático

Fig. 31c) Banco de transformadores ligação do primário em

Sugestão de exercício: em função das ligações mostradas a esquerda das


figuras completar o desenho esquemático no lado direito das figuras acima.
Sendo assim, poderíamos juntar os montantes R, S e T em uma perna central
única, conforme mostrado na fig. 32a), já que não haverá fluxo circulante nas
pernas centrais de cada transformador. Neste montante único, comum aos três
transformadores, o fluxo resultante é nulo, do mesmo modo que no circuito elétrico
equilibrado, a corrente resultante no condutor neutro também é nula.

Pág. 90
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Fig. 32a) Transformador trifásico

Na configuração da fig. 32a) vemos um dispositivo constituído de um núcleo


magnético único, com três montantes verticais e duas culatras horizontais, tudo
construído com chapas de aço silício de alta permeabilidade magnética. As
bobinas primárias e secundárias de cada fase são instaladas nos montantes e
concentricamente em relação ao núcleo conforme mostrado na fig. 32b), sendo a
bobina de baixa tensão próxima ao núcleo e a de alta tensão mais externa.
Também estão mostrados os canais entre as bobinas de modo a permitir a
passagem do óleo para o resfriamento da máquina. A disposição concêntrica das
bobinas, objetiva, permitir que o fluxo de dispersão do primário possa enlaçar a
bobina do secundário e, deste modo, passar a induzir a tensão nesta como é
mostrado na figura 32a-1. Nesta figura supõe-se o transformador funcionando em
vazio.

BP – Bobina do primário
Fig. 32a-1)
BS – Bobina do secundário

Pág. 91
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Os fluxos produzidos pelas correntes das fases R, S e T sobem nos montantes.


Nos pontos A e B do circuito magnético, chamados nós, o fluxo resultante é nulo,
Com efeito, temos que a quantidade de espiras é a mesma para todos os
montantes ou seja:

NR NS NT N

Mas:
  
IR IS IT 0

Então:
1    N   
NRIR NS IS NT IT IR IS IT 0
R R
Esta configuração de núcleo central único é denominada de transformador
trifásico.

1 Núcleo trifásico – chapa siliciosa


de grão orientado;
2 Enrolamento de tensão inferior –
folha de alumínio com isolação
pre-peg;
3 Enrolamento de tensão superior –
fitas de alumínio moldadas sob
vácuo em resina epóxi;
4 Conexão do enrolamento TI;
5 Conexão do enrolamento TS;
6 Régua de ligação;
7 Painel de comutação da TS;
8 Suspensão elástica, amortecedora
de vibrações;
9 Ferragem de compressão do
núcleo.

Partes componentes do transformador trifásico


AT

núcleo
BT
canal

Fig. 32b) Seção transversal de um montante

Pág. 92
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Do mesmo modo que no banco trifásico, temos seis enrolamentos, três de alta
tensão e três de baixa tensão que podem ser ligados em triângulo ou estrela,
conforme mostrado nas figs. 32c), 32d) e 32e). Em ambos os casos, são válidas
as leis fundamentais dos sistemas trifásicos equilibrados.

S
T

Fig. 32c) Transformador trifásico ligado em Y-Y

S
T

Fig. 32e) Transformador trifásico ligado em -Y

S
T

Fig. 32d) Transformador trifásico ligado em -

Sugestão de exercício: em função das ligações mostradas a direita das figuras


completar o esquema no lado esquerdo das figuras acima.

Pág. 93
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Ligação Zig-Zag

Fig. 32e) Diagrama de ligação Transformador trifásico ligado em Zig-Zag

Fig. 32f) Diagrama fasorial Transformador trifásico ligado em Zig-Zag

Pág. 94
Capítulo XII – Transformador Trifásico

A fig. 33a) e 33b) mostram esquema de polaridade das bobinas primárias e


secundárias. A polaridade é determinada conforme vimos para o transformador
monofásico.Na figura 33ª os enrolamentos N1 e N2 estão no mesmo sentido (
polaridade aditiva) na figura 33b os enrolamentos N1 e N2 estão com sentidos
opostos (polaridade subtrativa)

Fig. 33a) Polaridade do transformador trifásico - aditiva

Fig. 33b) Polaridade do transformador trifásico - subtrativa

Pág. 95
Capítulo XII – Transformador Trifásico

ENSAIOS DE CARACTERÍSTICAS DO TRANSFORMADOR TRIFÁSICO

Os ensaios a vazio e curto-circuito de um transformador trifásico são idênticos aos


executados em um transformador monofásico.
O ensaio realizado tem o objetivo de determinar os parâmetros do circuito
equivalente referido a um dos lados do transformador. Para tanto, é necessário
observar valores de tensão, corrente e potência, bem como a ligação do
transformador, pois, como se trata da transformação de um circuito trifásico em
três circuitos monofásicos idênticos, os valores de tensão, corrente e potência
devem ser de fase. A tensão de fase em uma ligação estrela é VF=VL/ 3, a
corrente de fase é igual a corrente de linha e a potência de fase é P1 =P3 /3, já
para a ligação triângulo (delta), a tensão de fase é igual à tensão de linha VF=VL,
a corrente de fase é IF=IL/ 3 e a potência de fase é P1 =P3 /3.
Estudaremos o assunto através de um exercício a seguir:

Exercício:
Seja um transformador trifásico 60Hz, 1000kVA, 24000/380-220V, ligação -Y
com os seguintes parâmetros:

Ensaio a vazio:
Leitura do wattímetro: 2800W
Leitura do amperímetro: 24,3A
Leitura do voltímetro: 380V
Temperatura ambiente: 28ºC

VL 380
VF 220V
3 3

IF IL 24,3A

P3 2800
P1 933W
3 3

Pág. 96
Capítulo XII – Transformador Trifásico

P1 933
Cos 0,1747
VF I L 220 24,3

I HF I 0 cos 24,3 0,1745 4,2A

2 2
Im I0 I HF 24,3 2 4,2 2 23,93A

P1 933
R HF 2
51,89
I HF 4,24 2
VF 220
Xm 9019
I m 23,93

Ensaio de curto circuito:


Leitura do wattímetro: 2500W
Leitura do amperímetro: 24,05A
Leitura do voltímetro: 1500V
Temperatura ambiente: 28ºC

Para o sistema

IL 24,05
IF 13,88A
3 3

VF 1500
Z 108,07
IF 13,88

Z 108,07
ZY 36,02
3 3

Pág. 97
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Transformando o circuito para Y temos:

VL 1500
VF 866V
3 3

P3 2500
P1 833W
3 3

Que resulta em três circuitos monofásicos idênticos: R0N, S0N e T0N

P1 833
R eq 2
1,44
IL 24,05 2

VF 866
Z eq 36 (contra prova)
IL 24,05

X eq Z eq R eq 36 2 1,44 2 35,97

Cálculo das resistências e reatâncias do primário e secundário:

Pág. 98
Capítulo XII – Transformador Trifásico

R eq 1,44
R1 0,72
2 2

R1 0,72
R2 0,00018
a2 63 2

X eq 35,97
X d1 17,98
2 2

X d1 17,98
Xd2 0,0045
a2 632

Contra prova
2 2
P1 R 1 I1 R2 I2 0,72 24,05 2 0,00018 1519 2 832 W

Circuito equivalente em “pu”

1000000
Sb 333333VA
3

24000
Vb 13856V
3

333333
Ib 24,05A
13856

13856
Zb 576,13
24,05

36
Z eq 0,062pu
576,13 (contra prova)

1,44
R eq 0,0025pu
576,13

35,97
X eq 0,061pu
576,13

Pág. 99
Capítulo XII – Transformador Trifásico

866
Vcc 0,062pu
13856

24,05
In 1pu
24,05

Regulação de tensão para carga de 75% da carga nominal. Fator de potência da


carga indutivo de 0,8.

Para 75%:

In 1 0,75 0,75pu

 


 
  













 

VR 0,0025 0,75 0,0019pu

VX 0,061 0,75 0,046pu

X V2 0,0019 cos 37º 0,046 cos 53º

Pág. 100
Capítulo XII – Transformador Trifásico

X V2 0,0015 0,028 V2 0,0295

Y 0 0,0019 sen37º 0,046 sen53º

Y 0,0011 0,037 0,0359

1,0 2 (V2 0,0259) 2 0,0359 2

1,0 (V2 0,0259) 2 0,0013

(V2 0,0259) 2 1 0,0013

V2 0,0259 0,9993

V2 0,9993 0,0259

V2 0,9734 pu

Regulação calculada pelo lado de AT

VT 0,9734pu V2 0,9734 13856 13487V

13856 13487
R% 100 2,66%
13856

Regulação calculada pelo lado de BT

13856
VBT 0,9734 214,1V
63

219,94 214,1
R% 100 2,66%
219,94

Regulação em pu

1 0,9734
R% 100 2,66%
1

Rendimento para 75% da carga

VLBT 3 VF 3 214,1 370,83V

Pág. 101
Capítulo XII – Transformador Trifásico

I LBT 0,75 I nBT 0,75 151 1139,5A

PS 370,82 1139,5 3 0,8 585501,61W

PHF3 2800 W

PJ / FASE R eq I2 1,44 0,75 24,05 2 624,67 W

PJ 3 3 624,67 1874 W

585501,61
% 100 99,2%
585501,61 2800 1874

Deslocamento angular:

Consideremos a fig. 34a) onde temos três enrolamentos monofásicos idênticos


com alta tensão A1, B1 e C1 e baixa tensão a1, b1 e c1 respectivamente. Os
transformadores estão ligados em estrela-estrela (Y-Y), com os centros estrelas
fechados em A2, B2 C2 e a2, b2, c2. Supondo a alimentação pelo lado de alta
tensão, a tensão de mútua a1a2 (do lado BT) está em fase com A1A2 (do lado
AT). Do mesmo modo, b1b2 está em fase com B1B2 e c1c2 está em fase com
C1C2.
Yy0 – 0º
A1 A2 a1 a2

B1 B2 b1 b2
CARGA

C1 C2 c1 c2

Fig. 34a) Enrolamentos do transformador trifásico


Os fasores do lado de alta tensão são A1A2, B1B2, C1C2, possuem módulos
iguais com as extremidades convergindo para o centro estrela, indicando que a
resultante da soma dos três é nula, conforme apresentado na fig. 34b).
C1
CBA c1 cba

VC1A1 Vc1a1
VB1C1 Vb1c1
C2
c2
A2 B2
a2 b2
A1 VA1B1 B1 Va1b1
a1 b1
Fig. 34b) Diagrama fasorial dos lados de alta e baixa tensão

Pág. 102
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Considerando o conjunto trifásico formado, com seqüência CBA, as tensões acima


indicadas (VA1A2, VB1B2 e VC1C2) são tensões de fase. As tensões de linha são
VA1B1, VB1C1 e VC1A1. Os sentidos indicados comprovam que a resultante da soma
das mesmas é nula. No lado de baixa tensão, V a1a2 é paralelo à VA1A2.
Analogamente, Vb1b2 é paralelo à VB1B2 e Vc1c2 é paralelo à VC1C2 são as tensões
de fase da baixa tensão. As tensões de linha V a1b1, Vb1c1 e Vc1a1 têm os sentidos
indicados para permitir que a resultante de sua soma seja zero. Analisando as
tensões VA1B1 e Va1b1 verifica-se que são fasores de mesma direção e sentido,
portanto, estão em fase, ou seja, o deslocamento angular entre elas é nulo. O
mesmo pode-se dizer em relação às tensões VB1C1 e Vb1c1 e VC1A1 e Vc1a1.
12
11 1 Na baixa tensão, pode-se observar pela
C1
convenção do ponto que as correntes fluem
10 2 do centro estrela para carga, saindo pelos
c1 terminais a1, b1 e c1. Também é possível
fazer a representação horária, conforme fig.
9 3 34c), levando-se em conta que o intervalo de
cada hora é de 300. Vê-se que as tensões de
a1 Va1b1 b1
linha VA1B1 e Va1b1 estão com mesma direção
8 A1 VA1B1 B1 4 e sentido o que indica deslocamento angular
nulo.
7
A1B1//a1b1
5
6 Sentidos iguais
a1 e A1 posição 8 horas
Fig. 34c) Deslocamento angular
b1 e B1 posição 4 horas
c1 e C1 posição 12 horas
Deslocamento = 0º

Na fig. 35 vamos inverter o centro estrela da baixa tensão, conectando agora a1-
b1-c1, deixando livre os terminais a2, b2, c2 para serem conectados à carga. O
lado de alta continua inalterado recebendo alimentação pelos terminais A1-B1-C1.
Analisando as tensões de linha VA1B1 e Va1b1 verifica-se que são fasores de
mesma direção e sentidos opostos, portanto, estão na mesma direção e em
sentidos contrários, portanto com um deslocamento angular de 180º. O
mesmo pode-se dizer em relação às tensões VB1C1 e Vb1c1 e VC1A1 e Vc1a1. Pode-se
observar que as tensões induzidas na baixa tensão estão agora invertidas em
relação à alta tensão. As tensões de linha da baixa tensão estão deslocadas de
1800 em relação às de alta tensão. Compare a1b1 com A1B1. Agora, com a
mesma convenção do ponto, a corrente vem da carga e vai para o centro estrela.
Na fig. 35, é mostrada a representação horária. Considerando o sentido anti-
horário, a1 está 180º adiantado em relação à A1.

Pág. 103
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Yy6 – 180º

A1 A2 a1 a2

B1 B2 b1 b2
CARGA

C1 C2 c1 c2

CBA b1 Va1b1 a1 cba


C1 c2
cba
b2
Girando o
diagrama 180º c2 a2
VC1A1 Vc2a2
C2 VB1C1 Vb2c2 Vb1c1 Vc1a1
c1 b1
A2 B2 a1

c1
A1 VA1B1 B1 a2 Va2b2 b2

12
11 1
C1
A1B1//a1b1
Sentidos opostos 2
10
A1 posição 8 horas
a1 posição 2 horas b1 Va1b1 a1
Diferença: 6 x 30º
Deslocamento = 180º 9 3

c1
8 A1 VA1B1 B1 4
Fig. 35 – Deslocamento angular de 180º

7 5
6

Pág. 104
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Apresentamos nas figs. 36, 37, 38 e 39 os grupos de ligação Dd-0, Dd-6, Yd-11 e
Yd-5.

Dd0 – 0º
A1 A2 a1 a2
H1

H2 B1 B2 b1 b2
CARGA

H3 C1 C2 c1 c2

ABC abc
B1 C2 b1 c2

VB1A1 Vb1a1
VC1B1 Vc1b1
B C b c
b2 c1
B2 C1
A a
A1 VA1C1 = VA1A2 A2 a1 a2
Va1c1 = -Va1a2 = Va2a1

B1 12
11 1

10 2
A1A2//a1a1 b1
a1 e A1 posição 8 horas
b1 e B1 posição 12 horas 9 3
c1 e C1 posição 4 horas a1 c1
Deslocamento = 0º Va1c1= Va1a2
A1 defronte a1 C1
B1 defronte b1 8 4
A1 VA1C1
C1 defronte c1
7 5
6

Fig. 36 – Deslocamento angular 0º

Pág. 105
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Dd6 – 180º

A1 A2
a1 a2
B1 B2
b1 b2
CARGA
C1 C2
c1 c2

ABC abc
B1 C2 b2 c1

VB1A1 Vb2a2
VC1B1 Vc2b2
B C b c
b1 c2
B2 A C1 a

A1 VA1C1 = VA1A2 A2 a2 Va2c2 = Va2a1 a1

B1 12
11 1

10 2
c1

9 b1 3
A2A1//a1a2 a1
a2 Va2a1
C1
8 A2 4
A1 VA1A2

7 5
6

Fig. 37 – Deslocamento angular 180º

Pág. 106
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Yd1 – 30º

A1 A2 a1 a2

B1 B2 b1 b2
CARGA

C1 C2 c1 c2

C1 c1 cba
CBA b2 Vb1c1

VC1A1 b
VB1C1 Vc1a1 c b1
C2
a a2
A B
A2 B2 c2 Va1b1
30º
A1 VA1B1 B1 a1

Considerando o sentido horário temos: 12


11 1
C1

A1 em frente 8 horas 10 2
a1 em frente 7 horas
Diferença: 1 x 30º c1
Deslocamento = 30º
.Caso se considere o sentido anti-horário o deslocamento é 9 b1 3
de 330º
a1

8 A1 B1 4

7 5
6

Fig. 38 – Deslocamento angular 30º

Pág. 107
Capítulo XII – Transformador Trifásico

Yd5 – 150º

A1 A2 a1 a2

B1 B2 b1 b2
CARGA

C1 C2 c1 c2

c2 cba
C1
CBA b1
Vb1a1

b 150º
VC1A1 a
VB1C1 Vc1b1 c b2
C2
a a1
A2 B2 c1 Va1c1

A1 VA1B1 B1 a2

12
11 1
C1

Considerando o sentido horário temos: 2


10
A1 posição 8 horas
a1 posição 3 horas b1
Diferença: 5 x 30º
Deslocamento = 150º 9 a1 3

c1

8 A1 B1 4

7 5
6

Fig. 39 – Deslocamento angular 150º

Caso seja considerado o sentido anti-horário o deslocamento será 210º.

Pág. 108
Capítulo XII – Transformador Trifásico

LIGAÇÃO DE TRANSFORMADOR EM PARALELO

A ligação é feita para atender requisitos de aumento na potência.


Exemplificamos, inicialmente, com dois transformadores monofásicos idênticos A
e B conforme figura abaixo.

   
 
   

   
   

  
  

 
 
 



O barramento 1 do primário alimenta os terminais H1 H2 dos dois transformadores,


enquanto os secundários alimentam o barramento 2. Observa-se que, conforme
convenção de polaridade, ambos os transformadores enviam corrente entrando
por H1 e entregando corrente saindo por X1. Ambos os terminais X1 de mesma
polaridade, estão ligados a mesma barra superior do barramento 2.
A carga é alimentada simultaneamente pelos dois transformadores. Se os dois são
idênticos cada um contribuirá com metade da corrente IL/2.
Caso os transformadores não sejam idênticos, com impedâncias diferentes,
teremos a situação mostrada no diagrama unifilar da figura abaixo.



 
 
 

 

  




Pág. 109
Capítulo XII – Transformador Trifásico

IL=IA + IB
Se ZA>ZB teremos IB>IA resultando que a maior parte da corrente da carga (I L)
circulará através do transformador B de menor impedância.
Condições de paralelismo:

I. Os transformadores deverão ter a mesma relação de transformação;

II. Mesma polaridade dos terminais a serem ligados entre si. Polaridades
diferentes provocam curto circuito;

III. Mesma impedância percentual com variação menor que 7,5%; entre si

IV. Mesma relação entre resistência e reatância de curto cicuito, ou seja, mesmo
fator de potência de curto circuito (cos cc);

V. No caso de transformadores trifásicos, ou monofásicos ligados em banco


trifásico, deverão pertencer ao mesmo grupo de ligação.

Sendo assim, apresentamos no quadro abaixo, as ligações em paralelo possíveis.

YY Y Y
YY Sim Não Não Sim
Y Não Sim Sim Não
Y Não Sim Sim Não
Sim Não Não Sim

Pág. 110
Capítulo XIII – Transformador Inserido no Sistema Trifásico

CAPITULO XIII – TRANSFORMADOR INSERIDO NO SISTEMA TRIFÁSICO


Este assunto é uma introdução ao estudo de SEP, no qual vamos mostrar como
se resolve um sistema com transformador trifásico inserido. A solução
compreende os passos abaixo:
a) Fazer o diagrama trifilar, anotando no mesmo as ligações trifásicas, as
tensões, correntes, resistências, reatâncias e impedâncias.
b) Converter o sistema acima para o sistema estrela (Y) equivalente. Para
Z R X
tanto, lembrar que: Z Y
3 3
c) Como o sistema é considerado equilibrado, pode ser decomposto em 3
(três) circuitos monofásicos idênticos. Nestas condições resolver o circuito
1 VL
monofásico, considerando: S por fase S3 e VFN .
3 3

12.1 Exercício Resolvido:

Questão 1:
Três transformadores monofásicos de 100kVA, 2400/120V, são ligados para
formar um banco trifásico, -AT e Y-BT.
Dados do ensaio de curto circuito para cada transformador monofásico:
V = 52V I=41,6A P=400W
Este banco deverá ser alimentado por uma LT de 2400V cuja impedância vale
Z=0,08 + j0,30.
No secundário o banco alimenta uma carga com corrente de 70% da corrente
nominal e com fator de potência em atraso de 0,8.
Pede-se:
a) Determinar a tensão na saída do secundário do banco.
b) Desenhar o diagrama fasorial referido ao lado de AT.

Pág. 111
Capítulo XIII – Transformador Inserido no Sistema Trifásico

Solução:

VL=2400V VFN=120V

VL=207V
Transformador trifásico equivalente

LT – 2400V entre fases


Y Carga
0,08+j0,30

Diagrama unifilar

Banco de transformadores 300.000


I 70% In 0,7 x 583 A
3 x 208
0,08 j0,30 50,56A

CARGA
VL=2400V FP=0,8
atraso

Diagrama trifilar

Segundo dados fornecidos relativos ao ensaio de curto-circuito podemos concluir


S 100.10 3
que o transformador foi ensaiado no lado de AT: I AT 41,6 A
VAT 2400
Portanto, podemos calcular o valor da impedância do transformador referida para
o lado de AT:
VCC 52
Z eq 1,25 ;
I1 41,6
PCC 400
R eq 2 2
0,23
I1 41,6
2 2 2 2
X eq Z eq Req 1,25 0,23 1,23

Pág. 112
Capítulo XIII – Transformador Inserido no Sistema Trifásico

Circuito com o secundário do transformador referido:


I=70%In=583A
50,56A
0,08 j0,30

0,23+j1,23
VL=2400V 0,23+j1,23 FP=0,8
29,19A
0,23+j1,23 atraso

Sistema com o secundário do transformador referido

1
Transformando o em uma Y equivalente: ZY Z
3

0,23
Ry 0,076
3
1,23
XY 0,41
3
100.000
0,7 xIn 0,7 x 583 A
0,08 j0,30 50,56A 120

0,076+j0,41
VFN=1385V VFN=120V
0,076 FP=0,8
+j0,41 atraso
0,076
+j0,41
VL=2400V VL=207V

Sistema estrela (Y) equivalente

Transformando o sistema trifásico estrela (Y) em três circuitos idênticos


monofásico equivalentes e resolvendo apenas um deles:
I=50,56A I=50,56A
0,08 j0,30 0,076 j0,41

FP=0,8
VFN=1385V Vcarga
ind

Pág. 113
Capítulo XIII – Transformador Inserido no Sistema Trifásico

I=50,56A
0,156 j0,71

FP=0,8
VFN=1385V aV2
V ind

Circuito monofásico equivalente

Considerando o fasor referência como sendo aV2 0º. Vem:

aV2 V 1385

V I ar cos 0,8 Z

aV2 0º 50,56 37º 0,156 j 0,71 1385

aV2 j0 40,37 j 30,42 0,156 j 0,71 1385

aV2 j0 27,90 j 23,91 1385

aV 2 27,90 j0 j 23,71 1385 (Equação 1)

Cálculo do módulo de aV2:

2 2
aV 2 27,90 23,91 1385 2

2 2
aV 2 27,90 1385 2 23,91 1.917.653,31

aV2 27,90 1.917.653,31 1384

aV2 1384 27,90 1356

1356 1356
V2 FN 117,49V
a 1385
120
V2 Linha 117 3 203,48V

Cálculo do ângulo :(ver diagrama fasorial na pagina 76)

aV2 27,9 j 0 j 23,9 1385 (Equação 1)


23,90 23,90 3 3
tg 17,2 10 arctg 17,2 10 0,99º
aV 2 27,90 1356 27,90

Pág. 114
Capítulo XIII – Transformador Inserido no Sistema Trifásico

Contra-prova:

aV2 27,90 j0 j 23,91 1385 (Equação 1)

aV 2 27,90 j0 j 23,91 1385 cos jsen

Identificando os dois membros da equação temos que:

23,91 3 3
23,91 1385 sen sen 17,2 10 arcsen 17,2 10 0,99º
1385

Solução da letra a) V2=1356 0,99º [V] referido a tensão de neutro.

Solução da letra b)

o 1385V
0,99º
37º 1356V 35,89V

7,89V
50,56A

Diagrama fasorial

Dados do diagrama acima:

VFN=1385 0º [V] (referência para o traçado do diagrama)


V2=1356 0,99º [V] (referido a tensão de neutro)
I2=50,56 37º [A] (ângulo do fator de potência)
VR=I2R=50,56 x 0,156= 7,88 37º [V] (em fase com a corrente)
VX=I2X=50,56 x 0,71= 35,89 127º [V] (avançado 90º em relação a corrente)

Questão 2:

Um transformador trifásico tem:


AT- ligada em – 2400V;
BT- ligada em Y – tensão de fase 120V.
O sistema de alimentação é uma LT de 2400V entre fases.
A carga alimentada é trifásica equilibrada ligada em delta ( ) com Z fase=10 + j5 .
Pede-se:

a) A corrente de linha da carga


b) A corrente de fase na carga
c) A tensão de linha na carga

Pág. 115
Capítulo XIII – Transformador Inserido no Sistema Trifásico

d) A tensão de fase na carga


e) A tensão de linha no lado de baixa do transformador
f) A tensão de fase no lado de baixa do transformador
g) A corrente de linha no lado de alta do transformador
h) A corrente de fase no lado de alta do transformador
i) A tensão de linha no lado de alta do transformador
j) A tensão de fase no lado de alta do transformador

Solução:

VFN=120V
VL=2400V

VL=208V

Transformador trifásico

LT – 2400V entre fases Carga 3 equilibrada


Y ligada em com
Z fase = 10+j5

Diagrama Unifilar

Estamos considerando o transformador ideal e linha sem impedância. Portanto,


não haverá quedas de tensão nos mesmos.

2,79A I carga=32,24A
120

1,61 1,61 18,61


10+j5 10+j5
VL=2400V
18,61
18,61

2,79A 1,61
VL=208V
10+j5
2,79A
Diagrama Trifilar

Pág. 116
Capítulo XIII – Transformador Inserido no Sistema Trifásico

Primeiramente, vamos converter o sistema acima para o sistema estrela (Y)


Z 10 j 5
equivalente. Portanto: Z Y 3,33 j1,66 .
3 3
2,97A I carga

VL=208V 3,33+j1,66
VL=2400V
3,33+j1,66 3,33+j1,66

Sistema estrela equivalente

Cálculo da corrente na carga (consideramos ângulo de zero graus para tensão):

VFASE 120 j 0
I CARGA 28,86 j14,38 32,24 26,49º A .
ZY 3,33 j1,66

I=32,24A

VFN=120 3,33 + j1,66

Circuito monofásico equivalente

a) Cálculo da corrente de linha na carga:


I L I CARGA (Y ) 32,24 26,49º A

b) Cálculo da corrente de fase na carga:


I CARGA (Y ) 32,24 26,49º
IF 18,62 26,45º A
3 3

c) Cálculo da tensão de linha na carga:


VL 3 VF 3 120 0º 208 0º V

Pág. 117
Capítulo XIII – Transformador Inserido no Sistema Trifásico

d) Cálculo da tensão de fase na carga:


VF VL 208V

e) Cálculo da tensão de linha no lado de baixa do transformador:


Como consideramos o transformador ideal, ou seja, sem queda de tensão interna,
a VL(BT) será a mesma tensão de linha da carga igual a VL(BT) =208 0º.
f) Cálculo da tensão de fase no lado de baixa do transformador:
Como consideramos o transformador ideal, ou seja, sem queda de tensão interna,
a VF(BT) será a mesma tensão de linha da carga igual a VL(BT) =208 0º.
g) Cálculo da corrente de linha no lado de alta do transformador:
S BT 3 VL( BT ) I L( BT ) 3 208 32,24 11.615 VA

S BT S AT 11.615 VA

S AT 11.615
I L ( AT ) 2,79 A
3 VL ( AT ) 3 2400

h) Cálculo da corrente de fase no lado de alta do transformador:


I L ( AT ) 2,79
I F ( AT ) 1,61 A
3 3

i) Cálculo da tensão de linha no lado de alta do transformador:


Conforme dados do enunciado do exercício VL(AT) = 2400V.
j) Cálculo da tensão de fase no lado de alta do transformador:
Como o lado de alta do transformador está ligado em delta ( ) VL = VF = 2400V.

Pág. 118
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

CAPITULO XIV - RESOLUÇÃO DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS UTILIZANDO ¨PU¨

Devem ser observados os mesmos procedimentos vistos anteriormente;


a) Fazer o diagrama trifilar, anotando no mesmo as ligações dos transformadores
trifásicos, tensões, correntes, resistências, reatâncias e impedâncias.
b) Converter o sistema equilibrando para 3 (três) monofásicos Y equivalentes.
c) Resolver um dos circuitos considerando:

S3 VL
S1 e e V fn
3 3
d) Escolher os valores base para referência:

VL
Vbase = VFN =
3

S3
Sbase
3

Sbase
Ibase
Vbase

Vbase
Zbase
Ibase

e) Calcular os valores em “pu” na mesma base de potência e de tensão,fazendo a


mudança de base se necessária
f) Colocar todos os valores em “pu” na mesma base de potência e de tensão.
g) Resolver o circuito monofásico.

Mudança de base:

Consideremos dois transformadores com impedância Zpu1 e Zpu2 respectivamente.


Zpu1 é baseada na potência S1 e Vbase;
Zpu2 é baseada na potência S2 e Vbase.

Pág. 119
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

S1 S2
Zpu1 Zpu2
na base S1, Vbase na base S2, Vbase

Sistema com potências diferentes

Os transformadores tem a mesma base de tensão( V b ) e base de potencias


diferentes (S1 e S2 )

S1base
Z Z I1base Vbase S1base
Z pu 1 Z Z Z pu1 Z
Z base Vbase Vbase Vbase V 2 base
I1base

Analogamente,

S 2 base
Z pu 2 Z
V 2 base

S 2 base
Z pu 2 V 2 base S 2 base V 2 base S 2 base
ks
Z pu1 S1 base V 2 base S1 base S1 base
V 2 base

S 2 base
Z pu 2 Z pu 1 K S Z pu 2 Z pu1
S1base

Pág. 120
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

Consideremos agora, os transformadores com base de tensão diferentes e a


mesma base de potencia, conforme figura a seguir.
Isto acontece na prática quando a tensão nominal de um equipamento é
ligeiramente diferente da tensão nominal do sistema no qual ele será instalado.
Exemplo: Um transformador de 2400/240V supondo energizado em um sistema de
2480V. Deste modo, a impedância “em pu” do transformador referida a 2400V
deverá ser alterada para a base de 2480V.

V1 base

Potência = S (kVA) Zpu1 na base S e V1 base

V2 base

Potência = S (kVA) Zpu2 na base S e V2 base

Sistema com tensões de bases diferentes

S base
Z 1 I1base V1base S base
Z pu 1 Z Z Z Z pu1 Z
Z base V1base V1base V1base V 21base
I1base

Analogamente,

Sbase
Z pu 2 Z
V 2 2 base

Pág. 121
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

S base
Z pu 2 V 2 2 base S base V 21 base V 21base
kv
Z pu1 S base V 21 base S base V 2 2base
V 21 base

V 21base
Z pu 2 Z pu1 Z pu 2 Z pu 1 K V
V 2 2 base

No caso de se ter simultaneamente tensões diferentes e potências diferentes a


mudança de base completa será: Z pu 2 Z pu1 K S K V

Fica esclarecido que, quando os transformadores estão em série dentro do


sistema, e as suas impedâncias estão expressas em ¨pu¨, o valor da impedância é
o mesmo para qualquer dos lados, conforme figura a seguir.

 

 
    
      

 

Qualquer elemento diferente que vier a ser inserido no sistema, por exemplo, a
impedância de uma rede ou de uma linha, esta impedância em ohm deverá ser
referenciada na base de tensão onde estiver localizada, para ser transformada em
¨pu¨

Pág. 122
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU



 






No caso presente, verificamos que a impedância da linha está situada no lado de


240V, lado de baixa tensão do transformador. Portanto, vamos adotar tensão base
Vb de 240V.
A potencia base poderá ser Sb =50000 VA. Temos então:
Sb=50000 VA
Vb=240 V
50000
Ib 208,33 A
240

240
Zb 1,152
208,33

Transformação da linha para ¨pu ¨:


0,07
R pu 0,06 pu 1
1,152

0,13
X pu 0,113 pu 2
1,152

O circuito representativo do sistema em ¨pu ¨ está mostrado na figura

Pág. 123
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU









Podemos fazer a contraprova conforme abaixo:

R2400 0,07 a 2 0,07 100 7

X 2400 0,13 a 2 0,13 100 13

Temos então uma nova referencia:

Vb 2400V

SB 50000VA

50000
Ib 20,83 A
2400

2400
Zb 115,20
20,83

Transformando em¨pu ¨:
7
R 0,06 pu 1ª
115,2

Pág. 124
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

13
X 0,113 pu 2ª
115,2

Comparemos os valores 1 e 1ª bem como 2 e 2 a e vamos concluir que são


iguais.

14.1 Exercícios resolvidos:

Questão 1

Cálculo de queda de tensão na partida de um motor de 1750HP 2400V,


conforme diagrama unifilar abaixo:

Pág. 125
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU




















 

DIAGRAMA UNIFILAR

Solução:

A - Cálculo da impedância do sistema:

5000
ZF 0,0066 pu
3 31500 13,8

ZF 0,0066 pu

B - Trafo de 5000 kva 13,8 kV / 2.4 kV

WCC 39.000W

Z 6,79% 0,0679 pu

Pág. 126
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

RCC 0,3 0,0078 pu

X CC 0,0679 2 0,0078 2

X CC 0,674 pu

C = Cabo 3,6 / 6 kV - 150 mm2

DE 29,5mm

di 14,25mm

2 De
L 0,06 0,46 log
di

2 29,5
L 0,06 0,46 log
14,25

L 0,06 0,46 0,617 0,344m / km

L 0,000344 H / km

Para l 30m

30
L 0,000344 0,000010 H
1000

XL 2 fL 6,28 60 0,000010

XL 0,0038

R20 0,124 / KM 20º C

234,5 60
R60 0,124 0,143 / KM
234,5 20

Para l 30m

30
R60 0,143 0,0043
1000

Pág. 127
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

Na base de 2400 V:

0,0038 5000
XL 0,0033 pu
2,4 2 1000

0,0043 5000
R60 0,0037 pu
2,4 2 1000

D = Cabo 3,6 / 6 kV - 150 mm2 - 50m

0,0033 50
XL 0,0055 pu
30

0,0037 50
R60 0,0060 pu
30

Pág. 128
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU








 







 








 








 

 

Pág. 129
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

I - Cálculo das quedas de tensão provocada pelo motor.







500
Sb 1666 KVA 1666.666VA
3

2400
Vb 1385V
3

1666666
Ib 1203 A
1385

1385
Zb 1,151
1203

375
IM 0,312 pu
1203

cos 0,9 26º

Pág. 130
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

 


















R 0,0146 pu

X 0,0837 pu

VR 0,312 0,0146 0,0045 pu

VR 0,312 0,0837 0,0115 pu

X VM 0,0045 cos 26 0,115 cos 64

X VM 0,0040 0,0050 VM 0,009

Y 0 0,0045 sen 26 0,0115 sen 64

Y 0 0,0020 0,0103 0,0083

1,00 X2 Y2

2
1,00 VM 0,009 0,0083 2

2
1,00 VM 0,009 0,0083 2

2
VM 0,009 0,9917

VM 0,009 0,9958

Pág. 131
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

VM 0,9868 pu

VM 0,9868 1385 1366V

VM 3 1366 3 2365V

2400 2365
V% 100
2400

V% 1,458%

Este valor é menor que 5% permitido pela norma NBR 14039.

Para condição de partida.

IM 5,70 0,312 pu 1,78 pu

VR 1,78 0,0146 0,026 pu

VX 1,78 0,0837 0,148 pu

cos 0,12

83º

 




















Pág. 132
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

X VM 0,026 cos 83º 0,148 cos 7º

X VM 0,0032 0,1469 VM 0,1501

Y 0 0,026 sen83 0,148 sen 7

Y 0 0,0258 0,0180 0,0078

2 2
1,00 VM 0,1501 0,0078

2
1,00 VM 0,1501 0,00006

2
VM 0,1501 0,99994

VM 0,1501 0,9999

VM 0,8498 pu

VM 0,8498 1385 1177V

VM 3 1177 3 2038V

2400 2038
V% 100
2400

V% 15%

Questão 2:
Um sistema elétrico é formado por 2 (dois) bancos de transformadores
monofásicos interligados por uma LT. No final do sistema existe uma carga
alimentada pelo mesmo.
Pede-se calcular a tensão nos terminais de carga.
São dados:
a) carga – trifásica, tensão de linha 240V, 60kW fator de potência 0,80 em atraso.
b) Banco I – 3 (três) transformadores monofásicos, 100kVA, 24000/2400V,
ligação .
Dados do ensaio de curto-circuito, de cada transformador:
W=700W
V=330V
I=4,16ª
c) Banco II – 3 (três) transformadores monofásicos, 50kVA, 2400/240V, ligação
.

Pág. 133
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

Dados do ensaio de curto-circuito, de cada transformador:


W=600W
V=50V
I=20,83ª

d) LT – Impedância 0,8+j1.2 referida a 2400V.

Solução:

1) Desenho do diagrama unifilar

     


 
  

2) Correntes do circuito

60000
SCARGA 75.000VA
0,80
75.000
I 240 180 A em 240V
3 240
75.000
I 2400 18 A em 2400V
3 2400
75.000
I 24000 1,8 A em 24000V
3 24000

3) Parâmetros do banco I

700
Req 40 referida a 100 kva -24000V
4,162
330
Z eq 80 idem
4,16

X eq 802 40 2 69 idem

Pág. 134
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

4) Parâmetros do banco II

600
Req 1,386 referida a 50kva – 2400V
20,832
50
Z eq 2,40 idem
20,83

X eq 2,4 2 1,38 2 1,96 idem

5) Diagrama trifilar

 

  












  


 



 

6) Como o sistema é equilibrado, podemos considerá-lo como composto de 3


(três) circuitos monofásicos em Y.

Para tanto, temos de transformar o sistema para Y equivalente.


O banco I está com impedância de 40+j60 em Y.
O banco II está com impedância de 1,39+j1,96 em .

Para transformarmos em Y segue:


Z 1,39 j1,96
ZY 0,46 j 0,65 - equação 1
3 3

Pág. 135
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

7) Representação do sistema em Y.

 

  











   
   
   
   




 

8) A solução do problema consiste em dividir o sistema trifásico, transformado o


mesmo em Y com 3 circuitos monofásicos idênticos conforme abaixo
considerando:
S3
S e V VFN
3
O circuito abaixo mostra as impedâncias em bloco, sem preenchimento dos
respectivos valores, os quais serão determinados mais adiante

     

 



9) Cálculo das impedâncias em pu

Pág. 136
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

9.1) LT

Z=0,8+j1,2
Vamos referenciar este valor a 2400V e 50kVA porque a impedância em
questão está instalada em 2400V

150
Sbase 50kVA
3

2400
Vbase V 1386V
3

Sbase 50.000
Ibase 36,07 A
Vbase 1.386

Vbase 1.386
Zbase 38,42
Ibase 36,07
A impedâncuia de LT em “pu” será:

0,8 j1,2
Zpu 0,021 j 0,031
38,42

Agora vamos calcular esta mesma impedância na base de 100 kva


Para mudança de base de potência:

100
Ks 2
50

Zpu=(0,021+j0,031)x2=0,042+j0,062. referida a 100kva


9.2) Banco II

Este banco está referido a S3 =150kVA e a VL=2.400V.


Vamos ter para o circuito Y equivalente.

150
Sbase 50kVA
3
2.400
Vbase 1.386V
3

Como vimos anteriormente, ZBASE=38,42 .

Pág. 137
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

0,46 j 0,65
Zpu 0,012 j 0,016
38,42

Mudando a base para 100kVA vem:


Ks=2
Zpu=(0,012+j0,0169)x2=0,024+j0,034. referida a 100 kva

9.3) Banco I

Este banco está referido a 300kVA trifásico.

300.000
Sbase 100 kVA
3

24.000
Vbase 13.860V
3

100.000
Ibase 7,21A
13.860

13.860
Zbase 1.921
7,21

40 j 69
Zpu 0,021 j 0,036
1.921

10) O circuito monofásico Y terá a seguinte configuração, considerando todas


impedâncias referidas à mesma potencia de 100kva:
De impedâncias:

         



 

Pág. 138
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

Cálculo da tensão em “pu”:

13.860
Vpu 1,0 pu
13.860

11) Cálculo da corrente em “pu”:

1,8
Ipu 0,25 pu
7,21

12) Verificações:

12.1) Banco II
R = 0,024x1.921=46
X = 0,034x1.921=65,31
Estes são os valores da equação 1.anterior
12.2) LT
R = 0,042x1.921=80,68 = 46
X = 0,062x1.921=120
Estes são os valores indicados no enunciado do exercício.
13) Resolução do circuito do ítem 10.

Somando as resistências e reatâncias em “pu” já que estão todos na mesma base


de tensão e potência vem:

   



 

 













Pág. 139
Capítulo XIV –Resolução de Circuitos Trifásicos Utilizando PU

X = V2 + 0,087 x 0,25 x cos37º + 0,033 x 0,25 x cos53º

X = V2 + 0,0174 +0,0055 = V2 + 0,0224

Y = 0 - 0,087 x 0,25 x sen37º + 0,033 x 0,25 x sen53º

Y =- 0,013 + 0,007 = 0,006

12 = (V2 + 0,0224)2 + - 0,006 2

(V2 + 0,0224)2 = 1 – 0,000036

(V2 + 0,0224)2 = 0,9999

V2 + 0,0224 = 0,9999

V2 = 0,977pu

V2 = 0,977 x VBASE = 0,977 x 13.860 = 13.541 V

Tensão na carga:

13.860
a 100
138,6

13.541
VCARGA 135,41V
100

VLCARGA 135,41 3 234,53V

Pág. 140

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