Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As certificações verdes
Uma pesquisa de 1992, feita nos Estados Unidos e Canadá, revelou que
cerca de 70% dos consumidores declararam-se dispostos a pagar mais por
produtos considerados ambientalmente sustentáveis. Outra pesquisa,
realizada na Alemanha, em 1993, revela que, de dois mil entrevistados, 88%
sabiam o que representava o “Anjo Azul”, dois terços estavam dispostos a
pagar mais por produtos que efetivamente protegessem o meio ambiente e
57% preferiam comprar produtos com selo verde. (www.setor1.com.br)
No final dos anos 70, com a pressão do movimento ambientalista surgiram os primeiros selos
verdes. A Alemanha lançou em 1978 o “Anjo Azul” (Blaue Engel), um selo do próprio governo que
certifica produtos por quatro anos e conforme a tecnologia avança, seus critérios ficam mais rígidos.
Seguindo a tendência mundial o Canadá instituiu o selo "Opção Ambiental” (Environmental Choice)
em 1988. Também em 1988 alguns países nórdicos adotaram o "Cisne Branco". O Japão criou o
"Eco-Mark" em 1989, os Estados Unidos o "Selo Verde" (Green Seal) em 1989, e a União Européia,
em 1992, o Ecolabel.
Fig. 4 Selos verdes: Anjo Azul, Opção Ambiental, Cisne Branco, Eco-mark e Selo Verde.
Fonte: http://www.cercindia.org/
Nos anos 2000, houve um forte crescimento dos selos verdes. O Brasil alcançou importantes
avanços na área de certificação ambiental quando em 2001 o decreto 4059 e a lei 10.295/01 (Lei de
Eficiência Energética) prevêem um programa de regulagem do consumo de energia elétrica.
O Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) criou o selo de eficiência
energética que deve estar colado em todos os eletrodomésticos novos à venda. O selo PROCEL,
(Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), informa a faixa de consumo energética dos
eletrodomésticos. Organizado pela Eletrobrás, desde 1993, mas que começou a ter mais importância
para o consumidor depois do apagão.
Fig. 5 Selos PROCEL e selo informativo de consumo médio de energia de aparelhos elétricos.
Fonte: HowStuffWorks
Além disso, muitas empresas têm procurado a certificação internacional diretamente para
suprir a falta de alternativas brasileiras. Por exemplo, o Leed (The Leadership in Energy and
Environmental Design), sistema norte-americano de certificação de construções sustentáveis, já vem
sendo usado no país. Em setembro de 2008, 38 projetos brasileiros haviam se candidatado para
receber o selo da instituição.
Fig. 6 Selo FSC, Forest Stepwardship Council: logomarca e aplicações em produtos de consumo.
Fonte: http://www.fsc.org.br/
Tendo em vista as varias formas de certificação verde para inúmeros tipos de produtos, a
construção civil não ficou para trás. Atualmente existem empresas específicas para certificação dos
chamados green buildings, ou prédios verdes, com padrões e métodos diferentes, porém sempre com
o interesse de manter a preservação ambiental e garantir uma melhoria na sustentabilidade urbana.
O termo green building (construção verde) surgiu na década de 1970 por arquitetos e
ecologistas. No contexto da arquitetura, uma construção verde é aquela projetada, construída e
mantida com o mínimo consumo de água e energia, priorizando materiais que não poluem o ambiente
durante sua produção. Com o crescimento dos movimentos ambientalistas e a demanda da legislação
e dos investidores estrangeiros, investir na qualidade e na gestão ambiental passou a ser também um
bom negócio.
Vários países criaram seus selos de certificação para edifícios sustentáveis com o objetivo de
unir projetar e construir gerando menores danos para a natureza e usuários dos prédios. Os selos
mais importantes são o da Inglaterra (BREEM), Japão (CASBEE), África do Sul (SBAT) e França
(HQE).
Evoluindo o que já ocorre com eletrodomésticos, o Selo Procel Edifica irá certificar projetos
que prevêem redução de consumo e uso de energias alternativas, estimulando a adoção de ações
nesse sentido. Com a criação do selo PROCEL EDIFICA, as ações foram ampliadas e organizadas
com o objetivo de incentivar a conservação e o uso eficiente dos recursos naturais (água, luz,
ventilação etc.) nas edificações, reduzindo os desperdícios e os impactos sobre o meio ambiente.
Está previsto para o segundo semestre de 2009 o lançamento de outro selo autenticamente
brasileiro, desenvolvido pela Caixa Econômica Federal, o Selo Casa Azul. O selo será concedido a
empreendimentos que atendam a certos critérios sócio-ambientais que priorizam a economia de
recursos naturais e as práticas sociais. Esses critérios estão agrupados em seis categorias: inserção
urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, uso racional da
água, e práticas sociais. No total são 46 condições a serem cumpridas. Como existem
empreendimentos habitacionais que podem vir a não atender todas elas, a instituição criou a
classificação desses projetos em ouro, prata e bronze. Quem atingir pelo menos 24 critérios receberá
o selo ouro. Se forem cumpridas 19 condições, o empreendimento ganhará o selo prata. Para o
bronze, será necessário cumprir ao menos 14 critérios.
O Brasil está prestes a se tornar o quinto país com mais certificações LEED. Atualmente o
país tem quase cem edifícios pré-certificados ou em processo de certificação. Provavelmente por este
fator foi criado recentemente o “Green Building Council Brasil”, uma entidade responsável não apenas
pelos processos de certificação no país, como também terá o papel de nacionalizar o processo, ou
seja, adaptar para a realidade brasileira o procedimento de análise, inclusive com alteração dos
pesos dos pontos, podendo chegar até a criação de novos itens e uma reavaliação de seus temas
centrais.
Em sua página oficial na internet, na área de perguntas freqüentes, está informado que foi
criado um comitê de adaptação do LEED ao cenário brasileiro, formado por especialistas em
construção e em meio ambiente. Serão revistos os aspectos relativos ao sistema métrico, medidas de
desempenho, e da regulamentação do país. O LEED Brasil considerará as peculiaridades do nosso
setor de construção. Por exemplo, a quantidade de pontos por redução de consumo de energia
elétrica pode ser minimizado, já que no Brasil a maior parte da mesma é gerada em usinas
hidroelétricas não poluentes. Por outro lado, será aumentado o número de pontos pela escolha e
recuperação de locais degradados e a inclusão social.
Para conseguir um selo LEED devem ser seguidas algumas etapas. Primeiramente a obra
deverá ser cadastrada no GBC. Em seguida haverá uma pré-certificação, que analisará os itens do
projeto. A certificação em si é concedida após o fim da obra, depois de confirmados que as
características do projeto original foram fielmente seguidas, garantindo que os pré-requisitos foram
cumpridos e se ainda haverá pontos a serem adquiridos para eventualmente melhorar a classificação
final do selo a ser concedido.
Porém, o selo conquistado não é eterno, muito pelo contrário, ele tem a validade de apenas
dois anos. Passado este período o empreendedor deverá solicitar uma nova auditoria para renovar a
certificação, onde será avaliada a pós-ocupação, ou seja, se a vida do edifício permanece sustentável
em termos de eficiência energética, produtos utilizados na manutenção predial, etc. Caso não haja
interesse o empreendimento perde o direito de usar o selo. 3
Além dos parâmetros para construções comerciais, o LEED oferece regras para outros cinco
tipos de empreendimentos: Leed-H, para projeto e construção de edifícios residenciais; Leed-LS, para
3
A título de curiosidade, uma certificação LEED custa entre U$2.850,00 para edificações com até 5.000m², até U$23.100,00
para empreendimentos com mais de 50.000m², sem contar com a contratação da consultoria de profissionais previamente
habilitados para tal, que gira em torno de 1% do valor já citado. (Informação da homepage GBC-Brasil)
projetos escolares; Leed- EB, para maximização da operação e da manutenção de edifícios
existentes; Leed-MB, para múltiplas edificações num mesmo sítio, tais como condomínios
corporativos, campi e instalações governamentais; e o recém chegado Leed-ND.
O U.S. Green Building Council (USGBC), o Congress for the New Urbanism (CNU), e o
Natural Resources Defense Council (NRDC) – três organizações que representam alguns dos líderes
dentre os profissionais em projetos arrojados dos Estados Unidos da America, além de construtores,
desenvolvedores e dos ambientalistas – se uniram para desenvolver um padrão nacional para
alocação e projetos de bairros baseados em princípios de desenvolvimento inteligente, do novo
urbanismo e de prédios verdes. O objetivo desta parceria é estabelecer esses padrões para avaliar e
premiar o desenvolvimento de práticas ambientais superiores dentro do sistema do LEED.
Diferente dos outros produtos LEED que focam principalmente nas práticas de edifícios
verdes, com relativamente poucos créditos destinados para a escolha do sítio e projeto, o Leed for
Neighbourhood Development coloca maior ênfase no design e elementos de construção que atraem
os prédios para próximos um do outro, em um bairro, e relaciona este bairro com seu entorno e
paisagem. O trabalho do comitê é guiado por fontes como os dez princípios de crescimento
sustentável do Smart Growth Network’s, o Charter of the New Urbanism, e os outros sistemas de
avaliação do LEED. O Leed for Neighbourhood Development cria um padrão, assim como diretrizes
para o processo de projetação e tomadas de decisão, para servir como incentivo para melhores
locações, desenhos e finalmente verdadeiras construções de projetos de empreendimentos
residenciais inovadores, comerciais e de uso misto.
Esse sistema de cotação foi planejado para certificar projetos de desenvolvimento urbanos
que dêem bom exemplo das boas práticas de como se faz, em termos de crescimento sustentável
das cidades, através do novo urbanismo aliado a edifícios verdes.
1º. Pré-revisão do projeto (etapa opcional) se o projeto, em sua fase inicial, obtiver a
pontuação necessária, o Green Building Council fornece uma carta alegando que o empreendimento
é apto à certificação LEED-ND se for construído conforme o projeto;
2º. Certificação do projeto aprovado: o projeto aprovado e liberado para construção pode ser
certificado, caso seja atingida a pontuação necessária;
Assim como os outros sistemas Leed, o LEED-ND também funciona por meio de critérios
objetivos que compõe uma série de pré-requisitos e pontos acumuláveis. Os pré-requisitos já
explicam a que vieram: se não obtiver TODOS, não poderá ser certificado. Já os pontos servem para
classificar o nível de sustentabilidade do empreendimento: certified, silver, gold e platinum. Como a
forma de avaliação é bastante simples (checklist), é possível fazer uma análise em muito menos
tempo do que a realização de uma AIA.
Os projetos podem constituir bairros inteiros, partes de bairros ou bairros múltiplos. Projetos
menores e mais densos que são de uso singular, mas fazem parte de um contexto maior de
assentamento urbano podem ser certificados, assim como um empreendimento grande e de uso
misto também poderão ser classificados.
Níveis de Certificação:
• Certificado 40-49 pontos
• Prata 50-59 pontos
• Ouro 60-79 pontos
• Platina 80-106 pontos
Cada tópico do checklist é minuciosamente explanado no Pilot Rating System, o manual de
uso e aplicação do Leed-ND. Ele é dividido em quatro grandes blocos, cada um subdividido pelos
tópicos que são justamente as perguntas do checklist. Alguns tópicos, ou itens, são pré-requisitos,
outros são créditos de pontos para classificação conforme mostrado acima. Estes itens são divididos
em opções distintas, que são condições em que o projeto pode pontuar naquele tópico específico.
Desta forma a aplicação do checklist pode ser feita quando se tem o manual.
A explicação de todos os tópicos é muito extensa para que seja incluída aqui. Portanto, como
forma de exemplo de parte da apresentação do manual pode ser demonstrada sem desperdício de
tempo. O manual completo está disponível na web, por enquanto apenas em inglês conforme
indicado na bibliografia.
O primeiro grande bloco de tópicos se chama: Locação Inteligente e Conexões. Possui 6
Pré-requisitos,/ 11 Créditos e 30 Pontos Possíveis:
Apesar de denso, o texto que funciona como um manual de aplicação do checklist é bem
detalhado, ajudando o avaliador a enquadrar o projeto ou empreendimento candidato à certificação
dentro dos parâmetros definidos pelo Leed-ND. Isso faz com que o processo de execução da análise
seja um modelo genérico que pode ser usado para diferentes casos de assentamento urbano.