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Resumo
Introdução
Neste sentido, vemos a partir dos anos 1990 uma série de ações políticas em
que:
Neste ambiente é que a RSE ganhou espaço, ainda mais respaldada pela
noção de Terceiro Setor1, “que reivindica um novo modelo de resolução aos
problemas sociais pautado na ação privada, profissionalizada, voluntária e
focalizada de agentes e organizações” (GRACIOLLI; TOITIO, 2008, p. 167).
1
“O conceito de terceiro setor surgiu em 1978, nos EUA, cunhado por John Rockfeller III,
concebido por intelectuais orgânicos do capital. O recorte efetuado da totalidade social em três
esferas (Estado, ‘primeiro setor’; mercado ‘segundo setor’; e sociedade civil, ‘terceiro setor)
atribui autonomia e isolamento à ‘dinâmica de cada um deles, que, portanto, desistoriciza a
realidade social” (GRACIOLLI e TOITIO, 2008, p. 167, Apud: MONTAÑO, Carlos. Terceiro
Setor e a questão social. Cortez, 2002, p. 53).
ambíguas. Desde uma prática corporativa ética e socialmente responsável, até
como uma estratégia de mercado, que atua com o objetivo de agregar
benefícios às organizações que dela se utilizam, tornando-a uma “moeda” que
soma valor e prestígio às empresas e instituições que se valem deste
emblemático título.
2
“O capitalismo é um sistema econômico e uma forma de sociedade, que se caracteriza pela
produção generalizada de mercadorias e na qual todas as relações econômicas são
monetarizadas e a própria fronteira do econômico se expande para englobar todos os aspectos
da vida (...). No capitalismo, os meios de produção decisivos são de propriedade privada e a
massa de empregados precisa trabalhar para cobrir os próprios custos de sobrevivência e os
de suas famílias. A competição estimula cada empresa capitalista a buscar menores custos por
unidade, mercados maiores e um nível de inovação de produtos que lhe garanta um monopólio
temporário” (SCOTT, 2010, p. 36-37).
Vamos aqui destacar alguns destes certificados:
3
Fundação ABRINQ, Disponível em: https://www.fadc.org.br/programas-institucionais/protecao-
empresa-amiga-da-crianca Acesso em abril de 2017.
4
SGS, Disponível em: http://www.sgsgroup.com.br/ Acesso em abril de 2017.
5
Social Accountability International, Disponível em: http://www.sa-
intl.org/index.cfm?fuseaction=Page.ViewPage&pageId=472 Acesso em abril de 2017.Texto
original: We envision a world where workers, businesses, and communities thrive together.
Tradução do autor.
Segundo a ISO 26000, a responsabilidade social se
expressa pelo desejo e pelo propósito das organizações
em incorporarem considerações socioambientais em seus
processos decisórios e a responsabilizar-se pelos
impactos de suas decisões e atividades na sociedade e
no meio ambiente. Isso implica um comportamento ético e
transparente que contribua para o desenvolvimento
sustentável, que esteja em conformidade com as leis
aplicáveis e seja consistente com as normas
internacionais de comportamento. Também implica que a
responsabilidade social esteja integrada em toda a
organização, seja praticada em suas relações e leve em
conta os interesses das partes interessadas (INMETRO6).
6
INMETRO, Norma ISSO 26000. Disponível em:
http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/iso26000.asp Acesso em abril de
2017.
• princípios e práticas relativas à responsabilidade social;
• os temas centrais e as questões referentes à responsabilidade social;
• integração, implementação e promoção de comportamento socialmente
responsável em toda a organização e por meio de suas políticas e
práticas dentro de sua esfera de influência;
• identificação e engajamento de partes interessadas;
• comunicação de compromissos, desempenho e outras informações
referentes a responsabilidade social (INMETRO, Idem).
A ética é uma ciência sobre como conviver em sociedade, mas ela não irá nos
apresentar uma lista do que é certo e errado. Isto deverá ser construído pela
sociedade em permanente diálogo. Sem diálogo não existe a possibilidade da
vida ética, pois ela exige uma reflexão partilhada e não imposta.
Talvez a verdade seja o valor mais desejado pelos seres humanos: “todos os
homens amam a verdade, dizia santo Agostinho, pois nenhum deles, nem
mesmo os mentirosos, gosta de ser enganado” (Idem, p. 619).
Contudo, a verdade como um valor, também sofre ameaças, pois, por exemplo,
quando o sucesso passa a ser um valor dominante a verdade pode ser um
obstáculo que terá que ser suprimido e relativizado. Aqui se instala a crise, pois
a sociedade terá que refletir e retomar os pressupostos da ética, a saber a
melhor forma de viver e conviver para retornar aos seus caminhos.
O termo Ética, no grego Ethos, é uma forma de escrever em língua latina duas
letras gregas, o ethos (com eta inicial) e ethos (com épsilon inicial). A Ética
será compreendida como a ciência do ethos, sendo que, o ethos (com eta ηθος
inicial) designa a casa do ser humano e também do animal. O ethos é a casa
do homem. O homem habita sobre a terra acolhendo-se ao recesso seguro do
ethos. Deste modo, está na origem do termo ética a metáfora da moradia, um
espaço do mundo habitável para a convivência humana, contudo “nunca a casa
do ethos está pronta e acabada para o homem” (LIMA VAZ, 2004. p. 12-13).
Para que estes direitos sejam sustentados é necessário que exista um aparato
institucional para garantir sua efetivação:
Os críticos de T.H. Marshall apontam para o fato de ele ter deixado para um
segundo plano o papel das lutas populares, ignorando assim a força coletiva da
classe trabalhadora no processo de formação e conquista da cidadania. De
acordo com Saes (2003) há críticas, também, à falta de um aporte teórico
capaz de analisar os processos sociais e as relações entre a classe
trabalhadora, a classe dominante e o Estado.
Aqui podemos retomar a questão entre valores e desejos. Por vezes, no interior
de uma organização, as pessoas possuem desejos diferentes. Logo os valores
prezados pelos indivíduos também diferem. Neste ambiente, é possível, pois,
abrir-se um espaço para um verdadeiro “canibalismo social”, sem
sobreviventes e que afetará diretamente a produtividade e o ambiente
profissional.
Por outro lado, os Programas de RSE contribuem também para barrar práticas
nocivas para a sociedade, tais como processos industriais poluidores, ausência
de segurança no trabalho, utilização de trabalho infantil, e inibir situação de
trabalho análogo à escravidão.
É certo, como vimos, que há valores inegociáveis, tais como a vida, a verdade
e a justiça, mas mesmo estes valores encontram opositores que procuram
reduzi-los. Será neste contexto que a firmeza ética contribuirá para alicerçar os
valores fundamentais da sociedade, possibilitando, assim, a realização da
convivência humana, tornando o mundo um lugar habitável.
Referências Bibliográficas
VAZ, Henrique C. de Lima. Escritos de filosofia II: ética e cultura. São Paulo:
Editora Loyola, 2004