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Gestão das Instalações

Industriais
Material Teórico
Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Esp. Leila da Silva Moura

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

• Introdução;
• Tipos de Arranjo Físico;
• Sistemas de Produção.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar ao aluno os tipos de Arranjo Físico existentes e que podem
ser implementados em uma Instalação Industrial e os Sistemas de
Produção que podem ser aplicados em uma Instalação Industrial.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

Introdução
Após um empresário escolher a localização de uma nova instalação industrial
para iniciar a produção de um produto, uma tarefa muito importante ainda precisa
ser executada: planejar como será o formato do prédio da fábrica e a divisão
desse prédio em áreas e departamentos. Finalmente, deve-se distribuir máquinas,
equipamentos e colaboradores nesses departamentos, de forma a garantir a
execução de todas as tarefas de forma segura e produtiva.

Sendo assim, é possível definir o Arranjo Físico como o planejamento do es-


paço físico a ser ocupado em uma fábrica, incluindo a disposição de máquinas,
equipamentos e pessoas nesse espaço.

É possível ainda definir Layout (ou Leiaute) como a representação gráfica


da disposição espacial das máquinas, equipamentos e setores envolvidos no
planejamento do arranjo físico.

Diversos fatores devem ser considerados durante o planejamento do espaço


físico de uma fábrica, dentre os quais pode-se destacar:
• Fluxo de Materiais;
• Fluxo de Pessoas;
• Rotas de fuga em caso de acidentes;
• Capacidade de Produção;
• Ergonomia;
• Tamanho do produto.

Outro aspecto relevante do projeto de uma nova instalação industrial é a definição


do Sistema de Produção a ser adotado por essa instalação industrial.

A definição adequada do Sistema de Produção influenciará nos investimentos


nas instalações industriais, no tipo de manutenção a ser utilizada, no arranjo físico,
na movimentação de materiais e equipamentos e na capacidade de produção.

A seguir, serão apresentados os principais tipos de arranjo físico que podem ser
utilizados em uma instalação industrial e, em seguida, os sistemas de produção que
podem ser aplicados nessas instalações.

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Tipos de Arranjo Físico
Existem diversas formas de se classificar os arranjos físicos existentes nas empresas.
Porém, existem quatro tipos de Arranjo Físico ou Layout que são os mais comuns:
• Layout Linear ou por produto;
• Layout por Processo;
• Layout por Posição Fixa;
• Layout Celular.

A seguir, esses tipos de Layout serão apresentados com mais detalhes.

Layout Linear ou por Produto


Esse tipo de layout tem como característica principal um arranjo físico onde a
linha de produção é dedicada a um único tipo de produto. Nesse caso, o produto
percorre todas as máquinas, os equipamentos e postos de trabalho que compõem
essa linha de produção.

Na Figura 1, é possível visualizar a representação gráfica de um layout linear ou


por produto. Observando-se esse arranjo físico, é possível verificar que a matéria
prima entra no primeiro posto de trabalho e vai sendo modificada nos demais
postos, de forma sequencial.

POSTOS DE TRABALHO

ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 4


Estoque de
Estoque de Acabamento
Traçagem Corte Dobra produtos
matéria-prima e inspeção
acabados

OPERADORES
Figura 1 – Layout Linear ou por Produto
Fonte: Acervo do Conteudista

Na Figura 2, é possível visualizar um exemplo de Layout Linear ou por Produto.


Nessa linha de fabricação de automóveis – no caso, o modelo A da Ford –, o produto
automóvel se movimenta através dos postos de trabalho que estão instalados um
após o outro, de forma sequencial.

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UNIDADE Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

Figura 2 – Linha de Produção da Ford – Modelo A


Fonte: Wikimedia Commons

O layout linear ou por produto é indicado, principalmente, para as seguintes


situações:
• Empresa que possui um produto com grande quantidade a ser produzida, de
forma contínua;
• Empresa que possui um produto com pouca diversificação e com grande
padronização.

O layout linear ou por produto possui as seguintes características:


• A linha de produção é dedicada para um produto específico;
• omo o fluxo do produto pela linha de produção, é bem previsível, possível
C
ser implementado o transporte automático dos materiais e produtos ao
longo da linha de produção, utilizando-se, por exemplo, esteiras, correntes
transportadoras, entre outros;
• A linha de produção pode ser ajustada para diversas quantidades a produzir;
• ideal é que a linha de produção seja ajustada para grandes quantidades
O
a produzir;
• investimento inicial na linha de produção é bastante alto, pois são utilizados
O
máquinas e equipamentos altamente especializados, adaptados ao produto a
ser fabricado.

O layout linear ou por produto possui, principalmente, as seguintes vantagens:


• Baixo custo unitário de cada produto fabricado, devido à grande quantidade
produzida;
• Facilidade de manusear os materiais na linha de produção;
• Baixo custo de treinamento, uma vez que os colaboradores executam operações
simples e repetitivas, específicas para aquele produto;
• Alta produtividade, pois são reduzidas as esperas, aumentando-se o aproveita-
mento da mão de obra;

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• Baixa quantidade de estoques em processo, devido à pequena movimentação
de materiais em processamento. Como todas as máquinas e equipamentos
estão próximos, não há a necessidade de estocar uma grande quantidade para
movimentar para o próximo posto de trabalho.

O layout linear ou por produto possui, principalmente, as seguintes desvantagens:


• Desmotivação dos colaboradores, devido, na maioria das vezes, o operador da
linha realizar tarefas repetitivas;
• Pouca flexibilidade da linha para fabricar produtos diferentes.
• Caso ocorra um problema em uma das operações da linha, isso causará im-
pacto em toda a linha, já que, nesse tipo de arranjo físico, as operações estão
em sequência.

Layout por Processo


Esse tipo de layout tem como característica principal um arranjo físico onde as
linhas são agrupadas por tipo de processo de fabricação. Ao invés de uma linha de
produção que contenha diversos tipos de máquinas, nesse tipo de layout existem,
em cada linha de produção, máquinas que realizam o mesmo tipo de operação.
Como exemplo, pode-se citar o agrupamento em uma linha de produção que
contenha somente tornos mecânicos; em outra linha, que contenha somente
furadeiras; e uma terceira linha, que contenha somente bancadas de montagem.
Imagine que um determinado produto dessa fábrica precise passar, primeira-
mente, por um processo de furação e, em seguida, por um processo de torneamen-
to indo, finalmente, para um processo de montagem. Nesse caso, uma quantidade
desse produto será transportada, primeiramente, para a linha de furadeiras. Após
a execução do processo de furação, o que irá gerar um estoque de produtos em
processo, esses produtos processados serão transportados para a linha de tornos
mecânicos. Após a execução da tarefa de torneamento, haverá um novo estoque
em processo, que deverá ser transportado até a próxima e última operação, ou
seja, a montagem. Finalmente, após a montagem, esses produtos serão transferi-
dos para o estoque de produtos acabados ou enviados para o cliente.
Dessa forma, essas linhas de produção com máquinas similares agrupadas
servem a diversos tipos de produtos.
Na Figura 3, é possível visualizar a representação gráfica de um Layout por
processo. Nesse layout da figura, é possível observar a presença de 5 departamentos
na linha de produção:
• Furação;
• Estampagem;
• Torneamento;
• Pintura;
• Montagem Final.

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Arranjo Físico e Sistema de Produção

SETOR DE TORNEAMENTO SETOR DE ESTAMPAGEM

Torno 1 Torno 2 Prensa 1 Prensa 2

Torno 3 Torno 4 Prensa 3 Prensa 4

Produto 1 Montagem 1 Montagem 2

Produto 2

Produto 3
Montagem 3 Montagem 4

MONTAGEM FINAL

Furadeira 1 Furadeira 2 Cabine 1 Cabine 2

Furadeira 3 Furadeira 4 Cabine 3 Cabine 4

SETOR DE FURAÇÃO SETOR DE PINTURA

Figura 3 – Exemplo de Layout por Processo


Fonte: Acervo do Conteudista

O departamento de furação é composto por furadeiras que podem ser utili-


zadas ou não de forma simultânea, trabalhando com o mesmo produto ou com
produtos diferentes.

O departamento de estampagem é composto por prensas que podem ser


utilizadas ou não de forma simultânea, trabalhando com o mesmo produto; porém,
na maioria das vezes, elas trabalham em operações diferentes, visto que, para cada
produto, é necessário um estampo (molde) diferente. Uma prensa aplica uma força
através de um molde (estampo) sobre uma chapa, de forma a imprimir o formato
desse estampo na chapa.

O departamento de torneamento é composto por tornos mecânicos que podem


ser utilizados ou não de forma simultânea, trabalhando com o mesmo produto ou
não. Um torno é útil na produção de peças cilíndricas.

A fábrica do exemplo da Figura 3 ainda é composta por um departamento


formado por cabines de pintura e outro formado por postos de trabalho dedicados
à montagem final de cada produto.

Analisando ainda a Figura 3, é possível observar que os produtos se movimentam


bastante de um setor a outro da fábrica, de forma que esses produtos sejam
submetidos a todos os processos previstos para que os mesmos sejam produzidos.

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O layout por processo é indicado, principalmente, para as seguintes situações:
• Empresa que possui diversos produtos com pequenas quantidades a serem
produzidas de forma intermitente;
• Empresa que possui um ou mais produtos com várias versões diferentes.

O layout por processo possui as seguintes características:


• A linha de produção é dedicada para diversos produtos diferentes;
• O produto é transportado para cada uma das linhas onde ele será processado;
• Não há uma sequência linear de operações;
• A quantidade produzida de cada produto normalmente é menor do que em um
layout em linha ou por produto;
• Possui grande flexibilidade de produtos a serem processados na mesma linha
de produção;
• Os custos fixos são, na maioria das vezes, menores do que em uma linha de
produção que utiliza o layout em linha ou por produto.

O layout por processo possui, principalmente, as seguintes vantagens:


• Flexibilidade para trabalhar com diversos tipos de produtos simultaneamente;
• Os equipamentos são mais baratos do que em uma linha de produção que
utiliza o layout em linha ou por produto, pois, normalmente, essas máquinas
são encontradas em qualquer fornecedor sem necessidade de adaptações
específicas para um produto em especial;
• Como os equipamentos são mais baratos, há um menor investimento inicial;
• O custo fixo também é menor, devido ao fato dos equipamentos serem mais
baratos.

O layout por processo possui, principalmente, as seguintes desvantagens:


• Grande estoque de materiais e produtos em processamento, ocupando áreas
na linha de produção;
• Grande movimentação de materiais e produtos de uma linha de produção a
outra através da fábrica;
• Custos maiores por cada produto fabricado (custos unitários), devido à baixa
quantidade produzida.

Acesse o link a seguir e veja uma introdução aos processos de fabricação:


Explor

https://youtu.be/TMcmbOrX2iA

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UNIDADE Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

Layout por Posição Fixa


Esse tipo de layout tem como característica principal um arranjo físico onde o
produto permanece fixo em um local e todos os materiais e operadores se dirigem
até ele. Dessa forma, o produto sofre modificações (processamento) sem que
ocorra sua movimentação.

Na Figura 4, é possível visualizar a representação gráfica de um exemplo de Layout


por Posição Fixa. Nesse exemplo, o produto (Navio) fica fixo e os demais equipamentos
e operadores se movimentam até ele para que as operações sejam executadas.

Traçagem Corte

Produto:
NAVIO

Dobra Furadeira

Figura 4 – Exemplo de Layout por Posição Fixa


Fonte: Acervo do Conteudista

O layout por posição fixa é indicado, principalmente, para as seguintes situações:


• Empresa que possui um produto muito grande e/ou pesado, o que dificulta a
sua movimentação pela fábrica;
• A empresa trabalha com produtos únicos, um diferente do outro;
• A empresa possui um produto com baixa padronização.

O layout por posição fixa possui as seguintes características:


• A linha de produção é dedicada a um único produto de cada vez;
• Praticamente não há fluxo de processo;
• Processo de produção é artesanal.

O layout por posição fixa possui, principalmente, as seguintes vantagens:


• Pouca movimentação do produto em processamento;
• São evitados danos no produto devido à pouca movimentação.

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O layout por posição fixa possui, principalmente, as seguintes desvantagens:
• Devido ao processo ser, na maioria das vezes, artesanal, um produto sempre
sai diferente do outro;
• São exigidas grandes habilidades das pessoas que trabalharão na fabricação
desse produto.

Quais outros produtos também podem ou devem ser fabricados através de um Layout por
Explor

Posição Fixa?

Layout Celular
Esse tipo de layout tem como característica principal um arranjo físico similar ao
do layout linear, mas não necessariamente a linha de produção é dedicada a apenas
um produto, ou a uma família deles; esse layout pode ser utilizado para produzir
materiais que advêm de processos de fabricação similares, que são processados em
uma linha sequencial.

Nesse tipo de layout, sempre que possível, as máquinas e demais postos de


trabalho são dispostos de maneira a permitir a utilização de operadores multifun-
cionais, ou seja, que são capazes de executar mais de uma tarefa.

Esse arranjo físico permite, em alguns casos, aproveitar melhor a mão de obra
disponível, aumentando-se assim a eficiência da linha de produção.

O layout celular possui as seguintes características:


• Pode ser formado por máquinas e equipamentos convencionais, ou seja, sem
adaptações que a tornem útil para apenas um único produto;
• Utilizam-se operadores multifuncionais, ou seja, capazes de executar mais de
uma tarefa.

O layout celular possui, principalmente, as seguintes vantagens:


• Maior flexibilidade do que o layout por produto;
• Melhor aproveitamento dos operadores;
• Pouca movimentação dos operadores

Na Figura 5, é possível visualizar a representação gráfica de um exemplo de


Layout Celular. Nesse exemplo, existem máquinas colocadas uma após a outra,
como em um layout em linha, contudo, há um operador que atua em três postos
de trabalho (operador multifuncional). Esse é um exemplo de uma típica célula
de produção. Produtos que são submetidos às mesmas etapas e processos de
produção, com pequenas adaptações e ajustes, podem ser produzidos utilizando-se
essa célula de produção.

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UNIDADE Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

POSTOS DE TRABALHO

ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3


Estoque de
Traçagem Corte Dobra
matéria-prima

ET
AP
A4
Fu
raç
ão

POSTOS DE TRABALHO
OPERADORES

Reparação

ETAPA 5
OPERADOR MULTI-FUNCIONAL

OPERADORES

ua o
Vis peçã
l
Ins

A6
Estoque de

AP
Inspeção

ET
produtos Acabamento Dobra
Final
acabados
ETAPA 9 ETAPA 8 ETAPA 7

POSTOS DE TRABALHO

Figura 5 – Exemplo de Layout Celular


Fonte: Acervo do Conteudista

Sistemas de Produção
Apesar de existirem diversas possíveis classificações dos sistemas de produção,
nesta unidade, abordaremos os sistemas de produção considerando que podem ser
classificados em três tipos:
• Produção Artesanal;
• Produção em Massa;
• Produção Enxuta.

A seguir, serão apresentados esses três sistemas de produção e como eles


podem ser aplicados em uma Instalação Industrial.

Sistema de Produção Artesanal


Vamos imaginar que um grande empresário, habitante do continente europeu,
fosse adquirir um automóvel perto do fim do século XIX. Na Figura 6, é possível
visualizar um veículo da Daimler em 1899, que era produzido artesanalmente.

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Figura 6 – Exemplo de um veículo automotor produzido artesanalmente
Fonte: Wikimedia Commons

O primeiro passo seria esse empresário se dirigir a uma das pouquíssimas


oficinas especializadas disponíveis na época. Após aguardar o período solicitado
pelo produtor do automóvel, esse veículo seria entregue ao comprador, que teria
em mãos um veículo exclusivo, feito sob medida, totalmente de forma artesanal,
peça a peça.

As peças desse automóvel seriam fabricadas uma de cada vez e, em seguida,


montadas também, umas nas outras, uma de cada vez. Eventualmente, acontecia
de peças não se encaixarem, o que tornava necessário que os artesãos fizessem
ajustes, até que a montagem final acontecesse.

Por esse motivo, o veículo recebido pelo comprador era único – mesmo que outro
cliente solicitasse o mesmo veículo, com as mesmas características, ainda assim esse
veículo viria com dimensões diferentes, devido ao processo artesanal de montagem.

Caso, no futuro, o veículo precisasse de reparos, o local mais indicado para


realizar os reparos seria a própria oficina que fez o automóvel, pois ela conhecia o
veículo e dispunha da mão de obra especializada para executar a tarefa.

Nessas oficinas, eram encontrados profissionais que dominavam os chamados


processos metalúrgicos, ou seja, manuseavam bem os materiais metálicos. Esses
profissionais eram responsáveis por processar os materiais metálicos através de
processos de fabricação mecânica como: estampagem, soldagem, torneamento,
furação, entre outros. Também realizavam a montagem artesanal do veículo.

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UNIDADE Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

As principais vantagens do Sistema de Produção Artesanal são:


• Pode ser utilizado para fabricar produtos que possuem dimensões muito gran-
des, como transformadores elétricos, embarcações, entre outros, os quais são
feitos sob medida para o cliente;
• Permite produzir produtos que possuam baixa demanda;
• Produtos podem ser personalizados, de acordo com os desejos do cliente;
• Normalmente, ocupa-se um espaço físico menor na fábrica para fabricar
produtos artesanalmente;
• Baixo investimento inicial na linha de produção.

As principais desvantagens do Sistema de Produção Artesanal são:


• Alto custo por unidade produzida;
• Baixa capacidade de produção;
• Qualidade dos produtos fabricados depende muito da habilidade do artesão;
• Variabilidade dos produtos produzidos (um produto diferente do outro);
• Grande quantidade de retrabalhos.

O maior custo por unidade de produto fabricado ocorre devido ao fato de que os
custos de produção (fixos e variáveis) devem ser diluídos em uma quantidade menor
de produtos fabricados. Dessa forma, o custo por produto aumenta.

Deve-se frisar que, nos dias atuais, ainda se encontram diversos produtos que
são fabricados através do Sistema de Produção Artesanal – inclusive automóveis,
veja na Figura 7 um veículo que é produzido em pequenas quantidades e com
itens personalizados de acordo com a solicitação do cliente. Pode-se incluir como
exemplos aqui ainda navios e alguns modelos de aviões.

Figura 7 – Exemplo de um automóvel atual fabricado artesanalmente


Fonte: Wikimedia Commons

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Sistema de Produção em Massa
Em meados do início do Século XX, o empresário Henry Ford foi o principal
responsável pela idealização e implementação do sistema de produção conhecido
como Sistema de Produção em Massa.

O grande desafio de Ford era idealizar um sistema de produção no qual o custo


por automóvel fabricado fosse reduzido de forma drástica. Uma vez que esse
objetivo fosse atingido, o automóvel se tornaria um bem acessível para a maioria
das pessoas, tendo em vista que o veículo fabricado artesanalmente era caro e,
dessa forma, apenas a população mais rica tinha acesso à sua aquisição.

O caminho que Ford traçou passava pela produção de automóveis em grande


quantidade. Isso faria com que os custos de fabricação fossem diluídos em uma
quantidade maior de produtos, fazendo com que o custo de cada unidade produzida
fosse menor e, dessa forma, o seu preço de venda também seria menor. Essa lógica
pode ser visualizada no diagrama da Figura 8.

Grande quantidade
Produzida

Custos fixos diluídos Mais produtos


em uma quantidade fabricados com a
maior de produtos mesma quantidade
fabricados de mão de obra

Custo total
por unidade
produzida menor

Figura 8 – Exemplo de um automóvel atual fabricado artesanalmente

Porém, para que esse objetivo fosse atingido, era necessário que o automóvel
fosse fácil de montar. Sendo assim, surge então a criação do chamado depar-
tamento de Engenharia Industrial. Esse departamento seria responsável pelas
seguintes atividades:

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UNIDADE Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

• Projetar componentes do automóvel com medidas e tolerâncias de fabricação


que permitissem a sua montagem em qualquer automóvel do mesmo modelo,
sem a necessidade de ajustes (peças intercambiáveis);
• Projetar componentes que fossem fáceis de montar, sem a necessidade de ajus-
tes e com a utilização de ferramentas simples, ou ainda nenhuma ferramenta;
• Desenvolver células de produção com máquinas dedicadas a executar sempre
a mesma operação (Layout por processo), mas que, juntas, fossem capazes de
produzir todos os componentes do automóvel.

Dessa forma, como as células seriam dedicadas a executar operações similares, não
se necessitava de operadores extremamente qualificados. Uma vez que esses operado-
res eram treinados, iriam executar a mesma operação continuamente. À medida que
eles adquiriam prática, executariam a tarefa com maior velocidade e perfeição.

Além dessas células dedicadas, havia uma esteira na qual o chassi do automóvel
era colocado no início e os demais componentes eram montados nesse chassi, à
medida que o carro se deslocava por essa esteira. Dessa forma, haviam diversos
operadores aguardando o carro se deslocar, para efetuar a montagem do
componente sob sua responsabilidade.

Nessa linha de produção, o primeiro veículo demorava a ser fabricado. No


entanto, o próximo veículo viria logo em seguida na esteira e, da mesma forma, os
demais veículos, o que teria como resultado uma grande produção diária.

A inauguração desse modelo de sistema de produção ocorreu em 1908 com


o início da fabricação do automóvel Ford modelo T, que pode ser visualizado na
Figura 9.

Figura 9 – Automóvel Ford Modelo T


Fonte: Wikimedia Commons

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Na Figura 10, é possível visualizar um exemplo de fabricação e montagem de
componentes na linha de produção da Ford no ano de 1913.

Figura 10 – Exemplo de Fabricação de Componentes – Ford – 1913


Fonte: Wikimedia Commons

Conheça detalhes de como era a Linha de montagem do automóvel Ford Modelo T aces-
Explor

sando esse link: https://goo.gl/BBDmcQ

Como é possível observar, a implantação do sistema de produção em Massa


foi uma grande revolução na época. Até os dias atuais, ainda é possível encontrar
diversos produtos, inclusive automóveis, que são fabricados por meio desse sistema
de produção. Porém, para alguns processos, os operadores podem ser substituídos
por máquinas automatizadas ou robôs. Na Figura 11, é possível visualizar a linha
de fabricação de um automóvel atual, que utiliza o Sistema de Produção em Massa.

Figura 11 – Linha de Montagem atual de automóveis utilizando o Sistema de Produção em Massa


Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

As principais características do Sistema de Produção em Massa são:


• Grande Capacidade de Produção;
• Células dedicadas a um único processo (Layout por processo);
• Baixa quantidade de Setups (Trocas de modelos a serem produzidos);
• Grande utilização de máquinas e equipamentos;
• Alto nível de estoques em processo;
• Muita movimentação de operadores.

As principais vantagens do Sistema de Produção em Massa são:


• Grande capacidade de produção;
• Baixo custo por unidade produzida;
• Operadores mais baratos (Baixo nível de instrução).

As principais desvantagens do Sistema de Produção em Massa são:


• Pouca flexibilidade de produção (poucos modelos diferentes podem ser produ-
zidos em uma mesma linha);
• Muita movimentação de peças e componentes;
• Elevados estoques em processo;
• Alto investimento inicial;
• Desgaste dos operadores devido a operações repetitivas (fadiga).

Nos dias atuais, além dos automóveis, também se encontram diversos outros
produtos que são fabricados através do Sistema de Produção em Massa. Fábricas
que operam com células dedicadas a processos específicos (Layouts por processo)
são exemplos típicos de empresas que adotam o sistema de produção em Massa.

Sistema de Produção Enxuta


O Sistema de Produção Enxuta também é conhecido como Manufatura Enxuta,
ou ainda como Sistema Toyota de Produção. Seu principal idealizador e responsável
pela sua implementação é o Engenheiro Taiichi Ohno. Diversas técnicas foram
praticadas para que se conseguisse desenvolver o Sistema de Produção Enxuta:
• Layout Celular: composto por máquinas e equipamentos que executam ta-
refas diferentes;
• Operadores Multifuncionais: operadores executam mais de uma tarefa, o
que facilita o balanceamento da Linha de Produção, ou seja, operadores que
estivessem executando tarefas mais rápidas e, dessa forma, possuíssem folgas
podiam executar mais tarefas;

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• Estoques Reduzidos: fabricava-se somente o que era solicitado pelo cliente,
reduzindo-se, assim, movimentação de estoques;
• Fluxo de uma peça só (one-piece-flow): sempre que possível, evitar o
estoque intermediário de peças entre um posto de trabalho e outro;
• Jidoka (Autonomação): cada vez que o operador encontrava um problema
no processo de produção, ele tem autoridade (autonomia) para, literalmente,
parar a linha e solicitar uma equipe multifuncional composta por profissionais
das áreas de engenharia, qualidade, entre outras especialidades que deveriam
analisar o problema e encontrar a causa raiz e implementar uma solução
definitiva para esse. Em um primeiro momento, ocorriam diversas paradas na
produção, porém, à medida que os problemas foram resolvidos, as paradas de
produção passaram a ser mais esporádicas;
• KanBan: trata-se de uma espécie de supermercado estabelecido na linha de
produção onde são colocados cartões em um painel solicitando a produção de
um determinado componente. Dessa forma, só podem ser produzidos itens
que forem solicitados através desses cartões colocados no painel. Esse sistema
é conhecido como sistema de “puxar a produção”;
• Setup Rápido: trata-se da implementação de ferramentas que possibilitem a
troca rápida de ferramentas e/ou a preparação rápida para a produção. Com
um setup rápido, é possível efetuar mais trocas de modelos produzidos em
uma linha de produção, ou seja, podem ser produzidos lotes menores, já que
não se perde tempo com a preparação para a produção. Com isso, também é
possível reduzir-se os estoques em processo;
• Dispositivos Poka-yoke: são também conhecidos como dispositivos a prova
de erro. Consiste em implementar ferramentas na linha de produção, de forma
a evitar erros do operador;
• Melhoria Contínua: consiste na implementação de uma mentalidade de busca
incessante da melhoria de todos os processos, de forma a se obter sempre a
redução de custos e a melhoria da qualidade.

Conheça mais sobre o Sistema de Produção em Células assistindo ao vídeo disponível neste
Explor

link: https://youtu.be/blEHhWuy3z8

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UNIDADE Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

As principais vantagens do Sistema de Produção Enxuta são:


• Grande capacidade de produção;
• Baixo custo por unidade produzida;
• Baixo tempo de espera entre operações;
• Pouca movimentação dos operadores;
• Flexibilidade da produção.

As principais desvantagens do Sistema de Produção Enxuta são:


• Necessidade de treinamento maior para que os operadores sejam multifuncionais;
• Necessidade de investimento inicial maior, devido à adaptação dos layouts
de produção.

Com a implementação do Sistema de Produção Enxuta, houve uma drástica


redução de custos, o que permitiu com que empresas que adotaram esse sistema
passassem a ser competitivas no mercado internacional.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Gestão da Produção – Uma Abordagem Introdutória
Leia o capítulo 4 (p. 113-120) da obra de Délvio Idalberto Chiavenato, intitulada Ges-
tão da Produção – Uma Abordagem Introdutória, disponível na Biblioteca Virtual
da Universidade, no item “Minha Biblioteca”. Nesse texto, serão apresentados outros
exemplos e abordagens sobre os tipos de arranjo físico de uma empresa.
Sistemas de Produção – Conceitos e Práticas para Projeto e Gestão da Produção Enxuta
Leia o capítulo 9 (p. 286-317) da obra de Junico Antunes et al., intitulada Sistemas
de Produção – Conceitos e Práticas para Projeto e Gestão da Produção Enxuta,
disponível na Biblioteca Virtual chamada Minha Biblioteca. Nesse texto, serão apre-
sentados alguns exemplos de aplicação da Manufatura Enxuta.

Vídeos
Aula 01 - Organização do Trabalho - Profissionalizante - Telecurso
Um vídeo bem interessante que trata da organização do trabalho, incluindo o arranjo físico.
https://youtu.be/dpI5I8zj5yw
Sistemas de Produção – Aula 13 – Produção em Célula Manufatura Enxuta ou Sistema Toyota
Um vídeo bem interessante que trata do Sistema de Produção Enxuta.
https://youtu.be/blEHhWuy3z8

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UNIDADE Projeto de uma Instalação Industrial –
Arranjo Físico e Sistema de Produção

Referências
ANTUNES, J.; ALVARES, R.; KLIPPEL, M.; PELLEGRIN, I.; BORTOLOTTO, P.
Sistemas de Produção – Conceitos e Práticas para Projeto e Gestão da Produção
Enxuta. Porto Alegre, RS: Bookman, 2008.

CHIAVENATO, I. Gestão da Produção – Uma abordagem introdutória. 3. ed.


Barueri, SP: Manole, 2014.

MOREIRA, D. A. Administração da Produção e Operações. 2. ed. São Paulo:


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