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sobre a Definição da
Classe Média
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Sumário
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Afinal, o que é classe média?
Todos falam sobre expansão da classe média ou classe C ou classe emergente. No
entanto, existem muitas maneiras de se definir e medir a classe média (OCDE, Banco Mundial,
Goldman Sachs, FGV, CNI, Critério Brasil, etc.). Isso faz com que nem sempre se esteja falando
da mesma coisa.
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um ponto que divide a população brasileira em duas, o que tecnicamente chamamos mediana
da distribuição (50% estão acima do ponto, e 50%, abaixo desse ponto).
Se estivermos falando da renda, estaremos falando do ponto em que 50% das pessoas
terão uma renda menor e 50% terão uma renda maior. No Brasil, a renda correspondente ao
ponto do meio é de R$440 familiar per capita. Isso significa que 50% dos brasileiros possuem
renda familiar per capita inferior a R$440 e 50% possuem renda superior a R$440 familiar per
capita.
Assim, é de se esperar que a classe média, medida em termos da renda familiar per
capita, esteja em torno de R$440 familiar per capita, o que resta fazer é determinar onde
começa e onde termina.
Comissão de Validação:
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• Ministério da Fazenda (Marcio Holland de Brito)
• Ministério do Desenvolvimento Social (Paulo Januzzi)
• INSPER (Eduardo Giannetti)
• USP (Marilena Chauí)
• MCM Consultores (Amaury de Souza).
Qual o critério sugerido pela Comissão para definir a classe média no Brasil?
O critério sugerido foi o de grau de vulnerabilidade, desenvolvido originalmente pelo
Banco Mundial, e adaptado às bases de dados disponíveis no Brasil.
Como a Comissão chegou à faixa de R$291 a R$1.019 familiar per capita para a
classe média?
Dividimos a população brasileira em 100 pedaços de acordo com a renda domiciliar per
capita. Colocamos os 100 pedaços na ordem da menor renda para maior renda (obtendo o que
se chama tecnicamente de percentis da distribuição de renda).
Para cada um desses pedaços, temos associada uma probabilidade de retorno (ou
permanência) à condição de pobreza. A probabilidade de retorno (ou permanência) à pobreza
é mais alta para os níveis de renda mais baixos e vai diminuindo conforme a renda vai
aumentando.
Feito isso, aplicamos o chamado método da polarização, que consiste no seguinte
problema estatístico: como dividir uma população em grupos, de forma que cada grupo seja o
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mais homogêneo possível do ponto de vista de quem está dentro dele e o mais diferente
possível em relação aos demais grupos.
No problema específico da Comissão, verificamos quais os pontos de corte que
dividem a população brasileira em 3 grupos (classe baixa, média e alta) de forma que o grau de
vulnerabilidade seja o mais homogêneo possível do ponto de vista interno de cada grupo.
O exercício estatístico resultou nos seguintes pontos de corte: 34º e 82º percentil.
Assim, temos que a classe baixa termina no 34º, a classe média se situa entre o 34º e o 82º e a
classe alta, do 82º em diante.
Em seguida, olhamos para a renda familiar per capita correspondente a esses
percentis, chegando aos valores de R$291 e R$1.019.
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Divisão da população brasileira em 8 classes de renda, segundo a proposta da
Comissão:
Extremamente
81 42 227
Pobre
Baixa
Baixa Classe
441 364 1.540
Média
Média
Média Classe
641 535 1.925
Média
Alta Classe
1.019 804 2.813
Média
Baixa Classe
2.480 1.503 4.845
Alta
Alta
Alta Classe
- 4.687 12.988
Alta
Nota : Va l ores expres s os em R$ de a bri l de 2012.
Entendendo melhor quem está na classe média e que está fora: exemplos
Em todos os casos abaixo foi considerada apenas a renda recebida de forma corrente e
regular, isto é, não foram considerados montantes recebidos a título de 13º salário e férias
remuneradas, seguro desemprego, venda de ativos, etc.
Caso 1: Um casal, sem filhos, que recebe conjuntamente R$2.000, possui renda
familiar per capita de R$1.000. Portanto, estaria na faixa Alta Classe Média.
Caso 2: Um casal, com um filho, que recebe conjuntamente o equivalente a três
salários mínimos (R$1.866), possui renda familiar per capita de R$622,00. Portanto,
estaria na faixa Média Classe Média.
Caso 3: Uma pessoa solteira, sem filhos, que recebe um salário mínimo (R$622), sem
benefícios (13º, férias, etc.) se encontra na 66ª posição de distribuição de renda
brasileira, ou seja, 66% da população tem uma renda inferior a essa pessoa. Esta
pessoa estaria na Média Classe Média.
Caso 4: Um casal, com dois filhos, que recebe conjuntamente R$1.660, possui renda
familiar per capita de R$415,00. Portanto, estaria na faixa Baixa Classe Média.
Caso 5: Um casal, sem filhos, que recebe conjuntamente R$500, possui renda familiar
per capita de R$250. Portanto, estaria na faixa Vulnerável.
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Caso 6: Uma pessoa que vive sozinha e recebe quatro salários mínimos (R$2.488,00),
estaria na faixa Baixa Classe Alta.
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O grau de vulnerabilidade foi o único critério testado pela Comissão para
definir classe média?
A Comissão testou mais de 30 metodologias diferentes para definir e calcular o
tamanho da classe média no Brasil, com base no que há de mais tradicional ao mais avançado
na literatura acadêmica e de instituições como o Banco Mundial e a Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE.
Dentre elas, destacamos:
i. A metodologia de cálculo utilizada pela OCDE, que resulta numa classe média entre
R$202 e R$660 familiar per capita, portanto, bem abaixo da faixa proposta pela
Comissão;
ii. O padrão de consumo das famílias, considerando a proporção da renda gasta com
bens essenciais (tais como alimentos, transporte urbano, energia elétrica, água e
esgoto) e a proporção da renda gasta com bens supérfluos (perfume, cabeleireiro,
viagens, joias e bijuterias, etc.). Foram obtidos resultados muito próximos àquele
obtido pelo critério do grau de vulnerabilidade (R$288 e R$1.009 familiar per capita,
considerando a proporção da renda gasta com bens essenciais e R$303 e R$1.056
familiar per capita, considerando a proporção da renda gasta com bens supérfluos);
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conjunto de pessoas que têm uma renda inferior. Usando as definições que a Comissão
propôs, o ponto onde termina a classe média equivale à 82ª posição na distribuição de renda
brasileira. Portanto, quem está na classe alta tem 82% da população com renda inferior a sua.
No Brasil, se a renda de uma família de 4 pessoas é superior a R$4.500, ela já se encontra entre
as 15% com maior renda. Entretanto, isso não quer dizer que ela seja rica.
Grupos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Extremamente pobre 11 10 11 9 8 7 6 5 5
Pobre mas não
extremamente pobre 16 17 17 16 15 13 12 11 10
Vulnerávell 21 21 21 21 22 20 20 19 19
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Como medimos o tamanho atual da classe média?
Como não temos dados referentes ao ano de 2012, fizemos o cálculo do tamanho
atual da classe média através de uma estimativa, considerando a trajetória de crescimento dos
últimos anos. O tamanho estimado da classe média para o ano de 2012 é de 54% da
população.
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pesquisas mesmo quando muito bem implementadas levam a subestimativas da renda
familiar.
A magnitude da subestimativa pode ser avaliada contrastando-se a distribuição de
renda brasileira estimada com base na PNAD-2009 e a estimada com base na Pesquisa de
Orçamentos Familiares-2008-09 (ambas realizadas pelo IBGE). Como a tabela abaixo ilustra, se
estamos de acordo com os pontos de corte que definem a classe média e seus três
componentes (baixa, média e alta) como sendo os percentis: 34º, 51º, 68º e 83º. Isto é, a
classe média exclui os 34% mais pobres e os 17% mais ricos e, portanto, é formada pelos 48%
intermediários entre estes dois extremos (do 34º ao 82º percentil) e, além disso, tem-se que a
baixa classe média vai do 34º percentil ao 51º e que a alta classe média vai do 68º ao 83º
percentil, com a média classe média cobrindo o intervalo restante entre o 51º e o 68º
percentil.
Dada, no entanto, a diferença substancial na qualidade da renda estimada por essas
duas pesquisas, a definição de classe média e seus componentes com base em níveis absolutos
de renda seriam completamente distintos como a tabela abaixo indica. Segundo a tabela, em
função das deficiências na mensuração da renda na PNAD, os limites para a definição da classe
média seriam cerca de 60% maiores quando a POF é utilizada do que quando se utiliza a PNAD.
Para captarem as mesmas famílias como classe média, segundo a PNAD se deveria incluir
como classe média todas as famílias com renda acima de R$291 per capita por mês, enquanto
que pela POF a renda mínima para inclusão seria a de R$458 per capita por mês.
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Divisão da Classe M édia usando a
Pesquisa de Orçamentos Familiares
Por que a Comissão escolheu trabalhar com a Pesquisa Nacional por Amostras
de Domicílios, e não com a Pesquisa de Orçamentos Familiares?
Porque a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) é realizada anualmente,
enquanto a Pesquisa de Orçamentos Familiares é realizada a cada 5 anos. Para
acompanharmos os movimentos de expansão (ou contração) da renda de forma anual,
precisamos de uma base estatística que seja também anual.
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