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Small Caps 32

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 06/04/2020  10:23  Sem Comentários

Resumo
Na primeira parte deste relatório, comentamos os resultados obtidos pela Mitre Realty (MTRE3) e
Priner (PRNR3). Na segunda parte, trazemos os principais fatos relevantes divulgados pelas
companhias com impacto nas suas operações, que incluem notícias sobre a Cosan Logística
(RLOG3), Portobello (PTBL3), Ânima Holding (ANIM3), Iochpe Maxion (MYPK3) e Santos Brasil
Participações (STBP3). Na terceira parte, divulgamos nosso overview sobre o impacto do coronavírus
sobre o setor de varejo e consumo. Por m, exibimos o acompanhamento do calendário de
apresentação dos resultados do 4T19 das empresas que compõem a nossa Carteira de Small Caps.

Carteira de Small Caps


Mitre Realty (MTRE3)

No 4T19 a receita operacional líquida da companhia totalizou R$122,1 milhões (+241%). No ano, a
receita líquida total foi de R$311,9 milhões (+108%). O resultado foi impactado positivamente pelo
número de lançamentos no período, que atingiram 1.665 (+292%), ampliação de entregas, que
alcançaram 581 unidades (+419%), além de um VSO de 78,7% (+0,8 p.p.).

As vendas líquidas de distratos totalizaram R$461,9 milhões (+110%) e em unidades um número de


1.057 (+113%). O banco de terrenos mantido pela companhia tem VGV potencial de R$4,2 bilhões. O
VGV lançado total foi de R$317,7 milhões no 4T19 (sem lançamentos no 4T18) e de R$705,5 milhões
em 2019 (+236%). Em 2019 a Mitre entregou 3 empreendimentos e informou que todos foram
entregues antecipadamente em relação ao prazo contratual.
Fonte: Apresentação de Resultados

Os custos de construção alcançaram R$212,6 em 2019 (+118,84%), in uenciados pelo aumento de


R$79,4 milhões nos custos dos imóveis vendidos (+92,05%) e pelo aumento de R$20,4 milhões nos
custos com permutas (+298,15%). O lucro bruto da companhia atingiu R$99,2 milhões (+86,95%),
com margem bruta de 31,82% (–3,51 p.p.). A redução da margem bruta se deve aos projetos
lançados no 4T19, que possuem elevados níveis de permuta, tanto nanceiras quanto físicas,
apresentando margem menor.

As despesas com vendas alcançaram R$25,6 milhões (+110,45%), in uenciadas pelo aumento dos
lançamentos realizados pela companhia, que ocasionaram em maiores gastos com marketing
(R$13,6 milhões e +119,17%) e as despesas com plantão de vendas (R$12,1 milhões e +182,61%). Ao
compararmos o resultado das despesas com vendas com o VGV da companhia, veri camos que
esse indicador saiu de 5,8% em 2018 para 4,4% em 2019, sinalizando a diluição das despesas por
uma maior quantidade de lançamentos realizados.

As despesas gerais e administrativas alcançaram R$26,98 milhões em 2019 (+57,96%). O


crescimento desta linha de despesa se deu pelos maiores investimentos em pessoal, re etido no
aumento do PLR que atingiu R$1,45 milhão (+1.353%), serviços de terceiros, que atingiram R$11,9
milhões (+89,82%), e pelo aumento na despesa com pessoal, que atingiu R$6,5 milhões (+38,95%). O
EBITDA foi de R$9,3 milhões no 4T19 (+89,6%) e R$43,7 milhões em 2019 (+90,1%).

O resultado nanceiro da Mitre foi uma despesa de R$4,46 milhões (+257,66%), que se deve
crescimento das despesas nanceiras, impactadas pela contabilização dos juros sobre
arrendamentos. As receitas nanceiras atingiram um resultado de R$2,4 milhões em 2019 (+97,02%),
com maior volume de aplicações nanceiras. O lucro líquido da companhia atingiu R$32,0 milhões
em 2019 (+96,21%), com uma margem líquida de 10,3% (–0,6 p.p.). A companhia obteve um ROAE de
61,7% em 2019 contra um resultado de 46,0% em 2018.
Classi camos o resultado obtido pela Mitre em 2019 como POSITIVO. A companhia apresentou um
resultado marcado por uma forte evolução no número de lançamentos e na performance de vendas.
O bom desempenho do lado operacional pode ser explicado pela estratégia assertiva da companhia
em oferecer produtos diferenciados, atuando em regiões com baixa concorrência e pela
intensi cação de parcerias com imobiliárias.

Em relação aos distratos, a Mitre registrou 11,9% em 2019 contra 14,8% em 2018, o que destaca a
boa qualidade da análise de crédito da companhia e execução de vendas, em conjunto com um baixo
nível de inadimplência de 0,86%. Para dar continuidade no crescimento, a Mitre possui um banco de
terrenos bastante robusto, com um VGV potencial de R$4,2 bilhões. A margem bruta apresentou uma
redução tanto no trimestre como no ano, que pode ser explicada pelos projetos lançados pela
companhia que possuem elevados índices de permutas, tanto nanceiras como físicas (implica em
uma menor margem).

Por m, em relação aos impactos do coronavírus, a companhia destacou que todas as obras atuais
estão adiantadas em relação aos prazos contratuais previstos, ou seja, as paralisações temporárias
não prejudicarão o cumprimento desses prazos com os clientes. A companhia destacou que possui
uma posição de liquidez nanceira forte que foi reforçada pelo caixa captado no IPO recente e pela
baixa alavancagem da empresa.

A companhia encerrou o ano de 2019 com endividamento nanceiro de R$121,97 milhões (+6,64%).
Este aumento se deve a novas captações e pela contabilização do arrendamento. Em termos
absolutos, a dívida líquida foi reduzida em 9,6% pelo maior volume de caixa mantido. Ao analisarmos
o cronograma da dívida, tem-se que R$104,7 milhões da dívida tem vencimento em 2020 (85,82%).
Fonte: Teleconferência de Resultados

Destacamos alguns pontos sobre a teleconferência da Mitre:

1. COVID-19

A companhia acredita que a crise gerada pela covid-19 deverá impactar economicamente a empresa
no 1T20 e 2T20, mas por outro lado trará oportunidades de juros menores que afetam diretamente o
setor que a Mitre atua. A empresa colocou toda a equipe do escritório em home o ce e, para os
funcionários que continuam trabalhando nas obras, foram ampliadas as campanhas de normas de
higiene e conscientização. As obras continuam em andamento. Porém, caso seja necessário
interromper as obras, a Mitre ressalta que não mudará o prazo de entrega dos produtos, vistos que
todas as obras em andamento estão com o cronograma adiantado. Além disso, ela tem aproveitado
esse momento de di culdade para fazer novos contratos para adquirir produtos de forma mais
barata.

A empresa passou a intensi car um processo de venda 100% online, no qual o cliente pode fazer um
tour digital pelos lançamentos, bem como contar com o apoio de um vendedor online.
Historicamente, a Mitre utilizou momentos difíceis para expandir seus investimentos e operações e
ganhar mercado. O atual caixa que a companhia possui a coloca em uma posição privilegiada para
aproveitar boas oportunidades de negócio, contribuindo assim para a retomada da economia e da
geração de empregos.

2. Plano de crescimento e investimento


A companhia não tem intenção de mudar os lançamentos até maio. Porém, o cenário poderá ser
reanalisado. A diretoria rea rma que 80% dos seus produtos são de 2 ou 3 dormitórios entre 60 a 90
m² e 20% concentrados nos estúdios. A companhia não pretende mudar a características dos
produtos, pois os mesmos são construídos com a necessidade de cada mercado/cliente. A diretoria
a rma que os fundamentos do mercado não se alteravam. A demanda em São Paulo está favorável e
a dinâmica de preços também está em um processo de alta.

3. Negociação de Terrenos

A diretoria a rma que segue comprando terrenos, mas com novas premissas, que se tornaram mais
conservadoras. Além disso, a companhia ressalta que, por causa da crise, o cenário de compra de
terrenos foi favorecido.

4. Produtos, obras e lançamentos

A companhia a rma que os clientes Raízes Mitre continuam querendo comprar mesmo com a covid-
19. Por outro lado, os clientes House Mitre estão um pouco mais cautelosos. Esta diferença ocorre
por causa dos diferentes per s de clientes para esses dois produtos. A companhia informou que
nenhuma obra foi parada e isso não acontece somente com a Mitre, mas com as demais empresas
do setor. Esse fato foi debatido com os sindicatos, órgãos de classe, órgãos do governo, entre outros.
A Mitre comunicou ainda que não houve nenhum cancelamento/postergação de lançamentos. Até o
presente momento, a companhia mantém o plano de negócios para o ano de 2020. Se a situação da
Covid-19 se prolongar, ela terá que reavaliar seu cronograma de lançamentos.

Priner (PRNR3)

A Priner alcançou receita líquida de R$87,9 milhões no 4T19 (+1,1%) e de R$348,6 milhões em 2019
(+6,5%). No ano, o incremento na Priner (Serviços + Locação) foi de R$46,4 milhões (19,6%) e na
Smartcoat houve redução de R$ 25,0 milhões (27,5%). A ROL per capita do 4T19 foi de R$10,5 mil por
funcionário, um acréscimo de 13,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. No período de
doze meses, o incremento foi de 10,1%. Essa variação foi gerada pelo aumento da participação das
receitas com locação em relação às receitas com prestação de serviços.
Fonte: Apresentação de Resultados

O lucro bruto no 4T19 foi de R$15,1 milhões, uma redução de 18,6% comparado ao 4T18. A margem
bruta consolidada foi de 17,1% no trimestre. No ano, o lucro bruto apresentou crescimento de 8,9%
em relação ao ano anterior, atingindo R$49,0 milhões (+8,9%). Os resultados de 2019 foram
impactados por custos com locação de equipamentos, em função do aumento de demanda (R$2,5
milhões e R$7,7 milhões no 4T19 e 12M19, respectivamente), além de resultados negativos de um
contrato da Smartcoat, encerrado no 3T19.

O EBITDA proforma (considerando-se 100% dos resultados das empresas do grupo) no período de
12M19 do grupo Priner foi de R$28,9 milhões, tendo sido +R$31,5 milhões na Priner (Serviços +
Locação), –R$4,8 milhões na Smartcoat e +R$2,2 milhões na R&R. No 4T19 e 12M19 a Companhia
registrou Prejuízo Líquido de R$5,4 milhões e R$10,8 milhões, respectivamente.

Classi camos o resultado obtido pela Priner em 2019 como NEUTRO. A companhia apresentou um
incremento de demanda pelos serviços de locação em contrapartida da redução na Smartcoat. A
indústria de óleo e gás e petroquímica continuam sendo os principais clientes da Priner. Para o ano
de 2019 tínhamos uma estimativa de R$355 milhões de receita, resultado 2% acima do realizado.

Outro ponto positivo foi a melhoria no capital de giro nesse último trimestre, principalmente por conta
da forte redução no prazo médio de recebimento com seus clientes. O nível de endividamento é de
1,8 vez, patamar relativamente baixo. Após o follow on, a companhia encerrou o 4T19 com cerca de
R$50 milhões em caixa líquido. No 4T19 o CAPEX foi de R$1,1 milhões, totalizando R$17,9 milhões
nos 12M19. Os investimentos tiveram um incremento de 27,7% em relação ao ano de 2018. Apesar
deste incremento, houve necessidade de aumento no volume de equipamentos locados, a m de
atender ao aumento de demanda.

Destacamos alguns pontos sobre a teleconferência da Priner:


1. Mercado de Atuação

A companhia reforçou os objetivos e visão de crescimento dentro do setor. O mercado de atuação da


Priner corresponde ao setor de serviços industriais no segmento de acesso, pintura, inspeção,
isolamento e limpeza industrial. A companhia estima um mercado endereçável de aproximadamente
R$8,05 bilhões. A Priner tem aproximadamente ~4,5% desse mercado conforme pode ser visualizado
na imagem.

A empresa presta serviços para setores competitivos globalmente e com altas perspectivas de
crescimento: Óleo & Gás, Petroquímico, Papel e Celulose, GLP, Mineração entre outros. A companhia
informou que que o ano de 2020 começou com uma boa demanda (primeiros 2 meses do ano),
desacelerando ao longo do mês de março, devido à crise do coronavírus.

Fonte: Apresentação de Resultados

2. Coronavírus

A companhia anunciou algumas ações para mitigar o impacto do coronavírus nas suas operações:

•          Criação de grupo para monitoramento e tomada de decisões relativas ao evento


CORONAVÍRUS (COVID-19);

•          Adoção imediata da modalidade home o ce, na máxima extensão possível, especialmente
para colaboradores inclusos em grupo de risco;

•          Implementação de férias para alguns grupos de colaboradores, de acordo com avaliação do
grupo de monitoramento;

•          Elaboração de orientações sanitárias para nossos colaboradores;


•          Suspensão imediata de investimentos e viagens, exceto essenciais e mediante prévia avaliação
da Administração;

•          Negociações com fornecedores, visando redução de preços de serviços e materiais.

3. Crise do Petróleo

Boa parte dos clientes da Priner possui uma exposição alta ao mercado de petróleo (quase 50%), que
está passando por um momento extremamente desa ador. Por mais que a Priner não seja afetada
diretamente pela queda nos preços do petróleo, é natural supor que os principais produtores podem
postergar investimentos em manutenção a m de aliviar a sua geração de caixa, o que afetaria a
companhia. Até o momento a companhia não teve cancelamentos, apenas adiamentos de alguns
serviços. Clientes estão postergando entre 15 a 30 dias.

Fonte: Apresentação de Resultados

A Priner informou que espera uma queda de 50% na receita no período de quarentena. Essa
desaceleração econômica vai trazer impactos nos resultados da companhia. Algumas empresas
devem postergar ou, no limite, suspender os investimentos. Alguns pontos positivos da tese se
mantêm. A Petrobras realizará nos próximos meses/anos o desivestimento em suas re narias, além
de uma possível venda da Braskem e o setor de celulose ainda mantém suas expectativas de novas
plantas. Todos esses investimentos se traduzem em oportunidades de crescimento para a
companhia.
Acompanhamento da Carteira
Cosan Logística (RLOG3)

Dados recentes mostram que             o Brasil exportou 11,6 milhões de toneladas de soja em março
de 2020, um aumento de 38% em relação ao ano anterior. Um dólar mais fraco e o imposto de
exportação da Argentina continuam impulsionando as exportações de grãos nacionais. Os volumes
da Rumo Logística nos primeiros 2 meses do ano se mantiveram fortes, destaque para as
exportações de soja na Malha Norte.

Elaboração: VG Research.

Esperamos que os volumes se mantenham elevados. Enquanto as exportações (principalmente de


soja) cresceram fortemente em março, as chuvas continuam a prejudicar a Região Sul do país,
reduzindo a perfomance dessa malha e um acidente de trem afetou os volumes no Porto de Santos.
Estamos otimistas com a entrega de volumes da Rumo nos próximos meses, uma vez que o principal
mercado consumidor da soja e milho brasileiro são os países asiáticos que já estão saindo do
período recessivo.

O Ministro da Infraestrutura assinou essa semana o documento que autoriza a renovação antecipada
da concessão da Malha Paulista pelos próximos 30 anos. A ANTT deve aprovar a alteração do
contrato nos próximos 15 dias. O movimento já era amplamente esperado pelo mercado e está
progredindo de acordo com as nossas expectativas.
PBG (PTBL3)

30 de Março

A companhia anunciou a criação de um novo programa de recompra de ações próprias, com o


objetivo de maximizar a geração de valor para os acionistas. A Portobello poderá manter as ações
em tesouraria, para posterior cancelamento ou alienação, bem como utiliza-las em planos de opção
de compra. A companhia possui atualmente 158,4 milhões de ações emitidas, sendo todas em
circulação. A aquisição será realizada em Bolsa de Valores, a preço de mercado. Poderão ser
adquiridas até 3,95 milhões de ações ordinárias, equivalentes a 2,5% das ações totais emitidas pela
companhia e a 5,0% das ações em circulação.

O prazo máximo para aquisição das referidas ações é de 365, encerrando-se o programa de recompra
em 31 de março de 2021. As operações realizadas no âmbito do Plano de Recompra de Ações serão
suportadas pelos recursos disponíveis na conta de reserva de lucros ou de capital e lucros
acumulados. Em reportagem divulgada pelo Jornal Valor Econômico, a Portobello reduziu a sua
capacidade operacional em Tijucas – SC em 70%. A produção também será reduzida na fábrica da
Pointer, em Alagoas. As perspectivas para o curto prazo da empresa são negativas, visto que o
segmento de construção civil apresentará forte retração no ano de 2020, fato já admitido por
entidades setoriais. No entanto, mantemos perspectivas positivas para a retomada das operações da
companhia no médio prazo.

Ânima Holding (ANIM3)

1 de Abril

A companhia informou que vem buscando alternativas para apoiar os estudantes e contribuir para a
redução da evasão, especialmente para aqueles em situação econômica mais vulnerável. A Ânima
anunciou que vem negociando condições para viabilizar um benefício aos seus estudantes.
Primeiramente, a companhia informou que rmou uma parceria com a Icatu Seguros e em 2020 será
oferecido aos seus estudantes um seguro educacional que, em casos de Perda de Renda
(involuntária), poderá garantir o pagamento de até 3 mensalidades. Benefícios similares serão
concedidos em caso de Falecimento do Responsável Financeiro (até 12 mensalidades). Para a
companhia o custo será de um percentual da mensalidade da base de alunos.

Ao mesmo tempo, a Ânima anunciou que, em virtude de sua parceria com o PraValer, foi possível
desenvolver duas novas modalidades de nanciamentos para alunos com rendimento acadêmico
igual ou superior a 70%: nanciamento de 50% da mensalidade para alunos sem garantidor e 75% de
nanciamento para aqueles que oferecerem um garantidor. Nessas duas novas alternativas o risco é
compartilhado: a companhia assume o risco no primeiro ano da formação dessa carteira e,
dependendo do comportamento dos nanciados, após esse período limitado, o PraValer assume o
risco. Entendemos que as medidas tomadas pela Ânima têm potencial de reduzir a evasão de seus
alunos e vão na contramão de declarações de outras instituições de ensino que não tomaram
medidas neste sentido.

Iochpe Maxion (MYPK3)

30 de Março

A companhia informou que o seu Conselho de Administração aprovou a realização da 3ª emissão de


notas promissórias comerciais no valor total de até R$300,0 milhões. As Notas Promissórias serão
objeto de oferta pública de distribuição com esforços restritos e com intermediação de instituições
nanceiras integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários, sob o regime de garantia
rme de colocação para o montante de R$100,0 milhões e melhores esforços para R$200,0 milhões.

As Notas Comerciais serão emitidas em até 12 séries com prazo de até 365dias e sobre seu valor
nominal unitário incidirão juros remuneratórios correspondentes a 100% da Taxa DI acrescida de
sobretaxa de 3,20% ao ano. A companhia informou que os recursos obtidos com a emissão serão
integralmente utilizados para o reforço de seu capital de giro. Entendemos que o setor automotivo
passa por um momento bastante desa ador em função da redução abrupta da sua demanda de
modo que, a captação de recursos, mesmo que a taxas elevadas, poderá comprometer sua
performance nanceira no presente, mas trará segurança para que a companhia continue a
desenvolver suas atividades operacionais durante o período de crise.

Santos Brasil Participações (STBP3)

30 de Março

A Standard & Poor´s (S&P) rea rmou os ratings de emissor e de emissão ‘brAAA’ atribuídos à
companhia, nível mais alto da Escala Nacional Brasil, alterando a perspectiva do rating de emissor de
“estável” para “negativa”. De acordo com o relatório da S&P, a alteração da perspectiva do rating de
emissor para “negativa” ocorreu diante das incertezas no cenário atual com os potenciais impactos
do COVID-19, podendo ser novamente alterada para “estável” caso as operações da Santos Brasil não
sejam signi cativamente afetadas ao longo de 2020.

Além disso, a S&P destaca que “A Santos Brasil apresenta elevada exibilidade nanceira, garantida
por sua posição de liquidez confortável e exibilidade para reduzir investimentos e dividendos. Após
suas métricas de crédito atingirem um pico em 2020, esperamos que se recuperem gradualmente
assim que os efeitos da pandemia se dissiparem”. A manutenção do rating da Santos Brasil, mesmo
que com perspectiva negativa, sinaliza a resiliência da empresa e indica que as operações portuárias
serão levemente impactadas por este evento. Nossa preocupação inicial após o início da
disseminação do coronavírus era de que as atividades comerciais com a China fossem reduzidas. No
entanto, os chineses mostraram uma recuperação acelerada e as atividades portuárias no Brasil
seguem garantindo a movimentação de cargas, principalmente agrícolas e farmacêuticas.

Panorama Setorial
Varejo e Consumo

A crise do coronavírus é sem dúvidas diferente de todas que já visualizamos na história e esse
pensamento vem sendo compartilhado pelos mais in uentes e experientes personagens do mercado
nanceiro e da economia real. É uma crise onde não houve sinais claros do que poderia acontecer,
ninguém se preparou para algo desse tamanho e tudo foi muito rápido. O nível de incerteza é
bastante alto e a capacidade de projetar impactos sobre a economia torna-se bastante difícil.

Entretanto, sabemos que a economia está sofrendo bastante no cenário atual e deverá sofrer
bastante também no cenário pós-coronavírus. O Brasil que estava ensaiando uma recuperação nos
últimos anos após passar pela grande crise econômica de 2015-2016 e deverá enfrentar uma
recessão profunda este ano. O mundo também não irá escapar e os principais blocos econômicos
como os Estados Unidos e Europa devem entrar juntamente em recessão, sendo concentrada
principalmente no segundo trimestre deste ano.

A recessão de 2015-2016 foi uma das mais profundas e prolongadas do Brasil desde 1980 e a
retomada da atividade econômica desde o m da recessão no nal do ano de 2016 tem sido bastante
gradual. O crescimento médio do PIB no trimestre foi de 0,4% entre o 1T17 e o 4T19, com uma certa
aceleração nos últimos três trimestres.

Quais fatores in uenciaram para que a retomada fosse lenta? Entre os principais fatores temos uma
combinação de choques negativos de curto prazo como, por exemplo, a greve dos caminhoneiros, as
eleições de 2018, o desastre da barragem de Brumadinho, guerra comercial EUA x China e a crise na
Argentina, em conjunto com um processo de consolidação scal que di cultava a con ança do
consumidor e dos empresários.

A disseminação da pandemia do COVID-19 nos três primeiros meses de 2020 mudou de forma
drástica todo o cenário para as economias globais. Inicialmente, muito se acreditava que seria uma
crise concentrada na economia chinesa e com impactos pontuais na economia global, o que não
aconteceu. O tamanho da crise que os países podem enfrentar após a estabilização do vírus irá
depender do tempo de lockdown e de quão bem-sucedidas serão as respostas das políticas
econômicas para compensar o impacto do vírus. Por ser uma crise diferente das passadas, a
incerteza se torna muito maior em relação à dinâmica da atividade econômica nos próximos
trimestres. A seguir, abordamos alguns dos principais indicadores macroeconômicos que serão
cruciais acompanhar para visualizar os possíveis impactos no setor de consumo.

Desemprego

Sabemos que a crise será mais intensa para as micro, pequenas e médias empresas, e essas são
também as classes que mais empregam no país. Cerca de 72% dos empregos no país são gerados
por pequenos negócios. O grande questionamento atual é se as medidas tomadas pelo governo
chegarão de forma prática e rápida para as empresas menores e, principalmente, para os
trabalhadores informais. Isso se torna necessário para que o desemprego não exploda. É um
momento importante para sustentar a renda das famílias e evitar uma falência generalizada de
empresas.

Abaixo, separamos algumas das principais medidas tomadas ao longo da semana:

• Anúncio de R$40 bilhões para nanciar salário do trabalhador de pequenas e médias empresas;

• MP 927: adiantamento do recolhimento do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS);

• Medidas em parceria com o BNDES para a transferência de R$20 bilhões do fundo PIS/PASEP para
o FGTS;

• Suspensão temporária de pagamentos de nanciamentos diretos e indiretos para empresas;

• Ampliação de R$5 bilhões no crédito para micro, pequenas e médias empresas.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, informou que o governo já adotou medidas que podem
totalizar cerca de R$800 bilhões (4,8% do PIB brasileiro). Todas as medidas tendem de alguma forma
dar liquidez à economia real e mitigar os impactos da crise do coronavírus, principalmente no que
tange à manutenção de empregos. No grá co abaixo podemos visualizar como se comportou a taxa
de desemprego no último ano, que vinha apresentando uma melhora gradual, entretanto,
inevitavelmente deverá subir fortemente nos próximos períodos.

Taxa de desemprego (%)


Fonte: IBGE, VG Research

Con ança do Consumidor

O indicador de con ança do consumidor é bastante importante para acompanhar neste momento e
no pós-coronavírus, para identi car previamente o impacto da crise no setor de consumo, dado que a
con ança é o primeiro sentimento que antecede decisões de consumo. O Índice de Con ança do
Consumidor (ICC) da Fundação Getúlio Vargas já registra os primeiros impactos da crise do
coronavírus, apresentando uma queda de 7,6 pontos em março, para 80,2 pontos, sendo o menor
valor desde janeiro de 2017. Em conjunto, tivemos o impacto da disputa entre Arábia Saudita e Rússia
que zeram o petróleo despencar, e toda a incerteza que esses eventos trazem em relação ao cenário
econômico nos próximos meses no que tange ao desemprego e queda na renda familiar.

Índice de Con ança do Consumidor


Fonte: IBRE/FGV

“A queda na con ança dos consumidores, que já vinha ocorrendo nos dois meses anteriores,
aprofundou-se em março, sob in uência da pandemia de coronavírus. Apesar de dois terços da
coleta de dados para esta edição terem ocorrido antes das medidas de restrição já é possível notar
um impacto expressivo nas expectativas. O Rio de Janeiro foi a capital que registrou a maior queda
na con ança, enquanto os paulistas já perceberam a piora da situação atual, possivelmente em
função do maior número de casos e por seu imenso parque fabril. O cenário para os próximos meses
é preocupante, com forte impacto econômico e social. Embora seja difícil imaginar alguma
recuperação da con ança no horizonte visível, esperamos que o sucesso das medidas de isolamento
parar reduzir a disseminação do vírus possam ao menos conter parte do desânimo que virá com a
queda do PIB e o aumento do desemprego”, informou a Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora das
Sondagens.

Impactos no Consumo

No Brasil, podemos dizer que tivemos a “sorte” de não ter sido um dos primeiros países a contrair a
epidemia, o que nos deu a oportunidade de observar o que está acontecendo e quais medidas estão
sendo tomadas em países que já estão passando por isso a mais tempo. Ao chegar no país,
rapidamente nos deparamos com lojas e empresas sendo fechadas, e uma queda extrema do uxo
de pessoas circulando nas ruas. Em poucos dias mudou a rotina de todo o país e de grande parte do
mundo como nunca visto antes na história.

Um dos principais drivers da crise que pode ser visualizado atualmente é que será um período onde o
consumidor irá priorizar os itens de necessidade básica (consumo não discricionário) como, por
exemplo, alimentos, remédios e higiene pessoal. Esse movimento se dá em conjunto com a forte
queda do consumo discricionário, a exemplo de vestuário, calçados e bolsas, joias, turismo e lazer,
que deverão apresentar fortes impactos nos resultados do 1T20 e 2T20, por conta das lojas fechadas
e restrições à circulação de pessoas em função das medidas que foram tomadas no âmbito social.

Em uma pesquisa realizada pela Nielsen, foi identi cado a mudança do comportamento do
consumidor em torno das preocupações em relação ao surto da COVID-19. Na imagem abaixo, temos
6 itens que indicam os principais sinais de mudanças nos hábitos dos consumidores.

Fonte: Nielsen

O problema para a economia está na duração do lockdown. Caso ultrapasse dois meses, devemos ter
ruptura de estoque nas companhias. Em conjunto, as menores empresas passarão a ter problemas
de caixa para arcar com seus custos xos. A folha de pagamento que vence em abril é a maior
a ição de todos os empresários e a primeira preocupação passa a ser o pagamento de salário dos
funcionários. Entretanto, as empresas de capital aberto, em sua maioria, estão melhor posicionadas e
serão menos afetadas do que seus concorrentes menores. Esse movimento se dá em função da
força da marca, solidez nanceira e maior exposição ao e-commerce (menos afetado).

A liquidez no sistema nanceiro possui um tratamento diferente em relação a liquidez da economia


real. Cerca de 72% dos empregos no país são gerados por pequenos negócios, ou seja, não podemos
deixar essa parte da economia de lado. Alguns shoppings suspenderam temporariamente a cobrança
de aluguéis dos seus lojistas como uma forma de contribuir com o momento atual, dessa forma,
evitando demissões em massa. Todos os varejistas já estabeleceram “comitês de crise” com
reuniões diárias para enfrentar a crise atual, onde para produtos não essenciais, o tráfego de clientes
em lojas já registrou uma forte queda e deverá ser o mais impactado. As empresas devem manter o
foco em guardar caixa negociando com os seus fornecedores ou cortando custos e CAPEX.

Um dia muito importante para o varejo será o Dia das Mães, quando várias empresas do setor
tentarão realizar a venda de seus estoques ao máximo. Esperamos uma de ação no mercado com
um ajuste de preços de acordo com o novo poder aquisitivo de boa parte da população. A Cielo
lançou um Boletim Semanal para acompanhar os impactos do COVID-19 no varejo brasileiro e a
queda registrada na última semana foi a mais intensa, atingindo 15,8% no acumulado do período em
análise. Na imagem abaixo, podemos veri car o movimento do faturamento do setor varejista desde
a primeira semana do mês.

Faturamento Nominal – Varejo Total – Brasil

Fonte: Boletim Cielo

Para avaliar o crescimento do faturamento nominal do setor no país, a Cielo separou nos seguintes
segmentos:

Bens não duráveis: compreende os setores de Supermercados e Hipermercados, Drogarias e


Farmácias, Postos de Gasolina entre outros.

Bens duráveis: compreende os setores de Vestuário e Artigos Esportivos, Móveis, Eletro e Lojas de
Departamento, Materiais de Construção entre outros.

Serviços: compreende os setores de Turismo e Transporte, Bares e Restaurantes, Serviço


Automotivos e Auto-Peças entre outros.

Com isso, no grá co abaixo podemos visualizar claramente o nível de impactos nas empresas que se
situam no segmento de consumo discricionário ou não discricionário.

Crescimento do Faturamento Nominal – Brasil


(Dias 09 a 26 de março 2020 vs 11 a 28 de março 2019, Variação % ano contra ano)
Fonte: Cielo, VG Research

Vulcabras (VULC3)

Os produtos da Vulcabras estão em lojas de mais de 12 mil clientes no Brasil, com três fábricas no
Nordeste, um centro administrativo em Jundiaí-SP e duas liais e centros de distribuição no Peru e na
Colômbia. Toda a cadeia da companhia está sendo impactada diretamente. Os principais
compromissos em um negócio como o da Vulcabras são com os fornecedores, mas a mão de obra
intensiva é bastante importante dado que são muitos funcionários (14 mil colaboradores)

A companhia tomou iniciativas de manutenção dos salários, distribuição das cestas de alimentos e
possui um comitê de crise instalado se reunindo diariamente. No nal do 4T19, a dívida bruta da
companhia era de R$43,1 milhões, estando em posição de caixa líquido de R$21,9 milhões.  Por m,
apesar do momento delicado que afeta toda a cadeia da Vulcabras, a companhia se encontra bem
posicionada para enfrentar essa crise.

Endividamento da Vulcabras
Fonte: Relatório da Administração

Coteminas (CTNM4)

A Coteminas, controladora da Springs Global, anunciou em fato relevante divulgado no dia 23 de


março que decidiu fechar as lojas Artex e MMartan até o dia 31 de março de 2020, seguindo o
movimento de todas as empresas em função da crise do coronavírus. Obviamente, o prazo poderá
ser estendido de acordo com as novas orientações das autoridades de saúde.

Com isso, a Coteminas reforça os canais digitais nesse momento para realizar as vendas de seus
produtos, através dos websites e aplicativos de suas marcas Santista, Artex, MMartan e Casa
Moysés. Como a companhia explora o segmento de tecidos, produtos de cama mesa e banho,
classi cados como duráveis, deverá observar impactos relevantes nos seus resultados futuros.

Calendário de Resultados
Nesta seção, divulgamos o calendário de resultados do 4T19 das empresas listadas na nossa
Carteira de Small Caps.

Recomendação
As recomendações da Carteira de Small Caps da VG RESEARCH para a presente data são resumidas
abaixo:
Disclaimer
Este relatório de investimentos tem o objetivo de fornecer recomendações de aplicações para os
clientes da VG RESEARCH.  Salientamos que as decisões de compra, venda ou manutenção dos
títulos e valores mobiliários contidos nas carteiras são de responsabilidade do investidor.

Nossas projeções são realizadas por meio da utilização de informações públicas sobre a empresa-
alvo do relatório, seu setor de atuação e o ambiente de abrangência dos seus negócios. Apesar de
realizarmos os maiores esforços para a elaboração das análises, não podemos assegurar a
ocorrência dos resultados previstos em razão da incerteza inerente ao mercado de capitais. A
carteira é produzida de forma tempestiva, de modo que informações relevantes sobre as empresas
podem alterar nossas projeções iniciais. Sendo assim, é possível que as projeções realizadas nesta
data possam ser alteradas posteriormente.

Informamos que alguns membros da VG RESEARCH possuem investimentos em determinadas


empresas de nossa carteira, sendo cumpridos os prazos de negociação dos títulos e valores
mobiliários da empresa-alvo constantes na Instrução CVM nº 598/2018. Salientamos ainda a
imparcialidade e a independência das recomendações emitidas aos nossos clientes, em relação aos
interesses próprios, de clientes ou de terceiros (corretoras, bancos, empresas listadas, fundos, etc),
conforme disposto no Art.16 da Instrução CVM nº 598/2018.

Os relatórios de recomendação de ações e demais ativos mobiliários são enviados à APIMEC


conforme estabelecido no Art. 23 da Instrução CVM nº 598/2018 e os mesmos carão arquivados
durante o período de 5 anos. A VG RESEARCH tem a ciência e vem desenvolvendo com prioridade
regras, procedimentos e controles internos de forma a observar e respeitar o efetivo cumprimento do
Inciso I do Art.16 da Instrução CVM nº 598/2018.

Por m, advertimos os usuários deste relatório que as informações expostas são destinadas aos
clientes da VG RESEARCH, não sendo permitida sua reprodução, cópia ou distribuição, de maneira
total ou parcial e qualquer que seja o seu propósito, sem o prévio consentimento da nossa empresa.
A não observância deste quesito poderá acarretar na imputação do responsável em processo civil.

Carlos André Marinho Vieira


Analista de Valores Mobiliários
CNPI nº EM 1268

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