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aprendizagem
José Provetti Junior*
Introdução
Desenvolvimento
É tradicional, em Filosofia, desde os tempos iniciais, que o seu ensino só era feito a
homens adultos (cidadãos) e acima de certa idade, em especial, àqueles que já houvessem
ultrapassado os ritos de passagem da adolescência à idade adulta, que variavam conforme a
polis, mas que em linha geral, se dava através da ação de um pedagogo a introduzir o
infante às tradições, costumes e leis da cidade, culminando com a “prova” biológica do
aparecimento da barba, como elemento distintivo de um homem, no caso helênico.
Vale ressaltar que a filosofia não era encarada como uma habilidade para poucos
cidadãos desocupados que ficavam reclusos em seus gabinetes pensando e elaborando
sistemas de explicação do mundo e dos fenômenos pertinentes ao homem e à natureza,
afastados das problemáticas do dia-a-dia, logo caracterizando-se como um poderoso e
eficaz instrumento de relacionamento político entre iguais e causticante era uma “arma de
guerra” em disputas jurídico-político-filosóficas em plena praça pública, lugar este
reservado exclusivamente aos cidadãos.
Desta “tradição” afastada das praças e encruzilhadas dos burgos, advém a visão
popular contemporânea de que a Filosofia é um conjunto de sistemas desconectados da
realidade, com uma linguagem difícil e de acesso privilegiado a poucos “deslocados” da
sociedade globalizada em suas necessidades pragmáticas. Nessa medida, tal visão
caracteriza e determina a relação ensino-aprendizagem socialmente realizada e
emocionalmente vivida tanto entre alunos como mestres nas instituições de ensino médio e
superior. A pergunta que se estabelece como decorrente deste processo é: seria possível ou
não, o ensino de Filosofia a adolescentes na atualidade e no Brasil?
Tal qual o ensino de língua nacional (e daí decorre a aprendizagem das línguas
estrangeiras), da matemática (e conseqüentemente, da Física), o ensino-aprendizagem de
Filosofia, caracteriza-se como uma linguagem específica no âmbito da linguagem escolar,
sendo esta, diferenciadora e determinante da acessibilidade e mobilidade nas classes sociais
de nosso país durante o curso.
Tal medida se faz necessária para que haja boa compreensão da história e da
vivência reflexiva filosófica, uma vez que sem os mencionados “auxílios” ao exercícios
filosófico, que são imprescindíveis à aplicação pragmática e não reforce a persistente visão
mítica existente no inconsciente coletivo de nossa sociedade, no que se refere a “Filosofia
de gabinete”, como sói ser classificada a disciplina por alunos e, inacreditavelmente, por
colegas do magistério, em especial, os que trabalham no campo da Pedagogia, pois
comumente se arvoram em se candidatar ao exercício do magistério filosófico como
“senhores do campo”, como se este fosse apenas uma questão de “dinâmicas de grupo”,
“debates” e “achismos” por parte daqueles que precisavam receber substanciais orientações
filosóficas a respeito de sua inserção na idade adulta e na cidadania.
Conclusão
Logo, o que se deve avaliar em todo e qualquer curso filosófico, nos Ensinos
Fundamental, Médio ou Superior, indistintamente é, nesta medida, não a idade do aluno,
pois esta pouco importa a meu ver, respeitados os estágios de desenvolvimento cognitivo
assinalados por Piaget (1976), Vygotski (1996) e outros, mas sua maturidade e interface
para com os conteúdos escolares como um todo, a habilitação, a instrumentação e
principalmente o instigar do aluno ao desafio do pensamento, suas potencialidades
empírico-pragmáticas concretas em todos os âmbitos da ação humana e, em sua capacidade
ética de “manipular” os elementos possíveis à reflexão, no exercício da cidadania
autônoma.
Referências
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