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SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE E SAÚDE

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Sumário
1.1 - INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 2
1.2 - SEGURANÇA DO TRABALHO ................................................................................................................. 2
1.3 - ACIDENTE DE TRABALHO ....................................................................................................................... 3
2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ........................................................................................... 17
2.1 - INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 17
2.2 - OBRIGAÇÕES DO EMPREGADOR QUANTO AO EPI: ............................................................................. 17
2.3 - OBRIGAÇÕES DO EMPREGADO QUANTO AO EPI: ............................................................................... 18
3 RISCOS AMBIENTAIS ................................................................................................................................. 22
3.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS ............................................................................................................... 22
3.2 - RISCOS DE ACIDENTES ......................................................................................................................... 22
4 NOÇÕES BÁSICAS DE COMBATE À INCÊNDIO........................................................................................... 31
4.1 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DO FOGO ........................................................................................................... 31
5 ANÁLISE DE RISCO DO TRABALHO ............................................................................................................ 51
5.1 - ANÁLISE DE RISCO DE ACIDENTES EM PROCESSO INDUSTRIAIS ........................................................ 51
6 RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS EM ACIDENTES DE TRABALHO ....................................................... 56
6.1 - DEFINIÇÕES LEGAIS ............................................................................................................................. 56
7 MEIO AMBIENTE ....................................................................................................................................... 67
7.1 - AMBIENTE (MEIO AMBIENTE) ............................................................................................................ 67
7.2 - ÁGUA ................................................................................................................................................... 68
7.3 - RESÍDUOS E CO-PRODUTOS................................................................................................................. 70
7.4 - POLUIÇÃO ............................................................................................................................................ 71
7.5 - PRODUÇÃO DE RESÍDUOS .................................................................................................................. 81
7.6 - POLUIÇÃO RADIOATIVA ....................................................................................................................... 85
7.7 - DESENVOLVIMENTO POPULACIONAL ................................................................................................. 86
7.8 - DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL ....................................................................................................... 88
7.9 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................................................... 89
7.10 - PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO .............................................................................................................. 89
8 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................... 93

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SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO

1.1 - INTRODUÇÃO
Nas sociedades mais antigas, o homem já sofria acidentes enquanto trabalhava para prover as necessidades de sua
subsistência. Todavia, esses acidentes só chamaram a atenção dos governantes quando, em virtude do seu elevado
numero, adquiriram as dimensões de um problema social. Isto ocorreu após a Revolução Industrial resultante das
descobertas de novas fontes de força, como o vapor e a eletricidade, provocando o aparecimento de grandes
concentrações de trabalhadores em torno das empresas que empregavam grandes quantidades de mão-de-obra. Era
uma situação bem diferente daquela que caracterizava a Idade-Média: artesãos realizando trabalho manual dentro de
pequenas oficinas.

No século passado, o clamor contra as condições de vida do trabalhador cresceu a ponto de levar os homens públicos
a pensarem no cerceamento da liberdade das partes na celebração do contrato de trabalho. Era o começo da
intervenção do Estado no mundo do trabalho assalariado. Não era possível, no que tange ao acidente do trabalho,
continuar adotando os princípios do direito clássico, para exigir do empregado acidentado a prova de que o patrão era
o culpado. Na maioria dos casos essa prova não podia ser produzida ou o fato tivera como causa excludente a força
maior ou caso fortuito.

Pouco a pouco, a legislação foi se modificando até chegar à teoria do risco social: o acidente do trabalho é um risco
inerente à própria atividade profissional exercida em beneficio de toda a comunidade, devendo esta, por conseguinte,
amparar a vitima do acidente. Não se cogita da responsabilidade deste ou daquele pelo acontecimento.

Através de um seguro social, o empregado é protegido quando incapacitado para o trabalho em virtude de um
acidente.

Em nosso pais, tudo se passou mais ou menos da mesma maneira. Em 1919 tivemos a primeira lei estabelecendo que
o empregado acidentado não precisava, obter qualquer prova da culpa do patrão para ter direito à indenização. Desde
então não nos afastamos desse principio fundamental.

1.2 - SEGURANÇA DO TRABALHO


Segurança do trabalho pode ser definida como os conjuntos de medidas que são adotadas visando minimizar os
acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do
trabalhador.

A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho,
Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, Comunicação e Treinamento,
Administração aplicada à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho,
Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação,
Proteção contra Incêndios e Gerência de Riscos.

Os empregados da empresa constituem a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo
a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o
trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de
Normas Regulamentadoras, Normas Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e
decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil. A
Segurança do Trabalho é exigida por lei e faz com que a empresa se organize, aumentando a produtividade e a
qualidade dos produtos, melhorando as relações humanas no trabalho.

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1.3 - ACIDENTE DE TRABALHO


A legislação brasileira define acidente do trabalho como todo aquele decorrente do exercício do trabalho e que
provoca, direta ou indiretamente, lesão, perturbação funcional ou doença.

Como se vê, pela lei brasileira, o acidente é confundido com o prejuízo físico sofrido pelo trabalhador (lesão,
perturbação funcional ou doença). Do ponto de vista prevencionista , entretanto, essa definição não é satisfatória,
pois o acidente é definido não só em função de suas conseqüências sobre o homem, ou seja, as lesões, perturbações
ou doenças, mas também sobre os prejuízos para a empresa.

Visando a sua prevenção, o acidente, que interfere na produção, deve ser definido como “qualquer ocorrência que
interfere no andamento normal do trabalho”, pois além do homem, podem ser envolvidos nos acidentes, outros
fatores de produção, como máquinas, ferramentas, equipamentos e tempo.

Assim, as três situações apresentadas são representativas de acidente:

Na primeira, o operário estava transportando manualmente urna caixa contendo certo produto; em certo momento,
deixa cair a caixa, o que já é um acidente (queda da caixa), embora não tenha ocorrido perda material (a caixa não se
danificou) ou lesão no trabalhador; nesse caso, ocorreu tão somente, perda de tempo. Na segunda, a queda da caixa,
embora não tenha ocasionado lesão, é também um exemplo de acidente, em que ocorreu, além da perda de tempo,
perda de material, pois este se danificou. Na última, a queda da caixa é exemplificativa de acidente do qual
resultaram, a lesão no homem, a perda do material e a conseqüente perda de tempo.

E claro que a vida e a saúde humana tem mais valor do que as perda naturais, daí serem considerados como mais
importantes os acidentes com lesão. Por exemplo, se a caixa ao cair atingir o pé da pessoa que a estava carregando,
provocando sua queda e causar-lhe uma lesão, teremos um acidente mais grave porque, além da perda de tempo
e/ou perda material, houve dano físico.

1.3.1 - DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE A DEFINIÇÃO

LEGAL E A TÉCNICA

Na definição legal, ao legislador interessou, basicamente e com muita propriedade definir o acidente com a finalidade
de proteger o trabalhador acidentado, através de uma compensação financeira, enquanto estiver impossibilitado de
trabalhar em decorrência do acidente, ou de indenização, se tiver sofrido lesão incapacitante permanente. Nota-se
por aí que o acidente só ocorre se dele resultar um ferimento, mas, devemos lembrar que o ferimento é apenas uma
das conseqüências do acidente. A definição técnica nos alerta que o acidente pode ocorrer sem provocar lesões
pessoais. A experiência demonstra que para cada grupo de 330 acidentes de um mesmo tipo, 300 vezes não ocorre
lesão nos trabalhadores, enquanto que em apenas 30 casos resultam danos à integridade física do homem. Em todos
os casos, porém, haverá prejuízo à produção e sob os aspectos de proteção ao homem, resulta serem igualmente
importantes todos os acidentes com e sem lesão, em virtude de não se poder prever quando de um acidente vai
resultar, ou não, lesão no trabalhador.

Do exposto, concluímos que devemos procurar evitar todo e qualquer tipo de acidente. Deveremos evitar os
acidentes sem lesão porque, se forem eliminados estes, automaticamente, estará afastando a quase totalidade dos
outros. Por exemplo, se o trabalhador tivesse evitado que a caixa caísse no chão, ela não teria atingido o seu pé. Teria
sido mais seguro e mais fácil evitar a queda da caixa, do que tirar o pé na hora em que caísse. Devemos lembrar ainda
que estudos realizados no Brasil e no exterior, tem revelado que o custo de acidentes leves é igual ao dos acidentes
sob o encargo do INSS, em virtude, de como já vimos, aqueles serem muito mais numerosos que estes.

A política governamental dos últimos anos, no sentido de dinamizar esforços de empresários e empregados e de
atualizar a legislação trabalhista, em muito tem colaborado para a diminuição dos percentuais de acidentes do
trabalho em relação à população trabalhadora do País.

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Embora a prevenção de acidentes industriais vise basicamente a manutenção da integridade física do trabalhador, não
se pode esquecer a influencia dos custos de qualquer programa na implantação ou , manutenção do mesmo. Em
outras palavras, qualquer ocorrência não programada que interfira no processo produtivo, causando perda de tempo,
constitui um acidente do trabalho.

Deve-se destacar que a prevenção de acidentes torna-se economicamente viável, a partir de um bom programa de
prevenção de acidentes. Um empregado acidentado, aposentado precocemente por incapacidade permanente, afeta
indiretamente a toda a população pois é um a menos a colaborar no aumento da produção.

Quanto mais especializada a sua função, mais caro se torna substituí-lo. Em síntese, ocorre uma redução na
capacidade produtiva da nação e um aumento dos custos de treinamento da população economicamente ativa.

Restringindo-se o campo de estudo a uma empresa, a diminuição no numero de acidentes pode e deve levar a um
aumento na produção, bem como a um custo menor, o que, inclusive, pode baixar o preço do produto final a nível de
consumidor ou elevar o lucro do empresário .O empregado encontra na empresa inúmeros fatores de risco, que
podem criar condições para a ocorrência de um acidente e conseqüente lesão.

Equipamentos elétricos, operações de soldagens, manuseio de líquidos combustíveis ou inflamáveis, veículos de


transporte são exemplos desses riscos. Sua utilização de forma inadequada pode incapacitar ou até matar o elemento
acidentado.O primeiro passo na prevenção de acidentes é saber o que se entende por acidente do trabalho.

Sua definição legal diz que: Acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da
empresa, ou ainda pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária’.

Tal definição pode ser encontrada no artigo 131 do “Regulamento dos Benefícios da Previdência Social”, instituído
pelo Decreto n0 2172 de 05 de março de 1997.

Também são igualados, para efeito de lei, os acidentes que ocorrem no local e no horário de trabalho; as doenças do
trabalho, constantes ou não de relações oficiais; os acidentes que ocorrem fora dos limites da empresa e fora do
horário normal de trabalho, estes sob certas condições. Para a legislação previdenciária, portanto, somente o acidente
do trabalho que cause prejuízo físico ou orgânico é enquadrado como tal.

Analisando o problema do ponto de vista prevencionista qualquer ocorrência anormal que prejudique a produtividade
já pode ser considerado um acidente. Se uma pilha de sacas de café, mal estocada, desabar e atingir um empregado,
causando-lhe alguma lesão, temos caracterizado o acidente do trabalho legal. Se não atingir nenhum empregado e
apenas tivermos perda de tempo para recolocar o material em seu respectivo local, do ponto de vista prevencionista o
acidente do trabalho também ocorreu.

Em outras palavras, qualquer ocorrência não programada, que interfira no processo produtivo, causando perda de
tempo, constitui um acidente do trabalho.

1.3.2 - CAUSAS DOS ACIDENTES

Em principio, temos três causas principais causadoras de acidentes:

1. Comportamentos inadequados, entendidos como atitudes inadequadas ou, ainda, atos inseguros.

2. Condições inadequadas, inerentes às instalações, como máquinas e equipamentos ou, comumente chamada
condições inseguras.

3. Fator pessoal de segurança, relativo ao comportamento humano, que leva a pratica do ato inseguro.

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Estudos técnicos, principalmente no campo da engenharia, são capazes de, com o tempo, eliminar as condições
inseguras. Quando se fala, porém, do elemento homem, apenas técnicas não são suficientes para evitar uma falha nas
suas atitudes.

Sob o ponto de vista prevencionista, causa de acidente é qualquer fator que, se removido a tempo teria evitado o
acidente. Os acidentes não são inevitáveis, não surgem por acaso, eles, na maioria das vezes, são causados, e,
portanto possíveis de prevenção, através da eliminação a tempo de suas causas. Estas podem decorrer de fatores
pessoais (dependentes, portanto, do homem) ou materiais (decorrentes das condições existentes nos locais de
trabalho).

Vários autores, na analise de um acidente, consideram como causa do acidente o ato ou a condição que originou a
lesão, ou o dano. No nosso entendimento, devem ser analisadas todas as causas, desde a mais remota, o que
permitirá um adequado estudo e posterior neutralização ou eliminação dos riscos.

Existe então a necessidade do envolvimento de profissionais de outras áreas, principalmente de Ciências Humanas
para se obter uma evolução neste setor.

Até o presente momento, nenhuma das máquinas construídas, nenhum dos produtos químicos obtidos por síntese e
nenhuma das teorias sociais formuladas alterou fundamentalmente a natureza humana. As formas de
comportamento, que devem ser levadas em consideração no esforço de prevenir atos inseguros, deverá ser
analisadas de modo bastante abrangente.

No treinamento de integração baseado na função a ser desenvolvida pelo novo empregado ou na reciclagem dos
funcionários mais antigos, deverá ser reforçado o conhecimento das regras de segurança,instruções básicas sobre
prevenção de incêndio e treinamento periódico de combate ao fogo, informações sobre ordem e limpeza, cor na
segurança do trabalho, sinalização, cursos de primeiros socorros, levantamento, transporte e manuseio de materiais,
integram uma política de segurança, visando a diminuição dos acidentes causados por atos inseguros. Sendo a
segurança do trabalho basicamente de caráter prevencionista, recomenda-se, ainda, uma pesquisa bibliográfica, no
sentido de identificar possíveis riscos no processo de produção, antes mesmo que ocorram acidentes, isto é, a simples
analise de risco, mesmo que não acuse nenhum acidente, deve ser encarada como mais um subsidio para a prevenção
de acidentes e eliminação de causas..

A ocorrência de uma única morte, além da perda para a família do trabalhador, representa um prejuízo para a nação
de 20 anos ou 6.000 dias, em média, de trabalho produtivo.

Condição insegura

Condição insegura em um local de trabalho são as falhas físicas que comprometem a segurança do trabalhador, em
outras palavras, as falhas, defeitos, irregularidades técnicas, carência de dispositivos de segurança e outros, que põem
em risco a integridade física e/ou a saúde das pessoas, e a própria segurança das instalações e dos equipamentos.

Nós não devemos confundir a condição insegura com os riscos inerentes a certas operações industriais. Por exemplo:
a corrente elétrica é um risco inerente aos trabalhos que envolvem eletricidade, ou instalações elétricas; a
eletricidade, no entanto, não pode ser considerada uma condição insegura, só por ser perigo. Instalações mal feitas ou
improvisadas, fios expostos, etc., são condições inseguras; a energia elétrica em si, não.

A corrente elétrica, quando devidamente isolada do contato com as pessoas, passa a ser um risco controlado e não
constitui uma condição insegura.

Apesar da condição insegura ser possível de neutralização ou correção, ela tem sido considerada responsável por 16%
dos acidentes.Exemplos de condições inseguras:

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Proteção mecânica inadequada;

Condição defeituosa do equipamento (grosseiro, cortante,

scorregadio, corroído, fraturado, qualidade inferior, etc.), escadas,

pisos, tubulações (encanamentos); - Projeto ou construções inseguras;

Processos, operações ou disposições (arranjos) perigosos (empilhamento perigoso, armazenagem, passagens


obstruídas, sobrecarga sobre o piso, congestionamento de maquinaria e operadores, etc.);

Iluminação inadequada ou incorreta;

Ventilação inadequada ou incorreta.

Comportamento inadequado

Comportamento inadequado é a maneira pela qual o trabalhador se expõe, consciente ou inconscientemente a riscos
de acidentes. Em outras palavras é um certo tipo de comportamento que leva ao acidente.

Vemos que se trata de uma violação de um procedimento consagrado, vio1ação essa, responsável pelo acidente.

Segundo estatísticas correntes, cerca de 84% do total dos acidentes do trabalho são oriundos do próprio trabalhador.
Portanto, os atos inseguros no trabalho provocam a grande maioria dos acidentes; não raro o trabalhador se serve de
ferramentas inadequadas por estarem mais próximas ou procura limpar máquinas em movimento por ter preguiça de
desligá-las, ou se distrai e desvia sua atenção do local de trabalho, ou opera sem os óculos e aparelhos adequados. Ao
se estudar os atos inseguros praticados, não devem ser consideradas as razões para o comportamento da pessoa que
os cometeu, o que se deve fazer tão somente é relacionar tais atos inseguros. Veremos os mais comuns:

• Levantamento impróprio de carga (com o esforço desenvolvido a custa da musculatura das costas);

• Permanecer em baixo de cargas suspensas;

• Manutenção, lubrificação ou limpeza de máquinas em movimento;

• Abusos, brincadeiras grosseiras, etc.;

• Realização de operações para as quais não esteja devidamente autorizado e treinado;

• Remoção de dispositivos de proteção ou alteração em seu funcionamento, de maneira a torná-los ineficientes;

• Operação de máquinas a velocidades inseguras;

• Uso de equipamento inadequado, inseguro ou de forma incorreta (não segura);

• Uso incorreto do equipamento de proteção individual necessário para a execução de sua tarefa ou o não uso do
mesmo.

Fator pessoal de insegurança

É a característica mental ou física que ocasiona o ato inseguro e que em muitos casos, também criam condições
inseguras ou permitem que elas continuem existindo.

Na prática, a indicação do fator pessoal pode ser um tanto subjetiva, mas no cômputo geral das investigações
processadas, e para fim de estudo, essas indicações serão sempre úteis.

Os fatores pessoais mais predominantes são:

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• atitude imprópria (desrespeito às instruções),

• má interpretação das normas,

• excesso de confiança,

• falta de conhecimento das práticas seguras,

• falta de experiência da tarefa ou da área,

• incapacidade física para o trabalho.

1.3.3 - DETERMINAÇÃO DAS CAUSAS

Os seis fatores relatados são de suma importância na determinação das causas do acidente. Ocorrem eles em
determinada seqüência, para determinar o resultado final.

O melhor método de por em prática a análise das causas de um acidente com a finalidade de prevenção, reside na
utilização dos fatores como guia de análise das condições de trabalho, e determinação das fontes de acidentes, de
modo a permitir a adoção de medidas preventivas. Isso pressupõe, a identificação de cada agente para o competente
levantamento das causas de acidente. Resumindo podemos dizer que na determinação da causa devemos levar em
conta: fatores pessoais, que são dependentes do homem, os quais originam o ato inseguro e fatores materiais que são
dependentes das condições existentes nos locais de trabalho e que originam a condição insegura; os dois fatores se
encadeiam o que nos leva a dizer que o acidente resulta do ato mais condição insegura.

Impropriedade do termo “Descuido”

O descuido foi e continua sendo apresentado como a maior causa de acidentes do trabalho. Em vários levantamentos
de acidentes com perda de tempo, examinados, tivemos oportunidade de constatar que as causas mais freqüentes
dos acidentes investigados eram o descuido, a falta de atenção, a distração e outras mais, nenhuma porém,
relacionada a condições inseguras.

Sem dúvida, o caminho mais fácil a seguir numa análise de acidentes seria atribuir ao descuido do operário a
ocorrência do acidente.

Devemos lembrar que como o “descuido” não é uma causa direta de acidentes devemos procurar as causas reais, ou
mais diretas, que podem resultar em um ato inseguro.

Em geral iniciamos nossa investigação, pelas conseqüências da lesão, tais como: cortes, queimaduras, escoriações,
fraturas ósseas, choque, etc. Estes são os resultados de acidentes, não causas. A seguir, passamos para o tipo de
acidente, tal como estudamos anteriormente.

Então procuramos quaisquer condições inseguras que possam ter sido inteira ou parcialmente responsáveis pelo
acidente. Estas poderiam ser: impropriedade dos anteparos das máquinas ou transmissões; equipamento defeituoso;
arranjo físico perigoso; iluminação deficiente; etc.

Também procuramos quaisquer atos inseguros que possam ter procedido ao acidente, tais como:

• Falta de uso de equipamento de segurança;

• Uso do equipamento de modo incorreto;

• Execução da tarefa sem autorização;

• Trabalho a uma velocidade insegura;

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• Uso de equipamento defeituoso;

• Carregamentos de risco;

• Postura inadequada;

• Conserto ou lubrificação de maquinaria em movimento;

• Brincadeiras;

• Dispositivos de segurança tornados inoperantes.

Concluímos dizendo que o termo descuido não deve ser empregado com referência à causa de um ato inseguro ou de
um acidente. Devemos procurar a causa real entre as atitudes falhas.

1.3.4 - ELIMINAÇÃO DAS CAUSAS DE ACIDENTES

Tendo em vista que as causas de acidentes se devem a falhas humanas e falhas materiais a prevenção de acidentes
deve visar:

• A eliminação da prática de atos inseguros

• A eliminação das condições inseguras.

Os primeiros, poderão ser eliminados inicialmente através de seleção profissional e exames médicos adequados e
posteriormente através da educação e treinamento e, as segundas, através de medidas de engenharia que garantam a
remoção das condições de insegurança no trabalho.

Nesse particular, convém lembrarmos da “Regra EDE”, relativa aos problemas de segurança do trabalho:

• “E” (engenharia, medidas de ordem técnicas);

• “D” (disciplina, medidas que visam que os métodos de trabalho seguro sejam devidamente observados);

• “E” (educação, o ensino da segurança a todo o pessoal), deve convencer a administração a corrigir as condições
inseguras reveladas pela “engenharia”, instalar e subvencionar um programa de segurança, treinar os trabalhadores,
obter seu apoio para o programa e conquistar a cooperação de todos os supervisores.

“A segurança do trabalho não é somente um problema de pessoal, mas envolve uma engenharia, um conhecimento
de legislação específica, cujo sucesso é função direta da habilidade de vender o programa à gerência e aos
trabalhadores”.

1.3.5 - COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE

Como ponto de partida para qualquer estudo de Prevenção de Acidentes, necessário se faz definir o que seria o
acidente do trabalho.

Legalmente, a definição é dada pelo Decreto n0. 2.172, de 05 de março de 1997, no “Regulamento dos Benefícios de
Previdência Social”.

“Art. 131 - Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou ainda pelo
exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte
a perda ou redução da capacidade permanente ou temporária”.

Pode-se notar, portanto, que a legislação especifica “exercício do trabalho ou a serviço da empresa”, e, mais ainda,
que esse acidente cause incapacidade para o trabalho ou a morte do empregado.

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Há casos, porém, de acidentes que, embora não se enquadrem na definição de acidentes do trabalho, podem ser
encarados como tal:

I - a doença profissional ou do trabalho, assim entendida a inerente ou peculiar a determinado ramo de atividade e
constante do anexo v;

II - o acidente que, ligado ao trabalho, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a
morte ou a perda, ou a redução da capacidade para o trabalho;

III - a doença proveniente de contaminação acidental de pessoal da área medica, no exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo empregado no local e horário do trabalho, em conseqüência de:

a) ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiro, inclusive companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro motivo de disputa relacionada com o trabalho;

c) ato de imprudência, de negligencia ou de imperícia de terceiro, inclusive companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação ou incêndio;

f) outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.

V - o acidente sofrido pelo empregado ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, seja qual for o meio de locomoção utilizado, inclusive veiculo de propriedade do

empregado

d) no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquela.

e) no percurso para o local de refeição ou na volta dele, em intervalo do trabalho.

Para a Segurança do Trabalho, o acidente do ponto de vista prevencionista ocorre sempre que um fato não
programado modifica ou põe fim a realização de um trabalho, o que ocasiona sempre perda de tempo. Outras
conseqüências podem advir, tais como danos materiais (aos equipamentos, produtos fabricados, etc.) e lesões (ao
operador e/ ou colegas próximos ao local).

A esquematização do sistema de comunicação de acidentes será elaborada a partir das conseqüências do acidente,
que podem ser classificadas em:

• sem lesão;

• lesão leve (acidente sem afastamento) ;

• lesão incapacitante (acidente com afastamento).

Essa classificação é feita no sentido de facilitar o entendimento.

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A Associação Brasileira de Normas Técnicas editou uma norma de cadastro de acidentes (NB-18) em 1958, a qual já
passou por duas reformulações, em 1967 e 1975, as quais não têm caráter legal apenas normativo. Os conceitos aqui
apresentados envolvem não só uma compilação dessa Norma mas também aspectos legais.

Qualquer acidente, mesmo aquele sem lesão já ocasiona perda de tempo para normalização das atividades podendo
ocasionar ainda, danos materiais. Não existe a necessidade legal de comunicação aos órgãos da Previdência Social
quando não há lesão do trabalhador, se este retornar ao trabalho no mesmo dia ou no dia seguinte, no horário
normal. O acidente sem afastamento seria aquele que o acidentado, embora tenha sofrido uma lesão, pode retornar
ao trabalho no mesmo dia ou no dia seguinte, em seu horário regulamentar de entrada.

Ocorrido o acidente e não acontecendo o retorno do acidentado ao trabalho no mesmo dia ou dia seguinte de
trabalho, no horário normal, passamos a considerar esse acidente como acidente com afastamento, cuja
conseqüência é uma incapacidade temporária total, ou uma incapacidade permanente parcial ou total, ou mesmo a
morte do acidentado.

Esquematizando, os acidentes com lesão ou perturbação funcional compreendem:

Acidente :

» Sem afastamento

» Com afastamento

É o acidente que provoca a:

Incapacidade temporária

É a perda total da capacidade de trabalho por um período limitado de tempo, nunca superior a um ano. É aquela em
que o acidentado, depois de algum tempo afastado do serviço, devido ao acidente, volta ao mesmo serviço
executando suas funções normalmente, como fazia antes do acidente

Incapacidade parcial

É a redução parcial da capacidade de trabalho do acidentado, em caráter permanente:

Exemplos: Perda de um dos olhos. Perda de um dedo.

Incapacidade total

É a perda da capacidade total para o trabalho em caráter permanente.

Exemplo: Perda de uma das mãos e dos dois pés, mesmo que a prótese seja possível.

A comunicação de acidentes será tanto mais complexa quanto mais grave for a sua conseqüência. Os acidentes que
não ocasionam lesão (como a simples queda de um fardo de algodão da respectiva pilha) tornam-se importantes pela
possibilidade de que, no caso do exemplo citado, havendo repetição do fato, o fardo pode atingir algum operário.
Deverão, portanto , ser estudadas as causas dessa queda para evitar fatos semelhantes, acionando-se o encarregado
do setor, o chefe do departamento e o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho,
quando houver, ou então a CIPA. No caso de um acidente sem afastamento, com uma lesão leve, portanto, além dos
elementos citados anteriormente também o enfermeiro ou médico será envolvido.

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Quando em virtude do acidente ocorre lesão ou perturbação; funcional que cause incapacidade temporária total,
incapacidade permanente parcial ou total, ou a morte do acidentado, as providências a serem tomadas quanto à sua
comunicação no âmbito da empresa são:

a) da própria vítima ou de colegas ao encarregado do setor (normalmente oral);

b) do encarregado do setor ao chefe do departamento (normalmente oral )

c) do chefe de departamento à direção da empresa e ao departamento de segurança (por escrito).

A empresa deverá comunicar ao INSS, em, no máximo, vinte e quatro horas, da ocorrência do acidente, através do
preenchimento da ficha de Comunicação de Acidente do Trabalho.

Art. 134. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à previdência social até o primeiro dia útil seguinte ao
da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite
mínimo e o limite máximo do salário –de -contribuição,

sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada na forma do art. 109 do Regulamento da
Organização e do Custeio da Seguridade Social -ROCSS.

§ 1º Da comunicação a que se refere este artigo receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o
sindicato a que corresponda a sua categoria.

§ 2º Na falta do cumprimento do disposto no caput, caberá ao setor de benefícios do Instituto Nacional do Seguro
Social-INSS comunicar a ocorrência ao setor de fiscalização, para a aplicação e cobrança da multa devida.

§ 3º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a
entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos
o prazo previsto neste artigo.

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§ 4º A comunicação a que se refere o § 3º não exime a empresa de responsabilidade pela falta do cumprimento do
disposto neste artigo.

§ 5º Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela previdência social, das
multas previstas neste artigo.

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1.3.6 - INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

As peculiaridades inerentes a cada industria, tais como espaço físico, produto fabricado, processo, tipo de máquinas e
equipamentos, características socioeconômicas da região onde se localiza essa industria, etc., podem criar riscos de
acidentes de difícil detecção.

Em casos de acidentes do trabalho, somente uma investigação cuidadosa, isto é, uma verificação dos dados relativos
ao acidentado (comportamento, atividade exercida, tipo de ocupação data e hora do acidente), possibilita a
descoberta de determinados riscos.

Temos, então, determinada outra atividade de prevenção de acidentes, baseada não só em conhecimentos teóricos,
mas também na descoberta de novos riscos e soluções, com base na capacidade de dedução e/ou indução. A partir da
descrição do acidente, de informações recolhidas junto ao chefe de seção ou encarregado, de um estudo do local do
acidente, da vida pregressa do acidentado, poderá o responsável pela investigação determinar causas do acidente que
originem uma nova atividade para o Serviço de Segurança; podemos investigar. por exemplo, a possibilidade de
problemas psicológicos levaram o trabalhador a se acidentar. Surge, então, a figura do assistente social, do psicólogo,
entre outros, para, em conjunto com o Serviço de Segurança, desenvolver um novo programa de prevenção de
acidentes. A seguir, damos exemplo de uma ficha de investigação de acidentes.

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1.3.7 - NORMAS REGULAMENTADORAS – PORTARIA 3.214/78 DO TEM

As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas
empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos
Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

A observância das Normas Regulamentadoras - NR não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições
que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos estados ou
municípios, e outras, oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho.

A Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho - SSST é o órgão de âmbito nacional competente para coordenar,
orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho, inclusive a
Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho - CANPAT, o Programa de Alimentação do Trabalhador
- PAT e ainda a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do
trabalho em todo o território nacional.

A Delegacia Regional do Trabalho - DRT, nos limites de sua jurisdição, é o órgão regional competente para executar as
atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção dos
Acidentes do Trabalho -CANPAT, o Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT e ainda a fiscalização do
cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho.
NR 1 – Disposições Gerais
NR 2 – Inspeção Prévia
NR 3 – Embargo ou Interdição
NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina doTrabalho
NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual
NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
NR 8 – Edificações
NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
NR 10 – Instalações e Serviços em Eletricidade
NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de
Materiais
NR 12 – Máquinas e Equipamentos
NR 13 – Caldeiras e Vasos de Pressão
NR 14 – Fornos
NR 15 – Atividades e Operações Insalubres
NR 16 – Atividades e Operações Perigosas
NR 17 – Ergonomia
NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industria da
Construção
NR 19 – Explosivos
NR 20 – Líquidos Combustíveis e Inflamáveis
NR 21 – Trabalho a Céu Aberto
NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
NR 23 – Proteção Contra Incêndios
NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
NR 25 – Resíduos Industriais
NR 26 – Sinalização de Segurança
NR 27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho
no MTE
NR 28 – Fiscalização e Penalidades
NR 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário
NR 31 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no
Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e

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Aqüicultura
NR 32 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no
Trabalho em Estabelecimentos de Saúde.
NR 33 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no
Trabalho Espaços Confinados.
NORMAS REGULAMENTADORAS RURAIS
NR 1 – Disposições Gerais
NR 2 - Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do
Trabalho Rural – SEPATR
NR 3 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho
Rural – CIPATR
NR 4 - Equipamento de Proteção Individual – EPI
NR 5 - Produtos Químicos

2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

2.1 - INTRODUÇÃO
Podem existir nos locais de trabalho, condições que poderão ocasionar danos à saúde ou à integridade física do
empregado. Estes riscos devem ser neutralizados ou eliminados por meio da utilização dos equipamentos de
proteção, que oferecem:

Proteção Coletiva: beneficiam a todos os empregados indistintamente.

Proteção Individual: protegem apenas a pessoa que utiliza o equipamento.

Nota: A empresa é obrigada fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:

a) Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não oferecerem completa proteção
contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho;

b) Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;

c) Para atender situação de emergência.

Equipamento de Proteção Coletiva – EPC

São os que, quando adotados, neutralizam o risco na própria fonte. As proteções em furadeiras, serras, prensas; os
sistemas de isolamento de operações ruidosas; os exaustores de gases e vapores; as barreiras de proteção;
aterramentos elétricos; os dispositivos de proteção em escadas, corredores, guindastes e esteiras transportadoras são
exemplos de proteção coletivas.

Equipamento de Proteção Individual – EPI

O equipamento de proteção individual (EPI) é todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou
estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador e, que possua C.A. – Certificado de
Aprovação.

2.2 - OBRIGAÇÕES DO EMPREGADOR QUANTO AO EPI:


1. Fornecer ao empregado, gratuitamente, EPI adequado ao risco da atividade, que seja aprovado pelo MTE –
Ministério do Trabalho e Emprego;

2. Treinar o trabalhador sobre o uso adequado;

3. Tornar obrigatório o uso;

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4. Substituí-lo, imediatamente, quando o mesmo estiver danificado ou for extraviado;

5. Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;

6. Informar ao MTE qualquer irregularidade verificada no mesmo.

2.3 - OBRIGAÇÕES DO EMPREGADO QUANTO AO EPI:


1. Utilizá-lo apenas para a finalidade a que ele se destina;

2. Responsabilizar-se pela sua guarda e conservação;

3. Informar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para o uso.

Seleção do EPI

A seleção deve ser feita por pessoal competente, conhecedor não só dos equipamentos como, também, das
condições em que o trabalho é executado.

É preciso conhecer as características, qualidade técnicas e, principalmente, o grau de proteção que o equipamento
deverá proporcionar.

Características e Classificação dos EPI

Pode-se classificar os EPI, agrupando-os segundo a parte do corpo que devem proteger:

Proteção da Cabeça

• Capacete: Protege de impacto de objeto que cai ou é projetado e de impacto contra objeto imóvel e somente estará
completo e em condições adequadas de uso se composto de:

• Casco: é o capacete propriamente dito;

• Carneira: armação plástica, semi-elástica, que separa o casco do couro cabeludo e tem a finalidade de absorver a
energia do impacto;

• Jugular: presta-se à fixação do capacete à cabeça.

O capacete de celeron se presta, também, à proteção contra radiação térmica.

Proteção dos Olhos

Óculos de segurança: Protegem os olhos de impacto de materiais projetados e de impacto contra objetos imóveis. Os
óculos de segurança são, comprovadamente, muito eficazes quanto à proteção contra impactos.

Para a proteção contra aerodispersóides (poeira), existem os óculos ampla visão, que envolvem totalmente a região
ocular. Onde se somamos riscos de impacto e intensa presença de aerodispersóides (poeira), a afetiva proteção dos
olhos se obtém com o uso dos dois EPI - óculos de segurança (óculos basculavel) óculos ampla visão, ao mesmo
tempo.

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Proteção Facial

Protetor facial: Protege todo o rosto de impacto de materiais projetados e de calor radiante, podendo ser acoplado ao
capacete. É articulado e tem perfil côncavo e tamanho e altura que permitem cobrir todo o rosto, sem tocá-lo, sendo
construído em acrílico, alumínio ou tela de aço inox.

Figura 2.2

Proteção das Laterais e Parte Posterior da Cabeça Capuz:

Protege as laterais e a parte posterior da cabeça (nuca) de projeção de fagulhas, poeiras e similares. Para uso em
ambientes de alta temperatura, o capuz é equipado com filtros de luz, permitindo proteção também contra
queimaduras.

Proteção Respiratória

Máscaras: Protegem as vias respiratórias contra gases tóxicos, asfixiantes e contra aerodispersóides (poeira). Elas
protegem não somente de envenenamento e asfixias, mas, também, da inalação de substâncias que provocam
doenças ocupacionais (silicose, siderose,etc.).Há vários tipos de máscaras para aplicações específicas, com ou sem
alimentação de ar respirável.

Figura 2.3

Proteção de Membros Superiores

Protetores de punho, mangas e mangotes: Protegem o braço,inclusive o punho, contra impactos cortantes e
perfurantes,queimaduras, choque elétrico, abrasão e radiações ionizantes e não ionizantes.

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Luvas: Protegem os dedos e as mãos de ferimentos cortantes e perfurantes, de calor, choques elétricos, abrasão e
radiações ionizantes.

Proteção Auditiva

Protetor auricular: Diminui a intensidade da pressão sonora exercida pelo ruído contra o aparelho auditivo. Existem
em dois tipos básicos:
• Tipo Plug (de borracha macia, espuma, de poliuretano ou PVC), que é introduzido no canal auditivo.
• Tipo Concha, que cobre todo o aparelho auditivo e protege também o sistema auxiliar de audição (ósseo).

O protetor auricular não anula o som, mas reduz o ruído (que é o som indesejável) a níveis compatíveis com a saúde
auditiva. Isso significa que, mesmo usando o protetor auricular, ouve-se o som mais o ruído, sem que este afete o
usuário.

Figura 2.4

Proteção do Tronco

Paletó: Protege troncos e braços de queimaduras, perfurações,projeções de materiais particulados e de abrasão, calor
radiante e de frio.

Avental: Protege o tronco frontalmente e parte dos membros inferiores - alguns modelos (tipo barbeiro) protegem
também os membros superiores - contra queimaduras, calor, radiante, perfurações, projeção de materiais
particulados, ambos permitindo uma boa mobilidade ao usuário.

Figura 2.5

Proteção da Pele

Luva química: Creme que protege a pele, membros superiores, contra a ação dos solventes, lubrificantes e outros
produtos agressivos.

Proteção dos Membros Inferiores Calçado de segurança: Protege os pés contra impactos de objetos que caem ou são
projetados, impactos contra objetos imóveis e contra perfurações. Por norma, somente é de segurança o calçado que
possui biqueira de aço para proteção dos dedos.

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Perneiras: Protegem a perna contra projeções de aparas, fagulhas, limalhas, etc., principalmente de materiais
quentes.

Figura 2.6

Proteção Global Contra Quedas Cinto de segurança: Cinturões antiquedas que protegem o homem nas atividades
exercidas em locais com altura igual ou superior a 2 (dois) metros, composto de cinturão, propriamente dito, e de
talabarte, extensão de corda (polietileno, nylon, aço, etc.) com que se fixa o cinturão à estrutura firme.

Figura 2.7 - Guarda e Conservação do EPI

Quando na troca de usuário

De um modo geral, os EPI devem ser limpos e desinfetados, cada vez em que há troca de usuário.

Guarda do EPI

O empregado deve conservar o seu equipamento de proteção individual e estar conscientizado de que, com a
conservação, ele estará se protegendo quando voltar a utilizar o equipamento.

Conservação do EPI

O EPI deve ser mantido sempre em bom estado de uso.Sempre que possível à verificação e a limpeza destes
equipamentos devem ser confiados a uma pessoa habilitada para esse fim. Neste caso, o próprio empregado pode se
ocupar desta tarefa, desde que receba orientação para isso.Muitos acidentes e doenças do trabalho ocorrem devido à
não observância do uso de EPI. A eficácia de um EPI depende do uso correto e constante no trabalho onde exista o
risco.

Exigência Legal para Empresa e Empregado

O uso de equipamento de proteção individual, além da indicação técnica para operações locais e empregados
determinados, é exigência constante de textos legais. A Seção IV, do Capítulo V da CLT cuida do Equipamento de
Proteção Individual em dois artigos, a saber:

“Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual
adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral
não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.”

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“Art. 167 - O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de
Aprovação do Ministério do Trabalho - CA. Por outro lado, a regulamentação de segurança e medicina do trabalho em
sua Norma Regulamentadora 1 - item 1.8, cuida minuciosamente do Equipamento de Proteção Individual,
mencionando,entre outras coisas, as obrigações do empregado, que incluem o dever de utilizar a proteção fornecida
pela empresa”.

3 RISCOS AMBIENTAIS
Os ambientes de trabalho podem conter, dependendo da atividade que neles é desenvolvida, um ou mais fatores ou
agentes que, dentro de certas condições, irão causar danos à saúde do pessoal. Chamam-se, esses fatores, riscos
ambientais. Os riscos ambientais exigem a observação de certos cuidados e a tomada de medidas corretivas nos
ambientes, se pretende evitar o aparecimento das chamadas doenças do trabalho.

A Portaria 3214 de Segurança e Medicina do trabalho do Ministério do Trabalho na sua Norma Regulamentadora de
nº 09, contempla o Programa de Proteção aos Riscos Ambientais - PPRA - que tem como objetivo de antecipação,
identificação, avaliação e controle de todos os fatores do ambiente de trabalho que podem causar doenças ou danos à
saúde dos empregados.

Segue-se uma série de informações básicas relativas aos Riscos Ambientais, com enumeração dos principais fatores,
das condições possíveis de risco para a saúde e das medidas gerais para o controle desses fatores nos ambientes de
trabalho.

3.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS


Os riscos ambientais estão divididos em três grupos: riscos físicos, riscos químicos e riscos biológicos, porém
acrescentaremos ainda os riscos ergonômicos e riscos de acidentes, em função da obrigatoriedade da CIPA em
elaborar o Mapa de Riscos.

3.1.1 - RISCOS FÍSICOS


São representados por fatores do ambiente de trabalho que podem causar danos à saúde, sendo os principais: o calor,
o ruído ou barulho, as radiações, o trabalho com pressões anormais, a vibração e a má iluminação.

3.1.2 - RISCOS QUÍMICOS


São representados por um grande número de substâncias que podem contaminar o ambiente de trabalho.

3.1.3 - RISCOS BIOLÓGICOS


São representados por uma variedade de microrganismos com os quais o empregado pode entrar em contato,
segundo o seu tipo de atividade,e que podem causar doenças.

3.1.4 - RISCOS ERGONÔMICOS


Esforço físico, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de
produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas,
monotonia e repetividade.

3.2 - RISCOS DE ACIDENTES


Arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas,
iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais
peçonhentos e outras situações de riscos.
Fatores que colaboram para que os Produtos ou Agentes causem danos à Saúde. Nem todo produto ou agente,
presente no ambiente, irá causar obrigatoriamente um dano à saúde. Para que isso ocorra, é preciso que haja uma
inter-relação entre os fatores que serão expostos a seguir:

O tempo de exposição
Quanto maior o tempo de exposição, de contato, maior são as possibilidades de se desenvolver um dano à saúde e
vice-versa.

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A concentração do contaminante no ambiente


Quanto maiores as concentrações, maiores as chances de aparecerem problemas.

O quanto a substância é tóxica


Algumas substâncias são mais tóxicas que outras se comparadas em relação a uma mesma concentração.

A forma em que o contaminante se encontra


Isto é, se em forma de gás, líquido ou neblina, ou poeira. Isto tem relação com a forma de entrada do tóxico no
organismo, como será visto adiante.

A possibilidade de as pessoas absorverem as substâncias


Algumas substâncias só são capazes de entrar no organismo por inalação ou, então, pela pele.
Deve-se acentuar que é importante conhecer cada caso em separado. Havendo dúvida quanto à existência ou não de
perigo, o interessado
deve procurar um membro da CIPA ou do Serviço Especializado ou, ainda, o seu gerente.

Vias de Entrada dos Materiais Tóxicos no Organismo

Três são as formas pelas quais os materiais tóxicos podem penetrar no organismo humano:

Por inalação

Quando se está num ambiente contaminado, pode-se absorver uma substância nociva por inalação, isto é, pela
respiração.

Figura 3.0

Por contato com a pele, ou via cutânea

A pele pode absorver certas substâncias se houver contato, mesmo que por poucos instantes. Dessa forma, o tóxico
pode atingir o sangue e causar dano à saúde.

Figura 3.1

Por ingestão

Ou seja, ao se engolir, acidentalmente, o tóxico Isso acontece muito quando são comidos ou bebidos alimentos que
estão contaminados com quantidades não visíveis de substâncias nocivas. É por essa razão que nunca se deve fazer as
refeições no próprio posto de trabalho. E, também, não se deve ir para o refeitório ou para casa sem antes efetuar
um perfeito asseio pessoal: lavar as mãos e rosto com sabão e bastante água.

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Figura 3.2

Riscos Físicos

Há fatores no ambiente do trabalho cuja presença, tendendo aos limites de excesso ou falta, podem tornar-se
responsáveis por variadas alterações na saúde do empregado.

Calor

O calor ocorre geralmente em fundições, siderúrgicas, cerâmicas, indústrias de vidro, etc. Quanto aos efeitos, sabe-se
que o organismo pode adaptar-se aos ambientes quentes, dentro de certos limites .Quando há exposição excessiva ao
calor, pode ocorrer uma série de problemas, como câimbras, insolação ou intermação, ou, ainda, uma afecção nos
olhos chamada de catarata.

Ruído ou barulho

Ocorre na indústria em geral, mas, principalmente, nas tecelagens, estamparias, no rebarbamento por marteletes nas
fundições, etc. O ruído excessivo tem vários efeitos no ser humano, variando de pessoa para pessoa, como a
irritabilidade, entre outros. Entretanto, seu efeito principal, comprovado quando as pessoas são expostas a altos
níveis de ruído por tempos longos, é o dano à audição, que leva a vários graus de surdez.

Radiação não ionizantes

Radiação infravermelho

É o calor radiante cujos efeitos são, justamente, os mencionados acima em “calor”. Onde há corpos aquecidos, há
calor radiante que é emitido em todas as direções.

Radiação ultravioleta

É um tipo de radiação que está presente principalmente nas seguintes operações: solda elétrica, fusão de metais a
temperatura muito alta, nas lâmpadas germicidas, nos geradores de ozona. Seus efeitos são térmicos, causando
queimaduras, eritemas (vermelhidão) na pele, e, também, inflamação nos olhos (conjuntivite). Os efeitos são
retardados, aparecendo com maior força 6 a 12 horas após a exposição.

Radiações ionizantes

Podem ser provenientes de materiais radioativos ou de aparelhos especiais. Exemplos: aparelhos de raio-x (quando
indevidamente utilizados), radiografias industriais de controle (gamagrafia). Os efeitos das exposições descontroladas
a radiações ionizantes, por mau controle dos processos, são em geral sérios: anemia, leucemia, certos tipos de câncer
e efeitos que só aparecem nas gerações seguintes (genéticos).

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Trabalhos com pressões anormais

São os trabalhos em que o homem é submetido a pressões diferentes da atmosférica, na qual vive normalmente.
Esses trabalhos exigem um controle rígido das operações, principalmente na etapa de descompressão e volta à
pressão normal. Ocorrência: em trabalhos submarinos, no trabalho em tubulações e caixões pneumáticos. Os efeitos
são: problemas nas articulações, desde dores até paralisia, e outros problemas mais graves que podem ser fatais.

Vibrações

As vibrações ocorrem, principalmente, nas grandes máquinas pesadas: tratores, escavadeiras, máquinas de
terraplanagem, que fazem vibrar o corpo inteiro, e nas ferramentas manuais motorizadas que fazem vibrar as mãos,
braços e ombros. Os problemas provenientes das vibrações aparecem em geral após longo tempo de exposição
(vários anos). No caso de vibração do corpo inteiro, podem aparecer dores na coluna, problemas nos rins, enjôos (mal
de mar); no caso de vibrações localizadas nas mãos e braços, podem aparecer problemas circulatórios (má circulação
do sangue) e problemas nas articulações.O tempo longo de exposição e fatores como o frio têm muita influência no
aparecimento desses problemas.

Riscos Químicos

As substâncias químicas podem estar na forma de gases, vapores, líquidos, fumos, poeiras e névoas ou neblinas. Por
exemplo:

Vapores

Emanados de solventes como o benzol, o toluol, “thinners” em geral, desengraxantes como o tetracloreto de carbono,
o tricloroetileno.

Gases

Monóxido de carbono, gases dos processos industriais como o gás sulfídrico.

Líquidos

Que podem ser corrosivos, como os ácidos e a soda cáustica, ou irritantes, causando doenças da pele. Muitos líquidos
também podem ser absorvidos pela pele, causando prejuízo à saúde.

Névoas ou neblinas

Nos banhos de galvanoplastia, fosfatização e outros processos, onde se formam névoas ou neblinas de ácidos.

Fumos

Nos banhos de metais fundidos como o chumbo. Os fumos são pequenas partículas de metal ou de seus compostos,
provenientes do banho que ficam suspensos no ar.

Poeiras ou pós

Pó de serragem, poeira de rebarbação de peças fundidas no jateamento de areia ou granalha de aço.

Principais Efeitos no Organismo

Dentre os efeitos dos riscos químicos no organismo, destacam-se, como principais, os seguintes:

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Irritação

Irritação dos olhos, nariz, garganta, pulmões, da pele.

Geralmente, as substâncias que causam irritação se encontram na forma de gás ou vapor, mas podem, também, estar
no estado líquido ou sólido. Exemplos: vapores de ácidos, a amônia (amoníaco), certas poeiras. A irritação da pele é
causada pelo contato direto com líquidos ou poeiras, sendo exemplos os solventes “thinners”, e a poeira de caviúna.

Asfixia

Seja, a falta de oxigênio no organismo. Exemplos: monóxido de carbono (CO), gás carbônico (CO2), acetileno.

Anestesia

Isto é, uma ação sobre o sistema nervoso central, causando estado de sonolência ou tonturas. Geralmente, as
substâncias anestésicas estão no estado de gás ou vapor. Exemplos: vapores de éter etílico,acetona.

Intoxicação

Pode ser causada tanto por inalação como por contato com a pele ou ingestão acidental do tóxico, que pode estar na
forma sólida, líquida ou gasosa.

Exemplos: benzol, toluol, tricloroetileno, metanol, gasolina,inseticidas, fumos de chumbo, pó de chumbo (nas
tipografias).

Pneumoconiose

Isto é, uma alteração da capacidade respiratória devido a uma alteração no pulmão da pessoa. As substâncias que
causam esse tipo de doença estão na forma de poeira.

Exemplos: poeira de sílica livre cristalizada, contida no pó de mármore, areia, carepa de fundição (areia), poeira de
amianto ou asbesto, pós de algodão.

Riscos Biológicos

São os microrganismos presentes no ambiente de trabalho que podem trazer doenças de natureza moderada e,
mesmo, grave.
Eles se apresentam invisíveis a olho nu, sendo visíveis somente ao microscópio. Exemplos: as bactérias, bacilos, vírus,
fungos, parasitas,protozoários e outros.

Todos estão sujeitos à contaminação por esses agentes, seja em decorrência de ferimentos e machucaduras, seja pela
presença de colegas doentes ou por contaminação alimentar.

Exemplo: Nos ferimentos e machucaduras, pode ocorrer, entre outras, a infecção por tétano que pode até matar o
empregado. Os colegas podem trazer ao ambiente de trabalho os micróbios que causam hepatite, tuberculose,
micose das unhas e da pele.

Se o pessoal da copa e cozinha não tiver higiene e asseio, pode ocorrer contaminação das refeições, tendo como
possível conseqüência as diarréias.

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Para prevenção, usam-se as seguintes medidas:
Vacinação;

Figura 3.3

Equipamento de proteção individual;

Figura 3.4

Rigorosa higiene pessoal, das roupas e dos ambientes de trabalho;

Figura 3.5

Controle médico permanente

Figura 3.6

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Principais Medidas de Controle dos Riscos Ambientais


As principais medidas de controle dos riscos ambientais podem referir-se ao ambiente ou ao pessoal:

Medidas relativas ao ambiente


Substituição do produto tóxico

O produto tóxico pode ser substituído por outro produto menos tóxico ou inofensivo. Esta é a medida ideal, desde
que o substituto tenha qualidades próximas às do original. Também, deve-se tomar cuidado para não se criar um risco
maior, substituindo um produto tóxico por outro menos tóxico, mas altamente inflamável. Exemplos de substituições
corretas: benzeno substituído pelo tolueno; substituição de tintas à base de chumbo por tintas à base de zinco;
jateamento com areia substituído por jateamento de óxido de alumínio, etc.

Mudança do processo ou equipamento

Certas modificações em processos ou equipamentos podem reduzir muito os riscos ou, até, eliminá-los. Exemplos:
pintura a imersão ao invés de pintura a pistola (diminuindo-se a formação de vapores dos solventes); rebitagem
substituída por solda (menor barulho).

Enclausuramento ou confinamento

Consiste em isolar determinada operação do resto da área,diminuindo assim o número de pessoas expostas ao risco.
Exemplos: cabine de jateamento de areia; enclausuramento de uma máquina ruidosa.

Ventilação
Pode ser exautora, retirando o ar contaminado no local de formação do contaminante, ou diluidora, que é aquela que
joga ar limpo dentro do ambiente, diluindo o ar contaminado. Exemplos: nos tanques de solventes, nas operações
com colas, nas operações geradoras de poeiras, nos rebolos de rebarbamento de peças fundidas.

Figura 3.7

Umidificação

Onde há poeiras, o risco de exposição pode ser eliminado ou diminuído pela aplicação de água ou neblina. Muitas
operações, feitas a úmido, oferecem um risco bem menor à saúde. Exemplos: mistura de areias de fundição, varredura
a úmido.

Segregação

Segregação quer dizer separação. Nesta medida de controle, separa-se a operação ou equipamento do restante, seja
no tempo seja no espaço. Separar no tempo quer dizer fazer a operação fora do horário normal do resto do pessoal;
separar no espaço significa colocara operação a distância, longe dos demais. O número de pessoas expostas ficará
bastante reduzido e aqueles que devem ficar junto à operação irão receber proteção especial.

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Boa manutenção e conservação

Rigorosamente, estas medidas não podem ser consideradas formas específicas de prevenção de riscos. Entretanto, são
complementos de quaisquer outras medidas. Muitas vezes, a má manutenção é a causa principal dos problemas
ambientais. Os programas e cronogramas de manutenção devem ser seguidos à risca, dentro dos prazos propostos
pelos fabricantes dos equipamentos. Exemplos: ruído excessivo em estruturas e mancais; vazamentos de produtos
tóxicos; superaquecimento.

Ordem e limpeza

Boas condições de ordem e limpeza e asseio geral ocupam um lugar-chave nos sistemas de proteção ambiental. O pó,
em bancadas, rodapés e pisos, que se deposita nas horas calmas, pode rapidamente ser redispersado, no ar da sala,
por correntes de ar, movimento de pessoas ou funcionamento de equipamentos. O asseio é sempre importante e onde
há materiais tóxicos é importantíssimo, é primordial.

A limpeza imediata de qualquer derramamento de produtos tóxicos é importante medida de controle. Para a limpeza
de poeira, deve ser preferida a aspiração a vácuo; nunca o pó deve ser soprado com bicos de ar comprimido, para
efeito de limpeza. É impossível manter um bom programa de prevenção de riscos ambientais sem uma preocupação
constante nos aspectos de ordem e limpeza.

Medidas relativas ao pessoal

Equipamento de Proteção Individual

O equipamento de proteção individual deve ser sempre considerado como uma segunda linha de defesa, após serem
tentadas medidas relativas ao ambiente de trabalho. Nas situações onde não são eficientes medidas gerais e coletivas
relativas ao ambiente, a critério técnico, o EPI é a forma de proteção, aliada à limitação da exposição.

Figura 3.8

O uso correto do EPI por parte do empregado, o conhecimento das suas limitações e vantagens, são
aspectos que todo empregado deve conhecer através de treinamento específico, coordenado pelo
pessoal especializado em Segurança e Medicina do Trabalho.Especial cuidado deve ser tomado na
conservação da eficiência do EPI, sob pena de o mesmo se tornar uma arma de dois gumes,fornecendo ao empregado
confiança numa proteção inexistente.

Limitação de exposição

A redução dos períodos de trabalho tornam-se importante medida de controle onde e quando todas as outras forem
impraticáveis por motivos técnicos, locais (físicos) ou econômicos, não se conseguindo reduzir ou eliminar o risco.
Assim, a limitação da exposição, dentro de critérios bem definidos tecnicamente, pode tornar-se uma solução eficiente
em muitos casos. Exemplos: controle do tempo de exposição ao calor, às pressões anormais, às radiações ionizantes.

Controle Médico

Exames médicos pré-admissionais e periódicos são medidas fundamentais de caráter permanente, constituindo-se
numa das atividades principais dos serviços médicos da empresa. Uma boa seleção na admissão pode evitar a
contratação de pessoas que têm maior sensibilidade e que poderiam adquirir doenças relacionadas com certas
atividades. Os exames médicos periódicos dos empregados possibilitam, além de um controle de saúde geral do
pessoal, a descoberta e a detenção de fatores que podem levar a uma doença profissional, num estágio ainda inicial e
com pouca probabilidade de danos.

29
SMS
Análise Preliminar de Riscos

A Análise Preliminar de Riscos (APR) consiste do estudo, durante a fase de concepção ou desenvolvimento preliminar
de um novo projeto ou sistema, com a finalidade de se determinar os possíveis riscos que poderão ocorrer na sua fase
operacional.

A APR é utilizada portanto para uma análise inicial “qualitativa”,desenvolvida na fase de projeto e desenvolvimento de
qualquer processo, produto ou sistema, tendo especial importância na investigação de sistemas novos de alta
inovação e/ou pouco conhecidos, ou seja, quando a experiência em riscos na sua operação é deficiente. Apesar das
características básicas de análise inicial,é muito útil de se utilizar como uma ferramenta de revisão geral de segurança
em sistemas já operacionais, revelando aspectos que às vezes passariam desapercebidos.

A APR teve seu desenvolvimento inicial na área militar.

A APR não é uma técnica profunda de análise de riscos e geralmente precede a aplicação de outras técnicas mais
detalhadas de análise, já que seu objetivo principal é determinar os riscos e as medidas preventivas antes da fase
operacional.

No estágio em que é aplicada pode ocorrer de existir ainda outros detalhes finais de projeto e, neste caso, a falta de
informações quanto aos procedimentos será ainda maior, já que os mesmos são geralmente definidos posteriormente.

Os princípios e metodologias da APR consistem em proceder-se uma revisão geral dos aspectos de segurança de forma
padronizada:

Descrevendo todos os riscos e fazendo sua caracterização.

A partir da descrição dos riscos são identificadas as causas (agentes) e efeitos (conseqüências) dos mesmos, o que
permitirá a busca e elaboração de ações e medidas de prevenção ou correção das possíveis falhas detectadas;

A priorização das ações é determinada pela caracterização dos riscos, ou seja, quanto mais prejudicial ou maior for o
risco, mais rapidamente deve ser solucionado.

Medidas de Controle e Prevenção

APR tem sua importância maior no que se refere à determinação de uma série de medidas de controle e prevenção de
riscos, desde o início operacional do sistema, permitindo revisões de projeto em tempo hábil, com maior segurança,
além de definir responsabilidades no que se refere ao controle de riscos:

a) Revisão de problemas conhecidos: consiste na busca de analogia ou similaridade com outros sistemas, para
determinação de riscos que poderão estar presentes no sistema que está sendo desenvolvido, tomando como base a
experiência passada.

b) Revisão da missão a que se destina: atentar para os objetivos, exigê ncias de desempenho, principais funções e
procedimentos, ambientes onde se darão as operações, etc.

Enfim, consiste em estabelecer os limites de atuação e delimitar o sistema que a missão irá abranger: a que se destina,
o que e quem envolve e como será desenvolvida.

c) Determinação dos riscos principais: identificar os riscos potenciais com potencialidade para causar lesões diretas e
imediatas, perda de função (valor), danos à equipamentos e perda de materiais.

d) Determinação dos riscos iniciais e contribuintes: elaborar séries de riscos, determinando para cada risco principal
detectado, os riscos iniciais e contribuintes associados.

30
SMS
e) Revisão dos meios de eliminação ou controle de riscos: elaborar um “brainstorming” para levantamento dos meios
passíveis de eliminação e controle de riscos, a fim de estabelecer as melhores opções, desde que compatíveis com as
exigências do sistema.

f) Analisar os métodos de restrição de danos: pesquisar os métodos possíveis que sejam mais eficientes para restrição
geral, ou seja, para a limitação dos danos gerados caso ocorra perda de controle sobre os riscos.

g)Indicação de quem será responsável pela execução das ações corretivas e/ou preventivas: Indicar claramente os
responsáveis pela execução de ações preventivas e/ou corretivas, designando também, para cada unidade, as
atividades a desenvolver.

A APR tem grande utilidade no seu campo de atuação, porém, como já foi colocado, necessita as vezes de ser
complementada por técnicas mais detalhadas e apuradas. Em sistemas que sejam já bastante conhecidos, cuja
experiência acumulada conduz a um grande número de informações sobre riscos, esta técnica pode ser utilizada de
modo auxiliar.

Estudo dirigido:

Com base nos conceitos legais de Análise de riscos formem grupos de 4 pessoas e elaborem uma análise de risco
contendo as seguintes abordagens:

Atividade a ser realizada descrevendo-a passo a passo.

Responsáveis.

Riscos identificados.

Medidas de controle dos riscos.

Sendo que essa atividade deve ser descrita em no mínimo de dez passos e cada passo associado a cada risco e cada
risco a sua medida de controle.

4 NOÇÕES BÁSICAS DE COMBATE À INCÊNDIO

4.1 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DO FOGO


Para nossa própria segurança, deve-se conhecer os dois aspectos fundamentais da proteção contra incêndio.

O primeiro aspecto é o da prevenção de incêndios, isto é, evitar que ocorra o fogo, utilizando certas medidas básicas,
as quais envolvem a necessidade de se conhecerem, entre outros itens:

Figura 4.0

a) as características do fogo;

b) as propriedades de risco dos materiais;

c) as causas de incêndios;

31
SMS
d) o estudo dos combustíveis.

Quando, apesar da prevenção, ocorre um princípio de incêndio, é importante que ele seja combatido de forma
eficiente, para que sejam minimizadas suas conseqüências. A fim de que esse combate seja eficaz, deve-se, ainda:

Figura 4.1

a) conhecer os agentes extintores;

b) saber utilizar os equipamentos de combate a incêndios;

c) saber avaliar as características do incêndio, o que determinará a melhor atitude a ser tomada.

Pode-se definir o fogo como a conseqüência de uma reação química, denominada combustão, que produz calor ou
calor e luz.

Para que ocorra essa reação química, dever-se-á ter, no mínimo, dois reagentes que, a partir da existência de uma
circunstância favorável, poderão combinar-se.

Os elementos essenciais do fogo são:

• combustível (carbono, hidrogênio)

• comburente (oxigênio);

• calor (energia de ativação).

Combustível

Em síntese, combustível é todo material, toda substância que possui a propriedade de queimar, de entrar em
combustão.

Figura 4.2

Os combustíveis podem apresentar-se em 3 estados físicos:

» sólido (madeira, papel, tecidos, etc.);

» líquido (álcool, éter, gasolina, etc.);

32
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» gasoso (acetileno, butano, propano, etc.).

Comburente

Normalmente, o oxigênio combina-se com o material combustível, dando início à combustão.

O ar atmosférico contém, na sua composição, cerca de 21% de oxigênio.

Para demonstrar a importância do oxigênio na reação, recomendamos a seguinte experiência:

1º acender uma vela;

2º colocar um copo de material resistente ou um recipiente de vidro sobre a vela.Observe que a chama diminuirá
gradativamente até a extinção do fogo; isso porque o oxigênio existente no recipiente vai sendo consumido na reação,
até atingir uma quantidade insuficiente para mantê-la.

Figura 4.3

Genericamente, o comburente é definido como “mistura gasosa que contém o oxidante em concentração suficiente
para que em seu meio se desenvolva a reação de combustão”.

Calor

É o elemento que fornece a energia de ativação necessária para iniciar a reação entre o combustível e o comburente,
mantendo e propagando a combustão, como a chama de um palito de fósforos.

Note-se que o calor propicia:

a) elevação da temperatura;

b) aumento do volume dos corpos;

c) mudança no estado físico das substâncias.

Figura 4.4

Há casos de materiais em que a própria temperatura ambiente já serve como fonte de calor, como o magnésio, por
exemplo.

Condições Propícias para a Combustão

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Além dos elementos essenciais do fogo, há a necessidade de que as condições em que esses elementos se apresentam
sejam propícias para o início da combustão.

Se uma pessoa trabalha em um escritório iluminado com uma lâmpada incandescente de 100 watts e, além disso, ela
fuma, haverá no ambiente:

• Combustível: mesa, cadeira, papel, etc.;

• Comburente: oxigênio presente na atmosfera;

• Calor: representado pela lâmpada incandescente ligada e pelo cigarro acesso.

Apesar de esses três elementos estarem presentes no ambiente, só ocorrerá incêndio, se, por distração da pessoa que
está trabalhando, uma folha de papel, por exemplo, encostar no cigarro aceso.

Neste caso, o calor do cigarro aquecerá o papel e este começará a liberar vapores que, em contato com a fonte de
calor (brasa do cigarro), se combinará com o oxigênio do ar e entrará em combustão.

Figura 4.5

Importante: Somente quando o combustível se apresentar sob a forma de vapor (ou gás), ele poderá, normalmente,
entrar em ignição.

Se esse combustível estiver no estado sólido ou líquido, haverá necessidade de que seja aquecido, para que comece a
liberar vapores ou gases.

Esquematicamente, pode-se considerar vários casos:

Aquecimento

a) sólido ----------------------------------> vapor

Exemplo: Papel

Figura 4.6

b) sólido ----------> líquido ----------> vapor

Exemplo: Parafina

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c) líquido ----------> vapor

Exemplo: Óleos combustíveis

d) gás (já se apresenta no estado físico adequado à combustão)

Exemplo: Acetileno

Quanto ao oxigênio, ele deverá estar presente no ambiente, em porcentagens adequadas.

Para cada combustível haverá a necessidade da presença de uma porcentagem mínima de oxigênio, a partir da qual a
mistura poderá entrar em combustão. A concentração de oxigênio abaixo desse limite inviabiliza a combustão, pois a
mistura combustível x comburente estará muito “rica”.

Reação em Cadeia

Toda reação química envolve troca de energia. Na combustão, parte da energia desprendida é dissipada no ambiente,
provocando os efeitos térmicos derivados do incêndio; o restante continua a aquecer o combustível, fornecendo a
energia (fonte de calor)) necessária para que o processo continue.

Didaticamente, representa-se a reação química da seguinte forma:

COMBUSTÍVEL + COMBURENTE FONTE DE IGNIÇÃO LUZ + CALOR + FUMOS + GASES (vapor)

Triângulo do Fogo

Os três elementos básicos para que um fogo se inicie são, portanto, o material combustível, o comburente e a fonte
de ignição ou fonte de calor. A representação gráfica desse conjunto é tradicionalmente chamada de Triângulo do
Fogo.

Figura 4.7

Conforme ao exposto no item anterior, a propagação do fogo vai depender da existência de energia suficiente para
manter a reação em cadeia.

Combustão

A combinação dos três elementos do triângulo do fogo sob condições propícias permite a ignição e a continuação das
reações químicas, as quais podem ser classificadas em:

• oxidação lenta,

• combustão simples,

• deflagração,

• detonação,

• explosão.

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O parâmetro empregado para classificar as combustões é a velocidade de propagação.

A velocidade de propagação é definida como a velocidade de deslocamento da frente de reação, ou a velocidade de


deslocamento da fronteira entre a área já queimada (zona dos produtos da reação) e a área ainda não atingida pela
reação (zona não destruída).

Figura 4.8

Classificação

Oxidação lenta - A energia despendida na reação é dissipada no meio ambiente sem criar um aumento de
temperatura na área atingida (não ocorre a reação em cadeia). É o que ocorre com a ferrugem (oxidação do ferro) ou
com o papel, quando fica amarelecido. A propagação ocorre lentamente, com velocidade praticamente nula.

Combustão simples - Há percepção visual do deslocamento da frente de reação, porém a velocidade de propagação é
inferior a 1 metro por segundo (m/s). Os incêndios normais, como a combustão de madeira, papel, algodão, são
exemplos de combustão simples, onde a energia desprendida na reação é dissipada, indo parte para o ambiente e
sendo parte utilizada para manter a reação em cadeia, ativando a mistura combustível comburente.

Deflagração - A velocidade de propagação é superior a 1 m/s, mas inferior a 400 m/s. Surge o fenômeno de elevação
da pressão com valores limitados entre 1 e 10 vezes a pressão inicial. Ocorre a deflagração com a pólvora, misturas de
pós combustíveis e vapores líquidos inflamáveis.

Detonação - A velocidade de propagação é superior a 400 m/s. Pela descontinuidade das ondas de pressão geradas,
cria-se uma onda de choque que pode atingir até 100 vezes a pressão inicial.

Ocorre com explosivos industriais, como a nitroglicerina, e, em circunstâncias especiais, com mistura de gases e
vapores em espaços confinados.

Explosão - O termo pode ser aplicado genericamente aos fenômenos onde o surgimento de ondas de pressão
produzem efeitos destrutivos, quando o ambiente onde ocorre a reação não pode suportar a pressão gerada.

Comportamento do Combustível

Pelos efeitos possíveis de uma combustão em função da velocidade de propagação, fica evidente a necessidade de se
conhecerem os fatores que influem na velocidade de propagação, para que o técnico prevencionista possa calcular os
riscos oriundos de determinada mistura combustível-comburente.

Estado Físico

Para avaliação do risco de incêndio, o estado físico do combustível é o primeiro aspecto a ser analisado:

Combustível sólido - em condições normais, o aquecimento de um combustível no estado sólido provoca inicialmente
a vaporização da umidade, obtendo-se um resíduo sólido (carbono fixo); posteriormente, pela ação do calor, são
liberados compostos gasosos que reagirão com o oxigênio em presença do calor, até que seja consumida toda a
matéria combustível.

Combustível líquido - a combustão dos líquidos, de composição CN Hm, é decorrente de dois processos:

Teoria da Hidroxilização

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Os hidrocarbonetos pulverizados são decompostos, quando sob a ação do oxigênio e do calor, em compostos
hidroxilados (tipo aldeído) de cadeia menor. A ação contínua do calor e do oxigênio acaba por transformar estes
compostos em espécies químicas mais simples, como monóxido de carbono e hidrogênio, que sofrerão nova
combustão, produzindo, finalmente, dióxido de carbono e água. Assim, a chama azul produzida no Bico de Bunsem,
indicativa de combustão,de monóxido de carbono e hidrogênio, teria explicação através desta teoria, pois no interior
do Bico teríamos um gradiente de temperatura e a conseqüente formação de compostos hidroxilados complexos.

Teoria do “Craking”

Os hidrocarbonetos pulverizados, em mistura com o ar, ao serem submetidos a um aquecimento brusco, cindem,
produzindo diretamente carbono e hidrogênio, que reagirão com o oxigênio, resultando dióxido de carbono e água
como produtos finais.

Esta teoria pode ser explicada através da queima de uma vela, pois a parafina liqüefeita, ao se vaporizar no pavio,
cinde diretamente em carbono e hidrogênio, quando em contato com a chama. A presença do carbono pode ser
facilmente detectada por meio de introdução de uma superfície fria no interior da chama, o que implicará um
deposito de fuligem (carbono) sobre aquela.

Convém notar que na prática, esses dois processos ocorrem simultaneamente, com predominância de um ou outro,
dependendo do caso.

Combustível gasoso - em mistura com o oxigênio em proporções adequadas pode entrar em combustão pela ação de
um pequeno arco voltaico, ou faísca gerada por atrito.

Pelas teorias apresentadas, conclui-se que o combustível sólido ou líquido entra em combustão somente após a
vaporização ou produção de gás, a partir de sua decomposição, resultante da ação do calor e do oxigênio.

No entanto, há substâncias que são excluídas da regra geral, como o carvão vegetal e os metais piróforos, que,
expostos ao oxigênio,entram espontaneamente em combustão.

Temperatura

Todo material possui certas propriedades que o diferenciam de outros, em relação ao nível de combustibilidade. Por
exemplo, pode-se incendiar a gasolina com a chama de um isqueiro, não ocorrendo o mesmo em relação ao carvão
coque. Isso porque o calor gerado pela chama do isqueiro não seria suficiente para levar o carvão coque à
temperatura necessária para que ele liberasse vapores combustíveis.

Cada material, dependendo da temperatura a que estiver submetido, liberará maior ou menor quantidade de
vapores. Para melhor compreensão do fenômeno, definem-se algumas variáveis, denominadas:

• ponto de fulgor;

• ponto de combustão;

• temperatura de ignição.

Ponto de fulgor - É a temperatura mínima em que um combustível começa a desprender vapores que, se entrarem em
contato com alguma fonte externa de calor, se incendeiam. Só que as chamas não se mantém, não se sustentam, por
não existirem vapores suficientes. Se aquecermos pedaços de madeira dentro de um tubo de vidros de laboratório, a
certa temperatura a madeira desprenderá vapor de água; esse vapor não pega fogo. Aumentando-se a temperatura,
em certo ponto começarão a sair gases pela boca do tubo. Aproximando-se um fósforo aceso, esses gases
transformar-se-ão em chamas. Por aí, nota-se que um combustível sólido (a madeira), a acerta temperatura,
desprende gases que se misturam ao oxigênio (comburente) e que se,inflamam em contacto com a chama do fósforo
aceso.

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O fogo não continua porque os gases são insuficientes, forma-se em pequena quantidade. O fenômeno observado
indica o “ponto de fulgor” da madeira (combustível sólido), que é de 150ºC. O ponto de fulgor varia de combustível a
combustível: para a gasolina ele é de -42ºC, já para o asfalto é de 204ºC.

Figura 4.9

Ponto de combustão - Na experiência da madeira, se o aquecimento prosseguir, a quantidade de gás expelida do tubo
aumentará. Entrando em contato com a chama do fósforo, ocorrerá a ignição, que continuará, mesmo que o fósforo
seja retirado. A queima, portanto, não para. Foi atingido o “ponto de combustão”, isto é, a temperatura mínima a que
esse combustível sólido, a madeira, sendo aquecido, desprende gases que, em contacto com fonte externa de calor,
se incendeiam, mantendo-se as chamas. No ponto de combustão, portanto, acontece um fato diferente, ou seja, as
chamas continuam.

Temperatura de ignição - Continuando o aquecimento da madeira, os gases, naturalmente, continuarão se


desprendendo. Em certo ponto, ao saírem do tubo, entrando em contato com o oxigênio (comburente), eles pegarão
fogo sem necessidade da chama do fósforo. Ocorre, então, um fato novo: não há mais necessidade da fonte externa
de calor. Os gases desprendidos do combustível, apenas ao contato com o comburente, pegam fogo e,
evidentemente, mantém-se em chamas. Foi atingida a “temperatura de ignição”, que é a temperatura mínima em que
gases desprendidos de um combustível se inflamam, pelo simples contacto com o oxigênio do ar. O éter atinge sua
temperatura de ignição a 180ºC e o enxofre a 232ºC.

Uma substância só queima quando atinge, pelo menos, o ponto de combustão. Quando ela alcançar a temperatura de
ignição, bastará que seus gases entrem em contacto com o oxigênio para pegar fogo, não havendo necessidade de
chama ou de outra fonte de calor para provocá-lo. Convém lembrar que, mesmo que o combustível esteja no ponto
de combustão, se não houver chama ou outra fonte de calor não se verificará o fogo.

Grande parte dos materiais sólidos orgânicos, líquidos e gases combustíveis contêm grandes quantidades de carbono
e/ou de hidrogênio. Citamos como exemplo o gás propano, cujas porcentagens em petracloreto de carbono,
considerado não combustível, tem aproximadamente, 82% de carbono e 18% de hidrogênio. O tetracloreto de
carbono, considerado não combustível, tem aproximadamente, em peso, 8% de carbono e 92% de cloro.

Ventilação

Quanto mais ventilado for o local onde ocorre a combustão, mais viva ela será, pois haverá renovação do ar com a
entrada de mais oxigênio, permitindo manter a reação em cadeia.

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Figura 4.10

É por esse motivo que se recomenda à pessoa cujas roupas estejam em chamas, que não corra, pois, dessa forma,
aumentará a ventilação e, conseqüentemente, as chamas. A pessoa deve deitar-se e rolar pelo chão até abafarem-se
as chamas.

Forma física

Quanto mais subdividido estiver o material, mais rapidamente entrará em combustão. A figura mostra um exemplo
clássico, pois a velocidade de propagação é muito maior na serragem do que na madeira maciça, embora a
composição seja a mesma.Isso se deve a maior superfície de contato entre combustível e comburente.

Figura 4.11

Outro exemplo é o da gasolina em recipientes com aberturas de dimensões diferentes.

Na figura seguinte a queima será muito mais rápida e intensa no 2º caso, embora a quantidade de líquido seja a
mesma.

Figura 4.12

Comportamento do Comburente

Considerando genericamente a combustão como uma reação de oxidação, a composição química das substâncias
determinará o grau de combustibilidade do material.

Há substâncias que liberam oxigênio em certas condições, como o cloreto de potássio. Outras podem funcionar como
comburentes: por exemplo, uma atmosfera contendo cloro. Tais casos são mais esporádicos e seu estudo envolveria
uma complementação de conhecimentos.

Em condições normais, a maior fonte de comburente é ao próprio ar atmosférico que em sua composição, possui
cerca de 21% de oxigênio.

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A partir de 16% de O2 (oxigênio) no ambiente, já pode haver combustão com labaredas, e quanto maior a presença de
oxigênio, mais via será essa combustão.

Com a presença de oxigênio numa proporção entre 8 e 16%, não haverá labaredas, e numa proporção ainda menor,
praticamente não haverá combustão.

Em ambientes hospitalares ou industriais, onde se manipule oxigênio puro (100%), deve ser feita uma análise de riscos
mais severa. Na presença de gases combustíveis, como propano, butano, metano, o limite inferior de concentração de
oxigênio necessário para a combustão está próximo a 12%, e para o hidrogênio esse limite está próximo a 5%.

Dessa forma, as medidas de prevenção devem ser intensificadas.

Fontes de Calor

As fontes de calor em um ambiente podem ser as mais variadas:

• a chama de um fósforo;

• a brasa de um cigarro aceso;

• uma lâmpada;

• a chama de um maçarico, etc.

A própria temperatura ambiente já pode vaporizar um material combustível; é o caso da gasolina, cujo ponto de
fulgor é de, aproximadamente, -40ºC. Considerando-se que o ponto de combustão é superior em apenas alguns graus,
a uma temperatura ambiente de 20ºC já ocorre a vaporização.

O calor pode atingir determinada área por condução, convecção ou radiação.

Condução

A propagação do calor é feita de molécula para molécula do corpo, por movimento vibratório. A taxa de condução do
calor vai depender basicamente da condutividade térmica do material, bem como de sua superfície e espessura. É
importante destacar a necessidade da existência de um meio físico.

Convecção

É uma forma característica dos fluídos. Pelo aquecimento, as moléculas expandem-se e tendem a elevar-se, criando
correntes ascendentes a essas moléculas e correntes descendentes às moléculas mais frias. É um fenômeno bastante
comum em edifícios, pois através de aberturas, como janelas, poços de elevadores, vãos de escadas, podem ser
atingidos andares superiores.

Radiação

É a transmissão do calor por meio de ondas. Todo corpo quente emite radiações que vão atingir os corpos frios. O
calor do sol é transmitido por esse processo. São radiações de calor as que as pessoas sentem quando se aproximam
de um forno quente.

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Figura 4.13

Classes de Incêndio

Os incêndios em seu início são muito mais fáceis de serem controlados e extintos. Quanto mais rápido for a ataque às
chamas, maiores serão as possibilidades de reduzi-las, de eliminá-las. E a principal preocupação, no ataque, consiste
em desfazer, em romper o triângulo do fogo. Mas que tipo de ataque se faz ao fogo em seu início? Qual a solução que
deve ser tentada? Como os incêndios são de diversos tipos, as soluções serão diferentes e os equipamentos de
combate também serão de tipos diversos.

É preciso conhecer, identificar bem o incêndio que se vai combater, para escolher o equipamento correto. Um erro na
escolha de um extintor pode tornar inútil o esforço de combater as chamas ou pode piorar a situação, aumentando as
chamas, espalhando-as ou criando novas causas de fogo (curtos-circuitos).

Os incêndios são divididos em quatro (4) classes:

Classe A - Fogo em materiais sólidos de fácil combustão, como tecidos, madeira, papel, fibras, etc., que têm a
propriedade de queimar em sua superfície e profundidade, e que deixam resíduos.

Classe B - Fogo em líquidos combustíveis e inflamáveis, como óleos, graxas, vernizes, tintas, gasolina, etc., que
queimam somente em sua superfície, não deixando resíduos.

Classe C - Fogo em equipamentos elétricos energizados, como motores, transformadores, quadros de distribuição,
fios, etc.

Classe D - Fogo em elementos pirofóricos como o magnésio, o zircônio, o titânio, etc.

Os incêndios em equipamentos elétricos energizados (classe C) são fogos de qualquer tipo de combustível em
instalações elétricas o em suas proximidades.

São classificados separadamente pelo risco suplementar envolvido.

Atualmente, não são considerados como classe de incêndio pelas normas de alguns países, exigindo-se apenas que
substâncias extintoras que conduzam eletricidade não sejam utilizadas em instalações elétricas.

Figura 4.14 - Classe A

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Figura 4.15 - Classe B

Figura 4.16 - Classe C

Riscos Inerentes

A avaliação dos riscos deve considerar ainda características inerentes a cada substância.

As principais são:

Limite de Inflamabilidade ou Explosividade

São concentrações de vapor ou gás em ar, abaixo ou acima das quais a propagação da chama não ocorre, quando em
presença de fonte de ignição. O limite inferior é a concentração mínima, abaixo da qual a quantidade de vapor
combustível é muito pequena (mistura pobre) para queimar ou explodir.

O limite superior é a concentração máxima acima da qual a quantidade de vapor combustível é muito grande (mistura
rica) para queimar ou explodir).

Intervalo de Inflamabilidade ou Explosividade

É o intervalo entre os limites inferior e o superior de inflamabilidade ou explosividade.

Densidade de Vapor ou Gás

É a relação entre os pesos de iguais volumes de um gás ou vaporpuro e o ar seco, nas mesmas condições de
temperatura e pressão.

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Combustão Espontânea

Reação exotérmica que ocorre com algumas substâncias como os metais piróforos ou pirofóricos, ao entrarem em
contato com o oxigênio do ar ou com agentes oxidantes. Por um processo de aquecimento espontâneo, ao atingir a
sua temperatura de ignição, entram em combustão.

Esse aquecimento, na maioria dos casos, processa-se lentamente, como, por exemplo, em estopas embebidas em
graxa. O controle de elevação da temperatura e a armazenagem em recipientes de segurança são medidas
recomendadas.

Combate à Incêndio

Quando, por qualquer motivo, a prevenção falha, os trabalhadores devem estar preparados para o combate ao
princípio de incêndio o mais rápido possível, pois quanto mais tempo durar o incêndio, maiores serão as
conseqüências.

Para que o combate seja eficaz, é necessário que:

• existam equipamentos de combate a incêndios em quantidade suficiente e adequados ao tipo de material em


combustão;

• o pessoal, que eventual ou permanentemente circule na área, saiba como usar esses equipamentos e possa avaliar.

Capacidade de Extinção.

Como já foi visto, o fogo é um tipo de queima, de combustão, de oxidação; é um fenômeno químico, uma reação
química, que provoca alterações profundas na substância que se queima. Um pedaço de papel ou madeira que se
inflama transforma-se em substância muito diferente.. O mesmo acontece com o óleo, com a gasolina ou com um gás
que pegue fogo.

A palavra oxidação significa também queima. A oxidação pode ser lenta, como no caso da ferrugem. Trata-se de uma
queima muito lenta, sem chamas. Já na combustão de papel, há chamas, sendo uma oxidação mais rápida. Na
explosão do dinamite, a queima, a oxidação, é instantânea e violenta. Chama-se oxidação porque é o oxigênio que
entra na transformação, ajudando na queima das substâncias.

O tipo de queima que interessa a este estudo é o que apresenta chamas e/ou brasas.

Métodos de Extinção

Consideremos o triângulo do fogo:

Figura 4.17

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Eliminando-se um desses elementos, cessará a combustão. Tem se aí uma indicação muito importante de como se
pode acabar com o fogo. Pode-se eliminar a substância que está sendo queimada (esta é uma solução que nem
sempre é possível).

Pode-se eliminar o calor, provocando o resfriamento no ponto em que ocorre a combustão e a queima. Pode-se,
ainda, eliminar ou afastar o comburente (o oxigênio) do lugar da queima, por abafamento, introduzindo outro gás que
não seja comburente.

O triângulo do fogo é como um tripé; eliminando-se uma das pernas, acaba a sustentação, isto é, o fogo extingue-se.

De tudo isso, conclui-se que, impedindo-se a ligação dos pontos do triângulo, ou seja, dos elementos essenciais,
indispensáveis para o fogo, este não surgirá, ou deixará de existir, se já tiver começado.

Quando num poço de petróleo que está em chamas é provocada uma explosão para combater o incêndio, o que se
deseja é afastar momentaneamente o oxigênio, que é o comburente, um dos elementos do triângulo do fogo, para
que o incêndio acabe, se extinga.

Em lugares onde há material combustível o oxigênio, lê-se um aviso de que é proibido fumar; com isso, pretende-se
evitar a formação do triângulo do fogo, isto é, combustível, comburente e calor. O calor, neste caso, é a brasa do
cigarro. Sem este calor, o combustível e o comburente não poderão transformar-se em fogo.

Basicamente, a extinção de um incêndio é feita por uma ação de resfriamento ou abafamento, ou por uma união das
duas ações.

Ação de resfriamento: diminui-se a temperatura do material incendiado a níveis inferiores ao do ponto de fulgor ou
de combustão dessa substância. A partir deste instante, não haverá a emissão de vapores necessários ao
prosseguimento do fogo.

Ação de abafamento: é resultante da retirada do oxigênio, pela aplicação de um agente extintor que deslocará o ar da
superfície do material em combustão.

Dependendo do tipo de agente extintor, ou da forma como alguns deles são empregados, outros efeitos podem ser
conseguidos, como a diluição de um líquido combustível em água ou a interferência na reação química.

A retirada do material combustível (o que está queimando ou o que esteja próximo) evita a propagação do incêndio,
sem a necessidade de se utilizar um agente extintor.

Agentes Extintores

São considerados agentes extintores, em virtude da sua atuação sobre o fogo, conforme os métodos expostos
anteriormente, as seguintes substâncias:

• água;

• espuma;

• pó químico seco;

• gás carbônico;

A água apresenta como característica principal a capacidade de diminuir a temperatura dos materiais em combustão,
agindo, portanto, por resfriamento, quando utilizada sob a forma de jato.

Pode também combinar uma ação de abafamento, se aspergida em gotículas, isto é, sob a forma de neblina.

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A espuma pode ser química, quando resultante da mistura de duas substâncias (p. ex., bicarbonato de sódio e sulfato
de alumínio, ambos em solução aquosa) ou mecânica (extrato adicionado à água, com posterior agitação da solução
para formação da espuma). Sua ação principal é de abafamento, criando uma barreira entre o material combustível e
o oxigênio (comburente).

Outro agente que atua por abafamento é o gás carbônico, também conhecido por dióxido de carbono ou CO2. É mais
pesado que o ar; no entanto, não é eficiente em locais abertos e ventilados. É mais pesado que o ar; no entanto, não é
eficiente em locais abertos e ventilados.

O pó químico seco comum (bicarbonato de sódio) atua por abafamento; é preferível ao CO2 em locais abertos.
Quando se trata de pós especiais, utilizados na chamada “classe D”, eles se fundem em contato com o metal
pirofórico, formando uma “camada protetora” que isola o oxigênio, interrompendo a combustão.

Tipos de Equipamento para Combate a Incêndios

Os mais utilizados são:

• extintores;

• hidrantes.

Tipos de Extintor

É preciso conhecer muito bem cada tipo de extintor, pois para cada classe de incêndio há um agente extintor mais
indicado.

Extintor de espuma

Funciona a partir da reação química entre duas substâncias: o sulfato de alumínio e o bicarbonato de sódio dissolvidos
em água.

Figura 4.18

A figura mostra, de modo simplificado, esse extintor. Dentro do aparelho estão o bicarbonato de sódio e um agente
estabilizador de espuma, normalmente o alcaçuz; num cilindro menor, é carregado o sulfato de alumínio. Ao ser
virado o extintor, as duas misturas vão encontrar-se, acontecendo a reação química.

O manejo do extintor de espuma é bastante simples:

O operador aproxima-se do fogo com o extintor na posição normal;

Inverte a posição do extintor;

Ataca o fogo de classe A dirigindo o jato para a sua base, e o fogo de classe B, dirigindo o jato para a parede do
recipiente.

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Figura 4.19

Quando o agente estabilizador não é colocado, a espuma formada pela reação rapidamente se dissolve, perdendo o
seu efeito de abafamento. Esse tipo de extintor é utilizado apenas em incêndios classe A, denominando-se “carga
líquida”.

No comércio, são vendidos extintores de 10 litros ou carretas de 50, 75, 100 e 150 litros. Embora simples, o extintor
de espuma necessita de uma série de cuidados para que, quando houver necessidade, ele possa ser eficazmente
usado:

A cada 5 anos, deverá sofrer um teste hidrostático, em firma idônea.

É um teste em que é usada a pressão da água para verificação da resistência do extintor à pressão da água para
verificação da resistência do extintor à pressão que se forma dentro dele, quando em uso;

A cada 12 meses, deverá ser descarregado e recarregado novamente;

Semanalmente, deverá sofrer inspeção visual e o bico do jato deverá ser desobstruído, ou desentupido, se for o caso.

É um extintor relativamente barato e dá boa cobertura, evitando que, num fogo já dominado, recomece a ignição, ou
seja, que voltem as chamas.

Extintor de água

O agente extintor é a água. Há dois tipos comerciais:

Pressurizado

É um cilindro com água sob pressão. O gás que dá a pressão, que impulsiona a água, geralmente é o gás carbônico ou
o nitrogênio.

Existem alguns a ar.

Figura 4.20

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O extintor de água pressurizada deve ser operado da seguinte forma:

• O operador leva o extintor ao local do fogo;

• Retira a trava ou o pino de segurança;

• Empunha a mangueira;

• Ataca o fogo (classe A), dirigindo o jato d’ água para a sua base.

Figura 4.21

Pressurizar

Há uma ampola de gás e, uma vez aberto o registro da ampola, o gás é liberado, pressionando a água. A ampola pode
ser interna ou externa ao cilindro que contém a água.

Sua manutenção é mais simples que a do anterior; porém devem ser tomados os seguintes cuidados:

Revisão e teste hidrostático a cada 5 anos;

Anualmente, deve ser descarregado.

São fornecidos extintores portáteis ou em carretas.

O extintor de água a pressurizar (água-gás) deve ser operado da seguinte forma:

O operador leva o extintor ao local do fogo;

Abre o cilindro de gás;

Empunha a mangueira;

Ataca o fogo (classe A), dirigindo o jato d’ água para a sua base.

Extintor de gás carbônico (CO2)

O gás carbônico é encerrado num cilindro com uma pressão de 61 atmosferas.

Ao ser acionada a válvula de descarga, o gás passa por um tubo sifão, indo até o difusor, onde é expelido na forma de
nuvem.

Como há possibilidade de vazamentos, este extintor deverá ser pesado a cada 3 (três) meses, e toda vez que houver
perda de mais de 10% (dez por cento) no peso, deverá ser descarregado e recarregado novamente (a norma técnica
estabelece o prazo de 6 (seis) meses para a pesagem).

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Como não deixa resíduo, é ideal para equipamentos elétricos comuns. São fornecidos extintores portáteis de 1 kg até
carretas de 50 kg ou mais.

Ao utilizar o extintor de gás carbônico (CO2), o operador:

• Leva o extintor ao local do fogo;

• Retira o pino de segurança;

• Empunha a mangueira;

• Ataca o fogo, procurando abafar toda a área atingida.

Figura 4.22

Extintor de pó químico seco

Utiliza bicarbonato de sódio não higroscópico (que não absorve umidade) e um agente propulsor que fornece a
pressão, que pode ser o gás carbônico ou o nitrogênio. É fornecido para uso manual ou em carretas, e pode ser sob
pressão permanente (pó químico seco pressurizado) ou com pressão injetada (pó químico seco a pressurizar).

Estes extintores são mais eficientes que os de gás carbônico, tendo seu controle feito pelo manômetro e, quando a
pressão baixa devem ser recarregados. São semelhantes, no aspecto, aos extintores de água.

Os extintores de pó químico seco devem ser operados da seguinte forma:

Pressurizado

• O operador leva o extintor ao local do fogo;

• Retira a trava ou o pino de segurança;

• Empunha a mangueira;

• Ataca o fogo procurando formar uma nuvem de pó, a fim de cobrir a área atingida.

Extintor de pó químico seco

Utiliza bicarbonato de sódio não higroscópico (que não absorve umidade) e um agente propulsor que fornece a
pressão, que pode ser o gás carbônico ou o nitrogênio. É fornecido para uso manual ou em carretas, e pode ser sob
pressão permanente (pó químico seco pressurizado) ou com pressão injetada (pó químico seco a pressurizar).

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Estes extintores são mais eficientes que os de gás carbônico, tendo seu controle feito pelo manômetro e, quando a
pressão baixa devem ser recarregados. São semelhantes, no aspecto, aos extintores de água.

Os extintores de pó químico seco devem ser operados da seguinte forma:

Pressurizado

• O operador leva o extintor ao local do fogo;

• Retira a trava ou o pino de segurança;

• Empunha a mangueira;

• Ataca o fogo procurando formar uma nuvem de pó, a fim de cobrir a área atingida.

Figura 4.23

A pressurizar

O operador leva o extintor ao local do fogo;

Abre o cilindro de gás;

Empunha a mangueira;

Ataca o fogo procurando formar uma nuvem de pó, a fim de cobrir a área atingida.

NOTA: esse extintor não se utiliza mais, somente estão no mercado os que ainda não foram reprovados nos testes
hidrostáticos.

Há outros tipos de extintores de pó químico seco, que podem ser utilizados com eficiência nos incêndios classe A. São
chamados extintores de pó tipo ABC ou Monex.

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Hidrantes

As empresas que possuem sistemas de hidrantes - instalações de água com reservatórios apropriados - normalmente
têm direito a descontos na tarifa de seguro-incêndio. Para tanto, devem estar enquadrados nas especificações do IRB
(Instituto de Resseguros do Brasil) e posteriores recomendações da Susep.

Devem ser distribuídos de forma que protejam toda a área da empresa por meio de dois jatos simultâneos, dentro de
uma raio de 40 metros (30m das mangueiras e 10m do jato).

Além da tubulação 1 1/2” ou 2 1/2”), dos registros e das mangueiras (30 m ou 15 m), devem-se escolher requintes que
possibilitem a utilização da água em jato ou sob a forma de neblina (requinte tipo universal).

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5 ANÁLISE DE RISCO DO TRABALHO

5.1 - ANÁLISE DE RISCO DE ACIDENTES EM PROCESSO INDUSTRIAIS

É um método sistemático de análise e avaliação de todas as etapas e elementos de uma determinada atividade para:

» Desenvolver e racionalizar toda a seqüência de operações que o trabalhador executa;


» Identificar os riscos potenciais de acidentes físicos e materiais;
» Identificar e corrigir problemas de produtividade;
» Implementar a maneira correta para execução de cada etapa do trabalho com segurança.
» Cria uma base para um desenvolvimento adequado do trabalho levando a um produto que atinge os requisitos de
qualidade exigido pelo
cliente.
» Cria uma base para um custo efetivo de produção do produto através do direcionamento do empregado para
técnicas sabidamente corretas
(testadas e aprovadas).
» Envolve totalmente empregados, supervisores, chefes e profissionais de segurança no desenvolvimento de praticas
seguras de trabalho,
criando novas motivações, eliminado o desinteresse.

A ART bem implementada torna os trabalhadores mais participativos com:


1) novas sugestões;
2) alertas acerca de outros riscos.
3) certeza de que o programa de segurança é confiável e efetivo.

A analise de risco de trabalho, como uma técnica de solução de problemas, pode ajudar-nos a:
» Identificar problemas reais que possam ter sido ignorados durante a seleção de equipamentos ou na elaboração do
layout do local de trabalho.
» Encontrar problemas potenciais que podem resultar em mudanças no produto produzido ou etapas do processo.
» Avaliar possíveis maneiras para prevenir acidentes, paradas de produção, deficiências na qualidade e reduções no
valor do produto.
» Conhecer técnicas ocultas de produtividade e qualidade praticadas por operadores.
» Identificar abusos cometidos no processo produtivo, de qualidade e segurança cometidos por empregados;
» Usar todas as informações disponíveis em treinamento para empregados novos, transferidos.

PORQUE ELABORAR ANALISES DE RISCO DE TRABALHO?


» Para a empresa ser economicamente saudável, devemos ser eficientes.
» Para fazermos as coisas da maneira correta, sem erro, na primeira vez.
» Para termos um aproveitamento total das pessoas, equipamentos e do local de trabalho.
» Para proteger os empregados e ter o local de trabalho livre de riscos desconhecidos.

Resumindo, uma ART é uma maneira sistemática para o reconhecimento de:


» Exposições a riscos ou acidentes.
» Possíveis problemas e incluindo produção, qualidade ou desperdício.
» Desenvolver maneiras corretas para realização das tarefas de forma que atos inseguros, condições inseguras,
acidentes, falhas, retrabalhos
e desperdícios não ocorram.
» Fazer da maneira certa sem perdas de qualquer espécie.

Elaboração
Esclareça que a ART é apenas quanto à tarefa em si, não colocando em jogo o desempenho de trabalho do
empregado.
Uma vez que uma tarefa tenha sido escolhida para análise, explique ao trabalhador o propósito da ART e discuta o
processo de trabalho com o empregado que desempenha a tarefa.

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Todas as atividades deverão ser analisadas nos seus detalhes, porém deve-se ter como critério básico para a análise os
seguintes fatores:
» Análise do processo;
» Atividades que poderão gerar lesões, esmagamento, cortes, queimaduras, decepamentos de membros, etc., ou até
a morte;
» Atividades que geram acidentes com freqüência;
» Atividades com produtos químicos;
» Riscos ergonômicos;
» Arrumação e limpeza;
» Uso de equipamentos de proteção individual;
» Treinamentos;
» Outros.

Etapas do trabalho:

Envolva o empregado em todas as fases da análise; desde a discussão de qual é a melhor maneira para execução de
cada passo da tarefa até a discussão de riscos em potencial e soluções recomendadas.

Observe atentamente os detalhes do trabalho antes de iniciar a análise.

Divida o trabalho discriminando suas etapas básicas. O que é feito primeiro, o que é feito em seguida e o que é feito
depois e como fazer corretamente.

Você pode fazer isto:

Observando atenta e detalhadamente todos as operações do trabalho.

Conversando com o operador sobre sua experiência no desempenho da função.

Esboçando seu conhecimento do trabalho observado.

Descreva as etapas na sua ordem normal de ocorrência. O que realmente é feito, não os detalhes de como é feito.

Implementação

1 - A aprovação final para a Análise de Risco do Trabalho deve ser dada somente após revisada pelo gerente,
supervisor, empregado e outros responsáveis pela designação do procedimento de trabalho.

2 - Para implementar a Analise de Risco do Trabalho aprovada, o supervisor deve treinar aos empregados envolvidos.

3 - A Análise de Risco do Trabalho deve ser revisada periodicamente com os empregados envolvidos de forma que
estes saibam como deve ser executados os trabalhos em qualquer tipo de acidentes.

4 - A qualquer tempo que a Análise de Risco de Trabalho venha a ser revisada, deve ser providenciado treinamento
dos novos métodos de trabalho ou medidas protetoras para todos os empregados afetados pela mudança.

5 - A Análise de Risco de Trabalho também deve ser utilizada para treinar novos empregados quanto ao processo
produtivo e prevenção de acidentes.

6 - Documente o envolvimento de todos os participantes ao encerrar o treinamento.

7 - Coloque uma cópia da análise, quanto o trabalho for em máquinas, próximo do operador para consultas ou
fiscalizações.

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8 - Encaminhe uma cópia da análise de risco do trabalho e o documento assinado por cada trabalhador treinado para
ser arquivado em seu departamento, ao setor de segurança do trabalho em seus respectivos prontuários, no
departamento pessoal.

9 - A análise deverá ser revista sempre que ocorrer alterações no processo, no maquinário, layout ou equipamento.

Procedimentos corretos

Para cada trabalho analisado, pergunte a você mesmo: qual é o melhor procedimento para que o operador execute
sua função sem erros e sem riscos e com qualidade?

Você poderá responder:

» Observando melhor a seqüência do trabalho.

» Discutindo com o operador ou com outros trabalhadores mais experientes na função.

» Aplicando todo seu conhecimento e experiência.

» Pesquisando algum acidente ocorrido na atividade para reforçar sua conclusão.

Seja claro ao estabelecer os procedimentos para execução da tarefa, não procure sofisticação, mas processos rápidos,
simples, racionais e eficientes.

Nos procedimentos que o operador deverá seguir, não omita nenhum detalhes da atividade, do maquinário, de
ferramentas, de postura, do próprio processo, de saúde, etc.

Ao orientar o trabalhador quanto ao procedimento correto e cuidados ao ter ao efetuar a operação, evite generalizar
frases como “seja cauteloso”, “esteja atento”, “tome cuidado”, etc.

Exemplo: Use luvas de raspa ao invés de “Tomar Cuidado” com a chapa metálica, devido ela ser cortante.

Riscos de Acidentes

Estude cada etapa de um trabalho separadamente. Pergunte a você mesmo que acidente poderia acontecer em cada
etapa de trabalho.

Você poderá responder:

» Observando o trabalho

» Conversando com o operador

» Analisando acidentes ocorridos.

Quando você analisar cada etapa de um trabalho deverá dar atenção aos seguintes agentes que causam acidentes:

Posicionamento - trabalhos em máquinas cujo ponto de operação permite a introdução de dedos ou da mão.

Choque elétrico - Fios expostos, principalmente se o trabalho esta relacionado com eletricidade.

Produtos químicos - contato permanente ou não com qualquer destes produtos.

Fogo - cortando ou soldando em locais impróprios, riscos de vazamentos ou derramamentos de produtos inflamáveis
que possibilitem fogo pela natureza da atividade ou do ambiente.

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1 - Área de trabalho

Pisos e passagens - irregulares, obstruídas, escorregadias, com saliência ou buracos.

Arrumação ou limpeza inadequada.

Falta de espaço.

Pilhas inseguras ou materiais sobre a cabeça.

Exposição a poeiras, fumos e substâncias químicas.

2 – Materiais

Pesados - de difícil manejo, cortante, quente, corrosivo, tóxico,inflamável, perfurante.

3 - Máquinas ou equipamentos

Partes móveis, correias, correntes, engrenagens e roldanas desprotegidos.

Pontos de operação que permitem o acesso do operador.

4 - Ferramentas

Adaptadas, falta de manutenção, inadequadas ao trabalho, gastas, usadas de formas incorretas.

5 - Equipamento de Proteção Individual (E.P. I)

Inadequado ao trabalho, usado incorretamente, falta do E.P.I.

6 – Ergonomia

Postura incorreta, repetitividade de movimentos, levantamento de peso, monotonia,

7 - Outros riscos de acidentes:

Falta de treinamento

Layout inadequado

Fazer reparos em máquinas ou equipamentos em movimento.

Falta de planejamento de uma atividade.

Transferência de funcionários de um setor para outro.

Revisão

Após você ter elaborado seu rascunho da ART, revise-a:

1 – Revise, na prática, cada etapa do trabalho elaborado para ver se as seqüências das operações, os riscos e os
procedimentos para execução das tarefas e segurança estão corretos ou podem ser melhoradas na sua eficiência,
qualidades do trabalho, sem comprometer a segurança.

2 - Encontrar uma nova maneira de fazer o trabalho a fim melhorar a produtividade e de eliminar os desperdícios,
melhorando as etapas do processo ou modificando sua seqüência, ou se forem necessários modificando
equipamentos e precauções de segurança e saúde para eliminar ou reduzir os riscos;

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3 - Modificar as condições físicas e ambientais que geram os riscos de acidentes, tais como ferramentas, materiais,
equipamento, layout, produtos, matérias primas e meio ambiente.

4 - Eliminar riscos presentes modificando o procedimento de trabalho.

5 - Descreva exatamente o que o empregado precisa saber a fim desempenhar a tarefa utilizando-se deste novo
método.

6 - Reveja todo o processo com os empregados que executam as tarefas. Anote suas idéias sobre o processo, os riscos,
e os melhores procedimentos adotados para executar as operações.

7 - Assegure-se de que os empregados entenderam o propósito da ART e as razões para as modificações no


procedimento de seu trabalho.

8 - Encaminhe para os gerentes, chefes e supervisores dos setores envolvidos as análises de risco elaboradas para
conhecimento e aprovação.

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6 RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS EM ACIDENTES DE TRABALHO

“Quem tem o poder, tem o dever correspondente”


“Quem cria o risco, tem o dever de evitar o dano”
“Não sou eu que quero, é a norma que exige”
“Eliminação dos riscos, as relações sociais evoluem muito rapidamente, é só esperar”.
para ver”
“Quem cria o perigo, ainda que não tenha culpa, tem o dever de eliminá-lo”
“Se assim é, para quem cria o perigo, mesmo que não tenha culpa, com muito maior razão haverá de ser
responsabilizado quem cria ou
mantém em tráfego, em movimento, irradiação ou escoamento, algo que seja fonte de perigo”

Histórico
Constituição Federal/88, aspectos de Segurança e Saúde do Trabalhador:

Capítulo II - Dos Direitos Sociais

art 6. - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a SEGURANÇA, a previdência social, a proteção à
maternidade, à infância e à
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

art 7. - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua condição social.
XXII - Redução de riscos inerentes ao trabalho, por meio de Normas de Saúde, Higiene e Segurança.
XXVIII - Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
Lei 8213 de 24 de Julho de 1991

art. 19 - Conceito legal - Acidente do Trabalho

“Acidente do Trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho à serviço da empresa, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho”.

art. 20 - Conceito legal - Doença Ocupacional/Trabalho


“Doença Ocupacional é aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada
atividade e constante da respectiva
relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social”.
“Doença do Trabalho é aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é
realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social”.

§.1 “A empresa é responsável pela adoção e uso de medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde
do trabalhador”.
§. 2º“Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as Normas de Segurança e
Higiene do Trabalho”.

6.1 - DEFINIÇÕES LEGAIS

Responsabilidade - (Língua Portuguesa)


Qualidade de responsável.
Obrigação de responder por certos atos ou fatos.

Responsabilidade - (Definição Jurídica)


Obrigação jurídica de responder, alguém, pelos próprios atos de outrem, em virtude de determinação de lei ou
obrigação a qual se vinculou
voluntariamente, quando estes atos não implicam em danos a terceiros ou a uma violação da ordem jurídica.

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Responsabilidade Solidária
Consiste na delegação de serviços e ou tarefas sem que isso implique a desobrigação de atender conseqüências das
ações praticadas pelo
subcontratado.

Culpa
No direito penal é a omissão voluntária de diligência ou cuidado, falta ou demora no prevenir ou obstar um dano.
Nada mais grave é do que a violação de um dever pré-existente em que o agente procede ou com imprudência,
imperícia ou negligência.

Imprudência

É a atuação intempestiva e irrefletida.

Consiste em praticar uma ação sem as necessárias precauções, isto é, agir com precipitação, consideração, ou
inconstância.

Imperícia

É a falta de especial, habilidade, ou experiência ou de previsão no exercício de determinada função, profissão, arte ou
ofício.

Negligência

É a omissão voluntária de diligência ou cuidado, falta ou demora no prevenir ou obstar um dano.

Graus de Culpa:

Grave

Se dá quando o sujeito ativo pratica a conduta com a intenção dolosa, ou por negligência, imprudência ou imperícia,
consideradas impróprias ao comum dos homens.

Leve

É aquela evitável apenas com atenção ordinária.

Levíssima

É só evitável com atenção extraordinária.

Modalidade de Culpa

Culpa in eligendo

Quando provém da falta de cautela ou providência na escolha do preposto ou pessoa a quem é confiada a execução
de um ato, ou, serviço.

Caracteriza-se, exemplificativamente, o fato de admitir ou de manter o preponente a seu serviço, empregado não
legalmente habilitado ou sem as aptidões requeridas, ou seja, a má escolha do representante ou preposto.

Responsabilidade do Diretor, pelo encarregado de obras que descumpre normas de segurança.

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Culpa in vigilando

É a que origina da inexistência de fiscalização por parte do patrão sobre a atividade de seus empregados ou prepostos.

Responsabilidade do encarregado de obras, por acidente causado por seu funcionário, por falta de fiscalização.

Culpa in omitendo

É a que tem como fonte de abstenção, a negligência.

Responsabilidade decorrente da não proibição do início da construção de uma aleta, não havendo materiais para
escoramento.

Culpa in custodiendo

É a que emana da falta de cautela ou atenção do agente a respeito de algo que encontra-se sob a sua
responsabilidade e cuidados.

Responsabilidade civil do proprietário de um veículo que o empresta para um terceiro, que causa um acidente.

Culpa in comitendo

É a que o sujeito pratica ato positivo (doloso ou culposo), na forma de imprudência.

Excesso de velocidade.

Critérios que tem sido adotados para aferir a culpa

Objetivo

Tem em vista o homem médio, quer dizer, sua inteligência e perspicácia.

Previsível é um resultado quando da ocorrência de seu evento que pode ser exigido do homem comum e normal, da
sua atenção pessoal e diligências ordinárias. Em outras palavras, é aquilo que se poderia exigir da maioria das pessoas.

Diligência Ordinária do Cidadão Comum:

Permitir que o empregado permaneça em lugar com risco de queda com diferença de nível.

Diligência Extraordinária do Técnico:

Deixar de cumprir uma Norma Regulamentadora, dentre as que integram as Normas Gerais de Segurança Medicina e
Higiene do Trabalho.

Subjetivo

Não aceita o parâmetro do homem médio, que é abstração, e recomenda que se deve levar em consideração a
personalidade do indivíduo, quer dizer, suas condições personalíssimas (idade, sexo, grau de cultura, etc,).

Ato ilícito

Sua definição foi dada pelo próprio legislador ao dizer que “Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito ou causar prejuízos a outrem, fica obrigado a reparar o dano”.

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art. 159 - Código Civil.

O ato ilícito ou omissão pode ser causado por ação ou omissão.

Se a ação ou omissão for voluntária, intencional, o ato ilícito praticado é DOLOSO.

Se a ação ou omissão for involuntária, mas o dano ocorre, o ato ilícito é CULPOSO.

Espécie de dolo

Dolo direto

Quando o agente ativo quis o resultado. (art. 18, inciso I – Código Penal). Ex.: Furto.

Dolo indireto

Quando o sujeito ativo assumiu o risco de produzi-lo. (art. 18, inciso I - Código Penal). O dolo indireto comporta duas
formas ou, seja:

Dolo alternativo

Quando o sujeito quer um dos eventos que sua ação pode causar.

Ex.: Agente desfere tiros contra a vítima, na intenção de matá-la esta, porém, apenas fere.5

Dolo eventual

Quando o agente prevê o resultado e, embora não seja esta a razão de sua conduta, aceita-o.

Ex.: Motorista que em desabalada corrida, para chegar a um ponto, aceita de antemão o resultado de atropelar

uma pessoa.

Acidentes decorrentes da atividade da empresa

A ação ou omissão voluntária de que resulta danos pessoais, materiais e morais nos próprios empregados ou
terceiros, pode ensejar responsabilidade nas seguintes áreas:

a) Responsabilidade da empresa

» Responsabilidade acidentária;

» Responsabilidade trabalhista;

» Responsabilidade administrativa perante o Ministério do Trabalho (multas);

» Responsabilidade civil por danos pessoais, materiais e morais (indenizações civis);

» Responsabilidade perante a coletividade (direitos difusos).

b) Outros tipos de responsabilidades

» Responsabilidade administrativa perante os órgãos que regulamentam a profissão (CONFEA, CREA, CRQ, CRM, OAB,

etc,);

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» Responsabilidade criminal.

» Responsabilidade Acidentária

Tem por móvel assegurar uma fonte alternativa de renda ao acidentado, distribuindo a cobertura do risco empresarial
por toda a sociedade.

Responsabilidade trabalhista

Uma vez ocorrido o sinistro, abre-se ao empregado a possibilidade de, após o retorno da alta médica e desde que
tenha permanecido ao menos 16 dias em gozo de auxílio doença acidentário, independentemente de seqüelas
posteriores deduzir em juízo a estabilidade contida no art.118 da lei 8213/91, que confere doze meses de emprego e
salário, contados da comunicação da alta médica.

Responsabilidade administrativa perante o Ministério do Trabalho(multas)

No cumprimento das normas obrigatórias de ‘Segurança e Medicina do Trabalho, estabelecidas pela Portaria nº
3214/78 - art.157 - incisos I a IV, da CLT, as empresas encontram-se ao abrigo da legislação repressiva, de índole
punitiva, afastando o inconveniente de serem apenadas com multas e sofrerem embargos de suas obras em
andamento, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal superveniente.

Responsabilidade civil por danos pessoais, materiais e morais (indenizações)

A responsabilidade da empresa decorrente de sua atividade pode ser de natureza contratual (ilícito contratual) ou
extra contratual (também denominada culpa aquiliana).

Culpa extra contratual

Os danos materiais, pessoais e morais causados a terceiros devem ser reparados.

Para fins de indenização, o empregado da empresa que sofrer acidente do trabalho é equiparado a terceiro e pode
pleitear indenização civil se o acidente decorreu de culpa que possa ser imputada à empresa.

(art. 6 - inciso XXVIII da Constituição Federal).

Normas e procedimento inseridos nos contratos de trabalho e em regulamentos internos das empresas quanto ao
procedimento de seus empregados, podem ser extremamente úteis na esfera criminal mas têm defeitos na esfera
civil.

Em muitos casos, pode-se concluir pela culpa recíproca ou concorrente envolvendo a própria vítima ou terceiros.

Entre os danos pessoais, incluem-se também o dano estético, que é devido ao acidentado, quando do acidente resulte
deformidade ou aleijão.

Responsabilidade empresarial, perante a coletividade, direitos difusos/coletivos Da Proteção Constitucional -


Constituição Federal/88

» Ação Popular;

» Ação Civil Pública.

art. 5 Todos são iguais perante a lei, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes; inciso LXXIII

60
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Qualquer cidadão é parte legítima para propor AÇÃO POPULAR que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público inciso III

Promover o inquérito CIVIL e a AÇÃO POPULAR para proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos.

Acidente decorrente da atividade empresarial em razão da responsabilidade criminal de acidente do trabalho.A


responsabilidade criminal é individual, não se transfere nem pode ser assumida pelo patrão, como no caso da
responsabilidade civil.

Quando do acidente decorre culpa grave, devidamente caracterizada em processo criminal, evidentemente com
amplo e irrestrito direito de defesa, assegurado pela Constituição Federal/88 - art. 5 - inciso LV:

“Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”, o causador fica sujeito a:

Quanto ao Procedimento Criminal - art. 5 e 27 do CPB:

1. Em caso de acidente do trabalho com morte:

É obrigatório a abertura de Inquérito Policial – IP

2. Nos demais casos:

» de ofício;

» pela requisição da autoridade judiciária;

» pela requisição da autoridade do Ministério Público;

» a requerimento do ofendido os seus familiares;

» por qualquer pessoa do povo que poderá promover a iniciativa do Ministério Público.

Visão no Brasil em relação à responsabilidade

1º - Até 2 horas:

Dos Funcionários;

2º - De 2 até 48 horas:

Das Chefias Imediatas;

3º - De 3 até 7 dias:

Dos Profissionais Especializados nas áreas de

Segurança Medicina e Higiene do Trabalho;

4º - Mais de 7 dias:

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Da Direção da Empresa.

I - Se resulta a morte do trabalhador:

Pena: detenção de 1 a 3 anos.

§. 3 - art. 121 - Código Penal Brasileiro - CPB.

Aumento da pena de 1/3 se o crime foi resultante de inobservância de regra técnica inerente a profissão.

§. 4 - art. 121 - Código Penal Brasileiro - CPB.

II - Se resulta lesão corporal de natureza grave ou incapacidade permanente ao trabalho:

Pena: detenção de 2 meses a 1 ano.

§. 6 - art. 129 - Código Penal Brasileiro - CPB.

Aumento da pena de 1/3 se o crime foi resultante de inobservância de regra da profissão.

§. 7 - art. 129 - Código Penal Brasileiro - CPB

Recursos extremamente úteis para prevenirem cidentes e evitarem as suas conseqüências na esfera judicial

Definir uma Política Formal de Prevenção de Acidentes, Doenças Ocupacionais e Preservação do meio Ambiente;

Elaborar um Plano de Segurança/Saúde Ocupacional, através de um Grupo Multidisciplinar na própria Empresa;

Elaborar e Implementar um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais específico para cada área de trabalho;

Elaborar e Implementar um Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional específico para cada área de
trabalho;Elaborara e Implementar um Programa de Prevenção de Riscos de Acidentes específico para cada área de
trabalho; Elaborar e Implementar Normas e Procedimentos Internos de segurança / Saúde Ocupacional e que constem
dos Contratos com Prestadores de Serviços;

Cumprir e fazer cumprir essas Normas e Procedimentos através de Auditorias; Garantir recursos humanos, financeiros
e materiais necessários para a realização de treinamentos nas unidades industriais; Manter uma equipe especializada
de profissionais de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e de Higienistas; Realizar Avaliação, Controle e Monitoramento
dos Agentes

Ambientais;

Assessorar os Prestadores de Serviços em todos os aspectos técnicos e operacionais;

Elaborar e Implementar um Programa de Ergonomia específico para cada tipo de atividade em cada área de trabalho;

Elaborar e Implementar um Programa de Proteção Radiológica, para cada tipo de material radioativo existente na
unidade;Elaborar e Implementar um Programa de Proteção ao Meio

Ambiente, principalmente em relação as Emissões Fugitivas;

Elaborar e Implementar um Plano de Controle de Emergências;

Elaborar e Implementar um Plano de Prevenção e Combate à Incêndios na unidade industrial;

Elaborar e Implementar um Programa de Proteção Respiratória;Manter interface com os demais setores da unidade
industrial;

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Buscar o Benchmarking, adotando postura de líder em todos os seus segmentos;

Informar a todos os seus funcionários e prestadores de serviço, os riscos existentes e as medidas de controle
existentes aos quais essa população está exposta;

Proporcionar a sua equipe técnica visitas técnicas, visando o desenvolvimento e o aprimoramento de novas técnicas:
bem como cursos de aperfeiçoamento;

Manter banco de dados com todas as informações pertinentes ao desenvolvimento de suas ações, visando a melhoria
contínua;Estabelecer objetivos e metas factíveis de serem alcançados;Estabelecer Planos de Ações, para
redirecionamento sempre que for necessário.

FOLHA DE EXERCÍCIO

1) Dê conceito de acidente de trabalho.

_______________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2) Cite duas situações em que a lei considera o trabalhador no exercício do trabalho.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3) Dê o coneito prevencionista de acidente do trabalho.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

4) Explique o acidente pessoal SPT – Sem perda de tempo.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

5) Explique acidente pessoal.

________________________________________________________________________________________________

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________________________________________________________________________________________________

6. Explique o quase - acidente.

__________________________________________________

__________________________________________________

___________________________________________________

7. Marque “A” para ato baixo do padrão e “C” par condição abaixo do

padrão:

( ) Trabalhar sem usar EPI Equipamento de Proteção Individual.

( ) Trabalhar sem seguir padrão de segurança.

( ) Equipamento sem proteção de sua polia.

( ) Piso esburacado.

8. Marque dois agentes agressivos do grupo de riscos físicos:

( ) Vírus ( ) Vibrações

( ) Poeira ( ) Postura inadequada

( ) Radiação ionizante

( ) EPI inadequado

9. Marque dois agentes agressivos do grupo de riscos químicos:

( ) Gases ( ) Ruído

( ) Rítimo excessivo ( ) Repetitividade

( ) Bactérias ( ) Vapores

10. Marque dois agentes agressivos do grupo de riscos biológicos:

( ) Poeira ( ) Pressões anormais

( ) Fungos ( ) Protozoários

( ) Umidade ( ) Equipamento com defeito

11. Marque dois agentes agressivos do grupo de riscos ergonômicos:

( ) Repetitividade ( ) Vibrações

( ) Rítmo excessivo ( ) Produtos químicos

( ) Bactérias ( ) Vapores

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12. Marque dois agentes agressivos do grupo de riscos de acidentes:

( ) Vapores ( ) Ruído

( ) EPI Defeituoso ( ) Gases

( ) Esforço físico intenso

( ) Máquinas sem proteção

13. Dê o significado de EPI – Equipamento de Proteção Individual.

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

14. Cite uma situação em que a empresa é obrigada a fornecer o EPI e o

trabalhador é obrigado a usá-lo.

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

13. Cite uma obrigação da empresa quanto ao EPI fornecido?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

14. Qual a diferença entre fogo e incêndio?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

15. Quais são os elementos essenciais ao fogo:

( ) Combustível, comburente e oxigênio

( ) Condução, abafamento e resfriamento

( ) Combustível, calor e comburente

( ) Calor, comburente e aceiro

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16. Cite uma forma de propagação do calor.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

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7 MEIO AMBIENTE

7.1 - AMBIENTE (MEIO AMBIENTE)


Podemos definir meio ambiente como o planeta Terra. O lugar onde vivemos, onde moramos. É a nossa casa, nosso
bairro, a praia, o local de trabalho, enfim, é o lugar em que estamos. Esse lugar abriga seres com vida, como homens,
os outros animais e as plantas, e o espaço físico que ocupamos que contém ar, água, terra e outros componentes.

De forma intuitiva e simplificada, podemos dizer que Meio Ambiente é o lugar em que vivemos. Mas, como delimitar
este espaço? Poderíamos considerar como meio ambiente o próprio universo, no referencial mais macro, sendo que
este referencial pode ir se limitando de acordo com a ordem apresentada na figura a seguir:

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A figura acima permite expressar a visão atual que o ser humano tem do meio ambiente. Já temos consciência de que
nós somos parte integrante do meio ambiente, e que qualquer modificação na dinâmica ambiental afeta todos os seus
elementos, inclusive nós mesmos. Os seres humanos não ocupam o centro e nem o topo do meio ambiente, eles e os
outros elementos constituem as malhas do tecido da vida.

Segundo a ISO 14.000, Meio Ambiente é a circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar, água, solo,
recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações.

Nota: neste contexto, circunvizinhança estende-se do interior das instalações para o sistema global.

7.2 - ÁGUA
A água é indispensável ao homem como:

• Bebida e alimento;

• Higiene;

• Fonte de energia;

• Matéria prima;

• Via de transporte;

• Atividades recreativas;

• Abastecimento público;

• Irrigação;

Preservação da vida. Sabemos que todos os seres humanos dependem da água para sobreviver, e em função da
importância desse produto, são necessários o estudo e controle do ciclo desse recurso natural estratégico para o
consumo humano. Do total existente no mundo, cerca de 97,17% são de água salgada. A água doce responde pelos
2,83% restantes, que se dividem em 2,15% nas geleiras e apenas 0,68% nos rios, lagos e lençóis subterrâneos.

A partir desses dados, notamos que é preciso conhecer bem as fontes disponíveis de água, monitorando suas formas
de utilização e sua qualidade, além de racionalizar sua utilização de forma a evitar futuros problemas. Somente a
partir de uma utilização mais controlada e responsável é que os recursos hídricos terão sua renovação garantida e
estarão disponíveis no futuro.

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7.2.1 - QUALIDADE DA ÁGUA

Verificamos a qualidade da água através de amostras, que deverão estar dentro de um padrão estabelecido
pela legislação ambiental.Devemos tomar muito cuidados, pois nem toda água límpida visualmente é de qualidade.

A Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 20 de 1986 estabelece os critérios de


qualidade.

7.2.2 - O CICLO DA ÁGUA

A água evapora dos mares, oceanos, lagos, rios e plantas pela ação da luz solar. O vapor é condensado, ou
seja, transforma-se em líquido e volta a Terra em forma de chuva. Estas águas podem sofrer escoamento superficial
no solo, infiltração, escoamento subterrâneo ou evaporação, quando retornam de novo para a atmosfera.

Figura 7.2

É interessante salientar que somente conhecendo como funciona o ciclo conseguimos entender a poluição de
aqüíferos subterrâneos.

Figura 7.3

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7.2.3 - AUTODEPURAÇÃO

A água tem uma grande capacidade de Autodepuração, ou seja, de naturalmente e paulatinamente, perder
as impurezas que contém.Este processo verifica-se através da diluição, sedimentação e da ação dos microrganismos
presentes no meio, tendo como conseqüência a redução da concentração dos poluentes. Sendo assim, em longo
prazo e sem interferência do homem, um corpo d’água poluído pode recuperar as suas características originais. Esta
“depuração” natural pode ocorrer desde que a quantidade de despejo que o corpo d’água receba seja limitada a partir
de um estudo da capacidade de autodepuração de suas águas .

A Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) no 20 de 1986, no seu artigo 21, estabelece
os padrões de lançamento em corpos d’água.

7.2.4 - EUTROFIZAÇÃO

Um outro fenômeno que ocorre na água é a fertilização desta por nutrientes. Este fenômeno chamado de
Eutrofização é similar à fertilização que fazemos no solo para aumentar a produtividade das colheitas. Os nutrientes,
basicamente sais de nitrogênio e fósforo (nitratos e fosfatos respectivamente) alcançam os corpos d’água através do
escoamento superficial (principalmente pela erosão) e aumentam a “produtividade” da água. O aumento dos seres
aquáticos, principalmente as algas, causam uma queda na concentração de oxigênio livre da água, matando os seres
que necessitam de oxigênio para sobreviver. Este excesso de vida também aumenta a carga orgânica da água acima
do nível normal, alterando o equilíbrio deste ecossistema. Além disso, quando estas águas com excesso de algas são
usadas para abastecimento público, ocorre entupimento das tubulações de águas, e, dependendo dos tipos de algas,
odor e gosto desagradáveis na água.

As principais fontes de nutrientes causadores da eutrofização são:

a)esgotos domésticos e/ou industriais;

b)águas de escoamento superficial nas lavouras (que arrastam os fertilizantes do solo para a água).

Para que a água possa ser utilizada com segurança pelo ser humano muitas vezes precisamos realizar um
tratamento prévio desta água. Este tratamento físico-químico é realizado em várias etapas que são estipuladas
dependendo do fim para o qual a água se destina. Este tratamento é realizado em Estações de Tratamento de Água,
chamadas abreviadamente de ETAs.

7.3 - RESÍDUOS E CO-PRODUTOS


7.3.1 - DEFINIÇÕES

Resíduo

Material resultante das atividades de uma organização que não apresenta aplicação técnica ou
economicamente viável.

Co-produto

Material resultante das atividades de uma organização que apresenta aplicação técnica e economicamente
viável.

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7.3.2 - CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

INDUSTRIAIS SEGUNDO A NBR 10.004

Os parâmetros para classificação dos resíduos sólidos industriais de acordo com seu grau de periculosidade
são definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas através da Norma NBR 10.004/2004- Classificação de
Resíduos.

De acordo com a NBR 10.004:2004, Resíduos Sólidos são “resíduos no estado sólido e semi-sólido, que
resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, agrícola, de serviços e de varrição, incluindo os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição.Também são incluídos líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgoto ou corpos de água”.

Segundo esta Norma, os resíduos são classificados como:

Classe I – perigosos

Classe II – não perigosos

Classe IIA – inertes

Classe IIB – Não inertes

PROBLEMAS AMBIENTAIS

7.4 - POLUIÇÃO
Chama-se poluição à introdução excessiva, no meio ambiente, de compostos estranhos. Esses compostos,
chamados de poluentes, quando lançados no ar, na água e no solo, alteram a sua composição e são prejudiciais à
saúde.

De acordo com a lei 6.938, de 31/08/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, poluição é
definida como:

A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

• Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;

• Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

• Afetem desfavoravelmente a Biota (conjunto de seres vivos de um ecossistema);

• Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

• Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

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7.4.1 - POLUIÇÃO DA ÁGUA

7.4.1.1 - POLUENTE HÍDRICO

Qualquer substância ou energia que quando introduzido num corpo d’água, venha alterar as propriedades
desta água, afetando ou podendo afetar a saúde da biota e/ou modificando as propriedades das espécies minerais
que dependem ou tenham contato com esta água.Quando um rio está tão poluído que não tem mais peixes ou
plantas, dizemos que é um rio morto.

7.4.1.2 - SÓLIDOS SUSPENSOS

A poluição da água pode ser causada pelos dejetos humanos (fezes), quando erradamente conduzidos às
águas dos reservatórios, por substâncias que causam cor e por existência de areia. Rios e lagos podem ser
contaminados quando esgotos domésticos são lançados sem tratamento prévio. Isso porque o excesso de material
particulado acumula-se na superfície da água dos rios e lagos, impedindo a entrada de luz. Os vegetais ficam
impedidos de realizar fotossíntese e, conseqüentemente, de produzir oxigênio. Depois de algum tempo essas algas e
alguns animais que elas alimentam morrem, e assim sucessivamente, perecem todos animais, sobrevivendo apenas as
bactérias anaeróbias.

Os sólidos suspensos podem também causar obstrução de vias respiratórias dos peixes, as brânquias, e o
material sedimentável pode soterrar muitos organismos causando a sua morte.

Figura 7.4 - AZAMBUJA, H. de ª C. Tratando efl uentes e preservando a natureza.

7.4.1.3 - CARGA ORGÂNICA

Quando grande quantidade de esgoto é despejada num rio, os dejetos servem de alimentos para certas
bactérias que ali vivem, facilitando sua multiplicação. Essas bactérias, para respirar, passam então a consumir enorme
quantidade de oxigênio dissolvido na água. Como conseqüência, o oxigênio fica insuficiente para os peixes respirarem
e eles morrerem.

Figura 7.5 - AZAMBUJA, H. de ª C. Tratando efl uentes e preservando

a natureza.

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7.4.1.4 - POR DETERGENTES NÃO BIODEGRADÁVEIS

Os detergentes não biodegradáveis também podem causar a morte de um rio. Eles formam um grande
volume de espuma sobre a superfície da água, impedindo a penetração de luz e a produção de oxigênio através da
fotossíntese. Com isso, morrem as plantas, os animais e os microorganismos que dependem dele para sobreviver.

Além disso, o detergente se infiltra no solo e chega aos lençóis subterrâneo de onde vem à água que muitas
pessoas bebem. Essa água poluída pode causar problemas intestinais.

Figura 7.6 - AZAMBUJA, H. de ª C. Tratando efl uentes e preservando

a natureza.

7.4.1.5 - POLUIÇÃO TÉRMICA

Mudanças significativas de temperatura nos corpos d’água podem ser causadas por despejos industriais. A
elevação da temperatura da água reduz a concentração de oxigênio nela dissolvido, dificultando a vida de
determinadas espécies aquáticas. A Resolução do CONAMA 20/86 limita a temperatura máxima que um despejo em
40o C, alertando ao fato de que a temperatura do corpo receptor não deverá variar em mais de 3o C.

Figura 7.7 - AZAMBUJA, H. de ª C. Tratando efl uentes e preservando

a natureza.

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Também se pode matar um rio jogando na água substâncias tóxicas ou água muito quente.

Por exemplo: Uma indústria se instala perto do rio e usa sua água para aquecer nas caldeiras e depois
devolve a água quente ao rio. Com aquecimento da água, o gás carbônico que estava dissolvido nela diminui.
Diminuindo o gás carbônico, muitas plantas não podem fazer fotossíntese e morrem. Com menos plantas, há menos
oxigênio na água. Com isso, os animais vão também desaparecendo. Essa indústria, ,aquecendo a água do rio, acaba
Com sua vida animal e vegetal.

7.4.1.6 - POR DERRAME DE ÓLEO E GRAXA.

O óleo forma em pouco tempo uma fina camada sobre a superfície, bloqueando a passagem de ar e luz e
impedindo a fotossíntese e a respiração no meio aquático. Ele também contém metais e componentes altamente
tóxicos, comprometendo a saúde e a vida dos seres aquáticos e dos que se abastecem dessa água.

Ex. Apenas um litro de óleo é capaz de esgotar o oxigênio de 1.000.000 de litros de água, quando despejado
em recursos hídricos.

7.4.1.7 - POLUIÇÃO DOS MARES

O oxigênio necessário para renovar a atmosfera é produzido principalmente pelas algas marinhas. Se o mar
for poluído a ponto de matar essas algas, o oxigênio da Terra pode diminuir tanto, que a vida se tornará impossível. E
é o que vai acontecer, se o homem continuar transformando os mares em enormes lixeiras.

Os resíduos industriais tóxicos, os esgotos sem tratamento, o petróleo e seus derivados podem matar as algas
marinhas. Além de produzirem o oxigênio, elas também podem ser extremamente úteis como futura fonte de
alimento para toda a humanidade. Uma outra conseqüência da poluição dos mares é redução da vida animal, como o
extermínio de peixes, crustáceos e moluscos que são largamente utilizadas como alimento pelo homem.

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7.4.2 - POLUIÇÃO DO AR

Poluente atmosférico

Segundo o CONAMA 03/90, qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade,
concentração, tempo ou característica em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o
ar:

• impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;

• inconveniente ao bem-estar público;

• danoso aos materiais, à fauna e flora;

• prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade.

A poluição do ar é decorrente da contaminação do ar por gás, vapores, e materiais particulados decorrente


das ações humanas e também de fenômenos naturais (incêndios espontâneos, ventos, vulcões, etc.). Ela não é um
problema recente.

No século XIII, na Inglaterra, foi aprovada a primeira lei que propunha o controle da fumaça e em 1952, altos
índices de poluentes no ar mataram cerca de 4000 pessoas em Londres. As indústrias e veículos são os principais
poluidores da atmosfera, lançando material tóxico no ar. As conseqüências disso para os seres vivos são devastadoras.
Uma das mais graves é a morte da vegetação. A morte das plantas de uma região acaba por provocar também a morte
dos animais que dela se alimentam.

Dentre as substâncias tóxicas lançadas ao ar pelas indústrias, podemos citar o dióxido de enxofre, partículas
metálicas de chumbo e zinco, óxidos de nitrogênio, ozônio, monóxido e dióxido de carbono e substâncias usadas na
fabricação de inseticidas. Tais produtos podem provocar desde simples alergias até doenças mais graves, como o
câncer. Nos países mais desenvolvidos, onde esse problema é particularmente grave, uma legislação rigorosa
antipoluição obriga as indústrias a procurar cada uma das soluções sob pena de serem proibidas de funcionar.

A mortalidade provocada pela poluição do ar é difícil de ser estimada. Mas certamente, milhares de pessoas
morrem a cada ano, vítimas de alguma doença em que o ar sujo tem um papel determinante. Os mais atingidos são as
crianças, os idosos, as mães que amamentam e as mulheres gestantes. Na cidade de Cubatão, um dos maiores
parques industriais do estado de São Paulo, em 1980, quarenta em cada mil crianças nasceram mortas, enquanto
outras quarenta – a maioria deformadas – morreram antes de completar uma semana de vida.

A seguir veremos exemplos de como a poluição do ar gerada em uma localidade pode afetar pessoas
residentes em áreas distantes do local de emissão. São os efeitos globais da poluição.

7.4.2.1 - INVERSÃO TÉRMICA

O fenômeno da inversão térmica ocorre em dias frios. É uma condição climática que agrava o problema da
poluição do ar. Normalmente, o ar que se acha em contato com o solo é mais quente que as camadas superiores,
tendendo a subir e a dispersar os poluentes.

No inverno, as frentes frias podem fazer com que haja um rápido resfriamento do ar junto ao solo. Nessas
condições, esse ar mais baixo permanece mais frio e mais denso que o da camada superior. Sendo mais denso, ele não
tende a subir e, sem a movimentação do ar, os poluentes acabam por se concentrar na camada mais próxima ao solo.

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Situação sem a inversão térmica

Figura 7.8

Ocorrência da inversão térmica

Figura 7.9

A inversão térmica nas grandes cidades pode levar as autoridades a decretar o estado de alerta ou estado de
emergência, proibindo o funcionamento de indústrias e a circulação de veículos automotores.

7.4.2.2 - CHUVAS ÁCIDAS

As chuvas ácidas, provocadas pela concentração dos gases tóxicos lançados diariamente da atmosfera, são
decorrentes, principalmente, da queima incompleta de combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão mineral. Esta
queima produz, além do gás carbônico, outros gases como as formas oxidadas do nitrogênio e do enxofre, que são
liberadas para a atmosfera. Uma delas, o dióxido de enxofre, ao se combinar com o vapor d’água, forma o ácido
sulfúrico, que é o principal responsável pela chuva ácida. As gotas de chuva ou de neblina atravessam o ar poluído
com os ácidos nítrico e sulfúrico, absorvendo os e precipitando-os a seguir sobre o solo.

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A partir de 1979 e 1980, constatou-se que inúmeros lagos em todo o mundo tinham se tornado ácidos. Na
maioria deles não se encontra qualquer forma de vida. Inicialmente, as reservas de carbonato de cálcio que os lagos
possuem neutralizam os ácidos contidos nas gotas de chuva. Contudo, quando estas reservas se esgotam, os lagos se
tornam subitamente ácidos. Como a maioria dos seres aquáticos vive em águas neutras, a acidez determina o
desaparecimento das espécies.

Figura 7.10

O mesmo efeito pode ser observado em relação à cobertura vegetal. Um exemplo é o que ocorre na cidade
de Cubatão em São Paulo. Nessa região, as indústrias químicas e siderúrgicas lançam excessos de dióxido de enxofre
na atmosfera. Em conseqüência, a vegetação da Mata Atlântica, nas encostas da Serra do Mar, recebe chuvas ácidas.

Nesse local, observa-se principalmente a morte das árvores de maior porte, cujas folhas de grande tamanho
estão mais expostas aos ácidos trazidos pela chuva ou pela neblina, muito freqüente na região. Como as raízes dessas
árvores fixam o solo, com a sua morte verificam-se deslizamentos que põem em risco a vida das populações que
vivem nas encostas ou próximas a elas.

As chuvas ácidas têm afetado também importantes patrimônios culturais da humanidade. Ao cair sobre
templos, pedras, esculturas e outras obras de arte expostas ao ar atmosférico, causando-lhes danos. Um exemplo são
os danos causados em obras-primas feitas em mármore por escultores e arquitetos gregos na Acrópole ateniense.

Um sério agravante à chuva ácida é que ela atinge locais diferentes daqueles onde as emissões foram
geradas. As nuvens poluídas, levadas pelos ventos, acabam atingindo regiões distantes.

A chuva ácida tem sido responsável por grandes danos ao meio ambiente ocasionando:

• Morte da vegetação;

• Destruição das lavouras;

• Acidificação e morte dos cursos d’água;

• Descaracterização dos edifícios e monumentos históricos.

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7.4.2.3 - EFEITO ESTUFA

O sol emite para a Terra uma radiação por volta de 700 cal/cm², em média, durante o dia. Desta quantidade,
cerca de 300 calorias chegam ao solo, 300 são refletidas e 100 são absorvidas e armazenadas pelas moléculas do CO2,
H2O, e outras contidas no ar, mantendo na superfície da Terra uma temperatura média de 14ºC. Essa energia
armazenada durante o dia aquece a Terra durante a noite e é indispensável para a vida no planeta. A esse mecanismo
damos o nome de “Efeito Estufa”.

Figura 7.11

É válido ressaltar que a presença do gás carbônico, em níveis normais (305 a 470 ppm), é indispensável à
existência da vida no planeta; sem ele, a temperatura média da Terra seria 30ºC mais fria. Entretanto, com o
crescimento da utilização de fontes de energia resultantes da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o
petróleo, o efeito estufa passou a ser um problema. A partir do momento em que o homem aumentou
demasiadamente a quantidade de gás carbônico existente no ar, aumentou também a temperatura do planeta.

A cada ano são lançadas na atmosfera 24 bilhões de toneladas de gás carbônico – a maior parte (19,2
bilhões), pelos países industrializados do Hemisfério Norte. A América Latina e o Brasil contribuem com uma parte
ainda pequena – 3,5 bilhões; 4/5 desse total provêm da queima de petróleo; o resto resulta da queima das florestas.

O aquecimento do planeta acarreta vários problemas ambientais, como por exemplo:

O degelo das calotas polares resulta no aumento do nível das águas dos oceanos. O nível dos oceanos já
aumentou 20cm nos últimos cem anos e deverá continuar aumentando, podendo atingir um metro no final do
próximo século. O aumento de 1 metro no nível dos mares alagaria 10% do território de Bangladesh, na Índia,
deixando sem terra cerca de oito milhões de habitantes;

A modificação na taxa de crescimento das plantas e dos animais;

Aumento no número de dias quentes e diminuição do número de noites frias;

Intensificação da violência das tempestades e ocorrência de mais terremotos.

Para contornar estes problemas devemos limitar as emissões de gases estufa, como o CO2, substituir fontes
de energia fósseis por energias alternativas, como a eólica e a solar que não resultam em emissões desses gases, e
promover reflorestamento de áreas degradadas.

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7.4.2.4 - BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO

A atmosfera, envoltório gasoso da terra, estende-se por centenas de quilômetros, a partir da superfície
terrestre. A camada de ozônio situa-se numa faixa entre 15 e 50 quilômetros de altitude.

O ozônio (O3) é um gás capaz de absorver os raios ultravioletas emitidos pelo Sol, que são extremamente
prejudiciais à vida. A camada de ozônio funciona, então, como um escudo protetor da Terra.

No final da década de 70, uma equipe de cientistas britânicos que trabalhava na Antártida descobriu a
existência de um buraco na camada de ozônio. Para alguns cientistas, esse buraco é decorrente da própria dinâmica
da atmosfera. Outros acham que ele se deve à liberação na atmosfera de um composto químico, o clorofluorcarbono
(CFC). Conhecido como gás freon, o CFC é utilizado em larga escala em inseticidas, tintas, cosméticos, produtos de
limpeza; ou como refrigerador em geladeiras e aparelhos de ar condicionado; ou ainda como propelente em sprays
enlatados etc.

Figura 7.12

O gás freon é quimicamente inerte, isto é, não reage com outras substâncias. Assim, quando liberado na
atmosfera, atinge intacto as grandes altitudes, sendo quebrado apenas pela radiação ultravioleta do sol. Nessa
quebra, há liberação dos átomos de cloro, que reagem com o oxigênio do ozônio. Este é então decomposto,
formando-se assim o buraco.

Sem esse escudo protetor, a radiação ultravioleta atinge diretamente a Terra, podendo alterar a composição
de moléculas, inclusive aquelas que constituem os seres vivos. A Academia de Ciências dos Estados Unidos estima que
a redução de 1% da camada de ozônio pode provocar 10 mil casos de câncer de pele por ano, só naquele país. Além
disso, a redução da camada de ozônio contribui para o efeito estufa. Sabe-se que os CFC’s demoram de 10 a 20 anos
e, segundo alguns autores, até 50 anos para serem transportados até a estratosfera, a partir do momento em que são
emitidos. Isso significa que se pararmos hoje de liberar CFC’s na atmosfera, cinqüenta anos depois ainda estaremos
sofrendo as conseqüências.

A destruição da camada de ozônio acarreta vários problemas ambientais, como por exemplo:

Danos à saúde humana: câncer de pele; enfraquecimento do sistema imunológico do organismo; incidência
de catarata; Danos às plantas; redução do crescimento, maior susceptibilidade as pragas, doenças e pestes; qualidade
inferior das sementes. Em 1987, representantes de 57 países, incluindo os maiores representantes, assinaram no
Canadá o Protocolo de Montreal, contendo o compromisso de reduzir a produção pela metade até 1999.

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O Brasil produziu 10 mil toneladas de CFC’s em 1988 e 8,6 mil toneladas em 1990. Já a produção dos E.U.A.
foi de 280 mil toneladas em 1985, quando se constatou a existência de um buraco na camada de ozônio sobre a
Antártida, ou seja, uma redução de 40% na camada de ozônio. Em 1987, redução de 60% em alguns pontos da
Antártida.

7.4.3 - POLUIÇÃO DO SOLO

Alteração do solo por qualquer um dos inúmeros poluentes derivados da agricultura, da mineração, das
atividades urbanas e industriais, dos dejetos animais, do uso de herbicidas ou dos processos de erosão.

7.4.3.1 - ÁREAS DEGRADADAS

São áreas que sofrem alterações em intensidade tão grande que comprometem o ecossistema local,
oferecendo ameaça à continuidade de vida sadia e equilibrada no seu interior e entorno. Podem ainda facilitar a
transferência de sua contaminação para outros locais.

Há autores que fazem distinção entre áreas degradadas e áreas contaminadas, considerando degradada
aquela que foi abandonada e contaminada aquela que ainda está sendo utilizada pelo agente.

Fontes de contaminação por atividades antrópicas

• Lixiviação de Aterros Sanitários e Lixões

• Tanques Combustíveis enterrados

• Derramamentos acidentais

• Vazamento de Tubulações e Tanques

• Disposição inadequada de Resíduos Sólidos

• Efluentes Industriais sem tratamento

• Uso indiscriminado de defensivos agrícolas

• Beneficiamento Mineral

Segundo ABETRE - Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos, o Brasil produz 2,9 milhões
de toneladas de resíduos industriais por ano:

§ 22% - 600.000 toneladas são tratados adequadamente.

§ 78% - 2,3 milhões toneladas são dispostos inadequadamente.

Destas 600.000 toneladas de RSI - Resíduos Sólidos Industriais:

§ 16% - Aterros

§ 5 % - Co-processamento

§ 1% - Incineração

7.4.3.2 - REMEDIAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

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A remediação é sempre um processo difícil de ser realizado e extremamente caro, devendo usar-se
preferencialmente o princípio da precaução: “É MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR”, cujo custo e facilidade de
execução serão infinitamente menores. Vejamos um exemplo:

Os resíduos do sistema de despoeiramento,dos fornos de fundição contém metais pesados (chumbo, cádmio,
cromo, níquel, zinco e outros) às vezes em teores (quantidades) acima daqueles admitidos como seguros pelas
normas específicas. Estes resíduos, dispostos inadequadamente em local que apresente solo permeável, poderão
provocar a contaminação do lençol freático, caracterizando uma área que necessita de remediação.

Para se ter uma pequena idéia dos problemas de remediação envolvidos no exemplo acima, haveria
necessidade de promover a remoção de todo o material contaminante, imediatamente. Pelo risco de contaminação
do lençol freático, provavelmente seria necessário executar a intercepção do lençol freático, com o bombeamento de
toda a água que passa pela região contaminada, processar sua descontaminação ou realizar a neutralização do agente
contaminante e posteriormente reintroduzir essa água ao lençol. Paralelamente seria necessária a realização de
análises do solo, talvez remoção de parte desse solo procedendo a descontaminação do mesmo, se possível.

Verifica-se que este um processo é difícil de executar, caro e nem sempre adequadamente eficiente.

7.5 - PRODUÇÃO DE RESÍDUOS


A problemática gerada pelos resíduos sólidos abrange vários aspectos relacionados à sua origem e produção,
assim como o conceito de inesgotabilidade e os reflexos de comprometimento do meio ambiente e da saúde pública,
principalmente a poluição do solo, do ar e dos recursos hídricos.

Além de ser grande a quantidade de lixo gerado, existe o problema do tempo que ele leva para se decompor.
A tabela a seguir mostra o tempo de decomposição de alguns materiais.

Normalmente nos preocupamos com o lixo até o momento de alguém recolhê-lo o dispô-lo em algum lugar
que, não sendo no nosso quintal ou vizinhança, pode ser qualquer um. No entanto, o lixo mal acondicionado pode
contaminar os corpos d’água e traz risco à saúde. As substâncias resultantes da decomposição dos vários tipos de
materiais jogados no lixo (chorume), dependendo da porosidade do solo, podem penetrar na terra, atingindo o lençol
freático, ou serem carregadas pelas chuvas, contaminando lagos, rios e oceanos. Lixiviação é o nome que se dá a esse
fenômeno de penetração no solo do chorume que á altamente poluente.

O lixo mal acondicionado gera odores e estimula a proliferação de ratos, escorpiões, morcegos e outros
animais transmissores de doença como podemos observar na tabela abaixo.

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A disposição em lixões é prática condenada, devido aos inúmeros problemas que acarreta como: propagação
de pragas (insetos e roedores) e de doenças que eles transmitem, mau cheiro, contaminação do meio ambiente
(emanações gasosas, infiltração de substâncias tóxicas no solo, contaminação de córregos e de lençóis de água
subterrâneos) e, como se não bastasse, a sustentação de um submundo de miséria com pessoas disputando com
urubus, roedores e insetos os restos de comida existentes no lixão!

Para se ter uma idéia da gravidade do problema, basta dizer que das cerca de 240.000 toneladas de lixo que o
Brasil produz por dia, 75% é destinado a lixões a céu aberto!

O gráfico seguinte fornece as porcentagens relativas aos diferentes encaminhamentos dados ao lixo no Brasil.

O aterro controlado, apesar de não configurar uma situação de total abandono como os lixões, também não é
uma solução adequada para a destinação do lixo.

Figura 7.13

O fato mais preocupante é que a população mundial está crescendo em ritmo acelerado, esperando-se que
duplique nos próximos vinte ou trinta anos. Isso implica na expansão automática da industrialização, pois, maiores

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quantidades de alimentos e bens de consumo serão necessários para atender a essa nova e surpreendente demanda,
o que irá gerar inevitavelmente consideráveis volumes de resíduos.

Esta inevitável geração de resíduos é um dos maiores problemas que estamos enfrentando nos dias atuais. Se
observarmos e fizermos uma comparação com alguns anos atrás, notaremos que o homem passou a viver na era dos
descartáveis, em que a maior parte dos produtos são inutilizados e jogados fora com enorme rapidez. Como as áreas
disponíveis para colocar esse lixo se tornaram escassas, a sujeira acumulada no ambiente aumentou a poluição do
solo, das águas e piorou as condições de saúde das populações em todo o mundo, especialmente nas regiões menos
desenvolvidas.

Os resíduos sólidos, nos últimos 20 anos, mudaram tragicamente sua composição. Hoje, os resíduos sólidos
veiculam, além dos microrganismos causadores de doenças substâncias tóxicas e perigosas (resinas, tintas, pesticidas,
microrganismos resistentes, metais pesados, etc.).

Segundo BARROS (1993) resíduos são partes significativas dos ciclos da natureza e da economia, há sempre
uma perda de matéria ou energia. Devido à industrialização, no entanto, as quantidades de resíduos aumentaram
consideravelmente fazendo com que a natureza não mais suportasse todos os resíduos em seu ciclo natural. Além
disso, a industrialização modifica também os resíduos domésticos: antes era quase tudo exclusivamente orgânico,
agora outros componentes mais inorgânicos tornam difícil o trabalho natural de reciclagem.

Falando em industrialização, observamos que dependendo do grau de desenvolvimento de cada país há


variação na quantidade de resíduo produzido por habitante, como verificamos no quadro abaixo.

Notamos pelo Quadro que quanto mais desenvolvido e industrializado é um País a geração de resíduos tende
a ser maior. O Brasil dentre os Países em desenvolvimento é um dos que mais geram resíduos.

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Segundo BARROS (1993), o aumento do consumo é possível graças ao crescimento econômico e ao poder de
compra elevado. Mas há outros fatores estreitamente ligados a estes dois, e que estão também na origem deste
problema:

• Mudança nos modos de vida e hábitos de consumo;

• Produção em massa (menos duráveis a preço baixo);

• Incitação à produção e ao consumo de produtos descartáveis;

• Modificação da estrutura da população (pessoas vivendo sós).

Apesar da comprovada importância sanitária e ambiental da gestão dos resíduos sólidos, observa-se que
estas atividades no Brasil estão muito aquém do satisfatório. Veja na tabela abaixo dados referentes apenas à coleta
de lixo no Brasil:

(1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá.

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(2) Exclusive a população rural.

Muitas cidades possuem um sistema eficaz de coleta e transporte dos resíduos sólidos, porém despejam
estes resíduos a céu aberto ou em áreas alagadas, sem nenhum critério técnico. A população, por sua vez, exige
apenas que haja coleta do resíduo em sua porta, pois não se incomoda ou não se interessa pelo destino final do
resíduo sólido produzido se este estiver longe de suas vistas (NUNESMAIA,1997).

Nos países subdesenvolvidos como o Brasil as crescentes aglomerações urbanas acrescentadas ao aumento
dos resíduos fazem com que surjam problemas de degradação social (catadores de lixões que procuram materiais e
comida) e degradação ambiental (poluição do solo, ar e dos recursos hídricos).

Entre estas embalagens devem ser citadas as de plástico, cujo consumo cresceu intensamente neste período,
principalmente devido à substituição das garrafas de vidro por garrafas plásticas. A lata de alumínio, somente em
1989 começou a ser produzida no Brasil.Surgiram também nesta época as cartonadas “tipo longa vida”, o isopor e
várias outras mesclando materiais diversos como plástico e cartão (CALDERONI, 1998).

Atualmente as pessoas têm uma facilidade maior na aquisição de bens de consumo adquirindo produtos
descartáveis e principalmente produtos prontos. Devido ao pouco tempo disponível para realizar as suas refeições em
casa, as pessoas freqüentam restaurantes “fast food” onde o uso de embalagens é grande. Na compra de uma simples
camiseta levamos para casa o dobro do volume desta em papel, é o caso do excesso de embalagens, do papel que
embrulha a camiseta, que está dentro de uma caixa, que está dentro de uma sacola. Nesse novo estilo de vida a
população acaba gerando um volume muito maior de resíduos domiciliares.

No entanto, com o passar do tempo, as questões relacionadas a soluções derivadas dos problemas causados
pelo mau gerenciamento dos resíduos sólidos, tanto urbanos quanto industriais, tornaram-se inadiáveis, pois não
podemos ser inconscientes do significado da periculosidade do mau gerenciamento dos resíduos sólidos que geramos.
Se pararmos para pensar veremos que a geração de resíduos sólidos é inevitável em nossas vidas e que por isto
necessitamos saber gerenciá-los de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentável.

PEREIRA NETO et al (1993) também afirma que a política de gestão dos resíduos é bastante recente. Suas
características basicamente orgânicas, de antigamente, não constituíam uma preocupação ou um perigo. Entretanto,
hoje em dia, preocupa-se muito em como eliminar os resíduos de uma forma eco-compatível. Muitas alternativas
surgiram, como os aterros - em princípio lixões - depois sanitários ou controlados, mas ainda assim com muitos
inconvenientes, a incineração também tem suas limitações devido à poluição do ar e altíssimos custos.

A gestão dos resíduos sólidos envolve todo o controle técnico e administrativo de sua coleta, transporte e
tratamento, bem como a disposição final adequada e segura do que sobra deste tratamento.

Segundo PINTO (1979), os problemas de disposição de resíduos se resumem num só: devolver ao meio-
ambiente, com o mínimo de perturbação e inconveniência, as substâncias dele tomadas por empréstimo, por prazo
mais ou menos longo, para atender às necessidades impostas pela tarefa de viver.

7.6 - POLUIÇÃO RADIOATIVA


O material radioativo é utilizado em:

• Indústrias;

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• Medicina;

• Pesquisas científicas;

• Produção de energia;

• Bombas nucleares.

A energia nuclear apresenta uma série de riscos de contaminação do meio ambiente que podem
comprometer a qualidade de vida por muitas gerações. Além disso, ainda não se encontrou uma alternativa segura
para a disposição dos rejeitos radioativos, provenientes de usinas nucleares que causam inúmeras conseqüências para
o homem como: o câncer generalizado, defeitos de nascença, leucemia, etc.

7.7 - DESENVOLVIMENTO POPULACIONAL


A população humana vem crescendo de maneira vertiginosa, ocupando um espaço finito: a Terra. O aumento
do número de pessoas caminha abraçado ao consumo crescente de materiais, energia e alimentos, à invasão de áreas
antes ocupadas por outras espécies, ao crescimento da poluição.

Foram necessários 1,5 mil anos para a população crescer em 200 milhões de pessoas; apenas 150 para
crescer em mais de 1,5 bilhão; e tão-somente 40 anos para inchar em mais 4 bilhões!

As projeções mais otimistas indicam que seremos algo em torno de 11 bilhões por volta de 2045.

Figura 7.14

Analisando o gráfico anterior, que conclusões podemos tirar?

População é o conjunto de indivíduos de uma espécie que habita um certo ambiente em um dado momento.
Seu tamanho é determinado por quatro fatores: nascimento, emigração, morte e imigração.

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De maneira geral, a população de qualquer espécie cresce até atingir a capacidade que o ambiente tem de
sustentá-la. A partir de então, tende a entrar em equilíbrio, e o número de indivíduos passa a variar ao redor de um
patamar constante.

Mais recentemente, o grande número de seres humanos, com sua enorme e crescente capacidade de alterar
o ambiente, tem sido responsável pela alteração do equilíbrio de inúmeras populações, e mesmo pela extinção de
várias.

Sabendo como a natureza atua, podemos procurar entender o porquê do crescimento vertiginoso da
população humana, como ela vem afetando o ambiente em que vive e, o mais importante, como criar condições para
que sobreviva com qualidade.

7.7.1 - MOTIVOS DO CRESCIMENTO POPULACIONAL

No início de sua jornada na Terra os seres humanos eram coletores e caçadores. Vagavam em pequenos
grupos, cavando raízes, colhendo frutos e caçando. Para sustentar mesmo um pequeno grupo com essas
características, era necessária uma considerável extensão de terra.A escassez alimentar e a mobilidade não
favoreciam a reprodução e, assim, limitavam a sobrevivência. A população era razoavelmente estável e restrita aos
ambientes que permitiam esse meio de vida.

Há cerca de 10 mil anos, algum empreendedor curioso plantou algumas sementes, acompanhou seu
crescimento, observou a frutificação e, finalmente, comeu os frutos. Gostou, ensinou e a mania pegou. Era o início da
agricultura, que permitiu que nossos antepassados estacionassem junto de seus plantios e aí construíssem sua
morada.

Ao longo do tempo, aprenderam mais e mais, desenvolveram novas técnicas de cultivo, de seleção de novas
plantas, domesticaram animais como a vaca, o cavalo, a ovelha. Todos esses animais se tornaram mais uma fonte de
alimentos e de matérias-primas, e alguns passaram a servir para puxar o tosco arado e para transportar pessoas e
mercadorias. Não era nenhum self-service, mas foi um salto fabuloso.

A agricultura e a pecuária permitiram que um único homem alimentasse diversos.

Mas o homem estudava e descobria. Pasteur provou a existência dos micróbios e como eram capazes de
provocar doenças mortais, muitas delas contagiosas.

Começou o esforço de saneamento das imundas cidades européias, gradativamente estendido para grande
parte das grandes cidades do mundo, a prosperidade econômica, aliada ao conhecimento, permitiu que se
implementassem medidas sanitárias básicas e extremamente eficientes. Esgoto e água encanada e tratada, antes
considerados um luxo, hoje, quando ausentes, caracterizam miséria.

A introdução dessas e de outras medidas de saneamento, como o combate a ratos e a insetos, transmissores
dos micróbios pestilentos, foram passos fundamentais para a melhoria da saúde pública. Menos doentes e menos
mortes; mais pessoas, mais filhos.Com a descoberta dos micróbios, a assepsia tornou-se um ritual, e tudo passou a ser
limpo e esterilizado. Uma beleza, para os padrões da época. A morte pós-operatória caía de 80 para 20%. A
inestimável vida humana se prolongava.

Quando o clorofórmio e o éter surgiram, e as técnicas de sua utilização foram aperfeiçoadas, a anestesia
permitiu que se realizassem cirurgias indolores e cada vez mais complexas. Salvava-se e aprendia-se.

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Depois de aprender a anestesiar e a esterilizar, o homem aprendeu a imunizar. Vieram as vacinas. A cólera, o
tifo e a peste bubônica, que ceifavam milhões de vidas, felizmente foram pouco a pouco sendo debeladas.

Em seguida, deu-se mais um passo; sabendo como evitar as infecções, aprendeu-se a combatê-las. Antes, os
pacientes que chegavam aos hospitais com ferimentos infeccionados estavam condenados. Com Fleming, vieram os
antibióticos, e, a partir de então, os ferimentos eram cobertos por um milagroso pó branco: a penicilina.

As infecções passaram a ser combatidas com enorme eficácia.

Cada vida salva era uma vitória. Cada pessoa que tinha sua morte adiada permanecia na população. Vivos
geram outros vivos. A população não só deixava de diminuir, mas também aumentava. E em progressão geométrica!
Quantos milhares de pessoas estão vivos agora porque duas ou três no passado tiveram sua vida preservada por mais
tempo? Com boa probabilidade, algumas das que estão lendo esta frase. E quantas existem porque milhares viveram
mais tempo?

Adiar a morte é prolongar a vida!

Uma conquista espetacular da humanidade. O desenvolvimento científico e tecnológico tem contribuído para
agravar o problema,propiciando um tempo de vida mais longo para as pessoas. No Brasil,por exemplo, em 1910, a
expectativa de vida era de 33,4 anos para os homens e de 34,6 anos para as mulheres. Em 1990, homens viviam em
média 62,3 anos, e mulheres, 69,1. O aumento da expectativa de vida tem gerado problemas que envolvem, por
exemplo, a Previdência Social e a sobrecarga dos serviços assistenciais, inclusive os de saúde. Há problemas sérios
também no que se refere à distribuição da renda, de uma absurda desigualdade. No século 20, a população brasileira
foi multiplicada por dez e o Produto Interno Bruto por cem. Apesar disso, a distância entre pobres e ricos tornou-se
maior.

É preciso levar em conta que o aumento populacional tem efeitos colaterais que significam maiores pressões
sobre os recursos naturais.Os ecossistemas costeiros serão cada vez mais ameaçados, uma vez que dois entre três
seres humanos vivem dentro de uma faixa de 100 quilômetros a contar do litoral.

Cada vez mais gente, vivendo mais tempo e se reproduzindo sem planejamento ou controle. Eis aí o porquê
da explosão populacional.

7.8 - DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL


O crescimento industrial também tem sido acelerado, pois com o aumento da população surge a necessidade
de consumir mais produtos industrializados, para suprir as necessidades da população. A economia também vem
crescendo. Em 1950 era de quatro trilhões de dólares e passou para 25 trilhões em 1997.Também estamos
consumindo três vezes mais minérios e a produção industrial aumentou em 7 vezes.

Em 45 anos, o uso de combustíveis fósseis aumentou quatro vezes,enquanto se consumia o triplo de água e o
sêxtuplo de papel. Como podemos manter o equilíbrio entre o desenvolvimento industrial e o meio ambiente?

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7.9 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento definiu-o como o modelo de
desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras
atenderem suas próprias necessidades.

Esse novo modelo de desenvolvimento deveria objetivar:

Um crescimento econômico duradouro;

A satisfação das necessidades essenciais por emprego, comida, energia, água e saneamento básico; Um
crescimento populacional sustentável;

Conservação e proteção da base de recursos naturais;

Uma reorientação de tecnologia e das relações econômicas internacionais para assegurar uma correta
avaliação dos custos ambientais embutidos nas atividades produtivas.

Como iremos atingir tão desejável desenvolvimento?

O mundo inteiro vem criando tecnologias e ferramentas capazes de indicar como atingir o progresso em
bases sustentáveis. Podemos citar algumas linhas de ação com resultados promissores:

O desenvolvimento de tecnologias limpas, ou seja, que são menos poluentes, consomem menos matéria-
prima e energia;

A conservação de áreas naturais através da criação de parques e reservas florestais onde as interferências
humanas são limitadas ou proibidas;

O desenvolvimento de fontes alternativas de energia, como a solar e a eólica, que não agridem o meio
ambiente;

A reciclagem;

O manejo florestal que utiliza os recursos florestais de uma área sem devastá-la;

A educação ambiental em todos os níveis de ensino levando a uma transformação de mentalidade e a um


sentimento de responsabilidade para com o meio ambiente natural; E os Sistemas de Gerenciamento Ambiental.

7.10 - PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO


Significa a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnologicamente integrada aos
processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias primas, água e energia, através de não
geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo.

De uma forma geral, os resíduos industriais apresentam-se como:

Efluentes líquidos, formados por substâncias dissolvidas em água ou em outros solventes;

Emissões atmosféricas, que incluem gases resultantes da queima de óleo e outros combustíveis, vapores de
água, de ácidos e de outras substâncias voláteis etc.

Resíduos sólidos, como embalagens descartadas, peças defeituosas, rebarbas, limalhas e aparas, óleos
lubrificantes usados e outros resíduos relacionados na NBR 10004 (classificação de resíduos sólidos).

Todos esses resíduos requerem medidas que eliminem ou diminuam seu efeito sobre o meio ambiente e seus
componentes: o ar, a água, o solo e os seres vivos.

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Assim, os efluentes líquidos devem ser tratados antes de seu descarte em córregos, rios ou no mar. Cuidado
idêntico deve ser destinado às emissões atmosféricas, que devem ser recolhidas por sistemas adequados, filtradas e
tratadas antes de sua liberação para o ambiente externo, e aos resíduos sólidos, para evitar a contaminação de solos e
de lençóis de água subterrâneos.

O objetivo da Prevenção da Poluição é atender nossa necessidade de produtos de forma sustentável, isto é, usando
com eficiência materiais e energias renováveis e não-nocivos,conservando ao mesmo tempo a biodiversidade. Os
sistemas de Prevenção da poluição são circulares e usam menor número de materiais, menos água e energia. Os
recursos fluem pelo ciclo de produção e consumo em ritmo mais lento. Em primeiro lugar,os princípios da Produção
Limpa questionam a necessidade real do produto ou procuram outras formas pelas quais essa necessidade poderia ser
satisfeita ou reduzida.

1) O que é meio ambiente?

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( ) É a circunvizinhança em volta da empresa, incluindo o CONAMA.
( ) É a circunvizinhança ao redor de nossa casa, os mares, os rios, o Universo.
( ) É a circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres
humanos e suas inter-relações.

2) Explique o ciclo da água.

3) Quantos % temos de água potável disponível no planeta?


( ) 0,008%
( ) 97%
( ) 2,3%
( ) 0,7%

4. Marque “X” em duas formas que as cidades podem poluir a água:


( ) Contaminação por chuva ácida
( ) Depósito de rejeito sanitário e lixo
( ) Vazamento de esgoto
( ) Vazamento de tubos e tanques enterrados
( ) Depósito de rejeitos tóxicos

5) Autodepuração é?
( ) Contaminação por chuva ácida
( ) Fertilização do solo sobre o leito do rio
( ) Carga orgânica
( ) Perda de impurezas pelas águas, sem presença do homem
( ) Depósito de rejeitos tóxicos

6) Resíduo é?
( ) Material resultante das atividades de uma organização que apresenta aplicação técnica e economicamente viável.
( ) Material resultante das atividades de uma organização que não apresenta aplicação técnica ou economicamente
viável.

7) O que é degradação da qualidade ambiental

8) Poluente hídrico é:
( ) qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou característica
em desacordo com os níveis estabelecidos
( ) Qualquer substância ou energia que quando introduzido num corpo d’água, venha alterar as propriedades desta
água, afetando ou podendo afetar a saúde da biota e/ou modificando as propriedades das espécies minerais que
dependem ou tenham contato com esta água.
( ) Alteração do solo por qualquer um dos inúmeros poluentes derivados da agricultura, da mineração, das atividades
urbanas e industriais, dos dejetos animais, do uso de herbicidas ou dos processos de erosão.

9) Cite duas formas de poluição das águas.

10) Como ocorre a inversão térmica?

11) O maior causador do efeito estufa é o:


( ) SO2
( ) O3
( ) CO2
( ) CFC

12) Quem é o maior produtor de oxigênio do planeta?

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13) As chuvas ácidas são decorrentes principalmente:


( ) Da queima incompleta dos combustíveis fósseis, como o Petróleo.
( ) Das substâncias tóxicas lançadas no ar pelas indústrias, como o CO2.
( ) Através da Inversão Térmica.

14) Explique o efeito estufa.

15) Cite um problema provocado pelo efeito estufa?

16. Qual o gás que provoca o buraco na camada de ozônio?


( ) SO2
( ) O3
( ) CO2
( ) CFC

17. Cite um problema provocado pelo buraco na camada de ozônio.

18. Qual o principal motivo do aumento da geração de resíduos? Explique?

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8 BIBLIOGRAFIA

Segurança e Medicina do Trabalho. Manual de Legislação de Normas Regulamentadoras, Portaria 3.214/78.


SILVA, Waldecy Antonio da Rocha. Metodologia de Análise de Risco. Revista CIPA, 2003.
PADÃO, Márcio Elmor. Esmerilhadeira Portátil: Cuidados com seu Manejo. Revista Proteção, 1988.
WHITE MARTINS SOLDAGEM. Segurança em Processos Oxi-Combustíveis. Informativo Técnico, 1996.
BRINQUETE, Rui. Poluição das Águas, do Ar e dos Solos. Disponível em: URL:http://www.terravista.pt/nazare/6207.
SIQUEIRA, Hugo Luiz Fagundes. Responsabilidade das Empresas em Acidentes de Trabalho. XI Jornada
Latino Americana de Seguridad e Higiene em el Trabajo, Santiago, Chile, outubro, 1997. Revista Proteção, 1998.

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