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Design, cultura e representações Culturais:  

Identidade e diferença 

Raquel Patelli de Carvalho Silva


UTFPR

1) A capa da cartilha disponibilizada pelo CNJ, Conselho Nacional de


Justiça, em 2010 traz a imagem de um homem branco com expressão
de concentração e 3 coisas escritas, trabalho e volta ao crime - que
estão colocadas dando a entender a ideia de pontos contrários e
decisão entre a volta para a sociedade, trabalhar ou voltar aos crimes -
e então ele traz o nome explicando o que é o impresso e para que ele
serve, cartilha do reeducando. A composição gráfica é clara e direta,
as tipografias são sem serifa, grandes e legíveis passando a
mensagem de forma pregnante para todos os indivíduos alfabetizados.
O problema de representação presente no cartaz é o uso da imagem.
Essa cartilha é utilizada para homens e mulheres passando uma
noção de masculinidade universal, já é de grande importância ressaltar
que houve um cuidado com a imagem para não retratar o estereótipo
racista de que o bandido é um homem negro, porém a representação
está falha ao não ser apresentado diversos tipos de identidade,
homens, mulheres de diversas etnias, idades e afins, sem dar um
rosto para a pessoa que deve ser reeducada.

2) A identidade é o que somos enquanto a diferença é o que o outro é.


Ambas possuem uma relação de dependência, pois ao existirem
identidades definem-se diferenças, sendo então, a diferença uma
derivação da identidade. A relação entre a identidade e a diferença é
trazida no cartaz através das frases trabalho e volta ao crime. A
pessoa que ganhou a cartilha e ali ela coloca em questionamento o
que ela é, se ela é um trabalhador ou um criminoso e é essa diferença
de postura que vai criar a partir da liberdade daquele reeducando sua
identidade.

3) Oposição binária é o contraste entre dois termos ​que se excluem


mutuamente, então, empregados na cartilha estão os termos trabalho
e volta ao crime que provocam o sentido de caminhos e escolha,
deixando claro ao leitor que ele tem duas escolhas que são opostas a
partir daquele momento e algo que deixa essa questão ainda mais
evidente é o fato de que cada termo está em uma posição oposta
(direita e esquerda). Além de que a representação do homem não traz
importantes oposições como masculino/feminino, branco/negro,
heterossexual/homossexuale que questionar a identidade e a
diferença como relações de poder é de extrema importância, pois
significa problematizar os opostos binarismos em torno dos quais se
organizam

4) O processo de normalização imposto é que ao se criar normas vocÊ


organiza e hierarquiza a sociedade, ao impor uma norma de que o
crime é errado você sugere um poder e uma punição sobre aqueles
que voltam ao crime. Quanto a classificação, ela é responsável pela
divisão e ordenação da sociedade, onde sugere que pessoas que
seguem a norma são pessoas melhores do que as que não seque,
possuindo um poder mais alto no fator hierarquia, sendo sugerido
então que o trabalhador tem mais direitos e poder do que o criminoso
e por isso possui maior posicionamento na chamada hierarquia social.

5) A identidade e a diferença são mutuamente determinadas porque se o


sujeito é isso necessariamente ele não é aquilo, o que demonstra que
a identidade é o que ele é e a diferença surge pelo que ele não é. Na
imagem são colocadas suas alternativas para o indivíduo e então
serão criadas, para a sociedade, a sua identidade e a diferença.
Ele pode ser um reeducando que tornou-se trabalhador e a sua
diferença para o que ele era antes é que agora ele trabalha e não tem
mais a identidade de um criminoso. Ou ele pode voltar ao crime e
assumir a identidade de um criminoso, mas a partir dali ele deixa de
ser um reeducando, voltando a ser o que ele sempre foi e criando sua
diferença do social.

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