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NOTA DE LIQUIDAÇÃO Nº 00000000000000

ANO DE RENDIMENTOS 2002


SERVIÇO DE FINANÇAS DE KKKKKKKKK

Exmo Senhor
Director de Finanças MMMMM

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, casada, empresária, com residência em


HHHHHHHHHHHHHHH, titular do cartão de identificação fiscal nº. 000 000 000
tendo sido notificada, através da nota de liquidação referida, vem nos termos
do artgº 68, 69 e 70 do CPPT, reclamar o apuramento do IRS a pagar:
YYYYYYY€.

Pressupostos pocessuais:

A reclamante é juridicamente afectada pelo apuramento do imposto a pagar


uma vez que os efeitos dele decorrentes se repercutem directamente no seu
património.

Tem por conseguinte interesse pessoal, directo e legítimo em reclamar para que
seja anulado o valor a pagar, sendo deste modo indiscutível a sua legitimidade
processual.

É convencimento da reclamante que este apuramento ficou a dever-se


essencialmente a factos colaterais, que adiante irá demonstrar.

Deste acto praticado com inobservância da lei cabe pedido de reclamação.


Entregue nesta data, é a presente reclamação rigorosamente tempestiva.

Estão deste modo verificados os pressupostos processuais que constituem


condição de admissibilidade deste meio de defesa da legalidade dos actos
tributários.

Avaliação da actuação da Administração Fiscal:

A actuação da Administração Fiscal, que num Estado de direito, se presume de


boa fé, foi com este acto decorrente de outros, no mínimo pouco razoável.

Senão vejamos:

A Lei nº 30-G/2000, vulgarmente conhecida como “Lei da Reforma Fiscal”,


procedeu a profundas alterações, no Código do IRS, sendo de destacar a criação
do designado Regime Simplificado de Tributação.

Este regime simplificado é um método indirecto de apuramento da matéria


colectável, traduz-se pelo apuramento da matéria colectável tendo em linha de
conta indicadores de base técnico científica (artgº 43 nº. 3), que até hoje (tanto
quanto sabemos) não foram aprovados.

10º

Na ausência de tais indicadores aplicam-se coeficientes de 20% para as vendas,


e 65% para os restantes proveitos, não se percebendo muito bem como é que
estes caíram do céu.

11º

Devendo os impostos assentar na capacidade contributiva, promover a justiça


social, a igualdade de oportunidades, a repartição justa da riqueza, artgºs 4 e 5
da LGT e 103 da Constituição da República Portuguesa, não será certamente
este regime simplificado o paradigma destes pressupostos, até porque no artgº
104 da C R Portuguesa diz: “A tributação das empresas deve incidir
fundamentalmente sobre o seu rendimento real”.

12º

No caso em apreço, foi pedida a esta família (sujeitos passivos) um esforço


económico relacionado com o imposto demasiado elevado e não consentâneo
com a realidade.

13º

No início de enquadramento no regime simplificado, após aquelas peripécias


próprias da Administração Fiscal, foi prorrogado o prazo para que os
contribuintes pudessem optar (até Junho 2001).

14º

Quando dessa opção com a entrega da declaração, optou o contribuinte pelo


regime de tributação da contabilidade organizada.

15º

Conscientemente e porque nas repartições de finanças era essa a informação


que corria, foi convencimento do contribuinte, que a opção na altura era válida
por cinco anos.

16º

Aliás, todos os contribuintes, técnicos de contas, etc, que naquela data se


dirigiam às repartições de finanças, depararam-se com as brochuras, que
efectivamente diziam que o prazo era de cinco anos.

17º

Não nos foi possível arranjar essa brochura, para que a pudéssemos anexar a
esta reclamação, mas para confirmar essa existência basta ver o ofício circulado
20050 de 10 de Setembro de 2001, que se anexa (documento 1).

18º
Para reforçar ainda mais esta tese, juntamos um ofício da APECA (documento 2),
e outro da CTOC (documento 3), que esclarecem esta pertinência em absoluto.

19º

Para além destes factos, agora até as declarações de alterações, dizem o prazo
de validade do regime, o que não acontecia então (documento 4).

20º

Este tipo de informação, quer queiramos quer não, teve influência no que a
seguir se vai descrever, ludibriando as expectativas do sujeito passivo.

21º

Julgamos que são atitudes destas que em nada dignificam o Estado Português,
porque efectivamente este “regime simplificado pretende ser uma arma
apontada aos contribuintes”.

22º

Apresentada que foi em 30 de Abril de 2003 a declaração modelo 3 (documento


5), com o respectivo anexo C, uma vez que era convencimento do contribuinte
estar no regime da contabilidade organizada, a referida declaração (anexo C) foi
rejeitada pelo sistema informático (documento 6).

23º

Logo aí ficámos apreensivos quanto a esta situação, mas para regularizar tal
situação teve de ser apresentado o anexo B.

24º

Não existindo qualquer meio de defesa, do nosso conhecimento na altura,


restou-nos esperar pela notificação (documento 7).

25º

Para evitar qualquer situação, menos desagradável e porque somos pessoas de


bem e agimos de boa fé, já efectuámos o pagamento, o que obviamente não
altera em nada os meios disponíveis de defesa.
26º

Após esta explanação, que julgamos esclarecedora quanto à actuação por parte
da Administração Fiscal, actuação essa que lesou o contribuinte, solicitamos que
seja revista a notificação por julgarmos enfermar de vícios processuais,
ilegalidades e errónea quantificação da matéria colectável.

27º

Do que aqui decorre, e com os fundamentos apresentados existe matéria


suficiente para que a notificação seja anulada.

Porto 20 de Outubro de 2003

A Reclamante,

_______________________________________________

Atenção: Pela nova lei pode pedir-se juros logo na reclamação .

Esta Reclamação ainda não tem decisão, mas já há no TAF de Braga uma
situação semelhante que deu razão ao contribuinte.
Nota os Artigos poderão não estar adaptados ás novas situações a reclamar.

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