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Discentes:

 Augusto Rogerio Xerinda 20200296


 Vania Viderno Congolo 2020030
 Felomena Boaventura Levi 20200174
 Claucia dos Austros 20200585
 Jose Manuel Arnaldo Bande Junior 20200442

Maputo, Outubro de 2022


Curso: direito Turma: anfiteatro turno: laboral

Tema: Infortunística

Trabalho de investigação científica feito


no ISGEGM,delegação de Maputo,curso
de direito,cadeira de Medicina Legal

Maputo, Outubro de 2022


ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................1

1.1. Objectivos...............................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral...................................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos........................................................................................2

1.2. Metodologia............................................................................................................2

2. INFORTUNISTICA...................................................................................................3

2.1. Doutrina do risco profissional................................................................................3

2.2. Acidente do trabalho...............................................................................................4

2.3. Consequências do Acidente....................................................................................6

2.4. Indemnização..........................................................................................................6

2.5. Prevenção de Acidentes e Higiene do Trabalho.....................................................7

2.6. Readaptação Profissional e Reaproveitamento do empregado acidentado............8

2.7. Perícia médica........................................................................................................9

3. CONCLUSÃO.........................................................................................................12

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................13
1. INTRODUÇÃO

Os acidentes do trabalho e/ou doenças ocupacionais podem gerar efeitos trabalhistas


quando o empregador se vê na obrigação de indemnizar o empregado pelos danos
materiais (carácter ressarcitório), morais (carácter compensatório) ou estéticos
ocasionados a ele, e/ou efeitos previdenciários, quando o trabalhador necessita e
faz jus às prestações da previdência social.

Portanto, esses acidentes repercutem em mais de uma ordem jurídica. Quanto aos
efeitos trabalhistas, acidentes menos graves, em que o empregado tenha que se ausentar
por período inferior a quinze dias, o empregador deixa de contar com a mão-de-obra
temporariamente afastada em decorrência do acidente devendo arcar com os custos
económicos da relação de emprego, com isso, o presente artigo pretende abordar
assuntos inerentes a Infortunística.

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1.1.Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Conhecer Infortunística e o seu funcionamento.

1.1.2. Objectivos Específicos

 Caracterizar doutrina do risco profissional;


 Classificar acidente do trabalho;
 Descrever consequências do Acidente;
 Identificar métodos de prevenção de Acidentes e Higiene do Trabalho

1.2.Metodologia

A pesquisa se caracteriza como descritiva, segundo GIL (1996) as pesquisas descritivas


têm como objectivo principal à descrição das características de determinada população
ou fenómeno ou, o estabelecimento de relações entre variáveis. Uma das características
mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de colecta de dados, tais
como o questionário e a observação sistemática. ANDRADE (2002) destaca que a
pesquisa descritiva preocupa-se em observar os factos, registá-los, analisá-los,
classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles, ou seja, não são
manipulados pelo pesquisador.

O método de pesquisa é o indutivo, de acordo com LAKATOS e MARCONI (1991,


p.86) “Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não
contida nas partes examinadas”. O objectivo dos argumentos indutivos é levar a
conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se
basearam.

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2. INFORTUNISTICA

Infortunística é a parte da Medicina Legal que estuda os acidentes do trabalho.  BORRI


define-a como  “o conjunto de conhecimentos que cuida do estudo teórico e prático,
médico e jurídico, dos acidentes do trabalho e doenças profissionais, suas consequências
e meios de preveni-los e repará-los”.

A importância da matéria decorre de seu próprio enunciado.  Procurando evitar os


acidentes do trabalho, indemnizando-os quando não tenham sido evitados, e reparando-
os sempre que possível, a lei resguarda no trabalho o bem supremo da vida:  a saúde –
condição de maior eficiência produtiva do homem.

Modernamente, a saúde passou a ter valor mais positivo, mais estável, menos extra-
humano: valor económico. 

O homem é um animal que trabalha, que produz.  Seu trabalho vale dinheiro.  Quanto


mais saúde tiver, tanto mais produzirá. Forte, resistente, bem alimentado, seu valor
económico, decorrente de sua capacidade de trabalhar e produzir, será grande.  Fraco
subnutrido, com resistência mínima, será sua capacidade produtora.  Doente, inválido,
não terá valor, será peso morto na economia geral.

A legislação social em vários países, como entre nós, dá à saúde determinado valor em
dinheiro.  O empregado que a perde, em consequência do trabalho, terá direito a uma
indemnização, variável em função da incapacidade resultante.

2.1. Doutrina do risco profissional

É a teoria mais aceita para justificar ou explicar a razão de ser das indemnizações nos
casos de acidentes de trabalho.

O trabalho não é isento de perigo.  Riscos diversos lhe são inerentes.  O maquinismo


industrial, cada vez mais numeroso e complicado, ao passo que aumenta a produção, faz
o trabalhador correr riscos também crescentes.  É justo que o padrão, que recolhe os
lucros da actividade fabril, indemnize o trabalhador acidentado, embora nenhuma culpa
tenha tido no evento.  A doutrina do risco profissional não indaga das causas do
acidente considerando-o até certo ponto inevitável e entendendo que o empregado não
pode ficar desamparado em emergência tão cruel.  A consequência do acidente deve

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pesar sobre o trabalho, sendo a indemnização dada ao empregado levada à conta de
despesas gerais da empresa.

O risco profissional é, pois, o risco inerente a determinada profissão.  O acidente é um


dano, causado as empregado, pela indústria a que serve.

A doutrina do risco profissional escreve ARAÚJO CASTRO na sua excelência obra


sobre Acidentes do Trabalho:  “constitui uma excepção, ou, antes, uma derrogação ao
direito comum.  Estabelece uma transacção entre o padrão e o operário.  A fim de que
não haja um pesado encargo para o padrão e possa este garantir à vítima do acidente
uma indenização, tornou-se mister adotar essa transacção, na qual o operário ganha e
perde ao mesmo tempo; ganha, porque obtém a indemnização nos casos em que, na
ausência de culpa do patrão, a nada teria direito; perde, porque consegue menos do que
alcançaria se ficasse provada aquela culpa”.

Pelo direito comum, a reparação, uma vez resultante o acidente de culpa, está em
relação directa com o prejuízo; pela teoria do risco profissional, a indemnização é
transaccional, não representa  o pagamento total do dano sofrido, valendo apenas como
garantia fixa para todos os acidentes da mesma espécie.

2.2. Acidente do trabalho

Considera-se acidente do trabalho todo aquele que se verifique pelo exercício do


trabalho ou em consequência dele, provocando, directa ou indirectamente, lesão
corporal, perturbação funcional, ou doença, que determine a morte a perda total ou
parcial, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho, ou que de qualquer
maneira reduz a capacidade de ganho do empregado.

Como doença, para os efeitos da lei, entende-se, além das chamadas doenças
profissionais inerentes ou peculiares a determinados ramos de actividade as resultantes
das condições especiais ou excepcionais em que o trabalho for realizado.

Considera caracterizado o acidente, ainda quando não seja ele a causa única e exclusiva
da morte ou da perda redução da capacidade do empregado, bastante que entre o evento
e a morte ou incapacidade haja uma relação de causa efeito.

Não se consideram agravações ou complicações de um acidente do trabalho, que haja


determinado lesões, então já consideradas, quaisquer outras lesões corporais ou

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doenças, que as primeiras se associem ou se superponham, em virtude de um novo
acidente.  

Incluem-se entre as lesões corporais, perturbações funcionais, ou doenças por que


responde o empregador, todas as sofridas pelo empregado no local e durante o trabalho,
em consequência de:

a) Ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiro, inclusive companheiro de


trabalho;
b) Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada
com o trabalho;
c) Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro, inclusive
companheiro de trabalho;
d) Ato de pessoa privada do uso da razão;
e) Desabamento, inundação ou incêndio;
f) Outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.

São igualmente considerados como produzidos pelo exercício do trabalho ou em


consequência dele, embora ocorridos fora do local e do horário do trabalho, os acidentes
sofridos pelo empregado:

a) Na execução de ordem ou realização de serviço sob a autoridade do empregador;


b) Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo
ou proporcionar proveito;
c) Em viagem a serviço da empresa, seja qual for o meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do empregado;
d) No percurso da residência para o trabalho ou deste para aquele.

No período de tempo destinado às refeições, ao descanso ou à satisfação de outras


necessidades fisiológica, no local ou durante o trabalho, é o empregado considerado
como a serviço do empregador.

Equiparam-se ao acidente de trabalho a doença profissional ou do trabalho, assim


entendida a inerente ou peculiar a determinado ramo de actividade e constante de
relação organizada pelo Ministério da Previdência e Assistência Social e o acidente que
ligado ao trabalho, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído directamente
para a morte, ou a perda, ou a redução de capacidade para o trabalho.

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2.3.Consequências do Acidente

Várias são as consequências que podem resultar de um acidente do trabalho:

a) Morte;
b) Incapacidade total e permanente;
c) Incapacidade parcial e permanente;
d) Incapacidade temporária;

Por incapacidade total e permanente entende-se a invalidez incurável para o


trabalho.  Dão lugar a capacidade total e permanente:

a) A perda anatômica ou a impotência funcional, em suas partes essenciais, de mais


de um membro, conceituando-se como partes essenciais a mão e o pé;
b) A cegueira total;
c) A perda da visão de um olho e a redução simultânea de mais de metade da visão
do outro;
d) As lesões orgânicas ou perturbações funcionais graves e permanentes de
qualquer órgão vital, ou quaisquer estados patológicos reputados incuráveis, que
determinem idêntica incapacidade para o trabalho.

Por incapacidade parcial e permanente entende-se a redução por toda a vida, da


capacidade de trabalho.

2.4.Indemnização

As indemnizações, que a lei prefere denominar benefícios, variam conforme a espécie


de incapacidade.

Os empregadores são obrigados a segurar seus empregados contra acidentes do trabalho,


a fim de que os protejam contra possíveis insolvências.

As tabelas de incapacidades parciais prevêem numerosas eventualidades práticas, mas


não todas; quando haja dúvida, dever-se à ouvir o Ministério da Previdência e
Assistência Social.

As tabelas, amplamente divulgadas, trazem todas as indicações de seu manuseio e são


fáceis de utilizar.

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2.5.Prevenção de Acidentes e Higiene do Trabalho

A sabedoria popular há muito que assevera que é melhor prevenir do que


remediar.  Realmente, mais vale evitar o acidente do que remediá-lo, quando possível,
ou indemnizar o acidentado.  Daí o cuidado que a Lei de Acidentes do Trabalho
dispensou à prevenção de acidentes e à higiene do trabalho.

Adopta, para atingir essa finalidade, várias providências de incontestável alcance


pragmático.  Todo empregador é obrigado a proporcionar a seus empregados a máxima
segurança e higiene no trabalho, zelando pelo cumprimento dos dispositivos legais a
respeito, protegendo-os especialmente contra as imprudências que possam resultar do
exercício habitual da profissão.  Considera como parte integrante da Lei de Acidente do
Trabalho as disposições referentes à Higiene e Segurança do Trabalho da Consolidação
das Leis do Trabalho, sujeitos os empregadores às penalidades fixadas na Consolidação,
independente da indemnização legal.

Os empregadores expedirão instruções especiais aos seus empregados, a título de


“ordens de serviço”, que estes estarão obrigados a cumprir rigorosamente, para a fiel
observância das disposições legais referentes à prevenção contra acidentes do trabalho.

A recusa por parte do empregado em se submeter às instruções supra-referidas, constitui


insubordinação para os efeitos da legislação em vigor.

O empregador não poderá justificar a inobservância dos preceitos de prevenção de


acidentes e higiene do trabalho, com a recusa do empregado em aos mesmos se
sujeitar.  A lei estabelece sanção para o caso de resultar algum acidente de transgressão,
por parte do empregador, dos preceitos relativos à prevenção de acidentes e à higiene do
trabalho.  Considera também transgressão dos preceitos de prevenção de acidentes e
higiene do trabalho, sujeitos igualmente a sanção:

a) O emprego de máquinas ou instrumentos em mau estado de conservação;


b) A execução de obras ou trabalhos com pessoal e materiais deficientes.

As indemnizações e diárias pagas atingem a somas avultadas.

Acentue-se ainda, como faz MILTON PEREIRA (“O problema da prevenção dos
acidentes do trabalho”), que “moral e socialmente, o problema é também digno de
maior atenção, pois são muitos milhões de operários que ficam inutilizados ou que se

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mantêm enfermos.  É, pois, lógico que o estudo de tudo quanto tente diminuir, já que
eliminar os acidentes é impossível, por tanto prevenir, seja considerado de máximo
interesse pelos médios, psicólogos e engenheiros, com o fim de organizar a prevenção
dos acidentes e ver se alcançam a possibilidade de poder determinar a predisposição ao
acidente”.

2.6.Readaptação Profissional e Reaproveitamento do empregado acidentado

A lei de Acidente do Trabalho obriga o empregador, além das indemnizações a que está
sujeito, em todos os casos e desde o momento do acidente, a prestar ao acidentado a
devida assistência médica, farmacêutica, hospitalar e odontológica.  

Cuida também a lei da readaptação profissional, devida a todo mutilado do trabalho,


visando restituir-lhe, no todo ou em parte, a capacidade na primitiva profissão ou em
outra compatível com suas novas condições físicas.

A readaptação profissional dos mutilados do trabalho será realizada através de serviço


de readaptação profissional, e efectuar-se à não só mediante a prática da fisioterapia, da
cirurgia ortopédica e reparadora, mas ainda do ensino conveniente em escolas
profissionais especiais.  Os readaptados serão admitidos em funções que possam exercer
com eficiência.

A readaptação profissional obtida pelo acidentado em nenhum caso será motivo de


revisão do acordo ou sentença que houver fixado a indemnização pelo acidente do
trabalho.

O mutilado que, no período de readaptação, perceber remuneração pelos serviços


executados nas escolas profissionais especiais, não terá suspendido o pagamento da
aposentadoria concedida por instituição de previdência  social, em cujo gozo se achar.

O alcance da readaptação, do ponto de vista humano, social e económico, é


intenso.  “Cumpre, mais do que a qualquer outro, dar ao mutilado do trabalho os meios
para, pelo trabalho, obter o necessário para o seu sustento. Cumpre restituir-lhe o valor
como unidade económica, habilitando-o a produzir e a consumir.  Cumpre desviá-lo da
inactividade e do ócio, geradores da instabilidade e do vício (JOEL RUTHENIO DE
PAIVA, “Acidentes de Trabalho”).

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2.7.Perícia médica

A perícia médica tem relevo marcante em matéria de acidente do trabalho.  A opinião


do perito será, quase sempre, o dado fundamental para a solução do caso.

A verificação de qualquer de qualquer de qualquer incapacidade, para efeito de lei,


deverá ser procedida por médico possuidor de coluna especializada em medicina do
trabalho.  Evidentemente, os professores de Medicina Legal se acham aì
compreendidos, ou como legistas oficiais, ou como especialistas em infortunística,
assunto pertinente à cadeira.

Em juízo a perícia será feita por perito nomeado pelo Juiz, que deverá arbitrar-lhes a
respectiva remuneração.

Sempre que possível, os exames periciais, que forem ordenados pelo Juiz, deverão ser
realizados na sede do respectivo Juízo.

Quando a morte resultar de um acidente do trabalho ou for ao mesmo atribuída, dever-


se à proceder à necropsia, que poderá ser ordenada pela autoridade judiciária ou
policial, por sua própria iniciativa, a pedido de qualquer das partes, ou do médico
assistente da vítima.

A autoridade que ordenar a necropsia nomeará o perito que deverá realizá-la e arbitrar-
lhe à os honorários, salvo quando a perícia deva ser efetuada em instituto ou Serviço
Médico-Legal oficial

A autoridade que ordenar a necropsia providenciará sempre para que o perito incumbido
de realizá-la seja conveniente informado sobre a natureza do acidente tido como
responsável pela morte do empregado, sobre as circunstâncias em que verificou; sobre a
natureza do tratamento a que teria a vítima sido submetida; e sobre a causa mortis
indicada pelo seu médico assistente.  Para isso, todo pedido de necropsia feito às
autoridades judiciárias ou policiais, por quaisquer interessados, deverá ser sempre
acompanhado de esclarecimentos sobre os referidos fatos.

A remuneração dos peritos, nos casos de acidentes do trabalho, será feita de acordo com
o disposto no regimento de custas.

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Salvo quando procedido com finalidade especial, determinada pela autoridade
competente, todo laudo de perícia médica realizada no vivo, com fundamento num
acidente do trabalho, deverá conter:

a) Os dados relativos à identificação do examinado (nome, cor, sexo, idade,


nacionalidade, estado civil e residência);
b) O histórico da lesão ou doença, com informações sobre a sua evolução, extensão e
gravidade.
c) A descrição dos antecedentes pessoais, mórbidos ou não, que se possam relacionar
com a incapacidade atribuída ao acidente;
d) Conclusões sobre a existência ou não de relação de causalidade entre as alterações
mórbidas verificadas e o fato alegado decorrente do exercício do trabalho;
e) A avaliação da incapacidade por acaso resultante do acidente, com a determinação
da época provável da cura ou da consolidação das lesões, ou, no caso de prognóstico
letal, de tempo de vida provável acidentado;
f) Informações sobre a natureza e duração dos cuidados médicos ainda necessários ao
acidentado; sobre a natureza do aparelho de prótese para ele indicado ou sobre os
característicos e eficiência do aparelho já usado.

Nas perícias no morto, orientar-se ao sempre o perito no sentido de bem esclarecer a


relação de causa e efeito entre o acidente e a morte.

JOEL RUTHENIO DE PAIVA, no seu excelente trabalho sobre Acidentes do Trabalho,


escrevendo a respeito a respeito, diz “Também é formoso reconhecer que já não basta
ser médico para estar apto a resolver todas as questões médicas relacionadas com o
trabalho. A solução dos problemas criados pela evolução da vida económica e social fez
erigir uma verdadeira ciência nova – a Medicina do Trabalho – que é preciso estudar
para conhecer.  Ele envolve questões de ordem jurídica e social inteiramente estranhas,
em geral, aos médicos terapeutas.

Mais do que de qualquer outro, deve ser exibido do médico a quem vai caber a tarefa de
opinar sobre o carácter de acidente do trabalho, de uma lesão ou doença, sobre a
incapacidade delas resultante – o médico perito – o conhecimento seguro de todas
aquelas questões.

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Mais do que qualquer outro, deve ser exigido o conhecimento da Medicina Legal, de
que a Medicina do Trabalho constituiu uma parte”.

Ponto importante na perícia de acidente do trabalho é o referente à verificação da


consolidação, isto é, do momento em que finda a capacidade temporária ou em que essa
incapacidade se transforma em permanente.

O perito, nesse dia, ou confirma o diagnóstico anterior ou rectifica-o, conforme a


incapacidade tenha sido mesmo temporária ou se tenha transformado em permanente.

Nas perícias de acidente do trabalho, a simulação pura é rara. O exagero, relativamente


comum.  O acidente exagera as consequências do acidente, de que foi vítima, para obter
indemnização maior.  Todavia, o perito não deve admitir, a priori, a simulação; deve
descobri-la, quando realmente exista.

É preciso também distinguir o exagerador consciente, quiçá instruído, do exagerador


mórbido, portador de constituição histeróide.

Os autores costumam chamar a atenção para uma neurose traumática ou sinistros e


oriunda, é certo, de traumatismos, mas com sintomas acentuados, “criados”, em vista de
lucro.  É a indenizofilia de AFRÂNIO PEIXIOTO, a Renterneurose dos alemães, a
névrose de l`assurance  de SECRETAN.

Ao fazer o prognóstico das lesões, o perito deverá ser muito cauteloso em Medicina não
há doenças; há doentes, que reagem desigualmente às mesmas causas ou aos mesmos
factores mórbidos.  Uma incapacidade, que se nos afigura temporária, pode evolver de
maneira imprevista e tornar-se permanente.  Daí o prudente aviso de subordinar as
primeiras impressões a um salvo complicações.

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3. CONCLUSÃO
Findo o trabalho, constata-se que para efeitos infortunísticos, o local de trabalho não se
reconduz, apenas, ao espaço físico correspondente ao concreto posto de trabalho do
trabalhador, antes abrangendo todo o local onde o trabalhador esteja, directa ou
indirectamente, sujeito ao controlo do empregador, nele se incluindo outro espaço,
dentro das instalações da empresa, aonde a trabalhadora, por virtude de indisposição
física, se deslocou e sentou.

Urge salientar que o grande fluxo de acções judiciais ingressadas actualmente postula o
reconhecimento de um direito, todavia muitas vezes é necessário um profissional
especializado que garanta uma análise com o intuito de suprir a carência de
informações.

O objectivo do Judiciário é garantir a paz social e promover justiça a quem necessita,


contudo o Direito sozinho não possui conhecimento especializado para resolver
determinadas questões. É indispensável que profissionais que garantam e forneçam o
aparato teórico-científico capaz de completar os elementos necessários para buscar de
uma decisão judicial. Com esse intuito, a Medicina Legal é reconhecida como grande
colaborador do Judiciário

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 26. Ed. rev.,
ampl. e actual. até 31-12-2012. São Paulo: Atlas, 2013.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio básico da língua


portuguesa. Rio de Janeiro. Nova Frenteira, 1999.

FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina legal. 8. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2008.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. São Paulo: Saraiva, 2005.

MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, António Carlos Flores de. Introdução ao


Direito do Trabalho. 6. ed. Rev. Actual. São Paulo: Ltr, 1993.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 27. Ed. Rio de Janeiro, 2008. p. 741.

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