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Anatomia funcional do córtex

- As áreas sensitivas do córtex estão distribuídas nos lobos parietal, temporal e


occipital.

- As áreas sensitivas são dividias entre primárias (projeção) e secundárias


(associação), que estão relacionadas respectivamente a sensação do estimulo
recebido e a percepção de características específicas deste estómulo.

1) ÁREAS CORTICAIS RELACIONADAS COM A SENSIBILIDADE SOMÁTICA:

- Área somestésica primária (S1) e a área da sensibilidade somática geral estão


localizadas no giro pós-central, que corresponde às áreas 3, 1 e 2 de Brodmann. A
área 3 localiza-se no fundo do sulco central, enquanto as áreas 1 e 2 aparecem na Na área somestésica chegam radiações talâmicas que se originam nos núcleos
superficie do giro pós-central. ventral posterolateral e ventral posteromedial do tálamo e trazem, por
conseguinte, impulsos nervosos relacionados a temperatura, dor, pressão, tato e
propriocepção consciente da metade oposta do corpo.

- Estímulo ELÉTRICO na somestésica: manifestações sensitivas em partes


determinadas do corpo, porém mal definidas, do tipo dormência ou formigamento.

- Estímulo em receptores exteroceptivos (receptores periféricos) ou movimentos


em determinadas articulações, de modo a ativar receptores proprioceptivos:
potenciais nas partes correspondentes da área somestésica: CORRESPOND6ENCIA
ENTRE PARTES DO CORPO E PARTES DA ÁREA SOMESTÉSICA.

* Essa somatotopia é fundamentalmente igual à observada na área motora, e nela


chama atenção o território de representação da mão, especialmente dos dedos, o
qual é desproporcionalmente extensa. Esse fato demonstra o princípio,
amplamente confirmado em estudos feitos em animais, de que a extensão da
representação cortical de uma parte do corpo depende da importância funcional e
da densidade de aferências dessa parte para a biologia da espécie, e não de seu
tamanho.

- Em um AVC acometendo essa área somestésica, o doente pode perder o seu tato
epicritico, esterognosia (capacidade de reconhecer os objetos colocados em sua
mão). Porém, as modalidades mais grosseiras de sensibilidade, (protopática) como
tato não discriminativo e sensibilidade térmica e dolorosa, permanecem
praticamente inalteradas, pois se tornam conscientes em nível talâmico.
- Área somestésica secundária: está no lobo parietal superior, logo atrás da b) Áreas visuais secundárias:
somestésica primária. ÁREA 5 E PARTE DA ÁREA 7 DE BRODMANN.
Associação unimodais (relacionadas somente à visão)
Lesão: agnosia tátil, ou seja, incapacidade de reconhecer objetos pelo tato.
Antigamente: 18 e 19 de Brodmann; atualmente, sabe-se que se estendem a quase
2) ÁREAS CORTICAIS RELACIONADAS COM A VISÃO todo lobo temporal (até 20, 21 e 37 de Brodmann)

a) Área visual primária:

(V1), que se localiza nos lábios do sulco calcarino, e corresponde à área 17 de


brodmann.

A metade superior da retina projeta-se no lábio superior do sulco calcarino, e a


metade inferior, no lábio inferior deste sulco. A parte posterior da retina (onde se
localiza a mácula) projeta- se na parte posterior do sulco calcarino, enquanto a
parte anterior projeta-se na porção anterior deste sulco. Existe, pois,
correspondência perfeita entre retina e córtex visual (retinotopia). A ablação
bilateral da área 17 causa cegueira completa na espécie humana.

O córtex primário V1 , mostra, principalmente, o contorno dos objetos,


resultando um esboço primitivo que é aperfeiçoado nas áreas visuais
secundárias.

- São várias áreas visuais secundárias, das quais as mais conhecidas são V2, V3, V4
e V5. Elas são unidas por vias corticais originadas em V1: a dorsal, que se dirige à
parte posterior do lobo parietal; e a ventral, que une as áreas visuais do lobo
temporal.

Via ventral: áreas específicas para percepção de CORES, OBJETOS e FACES.


(determina o que é o objeto)

Via dorsal: percepção de MOVIMENTO, VELOCIDADE e REPRESENTAÇÃO ESPACIAL


DOS OBJETOS (onde está o objeto, se está parado ou em movimento)

• Lesões nas áreas corticais secundárias: agnosias (incapacidade de


identificar objetos ou aspectos deles)

Só p/ conhecimento: lesões na ventral podem se mostrar em pcts que perdem


capacidade de identificar objetos e desenhos, cor desses objetos e ate mesmo a
face das pessoas (prosopagnosia). Lesoes na dorsal; perde capacidade de perceber
visualmente o movimento das coisas (acinetopsia). Dificuldade de atravessar uma
rua movimentada, por exemplo.

3) ÁREAS CORTICAIS RELACIONADAS COM A AUDIÇÃO

a) área auditiva primária: giro temporal transverso anterior (giro de Heschl), e


corresponde às áreas 41 e 42 de Brodmann.

- Áreas 41 e 42. Chegam fibras da radiação auditiva, que se originam no corpo


geniculado medial. Lesões bilaterais no giro temporal transverso anterior causam
surdez completa. Lesões unilaterais causam déficits pequenos, pois a via auditiva
não é totalmente cruzada. Assim, cada cóclea está localizada nos dois hemisférios.

- Representação tonotópica: sons de determinada frequência projetam-se em


partes especificas, CORRESPONDÊNCIA CORTICAL E COCLEAR.
b) Área auditiva secundária (A2): lobo temporal (área 22), adjacente à auditiva
primária, mas está associada a tipos especiais de informação.

3) ÁREA VESTIBULAR:

- Lobo parietal

- Em uma região próxima da área somestesica correspondente à face.

- Assim, está mais relacionada com a área de projeção da sensibilidade


proprioceptiva do que com a auditiva

- RECEPTORES ESPECIAIS, pois informam sobre a posição e o movimento da


CABEÇA.

- Apreciação consciente da orientação no espaço.

4) ÁREA OLFATÓRIA:

Pequena área situada na parte anterior do úncus e do giro para-hipocampal (córtex


piriforme)

- Epilepsia local do úncus causam alucinações olfatórias, nos quais os doentes se


queixam de cheiros desagradáveis que na verdade não existem. (crises uncinadas)

5) ÁREA GUSTATIVA

a) Área gustativa primária

- Parte posterior da ínsula


- Isocórtex heterotípico granular.

- A simples visão ou pensamento em um alimento saboroso ativa a área gustativa


da ínsula.

- Existem neurônios sensíveis não só ao paladar, mas também ao olfato e a


sensibilidade somestésica (estímulo intraorais)

b) Área gustativa secundária

- Região orbitofrontal da área pré-frontal. Recebe aferências da insula.

* TUDO ATÉ AQUI FOI RELACIONADO COM SENSIBILIDADE SOMÁTICA. AGORA


COMEÇA A PARTE DAS ÁREAS CORTICAIS RELACIONADAS COM A MOTRICIDADE.

- A motricidade voluntária só é possível porque as áreas corticais que controlam o


movimento recebem constantemente informações sensoriais. Ou seja, a representação cortical de uma parte do corpo é proporcional à
delicadeza dos movimentos realizados pelos grupos musculares que nela estão
- Decisão de realizar um movimento: integração sensorial e motora. representados.
- O planejamento motor se inicia a partir de uma representação do mundo e do Essa área dá origem a maior parte das fibras dos tratos corticoespinhal e
corpo no espaço. corticonuclear (motricidade voluntária da mm distal)
- Coordenado pelo córtex pré-frontal, que passa sua decisão à áreas motoras
(primária M1) e secundária (pré motora e motora suplementar).

1) ÁREA MOTORA PRIMÁRIA M1

* Parte posterior do giro pré-central (área 4)

- Isocórtex heterotípico agranular (células piramidais gigantes ou células de Betz).

- Tem o menor limiar para desencadear movimentos com a estimulação elétrica, e 2) ÁREAS MOTORAS SECUNDÁRIAS
determina movimentos de grupos musculares do lado oposto. a) Área pré-motora:

- Lobo frontal, adiante da área motora primária 4, e ocupa toda a extensão da área
6 (face lateral).

- Muito menos excitável que a primária, exigindo um estímulo muito maior para
obter uma resposta motora.
- As respostas são menos localizadas do que as que se obtém por estímulo da área - Ou seja, para haver o movimento: etapa de planejamento (áreas motoras
4, e envolvem grupos musculares maiores (tronco ou base dos membros) secundárias) + etapa de execução (área M1)

- Nas lesões da área pré-motora, esses mm tem sua força diminuída (paresia), o - O que envolve esse planejamento? Escolha de grupos musculares a serem
que impede o pct de elevar completamente o braço ou a perna. contraídos, levando-se em conta a distância, a trajetória, a velocidade... Essas
informações então são passadas à área M1, que executa esse planejamento motor
- Através da via córtico-retículo espinhal (que se origina nela), há a postura básica
feito pelas áreas pré-motora ou motora suplementar.
para a realização de movimentos mais delicados (mm distal),
- Também participam desse planejamento motor: o cerebelo (núcleo tb é ativado
- INTEGRA O SISTEMA DE NEURONIOS ESPELHOS
antes de M1) e a alça esqueletomotora estriato-tálamo-cortical.
b) Área motora suplementar
- A INICIATIVA de fazer o planejamento é da área pré-frontal, que é uma área que
Parte da área 6, situada na face medial do giro frontal superior participa da tomada de decisões. Cabe a ela decidir, depois de avaliar as
implicações do gesto, como este deve ser feito e passar essa decisão para as áreas
pré-motora ou motora suplementar (o que é coerente com o fato de a área pré-
frontal ser ativada primeiro)

- Dados clínicos confirmam o papel de planejamento motor das duas áreas motoras
secundárias. Lesões destas áreas resultam em disfunções denominadas apraxias,
nas quais a pessoa perde a capacidade de fazer gestos simples como escovar os
dentes ou abotoar a camisa, apesar de não estar paralítica.:

a) A capacidade de fazer o gesto não está comprometida porque a área motora


primária está intacta

b) as áreas responsáveis pelo planejamento motor estão comprometidas

c) OU SEJA: a área motora está pronta para fazer o gesto, mas não sabe como fazê-
lo.
- Conexões com o corpo estriado e com a área motora primária. * exemplo do livro se vai decidir entre cerveja ou vinho: Depois da análise de todas
- Concepção/planejamento de seqüências complexas de movimentos (envolvendo, essas variáveis, a área pré-frontal decide tomar o vinho. Esta decisão é passada à
p. ex., os dedos) área motora suplementar, onde é elaborado o plano motor que deve conter a
sequência dos músculos envolvidos, necessários ao movimento, e o grau de
3) PLANEJAMENTO MOTOR contração de cada um. Para elaboração do plano motor, a área motora
- Gesto: associado com ativação de uma das áreas de associação secundárias. > suplementar também recebe informações do cerebrocerebelo, através da via
Após 1 ou 2 segundos, a atividade cessa e passa a ser ativada a área motora dento-talâmico-cortical, e dos núcleos da base, através da alça motora. Concluído
PPRIMÁRIA (principal origem do trato corticoespinhal). Simultaneamente, há o o plano motor, passa-se à execução, a cargo dos tratos corticoespinhal, para
movimento. músculos distais dos membros, e retículo-espinhal, para músculos proximais.
Com isto, o braço e o antebraço se deslocam em direção à garrafa de vinho (via - Tem conexões com quase todas as áreas corticais, com praticamente todo o
córtico-retículo-espinhal), que será agarrada pelos dedos (trato corticoespinhal). encéfalo... o que isso faz? Permite exercer funções coordenadoras das funções
neurais, SENDO A PRINCIPAL RESPONSÁVEL POR NOSSO COMPORTAMENTO
• SISTEMA DE NEURÔNIOS-ESPELHOS
INTELIGENTE.
É um sistema que é ativado quando um indivíduo vê outro indivíduo fazer um ato
- Dá o senso das responsabilidades sociais... senso de filtro de fala, memória
motor específico.
operacional , foco.
Sistema frontoparietal, ocupando parte da área pré-motora e estendendo-se
- Divide-se em duas subáreas: área pré-frontal dorsolateral e orbito-frontal
também à parte inferior do lobo parietal.

Ação moduladora da excitabilidade dos neurônios motores responsáveis pelo ato


motor, facilitando a sua execução.

São a base da aprendizagem motora por imitação

4) ÁREAS DE ASSOCIAÇÃO TERCIÁRIAS

- TOPO DA HIERARQUIA FUNCIONAL DO CÓRTEX

- SUPRAMODAIS (não se relacionam isoladamente com nenhuma modalidade


sensorial)

- Recebem e integram as informações sensoriais já elaboradas por todas as áreas


secundárias e elaboram estratégias comportamentais.
a.1) Área pré-frontal dorsolateral
a) Área pré-frontal:
- Ocupa a superfície anterior e dorsolateral do lobo frontal

- FUNÇÕES EXECUTIVAS QUE ENVOLVEM O PLANEJAMENTO/EXECUÇÃO DAS


ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS MAIS ADEQUADAS À SITUAÇÃO FÍSICA E
SOCIAL DO INDIVÍDUO, ASSIM COMO CAPACIDADE DE ALTERÁ-LAS QUANDO TAIS
SITUAÇÕES SE MODIFICAM.

- Além disso, avalia as consequências dessas ações, planejamento e organização


com inteligência, de acoes e soluções de problemas novos

- Memoria operacional (curto prazo), temporária e suficiente pra manter na mente


as informações relevantes de uma atividade que está em andamento.

a.2) Área pré-frontal orbitofrontal

- Parte ventral do lobo frontal

- Processamento de emoções, supressão de comportamentos socialmente


indesejáveis, manutenção da atenção
- Compreende todo o lóbulo parietal inferior, ou seja, os giros supramarginal, área
- Lesões: o paciente deixa de reagir em alegria ou tristeza, além do déficit de
40, e angular, área 39, estendendo-se também às margens do sulco temporal
atenção ou comportamentos inadequados.
superior e parte do lóbulo parietal superior.

- Está, portanto, entre as áreas secundárias auditiva, visual e somestésica,


b) Área parietal posterior funcionando como centro que integra essas 3 áreas.
- Gera uma imagem mental completa dos objetos sob a forma de percepções, - Córtex insular ANTERIOR: (Neurocórtex homótipo)
podendo assumir, além da forma do objeto, seu tato, cheiro, nome, som...
a) empatia = situações dolorosas. Pode estar alterado em psicopatias
- Planejamento de movimentos e atenção seletiva.
b) conhecimento da própria fisionomia como diferente da dos outros (não é ativada
- Percepção espacial, permitindo ao indivíduo determinar as relações entre os em fotos de outras pessoas)
objetos e o espaço extrapessoal.
c) sensação de nojo (fezes, vômitos, carniça e outra situação considerada nojenta)
- LESÕES BILATERAIS: o indivíduo não consegue explorar o ambiente e alcançar
d) percepção dos componentes subjetivos das emoções
objetos de interesse. (Um dos sintomas pode ser desorientação espacial
generalizada, ou em casos mais graves, se dirigir da cadeira para a cama) d) Área límbica
- Área do esquema corporal: relação das áreas componentes do corpo com o
espaço.

- QUADRO CLÍNICO MAIS CARACTERÍSTICO: Síndrome de negligência ou síndrome


de inatenção, que se manifesta nas lesões do lado DIREITO *processos
visuespaciais*.

× Negligência sensorial do mundo contralateral, que pode ser:

Do próprio corpo = pct perde a noção do seu esquema corporal, deixa de perceber
a metade esquerda de seu corpo como fazendo parte do seu ``eu`` e passa a
negligencia-la. Deixa de lavar, barbear, calçar sapatos... simplesmente porque essa
parte do corpo não lhe pertence.

Ao espaço exterior = é como se o mundo do lado esquerdo deixasse de existir, só


escreve na metade do papel, so lê a metade direita das frases e so come o alimento
se tiver do lado direito do prato.

c) Córtex insular anterior Compreendem áreas de:

Alocórtex (hipocampo, giro denteado, giro para-hipocampal),

Mesocórtex (giro do cíngulo)


Ant: assoc: isocórtex homótipo

Isocórtex (ínsula anterior)


Isocórtex heterotípico granular Área pré-frontal orbitofrontal.
- Memórias (1/3 anteriores) e emoções (2/3 posteriores)

5) ÁREAS RELACIONADAS COM LINGUAGEM: AFASIAS

Área anterior: de Broca (expressão da linguagem) – PROGRAMAS MOTORES

- Giro frontal inferior, áreas 44 e 45 de Brodmann. Programação da atividade


motora com a expressão da linguagem.

Área posterior: de Wernicke (percepção da linguagem) - SIGNIFICADO

- Junção entre os lobos temporal e parietal, área 22 de Brodmann

* Ligadas pelo fascículo longitudinal superior (comunicam-se)

× AFASIAS: não podem ser atribuídas a lesões das vias sensitivas ou motoras
envolvidas na fonação, mas apenas a lesões da área cortical responsável pela
linguagem.

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