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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS
Antonio Gilberto Bertechini

UFLA - Universidade Federal de Lavras


2004

MATHEUS RAMALHO DE LIMA


Mestrando em Zootecnia

DR. FERNANDO GUILHERME PERAZZO COSTA


Orientador

AREIA – PB
JULHO DE 2007
NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS

Antonio Gilberto Bertechini

UFLA - Universidade Federal de Lavras

2004
Ficha Catalográfica preparada pela Seção de Classificação e Catalogação da
Biblioteca Central da UFLA

Bertechini, Antônio Gilberto


Nutrição de Monogástricos / Antônio Gilberto
Bertechini . – Lavras :Editora UFLA/FAEPE, 2004.
450p. : il.
Bibliografia.

1. Animal doméstico. 2. Nutrição animal. 3.


Suíno. 4. Ave. 5. Alimentação - Metabolismo. 6.
Suplementação alimentar. I. Universidade Federal de
Lavras. II. Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e
Extensão. III. Título.

CDD-636.085
-636.4085
-636.5085

TEXTO REVISADO PELO AUTOR

II
NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS

Este livro não tem a finalidade de esgotar todo o assunto pertinente a nutrição de
aves e suínos, no entanto, apresenta vários capítulos básicos de nutrição, elucidando
os processos de metabolismo dos nutrientes de maneira simples, permitindo uma
abordagem geral da nutrição dos animais não ruminantes. Após a apresentação deste
segmento básico, os últimos capítulos tratam da aplicação prática da nutrição de aves
e suínos, com indicações de recomendações médias de nutrientes para a elaboração
de programas de alimentação mais adequados às poedeiras comerciais, frangos de
corte e suínos modernos. Apesar deste conteúdo conter dados importantes para a
nutrição de aves e suínos, ainda faltam informações sobre o interrelacionamento de
nutrientes, bem como os valores de biodisponibilidade da maioria dos nutrientes dos
alimentos, para alicerçar as formulações e fornecer maior segurança aos nutricionistas
no momento de definir os valores nutricionais das dietas. Por outro lado, a nutrição é
uma ciência dinâmica e, com a somatória dos esforços nesta área, como vem
acontecendo, permitirá sem dúvida, suporte para confecção de dietas cada vez mais
equilibradas, contribuindo para redução da contaminação ambiente e resultando
sempre em melhoria da produtividade dos suínos e das aves .

O Autor
INDICE

III
1

EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO

A ciência da nutrição integra conhecimentos bioquímicos e fisiológicos


relacionando o organismo animal com o suprimento alimentar de suas células.
O objetivo final da nutrição animal é de transformar recursos alimentares de
menor valor nutricional em alimentos para o consumo humano, de melhor valor
biológico. Para alcançar este objetivo foi necessário o desenvolvimento dos
conhecimentos envolvendo os alimentos e o organismo animal. Um dos primeiros
estudos de nutrição datam de 1747, quando o físico Inglês Lind, descobriu a cura do
escorbuto. No entanto, muitas observações de caráter nutricional já estavam sendo
discutidas antes do século XVII, onde houve grandes descobertas, sendo chamada "a
idade de ouro da ciência". Em 1760, Antoine Laurent Lavoisier introduziu o termômetro
e a balança nos estudos de nutrição e através dos seus experimentos utilizando a
calorimetria animal, verificou que parte do calor animal era originário da combustão de
substâncias no organismo, concluindo em suas experiências que a respiração e a
combustão eram processos semelhantes. Estes ensaios levaram Lavoisier a concluir
que a “vida era uma função química”.
René Reamur (1683-1757), naturalista Francês fez uma das primeiras
observações referentes a digestão, fornecendo alimentos para aves e retirando-os do
intestino após curtos períodos de tempo, verificando assim, as mudanças na
composição do alimento durante esse processo. Outros experimentos interessantes
foram desenvolvidos por Lázzaro Spallanzani (1729-1799) onde o mesmo engolia
saquinhos feitos de pano contendo carne e pão e, após algum tempo, extraía-os
através de cordões amarrados. Verificou com este estudo que haviam mudanças na
composição do alimento.
Ainda neste século vários aspectos de fisiologia e bioquímica do processo
digestivo foram explicadas através de muitas investigações, principalmente com o uso
de fístulas. Uma das primeiras publicações sobre digestão foi de William Beaumont
(1785-1853) em 1833 onde este Francês, reportou observações em seu paciente Alexis
St. Martin, que teve o seu estômago perfurado por uma bala, quando caçava e lhe era
colocado uma fístula no seu estômago. Introduzia vários tipos de alimento no
estômago, verificando as diferenças nas suas digestões. Beaumont descreveu também
o suco gástrico e identificou o HCl, notou os movimentos do estômago e verificou o
efeito da emoção sobre a secreção e motilidade gástrica. Estes trabalhos, sugeriram o
uso de fístulas em animais para os estudos de digestão posteriormente realizados.
A partir deste período, vários fisiologistas, principalmente, franceses
desenvolveram grandes conhecimentos na área da nutrição. Ainda no século XVII já se
concluía que o organismo animal necessitava de vários nutrientes e que o valor dos
alimentos não estava num único componente químico e sim em três compostos: as
proteínas, os lipídeos e os carboidratos.
Em 1883, Johan Kjeldahl, químico Dinamarquês, descobriu um método rápido
para se determinar o valor nitrogenado dos alimentos. A partir desta data houve grande
evolução nos estudos de nutrição protéica.
Ainda no princípio do século XX, houve grande atenção dos pesquisadores em
estudar as proteínas. Os resultados experimentais eram muito variáveis e se descobriu
em 1909 por Karl Thomas, Alemanha, que as proteínas tinham valores nutricionais
diferentes. Verificou que a percentagem do nitrogênio absorvido, que ficava retido no
4
organismo era variável de uma fonte de proteína para outra. Já no final do século se
conhecia 12 aminoácidos nas proteínas e com a descoberta de Thomas, concluia-se
que havia variação na composição de aminoácidos das proteínas, e que isto, afetava o
seu valor biológico.
Em 1938, Willian C. Rose demonstrou que os ratos necessitavam de certos
aminoácidos na dieta para máximo desempenho e a partir daí, dividiu-os em essenciais
e não essenciais.
Outros conhecimentos foram necessários para o desenvolvimento da nutrição
como o caso das gorduras, vitaminas e minerais.
Em 1814, Michel Eugene Chevreul, químico Francês, descobriu que as gorduras
eram compostas de glicerol e ácidos graxos. Estudos posteriores mostraram a
essencialidade dos ácidos graxos no organismo e na dieta animal.
Em 1912, Casimir Funk verificou que uma substância contida no farelo de arroz
curava a beriberi, usando o termo "vitamina" pela primeira vez.
As primeiras observações com minerais iniciara-se por volta de 1600 onde Wilissi
Aldrovandi, verificou que pintinhos alimentados com casca de ovos cresciam mais
rápido e mais saudáveis em comparação aos que não recebiam este ingrediente.
Em 1930 houve a descoberta de vários minerais como cálcio, fósforo, enxofre e
ferro. A descoberta de novos elementos acompanhou a evolução dos equipamentos
físicos e químicos a partir de 1935. No entanto, a importância dos minerais foi mais
pronunciada nos anos recentes, a partir do século XIX onde o melhoramento genético
acelerou a velocidade de crescimento e a produção dos animais confinados e com
mudanças dos hábitos alimentares, aumentou assim as necessidades dietéticas dos
minerais.
Ainda merece citação a grande contribuição de várias ciências na evolução da
nutrição.
A física, através do raio-X, espectrofotômetros, radioisótopos, cromatógrafos; a
bioquímica nos estudos de enzimologia e metabolismo dos nutrientes; a fisiologia,
através do estudo do funcionamento orgânico dos órgãos e suas secreções; a
microbiologia, através dos estudos de exigências nutricionais e síntese de vitaminas; a
genética através do melhoramento dos animais para maior produção, entre outras.

1.1 EVOLUÇÃO DA NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS


NO BRASIL
O primeiro trabalho registrado na literatura sobre nutrição animal no Brasil data de
1940, onde o eminente Professor José Fancisco Braga, da Universidade Federal de
Viçosa (Revista Ceres, 3:222-230), registrou um estudo sobre o uso de soja e milho na
alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação, concluindo que a soja
poderia substituir a tancage como fonte de proteínas e que o milho apresentava-se
pobre neste nutriente. Iniciou-se então uma série de estudos para adequação das
dietas de aves e suínos, com base nos poucos conhecimentos de nutrição no Brasil
naquele período.
A utilização de dietas balanceadas eficientes no Brasil iniciou-se a partir da
entrada das grandes indústrias de rações nas décadas de 60 e 70. Até então, havia o
predomínio do uso de rações com altos teores de farelo de trigo, produzidas pelos
moinhos de trigo. As indústrias de rações balanceadas trouxeram novos conceitos de
nutrição e tiveram papel importante na evolução da nutrição animal no Brasil.
Várias fases mostram a evolução na qualidade das rações no Brasil.
5
A primeira fase correspondeu ao período de predomínio de moinhos de trigo
(decada de 50), onde os subprodutos desta indústria, o farelo e o farelinho de trigo,
participavam em mais de 50% das rações, influindo de forma negativa na eficiência
alimentar e no desempenho dos animais, além dos problemas de excesso de fibra com
este tipo de dieta.
A segunda fase data entre as décadas de 60 e 70, onde houve a entrada das
grandes indústrias de rações no Brasil, trazendo novos conceitos de nutrição e
alimentação animal. A partir deste período, o termo ração balanceada se fixava e a
idéia de equilíbrio de nutrientes também foi introduzida nesta época. Pode-se
considerar que esta foi uma fase de grande evolução na produção de aves e suínos, no
Brasil.
A terceira fase desta evolução correspondeu a expansão da produção de milho e
soja proporcionando maior estabilidade às rações balanceadas. A partir deste período
as rações a base de milho e farelo de soja tornaram-se cada vez mais eficientes e
uniformes.
O valor nutricional destes dois alimentos ficou bem conhecido o que permitiu a
suplementação de suas deficiências, para assim, conseguir o desempenho máximo
desejável de aves e suínos nas condições tropicais .
Uma outra fase poderia ser considerada ainda, que foi o uso da programação
linear no cálculo das rações de mínimo custo. O uso do computador facilitou o cálculo
de rações equilibradas com bastante eficiência e rapidez. Este fato permitiu que
houvesse pequenas mudanças nas fórmulas das rações, em função da matéria
disponível e os seus preços.
Pode-se considerar que faltam muitas informações sobre a composição e
biodisponibilidade dos nutrientes nos diversos alimentos. Atualmente, existe esta
preocupação, além da determinação das novas exigências nutricionais dada a
evolução genética que experimenta as aves e os suínos no Brasil e no mundo.
Não poderia deixar de citar ainda, a grande evolução acadêmica experimentada
nas décadas de 70 e 80 que contribuiu de forma primária para que se chegasse a
resultados de desempenho de aves e suínos no Brasil comparáveis a países altamente
desenvolvidos nestes setores.
Atualmente existe também a preocupação em minimizar os custos de produção
destes animais. O desempenho somente, não significa eficiência de produção. Assim, a
associação da economia e da nutrição ganha espaço e prevalece nos sistemas de
produção modernos de aves e suínos.

1.2 CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS DOS ANIMAIS MONOGÁSTRICOS


Os animais monogástricos, mais adequadamente chamados de não ruminantes
são caracterizados por várias particularidades nutricionais, listadas a seguir :
 reduzida capacidade de armazenamento de alimentos, e, como
consequência, devem ter acesso contínuo a alimentação;
 taxa de passagem dos alimentos no trato digestório é relativamente rápida,
e, desta forma, os nutrientes devem estar prontamente disponíveis, para seu
aproveitamento;
 baixa capacidade de digerir materiais fibrosos devido a reduzida microflora
existente no trato digestório, sendo que as dietas devem ser concentradas;
 pequena capacidade de síntese gastrintestinal e, como consequência, todos
os nutrientes exigidos para máximo desempenho devem estar presentes na
6
dieta;
 digestão básica dos alimentos faz-se por intermédio de enzimas digestivas
produzidas pelo animal;
 aproveitam mais eficientemente os alimentos concentrados do que os
animais ruminantes.
As aves não mastigam o alimento na boca, como os suínos, no entanto, possuem
um divertículo chamado de inglúvio ou papo que umidifica e amolece o alimento além
de um estômago mecânico (moela) que tritura o alimento. A saliva dos suínos contém
amílase salivar (ptialina) que inicia o desdobramento do amido dietético.
O estômago de aves e suínos se assemelha na capacidade relativa de
armazenamento de alimento e na digestão gástrica das proteínas. Neste
compartimento a digestão de carboidratos é quase nula devido ao pH ácido. Alguma
fermentação de carboidratos pode ocorrer pela atuação de Lactobacillus, mas
representa muito pouco em termos da digestão deste nutriente.
As aves diferem dos suínos após a digestão gástrica. O bolo alimentar nas aves
passa por uma digestão mecânica, através do estômago muscular ou moela, antes de
seguir a digestão intestinal. A moela é composta de potentes músculos que
desintegram as partículas do alimento, preparando o bolo alimentar para a digestão
intestinal.
A digestão no intestino delgado de aves e suínos é semelhante. É, neste
compartimento que ocorre a digestão final dos carboidratos, lipídeos e proteínas e
também é a seção de maior absorção dos nutrientes.
O intestino grosso, compreendido pelo, ceco, cólon e reto tem como função
primária a excreção dos resíduos alimentares não aproveitados no intestino delgado.
No entanto, é neste compartimento que ocorre uma grande absorção de água e
eletrólitos e também a fermentação dos resíduos não aproveitados no intestino
delgado. Esta fermentação é realizada por uma microflora complexa de
microorganismos anaeróbicos que produzem vitaminas, ácidos graxos voláteis e
aminoácidos. Suínos adultos têm capacidade de digerir até 30% da fibra da ração no
ceco ou cólon. Já as aves adultas são capazes de digerir até 25 % da fibra da ração,
principalmente no ceco.
Os suínos aproveitam melhor os produtos da fermentação do ceco e cólon como
os ácidos graxos voláteis, no entanto, faltam informações sobre a absorção de
vitaminas, por esses animais e pelas aves, nestes compartimentos. De qualquer
forma, o intestino grosso tem função básica de recuperação de água e eletrólitos em
ambas espécies.

7
2

CLASSIFICAÇÃO DOS NUTRIENTES

São chamados de nutrientes ou metabólitos primários, todos os compostos


presentes nos alimentos ou de forma livre que são utilizados para nutrição das células
do organismo animal e podem ser classificados de acordo com o esquema a seguir:

A) COMPOSTOS ORGÂNICOS - aqueles que contém necessariamente


carbonos e hidrogênio e as vezes oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo ou
outros elementos.

1. Carboidratos

1.1 Solúveis (Extrativo Não Nitrogenado)

1.1.1 Monossacarídeos
Aldoses Cetoses
Trioses (C3H6O3) Gliceraldeído Dihidroxiacetona
Tetroses (C4H8O4) Eritrose Eritrulose
Pentoses (C5H10O5) Xilose Xilulose
Ribose Ribulose
Arabinose -
Hexoses (C6H12O6) Glicose Frutose
Galactose Sorbose
Manose -
Heptoses (C7H14O7) - Sedoheptulose

1.1.2 Dissacarídeos
Sacarose (-d-glicose 1-5 -d-frutose)
Lactose (-d-galactose 1-4 -d-glicose)
Maltose (-d-glicose 1-4 -d-glicose)
Celobiose (-d-glicose 1-4 -d-glicose)

1.1.3 Trissacarídeos
Rafinose (frutose-glicose-galactose)

1.1.4 Polissacarídeos
Amido
Glicogênio
PNAs (arabinoxilanos, galactomananos, galactoglucomananos e
galactoglucanos)
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1.2 Insolúveis
FDN - Fibra detergente neutro (celulose + hemi-celulose
+ lignina)
FDA - Fibra detergente ácido (celulose + lignina)

2 Lipídeos (Extrato Etéreo)

2.1 Simples
a) Ácidos graxos
b) Gorduras neutras (mono, di e triacilglicerol)
c) Ceras (ésteres de ácidos graxos com alcoóis de cadeia longa)

2.2 Compostos
a) Fosfolipídeos
 Ácidos fosfatídicos, lecitina e cefalinas.
 Plasmalogens
 Esfingomielinas
b) Glicolipídeos
 Mucina
c) Lipoproteínas
 Lipoproteínas transportadoras

3 Nitrogenados
3.1 Proteínas (Aminoácidos)
3.1.1 Aminoácidos monoamino e monocarboxílicos alifáticos
3.1.2 Aminoácidos ácidos
3.1.3 Aminoácidos básicos
3.1.4 Aminoácidos aromáticos
3.1.5 Iminoácidos
3.1.6 Aminoácidos formados por translação

3.2 Aminas, amidas, uréia, ácido úrico, etc.

4. Vitaminas
4.1 Lipossolúveis: vitaminas A, D, E e K
4.2 Hidrossolúveis
4.2.1 Complexo B: B1, B2, B6, B12, Biotina, colina, inositol, niacina, ácido
pantotênico e ácido paramino-benzóico.
4.2.2 Vitamina C: ácido ascórbico
4.2.3
COMPOSTOS INORGÂNICOS
1 Macrominerais: cálcio, cloro, magnésio, fósforo, potássio, sódio e enxofre.
2 Microminerais: cobre, cobalto, iodo, ferro, zinco, manganês, selênio, cromo,
molibdênio, boro e flúor.
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3 Água (HOH).

2.1 CARBOIDRATOS
Os carboidratos são os nutrientes mais abundantes na natureza e representam a
fonte primária de energia para os organismos vivos. Considerando o aspecto
nutricional, o principal carboidrato é a glicose. Por outro lado, na natureza, esta
molécula se encontra polimerizada (Figura 2.1) e, dependendo do tipo de ligação entre
as moléculas de glicose, vai caracterizar a solubilidade do polissacarídeo. Enquanto o
amido e o glicogênio apresentam ligações -1,4 e -1,6, a celulose, principal
carboidrato estrutural das plantas possue ligação glicosídica  1,4 (Figura 2.1). Aves e
Suínos não produzem -glicosidases em seus tratros digestórios, e, portanto, não
aproveitam a celulose. No entanto, as bactérias que habitam o intestino grosso desses
animais, podem aproveitar a celulose através da celulase microbiana e, o produto
desta fermentação, poderá ser aproveitado pelo hospedeiro, no caso de ácidos graxos
voláteis e algumas vitaminas hidrossolúveis.
O amido é armazenado nos grãos cereais na forma hidratada (C 6H10 O5 xH2O)n e,
quando ocorre o tratamento térmico, se transforma em forma amorfa, sendo que a
fração mais solúvel (amilose) é dissolvida e a amilopectina continua com a sua
estrutura. Durante a secagem do milho em secadores, se o processo acontecer de
forma rápida com temperaturas altas, poderá resultar uma forma de amido resistente,
com menor digestibilidade, devido a modificação da estrutura química, dificultando a
ação da amilase.

FIGURA 2.1: Estrutura dos polissacarídeos, amido, glicogênio celulose7

2.1.1 CLASSIFICAÇÃO
Os carboidratos presentes nos alimentos são muitos, no entanto, os polímeros de
glicose são de maior importância nutricional (Tabela 2.1).
TABELA 2.1: Carboidratos presentes nos alimentos

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Tipo Nome Fonte
MONOSSACARÍDEOS
Trioses (C3H6O3) Dihidroxiacetona Produtos de fermentação e da glicólise.
Gliceraldeído
Pentoses (C5H10O6) Arabinose Hidrólises e arabanos
Xilose Hidrólises de xilanos
Ribose Ácidos nucléicos
Hexoses (C6H12O6) Glicose Hidrólise de amino, glicogênio, e maltose.
Suco de frutas
Manose Leite (hidrólise de lactose) e galactosídeos.
Galactose Hidrólise de sacarose
Frutose
DISSACARÍDEOS
(C12H22012)
Sacarose Acúcares Açucar de cana, beterraba, etc
Maltose Amido
Trealose Cogumelo
Lactose Leite
TRISSACARÍDEOS
(C18H32O18) Suco de beterraba
Rafinose Semente de algodão
Gossipose
POLISSACARÍDEOS – grupos compostos de cadeias longas de sacarídeos.
Nesta classificação encontram-se o amido, glicogênio, celulose, dextrose, pectinas,
galactosídeos, entre outras.

Patrick e Schaible (1980), Harper et al (1982).


A celulose é o polímero de glicose mais abundante na natureza, porém, os
carboidratos solúveis são mais digestíveis por suínos e aves e representam a principal
fonte de energia das rações desses animais. Já a hemi-celulose é um carboidrato
estrutural que possui boa solubilidade, porém, não existe enzimas endógenos para o
seu aproveitamento, podendo assim, alterar a viscosidade intestinal. A viscosidade
intestinal é um fator que influencia tanto na digestão como absorção de nutrientes, de
maneira geral. Além da hemi-celulose, outros carboidratos solúveis também são
encontrados nos grãos cereais e são chamados de PNAs (polissacarídeos não
amiláceos solúveis). São formados basicamente de arabinoxilanos e galactosídeos e
estão contidos nos grãos em concentrações diversas. Na Tabela 4.3 , está apresentada
a composição de alguns ingredientes de rações em PNAs.

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TABELA 4.3 Conteúdo de PNAs em alguns ingredientes de rações.
Ingredientes Tipo de PNA %
Milho PNAs totais 8,0
Arabinoxilanos 4,2
β- glucanos 0,1

Milho, glúten PNAs totais 42,0

Sorgo PNAs totais 5,6


Arabinoxilanos 2,8
β – glucanos 1,0

Trigo PNA totais 11,0


Arabinoxilanos 6,0
β - glucanos 0,5

Cevada PNA totais 16,5


β – glucanos 7,6
Arabinoxilanos 3,3

Arroz Arabinoxilanos 8,9


β – glucanos 1,2

Farelo de soja PNA totais 27,0


Galactosídeos 20,0
Polímeros complexos 7,0

Trigo, farelo PNA totais 44,0

Farelo de girassol PNA totais 35,0


Annison (1993); Shutte (1991); Carré (1992); Huisman et al. (1998) e Acamovic (2001).

Monossacarídeos
Os monossacarídeos são carboidratos simples que possuem importância
nutricional para as células, porém, sem importância diética, pois, de maneira geral, não
aparecem desta forma na natureza.
Os monossacarídeos são importantes intermediários no metabolismo de
carboidratos para as células do animal e geradores de energia para a manutenção da
homeostase energética orgânica. Como principais monossacarídeos cita-se as trioses,
pentoses e hexoses. Apresentam normalmente fórmulas comuns (C nH2nOn), porém,
com arranjo estrutural da molécula que dão particularidades nas suas ligações (Figura
2.2 )

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Figura 2.2 Estrutura química dos monossacarídeos nutricionalmente importantes.

Dissacarídeos
Os dissacarídeos possuem importância dietética, pois, são encontrados na
natureza e concorrem como fonte de energia para os animais. São comumente
chamados de açúcares e também classificados como oligossacarídeos sendo os mais
comuns: sacarose, lactose, maltose e celobiose (Figura 2.3).
A sacarose é o mais abundante e formado por glicose e frutose. Já a lactose, é
encontrada somente no leite, sendo composta de glicose e galactose. Estes
dissacarídeos são importantes para o metabolismo da célula animal somente após a
sua digestão (hidrólise). A presença de sacarose na corrente sanguínea, por exemplo,
não será metabolizada, ocorrendo rápida excreção da molécula intacta, como se fosse
uma substância estranha ao organismo.
Figura 2.3 Estutura química dos dissacarídeos.

Polissacarídeos
Os polissacarídeos são polímeros complexos de monossacarídeos e representam
a principal fonte de energia para os animais monogástricos.
O principal polissacarídeo dietético é o amido presente em grandes quantidades
nos grãos cereais, formado por um polímero de glicose em ligações -glicosídicas,
possuindo dois constituintes principais, que são a amilose (15-30%) e a amilopectina
(70-85%). O amido de milho comum por exemplo, apresenta 28% em amilose e 72 %
de aminopectina . Estas duas cadeias são compostas por 24 a 30 moléculas de
glicose, sendo a primeira, composta por uma cadeia glicosídica reta e a segunda,
ramificada (Figura 2.1).
O glicogênio, carboidrato de reserva no animal está distribuído principalmente nos
músculos e fígado e este é responsável pela manutenção da glicemia, especialmente
no metabolismo do jejum. O seu nível orgânico é próximo de 1%. A estrutura do
glicogênio é semelhante à da amilopectina, com maior número de cadeias ramificadas
sendo que o polímero apresenta de 6.000 a 30.000 unidades de glicose, dependendo
do estado metabólico do animal. O peso molecular do glicogênio do músculo é
estimado em 106 enquanto no fígado este valor é de 5 x 106. Este tamanho é variável,
todavia, pela adição ou remoção de unidades de glicose.
Um outro polímero de glicose importante é a celulose. Constitui a base da
estrutura da parede celular das plantas. O seu aproveitamento em aves e suínos é
limitado à fermentação microbiana do intestino grosso destas espécies, já que, não
produzem celulases nos seus tratos digestórios. Tem importância no processo físico da
digestão, influenciando na formação e condução do bôlo alimentar.
A hemi-celulose está presente também junto com a celulose, formando a estrutura
da parede celular. Difere da celulose, devido a sua boa solubilidade tanto em pH
alcalino como ácido. No processo de determinação da Fibra Bruta (FB) da análise
proximal, ocorre sua solubilização durante as digestões ácida e alcalina realizadas.
Uma boa fração de hemi-celulose das plantas pode ser solubilizada durante a digestão,
por outro lado, não se sabe se ocorre hidrólise de suas cadeias polissacarídicas e o
seu aproveitamento por aves e suínos se uso de enzimas exógenas. Devido essa
característica de solubilização da hemi-celulose, é que Van Soest (1967), pesquisador
Francês, desenvolveu um método de fracionamento dos constituintes da parede celular
de acordo com a solubilidade dos compostos em meios com pH variável (Figura 2.4),
que chamou FDN (Fibra em Detergente Neutro) e FDA (Fibra em Detergente Ácido). A
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hemi-celulose é insolúvel em pH neutro, sendo que a celulose, é solúvel apenas em
pH muito baixo (ácido) e a lignina em pH alcalino. Assim, a FDA contém celulose e
lignina, sendo extraída a hemi-celulose. Para as aves e os suínos, estas frações não
possuem importância dietética, já que, as rações destes animais não apresentam mais
do que 4% de fibra total. Por outro lado a FDA dos alimentos concentrados parece
exercer influência na estrutura da proteína, influenciando na digestão dos aminoácidos.
Exemplo desse fato é a maior digestibilidade de aminoácidos do milho de alta
qualidade proteica, quando comparado ao milho comum, devido principalmente ao
menor teor de FDA.
A lignina não pode ser considerada um polissacarídeo sendo as

Figura 2.4 – Solubilidade dos componentes da parede celular de acordo com o pH


da solução (Van Soest, 1967) .

vezes classificada juntamente com a fração dos carboidratos estruturais . Na verdade a


lignina é formada por um polímero de unidades de fenilpropano oxigenado. Esta
fração tem maior solubilidade em pH alcalino, sendo oxidada totalmente em solução de
permanganato de potássio . Utilizando desta característica, Van Soest (1967) pode
fazer o fracionamento final dos constituintes da parede celular vegetal.

2.2 LIPÍDEOS
Os lipídeos pertencem a um grupo de substâncias que são extraídas por
solventes orgânicos (éter, clorofórmio, hexana e benzeno) e comumente chamados de
extrato etéreo. Esta fração engloba várias substâncias apolares como pigmentos
vegetais, tocoferóis, alguns compostos flavonóides, entre outros. A maioria das plantas
possuem a reserva energética formada de carboidratos, com exceção das oleaginosas.
Por outro lado, a reserva energética básica dos animais é formada de gorduras. Além
de reserva energética orgânica, os lipídeos desempenham outras funções como por
exemplo estrutural (membrana das células) e hormônios.
Os lipídeos são divididos basicamente em três grupos:
a) Lipídeos simples
São formados por ésteres de ácidos graxos com álcool. Neste grupo estão as
gorduras e óleos (ácidos graxos + glicerol) e ceras (ácidos graxos + álcoois de cadeia
longa).
b) Lipídeos compostos
São formados por ésteres de ácidos graxos contendo outros grupos de
substâncias além do álcool e o ácido graxo. Entre os lipídeos compostos mais
importantes estão os fosfolipídeos lecitina , cefalina e esfingomielina, cerebrosídeos
(glicolipídeos) e lipoproteínas (lipoproteínas transportadoras).
c) Lipídeos derivados
São substâncias que por hidrólise, derivam dos citados e compreendem os ácidos
graxos livres e condensados.

2.2.1 Triglicerídeos
Do ponto de vista nutricional, os triglicerídeos (Figura 2.5) são os lipídeos mais
importantes, pois, representam a maneira mais fácil de elevar o conteúdo de energia
das rações. As gorduras ou óleos são compostos basicamente de triglicerídeos sendo
14
que suas características físicas dependem das insaturações dos ácidos graxos
esterificados. As gorduras animais normalmente possuem altas quantidades de ácidos
graxos saturados, sendo sólidos à temperatura ambiente. Por outro lado, a alta
concentração de ácidos graxos insaturados nos triglicerídeos dos óleos vegetais,
caracteriza a sua forma líquida à temperatura ambiente. Os ácidos graxos podem
apresentar uma ou mais insaturações. Como ácidos, monoenóicos tem-se os ácidos
oleico (série 9) e palmitoleico, encontrados nas gorduras. Os principais ácidos
polienóicos são linoleico (série 6) e linolênico (série 3), encontrados nos óleos
vegetais, e aracdônico, presente em pequenas quantidades no óleo de amendoim e
gordura animal. Outros ácidos graxos polinsaturados são encontrados na gema do ovo,
gordura de peixes de regiões frias e algas também dessas regiões. Estes ácidos são
da série 3 (eicosapentaenóico-EPA e docosahexaenóico-DHA).

FIGURA 2.5 Estrutura dos triglicerídeos

2.2.2 Fosfolipídeos
Os fosfolipídeos são lipídeos compostos que incluem ácido fosfatídico,
fosfatidilglicerol, fosfatidilcolina (lecitina), fosfatidile-tanolaminas, fosfatidilinositol,
fosfatidilserina, lisofosfolipídeos, esfin-gomielina.
Apesar do grande número de fosfolipídeos, eles aparecem em pequenas
concentrações nos tecidos desempenhando funções metabólicas importantes no
organismo. A lecitina por exemplo, desempenha papel fundamental na membrana das
células, controlando a sua permeabilidade, graças a sua dupla solubilidade sendo parte
da molécula lipossolúvel e parte hidrossolúvel. Além desta função, integra a maior
fração lipídica das principais lipoproteínas transportadoras (Lipoproteínas de densidade
muito baixa - VLDL, de baixa densidade - LDL e de alta densidade - HDL ).
As lipoproteínas desempenham papel importante no metabolismo dos lipídeos.
Têm função básica de transportar energia (triglicerídeos) e matéria-prima para as
células. O colesterol presente nas lipoproteínas, fornece a forma estrutural
imprescindível para formar as paredes das células (membranas) além de ser precursor
de vários hormônios sexuais, da vitamina D entre outros compostos importantes.
Os triglicerídeos são substâncias insolúveis em água, portanto também no
sangue. Por outro lado, as lipoproteínas por serem ao mesmo tempo hidrossolúvel
(estrutura externa) e lipossolúvel (estrutura interna), conseguem tranportar os lipídeos
em sua fase interna, sem haver segregação no meio hidrossolúvel que é o sangue.

2.2.3 Esteróis
Os compostos esteroidais possuem um núcleo comum chamado ciclopentano-
peridro-fenantreno (Figura 2.3). O mais comum esterol encontrado no animal é o
15
colesterol, que pode estar na forma livre ou esterificado com ácidos graxos. Apesar de
apresentar algumas características físicas dos lipídeos, o colesterol na verdade e‟ um
álcool. Tem origem endógena, sintetizado a partir do acetato no fígado ou exógena,
dos alimentos de origem animal. Alimentos como gema de ovos, gordura láctea e
carnes possuem teores de colesterol variado. Um ovo de 59g por exemplo, possue
somente 213 mg de colesterol. Nas plantas é encontrado o ergosterol, que é precursor
da vitamina D2. O colesterol orgânico, ao nível de pele no animal, pode ser
transformado em vitamina D3 pela ação dos raios UV.

FIGURA 2.6 Estrutura do colesterol


Do ponto de vista dietético para aves e suinos, este composto não têm
importância, pois é biossintetisado no fígado, por outro lado, a nível orgânico exerce
papel fundamental no metabolismo de diversos compostos e hormônios.

2.3 NITROGENADOS
2.3.1 Proteínas
As proteínas representam a maior fração dos compostos nitrogenados no
organismo animal, chegando a 20% do peso dos tecidos. São compostos de alto peso
molecular formados por unidades básicas (aminoácidos) ligadas por ligação peptídica.
Normalmente as proteínas dos alimentos vegetais possuem em torno de 16% de
nitrogênio. Baseado nesta concentração, foi desenvolvido o método de determinação
da proteína nos alimentos, através da avaliação do conteúdo de N total da amostra,
sendo multiplicado por 6,25 (100/16) segundo o Método de Kjeldahl.
Apesar de existir várias classificações para as proteínas, nutricionalmente podem
ser classificadas de acordo com sua composição. As proteínas simples, são solúveis
em água e álcool e fornecem por hidrólise somente aminoácidos. As conjugadas,
fornecem por hidrólises, aminoácidos e outras substâncias, chamadas de grupo
prostético. Estes compostos podem ser minerais como ferro, fósforo, lipídeos ou
glicose. Proteínas desnaturadas, são classificadas como derivadas.

2.3.2 Aminoácidos

Os aminoácidos ocorrem nas proteínas orgânicas na forma L--aminoácido.


Todos eles apresentam pelo menos um grupo amino na posição  e um grupo
carboxíla e podem ser classificados como aminoácidos, monoamino e
monocarboxílicos alifáticos, ácidos e suas amidas, básicos, aromáticos, iminoácidos e
aminoácidos formados por translação (Tabela 2.1).
16
TABELA 2.1: Classificação do -aminoácidos
Nome Abrevi Fórmula Estrutural Peso
ação Molecular
Monocarboxílico e Monoamino alifáticos

Glicina GLI 75

Alamina ALA 89

Valina VAL 117

Leucina LEU 131

Isoleucina ILE 131

Serina SER 105

Treonina TRE 119

Ácido
Aspático ASP 133

ÁCIDOS E SUAS AMIDAS


Ácido
Glutâmico GLU 147

Asparagina ASN 132

Glutamina GLN 146

BÁSICOS

Lisina LIS 146

17
Arginina ARG 174

Histidina HIS 155

Cisteína CIS 121

Metionina MET 149

Fenilalanina FEN 165

Tirosina TIR 181

Triptofano TRI 204

IMINOÁCIDOS

Prolina PRO 115

AMINOÁCIDOS FORMADOS POR TRANSLAÇÃO

Cisteina CIS-S-S-CIS 240

OH-Lisina OH-LIS 162

OH-Prolina OH-PRO 131

2.4 VITAMINAS
O termo vitamina significa aminas vitais geralmente descritas como compostos
orgânicos presentes em pequenas concentrações nos alimentos, distintos dos
carboidratos, proteínas, lipídeos e água, essenciais para o metabolismo normal dos
animais e, consequentemente, necessários para a saúde normal e funções fisiológicas
tais como , mantença, crescimento e reprodução. Causam sintomas de deficiência
específicos caso encontram-se ausentes ou em quantidades insuficientes para o
18
metabolismo orgânico normal.
Tradicionalmente as vitaminas estão divididas de acordo com a sua solubilidade
em lipossolúveis e hidrossolúveis. As vitaminas lipossolúveis são armazenadas no
organismo e são descritas como vitaminas do crescimento. Já as hidrossolúveis,
exceto colina, participam de coenzimas e são eliminadas após as reações metabólicas
e, por isso, são chamadas de vitaminas de mantença (Figura 8.1).

GLOSSÁRIO DAS VITAMINAS


Vitaminas Designação Alternativa
Lipossolúveis
Vitamina A Retinol/al
Ácido retinóico
Vitamina D Ergocalciferol (D2)
Colecalciferol (D3)
Vitamina E Alfa-tocoferol
Vitamina K Menadiona (K3)
Hidrossolúveis
Vitamina B1 Tiamina
Aneurina
Polineuramina
Vitamina F
Vitamina B2 Riboflavina
Vitamina B6 Piridoxina
Piridoxal
Piridoxamina
Adernina
Vitamina B12 Cianocobalamina
Fator extrinsico
Niacina Ácido nicotínico
Nicotinamida
Ácido Pantotênico Vitamina B3
Biotina Vitamina H
Bios 2
Folacina Coenzima R
Ácido fólico
Tetrahidrofolato (THF)
“Colina” Gossipina
Bilineurina
Vidina
Vitamina C Ácido ascórbico
Ácido Hexurônico

2.5 MINERAIS
Os minerais são considerados elementos essenciais para uma boa nutrição
19
animal. São classificados academicamente em macrominerais e microminerais ou
elementos traços. Esta classificação está relacionada com as concentrações dos
elementos nos tecidos (Tabela 2.2), que de certa forma, indicam as suas necessidades
orgânicas.

TABELA 2.2: Concentração dos minerais essenciais no organismo animal.


Classificação Elemento Concentração 1:
Macrominerais
Cálcio (Ca) 75
Fósforo (P) 135
Potássio (K) 526
Sódio (Na) 625
Enxofre (S) 627
Cloro (Cl) 909
Magnésio (Mg) 2.409
Microminerais
Ferro(Fe) 25.000
Zinco (Zn) 33.000
Cobre (Cu) 527.000
Iodo (I) 2.500.000
Manganês (Mn) 4.400.000
Cobalto (Co) 46.500.000
Selênio (se) 100.000.000

Fonte: Georgievski (1982).

De maneira geral, os minerais participam de funções variadas no organismo. Os


macroelementos Ca e P constituem a base da formação esquelética, enquanto que Na,
Cl e K, estão distribuídos em maiores concentrações nos tecidos moles, controlando o
equilíbrio ácido-básico orgânico. Os microelementos participam principalmente como
agentes catalíticos em todas as reações do metabolismo.
2.6 ÁGUA
A água pode ser considerado um dos mais críticos entre os nutrientes. A privação
da água para o animal é mais grave do que a falta de carboidratos, proteínas, ou outros
nutrientes. Representa um constituinte essencial para a estrutura das células, além de
ser meio para as reações químicas do metabolismo.
O mais numeroso átomo do organismo é o H enquanto que a água representa o
maior número de moléculas orgânicas.
A água não é simplesmente um meio na qual as reações podem ocorrer, pois, participa da
maioria das reações. sendo incorporada em outra molécula(a) ou formada após reações (b).

20
3

METABOLISMO DA ÁGUA

A água constitui um nutriente indispensável à vida animal. Todas as células


orgânicas necessitam de um aporte de água para exercer as suas funções.
O animal pode perder praticamente toda gordura corporal, metade das suas
proteínas orgânicas e aproximadamente 40% do seu peso e manter-se vivo, no
entanto, se perder apenas 10% de água ocorrerá transtornos que levam a sua morte.
Do ponto de vista econômico, a água representa o nutriente de mais baixo custo,
no entanto, fisiologicamente é essencial no metabolismo orgânico.
A bioquímica nutricional da água é complexa e de difícil entendimento. Não é uma
simples molécula HOH. Uma grande parte das moléculas de água estão interligadas
por pontes de hidrogênio formando complexas macromoléculas. A facilidade e rapidez
com que ocorre a dissociação desta molécula (HOH  H+ + OH-) é que caracteriza a
sua participação nas reações do metabolismo.

3.1 DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA CORPÓREA


A água está distribuída no corpo animal de forma heterogênea, de maneira a
manter o equilíbrio dinâmico entre os compartimentos do organismo (Figura 3.1). A
água intracelular representa mais de 45 % do peso vivo enquanto que o conteúdo
extra-celular aproximadamente 20%. O funcionamento normal do organismo se faz às
custas de perdas ininterruptas de água que devem ser repostas constantemente
através da água de bebida, principalmente. O conteúdo aquoso corpóreo é
relativamente constante, portanto, a entrada de água (ingestão) somada a água
metabólica devem se equilibrar a saída de água.
Na Tabela 3.1 estão apresentados os dados de balanço de água de frangos de
corte, de acordo com Leeson et al (1976). Verifica-se que as aves mantêm
praticamente constante a entrada e a saída de água no corpo. Na fase de crescimento,
ocorre balanço positivo devido à deposição nos tecidos. Nota-se também que as aves
jovens têm maior proporção de água corporal do que as adultas. A utilização da água
metabólica é aumentada com a idade das aves.
As excretas de frangos de corte contém de 60 a 70% umidade, enquanto as das
poedeiras apresentam ao redor de 80% de água. Este maior valor para as poedeiras
pode estar relacionado com a maior necessidade de perda de calor orgânico. As aves
não possuem glândulas sudoríparas e gastam em torno de 575 calorias de energia na
forma de calor para vaporizar 1 grama de água via respiração, já que, a perda de água
pela pele é restrita. Em frangos de corte, esta perda de calor pode chegar a mais de
50% do total em temperaturas ambiente variando de a 26 a 35ºC.

21
FIGURA 3.1: Distribuição dos líquidos do corpo em % do peso corporal
Howard (1975) estudando o balanço de água de poedeiras comerciais durante a
formação do ovo, verificou que estas aves consomem o dobro de água do que as que
não estão em postura. O aumento da ingestão de água ocorreu 12 horas antes da
oviposição, sendo que este alto consumo está associado ao ovo e também ao estresse
metabólico durante sua formação. Verificou também que nas horas que antecedem a
postura, as aves reduzem a ingestão de água, cessando o consumo duas horas antes
e, logo após a oviposição, a ave atinge o pico de ingestão de água.
TABELA 3.1: Metabolismo diário de água de frangos de corte
Umidade Entrada Saída
Idade Temp.
relativa
(sem) (ºC) (g) (g)
%
Metabo- Cresci Excre- respi-
Bebida Ração
lica mento tas ração
1 31 70 11,4 1,5 3,1 4,6 4,1 7,3
2 25 70 11,8 2,4 5,0 6,7 6,3 6,2
3 25 70 21,4 3,6 7,4 10,2 9,6 12,6
4 23 70 48,8 4,8 9,3 15,0 12,8 35,1
5 22 70 72,3 6,1 12,7 17,1 16,1 58,0
6 20 75 90,2 7,4 17,7 15,9 19,4 80,0
7 20 79 109,3 8,3 22,4 12,8 21,8 105,3
8 20 67 114,7 9,0 21,3 20,4 23,9 100,8

Adaptado de Leeson et al (1976).


O conteúdo da água do corpo dos animais decresce com o avançar da idade e
aumento do teor de gordura orgânica. Poedeiras leves, apresentam uma redução do
teor de água orgânica da 2ª para a 32ª semana de vida de 13,7%, porém, sem
alteração na percentagem de água no plasma sanguíneo (Tabela 3.2).
22
TABELA 3.2: Conteúdo de água corporal no plasma de aves Leghorn branca
de acordo com a idade.
Idade (semanas) % Plasma % Água Corporal
1 95,5 85,2
2 96,3 68,7
3 96,1 67,1
4 95,8 68,9
6 95,8 59,2
8 95,5 65,9
16 95,1 48,7
32 94,6 55,0

Patrick e Schaible (1980).


Interação negativa também é observada entre os conteúdos de água e gordura
corporal reflexo da variação do nível de energia metabolizável (EM) da ração em
frangos de corte (Figura .2).
Nos suínos, o aumento de peso vivo leva também a uma redução do teor de água
corporal, e, concomitantemente, aumento do conteúdo lipídico da carcaça (Tabela 3.3).
Normalmente as aves consomem água além de suas necessidades. Poedeiras da
raça Legohrn brancas, por exemplo, podem ser restringidas 10 a 20% do consumo de
água sem afetar o desempenho. No entanto, se a restrição exceder 20%, ocorrerá
prejuízos no desempenho destas (Patrick e Schaible, 1980).

FIGURA 3.2: Interação Gordura x Água Corpórea em função da variação do nível


energético de frangos de corte (Bertechini et al., 1991).

23
TABELA 3.3: Variação nos conteúdos de água e gordura corporal de acordo com o
peso vivo de suínos tipo carne.
Peso Vivo Percentagem da Carcaça
Kg Água Gordura
15 70,4 9,5
20 69,9 10,1
40 65,7 14,1
60 61,8 18,5
80 58,0 23,2
100 54,2 27,9
120 50,4 32,7

A.R.C. (1982)

3.2 PRINCIPAIS FUNÇÕES DA AGUA


 Digestão: processo hidrolítico;
 Absorção dos nutrientes do trato digestivo;
 Translocação de todos compostos químicos no organismo;
 Excreção de todos os resíduos do metabolismo orgânico;
 Secreção de hormônios, enzimas e outras substâncias bioquímicas;
 Termorregulação corporal: a água possui alto calor específico (=1) e com
isto facilita o armazenamento de grandes quantidades de calor com um
aumento limitado da sua temperatura, o que mantém constante a
temperatura do corpo;
 Manutenção da pressão osmótica intra-intercelular. A pressão osmótica dos
líquidos orgânicos é mantida de forma mais ou menos constante através da
ingestão ou eliminação de água ou eletrólitos;
 Equilíbrio ácido-básico: a homeostasis orgânica (manutenção do equilíbrio
ácido-básico) está sujeita constantemente a estados de acidoses ou
alcaloses. O processo oxidativo que ocorre no metabolismo orgânico resulta
na produção de resíduos como CO2, ácido láctico, SO2 entre outros, que
acidifica os líquidos extracelulares, e, através de mecanismos especiais
(reações aquosas), ocorre a eliminação resíduos de forma a manter a
homeostase orgânica;
 Facilita as reações enzimáticas que ocorrem no metabolismo intermediário,
onde a maioria delas são simples subtração e adição de água;
A água também desempenha uma série de funções especiais no organismo,
quais sejam:
a) Fluído cebroespinhal: protege o sistema nervoso, amortecendo choques.
b) Fluído sinovial: lubrificando as juntas.
c) Fluído auricular: transportando os sons.
d) Fluído intraocular: importante no processo da visão.
e) Fluído amniótico: protegendo o feto.

24
3.3 FONTES DE ÁGUA
Basicamente existem três fontes de água para os animais.

3.3.1 Água de Bebida


É a principal fonte de água para os animais, devendo ser limpa e livre de
contaminações. Na Tabela 3.4 estão os níveis máximos de partículas e pH da água
para consumo de aves e suínos. Existem certas características que afetam a qualidade
da água, tornando-a imprópria ao consumo de aves e suínos, quais sejam:
 Minerais traços: a presença de elementos tóxicos como flúor, selênio, ferro e
molibdênio em excesso são extremamente tóxicos.
 Nitrogênio: a presença de N na água indica decomposição matéria orgânica,
contaminação fecal ou nitratos. Os animais têm pequena tolerância a
presença de nitratos solúveis na água.
 Coloração: uma boa água de bebida deve ser incolor e ao mesmo tempo,
inodora e sem gosto.
 pH: o pH da água pode ser medido em sua alcalinidade ou acidez. Valores
ideais de pH da água variam de 7 a 7,6. No entanto, níveis de pH acima de
7,6 indica alcalinidade e deverá neste caso ser pesquisado níveis de cálcio e
magnésio.
 Dureza: a presença de excessos de sais de cálcio e magnésio tornam a
água imprópria para o consumo.
 Bactérias: a presença de bactérias na água indica matéria orgânica e/ou
contaminação fecal, havendo a necessidade de tratamento (cloretação).
TABELA 3.4: Níveis máximos de sólidos e pH da água para consumo.
Itens Níveis Máximos
Sólidos Totais 1000 ppm
Ferro solúvel ou coloidal 50 ppm
pH 7,6
Nitratos 50 ppm
Sulfatos 250 ppm
Cloreto Sódio 500 ppm
Bactérias E.coli Ausência
Arsênico 0,2
Cromo 1,0
Cobalto 1,0
Cobre 0,5
Flúor 2,0
Mercúrio 0,01
Vanádio 0,1
Zinco 25,0

Boletim FAO

25
3.3.2 Água Metabólica
Refere-se à água formada durante o processo de oxidação dos H 2 contidos nas
proteínas, carboidratos e gorduras a nível de metabolismo orgânico.
As gorduras produzem maior quantidade de água metabólica que os carboidratos
e proteínas (Tabela 3.5). No entanto, os carboidratos produzem maiores quantidades
de água metabólica por kcal de energia metabolizável (EM) produzida. Neste caso, em
condições de privação de água, seria indicado a ingestão de carboidratos.

TABELA 3.5: Produção de água metabólica de carboidratos,, proteínas


gorduras.
H20 Valor H20 Metabólica/
Nutriente
Metabólica/100g Calórico 100 Kcal de EM
Caboidratos 60 400 15,0
Proteínas 42 400 10,5
Gorduras 100 900 11,1

Demonstração da produção de água metabólica

1)Oxidação da glicose:
C6H12O6 + 602 -------> 6CO2 + 6H2O + Energia
Pesos moleculares: glicose = 180
6H2O = 108

Água Metábólica , % = 108 x 100 = 60%


180

2) Oxidação do tripalmitilglicerol:
C51H97O6 + 72,502  51 CO2 + 49H2O + Energia
Pesos Moleculares: tripalmitiglicerol = 805
49 H2O = 882
Água Metábólica , % = 882 x 100 = 100%(+)
805

3) Oxidação das proteínas:


Processo complexo, porém em média:
100 gramas de proteína = 42 g de H2O + Energia

3.3.3 Água Coloidal


Representa a água presa nos alimentos. Os alimentos suculentos possuem alto
teor de água que contribui para o atendimento das necessidades diárias dos animais.
No entanto, os 10 ou 12% de umidade contida normalmente nos ingredientes de rações
(milho, farelo de soja, etc) está na forma presa aos nutrientes, não contribuindo para as
necessidades imediatas do animal.

26
3.4 FATORES QUE AFETAM A INGESTÃO DE AGUA

3.4.1 Temperatura e Umidade Relativa Ambiente


O aumento da temperatura ambiente leva a um incremento no consumo de água.
As perdas de calor corporal pelos suínos é um processo dificultoso, já que, na
evaporação cutânea e na respiração são pequenas. Em clima quente há a necessidade
de auxiliar a perda de calor destes animais através de ambientes adequados e água
fresca. No caso das aves, aproximadamente 50% da dissipação do calor corporal é
feito através da respiração. A água de bebida representa para aves uma importante
maneira de consumo de calor corporal. Frangos de corte e poedeiras comerciais
dobram o consumo de água quando a temperatura ambiente passa de 20 para 32ºC
(Tabela 3.6).
Normalmente o aumento do calor ambiente leva a um incremento na transpiração
ou respiração que eleva as necessidades de água. Por outro lado, em condições de
temperaturas baixas, ocorre o catabolismo das proteínas orgânicas que aumenta as
exigências de água, também.
A umidade relativa é que determina a zona de temperatura de conforto dos
animais. A associação de altas temperaturas e umidade relativa ambiente, dificultam as
trocas de calor animal-ambiente, e, resulta em estresse calórico, levando a alto
consumo de água. Por outro lado, a baixa umidade relativa do ar leva a maior
transpiração e maior consumo de água para reposição das perdas.

TABELA 3.6 Consumo de água por aves (ml/dia) de acordo com a temperatura
ambiente.
TEMPERATURA, ºC
AVES
20 32
POEDEIRAS
Sem produção 150 250
50% produção 180 340
90% produção 200 400
MATRIZES PESADAS
4 semanas 75 140
12 semanas 140 250
18 semanas 180 360
50% produção 200 380
80% produção 230 400
FRANGOS DE CORTE
1 semana 24 50
3 semanas 100 210
6 semanas 280 460
PERUS
1 semana 24 50
4 semanas 110 220
12 semanas 350 650
18 semanas 500 1000
Adaptado de Leeson & Summers (2001)
27
3.4.2 Função Fisiológica
A necessidade de água depende da função fisiológica. Porcas em lactação
exigem mais água do que as gestantes e estas mais do que os animais em
crescimento (Tabela 3.7). As aves também apresentam diferenças de consumo de
água em função da finalidade fisiológica (Tabela 3.6)
TABELA 3.7: Consumo de água por Suínos (ambiente termoneutro)
Categoria Litros/Animal/Dia
Leitões desmamados 0,149 + (3,053 x consumo
ração)
Crescimento/terminação 2 a 3 x consumo ração
Gestação 6,5 a 10
Lactação 20
Adaptado do N.R.C. (1998).

3.4.3 Espécie Animal


As aves exigem menor quantidade de água do que os mamíferos em
percentagem do peso vivo. Este fato é devido ao tipo de excreção de nitrogênio
urinário. As aves excretam ácido úrico que necessita menor quantidade de água para
eliminação do que a uréia nos mamíferos.

3.4.4 Idade do Animal


O consumo de água aumenta com a idade (Tabela 3.8), porém, decresce em
relação ao peso vivo. Este aumento de consumo de água está correlacionado com o
aumento do consumo de ração.

TABELA 3.8 Consumo de água por aves (ml/dia) de acordo com a idade.
Idade Frangos de Poedeiras Perus
Semanas Corte comerciais
1 32 29 55
2 68 43 103
3 104 57 148
4 143 71 209
5 178 86 285
6 214 100 358
7 250 107 435
8 286 114 514
9 - 122 612
10 - 129 696
12 - 145 777
15 - 158 812
10 - 171 832
35 - 228 1000
Adaptado do NRC (1994)

28
3.5 NECESSIDADE DE ÁGUA

As aves de uma maneira geral consomem mais água do que as suas


necessidades. A restrição de 10 a 20% de água para poedeiras, por exemplo, não afeta
a produção, no entanto, acima de 20% ocorre prejuízo no desempenho a partir de 36
horas de restrição (Patrick e Schaible, 1980).
Os consumos de água por aves estão apresentados na Tabela 3.6 que evidencia
a grande diferença na ingestão de água em função do estádio de desenvolvimento e
função fisiológica.
As necessidades de água pelos suínos são bastante variadas em função da
idade, tipo e quantidade de ração ingerida e estado fisiológico. Os leitões e porcas em
lactação possuem exigências de água mais elevadas. Os primeiros, devido à
manutenção do alto teor de água corporal (70-80%) e as segundas, pela alta perda
água através do leite produzido. A medida que o suíno cresce, requer
proporcionalmente menor quantidade de água devido a consumir menor quantidade de
alimento por unidade de peso corporal associada a redução do conteúdo hídrico
corporal. De maneira geral, os suínos consomem quantidades constantes de água em
relação ao consumo de ração diária. Segundo o N.R.C (1998), os suínos consomem
de 1,9 a 2,5 kg água por kg de ração seca; os leitões de 5 a 8 semanas 20 kg de água
por 100 kg de peso vivo e os suínos em terminação, 7 kg de água por 100 kg de peso
por dia.

3.6 RESTRIÇÃO DE ÁGUA

As aves e suínos com acesso livre ao bebedouro apresentam consumo de ração


de acordo com as suas necessidades nutricionais, principalmente energia. Por outro
lado, a restrição de água, pode ser utilizada com objetivos específicos. No caso de
frangos de corte, por exemplo, a restrição de água é um dos métodos utilizados para
regular a taxa de crescimento visando reduzir a mortalidade por síndrome ascítica e a
gordura abdominal na carcaça da ave. Na Tabela 3.9, estão adaptados dados de
Kellrup et al. (1971) onde mostram o grau de redução na ingestão de ração de acordo
com a intensidade da restrição de água.
As poedeiras comerciais quando privadas de água por período longo (24 h),
resulta em queda na postura, podendo chegar a zero. No entanto, a restrição de água
por períodos curtos não afeta a produção. Nos casos de altas temperaturas, como
ocorre no verão, a restrição de água por 1-3 h pode reduzir os efeitos do
superconsumo de água, que prejudica na absorção de nutrientes ( e.g. cálcio) e a
qualidade da casca, além de aumentar a umidade das excretas.
TABELA 3.9 Efeito da restrição de água no consumo de ração por frangos de
corte.
Semanas de idade Restrição de água
0 10 20 30 40 50
%
2 100 84 84 75 73 70
4 100 98 94 90 85 80
6 100 88 82 78 73 71
Média 100 90 87 81 77 74

Dados adaptados de Kellerup et al. (1971).


29
Em matrizes pesadas, a restrição de água associada a programas de
alimentação, são utilizados no controle de peso dessas aves.

METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS

Os carboidratos são definidos como polihidroxialdeídos ou cetonas e representam


a principal fonte de energia para as rações de aves e suínos.
O produto final da digestão dos carboidratos são açúcares simples que são
metabolizados organicamente produzindo água, CO2 e energia, ou participando da
construção de outras substâncias.
Quantitativamente três polissacarídeos são de importância nutricional para
monogástricos, que são o amido, a celulose e o glicogênio. São polímeros de glicose,
geralmente classificados como homopolissacarídeos, desde que compostos somente
por glicose.
O amido é o principal polissacarídeo digerível das plantas, presentes em grandes
quantidades nos grãos cereais. É, composto por unidades de glicose polimerizadas
através de ligações glicosídicas alfa-1,4 e alfa-1,6. A sua digestibilidade é superior a
95%.
A celulose é um polímero de glicose com ligações do tipo β-1,4. A digestibilidade
da celulose para aves e suínos é limitada, no entanto, exerce função importante no
controle da taxa de passagem do bolo alimentar nos vários compartimentos do trato
digestório. A presença de celulose na moela da ave, melhora o aproveitamento do
amido pela redução da velocidade de passagem neste compartimento e intestino
delgado. Enquanto dietas contendo amido puro, detecta-se resíduos da ração após 2
horas no intestino grosso das aves, a presença da celulose retarda este tempo para 3
horas melhorando a digestão e absorção dos açúcares solúveis.
Apesar da digestão da celulose ser limitada para suínos e aves, estes animais,
quando adultos conseguem uma taxa relativamente boa de fermentação no intestino
grosso, possibilitando alguma digestão da fração fibrosa da ração, com a produção de
ácidos graxos voláteis. Em suínos, estes ácidos produzidos no intestino grosso podem
representar uma fonte de energia a mais para o animal.
O glicogênio foi descoberto primeiramente por Claude Bernard em 1956, quando
estudou a relação entre o glicogênio hepático e o conteúdo de glicose no sangue. É a
forma de reserva de carboidratos no organismo, sendo pequena (1-1,5%) e distribuída
no fígado e músculos. Serve para utilização imediata, em casos de recuperação dos
níveis de glicose sanguínea ou gasto energético muscular.
Os carboidratos nutricionalmente importantes são sintetizados pelas plantas
através da fotossíntese a partir da água solo e CO2 do ar segundo a reação a seguir.

6 CO2 + 12H2O C6H12O6 + CO2 + 6H2O


Dióxido de
Água Clorofila Carboidrato Oxigênio Água
carbono

30
Enquanto a forma de energia armazenada no organismo é a gordura, nos
vegetais, os carboidratos representam a maior reserva (Tabela 4.1). Na maioria dos
vegetais, a exceção das sementes oleaginosas, o carboidrato é em geral o principal
componente. Na análise proximal dos alimentos, a fração carboidrato é representado
por açúcares solúveis (extrativo não nitrogenado) e fibra bruta (teoricamente composta
por celulose, hemicelulose e lignina) que representa os carboidratos estruturais.

TABELA 4.1: Conteúdo de carboidratos de alguns ingredientes de origem


vegetal e animal (%).
Fontes ENN1 AMIDO1 FDN2 FDA2
Milho1 72,08 62,30 11,40 3,42
Soja Integral 24,00 9,80 13,70 8,10
Farelo de Soja 31,50 13,50 14,12 7,79
45%
Feno de Alfafa 34,00 45,00 35,00
Farinha de Carne 1,60
Ossos
Farinha de Peixe 7,37
Amido de Milho 87,87 87,87

1 Tabelas AEC (1987), 2. Rostagno et al. (2000).

4.1 DESTINOS METABÓLICOS DOS CARBOIDRATOS DA DIETA


Os carboidratos, ao serem ingeridos por aves ou suínos na forma de amido ou
qualquer outro açúcar solúvel, são umedecidos pela saliva onde a água embebe as
partículas que facilita a digestão . Nos suínos, já na boca, começa a haver uma
pequena hidrólise do amido pela ação de alfa-amilase, com produção de sacarídeos de
menor cadeia como as dextroses e maltoses. No estômago ocorre a paralização da
digestão devido ao pH ácido, sendo continuada no intestino delgado, pela ação de
sacaridases específicas, com a produção final de monossacarídeos, que são
absorvidos. Apesar de haver absorção dos vários tipos de monossacarídeos, a nível de
parede intestinal ocorre a interconversão para glicose. Alguma frutose poderá circular
no sangue e mesmo no fígado pode ocorrer esta transformação.
A maior fração de todo carboidrato absorvido por aves e suínos é metabolizado
na forma de lipídeos, que representa a reserva energética animal. No caso das aves de
postura, esta gordura formada será utilizada para a produção do ovo. No entanto, em
suínos em engorda e frangos de corte, ocorre a sua deposição nos adipócitos destes
animais.
Durante a fase de crescimento destes animais, os carboidratos dietéticos
possuem função maior a de oxidarem para fornecer energia aos processos
metabólicos (anabolismo). Após a fase de crescimento, grande parte dos carboidratos
dietéticos irão integrar o metabolismo dos lipídeos através da lipogênese.

4.3.1 Rotas Metabólicas mais Importantes e seus Controles

Após absorção, a nível principalmente de jejuno, o carboidrato dietético pode


seguir uma série de rotas do metabolismo (Figura 4.1).
1) Glicólisis: é o processo de oxidação da glicose a piruvato e lactato, também
31
chamada de via glicolítica ou de Embden – Meyerhof Parnas. Esta rota
representa a maneira mais rápida de fornecimento de energia para o
organismo. Produz duas ligações de alta energia para o metabolismo
orgânico. As enzimas envolvidas na utilização da glicose e/ou frutose, são
ativadas sobre as condições de necessidade de energia na célula ou a
redução da glicemia. A secreção de insulina, na qual é responsável pelo nível
glicêmico, controla a atividade destas enzimas. Em suínos, os níveis de
insulina são relativamente altos (hiperinsulinênicos) em relação a outros
animais . O início da glicólisis começa com a fosforilação das hexoses através
da hexoquinase muscular e/ou glicoquinase do fígado. A diferença de atuação
destas duas enzimas é que a primeira trabalha em baixas concentrações de
glicose e a segunda em altas .
2) Glicogenólisis: representa a quebra do glicogênio muscular e hepático, com
liberação de unidades de glicose, em resposta à necessidade de recuperação
dos níveis séricos de glicose. O hormônio glucagon, produzido no pâncreas
(células α das Ilhotas de Langerhans), tem função de ativação do sistema
enzimático, para que ocorra a quebra do glicogênio. Esta rota ocorre somente
quando o animal está em jejum ou em condições de estresse.
3) Glicogênese: haverá glicogênese para recuperar os pequenos depósitos de
glicogênio no músculo e fígado, a partir da glicose 6-P, tendo a glicogênio
sintetase como importante enzima no processo.
4) Gliconeogenese - é a formação de glicose ou mesmo glicogênio, a partir de
compostos que não carboidratos. Os aminoácidos por exemplo, podem
participar desta biossíntese, através de suas entradas via ciclo de Krebs. Esta
condição poderá ocorrer quando o animal estiver em estado de jejum
prolongado ou receber excesso de proteína na dieta.
5) Ciclo da Pentose Fosfatada: é uma rota alternativa da via glicolítica, mais
rápida e tem a finalidade básica, de produzir NADPH + H+ para a biossíntese
dos ácidos graxos, durante a lipogênese. Este ciclo ocorre principalmente
para o metabolismo das células sanguíneas. As células vermelhas do sangue
possuem mitocôndria e, consequentemente cadeia respiratória. Esta volta
metabólica evita a formação de ATP, já que, a célula estaria suprida de
energia, evitando com isto, a utilização de NADH + H + abaixo do gliceroldeido
3-P da glicólisis. Existe um mecanismo tal que ativa a glicose - 6-P
desidrogenase (importante enzima do ciclo), quando há necessidade de
depositar gorduras no organismo por conta da ingestão de carboidratos
(glicose).
6) Ciclo de Krebs: este ciclo atua na rota final da oxidação dos carboidratos e
produzirá a maior quantidade de ligações de alta energia (ATP), via cadeia
respiratória acoplada. Durante a oxidação do acetato a CO 2 e H2O, são
gerados 36 ATP líquidos.

7) Lipogênese : biossíntese de ácidos graxos a partir de intermediários do ciclo


de Krebs. O citrato e o isocitrato são intermediários da mitocôndria que
conseguem passar pela parede desta organela celular e após clivagem neste
compartimento, integra o processo de elongamento e dessaturação da cadeia
do ácido graxo, sendo no final, esterificado ao glicerol, formando os
triglicerídeos.

32
FIGURA 4.1: Destinos Metabólicos dos Carboidratos Dietéticos

4.4 UTILIZAÇÃO DE CARBOIDRATOS POR SUÍNOS


Os leitões recém nascidos são incapazes de utilizar certos carboidratos dietéticos
devido a insuficiente atividade enzimática das enzimas. Somente a lactose é bem
aproveitada no início da vida extra uterina do leitão devido a presença da lactase,
enzima que desdobra a lactose em glicose e galactose. A atividade de outras
carboidrases (maltase, sacarase e amilase) vão sendo desenvolvidas com a idade do
leitão sendo que a partir de 21 dias, ocorre o aproveitamento eficiente de maltose,
sacarose e amido dietéticos (Figura 4.2). Por outro lado, com o avanço da idade ocorre
a redução da atividade lactásica. Pesquisas relatam a adaptação do trato digestório no
que se refere ao desenvolvimento de atividade enzimática. O fornecimento de rações
na fase pré-inicial (fase de amamentação) tem por finalidade ativar o sistema
enzimático do leitão evitando em parte, os problemas de diarréia causados durante a
fase pós-desmama destes animais. Por outro lado, pesquisas recentes discordam
desta prática por ativar o sistema imunológico dos leitões com a presença de proteína
vegetal nesta dieta.

FIGURA 4.2: Atividade das enzimas em leitões


A digestibilidade dos carboidratos da dieta depende da presença
de carboidrases no sistema digestório dos animais monogástricos. Enquanto os
carboidratos solúveis dos grãos cereais representados pelo extrativo não nitrogenado,
da análise proximal, apresentam alta digestibilidade (60-90%) , os insolúveis (fração
fibra) apresentam digestibilidades baixas (Tabela 4.4).

33
TABELA 4.4: Digestibilidade da fração fibra bruta e extrativo não nitrogenado de
diversos alimentos para suínos e aves.
Alimento % FB % ENN Espécie Digestibilidade
(%)
FB ENN
Milho 3,5 72 suínos 30 93
aves 13 90
Trigo 2,5 69 suínos 45 79
aves 9 89
Cevada 5,5 70 suínos 15 86
aves 11 82
Aveia 11,3 60 suínos 11 79
aves 7 69
Alfafa 33 35 suínos 21 66
aves 1 34

4.5 UTILIZAÇÃO DA FIBRA BRUTA POR SUÍNOS E AVES


Os animais monogástricos se caracterizam pela pequena capacidade de digerir
alimentos fibrosos, no entanto, em certos estágios fisiológicos, esta pequena digestão
pode atender as necessidades de manutenção destes animais.
Fêmeas suínas no estágio de gestação, por exemplo, devem receber uma
alimentação mais fibrosa do que os animais em engorda. Algumas pesquisas
evidenciam a necessidade de um nível entre 5 e 7% de fibra bruta na ração de fêmeas
em gestação, evitando que engordem em demasia e prejudicando a reprodução destes
animais.
Os níveis de fibra bruta que poderiam ser utilizados pelos suínos dependem de
uma série de fatores como:
 Tipo e níveis de fibra da ração;
 Níveis dos outros nutrientes na ração; e
 Idade e/ou peso dos animais.
Rações à base de milho e farelo de soja proporcionam nível de fibra bruta em
torno de 3%.
Os suínos, a partir de 30 kg de peso vivo, possuem intestino grosso desenvolvido
com boa capacidade de digestão da fibra da ração. A utilização de compostos
ionóforos (anticoccidianos) em dietas com altos teores de FB para suínos, tem
melhorado a digestibilidade desta fração, resultando em maior produção de ácidos
graxos voláteis no intestino grosso que podem contribuir para o atendimento de parte
das necessidades de energia para a manutenção desses animais. Bertechini et al.
(1992) estudaram a inclusão de salinomicina (37,5 ppm) em dietas com a alta fibra para
suínos em crescimento (Tabela 4.5) e verificaram melhoria significativa na
digestibilidade da FB (45,5 x 63,7%) para ração com altos conteúdos de FB (7,8%).

34
TABELA 4.5 Efeito da salinomicina na digestibilidade da fibra em suinos na fase
de crescimento.
Nível de FB na ração (%)
Nitrientes 2,8 2,8 7,8 7,8
Salinomicina
- + - +
FB 55,72 57,61 45,50 b 63,75 a
MS 87,89 89,21 73,00 78,16
PB 88,38 87,71 75,60 78,90
a , b (P<0,05) Bertechini et al. (1992)

METABOLISMO DOS LIPÍDEOS

Os lipídeos formam um grupo de substâncias heterogêneas, solúveis em


solventes apolares (éter, clorofórmio, acetona, hexana,) com pequena ou nenhuma
solubilidade em água. Compreendem as gorduras, óleos, ceras e compostos
relacionados.
As gorduras/óleos são importantes do ponto de vista nutricional e são
encontrados de forma abundante na natureza.

5.1 FUNÇÕES DOS LIPÍDEOS


Os lipídeos desempenham uma série de funções orgânicas. A maior fração do
carboidrato absorvido no intestino delgado de aves e suínos é metabolizado como
gordura e armazenado como tal; portanto, funções estrutural e reserva energética são
básicas. Como fonte de energia, as gorduras produzem 2,25 vezes mais calorias do
que os carboidratos. Enquanto 1 grama de óleo vegetal produz 9 kcal de energia no
metabolismo, 1 grama de carboidrato produz somente 4,0 kcal. A gordura que recobre
o corpo animal tem como função proteção e o isolamento. São precursores de
vitaminas lipossolúveis e ácido graxo essencial. Participam na secreção de bile e
síntese de prostaglandinas, hormônios de importância vital na reprodução. Em
condições de privação de água, as gorduras queimadas no organismo liberam maiores
quantidades de água metabólica do que o seu peso oxidado. Nas rações, os lipídeos
melhoram a palatabilidade, reduzem a poeira e a perda de nutrientes, auxilia na
manutenção de equipamentos, facilitam a peletização, além de ser o método prático de
se elevar o conteúdo energético e melhorar a conversão da dieta. Certas funções
específicas são somente exercidas por estes nutrientes, daí a consagração do termo
Ação Dinâmica Específica das Gorduras (também chamado de Valor-Extra-
Calórico), que tem um significado mais amplo. Esta ação seria o resultado de um
conjunto de fatores como o fornecimento vita
minas lipossolúveis, ácidos graxos essenciais e energia de baixo incremento
calórico, favorecimento da absorção e aproveitamento de vitaminas e ácidos graxos,
melhoria na digestibilidade dos aminoácidos e dos carboidratos da dieta, entre outras.
Mateos e Sell (1980) estudaram os efeitos da adição de gordura sobre os valores
de EM de açúcares de dietas de poedeiras. Encontraram aumentos do valor de
energia da sacarose de 6,5% quando elevou a adição de gordura de zero para 6%. No
caso do amido o aumento foi de 5,4%.
35
Em trabalho realizado por Furman (1992), foi verificado uma melhoria na
digestibilidade dos aminoácidos com perús e frangos de corte entre 5 e 6 % com a
adição de gorduras às rações.
Segundo Sklan et al.(1996) existe catabolismo de ácidos graxos a nível de
mucosa epitelial sendo que esta geração de energia, contribui no processo de
absorção, resultando em melhoria da digestibilidade da maioria dos nutrientes.

5.2 DESTINOS METABÓLICOS DOS LIPÍDEOS DA DIETA


Os lipídeos dietéticos (triglicerídeos, principalmente) são digeridos e absorvidos
basicamente no intestino delgado e podem seguir vários destinos metabólicos (Figura
5.1). Neste segmento do trato digestório, ocorre a emulsificação e hidrólise dos
triglicerídeos, que formam micelas com ácidos e sais biliares e são absorvidas através
do microvilo intestinal. Ao nível da mucosa intestinal ocorre reesterificação dos ácidos
graxos à molécula de glicerol, formando a partir daí, os quilomicrons, que são
transportados na corrente sanguínea. Nas aves, a absorção se faz através do
mesentério e suínos pelos vasos linfáticos. Ambas as circulações caem no fígado onde
ocorre o metabolismo maior dos lipídeos. O fígado distribui os lipídeos para as células
gerais (oxidação), para a síntese de gorduras modificadas, envia os ácidos graxos
para a formação de lipídeos de reserva (suínos o toucinho, poedeiras a gema do ovo,
os frangos de corte, a gordura da carcaça e abdominal).
Existe diferença no local básico de lipogênese entre aves e suinos. Nos suínos,
ocorre praticamente no tecido adiposo, no entanto, nas aves, a lipogênese se processa
basicamente no fígado (98%).
A presença de glicerolquinose (enzima de esterificação dos ácidos graxos ao
glicerol) no tecido adiposo dos suínos, favorece a mudança rápida do perfil de ácidos
graxos no triglicerídeo dos adipócitos, em função do tipo de gordura ingerida. Esta
caracteristica dos suínos permite que se modifique rapidamente a textura da gordura
depositada através da manipulação da composição da dieta. O uso de óleos na fase
pré-abate, resulta em deposição proporcional à ingestão de ácidos graxos insaturados,
na gordura da carcaça, alterando esta textura.

36
FIGURA 5.1: Destinos metabólicos dos lipídeos da dieta

5.3 ÁCIDOS GRAXOS


Os ácidos graxos são produtos da hidrólise dos triglicerídeos. De maneira geral
estão presentes nas gorduras animal e vegetal em número par de carbonos devido a
biossíntese a partir de unidades de dois carbonos (Tabela 5.1). São classificados em
saturados e insaturados. O ponto de fusão dos ácidos graxos se eleva a partir de oito
carbonos na molécula enquanto os insaturados são líquidos à temperatura ambiente.
A composição de ácidos graxos ligados à molécula de glicerol determina a
qualidade física da gordura. Os óleos vegetais por exemplo (Tabela 5.2), são
basicamente compostos de ácidos graxos insaturados e de qualidade líquida. No
entanto, os altos teores de ácidos graxos saturados nas gorduras de origem animal
(Tabela 5.3) determinam a sua característica física sólida à temperatura ambiente . O
índice de iôdo, desta tabela, indica a identidade de cada fonte, sendo um ítem de
avalilação da qualidade da gordura.

37
TABELA 5.1: Ácidos graxos encontrados nos lipídeos e seus pontos fusão.
Ácidos Graxos Fórmula Ponto de Fusão
ºC
Saturados:
Butírico C4H8O2 Liquido
Hexanoico C6H12O2 Líquido
Octanoico C8H16O2 16
Decanoico C10H20O2 31
Láurico C12H24O2 44
Merístico C14H28O2 54
Palmítico C16H32O2 63
Esteárico C18H38O2 70
Aráquico C20H40O2 75
Lignocérico C24H48O2 84
Insaturados
Palmitoleico C16H30O2 Líquido
Oléico C18H34O2 Líquido
Linoleico C18H32O2 Líquido
Linolênico – (-3) C18H30O2 Líquido
Araquidônico C20H32O2 Líquido
Clupanodônico C20H34O2 Líquido
Eicosapentaenóico – C20H30O2 Líquido
EPA (-3)
Docosahexaenóico- C22H32O2 Líquido
DHA (-3)

Conn e Stumpf (1975).

TABELA 5.2: Composição (%) aproximada dos óleos vegetais.


SATURADOS INSATURADOS
Índice
Fontes 14:0 16:0 18:0 18:1 18:2 18:3 20:
de Iodo
0 (w6) (w3) 4
Girassol 136 - 5,5 5,0 20,5 69,0 - -
Soja 132 0,2 12,0 4,3 23,0 53,0 8,0 -
Milho 128 - 9,5 4,5 35,5 49,0 0,5 -
Algodão 110 1,4 23,0 1,0 24,0 49,6 - -
Canola 1,0 5,0 2,0 59,0 22,0 10,0 -
Linhaça 22,2 20,5 33,5 1,0
Coco 8 76,0 10,0 4,0 7,0 3,0 - -

Maynard & Loosli (1982); Emken (1997)

38
TABELA 5.3: Composição (%) aproximada das gorduras animais.
Índice SATURADOS INSATURADOS
Fontes de 18:2 18:3
Iodo 14:0 16:0 18:00 18:1 20:4
(w6) (w3)

0,5
Aves 80 1,4 21,4 5,9 39,5 23,5 1,0
-
Suínos 62 1,4 28,2 12,8 48,0 11,0 0,6

Manteiga 1,5 29,0 11,0 30,8 5,0 0,2 -

Sebo
40 3,5 28,4 18,1 44,0 3,0 1,0 -
Bovino

Ovo gema 0,3 22,8 8,00 35,5 11,7 0,3 1,5


Emken (1997, Rosa (1999) e Egg Nutrition Centre (2002)

5.4 ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGE)


Os ácidos graxos linoléico e aracdônico são considerados essenciais ao
organismo animal. No entanto, a nível hepático, ocorre a síntese do ácido aracdônico a
partir do linoléico, com a presença da vitamina B6. Desta forma, pode-se considerar
que somente o ácido linoléico (C18:2) é dieteticamente essencial.
TABELA 5.3: Valores de absorbabilidade de ácidos graxos e triglicerídeos
determinados com aves.
Taxa de Absorção
Idade das Aves
acima de 8
3-4 semanas
semanas
Ácidos Graxos
Láurico (12:0) 65 -
Mirístico (14:0) 25 29
Palmítico (16:0) 2 12
Esteárico (18:0) 0 4
Oléico (18:1) 88 94
Linoléico (18:2) 91 95
Triglicerídeos
Óleo de Soja 96 96
Óleo de Milho 84 95
Gordura Suína 92 93
Óleo de peixe 88
Gordura Bovina 70 76
Óleo de
87 96
Restaurante
Adaptado de Leeson e Summers (2001).
39
O ácido graxo aracdônico é tido como fisiologicamente essencial. Em caso de
deficiência dietética de linoléico, ocorre reações a nível metabólico (elongamento e
dessaturação) no sentido de produzir aracdônico, porém, há a formação de um ácido
graxo com vinte carbonos e três duplas ligações (eicosatrienóico) que não exerce as
funções do aracdònico (eicosatetraenóico).
As exigências dietéticas de ácido linoléico para poedeiras, frangos de corte e
suínos são respectivamente de 1,6, 1,0 e 0,1% (NRC, 1994/1998).
Em rações de suínos, dificilmente haveria necessidade de suplementação do
ácido linoléico, onde os ingredientes normalmente suprem a necessidade.
No caso das aves de corte (exigência aproximada de 1,0%), em rações a base de
milho, não haveria necessidade de suplementação. Este cereal contém
aproximadamente 3,0% de gordura com 45% de ácido linoléico, e, participando pelo
menos com 65% dessas rações, corresponderia a um nível de 1,0%, portanto,
atendendo as necessidades nutricionais . Porém, rações de poedeiras deve-se
preocupar com este ácido graxo, principalmente por influir no tamanho do ovo, além de
ter uma exigência dietética maior do que para frangos de corte. No caso dos suinos
pesquisas realizadas por Enser (1984), indica que estes animais podem ser criados
desde a fase inicial até o abate com somente 0,1% de ácido linoleico. Por outro lado, o
ARC (1981), sugere as necessidades de AGE como 3% da ED da dieta para suinos
acima de 30 Kg de peso vivo e 1,5% da ED para animais de 30 a 90 Kg. Estes valores
equivalem a 1,2 e 0,6%, aproximadamente, nas dietas destes suinos, respectivamente.

Sintomas de deficiência de ácido linoléico


a) Aves
 crescimento retardado;
 fígado gorduroso;
 redução do tamanho dos ovos;
 redução da taxa de postura;
 redução na eclodibilidade dos ovos;
 elevação da mortalidade embrionária durante a incubação.

b) Suínos
 perda do pêlo;
 dermatite escamoso-casposa;
 pelo seco e quebradiço;
 deficiência na produção de bile;
 atrofia dos testículos;
 redução ou falta de espermatogênese.

Ácido Linoleico Conjugado (ALC)


O ácido linoleico contém 18 carbonos e duas duplas ligações,
normalmente nos carbonos 9 e 12 da cadeia. Por outro lado os ácidos linoleico
que se encontram conjugados, apresentam duplas ligações nos carbonos 9 e 11
40
ou 10 e 12, diferentemente da situação normal. Os óleos vegetais e os tecidos
animais possuem certas quantidades desses ácidos conjugados. Por outro lado, a
concentração nas carnes de aves e suínos e ovos, está diretamente relacionada
com a quantidade consumida Estes ácidos linoleicos conjugados, têm sido objeto
de pesquisas principalmente sobre seus efeitos a nível imunológico. Quando o
animal está com alguma patogenia, ocorre sempre uma piora no seu
desempenho e o uso do ALC, poderá no futuro auxiliar na recomposição do
desempenho dos animais. Somado a este fato, o enriquecimento de produtos
animais de consumo, pode contribuir para o aumento da ingestão do ALC, já
que os humanos são incapazes de sua biossíntese.

5.5 ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 (-3)


Os ácidos graxos da série ômega-3 20:5 (EPA-eicosa- pentaenóico) 3 e 22:6
(DHA-docosa-hexaenóico) 3 encontrados em óleos de peixes e 18:3 (Linolênico ) 3
em alguns óleos vegetais têm sido objeto de pesquisas a partir de 1979, quando foi
descoberta a baixa incidência de problemas cardíacos e de artrites nos esquimós da
Groelândia, que possuem alto consumo de peixes que contém as maiores
concentrações desses ácidos graxos em seus tecidos. A partir destes fatos, as
pesquisas têm evidenciado os efeitos fisiológicos atribuídos aos ácidos graxos de
cadeia longa (20:5 3 e 22: 6 3) mais do que o de cadeia curta 18: 3 3.
Existe a possibilidade de conversão do ácido linolênico em EPA e DHA nos
animais. As galinhas poedeiras possuem boa eficiência de conversão, já os humanos,
esta conversão é muito lenta, tendo como passo limitande a enzima delta 6-
dessaturase. O enriquecimento de dietas de aves com ácido linolênico não produz o
mesmo efeito que o uso de EPA e DHA nas carnes de frangos e ovos (Barlow e Pike,
1991).
A idéia atual é poder tranferir esses ácidos graxos aos produtos como o ovo e a
carcaça de suínos e frangos de corte através do enriquecimento das dietas desses
animais.
O enriquecimento de gemas e carne de frangos de corte com ácidos graxos da
série ω-3 é uma realidade atual. Ovos com ácidos graxos polinsaturados ω-3 já são
comercializados em todo mundo e normalmente apresentam níveis de mais de 6 vezes,
no conteúdo desses ácidos em relação ao normal (Tabela 5.4). No caso de frangos de
corte, pesquisa desenvolvida por Rosa, Bertechini e Bressan (2004), evidencia a
deposição desses ácidos na carcaça, quando as aves são alimentadas com dietas os
contendo. Neste trabalho estudou-se a deposição dos ácidos Omega-3 no peito e coxa
dos frangos alimentados em três períodos de fornecimento pré-abate (7, 14 e 21 dias).
O fornecimento de um óleo comercial contendo ácido linoleico, EPA e DHA, elevou a
concentração de deposição desses ácidos no peito e coxa das aves. O aumento do
tempo de fornecimento também aumentou a deposição (3,33; 4,36 e 6,17% para 7, 14
e 21 dias de uso, respectivamente). Verificou-se também neste trabalho, que o
percentual de deposição dos ácidos graxos Omega-3 é diferente para peito e coxa. A
coxa apresentou maior deposição de linolênico e menor de EPA e DHA em relação ao
peito.
A composição dos ácidos graxos da dieta influenciou diretamente a composição
desses ácidos no peito dos frangos de corte (Tabela 5.5). Estes dados indicam também
que estas aves conseguem elongar e dessaturar o ácido linolênico, já, que, as maiores
concentrações de EPA e DHA foram encontradas no peito das aves que receberam
41
óleos contendo ácido linolênico, sendo que, a adição do EPA e do DHA, resultou em
maior enriquecimento.

TABELA 5.4 – Composição nutricional do ovo (100 g sem casca)1


Ácido Graxo Ovo normal Ovo enriquecido
Proteínas, g 12,49 12,54
Lipídeos totais, g 10,02 9,,00
Ácidos graxos saturados, % 31,73 27,91
Ácidos graxos monoisat, % 49,68 46,46
Ácidos graxos polinsat, % 18,59 25,63
Ácidos graxos omega-3, mg 70,00 418,00
Colesterol, mg 425,00 425,00
Vitamina E, mg 1,10 7,00
1
Análises realizadas no ITAL, Campinas, SP em 2003.

Tabela 5.5 Relação entre os ácidos graxos da dieta e sua deposição no peito de
frangos de corte com 42 dias de idade*.
Composição dieta, % Sem óleo Linhaça Comercial Soja
Extrato Etéreo 3,75 6,67 7,00 6,64
Omega-3 0,08 1,40 1,40 0,39
C18:3 ω 3 0,08 1,40 1,35 0,38
C20:5 ω 3 ND ND 0,027 ND
C22:6 ω 3 ND ND 0,020 ND
Composição dos AG do Peito, %
Omega-3 1,75 c 7,21 a 6,62 a 2,19 b
Omega-6 2,15 c 21,97 b 23,53 b 27,40 a
C18:3 ω 3 0,99 c 5,69 a 4,62 b 1,50 c
C20:5 ω 3 0,19 b 0,62 a 0,75 a 0,19 b
C22:6 ω 3 0,57 c 0,90 b 1,25 a 0,50 c
* médias seguidas de letras diferentes na linha, diferem estatisticamente pelo teste Tukey (p
< 0,05). ND-não detectado
Dados adaptados de Rosa, Bertechini e Bressan (2004)

5.6 DIGESTIBILIDADE DAS GORDURAS


As gorduras da dieta são altamente digeríveis, com digestibilidade variando de 85
a 95%, no entanto, existem diferenças na absorbabilidade dos ácidos graxos e/ou
glicerídeos no intestino delgado. Dentre os fatores que influem nesta absorbabilidade
destacam-se:
 comprimento da cadeia carbônica do ácido graxo – o aumento da cadeia
carbônica para os ácidos graxos saturados, reduz a digestibilidade da
gordura. Por outro Os ácidos graxos de cadeia curta podem ser absorvidos
pela mucosa gástrica antes de chegar ao intestino.
 número de insaturações do ácido graxo – o aumento das insaturações
42
proporciona melhora na digestibilidade da gordura, por facilitar a formação
das micelas durante o processo de absorção. O ponto de fusão dos ácidos
graxos é uma importante propriedade que afeta a digestibilidade. De
maneira geral para os ácidos graxos insaturados, quanto maior a cadeia
carbônica menor o ponto de fusão, já para os saturados ocorre o inverso.
Assim, quanto menor o ponto de fusão de um ácido graxo, maior a sua
absorção. A emulsificação dos ácidos graxos insaturados ocorre com maior
facilidade do que em relação aos saturados, fator que também favorece a
sua absorção.
 presença ou ausência da ligação éster (glicerol/ácido graxo) – a maior parte
dos lipídeos são absorvidos na forma de monoglicerídeos (2-
monoglicerídeo). Assim, ácidos graxos livres têm menor absorbabilidade
(Tabela 5.3) quando comparados a presença de 2-monoglicerídeo. O õleo
de soja plor exemplo, possui maior digestibilidade na forma de triglicerídeo
(96%) quando comparado a digestibilidade dos ácidos graxos livres do
próprio óleo de soja (88%).
 Relação ácidos graxos insaturados/saturados – existe a necessidade da
presença de ácidos graxos insaturados para que haja bom aproveitamento
dos saturados. Esta relação para suinos é de 4:1 (Ketels e DeGroote, 1989).
Pesquisas com aves indicam aumento significativo da absorção de ácido
palmítico quando ocorre aumento da inclusão de ácido oleico à dieta,
elevando o valor de EM (Attech e Leeson, 1985).
 Integridade da parede intestinal – a destruição ou degeneração dos sítios de
absorção, seja devido a presença de eimerias (coccídias) ou micotoxinas,
reduz a absorbabilidade das gorduras.
 Idade dos animais – animais jovens, com dificuldade de produção de bilis,
têm a digestibilidade das gorduras reduzida. A medida que ocorre o
desenvolvimento do processo digestivo, também incrementa a digestão das
gorduras.
 Afinidade da FABP (Fatty acid biding protein) – existe uma proteína
citosólica (proteína ligadora dos ácidos graxos – FABP) que possui alta
afinidade aos ácidos graxos. Esta proteína seria responsável pelo transporte
de ácidos graxos da membrana da parede intestinal, para o citosol do
enterócito, onde o ácido graxo é re-esterificado a triacilglicerol. Altas
concentrações dessa proteína são encontradas nos locais de maior
absorção de ácidos graxos, tais como o jejuno proximal e íleo, sendo mais
abundante em animais recebendo dieta rica em lipídeos. A afinidade dessa
proteína é maior para os ácidos graxos de cadeia longa e insaturados.
Normalmente os ácidos graxos de cadeia curta e média não se ligam a essa
proteína e são absorvidos pelo sistema porta sem ocorrer re-esterificação. A
ordem de afinidade dessa proteína seria oléico > linoleico > palmítico >
esteárico.

Os valores de EM das gorduras são diretamente proporcionais às suas


absorbabilidades, já que, não ocorre perdas de lipídeos via urina.
Pesquisas realizadas com aves e suinos evidenciam a necessidade da presença
de ácidos graxos insaturados para que ocorra bom aproveitamento dos ácidos graxos
saturados.

43
5.7 RANCIDEZ DAS GORDURAS
A rancidez das gorduras são alterações na sua composição química, que modifica
o seu aspecto físico e suas características organolépticas. Existem basicamente dois
tipos de rancidez (hidrolítica e oxidativa).
Hidrolítica
Este tipo de rancidez pode ocorrer no meio ambiente pela ação de
microorganismos e ou fatores de rancificação, causando uma simples hidrólise com
liberação de mono e diglicerídeos e ácidos graxos, não afetando o valor energético das
gorduras, porém, afetando as suas características organolépticas.
No intestino delgado, ocorre normalmente a rancidez hidrolítica, durante a
hidrolização dos triglicerídeos para absorção.

Oxidativa
A rancidez oxidativa também chamada de peroxidação dos lipídeos, resulta em
decréscimos no seu valor energético. A entrada de O 2 na cadeia carbônica insaturada
dos ácidos graxos, reduz a capacidade de receber O 2 durante a oxidação, havendo
perda no valor energético. Além de afetar o valor energético das gorduras, esta
peroxidação modifica as características físico-químicas, afeta o mecanismo de
absorção das vitaminas lipossolúveis além de oxidá-las. A ordem de prejuízo seria a
vitamina E, seguida da A e D. A velocidade relativa de reação dos ácidos graxos com
O2 depende do grau de insaturação. Os ácidos graxos linolênico, linoleico e oleico,
apresentam velocidades relativas de oxidação de 25, 10 e 1, respectivamente. Assim,
as gorduras que contém ácidos graxos com maiores insaturações apresentam menor
estabilidade inerente a oxidação.

Peroxidação
44
5.6.1 Fatores que Favorecem a Rancificação
 Umidade
Alta umidade possibilita as reações de oxidação, favorecendo o aparecimento de
fungos e bactérias que fazem a hidrólise das gorduras e facilita também a ação de íons
metálicos. A umidade das gorduras deve ser no máximo 0,5%.
 Temperatura
Altas temperaturas associadas a alta umidade e presença de íons metálicos,
favorecem grandemente a rancificação.
 Presença de íons metálicos
Os íons Ca++, Cu++, Fe++ e Zn++ catalisam as reações da rancificação.
Obs.: As rações com altos teores de gorduras (principalmente ) devem ser
protegidas com uso de antioxidantes, sob pena de perda do valor energético e de
vitaminas lipossolúveis durante o armazenamento.

5.8 PROBLEMAS NO METABOLISMO DE LIPÍDEOS


Os distúrbios que podem ocorrer no metabolismo de lipídeos e que tem
importância na nutrição de aves e suínos são basicamente relacionados ao transporte
orgânico e na deficiência de fatores que estão estreitamente ligados a este
metabolismo.
No caso das aves, existem duas síndromes distintas que podem ocorrer com
poedeiras e frangos de corte:

Síndrome do Fígado Gorduroso em Poedeiras

Características:
a) Alta mortalidade: aves em condições normais que são acometidas por esta
síndrome passam de uma mortalidade de 0,5% para 2 a 3% ao mês;
b) Fígado hemorrágico: devido a alta infiltração de gordura no fígado, torna-o
hemorrágico;
c) Palidez do fígado: consequência de constantes hemorragias;
d) Queda de postura rapidamente: pesquisas tem revelado redução na taxa de
postura de 80% para 50% em apenas 15 dias;
e) As aves ficam extremamente sensíveis ao estresse, principalmente calórico.
Exame pós-mortem:

a) extrema infiltração de gordura no fígado e cavidade abdominal;


b) aumento de gordura de 50 a 60% na matéria seca do fígado.

Causas:
a) Transporte deficiente de lipídeos no sangue: o transporte orgânico dos
lipídeos é feito por lipoproteínas transportadoras que na sua fração lipídica
contém altas concentrações de fosfolipídeos (lecitina) e colesterol. A
molécula de lecitina é sintetizada no organismo a partir do ácido fosfatídico e
a colina segundo o esquema a seguir.

45
O colesterol é sintetizado no fígado a partir do acetil CoA do metabolismo dos
carboidratos ou proveniente da dieta.
Outros compostos, tidos como fatores lipotrópicos são também importantes na
síntese das lipoproteínas transportadoras como a metionina (doando grupos CH 3 para
síntese de colina), betaína (intermediária da síntese de colina) e a própria colina, que
faz parte da molécula de lecitina.
b) Rações com alta energia: as poedeiras gastam muito pouca energia para
sua movimentação, devido ao regime de gaiola. Além disso, há uma
tendência dessa ave em consumir quantidades de ração que ultrapassa um
pouco as suas necessidades em energia. Este fato é agravado quando se
eleva os níveis de energia das rações de poedeiras em condições de clima
frio provocando uma excessiva ingestão de energia (gordura), que o fígado
não consegue metabolizá-la toda, com isto, ocorre o acúmulo de gordura
neste órgão, causando os problemas comentados.

Síndrome do Fígado e Rins Gordurosos


Ocorre principalmente com frangos de corte até 8 semanas idade onde a maioria
dos casos tem sido verificados nas criações da Europa e com idade próxima de 21
dias.

Características:
a) alta mortalidade: as aves acometidas desta síndrome podem chegar a
mortalidade de até 30%;
b) ocorre paralisias nas aves;
c) fígado e rins com muita gordura e de coloração alterada.

Causas:
As causas principais são a deficiência de biotina e dietas com baixo nível de
gordura, com predominância de carboidratos.
Esta vitamina hidrossolúvel toma parte como cofator enzimático do enzima
piruvato carboxilase (PC) que catalisa a reação do piruvato a oxaloacetato (Figura 5.2).

46
FIGURA 5.2: Papel da biotina nas reações de carboxilação
Em caso de déficit de oxaloacetato no ciclo de Krebs, ocorre esta reação de
abastecimento. Apesar de não haver ainda explicações claras, parece que a deficiência
de biotina pode represar o ciclo de Krebs no oxaloacetato, ocorrendo a saída do citrato
da mitocôndria para evitar este represamento. O citrato por sua vez seria clivado pela
enzima de clivagem do citrato, fornecendo acetil-CoA fora da mitocôndria para a
síntese de ácidos graxos. O malato, produto da clivagem seria convertido a piruvato,
agravando a situação. Segundo Whitehead et al. (1976), duas carboxilases importantes
estão envolvidas nessa síndrome, a piruvado carboxilase e a acetil-CoA carboxilase.
Existe no metabolismo da ave, preferência da acetil-CoA carboxilase pela molécula de
biotina, sendo que dietas com baixa concentração biodisponível desta vitamina,
associado a alta necessidade desta enzima para a síntese de novo de gorduras, leva
ao comprometimento da ativação da piruvato carboxilase. Com este problema
(imbalanço enzimático), as aves consomem menos ração e desenvolvem hipoglicemia,
levando a necessidade de catabolizar os depósitos de lipídeos, provocando
mobilização e acúmulo no fígado e rins dos frangos de corte.
O ciclo de Krebs estando paralisado, não haveria  oxidação e com isto toda
gordura formada seria acumulada e imobilizada.
No Brasil, onde o cereal base das rações é o milho, relativamente rico em biotina
(85 g/kg), dificilmente ocorreria esta síndrome. Na Europa, utiliza-se muita raspa
integral de mandioca e outros altenativos, que não possuem ou contém pequenas
concentrações dessa vitamina, podendo aparecer essa síndrome.

47
5.9 COLESTEROL

O colesterol é um composto esteroidal, com características de solubilidade das


ceras, podendo ser considerado um alcool, biossintetizado no fígado dos animais e
com funções extremamente importantes para o funcionamento normal do organismo
animal. Está presente somente no organismo animal, não sendo sintetizado pelas
plantas, assim, jamais aparecerá nos óleos vegetais. Por outro lado, existe o ergosterol
vegetal, que é um precurssor da vitamina D2 , presente principalmente nos fenos de
gramíneas e leguminosas secas ao sol. Todas as substâncias orgânicas esteroidais
são provenientes do colesterol, como os hormônios testosterona, estradiol e
progesterona, o cortisol e glucocorticoides, a vitamina D, os ácidos e sais biliares (
cólico, deoxicólico, taurocólico, quenodioxicolico, entre outros). O colesterol está
presente em todas as membranas de células e de organelas celulares, faz parte das
lipoproteinas transportadoras, tem função fundamental na lubrificação das artérias e
veias, sendo também essencial para a formação de micelas de absorção de
substâncias apolares como os glicerídeos, as vitaminas lipossolúveis, os carotenos,
entre outras.
O metabolismo do colesterol ainda é pouco estudado. Sabe-se que não é
dietéticamente essencial, sendo que a biossíntese hepática supre todas as
necessidades orgânicas. As aves, são os animais com maior taxa de produção de
colesterol hepático. Uma parte desta biossíntese é adicionada na gema do ovo. Um
ovo com peso de 59 g, contém em sua gema de 210 a 215 mg de colesterol, somente.
As tentativas de redução deste nível de colesterol não foram eficazes, pois, a ave
consegue produzir e regular esta concentração, indicando a sua essencial necessidade
para a perpetuação da espécie, caso o ovulo seja fertilizado. As poedeiras comerciais
modernas produzem óvulo, mas seguem o instinto da natureza. Trabalhos evitando a
circulação enterohepática do colesterol, através de substâncias captadoras (estatinas)
ou com retirada do sítio de recuperação do colesterol biliar (anastomose) a nível de íleo
inferior, não se conseguiu a longo prazo redução da colesterolemia das galinhas.
Pesquisa realizada pelo autor, evidencia rotas metabólicas alternativas no
metabolismo do colesterol. Além de suprir a biossíntese de todas as substâncias já
mencionadas, o colesterol pode servir como fonte de energia para os animais. Através
do uso de moléculas de colesterol com 14C, e a técnica da cintilação gráfica, pode-se
verificar que o fígado é o maior sítio de catabolismo do colesterol, sendo que foi
verificado a presença de 14C no CO2 expirado pela ave. Este fato sugere que a reação
de biossíntese a partir do acetil Co-A, é reverssível, e, responsável pela normalização
da colesterolemia nos organismos normais. Apesar de fisiologistas considerarem que
não existe colestrol ciclase hepática, a forma de CO2 expirado evidencia a utilização
deste nutriente no metabolismo energético. Em pesquisas com humanos, os trabalhos
indicam que a ingestão de colesterol praticamente não exerce efeito na colesterolemia
(Mcnamara, 1999), fato já observado em aves. A biossíntese de colesterol hepático
em humanos chega a 3000 mg/dia e depende do hábito alimentar. A ingestão de
gordura saturada normalmente leva a maior síntese, devido a necessidade de
transporte da mesma, realizado principalmente pela lipoproteina de baixa densidade
(LDL). Problemas com os receptores de LDL a nível de tecido também leva ao acúmulo
sanguineo e este fato pode ser o responsável pela hipercolesterolemia em algumas
pessoas.

48
5.10 ANTIOXIDANTES

Os antioxidantes são moléculas orgânicas de origem natural ou sintética, que


possuem a capacidade de evitar a oxidação de compostos que possuem insaturações
na cadeia carbônica, como ácidos graxos insaturados e algumas vitaminas
lipossolúveis. Agem normalmente, neutralizando radicais livres de oxigênio, que dão
início à peroxidação. O início da peroxidação é lento com a entrada de OH - (forma ativa
do oxigênio), e a propagação é rápida com a entrada de O2 molecular.
A ação dos antioxidantes se dá normalmente, retardando o início da
peroxidação, as vezes competindo com o sítio de ligação do O 2, bloqueando a reação
inicial através da destruição ou complexação dos radicais livres contendo oxigênio
ativo, inibindo o processo catalítico da oxidação, entre outras.
Os antioxidantes sintéticos são estruturas que possuem o grupo fenólico (Figura
5. 4.) e são derivados do ácido gálico. Os naturais também possuem estruturas
fenólicas. Os sintéticos mais comuns são: BHA (butil-hidroxi-anisol), BHT (butil-hidroxi-
tolueno), BHQT (butil-hidroxi-quinona-terciário) e etoxiquina (6 etoxi-1,2-dihidro-2,2,4-
trimetil quinolina). Os mais utilizados em rações animais são o BHT e o etoxiquina,
sendo o BHA, usado com maior frequência em alimentos humanos, e, não possue boa
efetividade para óleos vegetais. O seu maior uso é associado com outros antioxidantes
que possuem efeitos sinergísticos.

Figura 5.4. Estruturas dos antioxidantes sintéticos

O BHQT tem excelente potencial de proteção dos ácidos graxos polinsaturados e


é principalmente utilizado em alimentos humanos que necessitam de maior proteção.
O etoxiquina é um derivado fenólico aprovado para ser usado somente em
rações animais. Normalmente, a associação com BHT, melhora os resultados de
estabilidade dos óleos.
Os antioxidantes naturais são considerados mais seguros para uso em alimentos
humanos e animais. Existe preocupação crescente de saúde pública, da necessidade
de redução de produtos sintéticos, principalmente quando as pesquisas não indicam
segurança do seu uso. Os antioxidantes sintéticos são classificados na categoria 3 do
FDA ( Federal Food and Drug Administration), sendo considerados geralmente como
seguros e classificados como GRAS (Generally Reconized as Safe). Apesar do apelo
natural, os antioxidantes naturais também são substâncias derivadas de compostos
fenólicos.
O antioxidante natural mais importante é o tocoferol (vitamina E) que apresenta
vários isômeros (Tabela 5.3).
A vitamina E é considerado o mais importante antioxidante dos tecidos e a sua
ação depende de vários fatores como presença de metais (bivalentes) e O2 no meio, da
concentração da vitamina e de outros sinergísticos. Os óleos vegetais possuem
tocoferóis, no entanto, o processamento de retirada de pigmentos
(clareamento/desodorização) desses óleos, resulta na perda de sua atividade. Por
outro lado, durante o processo de decantação dos óleos vegetais brutos para
degomagem, uma grande parte dos tocoferóis se concentram na goma ou bôrra no
fundo dos tanques. Este material pode ser usado para separação da vitamina E através
de colunas de cromatografia ou outros processos de separação por densidades e
características químicas.
49
Os flavonóides encontrados nas plantas também possuem atividade antioxidante
(Havsteen, 1983). Este grupo é grande na natureza e alguns autores (Fraga et al.,
1987; Robak e Grygievski, 1988), consideram que possuem poder antioxidante maior
do que os tocoferóis. Estes flavonóides possuem a capacidade de quelatizar os
minerais bivalentes (principalmente) que são os que mais catalizam as reações de
oxidação.
Existem outras substâncias naturais com atividade antioxidante, encontradas
principalmente nas flores das plantas.

Tabela 5.3 Atividade antioxidante e biológica de tocoferóis.

Atividade Biológica (UI/mg)


d -tocoferol 100 1,49
d,l α-tocoferol sintético 100 1,10
d δ-tocoferol 200 0,15
d θ – tocoferol 400 0,05
Valenzuela e Nieto (2000)

METABOLISMO ENERGÉTICO

A energia pode ser definida como a capacidade de realização de trabalho. Em


nutrição, a capacidade máxima de realizar trabalho, significa máxima produção de
ovos, máximos ganho de peso e aproveitamento do alimento.
A primeira energia utilizada no organismo é para manutenção da temperatura
corporal. A segunda, é a energia livre, na qual está disponível para o trabalho.
Todas as formas de energia são conversíveis em calor, por isso, por conveniência
se expressa as transformações energéticas dos processos vitais em termos de
unidades calóricas (caloria), por outro lado, considerando a realização de trabalho, a
melhor expressão seria em joules.
Terminologias utilizadas para expressar a energia:
 1 Caloria (cal) - quantidade de calor necessário para elevar 1 g de água de
1ºC (14,5 a 15,5º C).
 1 Quilocaloria (Kcal) - quantidade de calor necessário para elevar 1 kg de
água de 1ºC (caloria x 1000).
 1 Megacaloria (Mcal) - quantidade de calor necessário para elevar 1 ton de
água de 1ºC (Kcal x 1000).
 1 Joule = 0,239 cal (1 cal = 4,18 Joules).
 1 BTU = 0,252 Kcal
O organismo animal possui uma eficiência energética de aproximadamente 40%.
Para aves e suínos que são animais de sangue quente, a perda de energia do
metabolismo na forma de calor ( 60%) é importante na homeotermia destes animais.
50
Na oxidação de uma molécula de glicose, produz-se 38 ATP totais sendo que a
oxidação total de uma molécula de glicose gera 686 Kcal (Figura .1).

C6H12O6 + 6O2  6 CO2 + 6H2O + 686 kcal (calor)


C6H12O6 + 6O2 + 38 ADP + 38 Pi  6 CO2 + 6H2O + 38 ATP + 409 kcal (calor)
 38 ATP = 277 Kcal (38 x 7,3 kcal/ATP) = 6 86 - 409

Eficiência Metabólica = 277 x 100 = 40%


686

FIGURA 6.1: Principal sítio de produção de energia no organismo

6.1 PARTIÇÃO BIOLÓGICA DA ENERGIA


A energia contida nos alimentos pode ser dividida em quatro frações: EB (energia
bruta), ED (energia digestível), EM (energia metabolizável) e EL (energia líquida) de
acordo com a Figura 6.2.

A EB é determinada em bomba calorimétrica através da oxidação total da matéria


orgânica na presença de alta pressão de oxigênio (25 atm), onde é medida a produção
de calor liberado.
A ED é obtida subtraindo a EB das fezes da EB dos alimentos. Esta medida é
utilizada normalmente nas determinações com suínos machos, onde é possível separar
51
os conteúdos fecal e urinário em gaiolas metabólicas especiais.
A EM, corresponde a diferença entre a EB da ração e a soma das EBs das fezes
e urina. Esta medida é normalmente utilizada em aves onde a determinação das
energias das fezes e excreção urinária são realizadas juntas. Os valores de EM
também são determinados com suínos. As tabelas de composição de alimentos atuais
trazem valores energéticos em EM para aves e ED e EM para suínos. O uso de ED
para suinos é mais interessante devido a maior facilidade na sua determinação e os
resultados apresentam-se com médias seguidas de menores erros padrões de média
quando comparados à determinação da EM, cuja determinação é mais difícil de se
realizar.
O incremento calórico (IC) tem grande importância no equacionamento da energia
dos alimentos. Representa toda perda de energia durante os processos de digestão,
absorção e metabolismo dos nutrientes. Normalmente se perde aproximadamente 15%
de toda energia ingerida com estas perdas. Esta energia servirá para a manutenção da
homeotermia corporal.
Emmans (1994) equacionou todo o gasto específico de energia para as atividades
metabólicas de cada nutriente em aves. De toda a EB ingerida, houve perdas por IC
em kcal/g do produto de 0,91 na matéria orgânica fecal, 6,98 para excreção de N
urinário, 8,72 na retenção de proteina, 3,92 na retenção de lipídeos provenientes dos
carboidratos e 1,05 na retenção de lipídeos.
O IC das gorduras é menor do que dos carboidratos e proteinas. Este fato resulta
na redução destes gastos com as dietas de maior conteúdo calórico, onde se adiciona
as gorduras. O IC dos nutrientes com poedeiras difere um pouco em relação aos outros
monogástricos. As gorduras, carboidratos e proteínas apresentam coeficientes de IC de
0,16; 0,25 e 0,40, respectivamente. Estes valores para suínos são de 0,15; 0,22 e 0,36,
respectivamente.
Na Figura 6.2, não são consideradas as perdas endógenas (urinária e fecal),
portanto, os valores de EM são aparentes, e porisso, a sigla mais correta é EMA.
Normalmente, devido a dificuldade nas determinações das perdas endógenas, se
utiliza a forma aparente, que apresenta valores com boa repetibilidade. Pode-se
calcular também a EM corrigida para o balanço de N (EMAn ). Neste caso, usa-se um
fator de correção para o teor de N retido ou excretado e este coeficiente é de 8,22
kcal/g de N. Quando o balanço de N é positivo, esta correção é adicionada à energia
da excreta, e neste caso a EMAn pode apresentar valores menores do que a EMA. No
entanto, caso o balanço de N é negativo, o fator de correção deverá ser subtraido da
energia da excreta e , assim, os valores de EMAn poderão ser maiores do que a EMA.
O fator de correção para o balanço de N em suinos é de 6,77 kcal/g (Diggs et al.,
1965).
Outra forma de determinação de energia foi desenvolvida por Sibbald (1976),
onde são utilizadas aves adultas (galos), com alimentação forçada. Neste caso o
alimento teste é colocado diretamente no papo da ave (25-30 g), sendo medidas as
excretas. A energia neste caso é chamada de EMV (energia metabolizável verdadeira).
Todos os métodos de determinação apresentam problemas, sendo que a metodologia
preconizada por Matterson et al. (1965), onde se utiliza o procedimento de substituição
de parte de uma dieta referencia, aliada a coleta total de excretas, é a mais utilizada.
Esta determinação se aproxima das condições normais de alimentação das aves.

52
FIGURA 6.2: Partição da energia ingerida

Estudos de balanço de energia são importantes para definir a utilização orgânica


da ingestão calórica. Nas Figuras 6.3, 6.4 e 6.5 são apresentados os destinos
metabólicos quantificados para poedeiras comerciais, frangos de corte e porcas em
lactação, respectivamente. Verifica-se como o organismo distribui a energia dietética
diferentemente de acordo com as necessidades orgânicas. Indica também, que a
eficiência energética difere em função da espécie e finalidade fisiológica do animal. As
porcas em lactação possuem alta exigência de energia para produção de leite. Na
necessidade de energia para mantença está incluida as demandas de termoregulação,
atividade e a ineficiência energética para cada função fisiológica.

53
EM INGERIDA
290 Kcal

Incremento Calórico Incremento Calórico Incremento Calórico


24 Kcal 1 Kcal 70 Kcal

OVOS CRESCIMENTO MANTENÇA


70 Kcal 5 Kcal 120 Kcal

FIGURA 6.3 Balanço energético em poedeiras leves (adaptado de Leeson e


Summers, 2001)

EM INGERIDA
300 Kcal de EM

Incremento Calórico Incremento Calórico


21 kcal 33 kcal

Calor Orgânico ENERGIA RETIDA


78 kcal 168 kcal

Gordura
105 kcal

Proteina
63 kcal

FIGURA 6.4 Balanço energético em frangos de corte (adaptado de Macleod, 1990)

54
PORCAS EM LACTAÇÃO
175 Kg DE PESO VIVO
PERDA DE PESO = 0
NÚMERO DE LEITÕES = 10
GANHO DE PESO LEITÕES – 21 DIAS = 200g/d

INGESTÃO CALÓRICA

ED = 18.205 Kcal

Mantença Produção Leite


5293 Kcal 12.912 Kcal
(29%) (71%)

Figura 6.5 – Balanço energético em porcas em lactação (adaptado do NRC,


1998).

Apesar da gordura dietética apresentar baixo IC para sua utilização, quando é


proveniente de outros compostos como carboidratos ou proteinas, o IC para produção
e retenção da gordura é maior do que para deposição proteica, como evidenciado no
balanço energético de frangos de corte.

6.2 IMPORTÂNCIA DA ENERGIA NAS RAÇÕES

ENERGIA CONTROLA CONSUMO


As aves e os suínos consomem certas quantidades de ração para satisfazerem
primariamente as suas necessidades de energia.
A medida que se aumenta o conteúdo energético da ração, ocorre redução no
seu consumo para manter um relativo consumo de energia diária. Este fato sugere que
todos os nutrientes da dieta devam ser relacionados ao seu conteúdo de energia. A
relação nutriente/caloria deve ser considerada nas rações de aves e suínos, garantindo
com isto o consumo necessário dos diversos nutrientes presentes na dieta.
Algumas fases da criação e para algumas categorias o controle de consumo pelo
nível energético da ração não é bem correlacionado.
Os suinos até atingir o estágio adulto do trato digestório, que ocorre por volta de
30 kg de peso vivo, não reduzem eficazmente a ingestão de ração quando se eleva os
níveis de energia da dieta. Assim, dietas com maiores conteúdos de energia resultam
em melhoria do ganho de peso desses animais, principalmente para a fase pré-inicial
de criação.
As poedeiras comerciais criadas em gaiolas, conseguem ter certo controle da
ingestão calórica, por outro lado, o incremento da energia dietética também resulta em
algum aumento na ingestão calórica diária, podendo afetar o metabolismo hepático das
aves.
55
Frangos de Corte

O aumento dos níveis de energia metabolizável (EM) nas rações de frangos de


corte resulta em redução do consumo alimentar, melhorias no ganho de peso e na
conversão alimentar, porém, aumenta a deposição de gordura na carcaça, efeito este,
prejudicial à qualidade de carcaça destes animais (Figura 6.4).
As rações de maior nível calórico são normalmente de maior custo, no entanto,
em certas condições de ambiente, onde temperaturas altas afetam significativamente o
consumo de ração, estas rações permitem recuperar o ganho de peso (Tabela 6.1)
permitindo maiores consumos de energia e outros nutrientes. Verifica-se neste caso
que as aves apresentaram mesmo ganho de peso usando dieta com baixa EM a 17,1
ºC, média EM a 22,2 ºC e alta EM a 27,9 ºC.

FIGURA 6.4: Desempenho e qualidade da carcaça de frango de corte submetidos a


dietas com vários níveis de EM (1-49 dias) (Bertechini, 1993).

56
TABELA 6.1: Efeito do nível de energia e temperatura ambiente, sobre o
ganho de peso de frangos de corte criados de 29 a 49 dias de
idade (gramas).
Temperatura Em Ração (Kcal/Kg) X1
(ºC)
2800 3000 3200
17,1 1051 1122 1252 1142
22,2 1035 1086 1151 1090
27,9 872 951 1058 960
X1 986 1053 1154

1) Efeito Linear (P<0,05) Bertechini et al., (1991).


O aumento da densidade calórica também possibilita redução do incremento
calórico das rações, favorecendo o consumo de calorias, principalmente em condições
de estresse provocado pelo calor.

Poedeiras Comerciais

As rações de poedeiras comerciais normalmente possuem valores calóricos mais


baixos do que as rações de frangos de corte. A utilização de rações de alta energia
para poedeiras durante períodos longos, e, deficientes em metionina e/ou colina, pode
afetar o seu desempenho devido ao excesso de infiltração de gordura no fígado e
ovário, aumentando a mortalidade do plantel. No entanto, pesquisas revelam também a
necessidade de rações de maior conteúdo energético em condições de ambiente
quente
As rações de poedeiras apresentam normalmente níveis energéticos variando de
2650 a 2900 kcal de EM/kg, sendo os níveis 2700 a 2800 kcal de EM/kg os mais
praticados nas rações brasileiras.

Suínos

Os níveis de energia das rações de suínos podem variar normalmente de 3150 a


3550 kcal de ED/kg. O incremento dos níveis energéticos das rações nas fases inicial,
crescimento e terminação dos suínos, resulta normalmente em redução do consumo e
melhoria da conversão alimentar (Figura 6.5). No entanto, resultados de pesquisas nem
sempre registram melhorias no ganho peso com a elevação do conteúdo calórico da
dieta, principalmente nas fases pré-inicial e inicial, onde o trato digestório desses
animais ainda não atingiu o seu estágio adulto. Assim, o aumento do conteúdo de ED
nestas rações, resulta em maior consumo energético, e melhores ganho de peso e
conversão alimentar. O nível de consumo durante estas duas fases não tem muita
influência em relação a ED da ração, sendo mais afetado pela palatabilidade da
mesma. Da mesma maneira que nos frangos de corte, a elevação da energia da dieta
nas rações de terminação, resulta em aumento da gordura corporal nos suínos.
Os genótipos modernos (híbridos) de suínos tem evoluido para uma maior
deposição de carne (tecido magro) com redução da espessura de toucinho. Para
algumas linhas, a restrição da ingestão de energia nas últimas semanas pré-abate, tem
resultado em carcaças de melhor qualidade, principalmente para aquelas com maior
57
capacidade de consumo.

FIGURA 6.5: Efeito do aumento do nível de energia da ração de suínos na fase


de terminação (Bertechini et al, 1987a)

6.3 RELAÇÃO NUTRIENTE/CALORIA


As aves e os suínos possuem a habilidade de variar o consumo de rações com
diferentes níveis de energia, para manter um equilíbrio de consumo energético diário.
Este fato sugere que todos os nutrientes sejam relacionados ao nível de energia da
ração. Baseado nestas considerações, as tabelas de exigências nutricionais têm
expressado as exigências de nutrientes para aves e suínos também em %, g ou
mg/Mcal de energia da dieta, favorecendo os cálculos das rações. Como exemplo, são
citados algumas tabelas de exigências nutricionais expressas em %/Mcal de energia da
dieta (Tabelas 6.3, 6.4 e 6.5) para frangos de corte.
TABELA 6.3: Exigências nutricionais de frangos de corte (mistos) na fase
inicial (%/Mcal de EM).
Leeson e Rostagno et
NRC (1994)
Summers (2001) al. (2000)
Fonte Nutriente
Fases (dias)
1-21 1-14 1-21
Proteína 7,190 7,54 7,132
Metionina 0,156 0,170 0,164
Lisina 0,344 0,443 0,421
Metionina + cistina 0,281 0,311 0,299
Treonina 0,250 0,246 0,265
Triptofano 0,063 0,072 0,069
Cálcio 0,313 0,320 0,320
Fósforo Disponível 0,140 0,160 0,150
Sódio 0,062 0,045 0,074
Ácido linoleico 0,313 0,327 0,357

58
TABELA 6.4: Exigências nutricionais de frangos de corte na fase de
crescimento (%/Mcal de EM).
Leeson e Rostagno et al.
NRC (1994)
Summers (2001) (2000)
Fonte Nutriente Fases (dias)
22-42 22-42 29-42
Proteína 6,250 7,213 6,230
Metionina 0,120 0,157 0,146
Metionina + cistina 0,230 0,268 0,266
Lisina 0,313 0,393 0,373
Treonina 0,231 0,230 0,226
Triptofano 0,056 0,066 0,065
Cálcio 0,281 0,300 0,282
Fósforo Disponível 0,109 0,130 0,131
Sódio 0,047 0,050 0,062

TABELA 6.5: Exigências nutricionais de frangos de corte na fase final


(%/Mcal de EM).
NRC –1994 Leeson e Rostagno
Summers - et al. 2000
2001
Fonte Nutriente Fases (dias)
43-56 43 - 49 43-49
Proteína 5,630 5,625 5,640
Metionina 0,100 0,116 0,128
Metionina + cistina 0,188 0,200 0,232
Lisina 0,266 0,281 0,325
Treonina 0,213 0,172 0,198
Triptofano 0,050 0,044 0,057
Cálcio 0,250 0,250 0,250
Fósforo Disponível 0,109 0,110 0,114
Sódio 0,038 0,050 0,060

METABOLISMO DAS PROTEÍNAS

As proteínas correspondem a um grupo complexo de substâncias quimicamente


semelhantes, porém, fisiologicamente distintas. São compostas basicamente por C, H,
O, N, S e às vezes P ou Fe.

59
Composição %
:
C= 51,0 - 55,0
H= 6,5 – 7,3
O= 21,5 - 23,5
N= 15,5 - 18,0
S= 0,5 – 1,5
P= 0,0 – 1,5

Estruturalmente as proteínas são compostas de unidades básicas, que são os


aminoácidos, ligados por ligação peptídica, (grupo amino de um aminoácido ligado ao
grupo carboxílico de outro aminoácido).

Ligação Peptídica

Do ponto de vista nutricional o que distingue uma proteína de outra, é o seu


aporte de aminoácidos. São conhecidos 23 aminoácidos que compõem as proteínas,
no entanto apenas 11 são considerados dieteticamente essenciais.
O termo proteína bruta, comumente utilizado em nutrição animal refere-se a todo
nitrogênio contido no alimento, que é analisado através do método de Kjeldahl. O valor
do nitrogênio encontrado na análise é multiplicado por 6,25, baseado em que as
proteínas possuem em média 16% de nitrogênio (100/16 = 6,25). No entanto, o teor
deste pode variar de acordo com o tipo de proteína, segundo a Tabela 7.1. Verifica-se
que existem diferenças na percentagem de nitrogênio nas diversas fontes de proteínas,
porém, estes valores não são comumente usados. O fator 6,25 é aceito pela
comunidade cíentífica que trabalha em nutrição animal.
TABELA 7.1: Fatores de conversão do nitrogênio para proteína de diversos
de alimentos.
Alimentos Fator
Lactoalbumina 6,49
Leite, caseína 6,38
Milho, sorgo, mandioca, feijão, peixe, carne de
6,25
bovinos e aves
Arroz 5,95
Aveia, Trigo 5,83
Farinha de sangue 5,80
Soja 5,71
Algodão, girassol, côco 5,30
60
7.1 FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS
 Estrutural - formação e manutenção dos tecidos orgânicos;
 Formação de hormônios e enzimas;
 Fonte secundária de energia;
 Transporte e armazenamento das gorduras e minerais;
 Agente tamponante e auxílio na manutenção da pressão osmótica;
 Na reprodução, formação de espermatozóides e ovos;
 Estrutura coloidal;
 Transporte de oxigênio (hemoglobina).

A proteína da ração começa a ser digerida no estômago pela ação do suco


gástrico, no entanto, no intestino delgado encontra-se o principal sítio de digestão e
absorção dos aminoácidos e peptídeos. A fração de aminoácidos absorvidos pode
seguir vários destinos metabólicos. A principal utilização dos aminoácidos ocorre na
síntese protéica orgânica, no entanto em caso de deficiência energética, esses
aminoácidos poderão ser desaminados e o esqueleto carbônico entrar no metabolismo
energético para produção de ATP (Figura 7.1).
Os aminoácidos absorvidos em excesso às necessidades também serão
desanimados com eliminação do nitrogênio via urina.

FIGURA 7.1: Destinos metabólicos da proteína da ração


61
FIGURA 7.2: Participação dos aminoácidos no metabolismo energético (Martin
et al., 1982)

7.2 CLASSIFICAÇÃO NUTRICIONAL DOS AMINOÁCIDOS PARA AVES E


SUÍNOS
Os aminoácidos são classificados nutricionalmente em essenciais e não
essenciais (Tabela 7.2). A essencialidade de alguns aminoácidos pode variar de aves
para suínos e também em função da idade destes animais.

62
TABELA 7.2: Classificação dos aminoácidos para aves e suínos
Aminoácidos Essenciais Aminoácidos
Leitões/Aves Suínos/Aves Pintos Não essenciais
Lisina Lisina Lisina Glicinaa
Metionina Metionina Metionina Serina
Triptofano Triptofano Triptofano Alanina
Valina Valina Valina Ácido aspártico
Histidina Histidina Histidina Ácido glutâmico
Fenilalanina Fenilalanina Fenilalanina Cistinab
Leucina Leucina Leucina Prolina
Isoleucina Isoleucina Isoleucina OH-Prolina
Treonina Treonina Treonina Tirosinac
Arginina - Glicina ou Asparagina
Serina Glutamina
Prolina
a - Parcialmente sintetizado (60%)
b - Pode atender até metade das exigências de metionina
c - Pode atender até 30% das exigências de fenilalanina

Aminoácidos essenciais
Os aminoácidos essenciais são aqueles que não são sintetizados no organismo em
velocidade suficiente para atender as necessidades de máximo desempenho do
animal.
Considerando que alguns desses aminoácidos, necessitam de muitos passos
metabólicos para sua biossíntese, podem ser considerados como indispensáveis nas
dietas, sendo que a sua ausência, impediria o organismo animal de realizar síntese
protéica, e, consequentemente, de crescer. A lisina e a treonina estariam nesta
situação. Assim, estes aminoácidos poderiam ser considerados indispensáveis.
Alguns aminoácidos são essenciais apenas na fase inicial de vida dos suínos e
das aves. O aminoácido arginina é essencial para leitões, onde conseguem sintetizar
apenas 60% das suas necessidades, enquanto, no suíno adulto, ocorre toda síntese
necessária ao atendimento das exigências.
Os pintos necessitam do aminoácido glicina ou serina e prolina na fase inicial de
criação, além dos outros dez. Durante esta fase, as aves recebem rações de alto nível
protéico, além de trazer consigo uma reserva protéica do ovo que provoca sobrecarga
hepática para a síntese de ácido úrico, que utiliza os aminoácidos citados, para
eliminar o excesso de nitrogênio do metabolismo.
As aves e os suínos obtêm normalmente os aminoácidos não essenciais da
ração. No entanto, quando os níveis de proteína dietéticas são muito baixos, ocorrerá
também gasto de aminoácidos essenciais para a síntese destes aminoácidos. Desta
maneira é necessário um nível de aminoácidos não essenciais mínimo na ração, que
economizaria os aminoácidos essenciais da dieta. Um exemplo típico de gasto de
aminoácidos essenciais é o caso da metionina. A cisteina (não essencial) pode ser
substituída totalmente pela metionina, no entanto, esta reação é irreversível (Figura
63
7.3).

FIGURA 7.3: Interrelacionamento dos aminoácidos sufurosos

Aminoácidos não essenciais


Estes aminoácidos podem ser sintetizados no organismo a partir de outros
aminoácidos ou outros nutrientes presentes na ração de maneira que, se faltam na
dieta, não afetam o desempenho do animal. No entanto, são essenciais na síntese
protéica orgânica. Portanto, todos os aminoácidos, inclusive os não essenciais
dieteticamente, são metabolicamente essenciais. O número de passos metabólicos
necessários à síntese destes aminoácidos é de 1 a 3 reações com pequeno ou nenhum
gasto energético orgânico (Tabela 7.3). Desta maneira, a demanda de aminoácidos
não essenciais para a síntese protéica orgânica é que controla a biossíntese destes, a
partir de esqueletos carbônicos e nitrogênio (NH3+ ) do metabolismo de carboidratos,
lipídeos e aminoácidos.

64
TABELA 7.3: Número de enzimas necessárias à síntese dos aminoácidos
organicamente.
Dieteticamente Nº Dieteticamente Nº
essencial Enzimas Não Essenciais Enzimas
Lisina 8 Alalina 1
Metionina 5 Asparagina 1
Triptofano 5 Glutamina 1
Valina 1 Ácido glutâmico 1
Histidina 6 Ácido aspártico 1
Fenilalanina 1 Prolina 3
Leucina 3 Serina 3
Isoleucina 8 Glicina 1
Treonina 6 Cistina 2
Arginina 7

Total 50 14
Adaptado de Martin et al (1982)
Nove aminoácidos não essenciais são formados a partir de intermediários
anfibólicos e três (cisteina, tirosina e hidroxi-lisina) a partir de aminoácidos essenciais .
As enzimas glutamato desidrogenase, glutamina sintetase e as transaminases são as
mais importantes na biossíntese dos aminoácidos não essenciais.
O fígado é o centro maior de controle da aminoacidemia. Após absorção, os
aminoácidos portais chegam ao fígado que controla o nível de influxo para a circulação
sistêmica. Assim, existe um perfeito controle do nível de aminoácidos circulantes,
evitando excessos. O perfil de aminoácidos que chegam no fígado via absorção é
diferente do encontrado na circulação sitêmica. O consumo de dietas imbalanceadas
em aminoácidos, pode influenciar o nível do(s) aminoácido(s) que estiver(em)
limitante(s) na dieta. Normalmente existe maior incorporação hepática do limitante,
reduzindo ainda mais o seu nível sanguíneo. Este fato afeta o nível de consumo das
dietas imbalanceadas.

7.3 SUPLEMENTAÇÃO DE AMINOÁCIDOS LIMITANTES NAS RAÇÕES


Os animais monogástricos são caracterizados pela necessidade de receberem
quantidades específicas de aminoácidos na dieta.
As principais fontes destes aminoácidos são as proteínas comumente usadas nas
rações, além de uma parcela significativa fornecida normalmente pela fonte de energia.

Os aminoácidos limitantes referem-se àqueles que estão presentes na dieta em


uma concentração menor do que a exigida para máximo crescimento. Pode estar
limitante numa ração um ou mais aminoácidos ao mesmo tempo, porém, em uma
ordem de limitação.

Os três aminoácidos mais limitantes para suínos e aves em rações a base de


milho e de farelo de soja, estão apresentados na Tabela 7.4, onde verifica-se que o
65
primeiro limitante pode variar entre essas espécies, dada as necessidades metabólicas
distintas entre elas. Existe também variação da ordem de limitação de acordo com a
idade desses animais e/ou função fisiológica, porém, os primeiros limitantes sempre
serão a metionina e a lisina, para aves e suinos, respectivamente.
TABELA 7.4: Aminoácidos limitantes para aves e suínos*.
Aminoácidos Aves Suínos
1º Limitante Metionina Lisina
2º Limitante Lisina Metionina
3º Limitante Triptofano Treonina

*Rações a base de milho e farelo de soja.


Teoricamente, a predição do(s) aminoácido(s) limitante(s) é feita através do
cálculo de rações com níveis sub-ótimos de proteína e comparadas às exigências
nutricionais em relação a fornecida pela dieta. Esta metodologia é também chamada de
“Escore Químico” que evidencia as limitações de aminoácidos na dieta formulada
(Tabela 7.5.) No entanto, o resultado biológico é que confirmaria as limitações da dieta
em aminoácidos.
TABELA 7.5: Escore químico (EQ) de uma dieta contendo 16% de proteína a
base de milho/farelo de soja para suínos com 15 kg de peso vivo.
Aminoácidos Exigências1 Fornecido pela EQ (% suprida
Essenciais (%) Dieta (%) pela Dieta)
Lisina 1,150 0,842 76,5 1º2
Metionina + 0,650 0,546 84,0 2º
Cistina
Triptofano 0,210 0,201 95,7 5º
Arginina 0,460 1,023 222,3
Histidina 0,360 0,393 109,1
Isoleucina 0,630 0,699 110,9
Leucina 1,120 1,641 146,5
Fenilalanina 0,680 0,821 120,7
Treonina 0,740 0,631 85,3 3º
Valina 0,790 0,748 94,6 4º
2
1 N.R.C (1998), Ordem de limitação
A suplementação de aminoácidos limitantes deverá ser realizada na sequência da
sua limitação. A Lei do Mínimo (Liebig) também é aplicada na nutrição animal. O
aminoácido que estiver em menor concentração da sua exigência é que limitará o
desempenho animal. Salienta-se que as aves e os suinos possuem a capacidade de
regular o consumo da ração para adequar as pequenas deficiências dos aminoácidos.
Poedeiras por exemplo, conseguem aumentar o consumo para conseguir a sua
necessidade de metionina + cisteina, quando a dieta apresenta até 5% a menos
desses aminoácidos. Esta idéia é aplicada na formulação de dietas pelo método
paramétrico.

66
7.4 MANEIRAS DE ADEQUAR OS NÍVEIS DE AMINOÁCIDOS NA DIETA
Existe basicamente três formas para equilibrar os níveis dos aminoácidos nas
rações de aves e suínos.
 Combinação de ingredientes da ração
Existem desequilíbrios de aminoácidos em todos os ingredientes usados nas
rações de aves e suínos. Na prática, os aminoácidos essenciais, lisina, metionina,
triptofano e treonina estão limitantes nas fontes de proteína e energia comumente
utilizadas nas rações destes animais (Tabela 7.6).
TABELA 7.6: Aminoácidos limitantes de alguns ingredientes para suínos.
Ingredientes Primeiro Segundo
Milho Lisina Triptofano
Milho opaco 2 (QPM) Triptofano Lisina
Cevada Lisina Treonina
Sorgo Lisina Treonina
1
Farelo de soja AAS Treonina
Farelo de algodão Lisina Treonina
Farelo de amendoim Lisina ?
Farelo de girassol Lisina ?
Farinha de carne e ossos Triptofano Triptofano
Farinha de peixe Triptofano ?
Farinha de glúten de
Lisina Triptofano
milho
1
Aminoácidos Sulfurosos Totais.

A combinação de ingredientes que se complementam em aminoácidos permite a


formulação prática de dietas com níveis de proteína adequados sem excessos neste
nutriente.
Para suínos, a combinação milho e farelo de soja se complementam de forma
adequada às necessidades destes animais. No entanto, para aves, esta combinação
não suspre totalmente o nível de metionina necessário ao atendimento das
necessidades. A Tabela 7.7 evidencia as limitações e excelências nos aminoácidos
limitantes de ingredientes comumente utilizados nas rações de suínos e aves.

TABELA 7.7: Excelência e limitação de aminoácidos de alguns ingredientes


de rações de aves e suínos.
Ingredientes Excelência Limitação
Milho AAS Lisina
Milho opaco - 2 (QPM) AAS Triptofano
Cevada ? Lisina
Lisina,AAS,
Sorgo -
Treonina
Farelo de soja Lisina AAS
Farelo de amendoim - Lisina
67
Farelo de girassol - Lisina
Farinha de carne e ossos Vários Triptofano
Farinha de peixe AAS, Lisina -
Farinha de glúten de
AAS Lisina
milho

A partir desta tabela verifica-se que existem combinações de ingredientes que se


completam, no entanto, eventuais deficiências podem ocorrer dependendo do número
de ingredientes combináveis e também da qualidade do processamento das fontes
protéicas, principalmente. Neste caso, haveria a necessidade de complementações
através de outra maneira de equilibrar as exigências dos aminoácidos da dieta que é a
adição de aminoácidos sintéticos.

 Utilização dos aminoácidos sintéticos


A partir da fabricação a nível industrial de aminoácidos sintéticos, tornou-se
prático a complementação dos mesmos em dietas deficientes. Ao mesmo tempo,
permitiu a redução da quantidade de proteína nas rações de aves e suínos, tornando-
as mais eficientes, contribuindo também para redução da excreção de N no meio
ambiente. A primeira metionina comercial (Metionina-Hidroxi- Análoga-MHA), foi
produzida pela Dow Chemical (na década de 40). Nos anos 50, a Monsanto introduziu
sais de cálcio à metionina-hidroxi-análoga, tranformando-a em pó estável.
Quatro aminoácidos sintéticos são comumente fabricados em escala industrial
atualmente, que são a DL-metionina (98-99%), e suas formas análogas (MHA líquida e
pó), a L-lisina-HCI (99% de pureza e 78% de eficiência, na forma pó e a 30 e 50% na
forma líquida), L - Treonina (98%) e L-Triptofano (98%), ambas na forma pó.
O aminoácido DL-metionina é uma mistura racêmica entre formas levógiras (50%)
e dextrógiras (50%) enquanto que, os aminoácidos L-lisina e L-treonina, somente na
forma levógira. Além desta fonte de metionina, podem ser utilizadas também a MHA
cálcio pó (88%), e MHA , líquida (88%). A eficiência de aproveitamento da Dl-metionina
98-99% pó, não é de 100%. Metade dessa composição está na forma D, que necessita
ser tranformada pelo sistema hepático em MHA e depois convertida na forma orgânica
que é L. Na natureza não existe normalmente a forma D, sendo que esta forma da
metionina é resultado da produção sintética desse aminoácido.
Os aminoácidos ocorrem na natureza numa configuração L. O organismo animal
tem a capacidade de transformar a forma D de alguns aminoácidos para a forma L.
Para que isto ocorra, transaminases específicas deverão estar presente no fígado para
esta conversão. Por não haver estas enzimas, para os aminoácidos como Lisina e
Treonina, as suas formas dietéticas deverão ser L. e, são normalmente produzidas por
fermentação.

D-aminoácido NH3
D-aminoácido  -cetoácido  L-aminoácido
Oxidase transaminase

As aves e os suínos aproveitam eficientemente a forma D da metionina (Tabela


7.8) no entanto, o D-triptofano tem somente 60% da eficiência da forma L para suínos e
apenas 7% para as aves (Baker et al, 1971).

68
TABELA 7.8: Eficiência relativa e equivalente protéico dos aminoácidos
sintéticos
Equivalente
Eficiência Relativa
Aminoácidos Protéico
(%)
(%)
L - Metionina1 100 59
1
DL – Metionina 97 59
1
D-Metionina 82 59
MHA-AL2 88 0
MHA-Ca2 88 0
L - Lisina2 100 120
2
L - Lisina - HCl 79 96
2
L-Triptofano 100 86
L-Treonina2 100 74
Ácido Glutânico2 100 177

1.Patrick e Schaible (1980); 2. Leeson e Summers (2001)

 Formulação da ração com excesso de proteína


A elevação do nível de proteína da dieta também elevará os níveis dos
aminoácidos e desta maneira supera as necessidades dos aminoácidos limitantes.
Apesar desta maneira de elevar os níveis mínimos dos aminoácidos limitantes ser
prática, acarreta problemas de metabolismo e de custo da ração. Rações com níveis
protéicos elevados sobrecarregam a digestão, absorção e eliminação do nitrogênio não
aproveitável, havendo sobrecarga de fígado e rins no animal. A associação de todos
estes efeitos, reduz a eficiência destas rações além do seu maior custo. Esta maneira
de adequar os aminoácidos deveria ser usada em última instância a não ser que a
elevação necessária do nível de proteína para atendimento da necessidade do ácido
seja pequena, não afetando significativamente o desempenho destas rações.

7.5 EXIGÊNCIAS DE PROTEÍNAS / AMINOÁCIDOS


Existe uma série de fatores que influem nas exigências dietéticas de proteínas
(aminoácidos) das aves e suínos, porém, pode-se destacar :

 Idade do animal
As necessidades dietéticas de proteínas decrescem com o avanço da idade dos
animais. Suínos por exemplo, exigem 15,8 g de proteína/kg de peso vivo, quando
pesam 7,5 kg, enquanto que, animais adultos, com peso de 65 kg exige apenas 6,14 g
de proteína/kg de peso vivo (N.R.C., 1998). Os frangos de corte necessitam de 66,6 g
de PB/kg de peso vivo na primeira semana de vida, sendo que de 42 a 49 dias, esta
necessidade é de apenas 12,96 g de PB (Rostagno et al. 2000).

69
 Função fisiológica
As necessidades para acréscimo de proteína no tecido é maior do que para a
mantença. Alguns aminoádos não são citados como necessários para mantença de
aves como a glicina e a histidina. Por outro lado, metionina, arginina e treonina são
exigidos em altas concentrações para mantença. De maneira geral, as necessidades
de mantença da lisina para aves é menor do que para os suínos.
Na Tabela 7.9 estão apresentados exemplos da distribuição das necessidades
de alguns aminoácidos para galinhas de postura e codornas, também de postura
comercial. Verifica-se diferenças no perfil das necessidades em função do tipo de
aminoácido e função fisiológica.

Tabela 7.9 Necessidades de aminoácidos de acordo com a função fisiológica e


espécie de aves1.
% Dieta
PB MET M+C LIS ARG TRE TRI
Aves postura
Mantença 5,3 0,33 0,42 0,14 0,56 0,55 0,09
Crescimento 18 0,29 0,60 0,82 0,96 0,65 0,17
Postura 15 0,37 0,72 0,84 0,86 0,58 0,20
Codornas
Crescimento 24 0,49 0,14 1,27 1,23 1,00 0,22
Postura 21 0,44 0,69 0,98 1,23 0,73 0,19
1
Leveille et al. (1960)

 Nível de energia da ração


As aves e os suínos têm habilidade de consumir certas quantidades de ração de
maneira a atender primariamente as suas de energia. Desta maneira, qualquer
variação no nível energia da ração resulta em modificações no nível de consumo da
mesma, e, com isto todos os outros nutrientes, além da proteína (aminoácidos),
deverão ser corrigidos de tal forma a não haver prejuízo nos seus consumos diários.
Pesquisas realizadas por Bertechini et al. (1991) evidenciam uma redução no
consumo de ração de frangos de corte criados até 56 dias, de 67, 26 gramas a cada
100 kcal de aumento na EM da ração ( Consumo ração, g/dia = 7074,35 - 0,6726 X ,
r2=0,99 ).

 Temperatura ambiente
A temperatura ambiente afeta diretamente o consumo de ração. As aves e os
suínos têm dificuldade de trocas de calor com o ambiente, sendo feita em grande parte
através da respiração. O aumento da taxa respiratória em ambientes quentes leva a
uma redução no consumo de ração. Considerando as necessidades de proteínas
(aminoácidos) em gramas por dia, deve-se elevar o teor protéico da dieta em condições
de consumo reduzido, provocado por altas temperaturas ambiente. As exigências de
galinhas poedeiras por exemplo é de 15,9 gramas de proteína diária. Em condições
normais de temperatura ambiente (21ºC) uma poedeira leve consegue ingerir 100
gramas de ração por dia, o que necessitaria de uma ração com 15,9% de proteína. No
entanto, em condições de verão, estas aves não consomem mais do 90 gramas,
70
necessitando assim um nível de proteína dietética de 17,78% para manter as
exigências diárias da ave (Rostagno et al., 2000).
Frangos de corte reduzem o consumo de ração de forma linear, a medida que
aumenta a temperatura ambiente (Y = 3333,01 - 35,923 r2 = 0,98). Resende et al
(1985) estudaram as exigências de aminoácidos sulfurosos em diferentes
temperaturas. Os autores verificaram aumentos de 0,0039 nas exigências a cada 1 oC
de aumento da temperatura ambiente, na faixa de 22,4 a 31,0ºC.

 Sexo
A maioria da criação de suínos para abate atualmente é com sexos misturados,
apesar das diferenças nutricionais. No entanto, já existe uma parcela considerável de
frangos de corte criados com sexos separados. Pesquisas mostram que os machos de
frangos de corte e de suínos possuem um ganho de peso superior ao das fêmeas, nas
mesmas condições de alimentação (Tabelas 7.9 e 7.10). Este fato sugere diferenças
nas exigências nutricionais entre sexos. Recomendações de acordo com o sexo são
apresentadas no Capítulo 10.

TABELA 7.9: Desempenho de suínos em crescimento e terminação de


acordo com o sexo
Fase
Parâmetro Sexo 1 Terminação Média
Crescimento 2

Consumo de Ração (g/d) 2400 3326


M
1960 2781
F
Diferença (%) 22,4 10,6 21,0
Ganho de Peso (g/d) 863 884
M
754 783
F
Diferença (%) 14,5 12,9 13,7
Conversão Alimentar 2,784 3,759
M
2,622 3,549
F
Diferença (%) 6,2 5,9 6,1
Consumo de ED (kcal/d) M 8039 11142
F 6565 9315
Diferença (%) 22,4 19,6 21,0
Kcal de ED/kg ganho 9326 12594
M
8778 11886
F
Diferença (%) 6,2 5,9 6,1
1. Rações milho/farelo de soja (3350 kcal ED/kg e 15,5% de PB).
2. Rações milho/farelo de soja (3350 kcal e 13,5% de PB) Bertechini et. al.
(1985).

71
TABELA 7.10: Desempenho de frangos de corte criados até 56 dias idade de
acordo com sexo
Parâmetro Sexo Fase Média
1 2 3
1-28D 29-42D 43-56D
Consumo de Ração (g/d) M 1648 1848 2224
F 1550 1600 1898
Diferença (%) 6,3 15,5 17,2 13,0
Ganho de Peso (g/d) M 924 894 595
F 852 780 531
Diferença (%) 8,5 14,6 12,1 11,7
Conversão Alimentar M 1,78 1,97 3,03
F 1,82 2,06 3,36
Diferença (%) 2,2 4,6 10,9 5,9

1.Rações milho/farelo de soja (3000 kcal EM/kg e 20,8% de PB).


2. Rações milho/farelo de soja (3000 kcal e EM/kg e 18,9% de PB)
3. Rações milho/farelo se soja (3000 kcal EM/kg e 17,1 % PB) . Bertechini et.
al. 1985)

7.7. EXCREÇÃO DE NITROGÊNIO

 AVES
As aves excretam a maior parte do nitrogênio do catabolismo das proteinas
orgânicas na forma de ácido úrico. A maior parte do ácido úrico é sintetizado no fígado,
podendo ocorrer também a nível renal (Wiggins et al., 1982). A rota metabólica de
síntese do ácido úrico é semelhante a da síntese das bases orgânicas como adenina e
guanina. O próprio ácido úrico é considerado metabolicamente como uma purina. As
aves não possuem a carbamoil fosfato sintetase, enzima que fixa o nitrogênio livre em
mamíferos. Utilizam a glutamina sintetase mitocondrial para fixar o nitrogênio do
catabolismo dos aminoácidos a nível de citosol, onde o ácido úrico é produzido.
Durante esta formação, existe uma necessidade aumentada de alguns aminoácidos
que são chave no processo como metionina (doadora de CH 3 ), arginina e glicina.
Gasta-se 1 mol de glicina para cada molécula de ácido úrico produzido. Dois carbonos
são provenientes de transmetilação realizada pelo ácido fólico (tetrahidrofolato), que
utiliza o agrupamento metil lábil da metionina (Figura 7.3). A exigência de arginina para
mantença é alta e não pode ser biossintetizada como ocorre nos mamíferos (ciclo da
uréia), aumentando a sua necessidade dietética. Assim, a utilização de altos níveis de
proteina nas dietas, também tem um incremento nas necessidades dietéticas desses
aminoácidos para garantir a excreção normal de N através do ácido úrico. A utilização
de dietas com baixa proteina nos 5 primeiros dias de vida dos pintinhos, seria
recomendada, pois, nesta fase o aminoácido glicina é essencial e limitante,
principalmente quando se utiliza níveis muito altos de proteina nessas dietas.
Apesar da molécula de ácido úrico ser relativamente pequena, a necessidade
energética para a sua biossíntese é maior do que a uréia. Gasta-se aproximadamente
3,75 ATP/mol de N excretado na forma de ácido úrico, sendo que no caso da uréia,
este valor é de 2 ATP.

72
Figura 7.3 –Molécula de ácido úrico e fonte dos seus elementos

Os rins das aves secretam ácido úrico para a urina e também conseguem
remover o ácido úrico do sangue de forma eficiente. Os níveis de ácido úrico no sangue
são de 5 a 10 mg/100ml, sendo que uma ave adulta consegue eliminar de 4 a 5 g por
dia.

 SUINOS

Os suinos excretam o N do metabolismo dos aminoácidos na forma de uréia. A


excreção de N ocorre normalmente a uma taxa basal de eliminação, no entanto, existe
duas situações que influenciam neste processo. O primeiro refere-se ao catabolismo
dos aminoácidos e peptídeos durante o processo de gluconeogênese (metabolismo do
jejum), para garantir o suprimento de glicose para manutenção da glicemia normal e o
segundo, quando ocorre a ingestão de excesso de proteina, havendo a necessidade de
eliminação de todo o aminoácido que excede às necessidades de mantença e
produção. Durante este catabolismo, existe a necessidade de eliminação da amônia
proveniente da desaminação oxidativa, que é extremamente tóxica. Assim, ocorre a
biossíntese de uréia ( não tóxica) para evitar problemas de intoxicações. Quando
alguma amônia não é incorporada na molécula de uréia, acontece a captação dessa
pela glutamina, pela ação da glutamina sintetase, e, assim, pode-se produzir a
semelhança das aves, o ácido úrico.
O processo de biossíntese de uréia é normalmente chamado de ciclo de uréia.
Seria mais adequado chamá-lo de ciclo da ornitina. O processo de síntese de uréia
ocorre no citosol e mitocondria simultaneamente. A ornitina entra na mitocondria e é
transformada em citrulina pela ação da enzima carbamoil P – sintetase, na presença de
carbamoil P. A molécula de citrulina é transportadada para o citosol por sistema
específico de transporte, e neste compartimento, se liga a uma molecula de aspartato,
gerando a argininosuccinato pela ação da argininosuccinato sintetase. Pela ação da
argininosuccinase, libera o fumarato e a arginina. O grupo guanidino da arginina é
liberado na forma de uréia pela ação da arginase, produzindo a ornitina que participará
de novo ciclo (Figura 7.4).

Figura 7.4 Ciclo da ornitina (uréia)

7.8 IMBALANÇO DE AMINOÁCIDOS

O consumo de dietas com conteúdo de aminoácidos desproporcionais às reais


necessidades metabólicas dos animais monogástricos, leva a alterações fisiológicas
com efeitos metabólicos que influenciam no comportamento alimentar desses animais.
A ingestão da dieta imbalanceada, altera a concentração dos aminoácidos do plasma e
tecidos com redução substancial do aminoácido que estiver limitante. Este fato é
acompanhado de um decréscimo no consumo e retardamento no crescimento do
animal. Pesquisas evidenciam que o aminoácido mais limitante é incorporado nas
proteinas do fígado, proporcionando redução drástica na sua concentração plamática.
A redução no consumo se deve à esta mudança no perfil dos aminoácidos plasmáticos,
sendo que, existe um mecanismo cerebral, mais especificamente, na região chamada
de pré-piriforme cortex, que é sensível a variação do pool de aminoácidos plasmáticos,
73
que ao ser estimulada, provoca diminuição no consumo. Este fato seria uma tentativa
do organismo em diminuir os efeitos deletérios de uma dieta imbalanceada.

Existem maneiras de fazer com que o animal aumente o consumo de uma dieta
imbalanceada. Uma delas seria de condicionar o animal a consumir através de
estímulos externos. Outra, através do uso do cortisol, que estimula a degradação das
proteinas endógenas, aumentando o níveis de aminoácidos sanguíneos e a última,
através da alimentação forçada. De qualquer forma, o desempenho final dependerá do
nível de limitação do(s) aminoácido(s) limitante(s).
O grau do imbalanço é que define estas alterações. Existem basicamente três
tipos de imbalanços. O primeiro resulta da ingestão de dietas com conteúdos
desequilibrados em aminoácidos, sendo o mais comum de acontecer. Dietas com
níveis excessivos do segundo aminoácido limitante estão nesta condição também. O
segundo tipo, refere-se ao antagonismo que pode ocorrer entre os aminoácidos. Neste
caso, o excesso de um aminoácido afetando o consumo de outro, devido a competição
por sítio de absorção. Existem dois casos específicos deste imbalanço, o da lisina com
a arginina e o dos aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, isoleucina e valina). O
terceiro caso seria referente à toxidez dos aminoácidos. Os efeitos da toxidez no
consumo vai depender do aminoácido. Os aminoácidos mais tóxicos possuem efeitos
mais severos. Neste caso estão a metionina e o triptofano. Estes aminoácidos
participam de muitas funções metabólicas no organismo, sendo que os níveis tóxicos
não são muito mais altos do que as suas necessidades para maximizar o desempenho
dos animais. Para os aminoácidos menos tóxicos, os efeitos fisiológicos são menores e
neste caso estão a lisina e a treonina.
As composições das fontes proteicas normalmente utilizadas em rações de aves
e suinos, possuem perfis de aminoácidos que não atendem aos perfis das
necessidades metabólicas de manutenção, turnover proteico orgânico, crescimento de
tecidos e produtos. Assim, define-se conteúdos proteicos das dietas, que permitem o
atendimento dessas necessidades. Todos os aminoácidos que são ingeridos além da
proporção da sua exigência, é catabolizado sendo o esqueleto carbônico utilizado
como fonte de energia e o N, eliminado de diversas formas. As aves produzem o ácido
úrico e os suinos a uréia, para poder reduzir os efeitos tóxicos da amônia. Este
catabolismo é mais ou menos intenso, dependendo da desproporcionalidade dos
aminoácidos digestíveis da dieta.

7.9 RELAÇÃO IDEAL DE AMINOÁCIDOS

O conceito da relação ideal de aminoácidos descrita primeiramente como proteína


ideal, por Mitchel (1964) foi desenvolvida em ensaios de exigências de aves de
postura utilizando dietas purificadas. A necessidade de dietas mais equilibradas que
permitem melhor desempenho de aves e suinos híbridos modernos, está aliada
também a necessidade de redução da emissão de poluentes no meio ambiente, que
fez incrementar a idéia da proteina ideal. Os suínos, por exemplo, conseguem reter
aproximadamente 35% do N ingerido da proteina, sendo excretado o restante nas
fezes e urina (NRC, 1998). A utilização de dietas equilibradas em todos aminoácidos,
poderia contribuir para aumentar significativamente esta retenção e reduzir a emissão
de N de excretas no meio ambiente.
A proteina ideal refere-se a dietas que possuem o perfil de aminoácidos nas
proporções exatas das necessidades dos animais. Supõem-se que todos os
aminoácidos neste caso, sejam utilizados por completo para a biossíntese de tecidos .
74
A aplicação do conceito da proteina ideal, depende da qualidade da fonte
proteica e da possibilidade de adequação dos desequilíbrios, através do uso de
aminoácidos puros. A combinação de ingredientes que se complementam nos seus
desequilíbrios de aminoácidos, é uma forma prática de reduzir os efeitos de excessos
de aminoácidos, que seriam utilizados como fonte de energia.
Outra aplicação prática deste conceito, seria na estimativa das necessidades
nutricionais de aminoácidos, sem a necessidade de ensaios de crescimento para cada
aminoácido em particular. A lisina é considerada o aminoácido padrão de comparação
e a relação aminoácidos/lisina, usada para estimar as necessidades de todos os outros
aminoácidos da dieta.
A escolha da lisina como padrão se deve a alguns fatores relacionados a este
aminoácido que são: fácil análise, participa intensamente do crescimento dos tecidos,
tem exigência metabólica alta, é limitante nas dietas de aves e suinos, existe grande
número de trabalhos avaliando sua exigência nutricional e digestibilidade, não ocorre
transaminação, evitando qualquer modificação metabólica que possa interferir nas
determinações das suas exigências e é considerado o menos tóxico . Assim, do ponto
de vista prático, havendo a determinação das necessidades reais de lisina, se torna
fácil a estimativa dos outros aminoácidos.
Apesar do conceito de proteina ideal ser bem aceito no meio científico, ainda
existem algumas discrepâncias dos padrões de aminoácidos indicados em relação à
lisina, informada por diversos autores e tabelas de recomendações nutricionais (
Tabelas 7.8 e 7.9, para suinos e 7.10 e 7.11, para frangos de corte). Verifica-se que os
valores são coerentes entre as recomendações, apesar de existirem diferenças de até
20 anos de pesquisas, mantendo assim o conceito fundamental da proteina ideal. Outro
fato interessante é que existe mudança do perfil de alguns aminoácidos em função da
fase de desenvolvimento dos animais. Para alguns ocorre redução das necessidades e
para outros, aumento. Esta alteração se deve principalmente a diferença que existe das
necessidades dos aminoácidos para mantença e biossíntese de tecido magro. As
necessidades dos aminoácidos como metionina e treonina são maiores para mantença
em relação às necessidades para síntese de proteina. Ocorre o inverso para os
aminoácidos isoleucina, leucina e valina. Assim, a medida que os animais vão
crescendo, ocorre aumento das necessidades de mantença, refletindo em aumento
das exigências de metionina e treonina em relação à lisina.

Tabela 7.8 Padrões de aminoácidos para suinos segundo várias tabelas.


AEC NRC NRC NRC NRC NRC
ARC
Aminoácido (1996) (1998) (1998) (1998) (1998) (1998)
(1981)
25-60kg 5-10kg 10-20kg 20-50kg 50-80 kg 80-120kg
LIS 100 100 100 100 100 100 100
MET+CIS 50 55 56 57 57 59 59
TER 60 60 64 64 64 68 68
TRI 15 18 18 18 18 18 18
FEN 58 59 59 58 59 57
FEN+TIR 96 94 93 92 92 93 92
VAL 70 68 68 69 67 68 67
HIS 33 30 32 32 32 32 32
ARG 40 40 40 39 36 32
75
LEU 96 98 97 95 95 90
ILE 55 54 55 54 55 55

Tabela 7.9 Padrões de aminoácidos para suinos segundo vários autores.


Baker Baker Rostagno
Baker (1993)
Aminoácido (1993) (1993) et al.
5-20kg
20-50kg 50-100kg (2000) 15-30kg
LIS 100 100 100 100
MET+CIS 60 62 65 59
TRE 65 67 67 67
TRI 17 18 19 18
FEN+TIR 95 95 95 93
VAL 68 68 68 68
HIS 32 32 32 32
ARG 42 36 30 41
LEU 100 100 100 97
ILE 60 60 60 60

Tabela 7.10 Padrões de aminoácidos para frangos de corte segundo vários


autores/tabelas para fase inicial.

Baker Rostagno Leeson e


NRC(1994) et al. Summers Média
Aminoácido (1994) (2000) (1997)
Fase 1- 21 dias
LIS 100 100 100 100 100
MET+CIS 72 82 71 68 73
MET 36 45 39 40 40
ARG 105 114 102 100 105
TRE 67 73 63 58 65
TRI 16 18 16 17 17
GLI+SER 114 114
ILE 67 73 66 63 67
VAL 77 82 79 67 76
LEU 109 109 109 117 111
HIS 32 32 32 33 32
FEN + TIR 105 122 114 117 114

76
Tabela 7.11 Padrões de aminoácidos para frangos de corte segundo vários
autores/tabelas para fase crescimento.
Baker e Rostagno Leeson e
Han NRC(1994) et al. Summers Média
Aminoácido (2000) (1997)
(1994)
Fase 21-42 dias
LIS 100 100 100 100 100
MET+CIS 75 72 71 66 71
MET 36 38 39 40 38
ARG 108 110 108 100 107
TRE 70 74 61 55 65
TRI 17 18 17 15 17
GLI+SER 114 114
ILE 69 73 68 50 65
VAL 80 82 79 60 80
LEU 109 109 109 100 107
HIS 32 32 32 33 32
FEN + TIR 105 122 114 117 115

7.10 Digestibilidade e biodisponibilidade (proteinas/aminoácidos)

A digestibilidade das proteinas depende de uma série de fatores relacionados


com a composição e estrutura química das mesmas. A qualidade proteica depende não
somente da digestibilidade da fonte, mas também, da quantidade e balanço ou
equilíbrio dos aminoácidos essenciais contidos na proteina.
As proteinas com estruturas mais complexas, principalmente aquelas que
possuem muitas ligações covalentes ou pontes de enxofre, são de difícil digestão.
Normalmente, as proteinas vegetais apresentam digestibilidades inferiores às de
origem animal. No entanto, as proteinas de algumas farinhas animais como penas e
sangue (processada pelo calor), possuem normalmente baixas digestibilidades.
Para os animais monogástricos, o importante é o conhecimento das
digestibilidades e/ou biodisponibilidades dos aminoácidos contidos nas proteinas. Os
termos digestibilidade e biodisponibilidade estão inseridos em contexto semelhante,
porém, os conceitos são diferentes. A digestibilidade protéica refere-se apenas a fração
da proteina que foi ingerida e absorvida, não aparecendo nas fezes. Já a determinação
da biodisponibilidade, é mais complexa, e, além da digestibilidade, refere-se a
utilização efetiva dos aminoácidos absorvidos para síntese proteica. A qualidade
proteica é que define a utilização dos aminoácidos no anabolismo orgânico. Para que
uma proteina seja de alta biodisponibilidade, deve ser primeiramente de alta
digestibilidade. Por outro lado, pode existir fonte proteica de alta digestibilidade e baixa
biodisponibilidade. Cita-se neste caso as proteínas colagenosas (e.g. gelatina).
O conteúdo de aminoácidos essenciais é que define a sua utilização metabólica
e a biodisponibilidade. Na prática, o conceito de biodisponibilidade é referido como
77
valor biológico da proteina, que refere-se a percentagem do N (aminoácido) retido em
relação ao que foi absorvido. A proteina do ovo por exemplo, tem valor biológico de
93,7%, o que significa que do conteúdo total de aminoácidos absorvidos, este
percentual ficou retido (utilizado) no organismo como tal.
Na determinação da biodisponibilidade utiliza-se ensaios de crescimento e são
de duração e custo maiores em relação às determinações de digestibilidades. Assim,
evoluiu-se as determinações de digestibilidade fazendo modificações anatômicas para
coletas e correções endógenas visando a obtenção de valores mais próximos da
realidade. Desenvolveu-se a digestibilidade ileal, que pode ser aparente, sem as
correções endógenas, e a verdadeira, corrigida estas perdas. Desta maneira, isola-se o
efeito do intestino grosso nas determinações normalmente realizadas para aminoácidos
digestíveis totais. A fermentação anaeróbica que ocorre neste compartimento, pode
comprometer a determinação da digestibilidade. No caso de suinos, as diferenças entre
a digestibilidade ileal e a total são maiores do que nas aves. O intestino grosso dos
suinos representa uma parcela considerável do seu trato digestório e tem boa
funcionalidade como câmara fermentativa. Este fato indica que são mais interessantes
os valores obtidos através das coletas de íleo. Já no caso das aves, as diferenças nas
digestibilidades ileal e total são pequenas, devido a pequena participação dos cecos no
contexto da digestão proteica.
Normalmente a digestibilidade total dos aminoácidos é superestimada devido a
fermentação no intestino grosso. Para alguns aminoácidos como treonina, prolina e
glicina, existe grande produção microbiana e, assim, podem apresentar valores
maiores nas fezes em relação ao íleo, subestimando a digestibilidade total desses
aminoácidos.
Outros fatores podem participar da complexidade da determinação dos
aminoácidos ileais digestíveis. Dentre os mais importantes, cita-se o nível de fibra e
proteina da dieta e uso de enzimas. O primeiro, devido ao aumento das perdas
endógenas de aminoácidos essenciais contidos no epitélio intestinal (Parsons et al.,
1983). O segundo, influi no nível de aminoácido total da dieta, que afeta a relação entre
aminoácido exógeno e endógeno. A medida que se eleva o conteúdo do exógeno no
intestino delgado, vai reduzindo proporcionalmente o endógeno. Desta maneira, ocorre
aumento da digestibilidade intestinal dos aminoácidos a medida que se eleva o
conteúdo de amioácidos na dieta até o nível da sua exigência. Este fato sugere que
para os ensaios de digestibilidade dos aminoácidos, se utilize níveis dietéticos
compatíveis com as necessidades, para evitar subestimar os valores. O uso de
enzimas também pode contribuir na digetibilidade protéica, como é o caso das
proteases exógenas e a fitase. Esta última tem efeito indireto, melhorando a
digestibilidade dos aminoácidos em torno de 2 a 3 %, por possibilitar a hidrólise dos
complexos de proteinas com fitato.
As diferenças dos coeficientes de digestibilidades totais e ileais são maiores
para os cereais, que possuem conteúdos de proteina menores. Já para as fontes
proteicas, essas diferenças são menores, pois, eventuais pequenos erros nas
determinações, não representam muito em relação ao conteúdo total de proteina
dessas fontes.

7.10.1 Digestibilidade total e ileal de aminoácidos para aves.


As aves se caracterizam por apresentarem características do seu trato
digestório, que as diferenciam dos outros animais considerados não ruminantes.
A digestão proteica se inicia a nível de proventrículo por ação do suco gástrico
78
em pH ácido onde começa a quebra da cadeia polipeptídica por ação da pepsina e do
H+ presente no lúmem gástrico. Este início de digestão é importante para tornar as
estruturas peptídicas em forma alifática e também segmentada para uma ação mais
efetiva das proteases do suco pancreático a nível intestinal.
O intestino delgado é o sítio principal de digestão proteica, sendo que o produto
final pode ser as unidades de aminoácidos e também de oligopeptídeos que podem ser
absorvidos pela parede intestinal. No entanto, somente aminoácidos entram na
corrente sanguínea. Existem várias peptidases na parede do intestino que hidrolisam
peptídeos com 2 ou 3 aminoácidos, liberando assim os aminoácidos para a corrente
sanguínea. Após alimentação, existe um influxo de aminoácidos para o sangue portal,
mas que não reflete exatamente o perfil dos aminoácidos resultantes da digestão
proteica intestinal. Este fato é explicado por duas razões principais. Uma refere-se à
velocidade de absorção dos aminoácidos, que é diferenciada principalmente com
referência as características químicas (ácidos, neutros e básicos). O aminoácido lisina
por exemplo (básico) tem velocidade de absorção menor do que a metionina (neutro).
A digestibilidade ileal da lisina para a maioria dos ingredientes de rações de aves é
menor do que a da metionina, talvez explicado pela velocidade de absorção destes
aminoácidos. Isto pode indicar maior dificuldade de absorção por antagonismos ou
competição por sítios de absorção. A segunda razão é devido alguns aminoácidos
serem rapidamente incorporados em proteinas das células da mucosa, reduzindo a sua
participação no perfil absorvido. Outros aminoácidos também podem ser metabolizados
na parede intestinal resultando em outras substâncias. As perdas endógenas também
contribuem para o pool de aminoácidos no sistema portal. Estas perdas referem-se a
enzimas, descamações da parede do trato digestório, células epiteliais e mucos.
A técnica da digestibilidade ileal com aves traz algumas implicações. Quando se
usa galos adultos, se faz modificação cirúrgica, com remoção ou isolamento dos
cecos. Apesar da idéia de evitar qualquer fermentação que altere os valores de
digestibilidade dos aminoácidos no intestino grosso, aves cecectomizadas ainda
apresentam pequena e insignificante fermentação . Quando se utilizam aves mais
jovens, pode-se usar a técnica de abate e coleta do material com uso de indicador.
Neste caso, alterações peristálticas no momento do abate e o tempo de coleta podem
influir nos resultados. A pergunta seria. Qual o diferencial de valores que se obtém nas
determinações de digestibilidae ileal (verdadeira ou aparente) e total ? Na Tabela 7.12
estão alguns valores de digestibilidade de aminoácidos utilizando as duas técnicas por
vários autores, de algumas fontes proteicas e energéticas. Verifica-se que existem
diferenças maiores ou menores, dependendo do ingrediente e do aminoácido
considerado. Para os grãos cereais, as duas técnicas apresentaram valores similares.

Tabela 7.12 – Valores de digestibilidade ileal e total de aminoácidos de diversos


ingredientes para frangos de corte.
Ingredientes Digestibilidade (%) Autor
Farelo soja Aminoácidos Total Ileal
Lisina 86 86 1
Metionina 88 88 1
Treonina 79 77 1
Arginina 91 89 1
Far.Carne e Ossos
Lisina 85 77 2
79
Metionina 83 88 2
Treonina 86 69 2
Arginina 81 82 2
Farinha de Peixe
Lisina 85 86 1
Metionina 87 87 1
Treonina 80 81 1
Arginina 86 84 1
Milho
Lisina 75 74 1
Metionina 89 88 1
Treonina 69 62 1
Arginina 85 86 1
Sorgo
Lisina 89 83 2
Metionina 92 92 2
Treonina 71 62 2
Arginina 89 93 2
1.Ravindram et al. (1999); 2. Kadim et al. (2002)

Parsons (1986) determinou a digestibilidade verdadeira com galos


cecectomizados e não cecectomizados de vários alimentos e encontrou valores de
digestibilidades de aminoácidos superiores para os segundos. Observou uma diferença
média em torno de 10% a menos nos galos cecectomizados em comparação aos com
ceco normal.
Apesar das pequenas diferenças observadas nas digestibiidades ileal verdadeira
e total para os alimentos que apresentam maiores digestibilidades (e.g. farelo de soja,
farinha de peixe e milho), seria indicado para os demais ingredientes, a determinação
das digestibilidades utilizando aves cecectomizadas.

7.10.2 Digestibilidade total e ileal de aminoácidos para suinos

Os suinos possuem trato digestório bem definido com segmentos bem formados
e que definem o processo digestivo nestes animais.
A digestão proteica também é iniciada ao nivel gástrico onde ocorre às mesmas
transformações dos alimentos que acontecem com as aves. Existe alguma
diferenciação a nível de glandula gástrica, porém, o funcionamento neural e secretório
é semelhante ao da aves. A capacidade gástrica no suino é um pouco maior do que na
ave, porém, a ave tem um segmento complementar que é o estomago mecânico
(moela) que tem função essencial no processo digestivo. Assim, a digestão proteica
pré-ileal é semelhante para ambas espécies. No entanto, o intestino grosso nos suinos
adultos tem significativa funcionalidade como câmara fermentativa, além, da função
básica de recuperação de água e eletrólitos.
Neste compartimento dos suinos, ocorre intensa fermentação que influi
diretamente na determinação da digetibilidade proteica (aminoácidos) . O intestino
80
delgado é o sítio principal de digestão e absorção de aminoácidos, a semelhança das
aves. A proposta de digestibilidade ileal, corrigida (verdadeira) ou aparente, tem a
finalidade de conhecer melhor a absorbabilidade dos aminoácidos, já que, somente
neste segmento existem sítios para tal. Por outro lado, o intenso desgaste do trato
digestório, aliado a grande quantidade de enzimas (proteinas), incrementa de forma
significativa a presença da proteina endógena no íleo. Algumas pesquisas indicam que
a proteina endógena chega a ser 7 vezes maior do que a ingerida, no íleo inferior. Este
é um dos fatores que pode afetar os valores de digestibilidade ileal de aminoácidos,
sem que seja corrigida esta perda endógena. Estas perdas são provenientes de uma
secreção basal e, somada a ação específica de compostos químicos da dieta como
fibra, fatores antinutricionais (anti-tripsina, taninos, e polissacarídeos complexos) .
A digestibilidade ileal aparente também é variável de acordo com o nível de
aminoácidos da dieta. Quanto maior o conteúdo proteico da dieta, mais diluido ficará a
perda endógena, em relação à ingestão. Devido a este fato é que os coeficientes de
digestibilidade ileal aparente dos aminoácidos dos grãos cereais, normalmente são
inferiores aos coeficientes das fontes proteicas. Assim, existe a necessidade de se usar
níveis mais altos de proteina na dieta, pois, à medida que se eleva o nível de
aminoácidos ingeridos, maior a digestibilidade ileal (Fan et al.,1994). Também se pode
inferir que níveis muito altos de proteina na dieta basal, poderão aumentar o
incremento calórico, podendo haver gastado de aminoácidos como fonte de energia,
alterando o real aproveitamento na construção de tecidos. De qualquer forma, estes
possíveis erros nas determinações não alteram de forma significativa os valores
determinados. A digestibilidade ileal aparente e a total apresentam maior diferenciação
do que a observada com aves (Tabela 7.13).

Tabela 7.13 – Valores de digestibilidade ileal aparente e total de aminoácidos de


algumas fontes proteicas e energéticas para suinos1.
Ingredientes Digestibilidade (%)
Protéicos Aminoácidos Total Ap. Ileal Ap.
Farelo soja Lisina 86 84
Metionina 77 76
Treonina 84 80
Triptofano 86 80
Far. Carne e ossos Lisina 71 66
Metionina 60 63
Treonina 67 65
Triptofano 68 63
Energéticos
Milho Lisina 72 66
Metionina 88 86
Treonina 71 69
Triptofano 65 64
Arginina 81 83
Sorgo Lisina 69 62
Metionina 83 81

81
Treonina 72 68
Triptofano 76 75
Arginina 79 78
1. Adaptado de Serrano (1990)

Os resultados de digestibilidade total ou ileal apresentam variações significativas


e indicam que a microbiota do intestino grosso desses animais, interfere nos valores,
constituindo uma fonte de erros quando se estima a digestibilidade fecal dos
aminoácidos. A fermentação que ocorre no intestino grosso resulta na produção
principalmente de ácidos graxos voláteis (acético, propiônico e butírico), NH +, CO2 e
CH4, além de proteína microbiana. Como não existe sítio de absorção de aminoácidos,
dificilmente esta proteína contriburia para fornecimento de aminoácidos, a não ser pelo
pequeno refluxo de material para o íleo, com a presença de aminoácidos livres, o que
seria insignificante.

METABOLISMO DAS VITAMINAS

A adequada nutrição animal depende de substâncias tais como minerais, água,


proteínas (aminoácidos), gorduras, carboidratos e também das vitaminas.
As vitaminas representam um grupo de substâncias distintas quimicamente e
exigidas em pequenas quantidades na dieta e exercem basicamente quatro funções
metabólicas (estabilização de membranas celulares, hormonal, doadores/receptores de
H+/e- e coenzimas ). A estabilidade das membranas das células depende da ação da
vitamina E, como antioxidante dos ácidos graxos polinsaturados dos fosfolipídeos ; a
vitamina D e seus metabólitos são importantes na homeostasis do cálcio e age como
hormônio no metabolismo deste macromineral; a vitamina E, doa H +, a vitamina C
como redutor orgânico importante nas hidroxilações e todas as outras vitaminas
hidrossolúveis, com exceção da colina, são cofatores enzimáticos participando de
todos as reações metabólicas orgânicas.
Os primeiros estudos sobre as vitaminas salientaram as alterações fisiológicas
mais evidentes que ocorriam quando animais eram mantidos com dietas deficientes em
vitaminas. Casimir Funk já em 1912, verificou que uma substância obtida do polimento
de arroz (tiamina) prevenia a beriberi e a polineurites, chamando-a de vital amina, que
posteriormente foi batizada como vitamina. Nessa época, não havia equipamentos
bioquímicos que pudessem isolar e descobrir a estrutura dessas substâncias. Dessa
forma, os pesquisadores lhe atribuíam as letras do alfabeto, que são utilizadas até hoje
para várias vitaminas.
Existem vários requisitos para serem consideradas vitaminas do ponto de vista
nutricional:
a. São compostos orgânicos que apresentam composições distintas e não são
classificados como carboidratos, proteínas e lipídeos;
b. São exigidas em pequemas quantidades para o funcionamento normal do
metabolismo orgânico;
c. A sua falta ou deficiência, normalmente provoca um sintoma específico que é
82
corrigido pela sua adição à dieta;
d. São encontradas em sua maioria em pequenas quantidades nos ingredientes
normalmente utilizados nas rações animais.

Classificação das Vitaminas


Classificamente as vitaminas estão divididas de acordo com a solubilidade em
lipossolúveis (solúveis em lipídeos e solventes orgânicos) e hidrossolúveis (solúveis em
água).
As vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) são econtradas nos alimentos em
associação aos lipídeos. Os fatores que afetam a digestão e absorção dos lipídeos,
também interferem no aproveitamento destas vitaminas.
As vitaminas hidrossolúveis são representadas pelas vitaminas do complexo B
(B1, B2, B6, B12, ácidos fólico, nicotínico e pantotênico, biotina e colina) e vitamina C.
Estão presentes nos alimentos associadas a carboidratos e proteína.
As vitaminas desempenham funções importantes no organismo. As lipossolúveis
diferem fisiologicamente das hidrossolúveis por participarem da estrutura dos
compostos orgânicos e por isso são designadas de vitaminas de crescimento. Já as
hidrossolúveis, exceção da colina, todas participam do metabolismo intermediário na
forma de coenzimas e eliminadas rapidamente do organismo. São chamadas de
vitaminas de manutenção orgânica. A Figura 8.1 evidencia a importância das vitaminas
hidrossolúveis no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas.

83
FIGURA 8.1: Resumo da atuação das vitaminas hidrossolúveis no
metabolismo

8.1 VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS


Vitamina A
A vitamina A, na forma de retinol, retinal ou ácido retinóico, somente é encontrada
no organismo animal e seus produtos (Tabela 8.1). As plantas produzem pigmentos
amarelos chamados de carotenóides, que podem ser convertidos em vitamina A na
mucosa intestinal e no fígado (Tabela 8.2). A eficiência de transformação do -
84
caroteno varia de acordo com a espécie (Tabela 8.3). As aves e os ratos convertem 1
mg de -caroteno em 1667 UI de vitamina A enquanto este para suínos é de apenas
553 UI . A conversão do -caroteno retinol envolve uma clivagem enzimática na
posição 15 da cadeia cabônica segundo ilustração da Figura 8.2.

TABELA 8.1: Conteúdo de vitamina A de vários alimentos


Vitamina A
Fonte
Ul/g
Óleo de Fígado de Baleia 400.000
Óleo de Fígado de Bacalhau 4.000
Manteiga 35
Queijo 14
Ovos 10
Leite 1,5
Como Pró Vitamina A (-caroteno)
Alfafa desidratada (folhas) 530
Alfafa, feno (20%) 150
Cenoura 120
Farinha de glúten de milho amarelo (41%) 20
Milho amarelo 2
Scott et al. (1982)

FIGURA 8.2: Processos de conversão do -caroteno vitamina A


85
Tabela 8.2 Atividade biológica de várias formas de vitamina A
Formas de vitamina A UI/mg
Vitamina A – alcool (retinol) 3333
Vitamina A – acetato 2907
Vitamina A – palmitato 1818
Carotenos (aves)
 - caroteno 1667
 - caroteno 880
 - caroteno 700
Criptoxantina 950

Tabela 8.3 Eficiência de conversão do -caroteno em vitamina A em várias espécies.


Atividade de Vitamina A
Espécie
(UI/mg)
Aves 1667(100%)
Rato 1667 (100%)
Suínos 553 (33%)
Bovinos 400 (24%)
Ovinos 400-520 (24 – 34%)
Eqüinos 333- 520 (20-34%)
Felinos Não utiliza
Caninos Limitado

Funções da vitamina A
a) Processos da visão
O pigmento retiniano chamado rodopsina ou púrpura visual (proteína conjugada)
é cindido pela presença da luz em opsina e retineno. Esta reação ocorre ao inverso
sem a presença de luz. A retina o retinol na qual é convertido em retinaldeído, que
participa do sistema visual (ilustração na Figura 8.3). Na deficiência de A, as reações
de formação da rodopsina ficam prejudicadas, manifestando inicialmente a falta de
adaptação ao escuro, que progride até a cegueira noturna total.

86
FIGURA 8.3: Processo da visão (Adaptado de Scott et al., 1982)
b) Manutenção da integridade dos epitélios
A vitamina A é exigida para a manutenção do epitélio que recobre todos os
canais, cavidades e áreas de exposição externa, atua diretamente na síntese de
mucopolissacarídeos. A queratinização dos epitélios é o resultado da perda de sua
capacidade secretora, tornando-os secos e susceptíveis às infecções. O trato
gastrointestinal quando queratinizado, possibilita infecções provocando transtornos
digestivos.

c) Formação óssea
Os sais de cálcio são depositados em uma matriz de mucopolissacarídeos que
são sintetizados por ação da vitamina A.

d) Reprodução
Na reprodução, a vitamina A atua na síntese de hormônios esteroidais a partir do
colesterol orgânico, nas gônadas, placenta e adrenais. Em caso de deficiência desta
vitamina, ocorrem alterações histológicas dos órgãos reprodutivos de machos e
fêmeas, tornando as glândulas atróficas e mesmo quando ocorrer a fecundação, o feto
poderá ser reabsorvido ou nasce defeituoso ou morto.

Deficiência de vitamina A
a) Aves
Pintos de um dia recebendo dieta livre de vitamina A apresentam sintomas de
deficiência ao final da primeira semana de vida, Este quadro é mais evidente quando a
matriz tenha sido alimentada com ração também deficiente. De maneira geral, a
deficiência de vitamina A em aves provoca anorexia (devido a queratinização dos
epitélios) com consequência no crescimento, incoordenação motora, enfraquecimento
geral, acúmulo de uratos nos ureteres e túbulos renais com aumento da mortalidade.
Em animais adultos, verifica-se a queratinização do trato digestório superior, formação
87
de pústulas brancas em consequência de infecções secundárias.

b) Suínos
Em suínos, a deficiência de vitamina A dietética resulta em diminuição dos níveis
sanguíneos com elevação da pressão do fluído cérebro-espinhal.
A redução da resistência a doenças, principalmente as ligadas do aparelho
respiratório dos suínos é frequente.
A incoordenação motora com paralisação dos membros posteriores pode evoluir
para uma ataxia total. Nas porcas reprodutoras, a deficiência desta vitamina resulta em
problemas reprodutivos.

Vitamina D
Existem basicamente dois tipos de vitamina D, o ergocalciferol vegetal irradiado
(D2) e o colecalciferol animal (D3).
Para suínos, as formas dietéticas de D2 e D3 são eficientemente utilizadas, no
entanto, as aves aproveitam com melhor eficiência a forma D3 (10 vezes melhor).
Os precursores das formas D2 e D3 são o ergosterol vegetal e o 7-
dehidrocolesterol, respectivamente. Ambos compostos quando submetidos aos raios
ultravioleta, modificam as suas moleculas transformando-os em vitamina D de acordo
com esquema da Figura 8.4.

88
FIGURA 8.4: Conversão do ergosterol e 7-dehidrocolesterol nas vitaminas D2
e D3 respectivamente.

A vitamina D3, para ser metabolicamente ativa, sofre transformações orgânicas,


que ocorrem no fígado e rins (Figura 8.5), através de reações de adição de grupos OH
na molécula.

FIGURA 8.5: Transformações metabólicas da vitamina D3 (Martin et al., 1982)


Vários fatores são responsáveis pela ativação da vitamina D no organismo (Figura
8.6). A soma dos seus efeitos, resulta em rápida elevação da concentração sanguínea
da forma ativa desta vitamina (Figura 8.6).

89
FIGURA 8.6: Fatores de ativação da vitamina D.

Função da vitamina D

Absorção de cálcio no intestino delgado


A vitamina D3 ativa (1,25 dihidroxicolecalciferol) atua nas células da mucosa do
duodeno, ativando a síntese de uma proteína responsável pela absorção de cálcio
(Calbindin) do lúmen intestinal (Figura 8.7). O processo de absorção de cálcio depende
de energia e sódio. Pesquisas têm revelado que a vitamina D também estaria envolvida
na absorção do fósforo, porém, não se conhece ainda este mecanismo. No entanto,
pode-se considerar que esta vitamina é a responsável pela elevação dos níveis de
cálcio e fósforo no sangue, para dar suporte destes elementos às funções orgânicas
normais.

90
FIGURA 8.7: Atuação da vitamina D3 na absorção cálcio
Deficiência de vitamina D
A vitamina D pode ser sintetizada na pele dos animais desde que expostos aos
raios solares (ultra violeta). No entanto, aves e suínos são atualmente criados em
confinamento, livre de insolação. Este fato leva a necessidade de suplementação desta
vitamina nas rações destes animais.

a) Aves
Aves na fase inicial de criação, quando deficientes, apresentam uma redução no
crescimento e raquitismo a partir da 2ª ou 3ª semana de vida. Os ossos e bicos tornam-
se moles e dobráveis.
O aparecimento de nódulos na união costela vértebra são características de
deficiência de vitamina D em poedeiras, que também provoca redução da mobilidade,
com paralisias das pernas, produção de ovos sem casca ou casca mole e, ocorre
também a queda na produção de ovos.
Exames pós-mortem nas aves revelam hipertrofia da glândula paratireóide e
redução das cinzas e resistência óssea devido a osteodistrofia (redução da substância
mineral dos ossos).

b) Suínos
Leitões deficientes em vitamina D, reduzem o crescimento, ocorre engrossamento
e rigidez das juntas, provocando paralisias, nos membros posteriores.
Em animais adultos, a deficiência causa a osteomalácia, com redução da
resistência óssea, com fraturas frequentes.

91
Vitamina E
A vitamina E, também chamada de tocoferol, foi inicialmente estudada na
reprodução, sendo designada por algum tempo como vitamina antiesterilidade e
vitamina da fertilidade. Foi descoberta por Evans e Bishop (1922), como fator
lipossolúvel de óleos vegetais, necessário à reprodução de ratos.
Existem várias formas de tocoferol encontrados na fração lipídica de vegetais,
com atividade de vitamina E (Tabela 8.2). No entanto, a forma alfa-tocoferol é a mais
importante nutricionalmente. O conteúdo de vitamina E nas plantas é prejudicado pelo
tempo de armazenamento dos alimentos, sofre alterações químicas e perda da
atividade.
As duas principais formas de vitamina E para as rações são o alfa-tocoferol e o
alfa-tocoferil-acetato (Figura 8.7), ambas com eficiente atividade de vitamina E.
TABELA 8.2: Atividade biológica de tocoferois encontrados em várias
fontes
Potência Biológica Fonte
Forma
Relativa Primária
Alfa-tocoferol 100 Germe de trigo
Beta-Tocoferol 35 Germe de trigo
Gama-tocoferol 1 Milho
Delta-tocoferol 1 Soja

Scott et al (1982)

FIGURA 8.8: Estrutura química da vitamina E

A absorção da vitamina E está relacionada com a digestão das gorduras, sendo


facilitada pela bile e lipase pancreática. A forma esterificada (dl-alfa-tocoferol-acetato) é
hidrolizada na parede intestinal sendo absorvida e transportada por lipoproteínas
tranportadoras para a circulação geral.
A vitamina E absorvida é armazenada principalmente no fígado e tecido adiposo,
podendo ser mobilizada para manutenção dos níveis sanguíneos normais. Intracelular,
a vitamina E pode ser encontrada principalmente em mitocôndrias e membranas dos
microssomas.

Funções da vitamina E
a) Atua no metabolismo de carboidratos, na creatina, no metabolismo muscular
92
e na regulação das reservas de glicogênio, controla o desenvolvimento e
função das glândulas, prepara e protege a gestação regula o metabolismo
hormonal através da hipófise. Estimula a formação de anticorpos e possui
efeito antitóxico no metabolismo celular.
b) Antioxidante biológico. Como antioxidante celular, a vitamina E intervém na
estabilização dos ácidos graxos polinsaturados, fração lipídica das
membranas celulares, evitando a formação de lipoperóxidos tóxicos, não
permitindo a formação de lesões nos vasos sanguíneos e alterações na
permeabilidade capilar, exercendo atividade de proteção à membrana
eritrocítica, através do aumento da sua resistência ao peróxido de hidrogênio
(agente hemolítico). A desintegração oxidativa da vitamina A no organismo
animal pode ser protegida pela ação antioxidante da vitamina E, melhorando
seu aproveitamento e armazenamento orgânico.

Interrelação vitamina E/selênio


A vitamina E e o selênio, são compostos importantes na manutenção da
integridade das membranas celulares. Enquanto a vitamina E evita a peroxidação dos
tecidos, o selênio ativa a enzima glutationa peroxidase, que destrói os peróxidos
formados. Desta maneira, verifica-se que o selênio pode servir como fator de
economicidade de vitamina E no metabolismo. Thompson e Scott (1969) verificaram
que o aumento da vitamina E na dieta de frangos de corte levou a uma redução nas
necessidades de selênio dietético (Tabela 8.3).
TABELA 8.3: Efeito da adição de níveis de vitamina E sobre as
necessidades de selênio na dieta de frangos de corte,
Nível de Vitamina e
Necessidade de Selênio
Adicionada
(ppm)
(ppm)
0* 0,05
10 0,02
100 0,01

Thompson e Scott (1969)


* dieta semipurificada contendo menos de 0,005 ppm de selênio

O mecanismo pelo qual a vitamina E e o selênio agem a nível de metabolismo


encontra-se ilustrado nas Figuras 8.9 e 8.10.
A vitamina E se oxida nos tecidos com liberação H+ que complementa a
insaturação dos carbonos dos ácidos graxos insaturados presentes nas membranas
das células na molécula de lecitina.
A lecitina é o fosfolipídeo mais importante da fração lipídica da membrana das
células e que controla a permeabilidade celular. Dentre os ácidos graxos
polinsaturados que podem compor a molécula de lecitina, o ácido graxo aracdônico é o
mais frequente, contendo quatro duplas ligações na sua molécula, com grandes
chances de ocorrer a peroxidação.
Todas as membranas celulares e de organelas do organismo são formadas pela
unidade de membrana compostas por uma camada bimolecular de lipídeos, envolvida
por uma camada protéica. A peroxidação da fração lipídica de qualquer destas
membranas acarreta sérios prejuízos no metabolismo orgânico. Estes prejuízos podem
93
ser simples perda da permeabilidade celular com perda de líquidos das células com a
ruptura das membranas e liberação de complexos enzimáticos como hidrolases ácidas
que em reações em cadeia podem levar o animal a morte.

Deficiência de vitamina E/selênio


A deficiência de vitamina E e/ou selênio ocorre sob diversas condições que vão
desde os níveis utilizados na ração até o seu uso pelo animal.
Dentre todas as vitaminas nutricionalmente importantes, a vitamina E é a mais
susceptível à destruição pela oxidação. Esta deve ser a principal preocupação no
momento da formulação dos suplementos vitamínicos para aves e suínos.
Nomalmente, as vitaminas lipossolúveis devem ser adicionadas às rações,
principalmente de frangos de corte em níveis bem superiores às exigências teóricas,
sob pena de não alcançar os resultados de desempenho esperado. Os problemas de
deficiência de vitamina E se verifica com frequência no período de calor, o que leva a
concluir a ocorrência de grandes perdas durante o armazenamento destas rações, já
que, a presença de íons metálicos, associados à umidade e condições inadequadas de
armazenamento, levam a destruição desta vitamina. Outro fato que reforça o
aparecimento desta deficiência é a pobreza em selênio dos solos e consequentemente
dos ingredientes de rações utilizadas no Brasil, salvo algumas áreas com aporte melhor
de selênio.

FIGURA 8.9: Interrelação vitamina E e selênio na proteção das membranas


contra a peroxidação.
94
FIGURA 8.10: Metabolismo da vitamina E nos tecidos.

a) Aves
As aves podem apresentar diversos sintomas de deficiência de vitamina E e/ou
selênio dependendo da intensidade da carência e idade das aves.

1 - Encefalomalácia nutricional
Este sintoma foi inicialmente descrito em 1931, caracterizado por ataxia,
curvamento do pescoço, incoordenação, contrações e relaxamento rápido das pernas e
finalmente prostração e morte da ave. Este quadro aparece normalmente entre a 2ª e
4ª semana de idade da ave e é caracterizada histologicamente por uma degeneração
das células de Purkingie do cerebelo e às vezes do cérebro. Nos casos severos, o
cerebelo apresenta petéquias hemorrágicas e as meninges edematosas. Na prevenção
da encefalomalácia, a vitamina E atua como antioxidante biológico, interrompendo a
formação de radicais livres. Após o aparecimento dos sintomas, a adição de selênio à
dieta não recupera a ave. Várias pesquisas têm relatado a importância da utilização de
anti-oxidantes como etoxiquina e BHT (butil-hidroxi-tolueno) nas rações de aves,
principalmente nas de alta energia com altos teores de óleos vegetais, que favorece a
oxidação da vitamina E.

2 - Diátese exsudativa
Este sintoma aparece devido ao marcado aumento da permeabilidade dos
capilares, conduzindo a formação de edemas, com conteúdo semelhante ao plasma
sanguíneo. Ocorre com maior frequência em aves com idade entre três a seis semanas
e se caracteriza pelo aparecimento de sintomas tais como coloração verde azulada na
região peitoral da ave, com degeneração dos músculos e pequenas hemorragias nas
articulações e num estágio avançado, o aumento de volume na região ventral com o
acúmulo de exsudato subcutâneo formando um edema peitoral.
Segundo Scott et al. (1982) a adição de 80 g de selênio/kg de ração, na forma
de selenito de sódio, previne completamente a diátese exsudativa e em rações com
níveis adequados em vitamina E, sendo que 40 g/kg são efetivos para manter um
bom desempenho das aves.
95
3 - Distrofia muscular nutricional
Em dietas deficientes em vitamina E e aminoácidos sulfurosos, as aves
apresentam uma severa miopatia especialmente no músculo do peito a partir de quatro
semanas de idade. A distrofia muscular nutricional é caracterizada pela degeneração
das fibras musculares especialmente na região peitoral e ocasionalmente nos músculos
das pernas. Pode ocorrer também a erosão da moela, devido provavelmente à
degeneração muscular, que afeta a musculatura deste órgão.
Níveis adequados de selênio e vitamina E previnem esta distrofia muscular.

4 - Problemas reprodutivos
Em matrizes, a deficiência prolongada de vitamina E /ou selênio reduz
marcadamente a eclodibilidade. Nos machos, ocorre uma degeneração testicular
afetando o seu desempenho reprodutivo.

b) Suínos
A deficiência de vitamina E e/ou selênio em suínos produz basicamente três
síndromes principais: distrofia muscular, hepatose dietética e microangiopatia dietética.
Além destas manifestações, podem ser observadas outras disfunções ligadas
principalmente a reprodução, como esterilidade e reabsorção fetal. Hemorragias no
trato gastrointestinal e esteatite podem aparecer.

1 - Distrofia muscular nutricional


O sintoma precoce da deficiência de vitamina E e selênio em suínos apresenta
como uma redução no ritmo de crescimento. Com a progressão desta deficiência,
pode-se observar degeneração que determina um andar rígido, posturas anormais e
decúbito prolongado ou permanente. As fibras musculares se degeneram
apresentando-se hemorrágicas.

2 - Hepatose dietética
Esta disfunção afeta principalmente os suínos de três a quatro meses de idade,
determinando alta mortalidade. As descrições clínicas da hepatose dietética são
escassas devido a curta duração desta síndrome. Observa-se em animais doentes uma
forte dispnéia, cianose nas condutas auditivas, vômitos, sonolência e inapetência.
A necropsia do fígado evidencia uma hipertrofia hepática e lóbulos com aspecto
de mosaico. Hemorragias de intensidade variável podem ocorrer, onde as células
hepáticas são substituídas por fibroblastos.

3 - Microangiopatia dietética (Cardiopatia)


Aparece com maior frequência em suínos de 12 a 16 semanas recebendo ração
deficiente em vitamina E e selênio.
O animal apresenta forte dispnéia, notando-se cianose focal (orelhas), apatia,
máculas azul avermelhadas na pele e morte súbita.
Animais necropsiados apresentam hemorragias no miocárdio, edema pulmonar,
congestão venosa, edema no trato gastrointestinal, na parede abdominal e presença
intensa de transudatos.

96
TABELA 8.4: Resumo das principais deficiências nutricionais ligadas a
Vitamina E e Selênio.
Condição Animal Tecido Previnido por
Afetado Vit E Se
1. Falha na Reprodução
- Degeneração Embrionária Galinhas Sistema vascular do Sim Não
embrião (ovo)
- Esterilidade Galos Gônadas masculinas Sim Não
2. Fígado, sangue, cérebro e
capilares.

Encefalomalácia nutricional Frangos Células de Purkingie Sim Não


e Perus
Diátese exsudativa Frangos Paredes dos capilares Sim Sim

Destruição dos eritrócitos Frangos e Sangue Sim Sim


Perus
Perda de proteinas sangue Frangos Soro albumina Sim Sim

Hepatose dietética Suínos Fígado Sim Sim

Esteatite Suínos Tecido Adiposo Sim Sim


3. Miopatias Nutricionais

Distrofia muscular nutrional Frangos, Músculo esquelético Sim Não ou


perus e parcial
suínos mente

VITAMINA K
Também chamada de vitamina antihemorrágica, a vitamina K exerce um papel
importante na coagulação sanguínea através da regulação e manutenção da formação
de protrombina.
Existem três grupos de substâncias com atividade de vitamina K. São as séries
das filoquinonas (plantas), séries das menaquinonas (produzidas pela fibra bacteriana
intestinal) e a série menadionas (formas sintéticas), com atividades de vitamina K.
As menadionas são utilizadas para suplementação das rações. A molécula não é
completa, no entanto, no fígado, ocorre a adição da cadeia carbônica isoprênica.
TABELA 8.5:Atividade biológica relativa de várias formas da vitamina K
Atividade
Formas Relativa
(Base Molar)
Série fitoquinonas
Filoquinona - 1 [vitamina K1, (5)]* 5
Filoquinona - 2 [Vitamina K1, (10)] 10
Filoquinona - 3 [Vitamina K1, (15)] 30
Filoquinona - 4 [Vitamina K1, (20)] 100 (natural)
Filoquinona - 5 [Vitamina K1, (25)] 80
Filoquinona - 6 [Vitamina K1, (30)] 50
97
Série Menaquinonas
Menaquinonas - 2 [Vitamina K2, (10)] 15
Menaquinonas -3 [Vitamina K2, (15)] 40
Menaquinonas -4 [Vitamina K2, (20)] 100
Menaquinonas -5 [Vitamina K2, (25)] 120
Menaquinonas -6 [Vitamina K2, (30)] 100
Menaquinonas -7 [Vitamina K2, (35)] 70

Série Menadionas
Menadiona (vitamina K3) 40-150
Menadiona-bissulfito de NaCl 50-150
(complexo) 100-160
Menadiona dimetil pirimidon bissulfito
 o valor entre parênteses representa o número de carbonos das unidades isoprênicas
 Leeson e Summers (2001)

FIGURA 8.11: Estrutura da menadiona bissulfito de sódio

Funções da Vitamina K
A Vitamina K atua no mecanismo complexo de coagulação sanguínea em vários
passos metabólicos. Fatores intrínsecos (ligados à injúria do tecido) e Extrínsicos
(presentes no plasma sanguíneo) estão envolvidos no mecanismo de formação da
fibrina, tendo a vitamina K responsável pela biossíntese de protrombina, proconvertina,
fator Stuart e fator Christimas (tromboplastina plasmática).

98
FIGURA 8.12: Mecanismo da coagulação sanguínea (Martin al, 1982)
Fatores anti-vitamina K
Existe uma série de substâncias com estruturas semelhantes à vitamina K e que
ocupam a sua posição porém, não exercendo sua função.
Dentre estas substâncias, a sulfaquinoxalina, o warfarim, dicumarol e a
actinomicina D são compostos que impedem a coagulação sanguínea, provocando
hemorragias que levam a morte do animal. O warfarim e o dicumarol são comumente
utilizados como veneno de ratos.

Deficiência de vitamina K
A deficiência de vitamina K leva a um retardamento na velocidade de coagulação
sanguínea.

99
a) Aves
Os sintomas de deficiência de vitamina K em aves resumem-se em pontos
hemorrágicos na pele; sangramento excessivo devido a lesões e cristas pálidas.
Pintinhos recebendo ração deficiente nesta vitamina apresentam sintomas de
deficiência com duas semanas. Aves criadas no sistema de cama, dificilmente terão
deficiência desta vitamina, devido ao contato com as próprias fezes, ricas em K,
produzida no intestino grosso da ave. No entanto, a suplementação da vitamina K é
imprescindível ao bom desempenho de poedeiras em regime de gaiola.

b) Suínos
Os suínos também apresentam sintomas semelhantes ao das aves, onde as
lesões provocam hemorragias que levam a anemia e o baixo desempenho destes
animais.
Os leitões deverão receber ração suplementada com vitamina K principalmente
na fase pós-desmama, onde os distúrbios digestivos desta fase, podem associar-se a
hemorragias do trato digestório que levam a morte destes animais.

8.2 VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS


As vitaminas hidrossolúveis compreendem as do complexo B e mais a vitamina C.
Ao contrário das vitaminas lipossolúveis, as hidrossolúveis não são armazenadas no
organismo e participam como cofatores enzimáticos de todo metabolismo orgânico,
com excessão da colina, que, além de não participar de enzimas, tem exigência de
macronutriente e é acumulada do organismo.

VITAMINA B1 (TIAMINA)
Atua de forma decisiva no metabolismo dos carboidratos como coenzima. Os
grãos cereais e seus subprodutos e os farelos de soja algodão e amendoim são
relativamente ricos nesta vitamina e em especial o pericarpo do arroz e trigo, que
apresentam grandes concentrações. A suplementação de tiamina pode ser em mg/kg
da dieta ou em UI. Neste caso considera-se que uma UI é equivalente a 3 g de
tiamina hidroclorica cristalina.
A suplementação da vitamina B1 em rações de aves e suínos torna-se
imprescindível, já que, estas rações contém altos teores de carboidratos. Além da
participação coenzimática da tiamina, atua no funcionamento normal do tecido nervoso
e músculo cardíaco. Pesquisas evidenciam a participação da tiamina na biossíntese de
acetil-colina, responsável pela transmissão dos impulsos nervosos; participa no
transporte passivo do sódio através da membrana das células ganglionares e também
previne a redução da atividade da transcetolase do ciclo da pentose fosfatada,
envolvido na biossíntese de ácidos graxos no sistema nervoso.
As necessidades de tiamina para poedeiras comerciais é mais elevada quando
comparada com frangos de corte e suinos, devido a grande deposição dessa vitamina
na gema.
Sistemas enzimáticos dependente de B1:

a) alfa-cetoácido descarboxilase: a mais importante é a piruvato descarboxilase


TPP (tiamina pirofosfato) dependente.
100
b) Transacetolase: atua no ciclo das pentoses, importante na produção de
NADPH+ H+ utilizada na biossíntese de ácidos graxos.
Existem algumas substâncias com funções anti-tiamina que bloqueiam a ação
desta vitamina. Antimetabólicos como o amprolium, anticoccidiano utilizado em rações
de frangos de corte, compete com a tiamina a nível de eiméria. No entanto, a utilização
de níveis excessivos deste antimetabólito, leva a necessidade de aumentar a
suplementação da vitamina B1, nas rações destas aves.

Deficiência de vitamina B1
a) Aves - Sintomas
 atraso no crescimento
 anorexia
 polineurites
 decréscimo da taxa respiratória

a) Suínos - Sintomas
 atraso no crescimento
 cianose (cor azulada, devido à oxigenação inadequada do sangue) na pele e
nas membranas mucosas da cabeça
 coração dilatado com alterações cardíacas
 temperatura subnormal

Vitamina B2 (Riboflavina)

A riboflavina exerce papel importante nas reações de redução e oxidação do


metabolismo intermediário. É uma vitamina de coloração amarela (forma reduzida) que
se torna incolor após oxidação. Faz parte de diversos sistemas enzimáticos que atuam
principalmente na cadeia respiratória na forma de FAD (flavina-adenina-dinucleotídeo).

Deficiência de vitamina B2

a) Aves - sintomas
 diarréias
 retardamento no crescimento
 paralisia dos dedos curvos
 pique de mortalidade no meio do período de incubação.

a) Suínos - Sintomas
 crescimento retardado
 problemas reprodutivos
 distúrbios no trato digestivo
 dermatite seca e escamosa
 visão danificada (cataratas e opacidade do cristalino).

101
Vitamina B6
Existem três formas de vitamina B6 com efeitos fisiológicos semelhantes para
aves e suínos. São as formas piridoxal, piridoxina piridoxamina. A forma piridoxina é
encontrada predominantemente em vegetais (verdes, grãos) e as formas piridoxal e
piridoxamina, em produtos animais. A biodisponibilidade dessa vitamina nos
ingredientes vegetais é considerada baixa ( 40-60%) e existe também destruição nas
rações devido a presença de minerais. Esta vitamina desempenha papel importante
nas reações de transaminação, descarboxilação, racemização e no transporte de
aminoácidos, através das membranas das células. O número de pesquisas sobre as
exigências de B6 é pequeno, porém, dada a sua importância nas reações de
transaminação, existe a preocupação maior da sua suplementação nas dietas iniciais
de aves e suinos, haja vista, a grande necessidade de biossíntese de aminoácidos não
essenciais nessa fase de criação.

Deficiência de vitamina B6
a) Aves - Sintomas
 crescimento retardado
 convulsões
 perda rápida de peso
 edema nas pálpebras
 erosão de moela

b) Suínos - Sintomas
 convulsões
 baixo ritmo de crescimento
 distúrbios no trato digestivo
 dermatite em volta dos olhos e focinho.

Vitamina B12
A vitamina B12 só existe em alimentos de origem animal. Exerce papel importante
na formação normal do sangue, no crescimento e nos processos metabólicos,
especialmente ligado a proteínas. Esta vitamina difere das outras no processo de
absorção no intestino delgado. Para que ocorra a sua absorção há a necessidade da
produção um fator intrínseco (IF) na mucosa gástrica, que se liga à vitamina B12 na
relação 1:1 (mol), sendo absorvida no intestino delgado, mais especificamente na
região ileal. Esta ligação é resistente a ação das proteases.
A vitamina B12 é o único composto orgânico que possui o cobalto em sua
estrutura integral. Este micromineral representa 4,5% da molécula de B12. Tem
armazenamento principal no fígado, porém, existem quantidades apreciáveis no
cérebro, rins, coração e pâncreas.
No sistema enzimático, participa de diversos passos metabólicos na forma de
coenzima B12, responsável pelas reações de transferência de unidades de carbono
(grupos metílicos) . Está estreitamente relacionada com a metionina, colina e folacina
na maioria das suas participações metabólicas. Também participa da biossíntese de
102
celulas vermelhas do sangue e manutenção da integridade do sistema nervoso.

Deficiência de vitamina B12

a) Aves - Sintomas
 Crescimento retardado (redução na síntese protéica)
 Redução na eficiência de utilização dos alimentos
 Alta mortalidade
 Redução na fertilidade dos ovos
 Perose
 Encurtamento do bico

b) Suínos - Sintomas
 Crescimento retardado
 Pelos eriçados
 Anemia
 Redução no tamanho e peso da leitegada.

Niacina
A niacina está presente em todas células vivas na forma de ácido nicotínico ou
nicotinamida. A nicotinamida é a forma mais encontrada no organismo dos animais
enquanto o ácido nicotínico prevalece nos alimentos de origem vegetal. As forragens
verdes, leveduras e fontes protéicas de origem vegetal e animal são ricas nesta
vitamina. No entanto, o milho, o centeio e os produtos lácteos são pobres em niacina.
Além dos cereais apresentarem baixos teores de niacina, são de baixa
biodisponibilidade para os animais. O farelo de trigo por exemplo, apresenta níveis
razoáveis de ácido nicotínico (150 ppm), porém, na forma presa e indisponível.
Metabolicamente, o ácido nicotínico participa da molécula de dois coenzimas
altamente importantes no metabolismo intermediário, que são o NAD (nicotinamida-
adenina-dinucleotídeo) e o NADP (nicotinamida-adenina-adeninadinucleotídeo-fosfato).
Estes dois coenzimas são os mais importantes redutores biológicos que atuam nas
seguintes reações metabólicas:

a) Metabolismo dos carboidratos


 Oxidação aeróbica da glicose
 Ciclo de Krebs
b) Metabolismo dos lipídeos
 Síntese de degradação do glicerol
 Síntese e oxidação de ácidos graxos
 Síntese de esteróides
 Oxidação de unidades de 2 carbonos via ciclo de Krebs.
c) Metabolismo de proteínas
 Síntese e catabolismo de aminoácidos
103
 Oxidação de cadeias carbônicas via ciclo de Krebs.

d) Síntese de rodopsina
 Conversão da forma alcoólica do retinol em aldeído (retinol)

Deficiência de Niacina

a) Aves - Sintomas
 Engrossamento das juntas
 Curvamento das pernas semelhantes à perose porém não há o
deslocamento do tendão de Aquiles
 Retardamento no crescimento
 Língua preta (mais comum em cães)
 Inflamação na boca
b) Suínos - sintomas
 Baixo ritmo de crescimento
 Dermatite
 Problemas digestivos

BIOTINA
A biotina também chamada de vitamina H, ocorre na natureza na forma de D-
biotina e é encontrada tanto em alimentos de origem animal como vegetal. Os cereais
normalmente são pobres nesta vitamina, no entanto o milho apresenta conteúdo
importante desta vitamina (65 /kg) e com boa biodisponibilidade (85 – 90 %).
No metabolismo, a biotina é um componente essencial de sistemas enzimáticos
específicos envolvidos nas reações de gorduras e carboidratos principalmente. As
principais reações de biotina são as que envolvem a fixação de CO 2 (carboxilações) e
são as seguintes:
a) síntese de ácido oxalacético a partir do ácido pirúvico, conversão do ácido
málico em pirúvico, interconversão do áciso succínico e propiônico e
conversão do ácido oxalosuccínico a -cetoglutárico.
b) síntese de malonil CoA, substrato inicial para a síntese de gorduras.
c) síntese de carbamil-fosfato, importante substrato no ciclo da uréia.
d) Importante na síntese proteica, deaminação dos aminoácidos, sintese de
purinas e metabolismo dos ácidos nucleicos.
A sua presença também é necessária para o funcionamento normal das glândulas
adrenais e tireóide, aparelho reprodutor, sistema repiratório e pele.

Deficiência de biotina
a) Aves - Sintomas
 Dermatite semelhante à produzida pela deficiência de ácido pantotênico e
aparece a partir da 3ª semana, com rachaduras hemorrágicas.
 Deformação óssea, inclusive encurtamento e curvação dos ossos das
pernas e das asas nos embriões.
104
 Deformação do crânio.
 "Bico de papagaio" e membranas entre os dedos dos pés.

b) Suínos - Sintomas
 Dermatite nas orelhas, no pescoço e no dorso.
 Lesões dérmicas, perda excessiva de pelos e fissuras nas patas.
 Crescimento lento e baixa reprodução.
 Espasmos nas pernas traseiras.
 Pododermites e claudicação.

Ácido Pantotênico
Também chamado de fator antidermatites em pintos ou vitamina B3, está contida
na maioria dos alimentos, com exceção da mandioca. Os produtos lácteos, os farelos
de oleaginosas, os resíduos de destilarias e as farinhas de alfafa são ricos nesta
vitamina.
O ácido pantotênico é o substrato para a biossíntese da coenzima A, que participa
de vários processos metabólicos envolvendo carboidratos, proteínas e gorduras (Figura
8.13). Além disso, é indispensável ao funcionamento normal da pele e mucosas,
pigmentação do pêlo e a resistência do organismo contra infecções e na formação de
anticorpos.

Deficiência de ácido pantotênico


a) Aves - Sintomas
 Retardamento do crescimento
 Lesões nos ângulos do bico, nas pálpebras e nos pés
 Mortalidade geralmente tardia
 Hemorragia subcutânea
 Empenamento anormal nos embriões e baixo índice de eclosão dos ovos.
b) Suínos - Sintomas
 Passo-de-ganso (incoordenação muscular, com pouca ou sem curvatura nas
articulações das pernas).
 Exsudato de cor castanha em volta dos olhos.
 Distúrbios no aparelho digestivo.
 Problemas reprodutivos.
 Distúrbios na glândula adrenal.
 Anemia.

105
FIGURA 8.13: Participação da CoA no metabolismo

Ácido Fólico
Também chamado de fator antianemia, vitamina Bc e ácido
peteroilmonoglutâmico, é encontrado em farinhas de origem animal na forma
biodisponível. As farinhas de peixe (60%) e carne e ossos (50%) possuem 480 e 440
g/100g, respectivamente, com biodisponibilidade acima de 80%. Por outro lado, os
vegetais como grãos cereais e farelos de oleaginosas, possuem conteúdos menores
dessa vitamina e com biodisponibilidade baixa ( até 30%).
Metabolicamente participa das reações de síntese das bases orgânicas (purinas e
pirimidinas), síntese protéica (síntese de N-formilmetionil-t-RNA, iniciador da síntese) e
síntese de serina (a partir da glicina).
106
Deficiência de ácido fólico
a) Aves - Sintomas
 Retardamento no crescimento
 Empenamento pobre
 Anemia
 Perose
 Alta mortalidade no final do período de incubação
 Curvatura do osso tibio-tarso dos embriões
 Membranas entre os dedos dos pés.

b) Suínos - Sintomas
 Atraso no crescimento
 Anemia
 Problemas reprodutivos
 Problemas na lactação das porcas.

Colina
Também chamada de vitamina B4, é encontrada praticamente em todos os
ingredientes utilizados na formulação de rações de aves e suínos, no entanto, as fontes
protéicas de origem animal são mais ricas nesta vitamina. O milho e o farelo de soja
possuem 1500 e 2700 mg/kg de colina com biodisponibilidade que varia de 60 a 75%.
Já as farinhas de origem animal, possuem colina com biodisponibilidade acima de 90%.
As farinhas de carne e ossos e de peixe contém 1950 e 3500 mg/kg de colina.
Foi inicialmente isolada da bile hepática e, por isso, chamada de colina.
Considerando as suas funções orgânicas, a colina não tem conotação de vitamina e
talvez esta designação não esteja bem correta. Poderia ser considerada uma amina
essencial.
A classificação desta vitamina como do complexo B também não encontra apoio
de outros nutricionistas devido ao fato de não participar no metabolismo como
coenzima, servir para a síntese de lecitina e de outros fosfolipídeos que participam da
estrutura das células e consequentemente dos tecidos e ser exigida em quantidades
muito superiores às outras vitaminas B.
A colina é biossintetizada normalmente no organismo dos animais a partir do
aminoácido serina, com a presença de ácido fólico e vitamina B6.
A metionina participa na biossíntese da colina pela doação de grupos metílicos.
Rações deficientes em proteína e/ou metionina podem afetar as exigências de colina.
Como papel bioquímico, a colina participa das sínteses de lecitina, esfingomielina
e acetilcolina. A lecitina participa da absorção e transporte das gorduras no fígado e da
posterior mobilização e transporte das gorduras hepáticas, participa das membranas
celulares e partículas subcelulares. A esfingomielina participa no metabolismo nervoso
e a acetilcolina é a substância mediadora da atividade nervosa, sendo responsável pela
transmissão dos estímulos nervosos.

107
Deficiência de colina

a) Aves - Sintomas
 Fígado gorduroso
A deficiência de colina leva a problemas de mobilização da gordura hepática pela
redução das lipoproteínas transportadoras, ricas em lecitina, que contém a colina. O
acúmulo de gordura hepática pode chegar a 30% sendo que em condições normais
este valor não ultrapassa a 5%.
 Perose
Caracteriza-se por pontos hemorrágicos e uma leve inchação das articulações
das patas. Com a evolução da deficiência as articulações se achatam deslocando o
tendão de Aquiles de lugar.
b) Suínos - Sintomas
 Membros traseiros abertos nos leitões recém-nascidos
 Infiltração gordurosa no fígado
 Rigidez das juntas, particularmente das paletas
 Baixa sobrevivência dos leitões e
 Peso anormal à desmama.

Vitamina C
A vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico é sintetizada pela maioria
das plantas e por todos os mamíferos (exceto homem e o porquinho-da-índia). As aves
também sintetizam o ácido ascórbico, salvo em condições de estresse.
Metabolicamente o ácido ascórbico desempenha diversas funções bioquímicas:
a) Metabolismo dos aminoácidos aromáticos
b) Agente redutor do enzima Fe-alfa-cetoglutarato hidrolase (mantém o ferro na
forma ferrosa)
c) Liberação do ferro da molécula de transferrina (Fe+++) pela redução deste
elemento para a forma Fe++
d) Transporte de elétrons.

Deficiência de vitamina C

a) Aves - Sintomas
Em condições normais as aves conseguem sintetizar toda vitamina C necessária
à manutenção de suas funções biológicas, a partir da glicose-1-fosfato. No entanto, em
condições de estresse principalmente provocado pelo calor ambiente, há a
necessidade suplementação, por haver um bloqueio no sistema enzimático envolvido
na biossíntese desta vitamina.

b) Suínos - Sintomas
Os suínos de uma maneira geral sintetizam toda a vitamina de que necessitam.
Somente leitões até 6 semanas de idade necessitam de suplementação na ração. A
partir desta idade, consequentemente sintetizam a vitamina C eficientemente,
108
dispensando a suplementação.

FONTES COMERCIAIS DE VITAMINAS

A maioria das vitaminas são produzidas por processos biotecnológicos utilizando


microorganismos específicos e geneticamente melhorados .

TABELA 8.6: Relação das fontes comerciais utilizadas para fabricar


suplementos vitamínicos e concentrações de vitaminas.
Concentração de Vitamina FG(Feed
Produto Grade)
Produtos em Pó
Rovimix A 500 500.000 Ul de vitamina A estabilizada/g
Vitamina D2 40.000.000 Ul de Vitamina D2/g
Vitamina D3 500.000 Ul/g de Vitamina D3/g
Rovimix E 50% 500 Ul de vitamina E/g
Rovimix E 25% 250 Ul de vitamina E absorvida/g
Vitamina C Ácido ascórbio USP
2
Vitamina C Ascorbato de Sódio USP
Vitamina K3 Menadiona Bisulfito 52 %
Ácido Fólico Ácido Fólico 90%
Vitamina B1 Cloreto de Tiamina 91 %
Vitamina B2 Riboflavina 5 Fosfato de Sódio USP
Roviflan Riboflavina 97-98%
Vitamina B6 Cloridrato Piridoxina 82%
Vitamina B12 Cianocobalamina 1.000 mg/kg
Vitamina H D-Biotina USP
Bios II 2% de D-Biotina
Ácido Pantotênico D-Pantotenato de Cálcio USP
Ácido Pantotênico Ácido Pantotênico 90%
Ácido Nicotínico Niacina FG 96-98%
Colina Cloreto de Colina 60 e 70% FG
Pós Hidromissíveis
1
Rovimix A/D3 300/100 W 300.000 Ul de A e 100.000 Ul de D3/g
Rovimix A 300 W 300.000 Ul de Vitamina A/g
Rovimix E 20W 200 Ul de Vitamina E/g

Produto Concentração de Vitamina FG


Produtos em Pó
Líquidos Hidromissíveis
Vitamina A / D3 100/20 100.000 Ul de A e 20.000 Ul de D3/ml
Vitaminas Oleosas
Vitamina A palmitato 1.700.000 Ul/g
Vitamina A palmitato 1.000.000 Ul/g
Vitamina A acetato 1.000.000 Ul/g
Vitamina E acetato 1.000 U;Ul/g
1. marca Roche-Produtos Químicos e Farmaceuticos S/A, 2.United State
Pharmacopea
109
9

METABOLISMO DOS MINERAIS

Os minerais constituem parte importante do organismo animal, representando de


3 a 4% do peso vivo das aves e 2,8 a 3,2% do peso vivo dos suínos. A importância da
nutrição mineral vem crescendo nos últimos anos devido a uma série de fatores que
tem contribuído para .....

9.1 PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS MINERAIS


Os minerais exercem funções extremamente variadas no organismo animal e
incluem:
 Participação na formação do tecido conectivo.
 Manutenção da homeostase dos fluídos orgânicos.
 Manutenção do equilíbrio da membrana celular.
 Ativação das reações bioquímicas através da ativação de sistemas
enzimáticos.
 Efeito direto ou indireto sobre as funções das glândulas endócrinas.
 Efeitos sobre a microflora simbiótica do trato gastrointestinal, e
 Participação do processo de absorção e transporte dos nutrientes no
organismo.

9.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS


Os minerais podem ser classificados segundo as suas necessidades orgânicas
em macrominerais e microminerais. A concentração de elementos minerais essenciais
no organismo animal, reflete as sua exigências dietéticas.

9.3 INTERAÇÃO DOS MINERAIS COM OUTRAS SUBSTÂNCIAS


Pesquisas têm revelado que a associação dos minerais com compostos
orgânicos, presentes nos alimentos, afeta a disponibilidade destes elementos para o
organismo animal. A esta associação, tem-se chamado de QUELATOS.
Os quelatos poderiam ser definidos como substâncias em forma anelada e que
envolvem metais, principalmente bivalentes, com constantes de dissociação variável.
Basicamente existem três tipos de quelatos envolvidos nos sistemas biológicos e
importantes no aspecto nutricional:
 Estruturas estáveis, de difícil dissociação e úteis ao organismo
Neste tipo são incluídos a hemoglobina, a vitamina B12 e as enzimas citocromos
(Figura 9.1).
FIGURA 9.1: Estruturas da Hemoglobina e da vitamina B12
Scott et al., (1982)
 Estruturas semi-estáveis e úteis ao transporte e armazenamento de
minerais
Existem dois tipos de ligação semi-estável já comprovadamente importante na
absorção de certos minerais (Figura 9.2).
110
FIGURA 9.2: Quelatos que servem no transporte e armazenamento metais
a) Ligação aminoácido + mineral
Nesta ligação, não há vínculo entre os compostos e quando dissociados não há
perda do valor nutricional de ambos. Exemplos típicos desta associação são verificados
com os aminoácidos glicina (Cu), histidina (Fe) e cisteína (Zn).
b) Ligação do ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) com zinco
 Estruturas estáveis, de difícil dissociação e prejudiciais à utilização de
minerais
Vários tipos de quelatos que interferem na utilização de cátions tem sido relatado
na literatura, no entanto, maiores estudos foram feitos a respeito dos quelatos
relacionados com os ácidos fítico e oxálico.
Os ácidos fítico e oxálico ligam aos elementos zinco e cálcio respectivamente,
interferindo na absorção destes elementos (Figura 9.3). Estes ácidos são comumente
encontrados nos ingredientes de origem vegetal.

FIGURA 9.3: Formação de quelatos contendo cálcio, zinco e ferro.

A base das rações de aves e suínos no Brasil é composta principalmente por


milho e farelo de soja. Este segundo ingredimente é rico em ácido fítico o que
determina um aumento nos níveis de zinco dietéticos para não ter o desempenho
afetado por deficiência deste elemento.

9.4 METABOLISMO DOS MACROMINERAIS

9.4.1 Cálcio e Fósforo


O cálcio e o fósforo estão estreitamente relacionados no metabolismo orgânico,
particularmente na formação dos ossos. Constituem mais de 70% da cinza corporal
sendo que 99% do cálcio e 80% do fósforo estão presentes principalmente nos ossos.
Os restantes destes elementos estão distribuídos nos tecidos moles desempenhando
funções específicas essenciais ao metabolismo orgânico.

Funções do cálcio
a) Essencial à formação e manutenção óssea.
b) Importante para o desenvolvimento e manutenção dos dentes.
c) Essencial para a secreção normal de leite.
d) Necessário para o eficiente desempenho dos animais.
e) Essencial para produção e qualidade da casca dos ovos.
f) Participa na coagulação do sangue.
g) Participa da contração dos músculos esqueléticos e cardíacos.
h) Essencial na transmissão de estímulos nervosos.
i) Ativador de enzimas.
j) Mensageiro secundário da célula através da molécula de calmodulina.

111
Fatores que afetam a utilização do cálcio alimentar
a) Adequado nível de cálcio e fósforo.
b) Nível de vitamina D.
c) Biodisponibilidade.
d) Idade do animal (jovens são mais eficientes) e
e) pH do intestino delgado (acidez favorece a absorção).
Hormônios responsáveis pelo equilíbrio de cálcio sanguíneo
O tecido ósseo se encontra em processo constante de reabsorção e
sedimentação de cálcio e fósforo, mantendo o equliíbrio sérico. Os animais jovens,
apresentam um melhor equilíbrio de sedimentação, já em adultos, há uma tendência de
maior remoção óssea.
Estudos estruturais dos ossos evidenciam que o cálcio o fósforo se apresentam
na forma de hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH2].
Os hormônios atuam regulando o nível de cálcio e fósforo no sangue (Figura 9.4).

FIGURA 9.4: Ação dos hormônios da paratireóide na manutenção dos níveis


sanguíneos
a) Estrogênio
As aves de postura preparam os níveis sanguíneos de cálcio para o início da
produção. A elevação dos níveis de estrogênio no sangue das frangas no início de
postura é acompanhada pelo aumento do nível sérico de cálcio e redução do nível de
fósforo (Tabela 9.1), preparando para a grande demanda de cálcio para formação da
casca do ovo.
112
TABELA 9.1: Níveis de Cálcio e Fósforo no sangue de poedeiras leves de
acordo com a idade
Idade Cálcio, mg% Fósforo, mg%
(semanas) Ionizado Total Inorgânico
2 4,00 8,62 5,44
18 4,87 9,72 4,51
25 6,60 27,45 1,91
Combs et al. (1979)

As necessidades dietéticas de cálcio passam de 0,9% durante a fase de recria


das frangas, para um nível aproximado de 3,6% para o período de postura (N.R.C.,
1994).

b) Paratormônio
O paratormônio (PTH) atua reduzindo a secreção de cálcio e fósforo pelos rins,
estimula a reabsorção óssea ativando os osteoclástos e ativa a absorção a nível
intestinal, com a finalidade de elevar os níveis sanguíneos deste elementos.

c) Calcitonina
A calcitonina (Ct) atua em feedback negativo ao paratormônio, portanto,
aumentando a eliminação de cálcio e fósforo pelos rins, estimulando sedimentação
óssea ativa os osteoblastos e reduzindo a absorção intestinal (desativando a D 3 ativa).

Exigência de cálcio para formação da casca do ovo


A casca do ovo é composta basicamente de carbonato de cálcio e representa de
8,5 a 12 % do peso do ovo. A medida que aumenta o peso do ovo, cai a percentagem
de casca. Assim, ovos tipo jumbo (>66 g), possuem casca mais fina e com maiores
chances de perdas por quebra.
Um ovo tipo grande, de 58 gramas possui 5,6 gramas de casca (38% cálcio) com
2,2 gramas de cálcio. Pesquisas têm revelado que a taxa de absorção de cálcio é de
aproximadamente 60% (Tabela 9.2). Logo, haveria uma necessidade dietética de 3,66
gramas de cálcio. Considerando um consumo de ração diária de 100 gramas, o nível
de 3,6% de cálcio atenderia as exigências diárias.
Tabela 9.2 Balanço de cálcio e fósforo em poedeiras
Elementos
Parâmetro
Cálcio(g) Fósforo(g)
Consumo 3,70 1,44
Excretado 1,30 0,99
Absorvido 2,23 0,45
Excretado urina 0,21 0,24
Eliminado com o ovo 2,23 0,09
% absorvido 60,2 31,2
Balanço + 0,17 + 0,12
Georgievskii (1982)

As poedeiras tem um período de consumo diário de aproximadamente 17 horas, o


113
que resultaria em uma retenção de 100 mg de cálcio por hora.
Considerando um ovo contendo 2,2 g de cálcio e a taxa de absorção deste
elemento de 100mg/hora, durante 24 horas absorveria 2,4 gramas, que atenderia as
necessidades de formação da casca.
a) Influência da temperatura ambiente na qualidade da casca do ovo
O estresse calórico em poedeiras, prejudica a formação normal da casca do ovo
por afetar a fisiologia da ave em vários aspectos.
Em condições normais de ambiente, a ave consegue sintetizar todo o ácido
ascórbico nos rins, necessário às suas exigências fisiológicas. No entanto, pesquisas
têm revelado um decréscimo progressivo do conteúdo desta vitamina no sangue
quando se elevou a temperatura ambiente de 21 à 31ºC. Esse decréscimo seria
devido a exaustão dos estoques endógenos e também da reduzida síntese nos rins da
vitamina C .
A suplementação desta vitamina (44 mg/kg) previne o aumento da temperatura
corporal quando se eleva a temperatura ambiente, reduzindo os efeitos sobre o
consumo de água e ração.
Altas temperatur
as, levam a ave ingerir grandes quantidades de água e reduzidas quantidades de
ração, ingerindo níveis subnormais de nutrientes, afetando a produção e a qualidade do
ovo. A reduzida quantidade de ração associada ao alto consumo de água, possibilita
maior velocidade de passagem do alimento no trato gastrointestinal da ave, reduzindo
o aproveitamento, principalmente do cálcio.
Ao nível metabólico, as altas temperaturas ambiente levam a uma maior taxa
respiratória, com maior perda de CO2, alterando o fornecimento de íon bicarbonato
para a câmara calcífera, e, consequentemente, a síntese de carbonato de cálcio da
casca do ovo.
b) Níveis de cálcio para poedeiras em relação ao consumo de ração
A redução ou aumento do consumo de ração pela poedeira resulta
necessariamente em alteração dos níveis de cálcio da ração (Tabela 9.2). As poedeiras
modernas estão apresentando tendência em reduzir o consumo , implicando em
aumento dos níveis de cálcio dietético. Por outro lado, existe um limite de 3,8% de
cálcio na ração, sendo que valores superiores a este, podem causar problemas de
consumo e qualidade de casca. Outros fatores de ambiente devem ser manipulados
para evitar o desconforto ambiente.

c) Níveis séricos de cálcio e fósforo durante o ciclo de postura


Durante a formação do ovo, ocorre um estresse fisiológico nos níveis de cálcio e
fósforo sanguíneo com dois segmentos distintos de 18 e 6 horas de duração,
envolvendo a reabsorção (osteólises) e sedimentação do cálcio e fósforo orgânico
(osteogenese).

1) O 1º segmento, tem duração de 18 horas onde o cálcio e o fósforo são


removidos dos ossos e medula por processo lento de reabsorção. O cálcio é
utilizado na formação do carbonato de cálcio da casca e o fósforo se eleva no
sangue, durante esse processo. As células de destruição óssea (osteoclastos)
são ativadas neste segmento por ação do PTH. Ocorre também estimulo para
maior absorção e menor eliminação renal do cálcio.
114
2) O 2º segmento, com duração de 6 horas, inicia-se de 2 a 3 horas antes da
oviposição e continua de 3 a 4 horas após a postura. Neste segmento, ambos
os minerais são reutilizados na mineralização óssea bem como na estocagem
de cálcio na medula, em um processo rápido. Os osteoblástos são ativados
durante esta fase pela ação da Ct.

TABELA 9.2: Recomendações de níveis de cálcio para poedeiras leves de


acordo com o consumo de ração
Consumo de Níveis de Cálcio (%)
Início Postura – 40 40 sem-Final
Ração/dia (g)
Sem Postura
80 3,8 3,8
90 3,7 3,8
100 3,3 3,7
110 3,0 3,5
120 2,8 3,1

Os níveis normais de cálcio no sangue das poedeiras variam de 20-40 mg% e


durante a formação da casca são elevados para 150-250 mg/hora durante as últimas
15 horas da calcificação da casca, evidenciando a necessidade de reabsorção óssea e
aumento da absorção intestinal, para manter estes níveis altos de cálcio no sangue.
Por outro lado, a formação final da casca é feita principalmente à noite, quando a ave
não está ingerindo cálcio, dependendo da mobilização e de uma parte da fonte de
cálcio que se encontra na moela, quando do uso de granulometrias maiores do
calcário. Neste período, o nível de fósforo no sangue é alto levando ao aumento da
excreção de fosfato pelos rins. Durante esta eliminação, o ânion PO 4 carrega H+ e
auxilia na manutenção do pH sanguíneo, reduzindo a acidose relacionada com a
formação da casca do ovo (Figura 9.5).

115
FIGURA 9.5: Mecanismo de formação de bicarbonato carbonato de cálcio
durante a formação da casca

Fontes de cálcio
Existem várias fontes de cálcio para rações de aves e suínos. Os ingredientes
vegetais possuem baixos teores deste elemento, sendo que os cereais são os que
possuem menores quantidades. As farinhas de origem animal apresentam boas
percentagens de cálcio, porém, as principais fontes são de origem inorgânica (Tabela
9.3) que às vezes também são fontes de fósforo.
TABELA 9.3: Biodisponibilidade relativa de cálcio de várias fontes para
aves
Fonte Biodisponibilidade, %
Carbonato de cálcio 100 (padrão)
Calcário calcítico 97
Fosfato bicálcico 77
Fosfato semi-defluorado 39
Farinha de osso calcinada 65
Fonte: Veloso et al (1992)
116
O calcário calcítico é a principal fonte de cálcio para rações de aves e suínos. O
termo calcário é empregado geologicamente para caracterizar um grupo de rochas que
apresenta em sua composição teores de carbonato superiores a 50% (Moniz , 1983).
Do ponto de vista prático, os calcários são classificados, de acordo com seu conteúdo
de óxido de magnésio (MgO), em calcíticos ( menores de 5%), magnesianos ( entre 5 e
12% ) e dolomíticos ( maiores de 12%). Assim, um calcário pode ser considerado
calcítico, quando apresentar concentração de magnésio inferior a 3%.

Granulometria e solubilidade de fontes de cálcio


A fonte de cálcio bem como sua solubilidade são os fatores que mais influenciam
no aproveitamento deste elemento por aves e suinos. Existe um perfeito controle de
absorção de cálcio intestinal por ação hormonal já explicado anteriormente para a
manutenção da calcemia adequada. A demanda de cálcio é variável nas 24 horas para
aves e suínos. Enquanto que para frangos de corte e suínos, existe uma demanda de
cálcio uniforme durante todo o dia, as poedeiras possuem alta demanda principalmente
no final da formação da casca do ovo. A presença de cálcio intestinal nesta fase é
imprescindível para suportar a alta demanda metabólica . Assim, calcários com alta
solubilidade in vivo podem auxiliar neste metabolismo da poedeira. Quanto maior a
solubilidade in vitro , menor será a solubilidade in vivo para poedeiras. Já para suínos e
frangos de corte os calcários devem ter alta solubilidade in vitro.
A granulomentria do calcário é o principal fator que afeta a solubilidade do cálcio
(Tabela 9.4 ). A medida que se eleva a granulometria reduz-se a sua solubilidade in
vitro. O ideal para poedeiras é que o calcário não ultrapasse 12 % de solubilidade in
vitro.

Tabela 9.3 - Granulometria do calcário e solubilidade in vitro


Granulometria DGM1 DPG2 Solubilidade in vitro
< 1,0 mm 0,496 0,360 21,10 %
1,0 - 2,0 mm 1,584 0,226 15,82 %
2,0 – 3,0 mm 2,310 0,326 12,41 %
1-Diâmetro Geométrico Médio, 2 – Erro Padrão Geométrico .
Bertechini e Fassani (2001)

Apesar da granulometria influir diretamente na solubilidade do calcário, existe


também a variação da dureza da fonte. Calcários mais moles apresentam solubilidades
in vitro maiores com granulometrias também maiores. Este fato implica em conhecer a
identidade da fonte para poder adequar a sua granulometria e o nível de cálcio da
dieta para melhor retenção de cálcio. Na Tabela 9.4 estão apresentados resultados de
análise de solubilidades in vitro de fontes de cálcio. Verifica-se que para uma mesma
granulometria, existem diferenças de solubilidade.

117
Tabela 9.4 Solubilidade in vitro de fontes de cálcio em diferentes granulomentrias1
Granulometrias (mm)
Fontes
1,18 – 0,60 0,60 – 0,30 0,30 – 0,15 0,15–0,074

Calcário A 16,56(0,15)2a 19,62(0,22)b 23,90(0,43)a 29,07(0,33)a

Calcário B 16,00(0,31)a 18,56(0,35)a 26,05(0,33)b 30,23(0,26)b

Calcário C 20,94(0,41)c 24,46(0,65)d 29,24(0,23)c 30,51(0,24)b

Calcário D 16,96(0,46)a 20,39(0,32)b 26,40(0,20)b 28,67(0,17)a

F.Ostras 20,00(0,61)b 21,42(0,26)c 23,18(0,35)a 28,11(0,48)c

1. Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferems-se estatisticamente


pelo teste de SNK (<0,01). 2. Erro padrão da média
Bertechini e Fassani (2001)

Sintomas de deficiência de cálcio


a) crescimento retardado.
b) deformações ósseas (animais jovens).
c) raquitismo nos animais jovens e osteomalácia nos adultos.
d) nascimento de leitões fracos e natimortos.
e) redução na produção de ovos.
f) produção de ovos com casca fina (altos índices de quebra) ou sem casca.
g) fadiga de gaiola, provocada por osteoporose progressiva causada pela
deficiência de cálcio dietético, afetando principalmente os ossos longos, etc.
Fósforo
Além da participação no esqueleto (80% do fósforo orgânico), 20% do fósforo
corporal está distribuído nos tecidos moles envolvido em vários aspectos do
metabolismo.

Funções do fósforo
a) Participação no esqueleto;
b) No metabolismo energético (ATP, GTP, UDPG e fosfocreatina);
c) No metabolismo de carboidratos, aminoácidos e gorduras (sistemas
enzimáticos);
d) No equilíbrio ácido-básico do sangue;
e) No transporte de gorduras (lipoproteínas transportadoras - fosfolipídeos);
f) Participação de produtos, e
g) Ligação DNA-RNA.

118
FATORES QUE AFETAM O APROVEITAMENTO DO FÓSFORO

a) Excesso de cálcio dietético


O excesso deste elemento na dieta resulta em redução de absorção de fósforo,
devido a formação de fosfatos insolúveis no intestino delgado. Por outro lado, o
excesso de P é mais prejudicial do do que o excesso de Ca.
A utilização de calcário com alta solubilidade in vitro em níveis inadequados de
cálcio pode afetar a biodisponibilidade da maioria dos minerais. Trabalho realizado por
Shouten et al. (2002) evidenciou a redução da absorção de Zn e Mn quando se elevou
os níveis de Ca da dieta de frangos de corte (Figura 9.1).

b) Vitamina D
O mecanismo pela qual a vitamina D atua na absorção de fósforo ainda não está
bem entendido, no entanto, pesquisas têm revelado o envolvimento desta vitamina e do
paratormônio, na assimilação do fósforo intestinal. A absorção de cálcio é
acompanhada da absorção do P. Existe um limite estreito da calcemia sendo o P um
dos fatores deste controle. A redução dos níveis séricos de cálcio depende da sua
eliminação renal e incorporação na matriz óssea, juntamento com o P.

c) Forma de fornecimento do fósforo

A biodisponibilidade do fósforo varia entre as fontes. O fósforo inorgânico e o de


fontes protéicas de origem animal são considerados como tendo 100% deste mineral
disponível. No entanto, o fósforo de origem vegetal possui uma disponibilidade média
de 1/3 do total analisado. A disponibilidade do fósforo vegetal depende do teor de ácido
fítico presente (Tabela 9.4). O feno de alfafa não possui fósforo fítico, enquanto que o
farelo de arroz, apresenta a maior fração de ácido fítico (86%) em relação ao total. Os
animais jovens têm maior dificuldade de aproveitar o P fítico do que os adultos (Tabela
9.5). Os vegetais possuem certa quantidade de fitase, que também pode contribuir na
solubilização de parte do fósforo quelatado no fitato, porém, esta contribuição é
pequena.
Atualmente já existe no mercado, a fitase sintética, que pode ser utilizada com
efeitos significativos na melhoria da disponibilidade do P fítico. Resultados de
pesquisas mostram uma média de aumento no P disponível de ingredientes vegetais
da ordem de 33%. Estudos de Van der Klis et al. (1996) indicaram que 1 grama de
fósforo do fosfato monocálcio (alta solubilidade) foi equivalente a 280 unidades de
fitase/kg da dieta.
Pesquisas realizadas por Borman et al. (2001) e Vieira et al. (2001) com
poedeiras de segundo ciclo, evidenciaram a eficácia dessa enzima, sendo que o uso
de 300 FTU de fitase, foi suficiente para se economizar 0,1% de Pd na dieta,
correspondendo a uma economia de aproximadamente 5,5 kg/tonelada de fosfato
bicálcico (18% de Pd).
Apesar de se considerar todo fósforo inorgânico como sendo biodisponível,
existem diferenças entre as fontes (Tabela 9.6). Verifica-se que se considerar o P do
MAP como sendo 100 % biodisponível, existiria pelo menos uma diferença a menor
para as outras fontes de 20 %.

119
TABELA 9.4: Conteúdo de fósforo de alguns ingredientes
Ingredientes Fósforo (%)
Total Fítico Não fítico
Alfafa, 17% PB 0,28 0 0,28
Milho 0,26 0,17 0,09
Sorgo 0,31 0,21 0,10
Farelo Arroz 1,67 1,44 0,23
Farelo Soja 0,66 0,38 0,28
Trigo 0,30 0,20 0,10
International Minerais & Chemical Corporation (1978)
TABELA 9.5: Disponibilidade biológica do fósforo fítico para aves suínos
Animais Fósforo Disponível (%)
Pintinhos 0 - 10,0
Perus Jovens 0
Poedeiras 400 – 50,0
Leitões 10,0 – 20,0
Suínos 40,0

TABELA 9.6: Disponibilidade biológica de fósforo de várias fontes


inorgânicas *
Fonte Disponibilidade
Fosfato Tricálcico 100
Fosfato Bicálcico 95 – 100
Fosfato de Rocha Defluorinado 85 – 95
Fosfato Monocálcico 113
Fosfato Monosódico 103
Fosfato monoamônio (MAP) 120
Farinha de Ossos Autoclavada 82 – 100
Farinha de Ossos Calcinada 90 – 100

*Coletâneas
Sintomas de deficiência de fósforo
a) deficiência severa de fósforo resulta em perda de apetite, fragilidade óssea e
morte dentro de um período de 10 a 12 dias em aves.
b) deficiência menos severa causa raquitismo no animal jovem e ostemalácia
no adulto.
c) crescimento retardado.
d) baixa fertilidade.
e) deformação na casca dos ovos.
f) nódulos na junção costela-vértebra em aves, etc.

120
9.4.2 Sódio, Potássio e Cloro
Estes elementos estão amplamente distribuídos nos fluídos e tecidos moles do
organismo, exercendo conjuntamente com íons fosfato e bicarbonato, todo o controle
homeostático orgânico, mantendo a pressão osmótica, o equilíbrio ácido-base, o
controle da passagem dos nutrientes para as células e no metabolismo da água.
Parte do sódio encontra-se no esqueleto numa forma insolúvel; a maior
concentração é encontrada nos fluídos extracelulares, onde possui metabolismo muito
ativo. Representa 93% das bases do soro sanguíneo, não participando das células do
sangue, porém, ocorre em quantidades nos músculos, onde está associado de alguma
maneira „as suas contrações.
A taxa de potássio no organismo é semelhante à do sódio, existindo
principalmente como constituinte celular. Os músculos contém 6 vezes mais K + do que
Na+, enquanto no plasma ocorre o inverso.
O cloro, está distribuído endo e exocelular, sendo 15 a 20% de todo cloro
orgânico está na forma combinada (cloretos). Grande parte do cloro é armazenado na
pele e tecido sub-cutâneo.

Funções do sódio
a) regulador do volume dos fluidos do corpo, pH e as relações osmóticas do
organismo.
b) participa das contrações das células musculares.
c) inibição de enzimas da mitocôndria no meio extracelular.
d) absorção e transporte dos nutrientes para as células.
e) participa da estrutura dos ossos.
f) componente de produtos.

Funções do potássio
a) regulador do volume dos fluídos intracelulares, mantendo pH e as relações
osmóticas no interior das células.
b) ativador de sistemas enzimáticos, principalmente enzimas do mitocôndria.
c) exigido para a atividade normal do coração, onde exerce efeito oposto ao
cálcio, reduzindo a contratibilidade do músculo do coração favorecendo o
relaxamento.
d) controla o potencial de ação da membrana da célula.
e) participa de produtos, etc.

Funções do cloro
a) contribui para a tonicidade da resistência iônica do meio extra e intracelular.
b) formação de HCl gástrico.

Sintomas de deficiência de sódio e cloro


a) inapetência
b) redução da taxa de crescimento.
c) apetite depravado.
d) canibalismo em poedeiras e frangos de corte.
121
e) baixos níveis sanguíneos.
Sintomas de deficiência de potássio
a) baixo nível sanguineo.
b) fraqueza muscular, principalmente nas extremidades.
c) redução da tonicidade do tubo digestivo, tornando-o distendido.
d) fraqueza dos músculos cardíaco e respiratório, provocando bradicardia e
parada cardíaca.

Balanço eletrolítico
O balanço eletrolítico refere-se ao equilíbrio iônico dos fluidos orgânicos que
regula o balanço ácido-básico para manutenção da homeostase orgânica. São três os
elementos principais desse equilíbrio que são os dois cátions, sódio e potássio e o
ânion cloro. Estes três elementos são mantidos de forma equilibrada no sangue sendo
decisivos na regulação dos processos vitais. A relação entre esses três íons,
fundamenta-se na manutenção idêntica de cátions e ânions no plasma. A homeostasia
do potássio e do cloro também está muito interelacionada, sendo que, a deficiência
dietética de um resulta na dificiência metabólica do outro. Para a reabsorção de
potássio nos túbulos renais necessita-se de cloro, e, com isso, considera-se o cloreto
de potássio, mais efetivo do que qualquer outro sal de potássio para compensar a
deficiência de potássio.
Mongin (1980) define como DCA (diferença catio-aniônica), a seguinte equação:
DCA= mEq (Na+ + k+ + Ca++ + Mg++ ) – mEq (Cl- + SO4= + H2PO4= + HPO4-), no entanto,
comenta que somente os elementos Na+ , K+ e Cl-, participam efetivamente da
homeostasia orgânica, resultando na equação DCA = mEq (Na+ + k+) – mEq (Cl-).
Exemplificando o uso dessa equação: considerando uma ração contendo 0,180% de
sódio, 0,760% de potássio e 0,300% de cloro, resultaria na DCA (1800 mEq/23 +
7600 mEq/39,1) – ( 3000 mEq/35,5) de 188. Em rações normais de aves de postura a
DCA encontra-se entre 160 e 200, sendo que valores inferiores ou superiores indicam
acidose ou alcalose metabólica potencial, respectivamente.
Apesar da DCA das dietas influenciarem o equilíbrio ácido-básico dos fluidos do
corpo, o organismo exerce também certo controle nesta homeostase mesmo
considerando dietas com DCA inapropriadas. Quando o animal ingere dietas com alta
DCA, existe uma maior secreção de H+ a nível de lúmem gástrico para manter o pH
baixo. Ao mesmo tempo, o quimo ácido ao chegar no duodeno, exige maior secreção
de NaHCO3 pelo pâncreas para elevar o pH intestinal.
A DCA das dietas pode afetar o desempenho de aves e suinos. Para leitões, o
aumento da DCA de 50 para 350 mEq/kg, melhorou o consumo e a eficiência alimentar
desses animais (Park et al., 1994). Para suinos adultos, o consumo de dietas com
baixa DCA pode afetar a concentração de Cl- no sangue, causando acidose metabólica
e este fato pode afetar o nível de consumo e aproveitamento dos nutrientes, como
observado por Yen et al. (1981) e Park et al. (1994). Em frangos de corte, pesquisas
indicam melhor desempenho com dietas contendo de 250 a 300 mEq/kg (Mongin e
Sauveur, 1977; Johnson e Karunajeewa,1985).
Maciel et al. (2003) estudando dietas aniônicas e catiônicas para poedeiras
mudadas, verificou que o uso de dietas aniônicas(81 mEq/Kg) pela manhã e catiônicas
(178,3 mEq/kg) à tarde possibilitou melhores resultados de qualidade de casca. A
autora comenta do efeito negativo da alta quantidade de cloro adicionada na dieta
aniônica, que pode ter prejudicado a produção de ovos e consequentemente a
122
qualidade da casca.
A DCA da dieta determina o pH e a capacidade tampão no organismo. Nível
baixo resulta também em pH baixo enquanto que DCA alto, a dieta é considerada
alcalinizante. Os sais CaCl, NaHCO3 e K2CO3 são os mais utilizados para adequaçao
da DCA das dietas de suinos e aves.
A maioria dos estudos sobre o balanço eletrolítico, indicam a influência da DCA
sobre os parâmetros sanguíneos, podendo afetar a fisiologia do animal como um todo.
Dietas com baixas DCA, resultam em redução do pH sanguíneo, da concentração de
HCO3- e do excesso de bases, causando acidose metabólica. Neste caso, a
capacidade tamponante no sangue é diminuída e esta acidemia resultante, poderá
afetar o nível de ingestão de nutrientes e conseqüentemente a taxa de crescimento.
Existem situações especiais em que o pH sanguíneo influi diretamente na
ativação de complexos enzimáticos para direcionamento dos objetivos fisiológicos.
Durante a formação da clara do ovo, por exemplo, a biossíntese da albumina é
influenciada pela condição de equilíbrio iônico sanguíneo sendo que em condições de
pH mais alto pode resultar na má formação da ovomucina, alterando a sua estrutura,
afetando a unidade Haugh do ovo, reduzindo a altura do albúmen. Este fato pode
ocorrer com o uso de excesso de P na dieta, sendo este elemento um fator de redução
de H+ do sangue. Por outro lado, durante a formação da casca, existe a necessidade
de ativação dos osteoclastos para reabsorção óssea, com objetivo de aumentar a
calcemia e dar suporte a formação do CaCO3 na câmara calcífera da ave e, o
rebaixamento do pH é o gatilho da liberação do PTH que tem seus efeitos em toda esta
ativação.
9.4.3 Magnésio
Este elemento está extremamente associado ao cálcio e ao fósforo, tanto na sua
distribuição como no seu metabolismo. De 50 a 70% de todo magnésio orgânico é
encontrado no esqueleto representando 0,8 a 1,0% da cinza óssea. O restante está
amplamente distribuído nos tecidos moles exercendo funções vitais no organismo. O
soro sanguíneo de aves e suínos contém de 2 a 5 mg/100 ml, dependendo dos níveis
dietéticos.

Funções do magnésio
a) envolvido em todas as reações de transferência de ligações ricas em energia
(ATP-Mg, GTP-Mg, etc).
b) atua juntamente com enzimas na forma de quelatos ativando reações.
c) estreitamente envolvido no metabolismo de carboidratos, gordura, proteínas
e ácidos nucléicos.

Sintomas de deficiência
Em aves e suínos, é pouco provável a deficiência de magnésio pois, o milho e o
farelo de soja contém de 0,2 a 0,4% deste elemento e as necessidades variam de 500
a 800 ppm que significa de 0,05 a 0,08% nas rações. Sintomas de deficiência
provocada em ratos mostraram animais com crescimento retardado, orelhas vermelho-
brilhantes, hiperirritabilidade, calcificação renal e convulsões. Experimentos com
poedeiras recebendo dietas purificadas com níveis abaixo de 0,12% magnésio,
apresentaram redução do tamanho dos ovos, na densidade da casca e no conteúdo
deste elemento na casca, clara e gema (Stafford Edwards, 1974). Em rações normais a
base de milho e farelo de soja, não se tem observado efeitos da adição de magnésio
123
para podeiras na fase de produção.

9.4.4 Enxofre
O enxofre está amplamente distribuído no organismo animal, principalmente na
forma de compostos orgânicos como aminoácidos sulfurados, tiamina e biotina. Na
forma inorgânica aparece como componente da cartilagem (condroitina).
No metabolismo, o enxofre participa em várias reações, onde a forma inorgânica
é proveniente basicamente de compostos orgânicos catabolizados. O íon sulfato
participa de reações específicas, tais como a formação de mucopolissacarídeo
sulfatados e na síntese de taurina. A nível intestinal o enxofre aumenta a absorção e
retenção das tetraciclinas.
Pesquisas têm revelado que a adição de enxofre inorgânico em rações normais
de poedeiras, a base de milho e farelo de soja, não influenciou o desempenho e a
qualidade dos ovos. Não foi verificado também, efeito do enxofre adicionado como fator
de economia de aminoácidos sulfurados da ração (Alves et al. 1988). Os ingredientes
normalmente utilizados nas rações de aves e suínos possuem níveis de enxofre
compatíveis com as necessidades orgânicas, e, assim, não existe a preocupação dos
nutricionistas em determinar as exigências dietéticas deste elemento.

9.5 METABOLISMO DOS MICROMINERAIS

9.5.1 Ferro

O ferro está distribuído principalmente nos tecidos moles, desempenhando


funções importantes nos processos vitais do organismo.
A maior fração do ferro orgânico está na molécula de hemoglobina, representando
de 60 a 70% do total de ferro do organismo. O restante está distribuído nos músculos
(miglobina), enzimas (citocromos e catalase), placenta e útero (uteroferrina), fígado
(ferritina e hemociderina ), sôro (transferrina), leite (lactoferrina), baço (ferritina), rins
(transferrina), entre outras.
A forma ferrosa (Fe++) é a mais solúvel e portanto, a mais indicada como
suplemento alimentar. Após absorção, todo ferro é transportado (transferrina) e
armazenado na forma férrica. A utilização deste ferro ocorre pela ação da vitamina C,
reduzindo-o para a forma ferrosa.
As exigências de ferro são maiores nos animais nas fases inicial e de crescimento
onde a demanda para a síntese de e mioglobina é grande.
A absorção do ferro dietético é pequena, e controlada pela ferritina presente na
mucosa intestinal (principalmente duodeno). Por outro lado, a excreção também é
pequena podendo haver perdas pelas fezes, através da bile (bilirrubina) e
descamações epiteliais, suor, urina e em condições patalógicas (hemoglobinúnia).

Funções do ferro
a) presente na molécula de hemoglobina e mioglobina que estão relacionadas
ao transporte de O2 (respiração).
b) participa de enzimas e coenzimas (citocromos, peroxidases - cadeia
respiratória).
c) participa de produtos (1 ovo = 1-1,5 mg ; leite = 1-1,2 mg/litro).

124
Importância do ferro para leitões
De acordo com vários trabalhos de pesquisas, os leitões nascem com um
conteúdo médio de ferro no organismo de aproximadamente 50 mg . Deste total, a
maior parte (70-80%) está na molécula de hemoglobina enquanto pequena parcela (6 a
8 mg) forma a reserva no fígado e baço. A alimentação das porcas durante a gestação
com altos níveis ferro na dieta ou de forma parenteral, não aumenta substancialmente
a transferência de ferro para o feto (Brady et al., 1978; Ducsay et al., 1984).
O conteúdo de ferro do leite é de aproximadamente 1 a 1,4 mg/litro e estes
valores não são aumentados de forma significativa pelo aumento do ferro das dietas
das porcas em lactação.
A exigência dos leitões recém-nascidos é de 7 a 16 mg de ferro diariamente ou
21 mg de ferro/kg de ganho de peso para manter adequados os níveis de hemoglobina
(Braude et al., 1962).
Os leitões recém-nascidos crescem rapidamente, chegando a dobrar de peso em
uma semana, que deve ser acompanhado de aumento na mesma proporção da
quantidade de hemoglobina (Tabela 9.8).

TABELA 9.8: Conteúdo de ferro corporal de leitões


Idade Peso Vivo Hb Conteúdo de Ferro
Na Hb No corpo mg/kg
(Dias) (kg) (g)
(mg) (mg) corpo
0 1,3 12,3 41,8 52,3 40,2
7 2,7 28,8 97,9 122,4 45,3
14 4,2 38,4 130,6 163,3 38,9
21 6,0 52,1 177,1 221,4 36,9
28 7,8 66,1 224,7 280,9 36,0
35 9,8 80,9 275,1 343,9 36,0

Fonte : Annenkov (1982).


As reservas de ferro portanto se esgotam logo na primeira semana de vida do
leitão havendo a necessidade de suplementação. Pela Tabela 9.8, verifica-se que
ocorre um aumento de 1,4 kg no peso vivo na primeira semana, o que exigiria 29,4 mg
de ferro (1,4 x 21 mg). As reservas orgânicas (6-8 mg) mais o que o leite fornece (1-1,4
mg/d) dariam para atender as exigências de apenas 3 a 4 dias. O colostro apresenta
conteúdos de ferro quase o dobro do leite normal, o que pode economizar uma parte
da reserva orgânica no primeiro dia vida do leitão. Os leitões de maior peso, concorrem
pelas tetas de maior produção de leite, e desenvolvem mais rapidamente, sendo que a
não suplementação de ferro, prejudicaria estes leitões, sendo os primeiros a apresentar
sintomas de deficiência de ferro.
Na prática, existem várias maneiras de suprir o ferro que o leitão necessita:
a) injeção intramuscular de 100 mg de ferro (ferro dextrano, ferroglicina, ou
outras associações) no 3º e 11º dias de vida do leitão. Esta é a maneira mais
segura de garantir o suprimento de ferro aos leitões. Existe a prática de
aplicar 200 mg de uma vez e isto implica em maior injúria no tecido e
também maior estresse aos animais devido a intensa dor dessa aplicação.
Normalmente pode-se verificar necrose do tecido ao abate, no local de
aplicação;
125
b) utilização de pasta antianêmica nas tetas das porcas. Este método é de
difícil implementação e não permite garantia do consumo adequado de ferro
pelos leitões;
c) utilização de terra vermelha (rica em ferro). Esta prática não é muito aceita
nas criações tecnificadas devido a problemas da qualidade do material
usado e, também, por apresentar ferro em sua maior parte na forma férrica,
de baixa solubilidade;
d) suplementação das rações com sulfato ferroso. O uso do ferro nas rações é
meio adequado de suplementação, porém, os leitões começam a ingerir
alguma ração somente a partir de 7 dias de idade, sendo que o período mais
critico é a primeira semana de vida.

Assim, a prática da injeção intramuscular é recomendável para garantir as


exigências de ferro até o início efetivo de consumo de ração pelos leitões que se dá a
partir de 21 dias de idade.

Assimilação do ferro dietético por suínos


O aproveitamento do ferro da dieta varia com a idade dos suínos. Enquanto os
leitões recém-nascidos conseguem assimilar até 99% do ferro da dieta, os animais
adultos mantém um aproveitamento médio de apenas 5% (Tabela 9.9).
Idade Assimilação (%) Autor
1-5 dias 95-99 Hansard (1970)
8-9 semanas 12 Annenkov (1992)
Porcas em gestação 5,4 Hansard (1970a)
Porcas em gestação 17,0 Hansard (1970b)

Importância do ferro para aves


O conteúdo normal de ferro nos ingredientes utilizados nas rações para aves,
possui quantidades significativas deste elemento que contribui com as suas exigências.
Os ingredientes vegetais apresentam uma concentração de ferro entre 60 e 80
mg/kg e as aves adultas conseguem reter apenas 5% deste conteúdo, representando
de 3 a 4 mg de ferro por kg de ração consumida. As poedeiras podem necessitar de
ferro suplementar (50 mg/kg de ração), já que, eliminam de 1 a 1,5 mg em cada ovo
produzido. Pesquisa realizada por Bertechini et al. (2000) indicou aumento linear na
deposição de ferro em gemas até o nível de suplementação de 80 ppm na ração das
poedeiras. A ração basal continha 127 ppm de ferro analisado e o maior valor de
deposição foi de 7,327 mg/100 g de gema.

Sintomas de deficiência de ferro (suínos)


a) anemia hipocrômica microcítica;
b) diarréia;
c) aumento dos movimentos respiratórios e
d) taquicardia.

9.5.2 Cobre
O cobre está estreitamente associado ao metabolismo do ferro, na formação da
126
hemoglobina e distribuído em todos os tecidos orgânicos em pequenas quantidades. O
fígado é o principal órgão armazenador , na forma de metaloproteína. No sangue, o
cobre acha-se ligado a frações de albuminas. A ceruloplasmina é a principal proteína
ligadora do cobre, que funciona como uma enzima ferroxidase no metabolismo do
ferro.

Funções do cobre
a) participa indiretamente da síntese de hemoglobina através da ativação da
ferroxidase, envolvida na utilização e manutenção dos níveis de ferro no
plasma;
b) essencial na formação óssea;
c) essencial na manutenção da mielina do sistema nervoso;
d) está estreitamente relacionado ao metabolismo aeróbico através dos
enzimas citocromo c oxidase e superóxido dismutase;
e) participa de vários outros sistemas enzimáticos (aminoxidases, tirosinase,
dopamina-hidroxilase, etc), e
f) envolvido na síntese de queratina, principal componente do pelo.

Cobre como promotor de crescimento


O cobre como promotor de crescimento foi usado nas rações de suínos na
Europa até há pouco tempo. No Brasil ainda é usado pelo seu baixo custo. Os níveis
utilizados variam de 150 a 300 ppm, principalmente em rações de leitões na fase pós-
desmama. O uso de maiores níveis na ração resulta também em maiores quantidade
deste microelemento nas fezes sendo que o excesso de cobre absorvido, é
armazenad no fígado. Pesquisa realizada por Braude e Ryder (1973) registrou um
aumento de 37,6 para 286,5 mg de cobre/kg de matéria seca do fígado, quando se
elevou de 6 para 240 ppm, os níveis de cobre da dieta de suinos. Para frangos de
corte, pesquisa realizada por Lafigliola et al. (2000), não foi observado efeito sobre o
desempenho com o uso de 200 ppm no período de 1 a 42 dias de criação dessas aves.
Do ponto de vista ambiental, o uso de cobre como promotor de crescimento não é
indicado. A maior parte desse cobre é excretado contaminando o meio ambiente. A
utilização desses excrementos pode comprometer a disponibilidade de molibidênio
para as plantas devido ao antagonismo desses microelementos.

Sintomas de deficiência de cobre


a) Anemia;
b) Crescimento defeituoso dos ossos (a deficiência de cobre afeta a
calcificação dos ossos (osteoblastos) e não influi na formação da
cartilagem);
c) Despigmentação do pelo e peles;

Tirosina oxidade-Cu dopamina


Tirosina  Dopa    melanina)
hidroxilase Cu++

d) Ataxia enzoótica em suínos (dorso curvado), causada pela desmielinização


127
de áreas do cordão espinhal do dorso.
e) Poedeiras reprodutoras severamente deficientes em cobre (0,7 - 0,9 ppm de
Cu) reduzem a produção de ovos e a sua eclodibilidade, embrião com
hemorragias após 72 a 96 horas de incubação, etc.
f) Ruptura da aorta. O enzima amina oxidase, cobre dependente, aumenta a
incorporação da lisina na elastina presente nas artérias e veias. A deficiência
de cobre reduz o número de resíduos de lisina oxidado disponíveis para a
condensação da elastina na formação da desmosina, prejudicando a
elasticidade das paredes das artérias.

9.5.3 Manganês
Ocorre no organismo principalmente no fígado, porém, está presente em vários
outros órgãos, na pele, no músculo e ossos. Nas células, o maior conteúdo de
manganês é encontrado no interior das mitocôndrias. Nos ossos, a tíbia é o tecido com
maior sensibilidade de deposição em função dos níveis ingeridos.
Os ingredientes comumente utilizados em rações de aves e suínos são
relativamente ricos em manganês. As rações a base de milho e farelo de soja já
possuem em torno de 25 ppm. Por outro lado, a absorção deste mineral no intestino
delgado é baixa, já que, grandes quantidades de manganês é detectado nas excretas.
Pesquisas realizadas por Hossain, Bertechini e Nobre (1993) indicam suplementação
de pelo menos 80 ppm de Mn para melhor formação óssea em frangos de corte. Para
poedeira comerciais, o nível de 123 ppm foi indiicado por Fassani et al. (2002) para
melhorar a qualidade de casca de poedeiras comerciais, principalmente no final de
postura.

Funções do manganês
a) Essencial para o desenvolvimento da matriz orgânica óssea, na qual é
composta largamente de mucopolissacarídeos;
b) Ativador de várias enzimas (arginase, fosfatase, tiaminase,
desoxiribonuclease, enolase, glicosiltrans-ferases); e
c) Essencial na reprodução e funcionamento normal do sistema nervoso
central.

Sintomas de deficiência de manganês


a) Perose em aves - é caracterizada pelo engrossamento e má formação da
junta tíbio-tarsal, que provoca a saída do tendão Aquiles da sua posição
normal;
Obs.: Além do manganês, outras substâncias como a colina, a biotina a
niacina, estão também envolvidas com a perose. No entanto, pesquisas
mostram que mesmo com a adição de todos estes elementos, tem
aparecido casos de perose. Alguns trabalhos relacionados com manganês,
evidenciam que os pintinhos tem problemas de absorção do manganês da
dieta, não passando de 10% de aproveitamento. Aliado a este fato, estas
pesquisas indicam que as exigências nutricionais de manganês são maiores
às preconizadas na tabela da NAS (National Academy of Science).
b) Encurtamento e má formação dos ossos das pernas, provocando
arqueamento e rigidez óssea.
128
c) Em poedeiras reprodutoras, reduz a produção de ovos a eclodibilidade.
Durante a incubação pode surgir a condrodistrofia nutricional embrionária,
caracterizada por várias anomalias ósseas.

9.5.4 Zinco
O zinco está distribuído em todos os tecidos orgânicos, porém, as maiores
concentrações deste elemento são encontradas no fígado, pele e pelos.
Os ingredientes de rações de aves e suínos normalmente utilizados no Brasil,
possuem conteúdos de zinco muito variáveis. Enquanto, as fontes protéicas de origem
animal como a farinha de carne, contém de 100 a 150 ppm (disponível), o farelo de
soja e o milho possuem 50 e 5 ppm, respectivamente, porém, grande parte na forma de
quelatos insolúveis. Não fosse isso, dificilmente seria detectado alguma deficiência, já
que, as exigências variam de 40 a 50 ppm, para aves ou suínos.

Funções do zinco
a) participa de vários sistemas enzimáticos (anidrase carbônica,
desidrogenases, peptidases, fosfatases);
b) envolvido em todo processo de multiplicação celular.

Interação zinco x fonte protéica


As dietas normalmente utilizadas para aves e suínos no Brasil são baseadas no
binômio milho e farelo de soja, componentes ricos em ácido fítico, que prendem o
zinco, formando quelatos insolúveis, impedindo o aproveitamento deste elemento. Há
portanto, a necessidade de se elevar os níveis de zinco da dieta além das
necessidades para evitar a deficiência, sendo que grande parte será perdido nas fezes.

Interação zinco x cálcio e fósforo


A presença de altos conteúdos de cálcio e fósforo no intestino delgado,
interferem na absorção do zinco, formando compostos insolúveis, prejudicando o seu
aproveitamento. Pesquisa realizada por Shoulten et al. (2002) indica redução da
retenção de Zn intestinal quando se elevou os níveis de cálcio nas rações de frangos
de corte. O excesso de cálcio é mais comum, principalmente nas regiões calcárias,
onde as fontes de água podem conter níveis de cálcio que comprometem a utilização
do zinco, principalmente para suínos, resultando em paraqueratose .

Sintomas de deficiência de zinco


Existem basicamente três situações que possibilitam o aparecimento da
deficiência: uma deficiência propriamente dita, excesso de ácido fítico e excesso de
cálcio e/ou fósforo na dieta.
a) Paraqueratose em suínos. Caracterizada por hiperqueratinização que se
inicia em volta dos olhos e extremidades das patas. A progressão desta
deficiência leva a severas rachaduras na pele e cascos, debilitando os
animais e levando-os a morte;
b) Problemas reprodutivos. O zinco participa na formação e manutenção dos
túbulos seminíferos, na espermatogênese, na formação do líquido seminal e
em todos os processos reprodutivos das fêmeas;
129
c) Baixo desempenho de aves e suínos;
d) Encurtamento e engrossamento dos ossos longos. Neste caso, o tendão de
Aquiles não escapa de sua posição normal como ocorre na perose;
e) Emplumagem pobre em frangos de corte e frangas de reposição .

9.5.5 Selênio
O selênio ocorre em todos os tecidos do corpo animal em concentrações que
variam de acordo com as suas necessidades. O fígado e os rins contém os maiores
níveis de selênio do organismo. Os músculos cardíacos possuem mais selênio do que
os músculos esqueléticos.
No metabolismo, o selênio está associado à vitamina E. Organicamente, a
vitamina E tem função de evitar a oxidação dos tecidos (antioxidante “in vivo”),
mantendo a integridade das membranas das células. Por outro lado, o selênio, através
da ativação do enzina glutationa peroxidase, destrói os peróxidos formados,
recuperando as membranas das células e capilares (Figura 9.6).

FIGURA 9.6: Atuação do selênio na destruição peróxidos "in vivo"

Níveis de selênio nos alimentos


Os níveis de selênio nos grãos cultivados em solos deficientes são também
deficientes. Por outro lado, existem fatores que afetam a absorção de selênio pela
planta. Plantas que crescem em solo alcalino absorvem menos selênio do que em
solos ácidos. No Brasil, os níveis de selênio nos grãos são de uma maneira geral
deficientes, no entanto, amostras de milho analisados em algumas áreas dos Estados
130
do Pará (Belém) e Pernambuco (Recife), apresentam níveis médios de selênio que
suprem as necessidades dietéticas (Tabela 9.9).
TABELA 9.9: Níveis de selênio no milho cultivado em solos de diversos
locais do Brasil1
Localidade Selênio (ppm)
Belém – PA 0,070 - 0,240
Recife – PE 0,093 - 0,140
Capinópolis – MG 0,048 - 0 060
Pelotas – RS 0,017 - 0,023
Araras – SP 0,041
Botucatu – SP 0,021
Lins – SP 0,030
Lavras – MG 0,020

1. Coletâneas

Sintomas de deficiência de selênio

a) Distrofia muscular nutricional;


Caracterizada por degeneração dos músculos estriados. Na aves, ocorre
degeneração associada a diatese exsudativa, especialmente os músculos peitorais;
b) Diátese exsudativa em aves;
É, caracterizada pela formação de edemas no organismo principalmente na
região abdominal da ave. Este é o resultado da permeabilidade anormal das paredes
dos capilares, que é recuperada com a adição de selênio e/ou vitamina E na dieta;

c) Hepatose dietética em suínos


Esta deficiência ocorre com maior frequência em leitões 3 a 15 semanas de
idade, resultando em alta mortalidade. Exame pós-morte evidencia severas lesões no
tecido necrótico formado no fígado. A adição de selênio pode corrigir este quadro,
porém, a vitamina E parece ser mais efetiva em prevenir esta degeneração hepática.

d) Problemas de reprodução
Em poedeiras reprodutoras, a deficiência reduz a eclodibilidade e a produção dos
ovos. Pesquisas registraram aumento da mortalidade dos espermatozóides com o
incremento de 0,01 a 0,08 ppm adicionada à dieta de ratos, sugerindo a sua
importância na fertilização.

9.5.6 Iôdo
O iodo é um mineral traço com possibilidades de estar deficiente nas dietas de
aves e suínos devido a pobreza deste microelemento nos ingredientes de origem
vegetal.
Apesar de uma taxa infinitesimal no organismo, a sua falta na alimentação pode
trazer resultados desastrosos.
Absorvido no trato digestório usando sistema de transporte semelhante ao do Cl -.
131
Após absorção o iodo é convertido principalmente na forma orgânica na tireóide,
formando a iodotirosina. O excesso absorvido é rapidamente excretado via urina.
Vários vegetais possuem efeitos goitrogênicos, como linhaça, soja, brássicas, entre
outras, que resulta na necessidade de incrementar a suplementação. As fontes de iodo
KIO3 e Ca(IO3)2 são indicadas para suplementação, tendo o idodo estável. Já a fonte
KI, possui o iodo muito volátil e não possui estabilidade na mistura, não devendo ser
utilizada como suplemento de I.
Organicamente, mais de 60% de todo iodo está presente nas glândulas tireóides.
No entanto, pode-se encontrar iodo distribuido na maioria dos tecidos corporais.
O conteúdo de iodo na tireóide varia com a ingestão, atividade da glândula e
idade do animal.
O iodo está contido na tireóide nas formas inorgânicas, mono e diiodotirosina,
tiroxina, triiodotiromina, tiroglobulina e poliptídeos contendo tiroxina.
Funções do Iodo
As funções do iodo estão relacionadas à ação dos hormônios.
a) Integrante dos hormônios da tireóide, que controlam todo rítmo metabólico
orgânico;
b) Possui ação calorigênica nos animais homeotérmicos, através dos
hormônios tireoidianos que atuam aumentando a atividade do mitocôndria,
havendo maior consumo de O2 na célula, aumentando a respiração
mitocondrial sustentando a termogênese orgânica;
c) A tiroxina regula a ação do hipotálamo e adenohipófise;
d) Atua no retardamento da maturidade sexual das aves; e
e) Está ligado a queda de penas em aves.

Sintomas de deficiência de iodo


a) Bócio. Na deficiência de iodo, a glândula tireóide se hipertropia na tentativa
de manter os níveis de tiroxina no sangue;
b) Em leitões, pode-se verificar ausência de cerdas, edema, pele grossa e
pescoço intumescido; e
c) No homem, causa preguiça mental generalisada. Este efeito ainda não está
bem explicado. Apesar da suplementação de iodo no sal de cozinha ser lei
no Brasil, esta é feita as vezes utilizando o KI, que possui o iodo volátil.
Assim, existe a preocupação com esta deficiência, principalmente nas
regiões centrais do Brasil, que possuem altas temperaturas, favorecendo
esta volatilização, além, de estarem longe do litoral, onde existe maior
concentração normal deste microelemento.

9.5.7 Cobalto

A suplementação de cobalto nas rações dos monogástricos é controversa. O


NRC (1994) recomenda a suplementação somente da vitamina B 12, sendo
dispensável a complementação deste microelemento nas rações de aves. Na
molécula desta vitamina, o cobalto representa 4% da sua composição total. Apesar de
não definição do uso de cobalto suplementar para as rações desses animais, existe
elevação da concentração sanguínea quando se eleva o cobalto da ração, como
132
observado por Georgievskii, Annekov e Samokhin (1982).
De acordo com Turk e Kratzer (1960), a suplementação de cobalto deve ser
independente da de B12, para pintos, sendo recomendável 4,7 ppm deste
microelemento. Já Llobet (1995) sugere de 2 a 3 ppm para melhorar o desempenho
das aves.
As recomendações do INRA (1989) e Rostagno et al. (2000) são de 0,2 ppm.
Pesquisa realizada por Kato et al. (2002), com poedeiras comerciais, concluiu-se
que a suplementação de cobalto para estas aves não exerceu efeito na produção, na
qualidade dos ovos e na concentração hepática e gema, sugerindo que não existe a
necessidade desta suplementação. Por outro lado, a suplementação de B 12 resultou
em melhores medidas de desempenho e qualidade do ovo, indicando independência
de efeito em relação ao cobalto suplementar.

9.5.8 Cromo
Tem sido considerado nutriente essencial para homens e animais há
aproximadamente 40 anos. Na natureza, aparece na forma trivalente (Cr 3) tendo efeito
ativador de sistemas enzimáticos ligados principalmente ao metabolismo de proteinas e
ácidos nucleicos. Tem efeito potenciador sobre a insulina e porisso tem sido chamado
de Fator de Tolerância a Glicose (FTG).
Pesquisas tem evidenciado melhor absorção para as formas orgânicas
(picolinato, nicotinato e cromio-levedura) em relação a forma inorgânica (CrCl3). A
maioria dos estudos(20/31) com cromio para suínos em crescimento-terminação, não
se verificou efeitos do uso de níveis de Cr de 50 a 200 µg/kg com CrPic ou 500 a 5000
µg/kg como CrCl3, sobre a taxa de crescimento. Oito estudos em 31, encontrou-se
melhoria da eficiência alimentar e 9 de 24, houve decréscimo da gordura na carcaça.
Apesar da inconsistência dos resultados, as pesquisas indicam evidência favorável dos
efeitos do uso de Cr no metabolismo dos suínos. No caso de aves, o uso de 20 ppm de
CrCl3 aumentou a taxa de utilização da glicose.

9.5.9 Boro
10

ADITIVOS NÃO NUTRIENTES

Os aditivos são substâncias utilizadas nas rações com várias finalidades.


Atualmente estas substâncias podem ser divididas em quatro categorias:
1) Promotores de absorção;
2) Substâncias profiláticas;
3) Substâncias auxiliares, e
4) Enzimas exógenas
Os promotores de absorção são aditivos que servem para melhorar o
crescimento devido principalmente ao aumento da utilização dos nutrientes das rações.
De maneira geral, podem ser chamados também de estimulantes do crescimento ou
ativadores de produção.
As substâncias profiláticas servem para a proteção higiênica de enfermidades
parasitárias tais como coccidiose e enterites.
133
As substâncias auxiliares não são necessárias do ponto de vista fisiológico da
alimentação. Nesta categoria estão os antioxidantes; flavorizantes, emulsificantes,
agentes de aglutinação, entre outros.

10.1 PROMOTORES DE ABSORÇÃO


Várias substâncias são utilizadas como melhoradores da absorção nas rações de
aves e suínos, no entanto, o maior grupo refere-se aos antibióticos. Além destes,
outros promotores alternativos tem sido estudados como probióticos, prébióticos,
simbióticos e fitoterápicos. Outros compostos como nitrofuranos e os derivados
arsenicais têm estes efeitos, porém, existe restrição para o seu uso devido a problemas
relacionados a resíduos nos produtos.
Na Tabela 10.1 estão os promotores de absorção mais utilizados em rações de
aves e suínos, com seus respectivos níveis de uso.
Além do efeito como promotores de absorção de nutrientes e melhoria da
eficiência alimentar, os antibióticos podem ser utilizados em maiores níveis nas rações,
com a finalidade de controlar ou combater doenças. Neste caso é preciso seguir
posologia adequada para evitar seleção de microorganismos resistentes.

TABELA 10.1: Promotores de absorção e da eficiência alimentar utilizados


em rações de aves e suínos
Droga Animal Nível de Uso
A. Antibióticos
1. Avilamicina Frangos de corte 2,5 - 10 g/ton
Leitões 5,0 - 10 g/ton
Suínos em crescimento 2,5 - 10 g/ton
2. Bacitracina de Zinco Frangos de corte e perus 5-50 g/ton
Poedeiras e aves de reposição 50 - 100 g/ton
Leitões 40 - 120 g/ton
Suínos em crescimento 10 - 50 g/ton
3. Colistina, Sulfato Frangos de corte 5-10 g/ton
Leitões 20-30 g/ton
Suinos em crescimento 5 -10 g/ton
4. Enramicina Frangos de corte 5-10 g/ton
Leitões 5 -10 g/ton
Suínos em crescimento 3-5 g/ton
5. Espiramicina Frangos de corte 5 g/ton
Leitões até desmame 30 g/ton
Suínos da desmama ao abate
6. Eritromicina Aves de reposição 6 - 20 g/ton
Leitões 10 -70 g/ton
Suínos em crescimento/ Terminação 10 g/ton
7. Flavomicina Suínos (todas as fases) 2 - 4 g/ton
8. Lincomicina Frangos de cortes 2 - 4 g/ton
9. Oxitetraciclina Frangos de corte, aves de reposição e
perus 5 - 10 g/ton
Leitões 25 - 50 g/ton
Suínos em crescimento 7,5 - 10 g/ton
10. Tilosina Frangos de corte 4 -50 g/ton
Suínos (todas as fases) 10 – 50 g/ton
11. Virginiamicina Frangos de corte (inicial) 20 -50 g/ton
Frangos de corte (final) 5 - 20 g/ton
134
Leitões 20 -40 g/ton
Suínos em crescimento/ terminação 5 -20 g/ton
B. Compostos Arsenicais
1. Ácido-3-Nitro-4 Frangos de corte, aves de reposição 22 - 45 g/ton
hidroxifenilarsônico Suínos (todas as fases ) 22 – 68 g/ton
2. Ácido Arsanílico Frangos de corte, perus 45 -90 g/ton
Suínos (todas as fases) 45 – 90 g/ton
Obs: Os compostos arsenicais devem ser retirados pelo menos 5 dias antes do abate
C. Nitrofuranos e Outros
1. Carbadox Suínos nas fases pré-inicial e inicial 50 g/ton
Suínos na fase de crescimento 10 – 25 g/ton
2. Dimetridazole Suínos nas fases crescimento e 200 g/ton
terminação
3. Olaquindox Frangos de corte 10-20 g/ton
suínos na fase pré-inicial 50 - 200 g/ton
Suínos na fase inicia; 25 - 50 g/ton
Suínos nas fases crescimento 10 -50 g/ton
terminação

Mecanismo de Ação
Existem várias explicações (teorias) sobre a forma de atuação dos promotores de
absorção de nutrientes, quais sejam:
a) atuam eliminando ou reduzindo a atividade de germes causadores de
doenças sub-clínicas;
b) estimulam os microorganismos benéficos que sintetizam nutrientes no trato
gastrointestinal;
c) atuam reduzindo o crescimento de bactérias competitivas com o hospedeiro,
e
d) aumentam a capacidade de absorção dos nutrientes devido ao
adelgaçamento da parede intestinal.
Verifica-se que as teorias estão interligadas, e, o mais correto é considerar todos
os efeitos conjuntos, resultando em melhoria da absorção de nutrientes, devido a
redução de proteção de parede absortiva, por melhores condições da microbióta
intestinal favorável ao hospedeiro, resultando em parede intestinal mais delgada, com
redução das barreiras de absorção.
Na prática, a utilização destes aditivos tem melhorado de 4 a 8% o crescimento e
a eficiência alimentar de aves e suínos, no entanto, esta melhoria no rendimento é mais
notável nas fases inicial e crescimento destes animais, assim como em condições
sanitárias e de balanceamento da ração, inadequadas.

10.2 PROBIÓTICO (MICROORGANISMOS VIÁVEIS)


O trato digestivo dos animais está exposto ao meio exterior e, portanto, sujeito ao
estabelecimento de uma microflora benéfica que pode contribuir nos processos
digestivo e absortivo bem como de uma outra, maléfica, que pode competir, inibir
respostas imunes e produzir metabólicos que levam a problemas enteropatogênicos,
resultando em perda de desempenho pelos animais.
Existe uma microbiota natural no trato gastrointestinal dos animais de difícil
definição e composta de mais de 400 espécies sendo que esta começa e se
estabelecer logo após o nascimento. Pesquisas têm mostrado a presença de E. coli,
135
Streptococcus e Lactobacillus no trato digestório de leitões em apenas 3 horas após o
nascimento.
Dois tipos de bactérias podem se estabelecer, um associado com o epitélio
gastrintestinal (permanente), e um outro, livre no lume intestinal (transeunte). Em
condições de estresse, ocorre um desequilíbrio dessa microbiota intestinal sendo que
as benéficas, em sua maioria, permanentes, reduzem suas concentrações e permitem
o desenvolvimento da microflora enteropatogênica, resultando aí o desequilíbrio.
Quando o animal está nessa situação, ocorre uma redução da síntese de
mucopolissacarídeos na mucosa intestinal, sendo este, o nutriente essencial para a
manutenção e multiplicação de bactérias benéficas, possibilitando assim, a elevação do
pH intestinal e favorecendo as bactérias enteropatogênicas do tipo E. coli, como por
exemplo. O resultado é o espessamento da parede intestinal (defesa), com
conseqüente redução da eficiência absortiva intestinal, que na prática, resulta em piora
na conversão alimentar e no ganho de peso dos animais.
Durante muito tempo, vem se utilizando antibióticos bem como outras substâncias
quimioterápicas no sentido de promover melhorias no ganho de peso e conversão
alimentar dos animais. São promotores de crescimento ou ativadores de produção,
utilizados largamente em rações de monogástricos no mundo e, especialmente no
Brasil. Por outro lado, a abertura das informações no mundo moderno tem levado a
mudanças de critérios nas transações comerciais devido a pressão dos consumidores,
no sentido de evitar produtos contaminados por aditivos, principalmente antibióticos.
Pesquisa recente na Comunidade Econômica Européia, chegou-se a conclusão de que
aproximadamente 10% da população tem evitado o consumo de carnes de suínos e de
aves, por considerá-las contaminadas por antibióticos.
Uma das alternativas que nos pesquisadores visualizamos para os antibióticos
seriam os probióticos. O termo probiótico, em contraposição aos antibióticos, significa
em favor da vida e foi utilizado primeiramente por Lilly & Stiwell (1965), que descrevem
como microorganismos que contribuem para o balanço microbiano do intestino. A
maioria dos probióticos testados em aves e suínos é do tipo ácido láctico (Lactobacillus
acidophilus, L. bulgaricus, L. plantarum, L. casei, Streptococcus faecium, S. lactius, S.
thermophillus e S. diacetilactus) e outros microorganismos como Bacillus subtilis, B.
toyoi, Aspergillus oryzae, Torulopsis, Bificus bifidum, entre outros. São utilizados
combinados ou isolados e as vezes associados a leveduras, enzimas ou outros
agentes classificados como probióticos. O Federal Food and Drugs Administration
(FDA) dos estados Unidos da América, define os probióticos como fonte de
microorganismos viáveis que ocorre naturalmente e podem ser utilizados diretamente
na ração dos animais e está também aceito na categoria GRAS (Generaly regarding as
safe). Os probióticos depois de ingeridos, encontram meio adequados para
multiplicação e colonizam o trato digestório e, por exclusão competitiva, se
estabelecem sobre outros microorganismos aí presentes. O resultado é um equilíbrio
microbiano a favor da microflora benéfica, possibilitando redução de pH (Ferket, 1990),
reduzindo enteropatogênicas e, conseqüentemente, redução de E. coli (Stewart e
Chesson, 1993), de produção de toxinas (Reddy et al., 1988), de competição por
nutrientes (Turnet, 1994), estimulando a imunidade com aumento de atividade dos
anticorpos (Fuller, 1989), melhorando a eficiência alimentar (Bertechini e Hossain,
1993; Santoso et al., 1995) aumentando a energia da dieta e a retenção de N e
reduzindo o nível de colesterol no soro e fígado (Santoso et al., 1995; Fukushima e
Nakano, 1995). Além do efeito importante que é a redução do pH, os microorganismos
benéficos produzem metabólitos que atuam inibindo as bactérias enteropatogênicas.
Como exemplos, os Lactobacillus acidophilus produzem acidofilina, lactocidina e
136
acidolina; L. plantarum produzem lactonina; Streptococcus , nisina e diplococcina, além
da maioria que produzirem suficiente quantidade de peróxido de hidrogênio, que inibe
vários microorganismos (Dahiya e Speck, 1986; Fox, 1988). Estes metabólicos têm
demonstrado em laboratório a inibição do crescimento de Salmonellas, Shigella,
Staphylococcus, Proteus, Klebsiela, Pseudomonas, Bacillus e Vibrio.
Durante as décadas de 70 e 80, foram realizados muitos trabalhos com a
utilização de microorganismos viáveis, sendo que, mais de 50% das pesquisas,
encontrou-se benefícios. Por outro lado, na década de 90, poucas foram as pesquisas
que não se verificou efeitos do uso dos probióticos como promotores de absorção,
indicando uma maior especialização da indústria de biotecnologia dos
microorganismos, adaptando concentrações e espécies, visando uma melhor resposta
animal. Os resultados atuais suportam a eficácia do uso de probióticos como ativadores
de produção, durante fases específicas da criação, devendo estudos futuros adequar
as unidades formadoras de colônias (UFC) por grama do produto para uma melhor
eficácia. Completando, os probióticos não podem ser considerados como alternativa
aos tratamentos por antibióticos no controle de doenças, de forma generalizada. Por
outro lado, tem um perfeito uso após tratamentos com antibióticos, permitindo o
estabelecimento de uma microbiota saudável.

10.3 SUBSTÃNCIAS PROFILÁTICAS


As substâncias profiláticas são usadas de maneira geral para controlar e/ou
combater as doenças. Dentre os aditivos mais utilizados encontram-se os antibióticos e
os anticoccidianos.
Os antibióticos são utilizados em níveis de 5 a 10 vezes superior aos utilizados
como promotores de absorção (Tabela .1).
Várias substâncias são utilizadas para controlar e/ou combater a eimeriose em
aves e autorizadas pela FDA (Federal Food and Drug Administration, USA).
Anticoccidianos Utilizados em Rações de Aves
As drogas atualmente utilizadas como anticoccidianos podem ser divididas em
dois grandes grupos, os compostos químicos e ionóforos (Tabela 10.2). A utilização
constante destas substâncias fez com que houvesse seleção e resistência de algumas
eimérias, havendo a necessidade em alguns casos da associação de substâncias para
melhorar a eficácia no controle desta doença (Grupo III da Tabela .2).
TABELA 10.2: Relação de produtos anticoccidianos disponíveis aprovados
para uso em avicultura
Nome Denominação Química Nível de Uso
Comercial 1
GRUPO I - PRODUTOS QUÍMICOS
Amprol Amprolium 125 - 250
Arpocox Arprinocid 60
Aureomicina Clorotetraciclina 220
Clinacox Diclazuril
Coyden Clopidol 125
Cycostat Robenidina 30 - 36
Cycarb Nicarbazina 100 - 125
Deccox Quinolina 20 - 40
Nicrazin Nicarbazina 100 - 125

137
Stenorol Halofuginona 2-3
Zoalene 3,5-Dinitro-O-Toluamide (DOT) 125
GRUPO II - PRODUTOS IONÓFOROS
Avatec Lasalocida Sódio 75 - 125
Aviax Senduramicina 25
Coban Monensina Sódio 100-125
Coxistac Salinomicina Sódio 50 – 75
Cygro Primicina Amônio/maduramicina 5–6
Monteban Narasin 60 – 80
GRUPO III – ASSOCIAÇÕES
Amprolplus Amprólio + Ethopabato 125/40
Lerbek Metilchorpindol + Metilbenzoquato 110
Pancoxin Plus Amprólio + Ethopabato + 100/5/60/5
Sulfaquinoxalina + Pirimetamina
1) Os níveis de uso referem-se às substâncias puras. Os produtos comerciais
variam em concentrações do princípio ativo.

Durante muito tempo os anticoccidianos eram divididos em dois grupos. Os


coccidiostáticos e os coccidicidas. Por outro lado, pesquisas recentes indicam os dois
efeitos para todos os produtos do mercado e assim o termo mais adequado atualmente
é anticoccidiano. Tem algumas substâncias que controlam mais do que eliminam e
vice-versa.

10.4 SUBSTÂNCIAS AUXILIARES


As substâncias auxiliares podem ser dispensadas das rações, no entanto, são
importantes na conservação, no auxílio da peletização, na melhoria da palatabilidade,
como fontes de pigmentos, entre outras (Tabela 10.3).
Os antioxidantes são adicionados às rações com a finalidade de proteção das
substâncias com maior chance de oxidação. Neste contexto estão os ácidos graxos
polinsaturados, as vitaminas lipossolúveis e pigmentos lipofílicos. No item 5.10 são
discutidos os tipos de antioxidantes mais utilizados em rações.
O propionato de cálcio e a violeta genciana são considerados antifúngicos.
Os ácidos fumárico e cítrico têm ação acidificante a nível da ração, evitando a
proliferação principalmente fúngica, e no trato digestório, reduzindo
enteropatogênicos.
A lecitina, é um agente dispersante utilizado principalmente em veículos de
vitaminas. Possui também P totalmente disponível (1,8%).
Os auxiliares de peletização tem propriedades agregantes, dando estabilidade
aos peletes. A argila mais utilizada é a bentonita de sódio.
TABELA 10.3: Relação de algumas substâncias auxiliares e seus níveis de
uso nas rações
Nível de
Substância Finalidade
Uso,%
Etoxiquina (ETQ) Antioxidante 0,010 – 0,015
Butil-hidroxi-tolueno (BHT) Antioxidante 0,010 – 0,015
Propionato de cálcio Antifúngico 0,2 – 0,5
138
Violeta genciana Antifúngico 0,008
Ácido fumárico Acidificante 0,5 - 1,00
Palatabilidade 0,5 – 4,0
Ácido cítrico Acidificante 0,5 – 5,0
Estearato de cálcio Fluidificante 0 5 – 2,0
Lecitina Dispersante 0,5 – 3,0
Silicato de cálcio Fluidificante 0,5 – 2,0
Auxiliar na
Carboximetilcelulose 0,3 (máximo)
Peletização
Auxiliar na
Lignosulfonatos 3,0 (máximo)
Peletização
Auxiliar na
Argila branca 3,0 (máximo)
Peletização
Éster apocarotenóico Pigmentante *
Cantaxantina Pigmentante *

* Utilizado em rações de aves para completar os níveis de pigmentação que proporciona coloração
adequada da pele do frango e da gema do ovo
Os pigmentos carotenóides normalmente encontrados em vegetais, são
responsáveis pela coloração das penas, pele e gema dos ovos. A coloração amarela é
típica dos carotenos. Na tabela 10.4 são apresentados carotenóides encontrados em
vários vegetais.
Tabela 10.4 Conteúdo de carotenóides em várias fontes
Fonte carotenóides ppm
Algas (Spirulina sp, seca) β-caroteno 434
Criptoxantina 389
Zeaxantina 80
Pimenta vermelha Total 127-248
Espinafre Total 26-76
Alfafa, feno Xantofilas totais 220-330
Páprica Xantofilas totais 275
Milho amarelo Xantofilas totais 20-25
Pétalas de marigold Xantofilas totais 8000

10.5 ENZIMAS EXÓGENAS


O desenvolvimento biotecnológico alcançado até este século, permitiu que se
desenvolvesse enzimas altamente especializadas e com objetivos importantes na
nutrição animal para complementação das enzimas digestivas endógenas produzidas
no trato digestório dos animais. Os ingredientes vegetais possuem normalmente fatores
anti-nutricionais e/ou substâncias que não são normalmente digeridas pelas enzimas
digestivas e o uso de enzimas específicas, permite a melhoria do aproveitamento
destes compostos, com diminuição de eliminação de substâncias poluentes como N e
P, através da manipulação das formulações e das enzimas adicionadas. Os primeiros
relatos do uso de enzimas em rações de aves datam de 1958 quando Fry et al., (1958)
139
descobriram que grãos umedecidos apresentavam melhoria no seu aproveitamento.
Para Classen (1996) as enzimas exógenas adicionadas às rações de animais
visam quatro objetivos distintos : remoção ou hidrólise de fatores antinutricionais,
aumento da digestibilidade dos nutrientes existentes, suplementação das enzimas
endógenas e hidrólise de polissacarídeos não amiláceos solúveis.
São muitos os fatores tidos como antinutricionais, sendo os mais comuns
aqueles que podem interferir no processo digestivo normal. Neste contexto pode-se
citar os PNAs, que aumentam a viscosidade intestinal, dificultando a ação das enzimas
endógenas e absorção e os fitatos, que indisponibilizam minerais, principalmente os
metais bivalentes. Para os PNAs, existem vários complexos enzimáticos com efeitos
sobre a digestão de arabinoxilanos, compostos por pentosanas e B-glucanos. Outras
com efeitos sobre os α-galactosídeos e oligomananos. No caso dos fitatos, a enzima
fitase tem se mostrado muito eficaz na liberação do P da estrutura anelada do fitato,
bem como dos minerais citados como cálcio, zinco, ferro, manganês entre outros.
A enzima fitase (mio-inositol hexafosfato fosfohidrolase), tem sido estudada
deste 1968 quando Nelson e colaboradores testaram um resíduo de fermentação de
Aspergillus ficcum em aves. As aves tratadas apresentavam aumento das cinzas
ósseas devido ao maior aporte de P para essas aves. A partir desta data, houve
evolução biotecnológica para a produção dessa enzima e atualmente se conhece os
efeitos na liberação de P fítico para diversas espécies. As pesquisas evidenciaram que
nem todo o P é liberado e que a eficiência de liberação é decrescente a medida que se
eleva o nível de atividade da enzima na ração. Verificou-se que em todos os casos
estudados com aves e suínos, liberação de mais de 40% do P fítico com a utilização de
apenas 200 FTU/kg de fitase. Pode-se concluir nesses trabalhos que a utilização de
500, 300 e 600 FTU/kg de fitase, conseguem liberar 1,19; 1,14 e 1,16 g de P/kg em
rações de suínos, poedeiras comerciais e frangos de corte, respectivamente.
Considerando uma margem de segurança de 10%, estes valores correspondem a 5,5
kg de fosfato bicálcico (18% de P) por tonelada de ração ou 0,1 % de P disponível.
A fitase também afeta a biodisponibilidade de outros elementos, principalmente
os cátions bivalentes (Ca++ , Mg++ , Zn++, Mn++ e Fe++) que podem estar quelatados na
molécula do fitato. A partir da liberação do P, estes elementos também são liberados e
contribuem para melhor aproveitamento dos mesmos, implicando em redução na
suplementação.
A unidade de fitase ( FTU) é descrita por Engelen et al. (1994) como sendo a
quantidade de enzima que libera 1 μmol de ortofosfato inorgânico por minuto a partir de
5,1 μmol de fitato de sódio em pH 5,5 e temperatura de 37 C.
Outras enzimas têm sido desenvolvidas com a finalidade de aumentar a
digestibilidade de nutrientes como celulases, proteases, pectinases, galactosidases e
amilases. De maneira geral, representam mais uma ferramenta para que os
nutricionistas trabalhem com maior eficiência alimentar, contribuindo sempre para a
redução da emissão de poluentes no meio ambiente.
11

NUTRIÇÃO APLICADA DE AVES

Os primeiros estudos sobre nutrição de aves datam da década de 40, onde os


técnicos procuravam controlar problemas nas pequenas criações.
140
A Academia Nacional de Ciências Americana (National Academy of Science -
USA), formaram o primeiro comitê sobre nutrição de aves no início da década de 50
onde colecionaram as primeiras informações de recomendações nutricionais e
composição de alimentos, resultando no 1º N.R.C (Nutrient Requirements Council) de
aves em forma de “report”, de 1951. Desta data para a atual, outras tabelas foram
editadas por esta academia de ciências (1961, 1977, 1984 e 1994), sempre procurando
atualizar as informações.
Nos padrões de alimentação de aves são listadas as necessidades nutricionais e
composição de alimentos, porém, muitas dessas informações são limitadas, devido ao
grande número de fatores envolvidos na obtenção destes dados. Resultados de
pesquisas realizadas há 40 anos, ainda são utilizados, apesar da grande evolução
genética alcançada das aves modernas aliada ao aprimoramento dos conhecimentos
sobre nutrição desses animais. Outro fato seria de que as pesquisas de exigências
realizadas sob clima temperado podem não ser adequadas para o clima tropical e vice-
versa. Exemplo típico deste fato são as necessidades de sódio.
Em que pese a grande evolução da nutrição desses animais, ainda existe um
certo descompasso entre a velocidade da melhoria genética animal e os estudos de
nutrição. Não significa que as necessidades para cada incremento na produção de
tecido magro depositado mude significativamente com a genética. O que acontece é a
mudança das necessidades de mantença aliada a velocidade de deposição de
nutrientes. No caso de frangos de corte, por exemplo, ocorre uma redução anual de
aproximadamente um dia da idade ao abate, com o mesmo peso e apenas uma
melhoria de 0,02 na conversão alimentar. Em parte, este fato é devido a melhoria dos
conhecimentos de nutrição direcionados para o crescimento destas aves. Outro fato
favorável aos frangos de corte modernos, é a grande voracidade e capacidade de
consumo que possuem, adaptando as quantidades ingeridas de alimento para atender
primariamente as suas necessidades de energia. Com isto, pequenas variações do
conteúdo energético e mesmo de outros nutrientes, não possui efeitos significativos no
atendimento de suas exigências. Esta afirmação encontra respaldo na literatura, onde
estudos comparativos de exigências das várias tabelas, não se verificaram variações
significativas no desempenho dessas aves. Um dos fatores mais significativos de
mudança na fisiologia das aves modernas refere-se a capacidade de consumo.
Enquanto os frangos de corte são selecionados para maior capacidade de consumo, as
poedeiras comerciais leves, são o contrário.
Durante as últimas décadas, as pesquisas de nutrição de frangos de corte haviam
se preocupado na melhoria do desempenho dessas aves, notadamente na sua taxa de
crescimento e eficiência alimentar. Por outro lado, nos dias atuais, o desempenho
somente faz parte do contexto da indústria do frango de corte, sendo que a moderna
nutrição dessas aves está voltada para a maximização do rendimento de cortes nobres
como peito, coxas e sobre-coxas, aliado a redução da gordura na carcaça, item
indesejável aos consumidores, cada vez mais exigentes quanto a qualidade do
produto.

11.1 FRANGOS DE CORTE

11.1.1 Exigências Nutricionais


Várias tabelas de exigências nutricionais estão disponíveis para que os
nutricionistas possam adequar programas de alimentação de maneira a explorar o
máximo desempenho destas aves. Dentre elas, podem ser citadas as publicadas nos
Estados Unidos da América do Norte (Scott et al., 1982, NRC, 1994; Leeson e
141
Summers, 2001), Europa (ARC, 1975; I.N.R.A., 1984; A.E.C., 1996) e Brasil (Rostagno
al., 2000), além das indicadas nos manuais específicos das marcas comerciais das
aves de corte. Na Tabela 11.1 estão apresentadas recomendações nutricionais médias
para frangos de corte, obtidas de informações das tabelas bem como de resultados
individuais de pesquisas e feedback de campo. Os valores foram calculados em
%/Mcal de EM da ração, sendo acertado também as fases de criação através de
estudos de regressão associado às modificações de capacidade de consumo das aves
em cada fase de desenvolvimento fisiológico.

TABELA 11.1: Recomendações nutricionais para frangos de corte de acordo


com períodos da criação 1
Fases (dias)
Nutrientes
1-21 22-42 43-49
%/ Mcal de EM da ração
PB 7,160 6,276 5,630
MET 0,166 0,139 0,120
MET + CIS 0,302 0,259 0,224
LIS 0,415 0,365 0,315
TRI 0,071 0,062 0,054
TER 0,270 0,237 0,205
HIS 0,133 0,117 0,101
VAL 0,315 0,292 0,252
LEU 0,461 0,390 0,337
ILE 0,278 0,237 0,205
FEN 0,272 0,235 0,204
FEN + TIR 0,473 0,420 0,362
GLI+SER 0,472 0,416 0,359
ARG 0,436 0,391 0,337
Ca 0,300 0,260 0,230
PD 0,148 0,130 0,115
0,070 0,063
Na 0,056

Vitaminas por kg de Ração


A, UI 10000 7500 4000
D3, UI 2300 1800 1400
E, UI 30 20 10
K,mg 1,8 1,2 1,0
B1, mg 2,0 1,5 1,5
B2, mg 6,0 3,8 1,9
B6, mg 2,0 1,5 0,0
B12, μg 16,0 10,0 6,0
Acido Pantotênico, mg 14,0 12,0 6,0
142
Ácido Fólico, mg 1,5 1,0 0,5
Niacina, mg 35,0 25,0 20,0
Colina, mg 300,0 200,0 200,0
Biotina, μg 90,0 80,0 60,0
Microminerais em mg/kg de Ração
Mn 80 50 30
Zn 90 60 40
Cu 10 6 4
Fé 80 70 50
I 1 1 0,5
Se 0,3 0,3 0,2
Bo 40 40 20
1
Bertechini & Hossain (1993); Waldroup (1993) ; Ward (1993) ; N.R.C. (1994); Leesom &
Summers (2001), Rostagno et al (2000) e Bertechini et al. (2002).

Verifica-se que as necessidades nutricionais de proteína, aminoácidos e minerais


reduzem com avanço da idade da ave em função principalmente do aumento no nível
de consumo alimentar, aliado ao desenvolvimento do seu sistema digestivo e
mudanças fisiológicas nas rotas do metabolismo. Normalmente, os microminerais são
adicionados em maiores quantidades nas dietas, principalmente devido a dificuldade
natural de absorção dos mesmos, por interações, ou outros fatores que afetam as
suas absorções. Esta falta de conhecimentos específicos sobre cada micromineral,
leva ao excesso de excreção e contaminação ambiente. O uso de microminerais na
forma de quelatos, é uma solução cientifica e ecologicamente correta para estas
suplementações, devido ao menor nível de uso com maior taxa absortiva. De qualquer
forma, a redução dos níveis de suplementação com o avanço da idade já contribui para
redução dessa poluição como indicado na Tabela 11.1.
As vitaminas são nutrientes que apresentam grandes variações de
recomendações entre as tabelas que, na maioria dos casos, não especifica se é ou não
recomendação prática. Muitos fatores estão relacionados com a perda de atividade das
vitaminas nas rações como umidade, temperatura, processamento (moagem,
peletização e extrusão), presença de metais catalisadores de oxidação, complexação
com outros nutrientes e, a nível animal, perdas durante os processos de digestão e
absorção. Para evitar deficiências na prática, tem-se utilizado margens de segurança
que permite a garantia do bom desempenho, principalmente para as vitaminas
consideradas de crescimento (A, D, E e K). O maior problema relacionado com a
suplementação vitamínica não está no aparecimento de sintomas específicos, mas sim,
na utilização de níveis sub-normais, que afetam o desempenho da ave, resultando em
grandes prejuízos. Quando a deficiência nutricional é exteriorizada, já ocorreu a nível
metabólico, alterações nas reações responsáveis pela manutenção do crescimento e,
este parâmetro principal, muitas vezes, não é notado pelo nutricionista.

11.2 PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO


A evolução nas áreas de nutrição e manejo de frangos de corte, levou a tendência
de utilização de programas alimentares mais adaptados às necessidades nutricionais
destas aves, com maior número de rações durante o ciclo de produção. O uso de duas
rações tornou-se comum a partir da década de 50. O programa alimentar com três
143
rações, sobreveio quando o órgão controlador de alimentos e drogas (FDA - Federal
Food and Drugs Administration) dos Estados Unidos, passou a exigir a retirada de
aditivos não nutrientes das rações, alguns dias antes do abate das aves. Este fato
resultou na necessidade de utilização de uma ração final, sem drogas. Estudos sobre
programas de alimentação com maior número de rações (Bertechini et al., 1991), tem
evidenciado a adaptação nutricional da ave apresentando resultados semelhantes de
desempenho final, porém, com economia de nutrientes para os programas com maior
número de dietas.
As exigências dietéticas dos frangos de corte, com exceção da energia, reduzem
com a idade (função do consumo ração) e esta queda normalmente é linear (Figura
11.1). A utilização de maior número de rações durante o ciclo produtivo, resulta na
prática em menores diferenciais entre o que está contido na ração e as necessidades
das aves. Por outro lado, estas aves possuem o ganho compensatório que, recupera
eventuais deficiências em fases anteriores da criação. A Figura 11.2 ilustra três
situações diferentes na curva de crescimento de frangos de corte para atender um
determinado X. Na situação C, as aves receberam ração com níveis sub-normais de
nutrientes, como exemplo, de aminoácidos sulfurados totais. Apresentaram um
crescimento sub-normal, porém, atingiram o mesmo peso, das aves da situação B, que
receberam rações com pleno atendimento das suas necessidades. Por outro lado, a
utilização de níveis super-normais de nutrientes (situação A) não influenciam o peso
final X.

FIGURA 11.1: Exigências dietéticas de acordo com a idade aves

FIGURA 11.2: Curvas de crescimento de frangos de corte de acordo com


níveis nutricionais da dieta (A, B, C).
144
Trabalhos realizados por Bertechini et al. (1991), confirmaram o ganho
compensatório quando utilizaram vários programas de alimentação. Aves recebendo
ração única, por exemplo, apresentaram o mesmo peso final em relação às que
receberam 4 rações durante ciclo produtivo. Verificou-se também nestas pesquisas
que, o desempenho normal dos frangos durante uma fase, não apresentou a mesma
proporcionalidade dos valores nutricionais a menor, em relação às exigências plenas.
Este fato sugere que quando as aves estão recebendo dietas com pequenas
deficiências, conseguem melhorar a eficiência de utilização dos nutrientes limitantes e,
desta maneira, podem apresentar melhor eficiência alimentar. Além deste fato, as aves
da situação C da Figura 11.2, apresentam menores exigências de manutenção na
maior parte da sua curva de crescimento, em relação às outras situações.
O rápido melhoramento genético dos frangos de corte tem influenciado nos
programas de alimentação, principalmente na fase inicial. O pintinho nasce com
aproximadamente 42 g e atinge 4 vezes este peso ao final de uma semana de vida. O
maior crescimento nesta fase se deve a formação do trato digestório. O uso de rações
mais adaptadas à fisiologia da ave é importante nesta fase. O sistema digestivo não
está totalmente desenvolvido, faltando nível adequado de enzimas importantes como
as lípases, para o aproveitamento das gorduras das dietas.
Na Tabela 11.2 são apresentadas equações para estimar as exigências
nutricionais de acordo com a idade da ave. Permite adaptar programas de
alimentação, de acordo com as necessidades da criação quanto ao número de rações
e o nível de energia das mesmas.
A determinação das necessidades nutricionais para frangos criados com
separação de sexo tem recebido atenção especial, dada a necessidades de produção
de carcaças direcionadas para o mercado de cortes no Brasil, que vem aumentando e,
para exportação. Embora existem conhecimentos das necessidades nutricionais
diferenciadas para cada sexo, ainda não são muito utilizadas. O crescimento mais
rápido dos machos está relacionado com a maior voracidade de consumo de ração.
Além disso, depositam mais proteína corporal com reflexo na eficiência alimentar,
quando comparado às fêmeas. Estas por sua vez, convertem a partir de 35 dias de
idade, maior quantidade de gordura na carcaça. Estas diferenças fisiológicas são
responsáveis pelas diferenças nas necessidades nutricionais entre sexos. Benício
(1995) por exemplo, reduziu os níveis de metionina + cistina, lisina e fósforo disponível
em 8% para as fêmeas em relação aos machos, não verificando qualquer efeito no
desempenho dessas aves no período de criação de 1 a 42 dias de idade. Outros
trabalhos tem evidenciado diferenças que variam de 8 a 12% (Thomas et al., 1986;
Albino, 1995; Silva et al., 1995), dependendo da fase de criação. Os programas de
alimentação do futuro deverão priorizar dietas específicas para machos e fêmeas, com
vistas ao atendimento adequado das necessidades nutricionais, com otimização do uso
dos nutrientes, de maneira a se conseguir desempenho economicamente viável,
porém, com a melhor qualidade de carcaça possível dessas aves. A otimização
nutricional também contribui para redução da emissão de poluentes.

145
TABELA 11.2: Equações para estimar as exigências nutricionais de acordo
com a idade média dos frangos de corte
Nutriente Equações r2
PB Y= 7,6478 - 0,04358 X 0,99
MET Y= 0,1805 - 0,00131 X 0,99
MET + CIS Y = 0,3272 - 0,00221 X 0,99
LIS Y = 0,4481 - 0,0028 X 0,99
TRI Y = 0,0762 – 0,00048 X 0,96
HIS Y = 0,1437 – 0,0009 X 0,98
VAL Y = 0,3377 – 0,00174 X 0,99
LEU Y = 0,5007 – 0,00353 X 0,99
ILE Y = 0,3015 – 0,00207 X 0,98
FEN Y = 0,2942 – 0,00193 X 0,99
FEN + TIR Y = 0,5108 – 0,00312 X 0,98
GLI + SER Y = 0,5100 – 0,00318 X 0,98
TER Y = 0,2914 – 0,00183 X 099
ARG Y = 0,4703 – 0,00277 X 0,98
Ca Y = 0,3221 – 0,00199 X 0,99
PD Y = 0,1587 – 0,00094 X 0,99
Na Y = 0,0747 – 0,00039 X 0,88

*Y = % Nutriente/Mcal de EM; X = idade média da ave.

Restrição Alimentar - Frangos de Corte


A seleção genética de frangos de corte, sempre esteve voltada para maior peso
corporal e maior taxa de ganho de peso, sendo que, atualmente, prioriza-se o
rendimento de peito, o que torna a ave mais predisponente aos problemas cardio-
pulmonares e ósseos. Por outro lado, estas aves se tornaram muito precoces e
começam a apresentar problemas como a viabilidade, excesso de gordura na carcaça
e ósseos. Estudos comparando frangos alimentados à vontade e com restrição
alimentar, normalmente indicam que os primeiros apresentaram menor eficiência
alimentar e maior deposição de gordura abdominal, sem diferenças significativas no
peso final . A restrição alimentar também tem sido usada para reduzir o crescimento
inicial dos frangos de corte com a finalidade de reduzir a síndrome ascítica e os
problemas ósseos, que tem aumentado nos últimos anos, causando sérios prejuízos.
De qualquer forma, é possível bom desempenho e controlar estes problemas que têm
origem metabólica sem a restrição alimentar. A melhoria do manejo inicial e o controle
de ambiente no início de criação, tem contribuído para redução dos problemas
metabólicos nessas aves.

11.3 FRANGAS DE REPOSIÇÃO - Poedeiras Comerciais

11.3.1 Exigências Nutricionais


A produtividade de poedeiras comerciais depende primariamente da criação
adequada das aves de reposição, que devem apresentar uniformidade de lote com
peso adequado ao início de postura. As práticas tradicionais de redução da taxa de
crescimento e manejo orientada para retardar a maturidade sexual destas aves, já não
se aplica às poedeiras leves modernas, onde, são mais precoces e podem atingir a
146
idade fisiológica e começar a postura quando atinge seu peso corporal adequado,
independente da idade. A teoria de retardamento da idade a maturidade sexual
baseava-se principalmente na redução da mortalidade das aves alojadas e no
tamanho dos ovos. Para frangas criadas em período crescente de fotoperiodo (julho a
dezembro), deve-se ter maiores cuidados com o programa de luz e o programa
alimentar na recria para evitar que as aves entrem um postura muito precocemente,
pois, pode afetar o desempenho futuro do lote. Por lado, se o lote estiver com peso
adequado e boa uniformidade, pode se dispensar qualquer prática que possa interferir
na maturidade sexual das frangas.
Durante a fase de criação das frangas, cuidados devem ser tomados na fase de
maior velocidade de ganho de peso, que vai de aproximadamente 4 a 6 semanas de
idade onde, os níveis protéicos da ração devem ser maiores. Na fase final de recria,
deve-se preocupar com os níveis de energia para adequação do peso da franga para
se conseguir melhor uniformidade do lote. Na fase que antecede a postura (10 dias), a
franga reduz o consumo de ração ao início do estresse metabólico da produção. Este
fato também sugere a necessidade de se elevar os níveis dietéticos de energia e que a
franga possa acumular reservas para produção. Normalmente as frangas devem atingir
de 1250 a 1350 g de peso às 18 semanas de idade, dependendo do tipo de ave, sendo
que no início de produção (19 - 20 semanas) devem apresentar peso de
aproximadamente 1500 g (Tabela 11.3). Aves muito leves que entraram em postura
precocemente resultarão em poedeiras de menor produtividade.

TABELA 11.3: Recomendações de pesos de frangas e aves em postura


Peso à 18ª semana Postura
(g) 1-2% 50% Pique
1250-1350 1450-1550 1500-1550 1550-1650
X 1300 1500 1525 1600

Aves muito leves durante o pico de produção, podem reduzir a postura mais
rapidamente e afetar a longevidade de produção do lote, com taxa de persistência na
postura menor.
Trabalhos realizados por Leeson e Summer's (1989), evidenciaram que o nível de
energia da ração afetou o peso das aves à 20ª semana de idade, não verificando
efeitos dos níveis protéicos sobre este parâmetro (Tabela 11.4). Estes resultados
revelam a importância do nível de energia da ração para adequar o peso das frangas
ao final da recria.

147
TABELA 11.4: Efeito do nível de EM e PB da dieta sobre o peso corporal de
frangas de reposição (Leghornias)
EM Kcal/kg Peso à PB, % Peso à
PB = 18% 20ª Sem. EM = 2859 20ª sem. (g)
(g) Kcal/kg
2650 1320C 15 1445
2750 1378BC 16 1459
2850 1422AB 17 1423
2950 1489A 18 1427
3050 1468A 19 1444
3150 1468A 20 1480
a, b, c, - (P 0,05)

Fonte: Leeson e Summer‟s (1989)

11.3.2 Frangas Início Postura (Pré-postura)


O preparo fisiológico das frangas de reposição na fase pré-postura requer
cuidados especiais na formulação da ração. A ave passa por um estresse metabólico,
com variações hormonais, e nas suas necessidades nutricionais, principalmente de
cálcio. A utilização de uma dieta de postura no seu início, tem efeitos negativos a nível
de consumo, devido ao alto nível de cálcio e também no próprio aproveitamento deste
macroelemento. Pesquisas mostram que a retenção de cálcio no início de postura,
reduz com a elevação dos níveis dietéticos (Tabela 11.5).
TABELA 11.5: Efeito da % de cálcio da ração sobre a retenção deste
elemento, ao 1º ovo.
% Cálcio na Cálcio retido % Cálcio
Ração Excretado
(g) (Base MS)
0,9 0,35 1,4
1,5 0,41 3,0
2,0 0,32 5,7
2,5 0,43 5,9
3,0 0,41 7,5
3,5 0,51 7,7

Fonte: Leeson,, et al (1986)

A utilização de um nível intermediário de cálcio na ração pré-postura parece estar


mais adequado do que o nível de postura. Por outro lado, este nível não deve ser
administrado por períodos longos (além de 5% de produção de ovos) pois, poderá
comprometer a reserva medular de cálcio das aves que efetivamente estão em
produção. O início de postura das frangas envolve não somente modificações
nutricionais nas rações, mas também fatores de manejo como estímulos de luz através
do aumento gradativo do fotoperiodo.

148
UROLITIÁSIS
Alguns problemas metabólicos podem afetar a poedeira, principalmente no início
de produção. O principal refere-se a urolitiásis, resultado de vários fatores nutricionais
que provoca excesso de ácido úrico circulante nas aves. O exame fisiológico mostra
acúmulo do complexo ácido úrico + cálcio (forma de giz), nos rins, abdômen, coração,
entre outros. As causas podem ser variadas e são listadas a seguir: utilização de níveis
excessivos de cálcio para a poedeira em condições de imaturidade sexual; altas doses
de bicarbonato de sódio, que torna a urina alcalina facilitando a formação dos cálculos;
restrição de água associada a dietas deficientes em sódio, afeta o metabolismo normal
dos rins, com redução do consumo de ração e da ingestão de sódio, acompanhada da
redução do consumo de água, resultando em problemas renais; deficiência de
vitamina A por longo período, pode causar danos na mucosa dos ureteres, porém, isto
é mais raro de acontecer; dietas com excesso de proteína pode auxiliar a formação dos
cristais brancos de ácido úrico e, outros problemas como dietas imbalanceadas e
doenças infecciosas, que afetam o trato urinário, podem também influenciar no
aparecimento deste problema.

11.4 POEDEIRAS COMERCIAIS - Ovos Brancos

11.4.1 Exigências Nutricionais


As poedeiras comerciais têm aumentado a sua produtividade nos últimos anos,
graças ao melhoramento genético, melhorias de manejo e conhecimentos de nutrição e
controle das doenças, que resultaram em aves mais precoces para o início e pique de
postura. A precocidade não se refere a biologia da ave, mas sim nas práticas de
manejo, nutrição e genética, que resultaram em desenvolvimento mais rápido do
aparelho reprodutor e peso corporal da ave. Biologicamente essas poderiam iniciar a
postura até mais cedo.
As exigências dietéticas das poedeiras comerciais leves são comumente
especificadas em quantidades de nutrientes diários. O N.R.C. (1994) traz as
recomendações em % da ração e valores por dia. Por outro lado, as poedeiras na fase
de produção estão sujeitas a uma série de fatores que afetam as suas necessidades de
nutrientes diários. Dentre estes fatores, podem ser citados os principais como a
temperatura ambiente, a taxa de postura, o tamanho ovos e o próprio peso da ave. As
poedeiras modernas têm atingido picos de postura muito altos (+ de 95%) e com
persistência de mais de 30 semanas nesta fase (mais de 90% de produção). Este fato
tem exigido maiores cuidados quanto aos valores nutricionais das dietas. É, necessário
nesta fase, níveis reforçados de metionina + cistina para poder atender a grande
demanda orgânica para manutenção de altos níveis de produção por um período
relativamente longo.
A energia diária necessária à manutenção da máxima produção da ave
normalmente é determinada por equações de predição (Tabela 11.6), que fornece
subsídios para a formulação adequada da ração. Normalmente, não existe a
necessidade de restrição alimentar para estas aves, já que são selecionadas
fisiologicamente para baixo consumo. Outro fato é que procuram controlar o consumo
de ração em função das suas necessidades EM. Em condições de altas temperaturas
ambiente, podem ocorrer problemas de consumo de ração (EM) havendo a
necessidade de aumentar a densidade de nutrientes para não prejudicar a nutrição da
ave, e, conseqüentemente a sua produção.

149
Tabela 11.5. Necessidade de EM em função da temperatura ambiente para
poedeiras.
EM Temp. 15-20ºC Temp. 27-32ºC
(kcal/kg) EM/dia Cons/dia PB/dia EM/dia Cons/dia PB/dia
2600 265 102 16,7 250 96 17,7
2700 270 100 17,0 255 94 18,1
2800 275 98 17,3 260 93 18,3
2900 282 97 17,5 265 91 18,7

Em condições tropicais, pesquisas (Rostagno et al., 1983; Sakomura, 1989)


revelam as necessidades de poedeiras Leghornias como sendo menores das
preconizadas para clima temperado (Tabela 11.7).
Estudos revelaram que a variação dos níveis de EM de rações de poedeiras
leves, não apresentaram efeitos sobre a taxa de postura, por outro lado, foram
verificados efeitos sobre o ganho de peso da ave, tamanho do ovo e eficiência
alimentar.
TABELA 11.6: Equações de predição das exigências de EM (Kcal/ave/dia)
para galinhas poedeiras .
Equação Autor(es)
Poedeiras Leves

EM = P0,75. (173 - 1,95Tº) + 5,5.G+ 2,07.O N.R.C. (1981)


EM = 144,87. P0,75 + 3,84. G + 1,92.O + 2,0 .P(21 - Tº) Sakomura (1989)
EM = P. (170 - 2,2Tº ) + 5.G+ 2.0 – O EMMANS (1974)
Poedeiras Semi pesadas
0,75
EM = 145,63.P + 3,84.G + 1,92. O + 2,0P(21Tº) Sakomura (1999)
Poedeiras Pesadas
EM = P(140 - 2,0 Tº) + 5.6 + 2.0 . O Emmans (1974)
EM = 143,00 . P0,75 + 3,84 . G + 1,92 .O + 2,1 . P(21 – Tº) Sakomura (1999)

* P=peso corporal (em Kg); G=ganho de peso/ave/dia em g, O=gramas de


ovos/ave/dia (% postura/100 x peso do ovo); Tº=Temperatura
Na Tabela 11.7 estão apresentados exemplos de utilização das equações de
predição das necessidades de EM/dia para várias situações. Verifica-se que a redução
da temperatura ambiente do peso corporal resulta em menor necessidade de EM
diária, devido a redução das exigências de manutenção. Por outro lado, o aumento do
peso dos ovos e do tamanho corporal implica em maiores necessidades energéticas
diárias.
TABELA 11.7: Exemplo de Exigências de EM para poedeiras leves acordo
com a temperatura ambiente, utilizando duas Equações de
predição (Sakomura, 1989 e N.R.C., 1981)
Peso Ganho Peso Tº Ambiente Fontes
(kg) peso (g) Ovo 18 22 28
(g)
1,4 2,0 50 284 273 256 1
276 266 251 2
1,4 2,0 60 300 289 272 1

150
294 284 269 2
1,6 1,0 50 301 288 269 1
290 278 262 2

1,6 1,0 60 317 305 285 1


307 296 279 2
1,8 0,5 50 319 305 283 1
2

1,8 0,5 60 336 321 300 1


323 310 232 2

Obs.: Aves com 85% de postura


A utilização de nível excessivo de proteína, além de aumentar o custo da ração,
afeta negativamente o metabolismo da ave, aumentando o incremento calórico
alimentar, com excessiva excreção de ácido úrico. Para a excreção deste excesso de
nitrogênio, a ave ingere maior quantidade de água, resultando em fezes aquosas
causando problemas de manejo.
O nível protéico da ração tem também grande influência no tamanho do ovo. Além
deste fato, estas aves possuem habilidade em estocar este nutriente. Desta maneira, a
concentração de proteína e consumo de ração são importantes para controlar o nível
de consumo de proteína, e, conseqüentemente, a produção ovos. As recomendações
do N.R.C. (1994) não traz especificações de qual critério foi utilizado nas
determinações. Os níveis indicados não atendem a necessidade dessas aves na fase
de pico de postura. As necessidades variam conforme o parâmetro utilizado no estudo.
As exigências de proteína para tamanho de ovo, por exemplo, são maiores do que para
a taxa de produção (número de ovos). Da mesma forma, aumentos na produção de
ovos está relacionado com aumentos nos ganhos de peso da ave. É, preciso conciliar
os níveis nutricionais para máxima produção, porém, com mínimo ganho de peso
possível, pois esta, não é função fisiológica econômica da atividade. A recomendação
média de proteína apresentada na Tabela 11.8 deverá ser modificada em função do
nível de consumo de ração. O conhecimento do nível de consumo alimentar bem como
dos fatores que o influencia é fundamental para adequar um programa de alimentação
eficiente. O Brasil apresenta regiões com condições climáticas distintas e também
variações de acordo com a estação do ano. Este fato é imperativo para adequar
programas de alimentação sazonais mais adaptados às condições fisiológicas das
aves. Em situações de estresse calórico, deve-se preocupar com o nível de consumo
de energia, que normalmente é baixo, afetando o nível de produção. Algumas
"linhagens" de poedeiras leves apresentam maiores problemas de consumo nestas
condições, devida a pequena capacidade de ingestão de ração. Nestas situações, é
necessário elevar o consumo de EM através do aumento da energia da ração.
1
TABELA 11.8: Recomendações diárias médias para poedeiras leves
Nutrientes g/ave/dia
Proteína 16,5
Metionina 0,344
Metionina + Cistina 0,678
Lisina 0,789
Triptofano 0,152
Treonina 0,555
151
Histidina 0,236
Fenilalamina 0,529
Valina 0,656
Leucina 1,029
Isoleucina 0,625
Arginina 0,776
Glicina + Serina 0,574
Fenilalanina + Tirosina 0,853
Cálcio 3,638
Fósforo Disponível 0,360
Sódio 0,180
Ácido Linoléico 1,400

1) Waldroup (1993); Bertechini et al., (1995 a), Bertechini et al., (1995 b) e Rostagno et al.
(2000).
Na Tabela 11.9 estão apresentados, exemplos de níveis nutricionais nas rações
de poedeiras em seis situações de consumo de ração. Por outro lado, é necessário
fazer os ajustes necessários sempre que houver modificações significativas no nível de
consumo pela ave. Para pequenas variações, não há necessidade de modificações nas
formulações, pois, as aves conseguem também adaptar a um nível de consumo
alimentar para conseguir ingerir as necessidades de nutrientes.
TABELA 11.9: Exemplo de Níveis Nutricionais nas rações de poedeiras leves
de acordo com o nível de consumo alimentar
Nutrientes Consumo de Ração (g)
85 90 95 100 105 110
----------------------- % -----------------------
Proteína 19,4 18,3 17,4 16,5 15,7 15,0
Metionina 0,405 0,382 0,362 0,344 0,328 0,313
Metionina + 0,797 0,753 0,713 0,678 0,645 0,616
Cistina
Lisina 0,928 0,876 0,830 0,789 0,751 0,717
Triptofano 0,179 0,169 0,160 0,152 0,145 0,138
Treonina 0,653 0,617 0,584 0,555 0,529 0,505
Cálcio 3,800 3,800 3,800 3,640 3,460 3,310
Fósforo 0,420 0,400 0,380 0,360 0,340 0,330
Disponível
Sódio 0,211 0,200 0,189 0,180 0,171 0,164
As poedeiras comerciais tem o ciclo de produção iniciando por volta de 18 a 19
semanas de idade, atingem o pico de produção em torno de 24 a 26 semanas,
mantendo níveis altos de produção por mais de 4 meses, e a partir dessa fase, começa
haver redução na taxa de postura (Figura 11.3).

152
FIGURA 11.3: Curvas de produção, consumo de ração, peso do ovo e massa
de ovo de poedeiras comerciais
Ao mesmo tempo, as aves aumentam o nível de consumo de ração,
acompanhada também do aumento do tamanho dos ovos a medida que o ciclo de
postura avança.
O conceito antigo de ração fásica estava baseado no fato de que as aves
reduzem a taxa de produção e aumentam o nível de consumo com o avanço da idade,
indicando a redução dos níveis nutricionais da ração. Na verdade, deve-se adequar os
níveis nutricionais para o atendimento das necessidades diárias das aves, sem esta
preocupação, já que, no plantel que está em queda de produção, a maioria das aves
estão em plena postura. A redução dos níveis de proteína e aminoácidos resulta em
diminuição dos custos da ração, por outro lado, pode afetar o tamanho dos ovos. Neste
caso, deverá ser utilizado o nível nutricional econômico caso não haja compensação no
preço dos ovos de maior tamanho.
O avanço da idade da poedeira também influencia no nível nutricional de fósforo
da dieta sem a finalidade de melhorar qualidade da casca do ovo. Pesquisas revelam
que a redução dos níveis de fósforo das dietas de poedeiras na fase final de postura
resulta em melhoria da qualidade de casca de ovo, que é prejudicada nesta fase pelo
seu aumento de tamanho. Estes trabalhos indicam que níveis de fósforo disponível
podem ser reduzidos de 0,36% no pico para 0,28% na fase final de postura.
Quanto ao programa de luz, as poedeiras modernas necessitam pelo menos 16
horas de luz por dia. Este total de luminosidade se deve principalmente ao atendimento
do nível de consumo de ração para suportar altas taxas de produção. Estas aves
consomem mais de 80% da ração nas três primeiras e três últimas horas do período de
luz em períodos de maior temperatura ambiente. Mesmo em condições de conforto a
experiência prática mostra que estas aves conseguem consumir 50% de toda a ração
diária nas 3 primeiras e 3 últimas horas de luz. Por outro lado, estudo sobre estímulo
de luz através de flaxes, durante a noite, permite o estímulo necessário para o
desenvolvimento ovariano, por outro lado, em condições tropicais, não funciona devido
153
ao limite de consumo imposto a ave, não permitindo o nível de ingestão de nutrientes
para suportar a alta demanda para a formação do ovo.

11.4.2 Nutrição de Poedeiras Comerciais Mudadas


A muda forçada no Brasil e no mundo é uma realidade (mais de 25 milhões no
Brasil e mais de 25% das poedeiras americanas), sendo que os padrões nutricionais
estabelecidos para o melhor desempenho das aves modernas durante o primeiro ciclo
de produção, nem sempre podem ser aplicados para galinhas no segundo ciclo. A
avicultura do Canadá é totalmente controlada não sendo permitido realizar muda
forçada neste país. Desta forma, as estatísticas de produção e consumo são reais.
As aves mudadas apresentam certas características fisiológicas e de produção,
que influencia na qualidade do ovo, afetando a produtividade da poedeira. O intenso
melhoramento genético das poedeiras comerciais tem resultado em alta produção, fato
também observado nas aves mudadas, cujos picos de postura são altos,
acompanhando o desempenho registrado no primeiro ciclo de produção. As perdas de
ovos por má qualidade da casca atingem mais de 6%, podendo chegar a valores até
12%, como relatado em várias pesquisas. Desta forma, tem-se tentado adequar os
níveis de nutrientes com a finalidade de melhorar a produtividade dessas poedeiras.
Com o avanço da idade, as poedeiras aumentam o peso dos ovos sem aumentar a
deposição de cálcio, resultando ovos com casca cada vez mais fina. Trabalhos
realizados por Roland (1980 a, b) sugeriu-se a manipulação dos níveis de proteína,
aminoácidos, energia e cálcio das dietas das poedeiras velhas, para evitar o aumento
do tamanho do ovo e, conseqüentemente reduzir os problemas de casca. Neste
sentido, Petersen et al. (1983), restringiu o consumo de metionina para 255 mg/dia,
conseguindo reduzir o peso dos ovos, melhorando a qualidade da casca, não sendo
afetada a produção de ovos. Colnago et al. (1985) sugeriram nível de 0,250% de
metionina na dieta, e para a fase pós-pico de produção de poedeiras mudadas, seriam
suficientes para manter a postura. No entanto, Alves et al. (1990), reduziram mais os
níveis de metionina e aminoácidos sulfurosos totais (AAST) da dieta, utilizando 0,240%
de metionina e 0,500% de AAST, níveis estes, que resultaram em melhor qualidade de
casca. Em trabalhos mais recentes (Rodrigues et al., 1997), onde se estudou ao
mesmo tempo níveis de metionina e AAST na fase inicial (4ª semana pós-muda) e final
(34a semana pós-muda), encontrou-se os níveis dietéticos de 0,315 e 0,586% de
metionina e AAST, para a fase inicial e 0,280 e 0,546%, para a fase final,
respectivamente, para melhor produção de ovos, Níveis de 0,255 e 0,526% de
metionina e AAST, respectivamente, mantiveram a qualidade da casca em ambas as
fases estudadas e resultaram também em melhor qualidade interna dos ovos. O
conteúdo de aminoácidos sulfurosos afeta normalmente o peso dos ovos. Assim, a
melhoria de qualidade de casca com níveis menores desses aminoácidos se deve a
redução do peso dos ovos, resultando em melhor qualidade de casca.
Os níveis de cálcio e fósforo têm evoluído em sentidos contrários nos últimos
anos. Enquanto os níveis de cálcio têm aumentado, os níveis de fósforo têm reduzido
nas dietas de poedeiras comerciais. Estes macroelementos estão estreitamente
envolvidos na qualidade da casca dos ovos. Os ovos possuem aproximadamente 10%
do seu peso em casca, sendo que esta contém 37% de cálcio. A idéia de se elevar a
quantidade de cálcio ingerido segundo Keshavarz e Nakajima (1993), seria devido à
maior necessidade para formar a casca como conseqüência do aumento do peso dos
ovos de poedeiras velhas. No entanto, Rodrigues et al. (1995a) verificam que não
existe a necessidade de se elevar o nível de cálcio dietético além de 3,8%, para se
conseguir melhor qualidade de casca.
154
Trabalhos recentes indicam a necessidade de não só adequar os níveis de cálcio,
mas também de manejar a forma de oferecimento do cálcio, verificando granulometria
e horário de fornecimento adequado. Oliveira et al. (1995), verificou que a adição de
calcário pedrisco na dieta ou adicionado no comedouro à tarde, tem melhorado
significativamente a qualidade da casca. Neste trabalho, verificou-se que, quando havia
calcário (cálcio) na moela à meia noite, os ovos estavam calcificados e prontos para a
postura às 6 horas da manhã. Por outro lado, nas aves onde não havia cálcio na moela
nesse horário, havia a necessidade de maior remoção óssea (processo lento) e,
conseqüentemente, os ovos estavam calcificados após 6 horas da manhã. Outro fato
fisiológico interessante neste aspecto de formação da casca é que a eficiência orgânica
da ave em utilizar o cálcio proveniente do intestino delgado é maior do que o cálcio
proveniente da reabsorção óssea. Assim, deve-se adequar a granulometria do calcário
com a finalidade de retardar a sua passagem pelo trato digestório da ave, contribuindo
para uma melhor formação da casca. A utilização de granulometrias muito finas pode
resultar em redução na retenção do cálcio, prejudicando a formação da casca. Não é
interessante aumentar os níveis de cálcio da dieta para melhorar a qualidade da casca
e sim, adequar a granulometria do calcário e sua solubilidade in vivo , ao longo do
processo de absorção e retenção do cálcio. Níveis muito altos de cálcio utilizando
calcário com granulometria abaixo de 1 mm, leva a outros problemas como redução da
retenção de manganês e zinco, intrinsecamente envolvidos na formação da casca,
além de influir negativamente no consumo alimentar.
O papel do fósforo durante a formação da casca do ovo seria em parte a redução
da acidose sanguínea. Por outro lado, uma série de trabalhos realizados no final do
primeiro ciclo de produção indica a necessidade de se reduzir os níveis de PD da dieta
para melhorar a qualidade externa e interna dos ovos. Bertechini et al. (1994)
restringiram a ingestão de PD para poedeiras comerciais de segundo ciclo observando
que um programa alimentar com dois dias normais de ingestão e um restrito, melhorou
significativamente a qualidade da casca dos ovos. Estudando níveis de PD, Rodrigues
(1995) verificou que estes podem ser reduzidos de 0,35% da fase de pico de postura
para 0,25% para a fase final de produção das poedeiras mudadas.
Em relação a qualidade interna dos ovos, Dronawt e Roland (1994) verificaram
que o aumento dos níveis de PD ingeridos de 336 mg a 500 mg/dia, reduziu
linearmente a unidade Haugh (UH), devido a variação na qualidade da albumina
(aumento do pH).
Outros fatores que estão estreitamente relacionados à qualidade dos ovos dessas
poedeiras são as vitaminas D e C. Estudos de Rodrigues et al. (1994b) indicam a
necessidade de se elevar o nível de vitamina D3 suplementar para 2400 Ul/kg de ração,
para melhor desempenho e qualidade da casca dos ovos e 2800 Ul/kg para melhorar a
qualidade interna do ovo, principalmente na fase pós-pico de postura. No entanto,
Keshavarz e Nakajima (1993) indicam que níveis superiores a 2200 Ul/kg de D 3 não
tem efeito na qualidade da casca, particularmente quando o nível de cálcio da dieta
estiver adequado.
Níveis de vitamina C suplementar de 124 mg/kg melhoraram a produção de ovos
na fase inicial de postura pós-muda, por outro lado, houve redução linear na perda de
ovos e aumento linear na UH quando se utilizou níveis de 0,100 e 200 ppm (Rodrigues,
1995). Neste ensaio, as aves não estavam em condições estressantes de temperatura
ambiente. Resultados semelhantes também foram observados por Zapata e Gernat
(1995) onde verificaram aumento na produção de ovos de 5% quando se elevou a
suplementação de vitamina C até 250 ppm. Observando também melhorias
significativas nos parâmetros de qualidade de casca. O uso de vitamina C protegida
155
tem revelado o seu benefício na qualidade do ovo, nos trabalhos de pesquisa mais
recentes.
Quanto a necessidade de energia metabolizável (EM) diária, resultado de
tabulação de ingestão de energia diária de poedeiras mudadas em condições normais
de temperatura de várias pesquisas (Alves et al., 1990; Oliveira, 1993; Bertechini et al.,
1994, Rodrigues, 1995 e Oliveira, 1995) indicam um consumo médio em condições
normais de temperatura ambiente, de aproximadamente 288 Kcal de EM/dia, estando
de acordo com a expectativas de uma exigência de mantença um pouco maior para
uma ave mais velha e de maior peso corporal.
As recomendações do NRC (1994) são para poedeiras comerciais de primeiro
ciclo, não trazendo informações específicas para aves mudadas. Por outro lado, falta a
maioria das informações de necessidades de nutrientes para o segundo ciclo de
produção. Os resultados de pesquisas citados mostram a importância de se manipular
os níveis dos nutrientes que mais afetam a qualidade do ovo no sentido de melhorar
sempre este parâmetro, que sem dúvida é o maior problema com essas poedeiras. Ao
mesmo tempo, indica a necessidade de mais pesquisas para solucionar estes
problemas com as aves de segundo ciclo de produção.
11.5 POEDEIRAS COMERCIAIS - Ovos Marrons
11.5.1 Exigências Nutricionais
Existem poucas informações atualizadas disponíveis na literatura quanto às
exigências nutricionais de poedeiras de ovos de casca marrom, principalmente
referente a níveis de proteína e aminoácidos. Os nutricionistas têm extrapolado valores
de exigências de galinhas Leghornias, apesar de esta poedeira ser mais leve, ou ainda
utilizando dados adaptados do N.R.C. (1994) e das recomendações das próprias
"Linhagens" comerciais. Estas poedeiras são mais pesadas e ingerem maior
quantidade de ração para a sua mantença, já que, praticamente não existem diferenças
de nível de produção entre as poedeiras de ovos brancos e marrons (Tabela 11.10) na
atualidade.
As exigências de EM destas aves está em torno de 360Kcal/ave/dia.
Considerando aves com peso médio de 1700 g, ganho de 3 g/dia, produzindo ovos
com 60 g, taxa de postura de 87% e temperatura ambiente de 21ºC, as necessidades
de EM destas aves segundo Sakomura (1989) para clima tropical é de
aproximadamente 330 kcal/dia (valor obtido segundo a equação da Tabela 11.6).
TABELA 11.10: Desempenho médio de poedeiras comerciais de ovos brancos
e marrons.
Conversão Peso ave (aos
Poedeiras Nº de
Alimentar 500 dias de
de Ovos
kg/kg idade)
Ovos
305 2,20 1.800
brancos
Ovos
298 2,28 2.100
marrons

Estas aves possuem capacidade de consumir mais EM/dia do que as suas


necessidades, sugerindo a restrição alimentar para o aumento excessivo de peso
corporal. Por outro lado, a EM da ração ainda exerce influência no nível de consumo,
apesar desta característica genética das poedeiras semi-pesadas. Os frangos de corte
156
e as poedeiras comerciais leves possuem maior controle no nível ingestão de EM do
que estas poedeiras. A exigência de EM diária é satisfeita através do consumo
voluntário, sendo dependente também das condições de temperatura, das linhagens e
do nível de produção aves.

11.5.2 Matrizes de Poedeiras Leves e Semi-pesadas


A nutrição das matrizes de poedeiras comerciais tem a finalidade básica de
aperfeiçoar a fertilidade, eclodibilidade a qualidade do pinto de um dia. A adequada
nutrição dessas aves é imperativo para o sucesso da atividade.
As vitaminas representam ponto de destaque na nutrição das matrizes, por
estarem diretamente relacionada aos fatores citados. Apesar da falta de informações
de níveis ideais para todas as vitaminas, deve-se aumentar a suplementação,
principalmente das relacionadas a fertilidade e eclodibilidade (Tabela 11.11).
TABELA 11.11: Sintomas de deficiências de vitaminas e minerais
reprodutoras
Nutrientes Sintomas Comuns
Vitamina A Mortalidade embrionária (48 h) - falha no
desenvolvimento do sistema circulatório
Vitamina D3 Má formação da casca e sua porosidade
Reduz a eclosão
Vitamina E Mortalidade embrionária precoce (1 a 3 dias)
Enciclopédia no embrião e diátese exsudativa
Ácido Hemorragias subcutâneas
pontotênico
Biotina Redução na produção de ovos e eclodilidade.
Pico de mortalidade durante a 1a semana e
últimos 3 dias da incubação. Deformidades
esqueléticas

Continua...
Nutrientes Sintomas Comuns
Vitamina B12 Mortalidade embrionária por volta de 8 a 14
dias de incubação, com possibilidade de
edemas e curvamentos dos dedos
Tianina Mortalidade precoce e no final da incubação
(19-21 dias)
Cálcio e Fóforo Mortalidade embrionária nos estágios iniciais
de incubação. Deformidades nas pernas
podem ser verificadas. Qualidade da casca –
eclodibilidade.
Zinco Deficiências esqueléticas e emplumagem
pobre no pintinho.
Manganês Mortalidade embrionária tardia (18-21 dias).
Embriões com asas e pernas pequenas (não
desenvolvidas).

Scott et al (1982) e Leeson e Summers (1997)

Pesquisas revelam por exemplo que o aumento da suplementação de vitamina E


157
para matriz, melhora a transferência de imunidade a doenças para os pintinhos
(Jackson e Law, 1975). A vitamina C exerce papel importante em condições de
estresse calórico, melhorando a produção e qualidade da casca do ovo (Pebles e
Brake, 1983). A vitamina B12 é exigida para a eclodibilidade dos ovos, sendo que dieta
das reprodutoras têm notável efeito sobre a viabilidade subseqüente dos pintos (Peeler
et al, 1951; Patl e Maginnis, ).

11.6 MATRIZES PESADAS


Estas aves possuem características fisiológicas que determinam maiores
consumos de ração visando o seu aumento de peso. Programas de restrição alimentar
devem ser aplicados nos períodos de criação e reprodução, com a finalidade de reduzir
peso corporal e a mortalidade, melhorar a eficiência alimentar, a produção e a
fertilidade dos ovos. A restrição alimentar destas aves, pode ser qualitativa, quantitativa
ou a associação das duas além de períodos de restrição ao acesso a alimentação.

11.6.1 Exigências Nutricionais


Existem controvérsias a respeito das exigências nutricionais das matrizes
pesadas. Cada empresa avícola trabalha com características de desenvolvimento das
aves, resultando em diferenças nos planos de alimentação.
Quanto às necessidades de energia, estas poedeiras podem consumir
quantidades de EM muito além das suas necessidades para máxima produção de
ovos. Devido a este fato, é necessário adequar o consumo de ração para atender
primariamente a taxa de postura. As exigências de EM de matrizes pesadas está em
torno de 400 a 450 kcal/ave/dia. Por outro lado, várias pesquisas recentes indicam que
estas exigências podem ser diminuídas a valores próximos de 380 kcal/ave/dia para se
conseguir máxima produção de ovos.
As finalidades principais da nutrição das matrizes pesadas são de otimizar a
produção de ovos férteis de bom tamanho e de alta eclodibilidade.
Os padrões nutricionais são elaborados pelas empresas avícolas que detém a
genética e indicam as necessidades de nutrientes para cada fase de desenvolvimento
e produção das aves. Ao nutricionista neste caso cabe a interpretação e a aplicação
prática destes conhecimentos, levando-se em conta principalmente os ligados à
produtividade destas aves.
12

NUTRIÇÃO APLICADA DE SUÍNOS

A suinocultura tem tido considerável desenvolvimento no Brasil, com a introdução


de híbridos comerciais de alto potencial genético para deposição de carne magra e
com alta eficiência. Ao mesmo tempo, ainda permanece o modelo de cruzamentos
alternativos de raças puras, com bons resultados de desempenho. Na Tabela 1 são
indicados os ganhos de carne magra de suínos classificados de acordo com o seu
potencial de produção.

TABELA 1 – Classificação dos suínos de acordo com seu potencial de produção de


carne 1.

158
Potencial Ganho de carne magra, g/dia
Elevado > 340
Médio 275 a 340
Baixo < 275
1
Universidade de Oklahoma /PIC

Os híbridos modernos são mais precoces e devem ter a sua nutrição diferenciada
no sentido de se poder explorar o seu máximo desempenho.
As formulações de rações para estes animais, requer entendimentos com
referência às reais necessidades nutricionais para melhor expressão do seu potencial
genético e a qualidade dos ingredientes, para suportar uma adequada ingestão dos
nutrientes necessários. Do ponto de vista das formulações, o importante é a seleção
dos ingredientes com base na sua composição nutricional, a sua disponibilidade de
mercado e o seu preço. As fórmulas baseadas em milho e farelo de soja, são as mais
adequadas, devido a uma combinação de nutrientes complementares que estes dois
ingredientes apresentam. Além deste fato, as necessidades nutricionais dos suínos são
baseadas em ensaios experimentais com dietas a base nestes ingredientes, de
maneira que, a inclusão de qualquer outro substituto ou alternativo, deve ser realizado
vários ajustes, inclusive nos níveis nutricionais de suplementação de vitaminas, como
exemplo. A formulação com base nos aminoácidos digestíveis seria indicado também
nestes casos.
Os suínos híbridos de alto potencial de ganho de carne magra, possuem a sua
fisiologia de crescimento diferenciada em relação aos animais de menor potencial.
Normalmente possuem maiores necessidades para mantença e crescimento do tecido
magro (proteína) e menores necessidades para acréscimos de gordura na carcaça. O
maior acréscimo de carne magra, resulta em menor necessidade de ingestão de
energia para o ganho de peso.
O mercado brasileiro, possui híbridos com características nutricionais e de
alimentação diferentes, devido a linha de ação genética de cada um. Existem animais
com grande capacidade de ingestão de alimentos, se comportando bem com dietas
contendo menor nível energético. Por outro lado, existem animais com baixa
capacidade de consumo, que implica na necessidade de elevar os conteúdos
nutricionais da ração, para poder recompor as necessidades para melhor desempenho
desses animais. Do outro lado estão os consumidores, que exigem carcaças mais
magras. Assim, os animais de maior potencial de deposição de carne magra, vão
ganhando cada vez mais, maior espaço nas criações.

12.1 CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS DOS SUINOS MODERNOS


No nascimento os leitões apresentam porção muscular em mais da metade do
seu peso corporal, sendo a fração gordura representando em média 7,5% do total. Este
conteúdo vai aumentando durante o crescimento do animal podendo chegar a metade
do seu peso corporal. Assim, é preciso conhecer a fisiologia de crescimento dos
animais para observar tanto a velocidade de crescimento como também, qual tipo de
tecido que o animal está depositando (gordura ou carne).
As necessidades de manutenção podem ser variáveis. No entanto, a quantidade
de nutrientes necessários para este fim é minimizado quando se observa condições de
ambiente favoráveis ao crescimento do animal. Animais que apresentam maior
velocidade de ganho de peso, crescerão mais rápido e o gasto de nutrientes para
159
mantença será menor, resultando neste caso, em melhor conversão alimentar do
rebanho.
Apesar de todo esforço da genética para produzir animais com carcaças com
mais carne magra, ainda persiste problemas relacionados com esta característica.
Quando se faz seleção somente para carne magra e não para ganho de carne magra,
pode resultar em animais com baixa capacidade de consumo, afetando assim o
crescimento e a idade de abate, fatores que prejudicam os criadores. Já as linhagens
selecionadas para crescimento rápido, com grande capacidade de consumo, pode
levar a maior deposição de toucinho, indesejável para o consumidor, caso não se tome
medidas nutricionais para resolver este problema.
O sexo do suíno também pode afetar o tipo de carcaça a se produzir. O
potencial maior de deposição de carne magra está com os machos inteiros, seguidos
pelas fêmeas e os machos castrados. Por outro lado, os machos inteiros não podem
ser abatidos como tal por problemas de odores da carne durante cozimento. Estas
diferenças de crescimento podem chegar a 15 % na fase de terminação. Quanto a
consumo, os machos castrados consomem mais ração, crescem mais rápido e
apresentam pior conversão alimentar e menor percentagem de carne magra do que as
fêmeas. A criação com sexos separados pode ser vantajosa, considerando estes
fatores, aliado também a melhor resposta das fêmeas quando se eleva os níveis de
energia das rações. Nas Tabelas 2 e 3 são apresentadas algumas recomendações
para criação de machos e fêmeas separadas a partir de 30 kg de peso vivo de acordo
com o potencial genético, segundo informações adaptadas do NRC (1998). Verifica-se
que as necessidades nutricionais das fêmeas se aproxima das do macho inteiro. As
diferenças sexuais de exigências nutricionais são mais pronunciadas a partir de 50 kg
de peso vivo, como relata Fuller (1988).

TABELA 2 - Recomendações nutricionais médias para suínos de médio e alto


potencial de ganho de peso sendo os aminoácidos na forma total e expresso em
%/Mcal de ED da ração (Adaptado do NRC, 1998).

Fase 30-60 kg POTENCIAL GENÉTICO


MÉDIO ALTO
NUTRIENTES Macho Fêmea Macho Fêmea
Proteína 5,145 5,400 5,353 5,630
Lisina 0,272 0,285 0,283 0,297
Met + Cis 0,154 0,162 0,161 0,169
Treonina 0,177 0,185 0,184 0,194
Triptofano 0,050 0,052 0,052 0,054
Cálcio 0,225 0,225 0,225 0,225
Fósforo total 0,170 0,170 0,170 0,170
Sódio 0,050 0,050 0,050 0,050

Exemplo de uso da tabela 2

Fase 30-60 kg POTENCIAL GENÉTICO


MÉDIO ALTO
Macho Fêmea Macho Fêmea
ED, Kcal/kg 3350 3350 3400 3400
Proteína,% 17,23 18,09 18,20 19,14
Lisina,% 0,911 0,957 0,962 1,010
Met + Cis,% 0,516 0,543 0,547 0,575
160
Treonina,% 0,593 0,620 0,626 0,660
Triptofano,% 0,168 0,174 0,177 0,184
Cálcio,% 0,754 0,754 0,765 0,765
Fósforo total% 0,570 0,570 0,578 0,578
Sódio,% 0,167 0,167 0,170 0,170

TABELA 3- Exigências nutricionais médias para suínos de alto potencial de ganho de


peso sendo os aminoácidos na forma TOTAL expresso em %/Mcal de ED da ração
(Adaptado do NRC, 1998).

Fase 60-100 kg POTENCIAL GENÉTICO


MÉDIO ALTO
NUTRIENTES Macho Fêmea Macho Fêmea
Proteína 4,026 4,238 4,240 4,706
Lisina 0,190 0,200 0,200 0,222
Met + Cis 0,111 0,117 0,117 0,130
Treonina 0,128 0,135 0,134 0,150
Triptofano 0,035 0,037 0,037 0,041
Cálcio 0,190 0,190 0,190 0,190
Fósforo total 0,140 0,140 0,140 0,140
Sódio 0,046 0,046 0,046 0,046

Exemplo de uso da tabela 3

Fase 60-100 kg POTENCIAL GENÉTICO


MÉDIO ALTO
Macho Fêmea Macho Fêmea
ED, Kcal/kg 3380 3380 3400 3400
Proteína,% 13,61 14,32 14,42 16,00
Lisina,% 0,642 0,676 0,680 0,755
Met + Cis,% 0,375 0,395 0,398 0,442
Treonina,% 0,433 0,456 0,459 0,510
Triptofano,% 0,118 0,125 0,125 0,139
Cálcio,% 0,650 0,650 0,650 0,650
Fósforo tot.% 0,475 0,475 0,475 0,475
Sódio,% 0,155 0,155 0,155 0,155

A deposição de tecido muscular depende diretamente da genética e do suporte


adequado de nutrientes para alcançar o potencial máximo. Por outro lado, o excesso
de consumo de nutrientes, além dessa capacidade, é transformada em gordura e,
neste caso, a conversão alimentar piora sensivelmente. Os suínos gastam
normalmente 4 vezes mais alimento para produzir um quilograma de gordura em
comparação a carne magra.
Na fase de terminação, os animais conseguem ingerir mais alimento que é
necessário para atingir o potencial máximo de deposição de carne. Neste caso, é
preciso adequar os níveis de energia e nutrientes para evitar que os excessos possam
prejudicar a qualidade da carcaça.
161
O comportamento de consumo depende das características genéticas das linhas
comerciais, porém, outros fatores podem ser importantes para se obter ingestão
adequada de nutrientes. O nível de consumo de animais em grupo é bem maior do que
quando está alojado individualmente (De Haer e Urias, 1993) e depende também do
número de entradas no comedouro.
Através de sensores localizados na orelha dos animais e com comedouro
especial acoplado ao computador, pode-se realizar um trabalho interessante quanto ao
comportamento de consumo dos animais (Figura 1).

FIGURA 1 Modelo para avaliação do comportamento de consumo em suínos

A curva de consumo de ração (Figura 2) segue as necessidades relacionadas ao


peso metabólico dos animais (Peso vivo 0,75), havendo estabilidade de ingestão de
ração a partir de 60 kg de peso vivo.

FIGURA 2 . Curva de consumo de ração dos suínos criados para abate

A freqüência com que os animais vão ao comedouro reduz com o avançar da


idade dos animais (Figura 3), estabilizando também a partir de 60 kg de peso vivo dos
animais. Existe uma diminuição das atividades de movimentação na baia com o
avançar do peso vivo dos animais. Assim, cada vez que freqüenta o comedouro,
aumenta a quantidade ingerida (Figura 4), estabilizando por volta de 60 kg de peso
vivo.
FIGURA 3. Visitas ao comedouro até 120 dias de engorda

FIGURA 4 . Quantidades consumidas por vez ao comedouro


Outro fato interessante quanto ao comportamento de consumo, é que os animais
atingem o maior consumo de ração por volta das 2 horas da tarde, e não no período
da manhã, como era de se esperar. Convém ressaltar também, que, estes ensaios,
foram realizados em ambiente com temperatura controlada e próxima da média da
zona termoneutra para estes animais.

FIGURA 5 . Nível de consumo de ração nas 24 horas do dia

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS

As exigências nutricionais dos suínos híbridos modernos, dependem de uma série


de fatores que inclui o potencial genético de crescimento de tecido magro, a propensão
para deposição de gordura, a eficiência de utilização dos nutrientes, condições de
ambiente, entre outros (Baker et. al., 1999).
De maneira geral, a seleção genética para ganho de tecido magro leva em
consideração dois fatores importantes. Animais normalmente selecionados para menor
teor de gordura na carcaça possuem também baixo nível de consumo de ração. Por
outro lado, animais com seleção para ganho máximo, possuem maior capacidade de
consumo, levando a altos ganhos, porém, com problemas de deposição de gordura que
162
podem ser minimizados com alteração da concentração energética da ração ou
limitação do consumo diário.
As recomendações nutricionais dos suínos podem ser encontradas em várias
tabelas como A.E.C. (1987), INRA (1989), N.R.C. (1998), Rostagno et al. (2000), além
das indicações das linhagens comerciais. Nas Tabelas 1 e 2 estão as recomendações
nutricionais médias sugeridas para suínos (N.R.C.,1998), sendo apresentados valores
nutricionais em %/Mcal de ED da ração, para facilitar formulações diversas quanto ao
conteúdo de energia.

3.1 ENERGIA

As necessidades de energia para suínos podem ser expressas em ED ou EM.


Existe preferência no uso de ED devido ao maior número de dados desta unidade para
maior número de ingredientes, além de esta determinação ser mais fácil do que a de
EM. Por outro lado, pode-se estimar os valores e EM para os alimentos, a partir da
fórmula, segundo o N.R.C. (1981):
EM = ED x (96 - [0,202 x % PB]).
O nível de energia das rações de suínos exerce papel importante no seu
desempenho. Estes animais, a semelhança das aves, consomem certas quantidades
de ração para atender primariamente suas necessidades de energia. Suínos
consumindo maiores quantidades de alimento em dietas com menores conteúdos de
energia, poderão estar ingerindo mais gramas de proteína ou outros nutrientes, do que
sua exigência, sem nenhum benefício à produção, e, podendo ser prejudicial à
eficiência da dieta. No entanto efeitos indesejáveis também podem ocorrer quando os
suínos consomem pequenas quantidades ração com alto nível energético, pois isso,
poderá limitar consumo de outros nutrientes.
Dietas com altos teores de energia normalmente são para matrizes em lactação e
leitões nas fases pós-desmama e início do crescimento, para se obter bom
desempenho nestas categorias. Por outro lado, pesquisas revelam que elevar o nível
de ED de dietas de matrizes em gestação, não afeta o número de leitões vivos,
podendo influenciar no peso ao nascimento. As dietas de matrizes em gestação,
normalmente são de baixa ED (3250 kcal/kg) com altos de fibra (5-6%). Os suínos
adultos possuem o intestino grosso desenvolvido, principalmente a região denominada
cólon, onde ocorre fermentação anaeróbica, produzindo ácidos graxos voláteis (AGV),
tipo acético, propiônico e butírico, que podem ser absorvidos e contribuírem com parte
das necessidades de energia de mantença. Essa contribuição pode variar de 5 a 28%
das exigências de mantença dos animais, segundo Kass et al. (1980) e Kennelly et al.
(1981).

As necessidades de energia dos suínos híbridos modernos são menores, em


relação ao tamanho metabólico do animal, quando comparadas com animais que
necessitam depositar maiores quantidades de gordura na carcaça. Estes animais,
devido a maior deposição de tecido magro e água conjuntamente, resulta em menores
necessidades de energia por quilograma de ganho de peso. No entanto, o nível de
energia da ração é determinante da taxa de ganho de tecido magro. O aumento do
conteúdo energético da ração resulta em aumento nesta característica, porém, existe
um nível máximo que deve ser observado (plateau) e, a partir desse ponto, ocorre
prejuízo, com deposição de gordura na carcaça, segundo Quiniou e Noblet (1977).
Estes animais regulam a sua ingestão energética de acordo com as suas
163
necessidades, porém, as rações com maiores teores de energia são de maior
densidade nutricional e menor incremento calórico, levando o animal a exceder as suas
necessidades energéticas, prejudicando a qualidade da carcaça, principalmente para
os genótipos com maior capacidade de consumo.
De maneira geral o nível de energia das rações de suínos exerce função
importante no seu desempenho. Estes animais, a semelhança das aves, consomem
certas quantidades de ração para atender primariamente suas necessidades de
energia. Suínos consumindo maiores quantidades de alimento em dietas com menores
conteúdos de energia, poderão estar ingerindo mais gramas de proteína ou outros
nutrientes, do que sua exigência, sem nenhum benefício à produção, e, podendo ser
prejudicial à eficiência alimentar da dieta. No entanto, efeitos indesejáveis também
podem ocorrer quando os suínos consomem pequenas quantidades de ração com alto
nível energético, pois isso, poderá limitar o consumo de outros nutrientes. Na Tabela 3
estão apresentadas as equações de exigências nutricionais de suínos híbridos
modernos para máximo desempenho, levando em consideração as necessidades de
acordo com a energia e faixa de peso dos animais segundo o NRC (1998).
Dietas com altos teores de energia normalmente são indicadas para matrizes em
lactação e leitões nas fases pós-desmama e início do crescimento, para se obter bom
desempenho nestas categorias. Por outro lado, pesquisas revelam que elevar o nível
de ED de dietas de matrizes em gestação, não afeta o número de leitões vivos,
podendo influenciar no peso ao nascimento. As dietas de matrizes em gestação,
normalmente são de baixa ED com altos de fibra.

TABELA 1 Recomendações nutricionais médias para suínos (de 5 a 100kg de


P.V.)1
Fases
Nutrientes Pré-inicial Inicial Cresciment Terminação
o
Peso Vivo (kg) 5 - 10 10 – 30 30 – 60 60 –100
%/ Mcal de ED da Ração
PB 6,97 6,38 5,49 4,24
LIS 0,385 0,353 0,289 0,200
MET + CIS 0,223 0,201 0,166 0,116
TER 0,252 0,227 0,189 0,135
TRI 0,070 0,063 0,052 0,037
Ca 0,274 0,256 0,200 0,170
Pt 0,206 0,195 0,173 0,142
Na 0,056 0,053 0,047 0,038
1/ Valores adaptados do N.R.C. (1998).

A utilização de rações de menor conteúdo energético para as porcas em gestação


resulta em menores custos de produção do leitão, sem afetar o número de leitões
nascidos vivos, além de evitar que a fêmea engorde muito, podendo prejudicar o parto.
Níveis altos de energia em rações de matrizes logo após a concepção pode acarretar
morte embrionária, com redução do número de leitões nascidos. Por outro lado, alta
ingestão de energia na fase pré-ovulação, resulta em elevação da taxa ovulatória.

164
TABELA 2 Recomendações nutricionais médias para matrizes em gestação,
lactação e reprodutores1
Categorias
Nutrientes
Gestação Lactação Reprodutores
%/ Mcal de ED da Ração
PB 3,6 5,29 4,2
LIS 0,133 0,305 0,201
MET + CIS 0,079 0,147 0,115
TER 0,104 0,194 0,142
TRI 0,026 0,055 0,040
Ca 0,258 0,263 0,240
PT 0,190 0,183 0,186
Na 0,047 0,057 0,050
1/ valores adaptados , N.R.C. (1998).

Nas fases de crescimento e terminação, a elevação do nível de energia da ração


causa redução do consumo e melhoria conversão alimentar, não tendo efeitos
significativos sobre ganho de peso, quando se observa a relação nutriente/ caloria das
dietas. Nestas fases, o suíno consegue manter o nível de ingestão de energia, através
da variação do nível de consumo da ração, desde que, os níveis de energia não sejam
extremos como abaixo 3150 e acima de 3550 kcal de ED/kg de ração. Nestas fases,
importante é a redução do custo por unidade de ganho, que pode variar em função do
custo da energia da ração. No entanto, rações com altos teores de energia na fase de
terminação, resulta em maior deposição de gordura na carcaça, o que, pode ser
prejudicial para a classificação da mesma (Bertechini et al., 1983). Assim, é preciso
observar que para linhas genéticas de alto consumo de ração, a restrição alimentar ou
o uso de rações com menor conteúdo de energia na fase final da terminação é
importante, para evitar acúmulo de gordura e piora acentuada na conversão alimentar,
devido principalmente ao gasto metabólico desta deposição, além de prejudicar a
qualidade da carcaça.
Os reprodutores devem receber ração com nível baixo de energia, para evitar que
ganhe muito peso e prejudique as coberturas. Animais em serviço deve aumentar o
consumo de energia através do aumento da quantidade de ração diária.
Tabela 3 Equações de exigências nutricionais para suínos da desmama ao abate 1 .

Nutriente Equações r2
Proteína Bruta Y = 7,100 - 0,035775 x 0,99
Lisina Y = 0,405 - 0,002556 x 0,99
Met + Cis Y = 0,2298 - 0,001413 x 0,99
Treonina Y = 0,25872 – 0,001542 x 0,99
Triptofano Y = 0,07289 – 0,000452 x 0,99
Cálcio Y =0,271947 - 0,001372 x 0,98
Fósforo total Y = 0,208476 - 0,00086 x 0,98

165
Sódio Y = 0,058686 x - 0,000248 x 0,76
1/ Y= % do nutriente/Mcal de ED da ração; X = peso vivo médio na fase (Kg)
Equações adaptadas do NRC (1998).

3.2 PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS

As exigências protéicas de suínos variam de acordo o estágio fisiológico, função


fisiológica, sexo, temperatura ambiente, entre outras. O nível protéico da dieta pode
variar de 12%, indicado para porca em gestação, até 23%, em dietas pré-inicial de
leitões.
O nível de proteína das dietas de suínos suporta duas finalidades básicas, que
são a de proporcionar quantidades de aminoácidos essenciais para manter o
metabolismo orgânico e nitrogênio, para a biossíntese dos aminoácidos dieteticamente
dispensáveis. Apesar das tabelas de recomendações de exigências indicarem os níveis
de proteína que podem ser praticados, é possível reduzir estes níveis através da
adição dos aminoácidos limitantes. A pergunta seria de quanto se poderia reduzir o
nível protéico? A resposta está na suplementação dos aminoácidos limitantes em
quantidades e número deles. É, possível por exemplo reduzir o nível protéico de uma
dieta em função da adição de lisina e metionina sintéticos, que representam a 1ª e 2ª
limitação prática em rações a base de milho e farelo de soja. Por outro lado, poderia se
reduzir mais ainda caso adicione o 3º limitante que poderá ser a treonina ou o
triptofano, dependendo do perfil de ingredientes utilizados na base de cálculo e a fase
de criação.
Normalmente, as fontes de energia das rações contribuem com certas
quantidades de proteínas para as rações dos suínos. O milho, por exemplo, pode
contribuir com 30% da proteína de uma ração inicial (15 - 30 Kg de peso vivo) e chegar
a 50% de uma ração de terminação (60 - 100 Kg de peso vivo).
O bom desempenho dos suínos depende não somente de quantidades
adequadas de aminoácidos essenciais bem como, da ingestão correta de energia e
outros nutrientes.
As necessidades de aminoácidos são altas para porcas em lactação e leitões nas
fases pré-inicial e inicial de crescimento.
Porcas em lactação, por exemplo, exigem quase 4 vezes mais gramas de lisina,
em comparação com as gestantes, enquanto que, os leitões na fase pós-desmama,
necessitam aproximadamente 3 vezes mais desse aminoácido/ kg de peso vivo do que
os suínos na de terminação.
Os animais com maior taxa de ganho de tecido magro, são mais sensíveis
quanto a mudanças do nível de consumo dos aminoácidos essenciais, devendo
dispensar maiores cuidados na hora da formulação das rações para estes animais.

MANEJO NUTRICIONAL NA REPRODUÇÃO

As fêmeas híbridas modernas têm apresentado altas taxas de crescimento, são


provenientes de linhagens com maior ganho de tecido magro, resultando em matrizes
precoces quanto ao peso e com baixos teores de reserva lipídica para sustentar bom
desempenho reprodutivo inicial. Este aspecto deve ser levado em conta quanto ao
período ideal para se realizar a primeira cobertura.
166
O sucesso da criação dos suínos depende diretamente da eficiência reprodutiva
do rebanho. Na tabela 6, estão apresentados dados que evidencia a produtividade de
um plantel, relacionados com o número de suínos produzidos por cada matriz no
período de um ano.

Tabela 6 Desempenho reprodutivo e produtividade do plantel.


Gasto de
Suínos Conversão kg de suínos Gasto total de
ração por
Terminados alimentar do produzidos ração do
suínos
por matriz/ano rebanho por ano rebanho por ano
terminado
25 2,76 2500 6900 276
24 2,80 2400 6720 280
23 2,84 2300 6532 284
22 2,88 2200 6336 288
21 2,92 2100 3132 292
20 2,96 2000 5920 296
19 3,00 1900 5700 300
18 3,04 1800 5472 304

A nutrição adequada e a genética são os dois fatores responsáveis pelos altos


índices de desempenho que experimenta os suínos híbridos modernos.

3.1 NUTRIÇÃO NA PRÉ-GESTAÇÃO E GESTAÇÃO

A formação de uma boa matriz depende de manejo nutricional adequado durante


a fase de criação para se obter bom desenvolvimento corporal e peso ideal para a
primeira inseminação.
A fase de pré-gestação nas matrizes adultas se inicia após o desmame e vai até
a concepção (período de serviço). O manejo nutricional indicado nesta fase inicia-se
antes da desmama, onde, 2 dias que a precede, deve-se reduzir a quantidade de
ração da porca para reduzir a produção de leite e favorecer a secagem posterior mais
rápida. Apesar da desmama indicada ser de 21 dias, o pico de produção de leite ocorre
neste período. Para desmama aos 28 dias, ocorre uma pequena dilatação do intervalo
entre partos, que, dependendo do manejo da granja, não afetaria a produtividade do
plantel. Portanto, 2 dias pré-desmama, reduz-se para 2 a 2,5 kg de ração por dia. Após
desmama, esta quantidade deve ser reduzida para 1,5 Kg de ração (gestação) por dia,
durante 3 a 4 dias, com a finalidade de secar o leite da porca. A partir deste período,
inicia-se o flushing, com a finalidade de aumentar a taxa ovulatória. No flushing, deve-
se fornecer 3 kg de ração por dia de alta energia, para haver um consumo de pelo
menos 10.000 kcal de ED por dia, durante o período de 3 a 4 dias. Assim, haveria um
aumento do número de leitões nascidos entre 1 e 2 por leitegada, podendo ocorrer
valores superiores a estes.
Após inseminação, deve-se reduzir a ingestão calórica, pois, durante a fase
embrionária (0 a 21 dias), altos níveis de consumo de energia provocam alta
mortalidade dos embriões.
Durante a fase fetal (21 a 114 dias), que representa a gestação propriamente
dita, as necessidades nutricionais são pequenas e deve-se controlar o consumo de
167
nutrientes em função do escore corporal de cada matriz, lembrando-se da adequação
deste, no terço final da gestação, onde as necessidades aumentam em relação a fase
anterior.
O metabolismo gravídico da matriz durante a gestação, favorece o anabolismo
orgânico, melhorando a eficiência no aproveitamento dos nutrientes, sempre
objetivando a futura produção de leite na fase de lactação. A capacidade de produção
de leite da matriz está correlacionada com o período de gestação. Pesquisas recentes
indicam que o número de células secretoras da glândula mamária é determinada
durante os últimos 50 a 60 dias pré-parto. O consumo de energia nesta fase é muito
importante para determinar o escore corporal desejado. Por outro lado, o excesso de
ingestão calórica pode levar a acúmulo de gordura na glândula mamária e desta forma,
obstruindo a multiplicação das células secretoras e prejudicando a capacidade de
produção de leite durante a lactação. Cuidados com o escore corporal devem ser
constantes, para evitar matrizes muito gordas, que levariam também a problemas
metabólicos após o parto. O nível de fibra bruta da ração de gestação deve ser pelo
menos 5 %, com a finalidade de exercitar o trato gastrintestinal, principalmente no
sistema de confinamento total, onde a movimentação da matriz bem como o acesso ao
verde é limitado.

3.2 FASE DE PARTO E LACTAÇÃO

A alimentação pré-parto tem a finalidade de favorecê-lo. Desta forma, o uso de


ração com altos teores de farelo de trigo (alta higroscopicidade intestinal) 2 a 3 dias
que antecede o parto, tem como objetivo, eliminar a maior parte do conteúdo do
intestino grosso, favorecendo assim, a expulsão dos fetos durante o parto. Este manejo
quando bem orientado pode reduzir o tempo de parto e evitar transtornos que possam
causar natimortos.
Após o parto, o manejo da alimentação deverá seguir as necessidades
(capacidade) da matriz. Inicialmente ela não consegue ingerir toda a ração de que
necessita, sendo que deverá ser aumentada a quantidade, até o limite de consumo
diário., evitando sobras que possam fermentar. A ração de lactação deve ser especial,
pois, a produção de leite está diretamente relacionada com a sua qualidade. Nos casos
de baixa capacidade de consumo na lactação, seria indicado iniciar com esta dieta
antes do parto para maior adaptação alimentar. A matriz necessita de ingerir ração com
altos teores de energia, lisina e rica em minerais e vitaminas. Pesquisas evidenciam
maiores pesos à desmama e maior uniformidade dos leitões à desmama para matrizes
que receberam rações com altos conteúdos de energia em relação às que ingeriram
menores quantidades de energia diária. A palatabilidade da ração também pode
influenciar no nível de consumo. Mesmo com altas ingestões de energia, a matriz
ainda remove reservas orgânicas para aumentar ao máximo a sua produção de leite.
Esta perda de peso é maior ou menor, dependendo do aporte nutricional que a ração
oferece. Porcas muito magras no final de lactação indicam ingestão insuficiente de
nutrientes e principalmente energia, durante esta fase. A queda muito rápida de peso
durante a lactação, prejudica o intervalo entre partos, reduzindo a longevidade e a
produtividade da matriz.
O manejo adequado na reprodução é importante em todos os seus segmentos.
Não adianta elevar a taxa ovulatória para aumentar o número de leitões nascidos vivos,
se não se prioriza também a alimentação durante a lactação. O aumento do número de
leitões implica também em aumento da produção de leite para manter o peso e a
uniformidade da leitegada. Pode-se desmamar até 12 leitões/porca, porém, a
168
desuniformidade destruiria este índice, caso não se tome o cuidado durante a fase de
amamentação. Os machos reprodutores, também não devem ser esquecidos quanto
ao manejo alimentar. Nas granjas modernas onde se adquire machos já formados,
seria importante realizar o manejo indicado pelos fornecedores, evitando reprodutores
obesos que prejudicaria o seu desempenho reprodutivo.

A utilização de rações de menor conteúdo energético para as porcas em gestação


resulta em menores custos de produção do leitão, sem afetar o número de leitões
nascidos vivos, além de evitar que a fêmea engorde muito, podendo prejudicar o parto.
Níveis altos de energia em rações de matrizes logo após a concepção pode acarretar
morte embrionária, com redução do número de leitões nascidos. Por outro lado, altas
ingestões de energia na fase pré-ovulação, resultam em elevação do número de
folículos ovulados.
TABELA 12.3: Recomendações nutricionais médias para matrizes em
gestação, lactação e reprodutores1
Nutrientes Categorias
Gestação Lactação Reprodutores
%/ Mcal de ED da Ração
PB 3,6 5,29 4,2
LIS 0,133 0,305 0,201
MET + CIS 0,079 0,147 0,115
TER 0,104 0,194 0,142
TRI 0,026 0,055 0,040
ARG 0,042 0,173 0,121
HIS 0,046 0,120 0,082
LEU 0,125 0,335 0,212
ILE 0,103 0,170 0,134
VAL 0,128 0,261 0,173
FEN + TIR 0,140 0,341 0,236
%/ Mcal de ED da Ração
Ca 0,258 0,263 0,240
PT 0,190 0,183 0,186
Na 0,047 0,057 0,053
Mg / kg de Ração
Cu 10,0 10,0 10,0
I 0,25 0,25 0,25
Fé 60 100,0 80,0
Mn 15,0 15,0 15,0
Zn 60 100,0 80,0
Se 0,15 0,15 0,15

1) valores adaptados de Rostagno et al. (1993), AEC (1987), N.R.C. (1998)


Na fase de lactação, deve-se dispensar maiores cuidados com os níveis de
energia e lisina da ração. As necessidades energia para a mantença de porcas em
lactação é semelhante das que estão em gestação, por outro lado, as exigências para
produção de leite é muito alta, chegando a 80% das necessidades totais. Não fosse a
reserva energética durante o metabolismo gravídico, as porcas em lactação não
conseguiriam suficiente caloria para manter alta produção de leite. A remoção destas
169
reservas auxilia a produção de leite, principalmente em condições de estresses
calórico, onde estas fêmeas não conseguem ingerir suficiente quantidade de energia
para tal. Porcas com peso inadequado ao parto, ter a sua leitegada com baixo peso
aos 21 dias de idade, principalmente quando em temperaturas ambiente elevadas.
Nas fases de crescimento e terminação, a elevação do nível de energia da ração
causa redução do consumo e melhoria conversão alimentar, não tendo efeitos
significativos sobre ganho de peso, quando se observa a relação nutriente/ caloria das
dietas. Nestas fases, o suíno consegue manter o nível de ingestão energia, através da
variação do nível de consumo da ração, desde que, os níveis de energia não sejam
extremos como abaixo 3150 e acima de 3550 kcal de ED/kg de ração. Nestas fases,
importante é a redução do custo por unidade de ganho, que pode variar em função do
custo da energia da ração. No entanto, rações com altos teores de energia na fase de
terminação, resulta em maior deposição de gordura na carcaça, o que, pode ser
prejudicial para a classificação da mesma (Bertechini et al., 1983).

Os reprodutores devem receber ração com nível baixo de energia, para evitar que
ganhe muito peso e prejudique as coberturas. Animais em serviço deve-se aumentar o
consumo de energia através do aumento da quantidade de ração diária.

12.1 PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS


As exigências protéicas de suínos variam de acordo o estádio fisiológico, função
fisiológica, sexo, temperatura ambiente, entre outras. O nível protéico da dieta pode
variar de 12%, indicado para porca em gestação, até 23%, em dietas pré-inicial de
leitões.
O termo proteína, engloba várias substâncias com composição química
semelhante porém, com funções fisiológicas muito distintas. Nutricionalmente, o que
caracteriza as proteínas é a sua composição em aminoácidos.
O nível de proteína das dietas de suínos suporta duas finalidades básicas, que
são a de proporcionar quantidades de aminoácidos essenciais para manter o
metabolismo orgânico e nitrogênio, para a biossíntese dos aminoácidos dieteticamente
dispensáveis. Ressalva deve ser feita sobre este nitrogênio, que não pode ser o não
protéico, como uréia, biureto, etc. Seria o nitrogênio contido nos aminoácidos não
essenciais presentes nas dietas.
Normalmente, as fontes de energia das rações contribuem com certas
quantidades de proteínas para as rações dos suínos. O milho, por exemplo, pode
contribuir com 30% da proteína de uma ração inicial (15 - 30 Kg de peso vivo) e chegar
a 50% de uma ração de terminação (60 - 100 Kg de peso vivo).
Apesar das tabelas de recomendações de exigências indicarem os níveis de
proteína que podem ser praticados, é possível reduzir estes níveis através da adição
dos aminoácidos limitantes. A pergunta seria de quanto se poderia reduzir o nível
protéico? A resposta está na suplementação dos aminoácidos limitantes em
quantidades e número deles. É, possível por exemplo reduzir o nível protéico de uma
dieta em função da adição de lisina e metionina industriais, que representam a 1º e 2º
limitação prática. Por outro lado, poderia se reduzir mais ainda caso adicione o 3º
limitante que poderá ser a treonina ou o triptofano, dependendo do perfil de
ingredientes utilizados na base de cálculo e a fase de criação.
O ótimo desempenho dos suínos depende não somente de quantidades
adequadas de aminoácidos essenciais bem como, da ingestão correta de energia e
outros nutrientes.
170
As necessidades de aminoácidos são altas para porcas em lactação e leitões nas
fases pré-inicial e inicial de crescimento.
Porcas em lactação, por exemplo, exigem quase 4 vezes mais gramas de lisina,
em comparação com as gestantes enquanto que, os leitões na fase pós-desmama,
necessitam aproximadamente 3 vezes mais desse aminoácido/ kg de peso vivo do que
os suínos na de terminação. Nas Tabelas 12.5 e 12.6 estão apresentados exemplos de
programas de alimentação para porcas em lactação suínos de 5 a 100 kg de peso vivo,
respectivamente. As dietas práticas apresentadas são a base de milho e farelo de soja
onde esta combinação de ingredientes resulta em melhor balanço de aminoácidos
essenciais. Enquanto a proteína do milho complementa os aminoácidos sulfurosos que,
são pobres na proteína, do farelo de soja, este complementa o milho com o alto nível
de lisina que se apresenta deficiente no primeiro. Por outro lado maiores cuidados
deverão ser tomados na formulação de dietas com alimentos alternativos tipo sorgo,
raspa integral de mandioca, farelo de arroz, entre outros, que resultarão em
deficiências dos primeiros aminoácidos limitantes, tipo Lisina, Metionina, Treonina
Triptofano.

12.2 MINERAIS
Vários fatores influenciam na mineralização dos suínos através da dieta, porém, o
principal está relacionado com o manejo das criações modernas, que confinou o animal
e o isolou de uma das principais fontes de minerais que é o solo.
Os primeiros estudos de exigências de minerais, foram realizados com os
macroelementos e em especial cálcio e fósforo. Estes tem a maior importância no
desenvolvimento e manutenção sistema esquelético, além de outras funções
fisiológicas importantes. A adequada soma de cálcio e fósforo bem como a relação
entre os dois, deve ser considerado nas formulações de rações dos suínos.
Quanto aos microelementos, deve-se dispensar maiores cuidados com a
suplementação de zinco, principalmente quando as rações são a base de cereais e
farelos de oleaginosas. A presença fitatos nos ingredientes vegetais, leva a formação
de quelatos de zinco, tornando este microelemento indispensável para o animal. As
fontes protéicas vegetais, principalmente a de maior uso, que é farelo de soja, possui
grandes concentrações de fitato, que prejudica a utilização de outros minerais. Neste
caso, recomenda-se duplicar as recomendações das tabelas para evitar o
aparecimento paraquetose nos leitões. Nas dietas dos machos reprodutores, deve-se
adicionar quantidades extras de zinco, devido a sua importância produção do sêmen do
suíno.
A Tabela 12.7 apresenta um exemplo de fórmula de suplemento microminerais,
que poderá ser utilizado nas diversas categorias estádio de desenvolvimento dos
suínos. As rações de terminação poderão conter níveis inferiores aos indicados, por
outro lado, os microelementos representam pouco no custo das dietas, não sendo
economicamente a redução da suplementação nesta fase.
TABELA 12.8: Exemplo de suplemento mineral para dietas de suínos
Micro- Suplementaç Fonte Qt/kg
mineral ão g/ton (g)
Zinco 100,0 Óxido de zinco (72%) 138,9
Cobre 10,0 Sulfato de cobre (25%) 40,0
Ferro 100,0 Sulfato ferroso (21%) 476,2
Manganês 15,0 Sulfato manganoso 57,7
171
(26%)
Iodo 0,30 Iodato de Potássio (59%) 0,51
Selênio 0,15 selenito de Sódio 0,33
(45,6%)
Veículo 1000,00
q.s.p.

OBS.: Nível de uso =0,1% (1 Kg / tonelada de ração)

12.3 VITAMINAS
As vitaminas desempenham papel importante no metabolismo orgânico e são
divididas em dois grupos, de acordo com a solubilidade. As vitaminas apolares ou
solúveis em gorduras e solventes orgânicos, desempenham papel importante no
crescimento do tecido e são armazenadas no organismo. Por outro lado, as vitaminas
polares ou hidrossolúveis, com exceção da colina, todas as outras participam de
reações metabólicas e são exigidas como enzimas. Participam das reações logo em
seguida eliminadas do organismo, não sendo armazenadas.
As necessidades de vitaminas na dieta está na dependência de uma série de
fatores como temperatura ambiente, nível de energia ração, destruição nos alimentos e
no trato digestivo entre outros.
As vitaminas hidrossolúveis por serem armazenadas, principalmente no fígado,
são de difícil estabelecimento das suas necessidades. No entanto, vários trabalhos de
pesquisa indicaram recomendações, que são apresentadas nas Tabelas 12.2 e 12.4,
que podem ser utilizadas para o bom desempenho dos animais.
Quanto as vitaminas hidrossolúveis, apesar de necessariamente estarem
presentes nas dietas, estão presentes em concentrações variadas nos ingredientes. A
biotina por exemplo, está contida no milho em torno de 65 g/kg, atendendo
praticamente as necessidades suínos em crescimento. Deve-se ter a preocupação com
os alimentos alternativos como sorgo e raspa integral de mandioca, que são pobres
nesta vitamina, devendo-se aumentar a suplementação.
Ao contrário da suplementação de microelementos, a suplementação vitamínica
deverá estar adequada para cada categoria e estádio fisiológico do animal. Nas dietas
pré-inicial, inicial e lactação, deverão conter altos níveis de vitaminas, principalmente
lipossolúveis, devendo ser diminuídas nas fases mais adiantadas da criação. Esta
redução é importante para adequar a nutrição animais além da redução do custo das
dietas, pois, as vitaminas afetam significativamente o custo da alimentação. Na Tabela
12.8 está apresentado um exemplo prático de suplementação vitamínica ração inicial
de leitões, com níveis de segurança.
O conteúdo de cinza (minerais) corporal aumenta com idade do animal, devido a
intensiva mineralização do esqueleto além do aumento deste, em relação ao peso vivo
do animal (Tabela 12.5). Problemas de nutrição mineral, principalmente de cálcio
fósforo, refletem diretamente no conteúdo das cinzas ósseas. Mais de 80 % do total
das cinzas está nos ossos. Apesar disto, os minerais estão também distribuídos
amplamente nos tecidos moles como fígado, sangue e músculos. O fígado e o sangue
possuem composição variável de minerais, dependendo da função fisiológica do
animal. Porcas em lactação, possuem altas necessidades de cálcio e fósforo para a
formação do leite. Esta observação também é válida para formação do ovo por
galinhas poedeiras.

172
TABELA 12.2: Níveis suplementares de vitaminas sugeridos para suínos de 5
a 100 Kg de peso vivo em UI ou mg /kg da ração1
Fases
Vitaminas Pré-inicial e Crescimento Terminação
inicial
A, Ul 9000 6000 3000
D, Ul 2000 1600 600
E, Ul 25 13 8,00
K3, mg 3,0 2,0 1,5
B1, mg 1,9 1,2 0,3
B2, mg 5,0 3,5 2,0
B6, mg 2,0 1,5 -
B12, µg 20,0 15,0 10,0
Ácido Pantotênico, 18,0 12,0 8,0
mg
Niacina, mg 30,0 20,0 15,0
Folacina, mg 0,80 - -
Biotina, mg 0,090 0,040 0,020
Colina, mg 300,0 150,0 100,00
C2, mg 50,0 50,0 50,00

1.Ração a base de milho e farelo de soja.


2. Adicionar em caso de estresse calórico

TABELA 12.4: Níveis suplementares de vitaminas sugeridas para matrizes em


gestação,, lactação e reprodutores em UI ou mg e ração
Categorias
Vitamina Lactação e
Gestação
Reprodutores
A, Ul 6000 8000
D, Ul 1200 1500
E, Ul 15 20
K3, mg 2,5 2,5
B1, mg 1,5 1,5
B2, mg 4,0 4,0
B6, mg 1,5 1,5
B12, mg 15,0 18,0
Ácido Pantotênico, 12,0 15,0
mg
Niacina, mg 20,0 28,0
Folacina, mg 0,3 0,6
Biotina, mg 0,100 0,100
Colina, mg 250,0 350,0
C2, mg - 50,0

1. Rações a base de milho e fardo de soja


2. Adicionar em caso de estresse calórico

173
TABELA 12.9: Exemplo de suplemento vitaminíco para dietas de suínos Fase
Inicial
Fonte
Vitaminas Suplementação Qt / kg (g)
Comercial
A, Ul 9.000.000 500.000 Ul/g 18,00
D3, Ul 2.000.000 500.000 Ul 4,00
E, Ul 25.000 500 Ul/g 50,00
K3, g 3,0 94% 3,20
B1, g 1,9 100% 1,90
B2, g 5,0 97,5% 5,12
B6, g 2,0 100 2,00
B12, mg 20,0 1g / kg 20,0
Ácido Pantotênico 18,0 80% 22,50
Ácido Nicotínico 30,0 97% 30,9
Folacina, g 0,80 100% 0,80
Biotina, g 0,090 2% 4,5
Colina, g 300,0 50% 600,00
Veículo q.s.p. 1000,00

Obs.: Nível de uso = 0,1% (1 Kg / tonelada de ração)

174
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