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AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE URBANA

SISTEMA LEED FOR NEIGHBOURHOOD DEVELOPMENT (LEED-ND)

TRADUÇÃO: ALECIO LARA REZENDE

As certificações verdes

A certificação verde trata-se de um atestado de que algum produto seja ecologicamente


correto de diversas formas através de um selo. Seja por não utilizar matérias primas de origem
animal, ou por não testarem seus produtos em animais antes de colocá-los no mercado, ou minimizar
as emissões danosas à atmosfera ou reduzir o gasto de energia elétrica, enfim, o selo verde é um
rótulo indicativo de que a produção de determinado produto atende a um conjunto de normas pré-
estabelecidas pela instituição que emitiu o selo. Usados voluntariamente pelo fabricante, os selos
atestam que determinados produtos apresentam menor impacto ambiental em relação a outros
similares.

Uma pesquisa de 1992, feita nos Estados Unidos e Canadá, revelou que
cerca de 70% dos consumidores declararam-se dispostos a pagar mais por
produtos considerados ambientalmente sustentáveis. Outra pesquisa,
realizada na Alemanha, em 1993, revela que, de dois mil entrevistados, 88%
sabiam o que representava o “Anjo Azul”, dois terços estavam dispostos a
pagar mais por produtos que efetivamente protegessem o meio ambiente e
57% preferiam comprar produtos com selo verde. (www.setor1.com.br)

No final dos anos 70, com a pressão do movimento ambientalista surgiram os primeiros selos
verdes. A Alemanha lançou em 1978 o “Anjo Azul” (Blaue Engel), um selo do próprio governo que
certifica produtos por quatro anos e conforme a tecnologia avança, seus critérios ficam mais rígidos.
Seguindo a tendência mundial o Canadá instituiu o selo "Opção Ambiental” (Environmental Choice)
em 1988. Também em 1988 alguns países nórdicos adotaram o "Cisne Branco". O Japão criou o
"Eco-Mark" em 1989, os Estados Unidos o "Selo Verde" (Green Seal) em 1989, e a União Européia,
em 1992, o Ecolabel.

Fig. 4 Selos verdes: Anjo Azul, Opção Ambiental, Cisne Branco, Eco-mark e Selo Verde.
Fonte: http://www.cercindia.org/

Como conseqüência da sua própria regulamentação, muitos países começaram a exigir a


mesma contrapartida para os produtos importados. É nesse contexto e embalado pelo encontro da
ECO-92, que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou a certificação de Gestão
Ambiental, em 1993, uma ratificação nacional do selo ISO 14001 que é uma certificação internacional
que compreende princípios básicos de gestão como cuidados no tratamento de resíduos, controle da
compra de insumos e matérias-primas etc.

Nos anos 2000, houve um forte crescimento dos selos verdes. O Brasil alcançou importantes
avanços na área de certificação ambiental quando em 2001 o decreto 4059 e a lei 10.295/01 (Lei de
Eficiência Energética) prevêem um programa de regulagem do consumo de energia elétrica.
O Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) criou o selo de eficiência
energética que deve estar colado em todos os eletrodomésticos novos à venda. O selo PROCEL,
(Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), informa a faixa de consumo energética dos
eletrodomésticos. Organizado pela Eletrobrás, desde 1993, mas que começou a ter mais importância
para o consumidor depois do apagão.

Fig. 5 Selos PROCEL e selo informativo de consumo médio de energia de aparelhos elétricos.
Fonte: HowStuffWorks

Algumas das certificadoras internacionais já se instalaram no Brasil como a FSC (Forest


Stewardship Council), o maior certificador de manejo florestal do mundo, que aqui se tornou Conselho
Brasileiro de Manejo Florestal. Esse selo pode ser reconhecido internacionalmente pelos
consumidores de madeira e produtores derivados, como móveis e estruturas para a construção civil.

Além disso, muitas empresas têm procurado a certificação internacional diretamente para
suprir a falta de alternativas brasileiras. Por exemplo, o Leed (The Leadership in Energy and
Environmental Design), sistema norte-americano de certificação de construções sustentáveis, já vem
sendo usado no país. Em setembro de 2008, 38 projetos brasileiros haviam se candidatado para
receber o selo da instituição.

Fig. 6 Selo FSC, Forest Stepwardship Council: logomarca e aplicações em produtos de consumo.
Fonte: http://www.fsc.org.br/

Tendo em vista as varias formas de certificação verde para inúmeros tipos de produtos, a
construção civil não ficou para trás. Atualmente existem empresas específicas para certificação dos
chamados green buildings, ou prédios verdes, com padrões e métodos diferentes, porém sempre com
o interesse de manter a preservação ambiental e garantir uma melhoria na sustentabilidade urbana.

Artigo 4º da Lei 10.295 “O Poder Executivo desenvolverá mecanismos que promovam a


eficiência energética nas edificações construídas no País.”

Os selos verdes para construção civil

O termo green building (construção verde) surgiu na década de 1970 por arquitetos e
ecologistas. No contexto da arquitetura, uma construção verde é aquela projetada, construída e
mantida com o mínimo consumo de água e energia, priorizando materiais que não poluem o ambiente
durante sua produção. Com o crescimento dos movimentos ambientalistas e a demanda da legislação
e dos investidores estrangeiros, investir na qualidade e na gestão ambiental passou a ser também um
bom negócio.

Vários países criaram seus selos de certificação para edifícios sustentáveis com o objetivo de
unir projetar e construir gerando menores danos para a natureza e usuários dos prédios. Os selos
mais importantes são o da Inglaterra (BREEM), Japão (CASBEE), África do Sul (SBAT) e França
(HQE).

As opções de certificação sustentável na construção civil mais aceitas atualmente no Brasil


são o Aqua, que é adaptado com base no sistema HQE francês e o LEED, do Green Building
Council, norte americano. As duas propostas apresentam critérios e metodologias um pouco
diferentes. Mas tanto o Aqua quanto o Leed atendem essencialmente aos critérios internacionais de
sustentabilidade.

Fig. 7 Selos: HQE (Aqua), o LEED da USGBC.


Fontes: http://karlacunha.com.br/selo-aqua/, GBC Brasil

A questão é: esses critérios podem ser totalmente adaptados às diversas realidades de


diferentes países? Sim, desde que respeitado o conceito de tripé da sustentabilidade. É sustentável o
projeto considerado ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente responsável.

Evoluindo o que já ocorre com eletrodomésticos, o Selo Procel Edifica irá certificar projetos
que prevêem redução de consumo e uso de energias alternativas, estimulando a adoção de ações
nesse sentido. Com a criação do selo PROCEL EDIFICA, as ações foram ampliadas e organizadas
com o objetivo de incentivar a conservação e o uso eficiente dos recursos naturais (água, luz,
ventilação etc.) nas edificações, reduzindo os desperdícios e os impactos sobre o meio ambiente.

A etiquetagem das edificações comerciais, públicas e residenciais opera, desde 2007, em


caráter provisório, mas, a partir de 2012, a intenção é que passe a vigorar como lei.

Está previsto para o segundo semestre de 2009 o lançamento de outro selo autenticamente
brasileiro, desenvolvido pela Caixa Econômica Federal, o Selo Casa Azul. O selo será concedido a
empreendimentos que atendam a certos critérios sócio-ambientais que priorizam a economia de
recursos naturais e as práticas sociais. Esses critérios estão agrupados em seis categorias: inserção
urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, uso racional da
água, e práticas sociais. No total são 46 condições a serem cumpridas. Como existem
empreendimentos habitacionais que podem vir a não atender todas elas, a instituição criou a
classificação desses projetos em ouro, prata e bronze. Quem atingir pelo menos 24 critérios receberá
o selo ouro. Se forem cumpridas 19 condições, o empreendimento ganhará o selo prata. Para o
bronze, será necessário cumprir ao menos 14 critérios.

Fig. 8 Selos PROCEL EDIFICA e Casa Azul da CAIXA.


Fontes: http://karlacunha.com.br/selo-aqua/, GBC Brasil, e http://ecohabitat.arq.br

Dentre tantos sistemas e métodos de avaliação da sustentabilidade na construção civil será


aprofundado o LEED por ser o mais difundido no mundo, além de ter a certificação para urbanismo
disponível para estudo, mesmo que ainda em fase de conclusão do seu estágio piloto.

Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)

Leadership in Energy and Environmental Design (Liderança em Energia e Design Ambiental)


foi desenvolvido pela organização USGBC (United States Green Building Council) e trata-se de um
modelo de certificação de edificações por meio de tópicos relacionados à sustentabilidade ambiental
em seis categorias distintas. O LEED determina que para haver o mínimo de aprovação o
empreendimento deve alcançar todos os pré-requisitos obrigatórios, somente então o sistema de
pontuação cumulativo permite às edificações obter um dos quatro diferentes tipos de classificações, a
saber: certificado, prata, ouro e platina, dependendo da pontuação alcançada.

A abordagem do LEED para a sustentabilidade abrange a construção em sua totalidade,


verificando e analisando o desempenho em seis amplas áreas, chamadas critérios: local sustentável,
eficiência da água, energia e atmosfera, materiais e recurso, qualidade interna do ar e inovação de
projeto.

Antes, durante e depois da obra, representantes do GBC avaliam o desempenho do


empreendimento, através de questionários e relatórios técnicos. Ao final, os dados são transformados
em pontos num ranking, que podem ou não resultar na certificação.

O Brasil está prestes a se tornar o quinto país com mais certificações LEED. Atualmente o
país tem quase cem edifícios pré-certificados ou em processo de certificação. Provavelmente por este
fator foi criado recentemente o “Green Building Council Brasil”, uma entidade responsável não apenas
pelos processos de certificação no país, como também terá o papel de nacionalizar o processo, ou
seja, adaptar para a realidade brasileira o procedimento de análise, inclusive com alteração dos
pesos dos pontos, podendo chegar até a criação de novos itens e uma reavaliação de seus temas
centrais.

Em sua página oficial na internet, na área de perguntas freqüentes, está informado que foi
criado um comitê de adaptação do LEED ao cenário brasileiro, formado por especialistas em
construção e em meio ambiente. Serão revistos os aspectos relativos ao sistema métrico, medidas de
desempenho, e da regulamentação do país. O LEED Brasil considerará as peculiaridades do nosso
setor de construção. Por exemplo, a quantidade de pontos por redução de consumo de energia
elétrica pode ser minimizado, já que no Brasil a maior parte da mesma é gerada em usinas
hidroelétricas não poluentes. Por outro lado, será aumentado o número de pontos pela escolha e
recuperação de locais degradados e a inclusão social.

Na perspectiva brasileira, o tema da sustentabilidade está intrinsecamente


relacionado às questões sócio-ambientais. Pretendemos criar duas novas
categorias, referentes à biodiversidade e o impacto social positivo de uma
construção. Ambas reverterão pontos para a certificação LEED Brasil.
(www.gbcbrasil.org.br)

Para conseguir um selo LEED devem ser seguidas algumas etapas. Primeiramente a obra
deverá ser cadastrada no GBC. Em seguida haverá uma pré-certificação, que analisará os itens do
projeto. A certificação em si é concedida após o fim da obra, depois de confirmados que as
características do projeto original foram fielmente seguidas, garantindo que os pré-requisitos foram
cumpridos e se ainda haverá pontos a serem adquiridos para eventualmente melhorar a classificação
final do selo a ser concedido.

Porém, o selo conquistado não é eterno, muito pelo contrário, ele tem a validade de apenas
dois anos. Passado este período o empreendedor deverá solicitar uma nova auditoria para renovar a
certificação, onde será avaliada a pós-ocupação, ou seja, se a vida do edifício permanece sustentável
em termos de eficiência energética, produtos utilizados na manutenção predial, etc. Caso não haja
interesse o empreendimento perde o direito de usar o selo. 3

O sistema LEED possui características específicas para avaliar diferentes empreendimentos.


O Leed New Construction (Leed-NC) deve ser usado para novos edifícios de escritórios os quais no
mínimo 51% da ocupação seja do proprietário ou locatário. Para este padrão a certificação considera
a obra como sede de empresa e avalia desde os itens internos como as luminárias e os móveis,
quanto os elementos fundamentais da edificação como a infra-estrutura e os fechamentos. Já nos
casos de prédios de escritórios compartilhados em que não haja mais da metade da ocupação por
uma só empresa, a regra que a ser aplicada é o Leed Core and Shell (Leed-CS), que certifica
exclusivamente o núcleo e o fechamento. Entretanto, neste último caso, as empresas que compões o
condomínio podem obter certificados independentes para o interior de seus escritórios utilizando
como regra o Leed Commercial Interior (Leed-CI).

Além dos parâmetros para construções comerciais, o LEED oferece regras para outros cinco
tipos de empreendimentos: Leed-H, para projeto e construção de edifícios residenciais; Leed-LS, para

3
A título de curiosidade, uma certificação LEED custa entre U$2.850,00 para edificações com até 5.000m², até U$23.100,00
para empreendimentos com mais de 50.000m², sem contar com a contratação da consultoria de profissionais previamente
habilitados para tal, que gira em torno de 1% do valor já citado. (Informação da homepage GBC-Brasil)
projetos escolares; Leed- EB, para maximização da operação e da manutenção de edifícios
existentes; Leed-MB, para múltiplas edificações num mesmo sítio, tais como condomínios
corporativos, campi e instalações governamentais; e o recém chegado Leed-ND.

Leed for Neighbourhood Development (LEED-ND)

O Sistema de certificação LEED ND para bairros e desenvolvimento de comunidades urbanas


integra os princípios do crescimento inteligente, urbanismo e construção sustentável para a
concepção de bairros. A certificação LEED ND requisita que o desenvolvimento da localização e
concepção do empreendimento cumpra elevados níveis de responsabilidade ambiental e social.

O U.S. Green Building Council (USGBC), o Congress for the New Urbanism (CNU), e o
Natural Resources Defense Council (NRDC) – três organizações que representam alguns dos líderes
dentre os profissionais em projetos arrojados dos Estados Unidos da America, além de construtores,
desenvolvedores e dos ambientalistas – se uniram para desenvolver um padrão nacional para
alocação e projetos de bairros baseados em princípios de desenvolvimento inteligente, do novo
urbanismo e de prédios verdes. O objetivo desta parceria é estabelecer esses padrões para avaliar e
premiar o desenvolvimento de práticas ambientais superiores dentro do sistema do LEED.

Diferente dos outros produtos LEED que focam principalmente nas práticas de edifícios
verdes, com relativamente poucos créditos destinados para a escolha do sítio e projeto, o Leed for
Neighbourhood Development coloca maior ênfase no design e elementos de construção que atraem
os prédios para próximos um do outro, em um bairro, e relaciona este bairro com seu entorno e
paisagem. O trabalho do comitê é guiado por fontes como os dez princípios de crescimento
sustentável do Smart Growth Network’s, o Charter of the New Urbanism, e os outros sistemas de
avaliação do LEED. O Leed for Neighbourhood Development cria um padrão, assim como diretrizes
para o processo de projetação e tomadas de decisão, para servir como incentivo para melhores
locações, desenhos e finalmente verdadeiras construções de projetos de empreendimentos
residenciais inovadores, comerciais e de uso misto.

A expectativa desta parceria é que o LEED – ND incentive os projetistas a revitalizar áreas


urbanas existentes, reduzir o desgaste da terra, reduzir a dependência do uso do automóvel,
promover a deslocamento de pedestres e bicicletas, melhorar a qualidade do ar, diminuir o despejo
de águas negras e construir comunidades mais sustentáveis e agradáveis para as pessoas de todos
os níveis, que haja nela “habitabilidade”.

Esse sistema de cotação foi planejado para certificar projetos de desenvolvimento urbanos
que dêem bom exemplo das boas práticas de como se faz, em termos de crescimento sustentável
das cidades, através do novo urbanismo aliado a edifícios verdes.

O processo de certificação para empreendimentos urbanos possui um tempo de execução


bem maior se comparado ao de uma edificação, por isso a forma comum de avaliação dos outros
LEEDs teve que passar por uma mudança para se aplicar aos projetos de assentamentos urbanos,
pois o projeto passaria a ser avaliado desde o início, nos primeiros estudos, podendo o comitê de
avaliação acompanhar o desenvolvimento do projeto e sua posterior implantação. Com esses
objetivos em mente, os desenvolvedores do LEED-ND criaram o sistema de certificação em três
estágios:

1º. Pré-revisão do projeto (etapa opcional) se o projeto, em sua fase inicial, obtiver a
pontuação necessária, o Green Building Council fornece uma carta alegando que o empreendimento
é apto à certificação LEED-ND se for construído conforme o projeto;

2º. Certificação do projeto aprovado: o projeto aprovado e liberado para construção pode ser
certificado, caso seja atingida a pontuação necessária;

3º. Certificação de áreas completamente urbanizadas: o bairro é certificado após a


construção finalizada ou em fase de finalização, caso seja obtida a pontuação necessária.

Assim como os outros sistemas Leed, o LEED-ND também funciona por meio de critérios
objetivos que compõe uma série de pré-requisitos e pontos acumuláveis. Os pré-requisitos já
explicam a que vieram: se não obtiver TODOS, não poderá ser certificado. Já os pontos servem para
classificar o nível de sustentabilidade do empreendimento: certified, silver, gold e platinum. Como a
forma de avaliação é bastante simples (checklist), é possível fazer uma análise em muito menos
tempo do que a realização de uma AIA.

Os projetos podem constituir bairros inteiros, partes de bairros ou bairros múltiplos. Projetos
menores e mais densos que são de uso singular, mas fazem parte de um contexto maior de
assentamento urbano podem ser certificados, assim como um empreendimento grande e de uso
misto também poderão ser classificados.

Desta forma, sabemos que existe possibilidade de analisarmos um condomínio horizontal


isoladamente ou até um conjunto inteiro deles, como é o Setor Tororó. Basta saber se é possível se
adequar aos pré-requisitos mínimos exigidos para passar para os próximos tópicos que realmente
contam pontos na avaliação.

O checklist do LEED-ND é composto por 58 questões objetivas (sendo destas 9 pré-


requisitos) subdivididos em quatro amplos tópicos.

Níveis de Certificação:
• Certificado 40-49 pontos
• Prata 50-59 pontos
• Ouro 60-79 pontos
• Platina 80-106 pontos
Cada tópico do checklist é minuciosamente explanado no Pilot Rating System, o manual de
uso e aplicação do Leed-ND. Ele é dividido em quatro grandes blocos, cada um subdividido pelos
tópicos que são justamente as perguntas do checklist. Alguns tópicos, ou itens, são pré-requisitos,
outros são créditos de pontos para classificação conforme mostrado acima. Estes itens são divididos
em opções distintas, que são condições em que o projeto pode pontuar naquele tópico específico.
Desta forma a aplicação do checklist pode ser feita quando se tem o manual.

A explicação de todos os tópicos é muito extensa para que seja incluída aqui. Portanto, como
forma de exemplo de parte da apresentação do manual pode ser demonstrada sem desperdício de
tempo. O manual completo está disponível na web, por enquanto apenas em inglês conforme
indicado na bibliografia.
O primeiro grande bloco de tópicos se chama: Locação Inteligente e Conexões. Possui 6
Pré-requisitos,/ 11 Créditos e 30 Pontos Possíveis:

PRÉ-REQUISITO 1 LOCAÇÃO INTELIGENTE: Incentivar o desenvolvimento de


projetos urbanísticos próximo a áreas já urbanizadas, transporte público,
reduzir o uso do carro e distâncias percorridas, vias para pedestres, incentivo
ao caminhar.
Opção 1: locar o projeto em um lugar preenchido;
Opção 2: Locar o projeto perto de serviço adequado existente ou planejado de
trânsito de modo que pelo menos 50% de unidades de moradia e de acesso ao
comércio esteja contemplado no projeto e estejam dentro da distância de caminhada
de ¼ de milha do ponto de ônibus ou dentro da distância de caminhada de ½ de
milha de outros transportes como balsas e outros. No caso de estar planejado, deve
ser apresentado o planejamento que existe no órgão responsável pelo plano
comprovado que em até um ano de funcionamento, pelo menos 50% das casas
serão atendidas pelo sistema.
Opção 3: Locar o projeto perto das lojas existentes, dos serviços, e das facilidades
da vizinhança de modo que limite do empreendimento esteja dentro da distância da
caminhada de ¼ de milha pelo menos de quatro (ou dentro da distância da cami-
nhada da milha do ½ pelo menos de 6) dos diversos usos definidos no apêndice A.
Os usos não podem ser contados duplicados, por exemplo edifício de escritório pode
ser contado somente uma vez, mesmo que seja um grande centro de empre-gos.
Um edifício de uso misto que contém diversos usos como empresas distintas
contariam cada um como um uso separado, mas não pode ser mais do que a
metade do número mínimo de usos diversos em um único edifício. Uma única loja de
varejo de qualquer tipo (tal como uma lojas de departamento) pode somente ser
contada uma vez mesmo se vender os produtos associados como uso múltiplo.
Opção 4: Locar o projeto dentro de uma região servida por uma “organização
metropolitana de planejamento” (no nosso caso o PDOT) e dentro de uma área com
transporte planejado que demonstre que uma quantidade anual de taxa de distância
média percorrida por capita é mais baixa do que a taxa anual média da região
metropolitana como um todo. A pesquisa deve ser considerada pelos próximos dez
anos da data da submissão para a certificação pelo Leed-ND.
Opção 5: ‘idem à opção 4’, porém garantido por Anotação de Responsabilidade
Técnica de um engenheiro de tráfego.
PRÉ-REQUISITO 2 PROXIMIDADE À INFRA-ESTRUTURA DE ÁGUA E ESGOTO
Opção 1: Incentivar o desenvolvimento urbano próximo de comunidades já
existentes a fim reduzir os impactos ambientais múltiplos causados pelo
espalhamento. Conservar os recursos naturais e financeiros requeridos para a
construção e a manutenção da infra-estrutura.
Opção 2: Locar o projeto dentro de uma área com serviço de tratamento da água e
do esgoto e preveja a infra-estrutura da água e do esgoto para o novo projeto
adequado ao existente.
Da mesma maneira segue por cada tópico, apresentando opções de enquadramento ao
tópico a fim de possibilitar a certificação, sem entretanto engessar demais os projetos e evitar uma
padronização de desenho urbano. Os demais itens para o primeiro grande bloco, igualmente
detalhados no Pilot Rating System completo são:

Locação Inteligente e Conexões (30 Pontos)


Pré-requisito 1 Locação Inteligente -
Pré-requisito 2 Proximidade à Infra-estrutura de Água e Esgoto -
Pré-requisito 3 Espécies Ameaçadas e Comunidades Ecológicas -
Pré-requisito 4 Conservação de Várzeas e Corpos D´água -
Pré-requisito 5 Conservação de Áreas Agricultáveis -
Pré-requisito 6 Afastamento da Cota de Inundação -
Crédito 1 Reurbanização de Áreas Contaminadas (2)
Crédito 2 Reurbanização de Áreas Contaminadas Prioritárias (1)
Crédito 3 Locações Preferenciais (10)
Crédito 4 Redução da Dependência de Automóveis (8)
Crédito 5 Rede Cicloviária (1)
Crédito 6 Proximidade entre Habitação e Trabalhos (3)
Crédito 7 Proximidade de Escolas (1)
Crédito 8 Proteção a Taludes Acentuados (1)
Crédito 9 Concepção de Projeto para Conservação de Habitats ou Várzeas (1)
Crédito 10 Restauração de Habitats ou Várzeas (1)
Crédito 11 Gestão de Conservação de Habitats ou Várzeas (1)

Desenho de Padrão de Vizinhanças (39 Pts)


Pré-requisito 1 Comunidades Abertas -
Pré-requisito 2 Urbanização Compacta (7casas por acre) -
Crédito 1 Urbanização Compacta (7)
Crédito 2 Diversidade de Usos (4)
Crédito 3 Diversidade de Tipos de Habitação (3)
Crédito 4 Disponibilidade de Residências para Aluguel (2)
Crédito 5 Disponibilidade de Residências para Venda (2)
Crédito 6 Redução de Área de Estacionamento (2)
Crédito 7 Vias para Pedestres (8)
Crédito 8 Sistema Viário (2)
Crédito 9 Instalações de Transporte Público (1)
Crédito 10 Gestão da Demanda de Transporte (2)
Crédito 11 Acesso aos Bairros Vizinhos (1)
Crédito 12 Acesso aos Espaços Públicos (1)
Crédito 13 Acesso aos Espaços Públicos Ativos (1)
Crédito 14 Acessibilidade Universal (1)
Crédito 15 Alcance e Envolvimento da Comunidade (1)
Crédito 16 Produção de Alimentos Local (1)

Construção e Tecnologia Verdes (31 Pontos)


Pré-requisito 1 Prevenção da Poluição Gerada pelas Construções -
Crédito 1 Prédios Verdes Certificados (3)

Eficiência Energética nos Edifícios (3)


Crédito 2
Crédito 3 Uso da Água Reduzido (3)
Crédito 4 Reutilização de Edifícios e Adaptabilidade para Reuso (2)
Crédito 5 Reuso de Edifícios Históricos (1)
Crédito 6 Projeto que Minimiza os Transtornos Locais (1)
Crédito 7 Minimização os Transtornos Locais Durante a Construção (1)
Crédito 8 Recuperação e Redução de Contaminação de Terras (1)
Crédito 9 Gestão de Águas Pluviais (5)
Crédito 10 Redução de Ilhas de Calor (1)
Crédito 11 Orientação Solar (1)
Crédito 12 Geração Energia Local (1)
Crédito 13 Fonte Local de Energias Renováveis (1)
Crédito 14 Sistema central de aqueci-mento e resfriamento (1)
Crédito 15 Eficiência Energética da Infra-Estrutura (1)
Crédito 16 Gestão dos Esgotos (1)
Crédito 17 Uso de Reciclados na Infra-estrutura (1)
Crédito 18 Gestão dos Resíduos das Construções (1)
Crédito 19 Gestão Ampla do Lixo (1)
Crédito 20 Redução da Poluição Luminosa (1)

Inovação e Projeto (6 Pontos)


Crédito 1 Inovação de Desenho (5)
Crédito 2 Profissional credenciado Leed (1)

Apesar de denso, o texto que funciona como um manual de aplicação do checklist é bem
detalhado, ajudando o avaliador a enquadrar o projeto ou empreendimento candidato à certificação
dentro dos parâmetros definidos pelo Leed-ND. Isso faz com que o processo de execução da análise
seja um modelo genérico que pode ser usado para diferentes casos de assentamento urbano.

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