Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BEHAVIORISMOS:
REFLEXÕES HISTÓRICAS E
CONCEITUAIS
DIEGO ZI LIO
KESTER CARRARA
organizadores
VOLUME 1
Vários autores
ISBN 978-85-69475-02-6
1. Behaviorismo (Psicologia)l
2. Psicologia - Filosofia
3. Psicologia - História I. Zilio, Diego. II. Carrara, Kester.
16-06338 CDD-150.9
Agosto de 2016
AUTORES
Alexandre Dittrich
Professor Associado da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutor em
Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Graduado em Psicologia
pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB).
Diego Zilio
Professor Adjunto da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Doutor em
Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo. Mestre
em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Marília. Graduado em
Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Bauru.
Isaias Pessotti
Professor Titular da Universidade de São Paulo (USP) - Ribeirão Preto. Doutor em
Ciência (Psicologia) pela Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo. Mestre em
Filosofia da Ciência pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) - São Paulo.
Graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo.
Jay Moore
AUTORES
Kenyon College.
John C. Malone
Professor da Universidade do Tennessee - Knoxville. Doutor em Psicologia
Experimental pela Universidade de Duke. Graduado em Psicologia pela Universidade
Estadual de Nova York (5UNY) - Albany.
Kester Carrara
Professor Livre-Docente da Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Bauru.
Doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Marília. Mestre
em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.
Graduado em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Bauru. Bolsista
de Produtividade em Pesquisa do CNPq.
Ricardo Pérez-Almonacid
Professor do Centro de Estudos e Investigações sobre Conhecimento e
Aprendizagem Humana da Universidade Veracruzana. Doutor em Ciências do
AUTORES
Robert H. Wozniak
Professor do Bryn Mawr College. Doutor em Psicologia do Desenvolvimento pela
Universidade de Michigan. Graduado em Psicologia pelo College of the Holy Cross.
SUMÁRIO
PREFÁCIO 11
APRESENTAÇÃO 15
HUM AN BEHAVIOR
Robert H. Wozniak
PREFÁCIO
Conta a lenda que Newton, o físico, sugeria que suas importantes descobertas
haviam acontecido porque seus conhecimentos encontravam-se "em pé" sobre
ombros de gigantes. Essa ideia foi literalmente trazida para o campo da Análise do
Comportamento por Skinner, na afirmação de uma ciência capaz de dar conta do
Comportamento Humano (Skinner, 1953, Capítulo 2). Esses gigantes a quem eles -
Newton e Skinner - faziam referência eram outros cientistas que tinham olhado para
a realidade e feito sobre ela algumas declarações a partir do método científico. Tais
declarações, reunidas em obras, ocupariam o papel de ombros, e ao mesmo tempo
de base, para que a visibilidade atual do objeto de estudo de qualquer ciência fosse
mais ampla no horizonte científico.
Anteriormente, o próprio Skinner (1945) já havia afirmado que a Ciência não
era uma declaração da verdade: ela nada mais é do que o comportamento verbal
dos cientistas. Um comportamento verbal que "se dá" possível em seu tempo de
ocorrência, registrado por uma série de declarações permitidas ao cientista por seu
método de estudo. Declarações estas que poderiam ser melhores ou piores sobre a
realidade, segundo alguns critérios, mas certamente sempre parciais e acumulativas.
O que Skinner propõe é uma análise científica do comportamento verbal, inclusive do
próprio cientista, para que possamos entender o avanço do conhecimento científico.
Behoviorismos é uma obra brilhantemente organizada por Diego Zilio e Kester
Carrara que cumpre exatamente essas funções. Em um tempo, nos dá plena
consciência de qual é nossa base, ou seja, sobre quais ombros nosso conhecimento
atual sobre o comportamento científico repousa. Faz-nos parar momentaneamente
de olhar os horizontes do nosso objeto de estudo - o comportamento - e passa a
fazer-nos conhecer nossas raízes do conhecimento. A sensação resultante da leitura
do livro é a de que agora podemos seguir em frente, em nossa busca de novas
PREFÁCIO
11
Nesse caminho para localizar e firmar a psicologia entre as ciências naturais, outro
autor relevante é trazido para o foco: contemporâneo de Watson, Weiss (Capítulo 7)
12
nos é apresentado via sua busca de encontrar, conforme Robert H.Wozniak,"a relação
entre as bases fisiológicas e a relevância social do comportamento".
O momento histórico contado até aqui já tem o behaviorismo declarado.
No entanto, histórias paralelas de chegada a pontos semelhantes são então
desdobradas. Inspirado em elementos históricos "próximos, mas distantes" do
behaviorismo de Watson, José Antonio Damásio Abib se ocupou da trajetória
"inovadora e revolucionária" de Thorndike (Capítulo 5). Este teria chegado mais
claramente ao estudo do comportamento humano via Darwin, propondo a
interpretação do comportamento instrumental e da Lei do Efeito. Conduzido pelo
mesmo caminho darwinista, Mead (Capítulo 8) tem suas propostas de interpretações
de se/f social mente construído analisadas neste livro por Renato Ferreira de Souza e
Maria do Carmo Guedes.
Em seguida, algumas outras bases do behaviorismo - podemos dizer,
compartilhadas com o behaviorismo radical - poderão ser encontradas nas propostas
de Guthrie (Capítulo 9), com sua predileção pela matemática, sua concepção sobre
aprendizagem e a psicopatologia vista como normal. Este autor teve sua obra
traçada neste livro por John Malone, que ainda ressalta os contornos contextualistas
de sua obra.
A história de Behaviorismos aqui contada segue em frente retomando a veia
respondente do behaviorismo. A linha watsoniana, via Hull, é representada aqui pelo
neo-behaviorismo de Spence (Capítulo 10). Jay Moore esmiúça as contribuições
desse autor, especialmente, por meio dos conceitos de transposição no controle de
estímulos e da redução de drive, tanto nas interpretações sobre o comportamento
respondente quanto no instrumental positivo e negativo.
Fechando este volume, Emilio Ribes lhesta e Ricardo Pérez-Almonacid apresentam
o interbehaviorismo de Kantor (Capítulo 11), um autor reconhecido pelo próprio
Skinner como uma influência em sua obra, mas que se afasta dele, segundo os
autores, por rupturas marcantes. Uma delas, de caráter lógico, quando Kantor rompe
com o modelo de análise e explicação molecular do comportamento e propõe a
lógica de campo, que identifica todo fenômeno psicológico como um campo de
relações interdependentes dos elementos que o compõem.
Como pode ser depreendido da leitura até aqui, Behaviorismos é mais que uma
obra de filosofia ou de história de parte da Ciência Psicológica; trata-se de uma
PREFÁCIO
13
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Referencias
Skinner, B. F. (1945). The operational analysis of psychological terms. Psychological
PREFACIO
Review, 52,270-277.
Skinner, B. F. (1953). Science and human behavior. New York: MacMillan.
14
APRESENTAÇÃO
15
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Bruno Angelo Strapasson, por sua vez, discorre sobre J. B. Watson. Considerado por
alguns como o fundador do behaviorismo, Watson talvez seja um dos autores mais
citados da Psicologia, ainda que se possa conjecturar que ele, ao mesmo tempo, seja
16
17
18
Kester Carrara
21
22
23
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
para o comportamento) ou, finalmente, (3) movem-se num campo onde não
há fatos observáveis diretamente.
(Carrara, 1994, p. 43)
Skinner é recorrente, em toda a sua obra, na discussão de vários conceitos que segue
formulando, incluindo o de comportamento (1938, p. 6 e ss.). Isso se dá não somente
porque o escopo temático é complexo, mas porque a comunidade de analistas
se amplia e há uma crescente retroação discursivo-explicativa sobre os conceitos
emitidos por Skinner. Além disso, e sobretudo, porque ciência não consiste em
mero acúmulo indiscriminado de achados, mas em acúmulo que ora descarta, ora
incorpora novos princípios e resultados empíricos.
Assim, não há drástica ou grave incoerência, por exemplo, quando nosso autor
pontua inicialmente os conceitos de drive e força do reflexo e, mais tarde, praticamente
24
25
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Convicções irrenunciáveis
Está próximo do possível poder aquilatar com relativa segurança alguns
enunciados, princípios, pressupostos, talvez certos cânones da obra skinneriana.
Escolhemos dez, embora seja possível expandi-los para centenas ou reduzi-
los radicalmente a apenas um (por exemplo, a seleção pelas consequências), a
depender de nossas finalidades. Serão eles examinados (superficialmente) na
sequência. Para Skinner:
26
27
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
28
29
30
Referências
Carrara, K. (1992). Acesso a Skinner pela sua própria obra: publicações de 1930 a 1990.
Didática, 2 8 ,195-212.
Carrara, K. (1994). Implicações dos conceitos de teoria e pesquisa na Análise do
Comportamento. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 100), 41 -47.
Epstein, R. (1995). An updated bibliography of B. F. Skinner's works. In J. T. Todd & E.
K. Morris (Eds.), Modern perspectives on B. F. Skinner and contemporary behaviorism.
Westport: Greenwood Press.
Ferster, C. B.( & Skinner, B. F. (1957). Schedules of reinforcement. New York: Appleton-
Century-Crofts.
Keller, F. S., & Schoenfeld, W. N. (1950). Principles of psychology: A systematic text in the
science of behavior. New York: Appleton-Century-Crofts.
Skinner, B. F. (1935). Two types of conditioned reflex and a pseudo type. Journal of
General Psychology, 12,66-77.
Skinner, B. F. (1937). Two types of conditioned reflex: a reply to Konorski and Miller.
1 | O ESSENCIAL EM B. F. SKINNER (1904-1990)
31
32
2 I. M . .SECHENOV (1 8 2 9 -1 9 0 5 ) E OS
"REFLEXOS DO CÉREBRO"1
Isaias Pessotti
35
Locke, ao qual o seu trabalho se refere mais de uma vez, que Sechenov dá forma à sua
publicação de 1863: Os Reflexos do Cérebro (Sechenov, 1863/1960c).
Locke, já em 1690, no seu An Essay Concerning Eluman Understanding, havia
formulado o princípio das "associações" para explicar uma extrema variedade de
comportamentos nos quais, ainda que não expressa como princípio de aprendizagem,
encontra-se já a substituição dos estímulos como origem de gostos, desgostos, desejos
e outros aspectos constitutivos da assim dita "vida psíquica" (Locke, 1690/1948).
O primeiro título do trabalho de Sechenov, mais adaptado ao seu estilo de
pesquisa e de vida e substituído por exigência da censura governamental, era:
Uma Tentativa de Estabelecer as Bases Fisiológicas dos Processos Psíquicos. Esse título
mostra que Sechenov, longe da Rússia por vários anos e todo compenetrado nas
suas pesquisas, não tinha calculado quanto de provocação continha sua obra para a
2
36
igreja-estado russa de então, e quanto era difícil opor-se à doutrina oficial da época
que considerava a alma como princípio único para explicação da "vida psíquica".
Nessa época, o número de cientistas expulsos do país era considerável; as
agitações populares contra o estado czarista eram frequentes e o controle das
publicações tornou-se, como consequência, mais severo. Daí surgiu, para Sechenov,
uma notável dificuldade para divulgar as ideias que desejava "comunicar ao mundo".
A censura estatal, na verdade, impôs não somente que o título da publicação
fosse trocado, mas também que fosse impressa como parte de uma revista médica
especializada e, portanto, não acessível ao povo, em forma de livro barato, conforme
era intenção do autor.
O trabalho foi publicado em fascículos semanais na Meditzinsky Vestnik, com
o título Os Reflexos do Cérebro, no ano de 1863. Mais tarde, apareceu em um único
volume, em 1866, e se atinha na forma de exposição ao Discurso Sobre o Método, de
René Descartes (Frolov, 1937/1965). O trabalho versava sobre pesquisas e estudos
feitos por Sechenov já em 1860 e expostos na sua tese de doutoramento sobre a qual
comentou:
37
O conceito principal do livro de Sechenov era que a "vida psíquica"e a psiquê não
são independentes do corpo, mas somente uma função do sistema nervoso central,
principalmente do cérebro.
O plano geral do livro procurava demonstrar que a "vida psíquica" não era senão
um arco reflexo muito complexo, compreendendo estimulações, processos centrais
e efetuação de respostas.
Sechenov sustenta que todas as atividades (voluntárias ou não) dos organismos,
não são senão movimentos musculares de respostas, independentemente do
"conteúdo psíquico"que os acompanha. Assim, por exemplo,
38
sensações simples dão origem ao arco reflexo que corresponde aos atos psíquicos,
mas também associações de sensações produzidas por diversos receptores. Frolov
(1937/1965) afirma, referindo-se a esse ponto:
39
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
sua obra ainda contivesse, não quis descuidar das vantagens metodológicas que
implicava, como também as sugestivas possibilidades de controle experimental das
hipóteses propostas.
Deixemos o próprio Sechenov (1863/1960c) resumir os conceitos do seu trabalho:
Em todo caso, por ocasião do meu retomo de Paris a Petrogrado, estas ideias
tomaram forma nas seguintes proposições, em parte provadas e em parte
hipotéticas: em sua vida consciente ou inconsciente de todo o dia, o homem
jamais é livre das influências sensoriais devidas ao ambiente e levadas a ele
através dos seus órgãos sensoriais, e nem mesmo das sensações que partem do
seu próprio organismo (os seus próprios sentimentos); são estes os fatores que
mantêm íntegra a sua vida psíquica com todas as respectivas manifestações
motoras, pois a vida psíquica não é concebível quando os sentidos estão
40
perdidos (esta observação foi confirmada faz vinte anos, através da observação,
em casos muito raros, de pacientes que haviam perdido quase todos os seus
sentidos), (p. 580)
Nesse trecho de Sechenov está resumida a sua teoria relativa à primeira parte do
arco reflexo aplicado às atividades ditas psíquicas. O autor deixa entender claramente
que o primeiro elemento do reflexo não é necessariamente a sensação produzida por
estímulos externos; esses estímulos fazem disparar processos reflexos que terminam
em movimentos; mas também os desejos funcionam como excitantes internos com
respeito à vida psíquica.
Diz a propósito Sechenov (1863/1960c): "Assim como os movimentos do homem
são determinados pelas indicações dos órgãos sensoriais, também o modo de
comportar-se na sua vida psíquica é determinado por seus desejos e suas aspirações"
(p. 580); e "O início do reflexo é sempre causado por uma certa influência sensorial
externa; o mesmo se verifica, muitas vezes imperceptivelmente, em toda a nossa
vida psíquica (dado que na ausência das influências sensoriais a vida psíquica é
impossível)" (p. 580).
Quanto ao terceiro elemento do reflexo aplicado aos atos da vida psíquica, a
efetuação final, mais ou menos manifesta, Sechenov (1863/1960c) não é menos claro:
41
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
As emoções são, portanto, também elas, uma "categoria de reflexos". Era necessário
um perfeito conhecimento da fisiologia nervosa e uma boa dose de coragem para
publicar essas ideias na Rússia de 1863, controlada atentamente pela igreja-estado
czarista.
Como o primeiro título do trabalho, Uma Tentativa de Estabelecer as Bases
Fisiológicas dos Processos Psíquicos, devia ser substituído por imposição do
Departamento de Censura, Sechenov (1863/1960c) o trocou e declarou a respeito;
"Assim eu troquei o título para Os Reflexos do Cérebro. Fui acusado de ser um
involuntário propagador de imoralidade e de princípios de filosofia niilista"(p. 580).
E ainda:
Isto não é outra coisa senão a remanescência da posição assumida por outras
instituições empenhadas no controle dos homens, para as quais, determinadas
formas de conhecimento são um mal em si mesmas. (...) Chegamos assim tão
longe somente para concluir que pessoas bem intencionadas não podem
42
Não é, pois, de se estranhar que na Rússia czarista da segunda meta do século XIX,
as afirmações de Sechenov sobre o determinismo do comportamento provocassem
resistências.
Na sua autobiografia (1945/1952), Sechenov assim escreve:
Após ter publicado a sua obra na revista semanal Meditzinsky Vestnik, em 1863,
Sechenov foi denunciado perante o procurador local de censura. A denúncia, datada
de 9 de junho de 1866, julga Os Reflexos do Cérebro deste modo:
Esta teoria materialista reduz até o que há de melhor nos homens ao nível
de uma máquina privada de autoconsciência e de livre vontade e que age
automaticamente. Esta teoria elimina o bem e o mal, a responsabilidade
moral, o mérito das boas obras e a responsabilidade das más ações: arruina
profundamente os alicerces morais da sociedade e, com a sua ação, tende
a destruir a doutrina religiosa da existência ultraterrena; é uma teoria que
43
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
A luta travada por Sechenov não foi inútil e são numerosos os grandes nomes
da cultura e da ciência que reconheceram a grande influência recebida de sua obra.
Entre eles estão llya I. Mechnikov, KlimentTmiriatzev, Nicolai E. Wedensky, Aleksandr
F. Samoilov e, sobretudo, Ivã Petrovich Pavlov. Gellerstein (1960), numa nota de
comentários sobre Os Reflexos do Cérebro, diz que a sua publicação teve um efeito
formidável nos círculos progressistas da sociedade russa: "Tornou-se o manual das
pessoas jovens nos anos que seguiram a 1866 (...) e foi assunto de vivas discussões;
e enquanto conquistava muitos apreciadores, atraía a inimizade no ambiente dos
idealistas reacionários"(p.581).
É nesse campo que Pavlov, por sua vez, encontrará as maiores resistências. Para
esclarecer melhor o quanto a obra de Sechenov penetrou no campo da explicação
do comportamento voluntário, a partir do conceito de reflexo, examinemos ainda
alguns trechos de Os Reflexos do Cérebro:
O homem de elevados princípios (...) age como age somente porque é guiado
por nobres princípios por ele adquiridos no decurso da vida; acostumado a tais
princípios, ele não pode agir de outra maneira: a sua atividade é o resultado
inevitável de tais princípios. (Sechenov, 1863/1960c, p. 136)
2 | I. M .SECH EN O V (1829-1905 ) E OS “REFLEXOS D O CÉREBRO'
Esse exemplo poderia muito bem ser incluído em trabalhos de Skinner pós 1950
para ilustrar o conceito de"história de reforço", tão grande é a perspicácia de Sechenov.
A atitude antimetafísica de Sechenov representa o nascimento de um pensamento
materialístico na explicação do comportamento, que já então é considerado como
produto das experiências anteriores dos organismos ou, mais exatamente, de
processos de inter-relações entre as condições de vida impostas pelo ambiente
externo agindo sobre a estrutura do organismo.
A psicologia, para Sechenov, é a análise experimental de tais processos: mas
ele, como fisiologista, vê na fisiologia nervosa o caminho para a explicação do
comportamento, admitindo, contudo, que a origem primária de toda atividade,
"aberta" ou interna, traduzida ou não em ação muscular, é sempre a estimulação
externa ao organismo.
44
45
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Em outras palavras, esse trecho pode ser interpretado assim: dada uma certa
excitação, desenvolve-se no sistema nervoso central um processo de análise dessa
mesma estimulação, e uma simultânea combinação com as outras que chegam (ao
mesmo tempo) dos receptores periféricos ou internos; uma tal elaboração central da
excitação é grandemente influenciada pelos vestígios precedentemente fixados no
sistema nervoso central, de maneira que, das muitas respostas possíveis à estimulação
inicial, efetuar-se-á uma ou outra como efeito reflexo necessário desta complexa
elaboração central: a resposta é portanto inevitável.
Sechenov (1863/1960c) prossegue: "Se ao invés surge na vossa mente uma
imagem mais forte, mas menos emocional, que vos impele para a direção oposta (isto
é, para a não efetuação da resposta) o reflexo terá um completamento diferente no
vosso pensamento" (p. 136). Pode-se assim ver como aqui a ideia central é a natureza
reflexa das ações voluntárias: o curso do reflexo só teoricamente é múltiplo, em nível
central; se em tal nível intervém um processo emotivo, o curso da ação é determinado
por este último. Na prática,
(...) nós vemos que, na metade dos casos, não agimos segundo as nossas
intenções. Mesmo os que acreditam firmemente na voz da autoconsciência,
dizem nestes casos que se perdeu o controle das condições externas. Mas
segundo a nossa opinião, isto demonstra claramente que a causa inicial de
toda atividade humana reside fora do homem. (Sechenov, 1863/1960c, p.l 36)
I I. M. SECHENOV (1829-1905 ) E OS "REFLEXOS DO CÉREBRO"
É fácil perceber como essas ideias tiveram influência notável nos estudos de
Pavlov; com efeito, vemos nelas o impulso para uma profunda investigação das
atividades reflexas do córtex, a ênfase sobre a repetição como determinante das
respostas reflexas, a insistência sobre a ação dos estímulos também após o seu
desaparecimento físico, sobre o processo de inibição central das respostas reflexas
e sobre a existência de respostas resultantes do efeito combinado da excitação
simultânea de diversos receptores periféricos ou da associação entre estímulos
presentes e traços de estímulos precedentes.
O que acabamos de expor permite ver como Sechenov tinha desenvolvido já no
seu primeiro grande trabalho, Os Reflexos do Cérebro, as bases metodológicas para uma
análise experimental do comportamento, simples ou complexo, animal ou humano:
uma análise que tem o reflexo quer como instrumento operativo, quer como unidade
última da decomposição experimental.
2
46
47
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Qualquer pessoa sabe por experiência pessoal que (...) (na observação de um
objeto em movimento e de um objeto parado) os movimentos dos olhos e da
cabeça enviam diretamente à consciência informações sobre a posição de um
ponto observado em relação a outro ponto observado anteriormente, isto é,
indicam se ele está mais alto ou mais baixo, à direita ou à esquerda, mais longe
ou mais perto de quem observa. Por isso, devido aos movimentos dos olhos
e da cabeça, a imagem visual complexa é dividida em componentes que são
postos em relação por meio de relações espaciais; é o sentido muscular que
une todos os elementos num único grupo espacial. Os músculos dos olhos e da
cabeça que intervêm nos atos da visão desenvolvem o papel de goniómetros,
capazes de fornecer à consciência os diversos índices goniométricos com base
na localização de um dado ponto no espaço, ou — o que é a mesma coisa —
com base na direção e na extensão dos movimentos da cabeça e dos olhos
(...) fornecem também indicações sensoriais a respeito da velocidade dele.
(1894/1960e, p. 462)
Não é difícil reconhecer nesse trecho a síntese do que Frolov (1937/1965) define:
"A função da atividade associada dos órgãos sensoriais na formação dos supracitados
conceitos superiores de espaço e de tempo" (p. 13). É verdadeiramente excelente a
explicação da função proprioceptiva dos movimentos dos olhos e a subsequente
combinação, em nível central, das indicações goniométricas daqueles movimentos.
Em outras palavras, a organização perceptual das sensações múltiplas produzidas por
um objeto em movimento, ou por objetos complexos, é totalmente dependente das
sensações produzidas pelos movimentos supra-acenados, ou seja, pela intervenção
dos "órgãos do sentido muscular". Tais órgãos seriam chamados muito mais tarde de
48
49
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
importante, como fez notar Gellerstein (1960), pois "a teoria dos traços ou dos assim
chamados engramas era usada também pelos psicólogos idealistas, gue distinguem
os processos de traços das mudanças no substrato material que acompanham cada
sensação".
Sechenov (1863/1960c) tenta nesse campo apoiar-se nas evidências experimentais
disponíveis "sobre esta capacidade, existente na fisiologia dos nervos" (p. 99) e
descreve um exemplo expressivo do seu campo preferido, a percepção visual:
(...) qualquer estimulação do nervo óptico obtida pela luz, não importa de
qual duração, deixa sempre um vestígio bem pronunciado que persiste sob
forma de uma sensação real por um período mais ou menos longo, conforme
a duração e intensidade da estimulação efetiva, (p. 99)
50
51
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
52
Referências
Frolov, Y. R (1965). Introduzione o Povlov e Ia sua scuolo (G. Beretta, Trad.). Firenze:
Editrice Universitária. (Obra original publicada em 1937).
Gellerstein, S. (1960). Note to the edition. In G. Gibbons (Ed.). Selected physiological and
psychological works. Moscow: Foreign Languages Publishing House.
Keller, F. S., & Schoenfeld, W. N. (1950). Principles o f psychology: A systematic text in the
science of behavior. New York: Appleton-Century-Crofts.
Koshtoyants, K. (1960). Ivan Sechenov. In G. Gibbons (Ed.). Selected physiological and
psychological works. Moscow: Foreign Languages Publishing House. (Obra original
publicada em 1956).
Locke, J. (1948). An essay concerning human understanding. In W. Dennis (Ed.),
Readings in the history of psychology (pp. 55-68). New York: Appleton-Century-
Crofts.
Sechenov, I. M. (1952). Autobiographical notes. Washington: American Institute of
Biological Sciences. Moscow-Leningrad, U.R.S.S. Academy of Sciences. (Obra
original publicada em 1945).
Sechenov, I. M. (1960a). Data for the future physiology of alcoholic intoxication. In
G. Gibbons (Ed.). Selected physiological and psychological works. Moscow: Foreign
Languages Publishing House. (Obra original publicada em 1860).
Sechenov, I. M. (1960b). First class. Meditsinsky Vestnik, n. 26. In G. Gibbons (Ed.), /.
Sechenov, Selected physiological and psychological works. Moscow: Foreign
Languages Publishing House. (Obra original publicada em 1861). 2 I I. M. SECHENOV (1829-1905) E OS"REFLEXOS DO CÉREBRO"
53
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Skinner, B. F. (1956). Some issues concerning the control of human behavior. Science,
New Series, 724(3231), 1057-1066.
Skinner, B. F. (1961) Freedom and the control of men. In B. F. Skinner. Cumulative record
(2a. ed.,pp. 3-18). New York: Appleton-Century-Crofts. (Obra original publicada em
1955).
| I. M. SECHENOV (1829-1905 ) E OS"REFLEXOS D O CiiREBRO"
2
54
Diego Zilio
Não há, provavelmente, autor que tenha recebido mais reconhecimento por
parte de B. F Skinner do que Ivan Pavlov. Seu livro, Conditioned Reflexes, em conjunto
com Philosophy de Bertrand Russell e Behaviorism de John B. Watson, serviu de base
preparatória para a carreira em Psicologia que Skinner estava por iniciar em Harvard
57
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Provavelmente a lição mais importante que aprendi com ele [o livro Conditioned
Reflexes], sendo uma facilmente ignorada, foi o respeito pelo fato. Em 15 de
dezembro de 1911, exatamente à 1h55 da tarde, um cão secretou nove gotas
de saliva. Acatar esse fato com seriedade, e fazer com que os leitores também o
acatassem com seriedade, não foi realização pequena.Também foi importante
que se tratava de fato sobre um organismo único. A psicologia animal naquele
tempo estava primariamente preocupada com o comportamento do rato
normal [average rat]. As curvas de aprendizagem que apareciam em livros-
texto eram geradas por grandes grupos de organismos. Pavlov estava falando
do comportamento de um organismo por vez. Ele também enfatizou as
condições de controle. Seu laboratório à prova de som, cuja imagem aparece
no livro, impressionou-me significativamente, e o primeiro aparato que construí
consistiu em uma câmara à prova de som e uma caixa-de-saída silenciosa. (...) O
| I. P. PAVLOV (1849-1936): DO REFLEXO SALIVARÁS ATIVIDADES NERVOSAS SUPERIORES
58
59
(...) para fortalecer sua afirmação de que a psicologia era uma ciência, e para
preencher o seu livro-texto, [Watson] recorreu à anatomia e fisiologia, e
Pavlov tomou o mesmo caminho ao insistir que seus experimentos sobre o
comportamento eram na verdade "uma investigação da atividade fisiológica
do córtex cerebral", ainda que nenhum deles pudesse apontar para qualquer
3
60
Que atitude deve o fisiologista adotar? Talvez ele deva antes de tudo estudar
os métodos dessa ciência da psicologia e, só depois, esperar estudar os
mecanismos fisiológicos dos hemisférios? Isso envolve uma dificuldade séria.
É lógico que, em suas análises das várias atividades da matéria viva, a fisiologia
deva basear-se nas ciências mais avançadas e exatas - Física e Química. No
1 Nota-se aqui que Skinner também dialoga com Watson e este é também alvo da mesma crítica
dirigida a Pavlov: recorrer à fisiologia, mesmo que conceituai, para validar cientificamente a psicologia
(Zilio, 2016).
3
61
O primeiro ponto a ser ressaltado nessa passagem diz respeito a qual "Psicologia"
Pavlov se opunha. O autor cita James e Wundt como autores da Psicologia que,
mesmo sendo da área, não a classificavam necessariamente como "ciência". Dessa
forma, Pavlov não negava necessariamente a possibilidade de uma ciência do
comportamento autônoma, tal como a desenvolvida posteriormente nos moldes
behavioristas por Skinner. Pavlov era crítico da Psicologia de sua época - introspectiva
e mentalista (García-Hoz, 2004). Diz o autor (1909/1955c) sobre a psicologia do
mundo "interno": "A psicologia como o conhecimento do mundo interno ainda está
em busca de seus próprios métodos reais" (p. 208).
Precisamente, Pavlov era contra qualquer tipo de explicação que apelasse para
eventos mentais, sobrenaturais ou místicos, e que fossem impassíveis de verificação
experimental (Boakes, 1984; Fearing, 1930; Konorski, 1970; Pessotti, 1976, 1979).
Pavlov era, acima de tudo, um monista materialista (Windholz, 1997) e estendeu essa
perspectiva filosófica ao estudo da salivação "psíquica". Fearing (1930) situa Pavlov no
contexto da fisiologia mecanicista, ao lado de Jacques Loeb,Theodor Beer, Albrecht
Bethe e Jakob J. von Uexküll. O mecanicismo de Pavlov é evidente em sua obra, como
é possível notar nesta passagem:
3
62
O homem é uma máquina e, como qualquer outra máquina, está fadado a curvar-
se às leis da natureza. Não há espaço para qualquer tipo de explicação não natural
do comportamento do homem-máquina. Além disso, não há motivos para crer que
o método de estudo dessa máquina deva ser diferente do método de estudo de
qualquer outra:"(...) decomposição em partes, estudo do significado de cada parte,
da conexão entre as partes, das relações com o ambiente e, finalmente, a partir disso,
a interpretação de suas atividades gerais e administrativas, se isso estiver dentro das
capacidades do homem"(Pavlov, 1932, pp. 127).
É correto supor que o posicionamento de Pavlov acerca da Psicologia de sua época,
e o ponto de vista monista materialista inerente à sua abordagem metodológica
mecanicista, seriam compatíveis com o movimento behaviorista norte-americano.
Ora, tal movimento foi uma reação às psicologias da "consciência" - estruturalistas e
63
(...) tal fenômeno [o reflexo condicional] há muito tem sido observado por
numerosos pesquisadores (...), mas por uma razão ou outra eles pararam
o estudo em seu início e não utilizaram o conhecimento desse fenômeno
para o propósito de elaborar um método fundamental de estudo fisiológico
sistemático das atividades superiores no organismo animal, (p. 247)
Assim, a crítica de Skinner sobre a prática científica de Pavlov não deve ser aceita
sem uma análise cuidadosa. A questão não é tão simples. Não podemos assumir que
Pavlov recorreu à fisiologia e, por extensão, ao sistema nervoso conceituai, como forma
de validação da sua teoria. Essa crítica de Skinner faz sentido se direcionada às teorias
mentalistas, que assumem a existência de algo (a "mente", "cognição", "consciência"),
estudam esse algo a partir de métodos próprios (e.g., introspecção), mas também
supõem que esse algo é um produto do "cérebro". Pavlov, por outro lado, está mais
próximo de uma visão eliminativista, de acordo com a qual não existe a "mente"como
algo distinto da substância física. O homem é uma máquina fisiológica que, enquanto
tal, deve ser estudado pelos métodos da fisiologia. Resta-nos, então, analisar por que
Pavlov parecia não concordar com o estudo do reflexo como um fim em si mesmo,
isto é, com a possibilidade de uma ciência do comportamento autônoma.
3
64
A resposta mais simples e talvez verdadeira para essa questão é fornecida por
Konorski (1970): "Pavlov foi um biólogo e um fisiologista e não tinha nenhuma
ligação com a psicologia" (p. 244). O contato acadêmico de Pavlov com a fisiologia
teve início na Academia Médico-Cirúrgica (renomeada, posteriormente, de "Militar-
Médica") da Universidade de São Petersburgo, na qual se graduou em 1879 e, logo
em seguida, iniciou seus estudos de pós-graduação entre os anos de 1880 e 1884
(Babkin, 1949). Sua tese de doutorado foi sobre o sistema cardiovascular, tema que
seria o foco de suas pesquisas por mais de dez anos (Babkin, 1949). Mas foram seus
trabalhos sobre o sistema digestivo que lhe renderam reconhecimento no campo
da fisiologia, inclusive com o seu prêmio máximo, o Nobel de Fisiologia ou Medicina,
com o qual Pavlov foi agraciado em 1904 (Babkin, 1949). Em poucas palavras, Pavlov
era fisiologista de formação e, por isso, estava distante do contexto da Psicologia. Essa
formação em fisiologia é essencial para entendermos a sua proposta de estudo do
reflexo condicional em termos fisiológicos.
Nesse contexto, Pessotti (1976) apresenta algumas condições essenciais para
entendermos a estratégia de Pavlov no estudo do reflexo quando ele se deparou
com o fenômeno da salivação "psíquica" que deturpava seus experimentos sobre
65
2 Uma exceção é Malone (1991), que faz uma análise da teoria neurológica de Pavlov.
3
66
Pavlov (1909/1955c) também afirma que"(...) a vida como um todo, dos organismos
mais simples aos mais complexos, incluindo, obviamente, o homem, é uma longa
série de equilibrações com o ambiente" (p. 218). Para Pavlov, o homem é uma
máquina, um sistema que interage com o ambiente, e essa interação acaba por afetar
o seu estado de equilíbrio. 0"equilíbrio"descrito por Pavlov pode ser associado à ideia
de milieu intérieur proposta por Claude Bernard que, por sua vez, foi desenvolvida
por Walter Cannon sob o nome de"homeostase"(Babkin, 1949). A impossibilidade de
manutenção do estado de equilíbrio de um organismo resulta em sua deterioração.
O organismo vive em constante adaptação às mudanças ocorridas no ambiente ao
67
Nosso ponto de partida tem sido a ideia de Descartes de reflexo nervoso. Essa
é uma concepção científica genuína, pois implica necessidade. Ela pode ser
resumida da seguinte maneira: um estímulo interno ou externo atinge algum
| I. P. PAVLOV (1849-1 936): DO REFLEXO SALIVAR À5 ATIVIDADES NERVOSAS SUPERIORES
68
69
próximo passo seria a construção de novos caminhos neurais até a glândula salivar
para que os estímulos fossem, então, capazes de eliciar respostas condicionais de
salivação. A questão central, nesse ponto, se torna a seguinte: como as conexões são
construídas? Deixemos Pavlov (1917/1955e) responder:
70
71
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
correspondente à sua recepção, mas essa excitação logo se dispersa ou, nos termos
de Pavlov, "irradia" pela massa cortical, já que não haveria caminhos neurais a
serem percorridos entre a estimulação e as respostas reflexas. Dessa forma, não há
manifestação de resposta reflexa associada ao estímulo neutro. Porém, quando há a
ocorrência pareada do estímulo incondicional, um forte foco de excitação no centro
cortical correspondente à sua recepção é gerado. Esse foco de excitação acaba por
atrair os impulsos neurais correspondentes à excitação gerada pelo estímulo neutro,
que, então, ao invés de dispersarem, concentram-se em direção ao caminho neural
que, por fim, resultará na resposta reflexa. A cada passo em que esse processo se
repete, a excitação gerada pelo estímulo se torna cada vez mais concentrada em um
centro específico e o caminho entre estímulo neutro e resposta reflexa incondicional
se fortalece. Ao final, um novo caminho é construído e o estímulo e a resposta deixam
de ser, respectivamente, neutro e incondicional, tornando-se, enfim, condicionais. No
processo de formação do reflexo condicional, diz Pavlov (1932),"(...) a passagem de
uma onda de excitação da célula cortical correspondente ao centro de concentração
do estímulo incondicional é exatamente a condição fundamental que firma o padrão
de um ponto ao outro"(p. 93).
| I. P. PAVLOV (1849-1936): DO REFLEXO SALIVAR ÀS ATIVIDADES NERVOSAS SUPERIORES
(...) já que o centro dos reflexos condicionais está localizado na parte superior do
sistema nervoso, onde a colisão de inumeráveis influências do mundo externo
está sempre ocorrendo, é compreensível que uma luta interminável entre os
vários reflexos condicionais ocorra, ou a seleção deles a qualquer momento.
Consequentemente - casos constantes de inibição desses reflexos, (p. 213)
3
72
3 Pavlov (1927/1960) utiliza o termo "reforço" para indicar os estímulos incondicionais que, no caso,
reforçariam os caminhos neurais entre estímulos e respostas.
3
73
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
74
75
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
76
Considerações finais
Pavlov iniciou suas pesquisas fisiológicas tendo como objetos de estudo o coração
e, principalmente, o sistema digestivo. Durante a sua trajetória, o autor se deparou
com o fenômeno da salivação "psíquica"e passou a estudá-lo. Pavlov queria, em certa
medida, dar continuidade às ideias de Sechenov: desenvolver uma teoria materialista
do sistema nervoso superior e, consequentemente, dos processos ditos "mentais",
baseada na concepção de reflexo. Mas, ao contrário de Sechenov, Pavlov possuía
o programa de pesquisa que o levaria a essa teoria, o da investigação dos reflexos
condicionais. A partir desse programa, o autor desenvolveu a sua teoria neurológica.
O sistema nervoso superior possuiria mecanismos analisadores e conectores,
não sendo apenas uma via condutora de impulsos neurais. Suas atividades seriam
excitatórias e inibitórias, e a propagação dos impulsos neurais seguiria a dinâmica
da irradiação e concentração. Pavlov, até mesmo, propôs uma tipologia neurológica
a partir de sua teoria; tipologia que servia de explicação para as diferenças de
temperamento (ou "personalidade") dos sujeitos. E mais, o autor teorizou que o
desequilíbrio entre os aspectos da atividade neurológica que serviu de base para
as categorias classificatórias de sua tipologia seria a principal causa das patologias
77
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
78
Referências
Babkin, B. P. (1949). Pavlov: a biography. Chicago: The University of Chicago Press.
Boakes, R. A. (1984). From Darwin to behaviourism: psychology and the minds of
animals. London: Cambridge University Press.
Boakes, R. A. (2003). The impact of Pavlov on the psychology of learning in English-
speaking countries. The Spanish Journal of Psychology 6(2), 93-98.
Boring, E. G. (1950). A history of experimental psychology (2a. ed.). New York: Appleton-
Century-Crofts. (Obra original publicada em 1929).
Brozek, J., & McPherson, M. W. (1973). Pavloviana in the USA: arquives of the history of
American psychology, University of Akron. Conditional Reflex, 8(4), 236-244.
Catania, A. C, & Laties, V. G. (1999). Pavlov and Skinner: two lives in science (An
introduction to B. F. Skinner's "Some responses to the stimulus'Pavlov'"). Journal of
the Experimental Analysis of Behavior, 72(3), 455-461.
Dews, P. B. (1981). Pavlov and psychiatry. Journal of the History of Behavioral Sciences,
77,246-250.
Fearing, F. (1930). Reflex action: a study in the history of physiological psychology.
Baltimore: The Williams &Wilkins Company.
79
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Pavlov, I, P. (1955e). Physiology and psychology in the study of the higher nervous
activity of animals. In J. Gibbons (Ed.), /. P. Pavlov: selected works (S. Belsky, Trad., pp.
391-408). Moscow: Foreign Languages Publishing House. (Obra original de 1917).
Pavlov, I, P. (1955f). Physiology of the higher nervous activity. In J. Gibbons (Ed.), I. P.
Pavlov: selected works (S. Belsky, Trad., pp. 271-286). Moscow: Foreign Languages
Publishing House. (Obra original de 1932).
Pavlov, I, P. (1955g).The conditioned reflex. In J. Gibbons (Ed.), I. P. Pavlov:selected works
(S. Belsky, Trad., pp. 245-270). Moscow: Foreign Languages Publishing House.
(Obra original de 1934).
Pavlov, I, P. (1955h). Types of higher nervous activity, their relationship to neuroses and
psychoses and the physiological mechanism of neurotic and psychotic symptons.
In J. Gibbons (Ed.), I. P. Pavlov:selected works (S. Belsky,Trad., pp. 481-486). Moscow:
Foreign Languages Publishing House. (Obra original de 1938).
Pavlov, I. P. (1960). Conditioned reflexes: an investigation of the physiological activity of
the cerebral cortex (G. V. Anrep,Trad.). New York: Dover Publications. (Obra original
de 1927).
Pessotti, I. (1976). Pré-história do condicionamento. São Paulo: Hucitec-Edusp.
Pessotti, I. (1979). Introdução. In I. Pessotti (Org.), Pavlov (pp. 7-33). São Paulo: Ática.
3
80
Ruiz, G., Sanchez, N., & De la Casa, L. G. (2003). Pavlov in America: a heterodox approach
to the study of his influence. The Spanish Journal of Psychology, 6(2), 99-111.
Sechenov, I. M. (1965). Reflexes of the brain: an attempt to establish the physiological
basis of psychological process (S. Belsky, Trad.). Cambridge: The MIT Press. (Obra
original publicada em 1863).
Shepherd, G. M. (1991). Foundations of the neuron doctrine. New York: Oxford University
Press.
Shepherd, G. M. (2010). Creating modern neuroscience: the revolutionary 1950s. New
York: Oxford University Press.
Sidman, M. (1960). Tactics of scientific research: evaluating experimental data in
psychology. Boston: Authors Cooperative, Inc., Publishers.
Skinner, B. F. (1956). A case history in scientific method. The American Psychologist,
77(5), 221-233.
Skinner, B. F. (1957). Verbal Behavior. New York: Appleton-Century-Crofts.
Skinner, B. F. (1961).The concept of reflex in the description of behavior. In B. F. Skinner.
Cumulative Record: A Selection of Papers (2a ed., pp. 319-346). New York: Appleton-
Century-Crofts. (Obra original publicada em 1931).
81
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
82
4 J. LOEB (1859-1924): O
COMPORTAMENTO DOS ORGANISMOS
NA PRÉ-HISTÓRIA DO BEHAVIORISMO
Alexandre Dittrich
Breve biografia
Loeb nasceu em 7 de abril de 1859 na pequena cidade alemã de Mayen.
Primogênito de uma família judaica, perdeu os pais bastante cedo - tinha 13 anos
quando sua mãe, Barbara, faleceu em decorrência de uma pneumonia, e 16 quando
seu pai, Benedict, sucumbiu à tuberculose. Após a morte do pai, começou a trabalhar
em um banco de propriedade de um tio em Berlim, a fim de garantir seu sustento.
Nascido Isaak, "secularizou" seu nome aos 20 anos, abandonando publicamente a
herança judaica. No mesmo período, entrou para a Universidade de Berlim, na qual
se formou em Medicina, dedicando-se especialmente aos estudos sobre a fisiologia
cerebral (Pauly, 1987). A formação científica de Loeb se deu em um momento de
efervescência das ciências fisiológicas na Europa, particularmente na Alemanha.
Sob a influência de lideranças científicas como Claude Bernard e Johannes Müller,
85
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
86
Por esse critério, para Loeb, "psico-análise" e "teorias da evolução" por exemplo,
não poderiam ser consideradas "acréscimos ao nosso conhecimento" (Rasmussen
& Tilman, 1998, p. 30). A desconfiança em relação aos métodos não experimentais
levou Loeb (1916) a apresentar reservas, inclusive, em relação à teoria darwiniana
da evolução das espécies: "Não podemos considerar provada qualquer teoria da
evolução a não ser que nos permita transformar como desejarmos uma espécie em
outra, e isso ainda não foi feito" (p. 6). Essa passagem aponta para outra característica
importante da concepção de Loeb sobre o método experimental: compreender
87
um processo natural via experimentação significa adquirir controle sobre ele. Esse
foi um aspecto marcante da postura de Loeb: para ele, a Biologia deveria ser uma
ciência que permitisse a manipulação dos fenômenos naturais - uma posição que se
opunha à tradição da Biologia europeia, mais voltada para a descrição e classificação
de tais fenômenos. Enquanto experimentador, Loeb (1903) via a si mesmo como um
engenheiro, cujo objetivo era controlar os processos que estudava: "Não podemos
permitir qualquer barreira no caminho de nosso completo controle, e portanto
compreensão dos fenômenos da vida. (...) O controle dos fenômenos naturais
[constitui] o problema essencial da pesquisa científica" (p. 25). Conforme aponta
Pauly (1987), "o programa de Loeb não era ciência aplicada. Era um redirecionamento
da própria investigação biológica para o que Loeb concebia como a atividade do
engenheiro" (p. 51). A ciência, para Loeb, era tecnologia. Em carta enviada para Ernst
Mach em 1890, Loeb expressa seu ideal científico de forma arrojada:
| J. LOEB (1859-1924): O COM PORTAMENTO DOS ORGANISM OS NA PRÉ-HISTÓRIA DO BEHAVIORISMO
Paira agora diante de mim a ideia de que o próprio homem pode agir como
um criador até mesmo na natureza viva, formando-a por fim de acordo com
sua própria vontade. O homem pode ao menos ser bem sucedido em uma
tecnologia da substância viva {einerTechnikder lebenden Wesen).
(Pauly, 1987, p. 51)
Onde quer que eu tenha até agora investigado a causa de tais movimentos
"voluntários''ou"instintivos"em animais eu descobri, sem exceção, circunstâncias
em ação, assim como são conhecidas na natureza inanimada, determinando os
movimentos. Com a ajuda de tais causas é possível controlar os movimentos
"voluntários" de um animal vivo tão seguramente e inequivocamente quanto
O propósito maior de Loeb no controle dos processos vitais era a própria criação
da vida por meios experimentais. Era preciso "determinar se podemos ou não produzir
matéria viva artificialmente" (Pauly, 1987, p. 92).
Experimentador com postura de engenheiro, sempre buscando controlar os
processos que estudava, Loeb também via nos resultados de seus experimentos a
comprovação de sua posição mecanicista em relação aos fenômenos naturais. O
problema da "vontade livre"tinha uma solução científica, que consistia em "encontrar
as forças que determinam os movimentos dos animais, e descobrir as leis de acordo
com as quais essas forças agem" (Loeb, 1912, p. 36). Para Loeb (1906), "organismos
vivos podem ser chamados de máquinas químicas" (p. 1). As explicações para todos
os fenômenos naturais deveriam ser mecânicas, e restritas a processos materiais. Em
carta ao físico sueco Svante Arrhenius, datada de 1917, Loeb afirma que "todos os
fenômenos da vida são determinados por leis rígidas, e (...) tais leis podem ter uma
expressão matemática" (Rasmussen &Tilman, 1998, p. 37). Loeb combatia qualquer
sugestão de que fosse necessário invocar processos "metafísicos" ou "místicos" para
explicar os fenômenos naturais. Osterhout (1930), amigo e colega de trabalho de
Loeb, observou que ele tinha "fé" e "convicção" na explicação estritamente mecânica
4
89
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
de qualquer processo natural, uma "causa para a qual consagrou sua vida" e que
"chegou quase a um dogma"(p. 365).
No livro The Orgonism as a Whole: From a Physicochemical Viewpoint (1916),
Loeb aponta que, embora a explicação puramente físico-química de processos
biológicos individuais (metabolismo, digestão, contração muscular) já fosse
comumente aceita por fisiólogos, a situação era diferente no que concernia às
"ações do organismo como um todo". Muitos fisiólogos (Loeb menciona Bernard,
Hans Driesch e, especialmente, Jakob von Uexküll) ainda achavam necessário
explicar tais ações como "a expressão de agentes não físicos" (pp. 1-2). O livro foi
escrito em contraposição a esses autores, aos quais Loeb chamava de "vitalistas"2.
Tais autores argumentavam que processos aparentemente teleológicos (por
exemplo, a transformação de um ovo em um animal, a regeneração dos
organismos, diversas ações instintivas, a origem da vida e a ocorrência da
morte) de fato eram orientados para certas finalidades, e não poderiam ser
4 | J. LOEB (1859-1924): O COM PORTAMENTO DOS ORGANISMOS NA PRÉ-HISTÓRIA DO BEHAVIORISMO
2 Rasmussen eTilman (1998) apontam o filósofo francês Henri Bergson, muito famoso à época e"o
principal expoente europeu do vitalismo", como o acadêmico a quem Loeb se opunha de forma mais
veemente: "Loeb via Bergson como um místico e, pior, um charlatão"(p. 25).
90
91
92
uma rosa podem invocar a memória de pessoas ou situações que estavam presentes
em uma ocasião anterior quando a imagem ou o odor da rosa nos afetou" (p. 165).
Desvendar os mecanismos físico-químicos da memória associativa é, portanto, a
principal tarefa da fisiologia cerebral e da psicologia - um problema cuja solução,
Loeb ressalta (1900), "provavelmente será encontrada no campo da físico-química"
(p. 214)3.
Loeb descreve os experimentos de Pavlov sobre reflexos condicionados (1918, cap.
19), e afirma que o método utilizado é o único até então que "satisfaz as demandas
da ciência quantitativa" para estudar os efeitos das "associações de memória" (p.
165). Ele utiliza o termo "imagem de memória" para designar estímulos internos que
supostamente direcionariam o comportamento dos organismos capazes de realizar
tais associações - mas faz questão de ressaltar que a "influência de uma memória
associativa" é mensurável, e que "o que chamamos de uma imagem de memória não
é um agente 'espiritual', mas físico" (p. 167). Por exemplo: uma vespa cava um buraco
Não basta dizer que o animal possui memória associativa e retorna ao buraco;
devemos acrescentar que a imagem cerebral4 da região do buraco torna-
se a fonte de uma orientação forçada do animal - de um tropismo especial
93
materiais nutritivos para a prole que em breve nascerá, e nesse caso o quimiotropismo
que explica tal comportamento substitui "o aspecto místico do cuidado instintivo dos
insetos pelas futuras gerações" (1918, p. 160).
É possível encontrar na obra de Loeb vários outros exemplos de sua objeção a
explicações de fenômenos fisiológicos e comportamentais em termos de entidades
internas inferidas. À sua própria maneira, Loeb combatia o que um behaviorista
contemporâneo chamaria genericamente de "mentalismo" na explicação de tais
fenômenos. Para Loeb (1916), seria "tanto injustificado quanto desnecessário" tentar
explicar os tropismos como produtos de emoções ou sentimentos hipotéticos (pp.
284-285). Por exemplo, Loeb era um especialista no estudo do fototropismo5, que
ocorre em várias plantas e insetos. O fototropismo, argumenta Loeb (1916), pode ser
compreendido em termos puramente físico-químicos: ele seria, "em última análise, a
expressão da lei Bunsen-Roscoe de reações químicas"6. No entanto, como apontou
Loeb,"a'atração'ou'repulsão'deanimais pela luztem sido explicada pelos biólogos de
5 Embora o termo genérico "fototropismo" já fosse comum na literatura da época, Loeb preferia o
Termo "heliotropismo" para designar o movimento de organismos em direção a qualquer fonte de
luz. Contemporaneamente, costuma-se reservar o termo "heliotropismo" para os movimentos de
organismos orientados em relação ao sol. Os tropismos podem ser positivos (o organismo se move em
direção ao estímulo) ou negativos (o organismo se move em direção contrária ao estímulo).
6 Lei proposta por dois químicos, o alemão Robert Bunsen e o inglês Henry Roscoe, segundo a qual "a
reação de qualquer pigmento sensível à luz, incluindo um pigmento visual na retina do olho, é uma
função multiplicativa da intensidade da exposição à luz e sua duração"(Colman, 2009, p. 107).
94
jma maneira antropomórfica, ao atribuir-se aos animais uma 'afeição' [fondness] por
:uz ou por escuridão" (p. 256). Loeb (1912) comenta que alguns cientistas no campo
da botânica buscam explicar reações tropísticas em plantas por meio de analogias
com o comportamento de animais, afirmando que elas possuiriam "órgãos dos
sentidos" ["sense-organs"], ou mesmo uma "alma" ou "inteligência" - quando deveriam
derivar tal explicação "tão diretamente quanto possível da lei de ação das massas ou
da lei de Bunsen e Roscoe"(p. 58). Para Loeb (1900), as"concepções metafísicas"(alma,
vontade, consciência), dificultam a tarefa de compreensão de fenômenos biológicos,
e deveriam ser substituídas por "processos fisiológicos reais" (p. V).
A possibilidade de estender a teoria dos tropismos para explicar comportamentos
humanos permitiria também compreender por que humanos e animais superiores
"parecem possuir liberdade de vontade":
Essa doutrina, de acordo com Loeb (1918), não é sustentada por físicos, mas por
"verbalistas" (p. 171). Tanto as ações ditas instintivas quanto aquelas ditas livres são
determinadas; a diferença é que, no primeiro caso, podemos identificar claramente
as fontes do controle, o que não ocorre no segundo: "A palavra 'vontade animal'
[ianimal wilí] era apenas a expressão de nossa ignorância sobre as forças que
prescrevem aos animais a direção de seus movimentos aparentemente espontâneos
tão inequivocamente quanto a gravidade prescreve os movimentos dos planetas"
(Loeb, 1912, p. 36). Concebemos que os humanos têm livre-arbítrio, porque nosso
conhecimento das forças que determinam o comportamento é incompleto, e isso se
deve "puramente ao infinito número de possíveis combinações e inibições mútuas do
efeito orientador de imagens de memória individuais" (1918, p. 172).
A despeito da complexidade dos processos envolvidos, porém, o problema da
"vontade livre" é suscetível ao tratamento experimental. É preciso identificar as
variáveis que determinam o comportamento, manipulá-las e, assim, demonstrar
7 É digno de nota que Loeb tenha eximido o conceito de imagem de memória de sua própria crítica
contra as explicações baseadas em eventos mentais hipotéticos.
95
controle sobre ele. Ao argumentar nessa direção, Loeb expõe sua postura determinista
de forma austera e exigente:
96
97
para defender "dogmas" e "opiniões". Desde Galileo Galilei, contudo, a ciência teria
se livrado desse "estéril método escolástico": "O objetivo da biologia moderna não
é mais discutir palavras, mas controlar os fenômenos da vida"(p. 287). Loeb acusava
"teólogos, filósofos e o resto dos escritores não-científicos"de dificultar para o público
comum a distinção entre verbalismo especulativo e fatos experimentais - ou entre
"certeza e mero discurso vago"(Rasmussen &Tilman, 1998, p. 29). Ao contrário do que
ocorreria em "algumas ciências mentais", nas quais "tudo se apoia na argumentação
ou na retórica", e em "ciências descritivas como paleontologia e zoologia", nas quais
as teorias se sucedem uma após a outra, a Biologia contemporânea seria uma ciência
"fundamentalmente experimental" e não "descritiva" ou "retórica", produzindo assim
verdades mais sólidas (Loeb, 1912, pp. 3-4). A ciência, para Loeb (1916),"não é o campo
das definições, mas de previsão e controle"(p. 349). Em suma, como aponta Pauly,"ele
buscou uma abordagem da ciência que o libertasse da complexidade de argumentar
sobre problemas que pareciam sem solução. Sua identificação com o engenheiro o
permitiu ignorar o processo de debate teórico que parecia a ele sem sentido"(p. 53).
Embora seja possível identificar com razoável clareza as posições epistemológicas
de Loeb, ele frequentemente negava que seu trabalho tivesse qualquer relação
com a Filosofia. Em certa ocasião, Loeb leu o rascunho de um texto biográfico a seu
respeito, que afirmava que alguns de seus escritos tratavam de problemas filosóficos
e psicológicos. Em uma carta datada de 1922, ele objetou fortemente contra
essa caracterização, alegando que suas contribuições consistiam "puramente em
4
98
99
100
Eu quis tomar a vida em minhas mãos e jogar [play] com ela (...). Eu quis
Ainda hoje tais palavras soam fortes e ousadas. No início do século 20, o impacto
conjunto das descobertas e das declarações de Loeb sobre a opinião pública foi
extraordinário. Em tom dramático, Loeb foi comparado a Fausto e a Frankenstein
(Pauly, 1987), e acusado de "transgredir os limites da ciência (...). Bebês sem pais
violavam a lei natural, o plano divino havia sido rompido, e Loeb foi acusado de
propor a'hipótese ateista'de que a vida teve uma origem físico-química"(Weissmann,
2006, p. 1032).
101
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Loeb e Watson
Loeb foi professor de fisiologia e biologia experimental na Universidade de
Chicago durante dez anos, entre 1892 e 1902. O jovem Watson ingressou como
aluno na mesma universidade em 1900, aos 22 anos, e ficou impressionado com as
aulas e experimentos de Loeb. À época, Loeb estava interessado na aprendizagem
por "memória associativa", e realizava experimentos com cães. Watson chegou a
considerar a possibilidade de realizar sua dissertação para a obtenção do título de
Ph.D. sob orientação de Loeb, mas foi dissuadido pelo psicólogo James Angell e pelo
neurologista Henry Donaldson, que acabaram por orientá-lo conjuntamente. Watson
4 | J. LOEB (1859-1924): O COMPORTAMENTO DOS ORGANISMOS NA PRÉ-HISTÓRIA DO BEHAVIORISMO
(1936) relatou que Angell e Donaldson não achavam que Loeb fosse "um homem
muito'seguro'para um candidato novato ao Ph.D."(p. 273).
De acordo com Buckley (1989), Watson "sentiu que sua ideia do reflexo e a
noção de Loeb do tropismo eram conceitos similares" (p. 203). Watson certamente
conferiu à interação dos organismos com o ambiente uma importância muito
maior do que aquela concedida por Loeb, e viria mesmo a rejeitar o conceito de
instinto (Watson, 1925). Contudo, cabe notar que os instintos assumem um papel
proeminente no primeiro livro de Watson (1914), e são tratados como "uma série de
reflexos concatenados" (p. 106), lembrando a definição de Loeb para os tropismos
como conjuntos coordenados de reflexos. A concepção de Loeb de que o controle
dos processos naturais sob estudo deveria ser o objetivo final da pesquisa foi
completamente absorvida por Watson (Buckley, 1989, p. 41), e a proposição do
behaviorismo como um "ramo puramente objetivo e experimental da ciência
natural", rejeitando a "interpretação em termos de consciência" e a noção de uma
"linha divisória entre homens e animais"(Watson, 1913/1995, p. 24) certamente deve
muito a Loeb.
102
8 Hackenberg (1996) aponta, contudo, que "chamar-se um mecanicista nos tempos de Loeb era
chamar-se um cientista. (...) O termo mecanicista nos tempos de Loeb era honorífico, não o termo tão
vilipendiado que se tornou em alguns círculos atuais” (p. 300).
103
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
por exemplo, afirma que "sem dúvida o sucesso de Loeb em escrever sobre ciência na
imprensa popular inspirou os posteriores esforços similares de Watson"(p. 41).
Loeb e Skinner
Skinner reconheceu em diversas ocasiões a importância de Loeb no
desenvolvimento de seu repertório científico, citando-o extensivamente em sua
autobiografia. Durante seus estudos no Hamilton College, Skinner, por recomendação
de seu professor de Biologia, leu duas obras de Loeb: ComparativePhysiologyoftheBrain
and Comparative Psychologyi 1900) e The Organism as a Whole: From a Physicochemical
Viewpoint (1916). Além disso, Skinner foi aluno e amigo de W. J. Crozier em Harvard
- este, por sua vez, tendo sido influenciado por Loeb, cuja concepção de ciência
defendeu dedicadamente9
Embora a leitura dos livros de Loeb o tenha deixado, de início, "impressionado
pelo conceito de tropismo10" (Skinner, 1976/1984, p. 295), Skinner logo viria a notar
| J. LOEB (1859-1924): O COMPORTAMENTO DOS ORGANISMOS NA PRÉ-HISTÓRIA DO BEHAVIORISMO
9 A afirmação genérica de que Crozier foi "estudante"ou "discípulo” de Loeb é frequente na literatura.
Contudo, conforme aponta Morris (2016),"Crozier não foi literalmente estudante de Loeb, mas ele foi
estudante de Loeb figurativamente". Embora Crozier tenha sido significativamente influenciado por
seu trabalho, não há evidências de que tenha sido formalmente ensinado ou orientado por Loeb.
Morris atribui o problema a uma reprodução de afirmações equivocadas inicialmente feitas por Skinner
- especialmente sua asserção de que Crozier "estudou sob Loeb [hadstudied under Loeb]" (Skinner,
1956/1972, p. 103).
10 Vale lembrar que a primeira publicação de Skinner (Barnes & Skinner, 1930) relatou experimentos com
geotropismo em formigas, realizados no laboratório de Crozier.
4
104
105
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
11 Essa identificação não parece tão simples em relação à outra proposta de Mach adotada por
Skinner: a substituição da noção de causa pela de relações funcionais entre classes de eventos, e a
identificação da explicação científica com a descrição de tais relações. Como aponta Blackmore (1972),
embora o próprio Loeb tenha afirmado que "toda 'explicação'consiste somente na apresentação de
um fenômeno como uma função inequívoca das variáveis pelas quais é determinado", vários outros
trechos de sua obra tornam sua posição "inconsistente" em relação esse tema (p. 131).
12 Moxley (1992) nota, porém, que Loeb discordava da oposição de Mach sobre o mecanicismo, e que
embora Skinner credite ambos como influências, ele não parecia estar ciente do "conflito fundamental"
(p. 1302) entre o mecanicismo de Loeb e o funcionalismo de Mach.
4
106
107
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
explicações baseadas nos modos causais da Mecânica Clássica"(p. 129). Moxley (1996)
sustenta, além disso, que embora Skinner tenha "feito afirmações que sugerem que
ele aceitou o determinismo científico ou mecanicista como central e fundamental,
este determinismo se tornou progressivamente periférico, mesmo não tendo
desaparecido completamente" (p. 295). Além disso, afirma que para Loeb o controle
experimental implicava "necessidade inequívoca", enquanto para Skinner tratava-se
apenas de "uma mudança empírica na probabilidade" (p. 295). Por fim, como talvez já
seja evidente, a obra de Skinner, quando comparada à de Loeb, apresenta notáveis
progressos nas possibilidades de explicação dos fenômenos comportamentais. Vistas
hoje, as explicações de Loeb, em especial ao tratar do comportamento humano, soam
simplistas, eventualmente expressando um reducionismo biológico que percorre
toda a sua obra. Variáveis filogenéticas ganham uma importância exagerada, e a ação
das variáveis ambientais ontogenéticas e culturais é tratada de forma rudimentar.
A despeito de tais diferenças, não restam dúvidas sobre a importância de Loeb
| J. LO EB (1859-1924); O COMPORTAMENTO DOS ORGANISM OS NA PRÉ-HISTÓRIA DO BEHAVIORISMO
108
Referências
Andersen, 0. S. (2005). A brief history of The Journal of General Physiology. Journal of
General Physiology, 725(1), 3-12.
Barnes,! C , & Skinner, B. F. (1930).The progressive increase in the geotropic response
of the ant Aphoenogaster. Journal of General Psychology, 4 ,102-112.
Bjork, D. W. (1997). B. F. Skinner: A life. Washington, DC: American Psychological
Association.
Blackmore, J. T. (1972). Ernst Mach: His work, life and influence. Berkeley, CA: University
of California Press.
Buckley, K. W. (1989). Mechanical man: John Broadus Watson and the beginnings of
behaviorism. New York: Guilford Press.
Colman, A. M. (2009) (Ed.). Dictionary of psychology (3a. ed.). Oxford: Oxford University
Press.
Day, W. F., Jr. (1980). The historical antecedents of contemporary behaviorism. In R.W.
109
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Loeb, J. (1900). Comparative physiology of the brain and comparative psychology. New
York: Putnam.
Loeb, J. (1903,6 de março). Phenomena of life. Daily Californian, p. 25.
Loeb, J. (1906). The dynamics of living matter. New York: Columbia University Press.
Loeb, J. (1907). Concerning the theory of tropisms. The Journal of Experimental Zoology,
4 ,145-156.
Loeb, J. (1912). The mechanistic conception of life. Chicago: University of Chicago Press.
Loeb, J. (1915). Mechanistic science and metaphysical romance. Yale Review, 4,
766-785.
Loeb. J. (1916). The organism as a whole: From a physicochemical viewpoint. New York:
Putnam.
Loeb, J. (1918). Forced movements, tropisms, and animal conduct. Philadelphia, PA: J. B.
Lippincott.
Loeb, J. (2013). Studies in general physiology (Vol. 15). London: Forgotten Books.
I J. LOEB (1859-1924): O COMPORTAMENTO DOS ORGANISMOS NA PRÉ-HISTÓRIA DO 8EHAVIORISMO
110
111
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Watson, J. B. (1995). Psychology as the behaviorist views it. In W. Lyons (Ed.), Modern
philosophy of mind (pp. 24-42). London: Everyman Library. (Original publicado
em 1913)
Watson, J. B. (1925). Behaviorism. London: Kegan Paul, Trench, Trubner & Co..Watson,
J. B. (1936). Autobiography. In C. Murchison (Ed.), A history of psychology in
autobiography (Vol. 3, pp. 271-281). Worcester, MA: Clark University Press.
Weissmann, G. (2006). Stem cells, in vitro fertilization, and Jacques Loeb. The FASEB
Journal, 2 0 ,1031-1033.
Wozniak, R. H. (1993). Jacques Loeb, Comparative Physiology of the Brain, and
Comparative Psychology [Introdução]. In J. Loeb, Comparative physiology
of the brain and comparative psychology (pp. vii-xxiii). London: Routledge/
Thoemmes Press.
4 I J. LOEB (1859-1924): O COMPORTAMENTO DOS O RG ANISM OS NA PRÉ-HISTÓRIA DO BEHAVIORISMO
112
1 ..........
5 E. L T H O R N D IK E (1874-1949):
REVOLUÇÃO E CONTRARREVOLUÇÃO
115
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
O contexto teórico
A teoria evolucionária finca suas raízes na obra de Charles Darwin. Foi uma
revolução, pois o cientista inglês defendeu, em sua famosa teoria, a continuidade
das espécies, desferindo desse modo um duro golpe em uma das mais acalentadas
crenças do ser humano: o livre-arbítrio. Desde então, o homem foi deslocado de seu
lugar privilegiado na natureza, passando a ocupar um assento bem mais próximo
dos animais, dessas"máquinas biológicas, simples autômatos, cujo comportamento é
controlado por reflexos e instintos" (Bolles, 1979, p. 4).
Os defensores da tese da continuidade não só travaram um debate com os
defensores da tese da descontinuidade como também se envolveram internamente
com duas estratégias distintas de investigação: a de brutalizar os humanos e a de
humanizar os animais (Bolles, 1979). De um lado, os humanos passaram a ser vistos
como máquinas biológicas, e de outro, os animais passaram a ser dotados de atributos
humanos, como inteligência e senso moral.
A teoria hedonista finca suas raízes na filosofia grega, nas obras de Platão
(s.d./1986), Aristóteles (s.d./1985) e Epicuro (s.d./1997). Platão reconhecia que as ações
humanas são motivadas por prazer, e embora não tivesse maior apreço por essa ideia,
dedicou-lhe um longo diálogo: Filebo, oudoprozer. Aristóteles, em seu clássico Ético a
Nicômacos, chegou a aproximar o prazer do bem supremo. O filósofo com a palavra:
"Realmente, o fato de todos os seres - tanto os animais irracionais quanto as criaturas
humanas - buscarem o prazer é um indício de que ele é de algum modo o bem
| E .L.THO RN DIKE (1874-1949): REVOLUÇÃO ECONTRARREVOLUÇÃO
supremo" (p. 149). Epicuro, em sua Corta sobre o felicidade (o Meneceu), escreveu que
"o prazer é o início e o fim de uma vida feliz"(p. 37).
Segundo Postman (1947), a elaboração mais sistemática do hedonismo encontra-
se na doutrina do utilitarismo de Jeremy Bentham. Com efeito, Bentham (1789/1984)
escreveu que "a natureza colocou o gênero humano sob o domínio de dois senhores
soberanos: a dor e o prazer. Somente a eles compete apontar o que devemos fazer" (p.
3). E o que devemos fazer? Bentham com a palavra: "Oprincipio de utilidade reconhece
esta sujeição e a coloca como fundamento desse sistema, cujo objetivo consiste em
construir o edifício da felicidade através da razão e da lei" (p. 3). Em outras palavras,
devemos fazer o que contribuir para o "edifício da felicidade".
Uma teoria que relaciona o prazer não só com a motivação da ação humana, mas
também com o bem supremo e a felicidade, encontra na relevância de sua temática
a razão, talvez, de sua perenidade, independentemente do valor das respostas
5
116
conhecidas até agora. Uma coisa parece certa até então, como James expressou
em seu estilo inimitável no capítulo sobre teoria do autômato de seus Princípios de
Psicologia: "Mas se prazeres e dores não têm eficácia, não se vê (...) porque os atos
mais nocivos, como se queimar, não poderiam dar frêmitos de deleite, e os mais
necessários, tais como respirar, causar agonia" (1890/1950, p. 144). James reconheceu
que "as exceções à lei são numerosas", mas observou que elas "são relacionadas a
experiências que ou não são vitais ou não são universais" (p. 144).
A teoria associacionista também finca suas raízes na filosofia grega. Aristóteles
(s.d./l 984) disse, em Sobre a memória, que "atos de recordar devem-se ao fato de que
um movimento [pensamento] tem por natureza outro ato que o sucede" (p. 717).
Disse ainda que de dois movimentos assim conectados, a experiência do anterior
será acompanhada da experiência do posterior. E elas são conectadas pelas três leis
básicas da associação: contigüidade, semelhança e contraste.
Em Aristóteles (s.d./l 985), o associacionismo é uma teoria da memória que
só adquire o sentido mais amplo de teoria do conhecimento com a chegada dos
filósofos modernos (Abbagnano, 2000; Mora, 1986; Herrnstein & Boring, 1971). Os
filósofos modernos argumentam que a mente consiste em um entrelaçamento
complexo de ideias sustentado pelas leis de associação, que são, por sua vez,
derivadas da experiência. A teoria associacionista é baseada, portanto, no empirismo,
representado por autores como John Locke, George Berkeley, David Hume, David
Hartley, James Mill, John Stuar Mill e Alexander Bain (Abbagnano, 2000; Mora, 1986;
117
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
O programa de pesquisa
para os processos de associação nos animais inferiores" (p. 1125). E esclareceu, então,
a expressão faculdade humana: Dos "processos associativos surgiu de algum modo a
consciência humana com suas ciências, artes e religiões" (p. 1125).
À medida que desenvolveu seu programa de pesquisa, Thorndike (1898/1998)
teceu sua crítica à psicologia comparada. Os focos de sua diatribe foram o método
anedótico e o panegírico (eulogy). O método anedótico narra histórias breves, curiosas,
jocosas, anedotas sobre o comportamento maravilhoso e inteligente dos animais. De
acordo com Thorndike, trata-se de testemunhos imprecisos e preconceituosos não
somente de terceiros, mas também de psicólogos, testemunhos de primeira mão,
que não contribuíam significativamente para corrigi-los. Eis aqui alguns exemplos:
"Aranhas são aficionadas por música (...) escorpiões se suicidam quando cercados
pelo fogo (...) pássaros são dotados de solidariedade e fidelidade conjugal (...) castores
demonstram (...) apreciação intelectual pelos princípios arquitetônicos da construção
de represas" (Goodwin, 2005, pp. 163-164).
5
118
119
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
evitar incompetência retórica em tais debates. Thorndike não só dirigiu uma crítica
sólida ao programa de pesquisa da psicologia comparada, como também apresentou
um programa de pesquisa alternativo, exaltando suas virtudes superiores em relação
ao programa vigente.
É chegada a hora de descrever brevemente o estudo experimental dos processos
associativos realizado por Thorndike (1898/1998). Seguimos aqui a descrição que
ele chamou de seu método geral e que consistia em colocar animais privados de
alimento - gatos, por exemplo - em uma caixa de onde eles podiam ver o alimento
colocado do lado de fora, e o qual podiam acessar com um ato simples como puxar
um laço de corda, pisar em uma plataforma, pressionar uma alavanca, abrir uma porta
e escapar da caixa. Thorndike registrava o tempo que o animal ficava na caixa até
realizar o ato bem sucedido. Esse procedimento era repetido: o animal era recolocado
na caixa após cada ato bem sucedido até que "tivesse formado uma associação
perfeita (...) quando a associação era assim perfeita, o tempo tomado para escapar
era, naturalmente, praticamente constante e muito curto" (p. 1127).
A associação perfeita à qual Thorndike (1898/1998) se referia ocorre "entre a
impressão sensorial do interior da caixa e o impulso que conduz ao movimento bem-
sucedido" (p. 1127). Thorndike (1898/1971) esclareceu:
se sente bem na caixa, seja por causa do aprisionamento, seja por causa de
um desejo de alimento. Esse mal estar, mais a impressão dos sentidos de uma
parede circundante e limitadora, se exprime, antes de qualquer experiência,
por gritos, patadas, mordidas. Entre esses movimentos, um é escolhido pelo
seu êxito. (p. 667)
120
Das várias respostas que ocorrem na mesma situação, aquelas que são
acompanhadas ou seguidas de perto pela satisfação do animal serão, sendo os
outros fatores iguais, mais estreitamente conectadas com a situação, de modo
que, quando essa situação voltar a se apresentar, elas terão mais probabilidade
de voltar a ocorrer; as que são acompanhadas ou seguidas de perto pelo
desconforto do animal terão, sendo os outros fatores iguais, suas conexões
121
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
alimentares etc) e condições que favorecem a vida podem não ser satisfatórias (por
exemplo, uma vida dedicada exclusivamente à aquisição de bens materiais).
Thorndike (1911/1971) referiu-se a estado satisfatório e estado de desconforto: a
linguagem hedonista foi ignorada. Segundo Bolles (1979),Thorndike raramente usava
a linguagem hedonista, bem como tentava substituí-la por uma mais objetiva. Uma
linguagem comportamental. Segundo Postman (1947), Thorndike comprometeu-se
inicialmente com o hedonismo, rejeitando-o posteriormente.
Thorndike (1898/1998) recusou a estratégia de humanizar os animais e acolheu
a de brutalizar os humanos. Aceitou que os humanos são máquinas biológicas; que
"a consciência humana com suas ciências, artes e religiões surgiu dos processos
associativos" (p. 1125); que desses processos surgiram a "imaginação, a memória, a
abstração, a generalização, o julgamento, a inferência"(p. 1125); que"a consciência tem
se modificado não somente em quantidade, mas também em qualidade" (p. 1125).
Donahoe (1999) comenta que "Thorndike acreditava que comportamentos
complexos poderiam ser compreendidos como um produto emergente da ação
cumulativa de processos relativamente simples" (p. 451, grifo nosso). O termo
emergente refere-se à teoria da evolução emergente, que afirma que cada nível do
ser, matéria, vida, consciência, tem uma qualidade irredutível com respeito ao nível
anterior (Mora, 1986).
Lattal (1998) comenta queThorndike dizia, à contracorrente da teoria dominante,
quer na psicologia, quer na biologia evolucionária, que a inteligência humana é
5 | E. L.THORNDIKE (1874-1949): REVOLUÇÃO E CONTRARREVOLUÇÃO
122
O legado revolucionário
A lei do efeito é reconhecida pelos psicólogos experimentais como o principal
legado deThorndike. Não se trata, entretanto, de uma herança sem atribulações, pois
ao longo de sua história, foi diversas vezes submetida ao crivo de severas críticas. Uma
das mais incômodas questionou a lógica da retroação do efeito: a ação do efeito sobre
uma conexão que já aconteceu (Postman, 1947). Em um texto intitulado Teoria da ação
do pós-efeito de uma conexão sobre ela própria, Thorndike (1933) explicou como isso é
possível. Dito brevemente, ele afirmou que uma conexão entre uma situação e uma
ação seria acompanhada de um equivalente fisiológico que continuaria presente por
ocasião da ocorrência do efeito. Logo, o efeito agiria sobre o equivalente fisiológico,
fortalecendo, consequentemente, a conexão. Postman comentou que o pós-efeito
fisiológico fecharia o vazio temporal entre a conexão e o efeito.
Há também uma segunda crítica que se referiu ao caráter subjetivo da lei do efeito
(Garrett, 1959). Garrett comentou que a lei do efeito é uma lei da aprendizagem por
123
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Outra crítica famosa argumentou que os animais aprendem por insight e não por
tentativa e erro. Os experimentos de Köhler (1925/1977) fornecem evidências para
esse argumento. Köhler mostrou que a aprendizagem consiste na percepção súbita
de relações envolvendo problemas e soluções.
O legado de Thorndike (1898/1998) não se resume à lei do efeito nem às
polêmicas que a acompanham no âmbito da lógica, da tensão objetivo-subjetivo e
das controvérsias em torno das teorias da aprendizagem. Um legado que contribuiu
para conferir credibilidade empírica à lei do efeito é de ordem metodológica. De
acordo com Galef (1998), Thorndike introduziu o método experimental no estudo
do comportamento animal e revolucionou não somente a psicologia comparada,
mas também o estudo do comportamento em geral. De acordo com Chance (1999),
o ponto de partida da análise experimentai do comportamento foi o ano em que
Thorndike defendeu sua dissertação doutoral: 1898. E, de acordo com Lattal (1998), os
métodos de pesquisa e a lei do efeito são um legado para a análise do comportamento.
Tais vínculos teóricos e metodológicos, não só com a análise experimental do
comportamento, mas também com a análise do comportamento, estimularam
a pergunta sobre qual seria o lugar de Thorndike (1898/1998) na história do
comportamentalismo. Alguns autores aproximam claramente Thorndike do
comportamentalismo. Cumming (1999) comenta que Herrnstein estranhou que
chamemos Watson de comportamentalista e não façamos o mesmo com Thorndike.
Bolles (1979) escreveu que "Thorndike era relativamente cuidadoso em proteger seu
i E .LT H O R N D IK E (1874-1949 ): REVOLUÇÃO E CONTRARREVOLUÇÃO
124
O legado contrarrevolucionário
Há, enfim, o legado que revela a fisionomia conservadora deThorndike (Beatty,
1998; Danziger, 1994; Thorndike, 1914; Tomlinson, 1997). Certamente, parece
125
tornam-se ainda melhores. Baseado em evidências desse tipo, ele escreveu que:
"Se igualdade de oportunidade não tem efeito equalizador em um traço alterável
tão facilmente, como rapidez na operação de adição, seguramente tem pouco
poder em traços como energia, estabilidade, poder intelectual geral, coragem e
generosidade" (p. 324).
Se Thorndike (1914) tivesse se limitado a apreciar e comentar a dicotomia 'inato-
aprendido', ele não poderia, evidentemente, ser acusado de ser defensor da eugenia.
Mas Thorndike deu um passo adicional e disse como o gênero humano poderia ser
melhorado. De acordo com Tomlinson (1997), Thorndike herdou a filosofia social
de Francis Galton: herdou não só a "eugenia positiva", mas também a negativa. Ele
não só estimulou a reprodução dos "mais talentosos", como também desestimulou a
reprodução dos "intelectualmente inferiores". Thorndike com a palavra:
126
educação de John Dewey foi derrotado pelo projeto deThorndike. Um projeto para
a educação como o de Dewey, que tentava conciliar a ciência com a democracia, foi
derrotado por um projeto antidemocrático que relacionava a ciência com a eugenia
e a meritocracia.
Segundo Danziger (1994), um projeto educacional como o de Thorndike
desenvolveu-se na contramão dos grandes projetos para a educação que estavam
em curso nos Estados Unidos. Danziger comenta com mais detalhes, dizendo que um
projeto como o deThorndike representa
(...) uma ruptura decisiva com o tipo de psicologia educacional que fora
imaginada pelos gigantes pioneiros da psicologia americana, por James,
Baldwin, Hall e Dewey. A visão mais ampla desses pioneiros foi substituída
por uma concepção muito mais estreita e puramente instrumental do que a
psicologia poderia realizar, (pp. 104-105)
Conclusão
Thorndike descontinuou duas vezes sua prática de pesquisa com relação às que já
estavam em curso na psicologia. São duas rupturas, uma progressiva, outra regressiva;
uma revolucionária, outra contrarrevolucionária.
A primeira ruptura ocorreu na esfera da metodologia e refere-se à aplicação
sistemática e cuidadosa do método experimental no estudo do comportamento
127
Referências
Abbagnano, N. (2000). Dicionário de filosofia (A. Bosi,Trad.). São Paulo: Martins Fontes.
Aristóteles (1985). On memory (J. J. Bearem Trad.). In J. Barnes (Ed.). The complete works
of Aristotle (pp. 714-720). New Jersey: Princeton University Press. (Originalmente
publicado em s.d.).
Aristóteles (1999). Ética a Nicômacos (M. da G. Cury, Trad.). Brasília: Editora da
Universidade de Brasília. (Originalmente publicado em s.d.).
Beatty, B. (1998). From laws of learning to a science of values: Efficiency and morality
in Thorndike's educational psychology. American Psychologist, 53(10), 1145-1152.
Bentham, J. (1984). Uma introdução aos princípios da moral e da legislação (L. J.
Baraúna, Trad.). In Os pensadores: Jeremy Bentham e John Stuart Mill, (pp. 2-68). São
Paulo: Abril Cultural. (Originalmente publicado em 1789).
Bolles, R. C. (1979). Learning theory. New York: Holt, Rinehart and Winston.
I E. L.THORNDIKE (1874-1949): REVOLUÇÃO ECONTRARREVOLUÇÃO
128
Einziger, K. (1997). Naming the mind: How psychology found its language. London:
Sage Publications.
Dewsbury, D. A. (1998). Celebrating E. L.Thorndike a Century after Animal Intelligence.
American Psychologist, 53(10), 1121 -1124.
Donahoe, J. W. (1999). Edward L.Thorndike: The selectionist connectionist. Journal of
the Experimental Analysis of Behavior, 72(3), 451 -454.
Epicuro (1997). Carta sobre a felicidade: a Meneceu (A. Lorencini & E. Del Carratore,
Trads.). São Paulo: Unesp. (Originalmente publicado em s.d.).
Galef Jr., B. G. (1998). Edward Thorndike: Revolutionary psychologist, ambiguous
biologist. American Psychologist, 53(10), 1128-1134.
Garrett, H. E. (1959). Grandes experimentos da psicologia (M. da P. P. de Toledo, Trad.).
São Paulo: Companhia Editora Nacional.
Goodwin, C. J. (2005). História da psicologia moderna (M. Rosas, Trad.). São Paulo:
Editora Cultrix.
Herrnstein, R. J„ & Boring, E. G. (1971). Textos básicos de história da psicologia (D. M.
Leite,Trad.). São Paulo: Editora Herder.
James, W. (1950). The principles of psychology. New York: Dover Publications.
(Originalmente publicado em 1890).
James, E. (1983). Talks to teachers on psychology and to students on some of life's ideals.
Cambrigde: Harvard University Press. (Originalmente publicado em 1899).
Köhler, W. (1957). The mentality of apes. London: Penguin Books. (Originalmente
129
Platão (1986). Filebo, o del placer (F. de P. Samaranch,Trad.). In Platón: Obras completas
(pp. 1218-1264). Madrid: Aguilar. (Originalmente publicado em s.d.).
Postman, L. (1947). The history and present status of the law of effect. Psychological
Bulletin, 44 (6), 489-563.
Smith, L. D. (1986). Behaviorism and logical positivism: A reassessment of the alliance.
Stanford: Stanford University Press.
Spencer, H. (1971). On pleasure and pain. In D. Bindra & J. Stewart (Orgs.). Motivation
(pp. 139-142). England: Penguin Books. (Originalmente publicado em 1872).
Thorndike, E. L. (1914). Eugenics: with special reference to intellect and character. In L.
J. Wilson (Org.). Eugenics: twelve university lectures (pp. 319-342). New York: Dodd,
Mead and Company.
Thorndike, E. L. (1933). A theory of the action ofthe after-effects of a connection upon
it. Psychological Review, 40(5), 434-439.
Thorndike, E. L. (1971). A aprendizagem animal (D. M. Leite,Trad.). In R. J. Flermstein &
E. G. Boring (Orgs.). Textos básicos de história da psicologia (pp. 659-672). São Paulo:
Editora Plerder. (Originalmente publicado em 1898).
Thorndike, E. L. (1971). The law of effect. In D. Brinda & J. Stewart (Orgs.). Motivation
(pp. 143-147). England: Penguin Books. (Originalmente publicado em 1911).
Thorndike, E. L. (1998). Animal intelligence: An experimental study ofthe associate
processes in animals. American Psychologist, 53(10), 1125-1127. (Originalmente
publicado em 1898).
5 | E. L. THORNDIKE (1874-1949): REVOLUÇÃO ECONTRARREVOLUÇÃO
Tolman, E. C. & Flonzik, C. FI. (1965). Introduction and removal of reward and maze
performance in rats. In H. Goldstein, D. L. Krantz & J. D. Rains (Orgs.). Controversial
issues in learning (pp. 104-118). New York: Appleton-Century-Crofts. (Originalmente
publicado em 1930).
Tomlinson, S. (1997). Edward Lee Thorndike and John Dewey on the science of
education. Oxford Review of Education, 23(3), 365-383.
Woodworth, R. S. (1952). Edward Lee Thorndike (1874-1949): A biographical memoir.
Washington: National Academy of sciences.
Young, P.T. (1971). Affective processes and motivation. In D. Bindra &J. Stewart (Orgs.).
Motivation (pp. 195-204). England: Penguin Books.
130
6 O BEHAVIORISM O CLÁSSICO DE
J. B. WATSON (1 878 -19 58)
que Watson estaria entre os cinco psicólogos mais importantes de toda a história
da psicologia e, a partir de uma revisão de citações em periódicos acadêmicos,
citações em livros texto de psicologia e mais de 1700 entrevistas com psicólogos,
Haggblom et al. (2002) elencaram Watson na 17a posição entre os psicólogos mais
importantes de todo o século 20 (ver também Tortosa, Pérez-Delgado, Carbonell, &
López-Latorre, 1991). Hoje, dificilmente alguém conseguirá encontrar um livro de
história da psicologia mundial que não dedique algumas páginas a apresentar o
behaviorismo clássico de Watson.
Apesar de sua reconhecida importância, o behaviorismo clássico ainda é muito
mal caracterizado tanto na literatura leiga como nos livros de introdução e de história
da psicologia. São diversos os erros presentes na literatura no que diz respeito à
caracterização do behaviorismo de Watson ou à descrição e interpretação de seus
133
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
estudos específicos. Neste capítulo não analisaremos esses erros. O que se propõe
aqui é apenas uma apresentação de Watson que evite tais erros. O leitor interessado
em conhecer os problemas de caracterização mencionados poderá recorrer à
literatura especializada (Strapasson & Carrara, 2008; Morris &Todd, 1992;Todd, 1994;
Tortosa, Calatayud, & Pérez-Garrido, 1996). Cabe ressaltar, também, que este texto
não tem a pretensão de constituir avaliação historiográfica sobre o desenvolvimento
do movimento behaviorista em geral ou do behaviorismo clássico em específico.
Tal empreendimento exigiria acesso a fontes de informação (e.g., cartas, entrevistas
com pessoas relevantes, etc.) hoje inacessíveis ao autor. O que se propõe é apenas a
apresentação do behaviorismo clássico e da obra de Watson tomando como base
informações advindas dos próprios escritos de Watson e do trabalho de historiadores
que se dedicaram ao tema.
134
Em 1903, Watson defende sua tese de doutorado na qual avalia a relação entre
o desenvolvimento neurológico de ratos brancos e a aprendizagem associativa
(Watson, 1903). Watson permanece mais cinco anos nessa universidade como
assistente de pesquisa de Angell. Nesse período, casou-se com Mary Amélia Ickes
(1885-1973), com quem teve dois filhos.
Em 1908, James M. Baldwin (1861-1934) o convida para trabalhar como full
professor da Johns Hopkins University e Watson se muda para Baltimore. Durante
os anos como professor assistente em Chicago, Watson estuda exclusivamente
0 comportamento animal. Como um grande defensor da utilização do método
experimental na psicologia (e.g., Watson, 1904, 1905), Watson desenvolve estudos
em psicologia comparada (Watson, 1903), percepção (Carr & Watson, 1908; Watson,
1907a, 1907b) e psicofísica (Watson & Watson, 1913; Watson, 1909; Yerkes & Watson,
1911), além de realizar estudos típicos do que seria conhecido futuramente como
etologia (Watson, 1907c, 1910a, 1910b).
Watson descreve as propostas de psicologia dessa época, em especial o
estruturalismo de E. B. Titchener (1867-1927) e o funcionalismo americano, como
psicologias mentalistas, que em última instância tomavam a consciência como objeto
de estudo, adotavam a introspeção como método e eram comprometidas com
alguma espécie de dualismo, mais especificamente com variações do paralelismo
psicofísico1. Tais tradições seriam problemáticas, porque não era possível o acordo
entre observadores em seus experimentos; apenas o próprio sujeito teria acesso à
própria consciência, e as replicações seriam incapazes de reproduzir resultados,
sendo julgadas a partir da diferença no treinamento dos sujeitos. As pesquisas de
6 | O BEHAVIORiSMO CLÁSSICO DE J. B. WATSON (1878-1958)
Watson, por outro lado, ocorreram de forma bastante indutiva e o modo descritivo
com que apresentou seus estudos e resultados o permitiu evitar subjetivismos
desnecessários (Boakes, 1994; Dewsbury, 2013; Morris &Todd, 1999;Todd & Morris,
1986). Estudando animais, Watson encontrou respostas cientificamente consistentes
para perguntas similares àquelas que alguns dos psicólogos introspeccionistas faziam,
mas sem precisar recorrer à introspecção ou ao subjetivismo. Em sua autobiografia,
ele descreve o efeito desses estudos sobre ele: "cada vez mais eu me perguntava 'será
que, observando seu comportamento [dos animais], não posso descobrir tudo aquilo
que meus colegas estão descobrindo quando usam [sujeitos humanos]?'" (Watson,
1 A avaliação de Watson era, na verdade, demasiado generalizada. Parte da pesquisa dos funcionalistas
não dependia da introspeção e James (1904), por exemplo, havia defendido que a consciência não
existia.
135
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
incluir diversos aspectos da vida humana. Na tentativa de validar sua teoria, Watson se
engaja em uma série de estudos envolvendo o comportamento humano. Em 1913,
publica um estudo em coautoria com Karl S. Lashley (1890-1958) sobre o efeito do
treino sobre performance em arco e flecha (Lashley & Watson, 1913). Watson iniciou
também uma série de estudos sobre desenvolvimento infantil na Phipps Clinic
da Johns Hopkins (e.g., Watson & Morgan, 1917) que culminou na publicação do
2 A proposição de qualquer marco histórico é uma ação arbitrária do historiador e, portanto, suscetível
a debates e controvérsias (cf. Malone, 2014; Marr, 2013). Não desenvolveremos uma análise dessas
controvérsias, mas é importante que o leitor tenha claro que sua ocorrência não é nem definitiva (no
sentido de identificar um marco inequívoco) nem revolucionária (no sentido de ser independente
de outros acontecimentos anteriores que poderiam igualmente ser indicados como marcos de
surgimento do behaviorismo).
136
137
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
poucos anos de felicidade" (Watson, 1929b, p. 106). Alegações como essas foram
frequentemente apresentadas por Watson como contribuições valiosas da ciência do
comportamento, mas não havia qualquer suporte empírico para fundamentar tais
prescrições. Adicionalmente, o estilo agressivo da escrita de Watson, que se acentuou
com sua saída da academia, vem sendo descrito pelos seus comentadores como
sendo messiânico (Buckley, 1989), inflamado (Logue, 1994), propagandista (Buckley,
1989), polemicista e extravagante (O'Donnell, 1985), com a função última de se
manter presente aos olhos do público (Buckley, 1989, 1994; Logue, 1994). Watson
parecia estar consciente das limitações de suas proposições. Em Behaviorism (Watson,
1924), pondera sobre sua fundamentação: "permita ao behaviorista interpor uma
palavra de cautela. Todas as suas conclusões são agora baseadas em poucos casos e
alguns poucos experimentos". Em sua autobiografia, Watson admitiu que sua escrita
138
ele deixar a academia, Watson se mostra sensível à situação: "apesar de tudo, ainda
que o behaviorismo não tenha sido aceito abertamente, sua influência foi profunda"
(Watson, 1930, p. x)3. Ainda que o behaviorismo clássico de Watson não tenha se
consolidado como forma de behaviorismo, sua influência na psicologia americana é
inquestionável, seja na popularização da possibilidade de uma psicologia científica
que tenha o comportamento como objeto de estudo, seja no desenvolvimento de
3 Boring (1950) e Schoenfeld (1983) sugerem que, em algum momento, toda a psicologia americana se
tornou behaviorista depois deWatson. Isso não significa uma adoção imediata da teoria (verColeman,
1988; Samelson, 1981) e nem que a psicologia se tornou um behaviorismo watsoniano, mas os
princípios do movimento behaviorista tornaram-se largamente disseminados na cultura acadêmica da
psicologia norte-americana.
139
(...) parece razoavelmente claro que algum tipo de compromisso precisa ser
estabelecido: ou a psicologia precisa mudar seu ponto de vista para assimilar
os fatos do comportamento, tendo eles relevância ou não para os problemas
da 'consciência', ou o comportamento deve se estabelecer sozinho como uma
ciência completamente separada e independente. (Watson, 1913, p. 159)
e não pela criação de uma ciência alternativa. Watson achava que a psicologia
introspecionista e o estudo da consciência constituíam um erro, e não uma
perspectiva viável alternativa à sua. Partindo dessa concepção, Watson incluiu na
noção de comportamento também os eventos internos e privados:
Por que não fazemos do que podemos observar o real campo da psicologia?
Vamos nos limitar às coisas que podemos observar, e formular leis sobre
apenas essas coisas. Agora, o que podemos observar? Bem, podemos observar
comportamento - aquilo que o organismo faz ou fala. E permita-me propor o
ponto fundamental de uma só vez: que faiar é fazer - isso é, comportar-se.
Falar abertamente ou para nós mesmos (pensamento) é apenas um tipo de
140
141
142
143
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
144
[Na análise de] ocupações e atividades nós geralmente não paramos para
reduzir a atividade total ao movimento de músculos. Nós podemos fazê-lo se
necessário e o fazemos quando se torna necessário estudar a reação das várias
partes (...) [mas] a psicologia objetiva pode estudar a alvenaria, a construção de
casas, o jogar jogos, o casamento e a atividade emocional sem ser acusada de
reduzir tudo a movimentos dos músculos ou secreções das glândulas.
(Watson, 1919, p. 40)
145
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Watson (1914) entendia que as ações humanas eram divididas em hábitos e instintos.
Esses tipos de comportamento diferiam quanto à sua origem: instintos eram herdados
e hábitos eram aprendidos. Em ambos os casos, entretanto, tratava-se de conjuntos
coordenados de estímulos e respostas: reflexos. Porém, os instintos ganharam
progressivamente menos importância em sua obra (Watson, 1912,1930) enquanto a
formação de hábitos foi entendida como "provavelmente o tema mais importante no
estudo do comportamento" (Watson, 1914).
Para Watson, os animais são equipados com uma série de reflexos aleatórios
que pela ação do ambiente se organizam e se estabelecem como hábitos
simples. A integração destes produziria os hábitos complexos, que caracterizam o
comportamento humano. Para explicar comportamentos complexos seria necessário,
portanto, identificar como uma série de reflexos aleatórios se consolida em um hábito
que adapta o sujeito ao seu ambiente. Watson conhecia as proposições anteriores
sobre aprendizagem (de Angell, Pillsbury e Thorndike, por exemplo), mas discordava
delas pelo caráter mentalista que apresentavam. Na sua primeira formulação, Watson
sugere que os hábitos se formavam por meio de procedimentos de tentativa e
erro, que se consolidavam em função das características de recência e frequência
das respostas apresentadas pelo organismo. Para ilustrar sua proposição, Watson
(1914) oferece o exemplo de um animal tentando abrir uma caixa problema. Pede
ele que suponhamos que 50 diferentes respostas poderiam ser apresentadas tendo
a caixa como estímulo, mas apenas uma abriria a caixa. Em uma situação como
essa é provável que o animal apresente as diferentes respostas disponíveis até que
consiga abrir a caixa. A cada tentativa, o animal emitiria uma série diferente de
6 | 0 BEHAVIORISMO CLÁSSICO DE J. 6. WATSON (1878-1958)
5 A similaridade do exemplo com as caixas problema de Thorndike não é fortuita. Trata-se de uma
tentativa explicita de propor um modelo explicativo alternativo que não recorra a conceitos mentais
como satisfação ou semelhantes (Gondra, 1994).
146
sugere que
(...) se lembrarmos que o método do reflexo pode ser usado sobre o homem,
sem modificações (...) nós devemos admitir, creio eu, que ele tomará um lugar
muito importante entre os métodos psicológicos. (...) Ainda que aqui eu não
possa entrar na amplitude da aplicação do método, estou certo de que é um
campo mais amplo do que eu havia indicado. (Watson, 1916, p. 105)
6 O primeiro texto que apresenta Pavlov nos Estados Unidos da América foi um artigo de Yerkes e
Morgulis em 1909. Yerkes foi um dos colaboradores de Watson durante sua carreira acadêmica e o
artigo mencionado foi publicado no mesmo ano em que Watson passa a editorar o Psychological
Bulletin, de modo que ele conhecia esse texto.
147
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
148
dos músculos e das glândulas, e não ao sistema nervoso central - seu periferalismo -,
parece ter se dado em razão de que em sua época conhecia-se pouco sobre o cérebro,
e as referências a ele consistiam em inferências tão especulativas quanto aquelas
feitas sobre a mente (Watson, 1926a). Para Watson, pareceu mais razoável sugerir que,
no estágio de desenvolvimento da ciência da época, acessaríamos eventos como
o pensamento apenas indiretamente, mas que no futuro, com o desenvolvimento
de novas tecnologias e instrumentos, teríamos uma melhor compreensão desse
fenômeno:
149
150
(...) nós nunca saberemos se, caso Watson nunca tivesse feito suas afirmações
mais ultrajantes, o behaviorismo ainda teria perdido sua popularidade
(...) em qualquer caso, as publicações de Watson, o primeiro behaviorista,
são certamente uma mina de ouro para aqueles que querem criticar o
behaviorismo. (p. 122)
Marr (2013) é ainda mais incisivo em sua avaliação crítica: "todos os behaviorismos
científicos modernos - metodológico, radical, teleológico - quaisquer que sejam,
de fato, pouco devem, metodologicamente, empiricamente ou conceitualmente a
Watson e, provavelmente, seriam algo próximo do que são hoje - e seriam melhor
vistos - se Watson nunca tivesse existido" (p. 35). Por outro lado, independente
de Watson ter ou não sido caracterizado corretamente como o fundador do
6 | O BEHAVIORISMO CLÁSSICO DE J.B. WATSON (1878-1958)
behaviorismo, e dos eventuais efeitos nefastos que sua retórica particular podem
ter exercido no desenvolvimento histórico do movimento, é inegável que a posição
em que ele se encontrava deu grande visibilidade para as reivindicações sobre a
necessidade de uma psicologia objetiva que tomasse o comportamento como seu
objeto legítimo de estudo e que abandonasse o mentalismo em benefício de uma
avaliação funcional do seu objeto. Além disso, foi ele que uniu as características que
constituem o behaviorismo clássico sob o mesmo rótulo. Nesse sentido, Watson
parece ter sido um "catalisador" do movimento behaviorista (Tortosa, Pérez, Civera, &
Pastor, 2001). Ainda que possamos concordar com a afirmação de Skinner de que "as
insuficiências da proposta de Watson [são]... de interesse principalmente histórico"
(Skinner, 1974, p. 5), no sentido de que não há behavioristas watsonianos hoje (Pérez-
Garrido, Calatayud, & Pastor, 1998), é preciso notar que ser de interesse histórico não
151
Referências
Bergmann, G. (1956). The contribution of John B. Watson. Psychological Review, 63(4),
265-276.
Boakes, R. (1994). John B. Watson's early scientific career: 1903-1913. In J.T.Todd & E. K.
Morris (Eds.). Modern Perspectives on John B. Watson and Classical Behaviorism (pp.
144-150). Westport: Greenwood Press.
Boring, E. G. (1950). 4 history of experimental psychology (2nd ed.). New York: Appleton-
Century-Crofts.
Buckley, K. W. (1989). Mechanical man: John Broadus Watson and the beginnins of
behaviorism. New York: The Guilford Press.
Buckley, K. W. (1994). Misbehaviorism: The case of John B. Watson's dismissal from
Johns Hopkins University. In J. T. Todd & E. K. Morris (Eds.). Modern Perspectives on
6 I 0 BEHAVIORISMO CLÁSSICO DE J.B. WATSON (1878-1958)
John B. Watson and Classical Behaviorism (pp. 19-36). Westport: Greenwood Press.
Carpintero, H. (2004). Watson's Behaviorism: A comparison of the two editions (1925
and 1930). History of Psychology, 7(2), 183-202.
Carr, H., & Watson, J. B. (1908). Orientation in the white rat. Journal of Comparative
Neurology and Psychology, 18{ 1), 27-44.
Carrara, K. (2005). Behaviorismo Radical: Crítica e metacritica (2nd ed.). São Paulo:
Editora da UNESP.
Coleman, S. R. (1988). Assessing Pavlov's impact on the American conditioning
enterprise. Pavlovian Journal of Biological Science, 23(3), 102-106.
Dewsbury, D. A. (2013). John B. Watson's early work and comparative psychology.
Revista Mexicana de Andlisis de la Conducta, 39(2), 10-33.
152
153
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Malone, J. C. (2014). Did John B. Watson really "found" behaviorism? The Behavior
Analyst, 27(1), 1-12.
Marr, M. J. (2013). "It is not elementary, my dear Watson": The strange legacy of the
behaviorist manifesto. Mexican Journal of Behavior Analysis, 39(2), 34-47.
Marx, M. H., & Hillix, W. A. (1978). Sistemas e teorias em psicologia. São Paulo: Cultrix.
Morris, E. K., & Todd, J. T. (1999). Watsonian Behaviorism. In W. O'Donohue & R. F.
Kitchener (Eds.), Handbook of Behaviorism (pp. 15-69). San Diego: Academic Press.
Morris, E. K.,Todd, J.T., & Midgley, B. D. (1993). The prediction and control of behavior:
Watson, Skinner, and beyond. Mexican Journal of Behavior Anlaysis, 19(Monographic
issue), 103-131.
O'Donnell, J. M. (1985). The origins of Behaviorism: American psychology; 1870-1920.
New York: New York University Press.
O'Donohue, W., & Kitchener, R. F. (1999). Handbook of Behaviorism. San Diego:
Academic Press.
Pepper, S. C. (1923). Misconceptions regarding behaviorism. The Journal of Philosophy,
20(9), 242-4.
Pérez-Garrido, A., Calatayud, C., & Pastor, J. C. (1998). ?Existe una tradición watsoniana
en la psicologia contemporânea? Revista de Historia de la Psicologia, 19(4), 523-541.
Pratt, J. B. (1922). Behaviorism and Consciousness. The Journal of Philosophy, 79(22),
596-604.
Rilling, M. (2000). Flow the challenge of explaining learning influenced the origins and
development of John B. Watson's behaviorism. American Journal of Psychology,
773(2), 257-301.
6 | 0 BEHAVIORISMO CLÁSSICO DE J.B. WATSON (1878-1958)
154
155
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
meeting of the American Psychological Association (Vol. IV, pp. 211-212). New
York: Psychological Bulletin.
Watson, J. B. (1907c). Report of John B. Watson on the condition of the noddy and
sooty tern colony, Bird Key,Tortugas, Florida. Bird Lore, 9, 307-316.
Watson, J. B. (1907d). Studying the mind of animals. The World Today, 12,421-426.
Watson, J. B. (1909). Some experiments bearing upon color vision in monkeys. Journal
of Comparative Neurology and Psychology, 79(1), 1-28.
Watson, J. B. (1910a). Further data on the homing sense of noddy and sooty terns.
Science, 32(823), 470-473.
Watson, J. B. (1910b). Report of Prof. John B. Watson on the work on Bird Key. Carnegie
Institution ofWashington Yearbook, 9 ,144-146.
Watson, J. B. (1912). Instinctive activity in animals: Some recent experiments and
observations. Harper’s Monthly Magazine, 124, 376-382.
Watson, J. B. (1913). Psychology as the behaviorist views it. Psychological Review, 20(2),
158-177.
Watson, J. B. (1914). Behavior: An introduction to comparative psychology. New York:
Henry Holt and Company.
Watson, J. B. (1916). The place of the conditioned reflex in psychology. Psychological
Review, 23(2), 89-116.
Watson, J. B. (1917). An attempted formulation of the scope of behavior psychology.
Psychological Review, 24(5), 329-352.
Watson, J. B. (1918). Preliminary report of the effect of oxygen hunger upon
handwriting function. In Manual of the Medical Research Laboratory Division of
6 I O B E H A V IO R IS M O C LA S S IC O D E J.B . WATSON (1878-1958)
156
Yerkes, R. M., & Morgulis, 5. (1909). The method of Pawlow in animal psychology.
Psychological Bulletin, 6(8), 257-273.
Yerkes, R. M., & Watson, J. B. (1911). Methods of studying vision in animals. Behavior
Monographs, 7(2), vi—90.
157
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
7 A. P. WEISS U 8 7 9 -1 9 3 IJ: A
THEORETICAL BASIS OF H U M A N
B E H A V IO R 1
Robert H. Wozniak
1 Capítulo publicado originalmente como introdução ao livro A Theoretical Basis o f Human Behavior, de A.
P. Weiss, em edição organizada por R. Wozniak (Londres: Routledge/Thoemmes Press, 1994).
2 Biographical details are drawn primarily from: Bloomfield (1931), Elliott (1931) and Renshaw (1932).
7
161
There were strong bonds between Meyer and Weiss: Weiss had been born in
Germany and (...) spoke German in the home of his parents; his personality
was most engaging: honorable, unassuming (...) eager in interest in all matters
of scientific and humane import, humorous; well trained in physics, chemistry,
biology, mathematics, and philosophy - subjects in which Meyer found most
of his American students deficient; ingenious in devising and constructing
apparatus. In his early publications Weiss followed Meyer in research on tonal
7 | A. P. WEISS (1879-1931): A THEORETICAL BASIS OF H U M A N BEHAVIOR
3 A position he was to retain until 1929. In 1929, however, a questionnaire assessing attitudes toward
extramarital sexual relations had been distributed to students with Meyer's tacit approval. Public outcry
over the questionnaire led to Meyer's receiving a one-year, unpaid suspension from the University. In
1930, upon his return, Meyer had the poor judgment to engage in public criticism of the members
of the University Board of Curators who had been responsible for his suspension. As a result, he was
summarily dismissed from the University and never again held a regular faculty appointment. For an
informative discussion of the entire affair see Esper (1967).
162
In 1909, Meyer was one of America's most consistent, most radical objectivists.
Under the influence of Max Planck (1858-1947), who had assumed the Chair in
Theoretical Physics at Berlin in 1889 and who served on Meyer's dissertation
committee, Meyer drew a sharp distinction between the internal and the external
points of view. While the internal, psychological point of view may yield direct,
personal knowledge of psychological states, these states are accessible to others only
through external manifestations in action. From the external, physiological point of
view, a satisfactory understanding of behavior can be obtained in terms of neural
processes without postulating the intervention of any particular mental force (Planck,
1950, pp. 59-75).
This objectivism and commitment to seeking the fundamental explanation of
human behavior in properties of the nervous system served as cornerstones of Meyer's
psychology. In 1909, when Weiss stumbled upon Meyer and into psychology, Meyer
was incorporating these ideas into the manuscript for an introductory textbook, The
Fundamental Laws of Human Behavior, which was to appear in 1911. In its conception,
The Fundamental Laws is a remarkable book (Wozniak, 1993). Appearing two years
before John Broadus Watson (1878-1958) issued his famous "behaviorist manifesto,"
(Watson, 1913) it has been called the first "completely behavioristic explanation of
human action" (Pillsbury, 1929, p. 290) and to some extent it was.
Meyer rejects the explanatory use of mental states except as shorthand for the
operation of complex nervous processes, emphasizes the importance of behavior,
and limits the scientific value of introspection solely to "the fact that it aids us in 7 | A. P. WEISS (1879-1931): A THEORETICAL BASIS OF H U M A N BEHAVIOR
discovering the laws of nervous function" (Meyer, 1911, p. 239). With such views
Meyer's objectivism was both more and less extreme than the behaviorism that
Watson was to make famous. On the one hand, unlike Watson, Meyer was an
uncompromising neurophysiological reductionist. For Meyer, the explanation of
behavior depends directly on what goes on in the organism - on nervous processes
that link stimuli to behaviors and that correlate with mental states. His "behaviorism,"
therefore, was not that of the Watsonian prediction/control, stimulus/response,
empty organism variety that was eventually carried to its logical extreme by B. F.
Skinner (1904-1990) (Skinner, 1938).
On the other hand, despite his explanatory objectivism, Meyer retained the
descriptive use of mental terms, at least if they could be given an objective denotation.
One of the best statements of Meyer's position in this regard appeared in an attack
on William McDougall's (1871-1938) Body and Mind: A History and a Defense of Animism
163
Psychology, in other words, retains a descriptive use of mental terms, despite its
need to find objective explanation in the nervous system, because psychology deals
with human life - human life as it is described in the mental and the social sciences.
Here, in embryo, is another critical component of Meyer's overall view, one that would
be worked out in greater detail between 1911 and 1921, when he published another
introductory text, Psychology of the Other-One (Meyer, 1921). This component involves
Meyer's strong belief that psychology deals with behavioral phenomena in both their
physiological and their social significance. As Meyer (1921) himself put it:
7 | A. P.WEISS (1879-1931): ATHEO RETIC AL BASIS OF H U M A N BEHAVIOR
Of all such functions, the one with greatest"social significance" is that by which one
organism signals to another. In human beings, this generally takes the form of speech.
As a young man, Meyer had read and been influenced by Lazarus Geiger's (1829-
1870) Der Ursprung der Sprache. Following Geiger, Meyer had developed the view
that all thinking (including abstraction and generalization) involved "innere Sprache
4 Esper (1968) suggests that the "social significance" criterion may have been worked out, at least in part,
in the running scientific correspondence between Meyer and Weiss.
164
['internal speech'] (...) that speaking had its origin in the necessity for human beings
to cooperate in muscular activity (...) [and that] since all skeletal muscular activity is
governed neurologically (...), all thinking is governed neurologically by mediation
of speech" (Esper, 1968, p. 344). At the same time, however, speech and thinking
clearly also have social significance. Abstractions and generalizations formed in inner
speech by one individual can be communicated in oral or written speech to others.
In this way, the behavior of one individual can be influenced by the "thoughtfulness"
of another.
These are powerful ideas and each was taken to heart by the young A. P. Weiss.
Indeed, Weiss's A Theoretical Basis of Human Behavior, published in 1925, and by far
the most iconoclastic text in the literature of early behaviorism (the works of Meyer
excepted), can easily be read as an extension of Meyer's views. This is not, of course,
to belittle the importance of Weiss's contribution. In Weiss, ideas barely sketched
out by Meyer (e.g., continuity between psychology and the other natural sciences,
the relation between the physiological basis and social significance of behavior, the
need to provide objective denotations for subjective terms, and the social import of
language as a mechanism of both thought and reciprocal stimulation) receive careful,
systematic attention.
165
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
- the basis for continuity between psychology and the physical sciences - and the
essence of this foundational view is nicely summarized by Esper (1968):
From electrons and protons organized into atoms to cells organized into men to
men organized, ultimately, into a league of nations, the universe is to be viewed
as a continuously evolving series of more and more complex and complete
integrations (...) the phenomena studied by psychology are complications of
those studied by physics, chemistry, and biology; the principle of determinism
applies in psychology as in the other natural sciences; the phenomena studied
by psychology depend upon the properties of the human nervous system in its
interactions with the environment; the principle of evolutionary development
applies not only to biological phylogenesis but to the history of individuals and
of social institutions; the data of psychological research are responses to sense-
organ stimulation, or to the aftereffects of such stimulation - responses which
are observable, recordable, and - ideally - quantifiable, (pp. 175-176)
The following four chapters are then concerned with characterizing psychology's
specific place among the natural and social sciences, a characterization that Weiss
grounds in a novel distinction between the biophysical and the biosocial. Weiss writes:
7 | A. P. WEISS (1879-1931): A THEORETICAL BASIS OF H U M A N BEHAVIOR
166
may differ biosocially and that one and the same biosocial effect can be produced by
responses differing biophysically (e.g., writing and speaking the same message). "If
the study of human behavior is to achieve a scientific status,"Weiss (1925) argues,"(...)
both the biophysical and biosocial properties must be studied" (p. 80).
This is a very significant analysis. In suggesting that movement enters into two
different sets of constitutive relationships - as neuromuscular effect and as social
stimulus - Weiss is, in effect, distinguishing levels of theoretical discourse. Although
every biosocially relevant response (i.e., response serving as a stimulus for others) is
also a neuromuscular effect (i.e., can and must also be viewed biophysically), biosocial
analysis cannot be reduced to the biophysical. Suppose, Weiss (1925) asks,
(...) that instead of the recent discovery of the undisturbed tomb ofTut-Ankh-
amen and its contents, we had found a complete set of neuro-myograms
of representative Egyptians of this period (...). Would this type of record be
regarded (...) as an adequate substitute for the contents of the tomb as a means
for revealing the behavior or cultural history of this period? (...) I do not believe
that any neurological insight alone will enable us to determine what the
stimulating effects of a given neuro-muscular configuration will be upon other
individuals, (pp. 81-82)
This is a theoretically sophisticated view. The second large section of Weiss's text
also consists of six chapters and takes up about one third of the book. The first four
chapters reintroduce and reemphasize the possibility of analyzing human response
167
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
168
(...) initiate sensori-motor processes which not only terminate in the effectors
of observable biophysical or biosocial responses but also in many other internal
effector systems which are obscure in the sense that they cannot be localized
by the self-observer nor recorded by an observer (...). The implicit response is
primarily a residual effect of sensori-motor variations that have occurred at
some earlier time as biosocial responses. (Weiss, 1925, pp. 260-261)
"No matter how complex and involved human achievements may become," in
other words, for Weiss (1925),"they are in the last analysis the functioning of contractile
elements in the individual's body"(p. 282).
Weiss's Theoretical Basis concludes with a final section (five chapters) analyzing
specific response categories and summarizing his behaviorist postulates. Accepting
the challenge implicit in Meyer's doctrine of the translatability of subjective into
objective terms and ever mindful of the need to operate at both the biophysical and
biosocial levels of analysis, Weiss first provides a behavioristic analysis of the explicit
and implicit language response in their biosocial import. He then attempts to redefine
traditional categories of mental analysis (e.g., thinking, purpose, motive) in terms of
the biosocial outcomes of implicit response and subvocal speech. So consistent is
his application of this approach that, as he tells us, "implicit reactions and subvocal
speech seem to explain everything" (Weiss, 1925, p. 253).
The language reaction, for Weiss, involves the production of particular sounds or
written characters that: a) are both a response to a stimulus (frequently implicit) and 7 | A. P. WEISS (1879-1931): ATHEO RETIC AL BASIS OF H U M A N BEHAVIOR
a stimulus to a response (for others and for the self); and b) provide the mechanism
underlying abstraction and generalization. "The actual muscles that produce the
sounds, characters, or symbols", in other words, "are relatively unimportant" (Weiss,
1925, p. 288). "Because the word response is independent of the sensory nature of the
stimulus," in his view,
(...) many different stimuli may release the same word reaction. This form of
behavior is known as generalization, and the process may be described as the
generalizing function of language. As a behavior category generalization is a
type of sensori-motor mechanism in which many different receptor patterns
representative of many different sensory situations and relations, are connected
to the same language response and through this common path the individual
may react in a specific manner to all the objects, situations, and relations thus
169
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
connected, even though there is very little sensory similarity between them.
(Weiss, 1925, p. 297)
Thinking makes use of such generalizations. Indeed, much of what takes place
in thinking involves subvocal, language reactions. This is not, however, what defines
"thinking" for Weiss. Thinking, from his perspective, is a relatively standardized
response, or more properly series of responses, to a problem situation yielding a
relatively conventionalized outcome. Thinking, in other words, is defined in terms
of the biosocial nature of the problem solution. As he puts it, "The individual
stimulus-response series is constantly being standardized by the teacher, parents,
colleagues. As a result, the biosocial stimulating conditions under which we live
establish conventionalized and standardized responses (...) which are more or
less common to many members of the community" (Weiss, 1925, pp. 324-325).
Fundamentally, therefore, thinking is a biosocial process yielding a biosocial
product with a biosocial meaning.
Purpose is similarly defined by Weiss in terms of both implicit response and
biosocial outcome: "Purpose or purposive behavior refers to the fact that (...) there
is (...) an organization between the various response series belonging to a given
individual, which conforms to a traditional or conventional sequence" (Weiss, 1925,
p. 346). Thus, for example, doctors or lawyers act in a purposeful fashion when they
act in accordance with the routines that are appropriate to doctors or lawyers. Such
7 | A. P. WEISS (1879-1931): A THEORETICAL BASIS OF H U M A N BEHAVIOR
"sequences form parts of longer behavior life history series. The terminal responses of
the sequences (...) are designated as the purpose or aim of the antecedent activities"
(Weiss, 1925, p. 352).
Finally, motives are also biosocially defined:
170
If an attempt were made to define the term mental as carefully as the term
behavior is defined, there would be no objection. But this is not done. Such
terms as mind, mental process, consciousness, image, etc. suddenly appear
in the context of psychological writing without any attempt at definition. It
Two years later, Albert Paul Weiss was dead at the age of 51. During the final years
of his life, he had been bedridden with a degenerative heart ailment (Bloomfield,
1931, p. 221). His premature death deprived the Meyer/Weiss perspective of its most
articulate spokesman; it deprived behaviorism of one of its most systematic, most
philosophically sophisticated adherents; and it deprived psychology of a leading
proponent of the objective, biosocial definition (rather than abandonment) of mental
7
171
terms. One wonders what the future of behaviorism might have been like had Weiss
lived to continue this work5.
References
Bloomfield, L. (1931). Albert Paul Weiss. Language, 7, 219-221.
Elliott, R. M. (1931). Albert Paul Weiss: 1879-1931. American Journal of Psychology, 43,
707-709.
Esper, E. A. (1967). Max Meyer in America. Journal of the History of the Behavioral
Sciences, 3(2), 107-131.
Esper, E. A. (1968). Mentalism and objectivism in linguistics: The sources of Leonard
Bloomfield's psychology of language. New York: American Elsevier.
McDougall, W. (1911). Body and mind: A history and a defense of animism.
London: Methuen.
Meyer, M. (1899). ZurTheorie des Horens. Pflugers Archiv fur die gesamte Physiologie,
78, 346-362.
Meyer, M. (1900a). E. ter Kuile's Theorie des Horens. Pflugers Archiv fur die gesamte
Physiologie, 87,61-75.
Meyer, M. (1900b). Elements of psychological theory of melody. Psychological Review,
7 ,241-273.
Meyer, M. (1900c). Karl L. Schafer's"Neue Erklarung der subjectiven Combinationstone".
Pfluger's Archiv fur die gesamte Physiologie, 81,49-60.
7 | A. P. WEISS (1879-1931): A THEORETICAL BASIS OF H U M A N BEHAVIOR
5 It is, of course, important to note in this regard that the objective definition of mental terms (albeit
via operations of measurement rather than specification of the nature of implicit response) remained
a central feature of behaviorism - see, for example, the purposive, neobehaviorist analyses of Tolman
(1932).
172
173
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
177
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
178
Dessa forma, na combinação proposta através das três fases descritas, tem-se que
a compreensão histórica da psicologia implica, portanto, a compreensão da trama
de relações na qual ela se insere e se desenvolve. Assim, faz-se necessário buscar o
entendimento de suas múltiplas manifestações, abarcando as multideterminações
das quais ela é produto e também produtora.
Biografia
George Herbert Mead nasceu no dia 27 de fevereiro de 1863, em New England,
Massachusetts, Estados Unidos da América. Era o segundo filho do clérigo protestante
Hiram Mead com a professora Elizabeth Storrs Billings.
Seu pai, pastor e professor de homilética, fora designado para trabalhar em New
Hampshire, mudando-se com a família em 1867. Dois anos depois, ingressou na
Faculdade de Oberlin onde permaneceu lecionando até sua morte, em 1881.
Mead estudou na mesma faculdade onde seu pai trabalhava. Já no início da
juventude, apareceram os primeiros conflitos com as reivindicações religiosas em
prover uma explicação dogmática do mundo. De acordo com Joas (1997), à época,
o modelo confessional dominava as universidades norte-americanas ideológica e
administrativamente. Consequência desse conflito foi a aproximação de Mead com a
Teoria da Evolução de Charles Darwin. Esse fato foi crucial para Mead se aproximar de 8 I G .H . M EAD (1863-1931): UM AUTOR, DIVERSAS POSSIBILIDADES
Após a morte do pai, Mead pagava com seu trabalho os estudos em Oberlin.
Trabalhou como professor de escola secundária, mas logo foi dispensado por
problemas disciplinares, terminando seu vínculo trabalhista e seu primeiro ciclo
universitário na instituição em 1883, aos 20 anos. "Sobre sua formação intelectual,
179
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Mead disse certa feita que levou vinte anos para desaprender o que lhe haviam
ensinado em seus primeiros vinte anos" (Sass, 2004, p. 18).
Nos anos seguintes, passou a trabalhar como agrimensor em construção de
ferrovias para diferentes companhias ferroviárias. Essa experiência técnica solidificou
seu interesse pelas ciências naturais, apesar de não lhe agradar. "Ele lamentou sua
inabilidade para embarcar em uma carreira burguesa e se tornar um animal de fazer
dinheiro" (Joas, 1997, p. 16).
A perda da fé cristã convergia com a perda de toda certeza de um significado
metafísico que explicasse a existência do mundo e do homem. O sentimento de
que a vida é ilógica provocou uma crise existencial longa e duradoura em Mead,
deixando-o sem orientação tanto para a escolha de uma nova profissão como de
possíveis planejamentos futuros para sua vida. Quando pensava em exercer o ensino
da filosofia nas escolas, esbarrava no problema do controle clerical dentro das
melhores instituições de ensino e pesquisa do país.
Seguindo o conselho de seu amigo mais íntimo, Henry Castle, contemporâneo na
Faculdade de Oberlin, e guiado tanto pelo desejo de achar significância e um sentido
ativo e socialmente útil, Mead decidiu entrar na Universidade de Harvard em 1887,
apesar de todos os riscos financeiros concernentes a essa empreitada (Joas, 1997).
Em Harvard, Mead se tornou aluno destacado de Josiah Royce, filósofo americano
que desempenhou importante papel na divulgação de Hegel na América, em fins
do século XIX, e na elaboração da vertente norte-americana do neohegelianismo.
Essas bases filosóficas apresentadas por Royce despertaram em Mead um claro
8 I G. H. M E A D (1863-1931): U M AUTOR, DIVERSAS POSSIBILIDADES
180
social ou "dos povos", como propunha o próprio Wundt, seria crucial para suas
circunspecções futuras sobre o se/f construído socialmente.
Depois de um semestre em Leipzig, Mead se transferiu para Berlim, centro com
maiores possibilidades para o estudo filosófico. Novamente com Joas (1997):
181
Nessa fase de sua vida, Mead começou a problematizar de forma consistente suas
inquietações acerca da relação entre homem e natureza e o consequente processo
constitutivo do self. Inferiu, por exemplo, a partir desse ponto de vista processual e
científico, que a universalidade cognitiva não seria garantida pelo "dom orgânico"
comum a todos e a todas; seria mais uma tarefa que deveria ser levada a cabo de
uma maneira ativa e construída socialmente. Isso pode explicar, de certa forma, sua
aproximação profissional com os assuntos, debates, escritos e trabalhos práticos na
área de Educação (Souza, 2006).
Além dessas influências mencionadas, havia outra experiência que o marcaria
em seus tempos de Berlim: sua impressão positiva do movimento alemão social-
democrático trabalhista. Para Joas (1997), seu socialismo chegava a ser influenciado
pelos ideais do "Cristianismo Royciano", e pela esperança de que pudesse alcançar
a realização prática desses ideais na vida cotidiana por meio da sua atividade como
intelectual "reformista".
Em 1891, Mead recebeu uma oferta de trabalho da Universidade de Michigan para
o cargo de professor do Departamento de Filosofia, convite efetivado pelo famoso
8 | G. H. M EAD (1863-1931): UM AUTOR, DIVERSAS POSSIBILIDADES
182
183
greve e também atuava em diversas comissões públicas que visavam reformas sociais
(Joas, 1997).
Durante décadas, Mead foi sócio do Clube da Cidade, chegando a presidi-
lo em determinada época. O Clube era uma associação de notáveis intelectuais e
homens de negócios muito influentes na política local, que se preocupavam com
as reformas para a inclusão e participação política dos imigrantes, a democratização
do planejamento urbano e a reforma dos serviços de saúde municipal. À frente do
Clube, Mead se preocupou com problemas educacionais, publicando um relatório
em forma de livro para o treinamento vocacional nos Estados Unidos. Segundo Joas
(1997), seus artigos dessa época apontam para a ideia de um treinamento vocacional
público integrado à educação formal; o intuito era que os trabalhadores tivessem
certa autonomia em suas escolhas futuras.
184
Foi também em 1900 que Watson mudou-se para Chicago a fim de iniciar sua
tese de doutorado, sob a orientação de Dewey; mas, conforme Farr (1996), em
virtude da incompatibilidade propositiva entre ambos, Watson preferiu mudar de
orientador, passando a trabalhar diretamente com o professor funcionalista James
Rowland Angell.
Até então, Mead e todos os outros profissionais mencionados eram do
Departamento de Filosofia da Universidade de Chicago, que incluía os cursos de
Psicologia e Educação. No entanto, quando John Dewey, em 1904, recebeu novo
convite profissional para se transferir para a Universidade de Columbia, os psicólogos
do Departamento de Filosofia se organizaram e, sob a direção de Angell, criaram
um Departamento de Psicologia, separando-o da Faculdade de Filosofia. Esse fato
explicará, em parte, o desconhecimento de George Flerbert Mead na história da
Psicologia (Souza, 2011).
Mead permaneceu com os filósofos, enquanto Watson transferiu-se para o novo
departamento. "Como consequência desse episódio, muitos psicólogos deixaram de
recomendar o curso de psicologia social organizado e ministrado por Mead, o qual
começou a ser frequentado por sociólogos" (Farr, 1996, p. 82).
De acordo com Farr (1996), os sociólogos de Chicago, especialmente desde
a chegada do professor Ellsworth Faris, em 1920, para a coordenação da pós-
graduação, consideravam a série de palestras sobre psicologia social ministrada por
Mead importante e decisiva para o desenvolvimento da sociologia em Chicago.
Albion Small, mais tarde patrono da cadeira de Sociologia em Chicago, foi quem
8 | G .H . M EAD (1863-1931): UM AUTOR, DIVERSAS POSSIBILIDADES
185
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
do conhecimento, para adquirir o caráter científico, deveria ser um ramo das ciências
naturais que adotasse para a compreensão dos seres humanos métodos objetivos de
pesquisa. Desse modo, ao invés de focar em relatos introspectivos, seria imprescindível
a observação direta de seus comportamentos.
Mead, entretanto, acreditava que a pesquisa deveria centrar-se na linguagem, o
que tornava a psicologia uma ciência social. Além de analisar a linguagem em suas
múltiplas formas de expressão, Mead deteve-se no problema da mente humana.
Watson, por sua vez, interessado na objetividade de todos os fenômenos humanos,
dispensou-a, por considerá-la inalcançável pela observação. Diz ele sobre Mead, em
texto de 1936:
186
instituição e a cidade que tinham sido o seu campo de ação"(Joas, 1997, p. 28).
Mead escreveu, no período de 1894 a 1931, mais de sessenta artigos nas
mais diversificadas áreas, da Física à Filosofia. Deixou valiosas contribuições para
a Psicologia e para Sociologia. Já seus livros foram publicados apenas após sua
morte, fruto de anotações de seus ex-alunos, principalmente Charles Morris, que
editou e prefaciou Mind, Selfand Society: From the Stondpoint ofo Social Behaviorist,
considerada sua obra principal.
187
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
social que foi iniciado por ambos os organismos envolvidos. "Podemos dizer que
essa é uma definição comportamental de um behaviorista social (como, de fato, se
autodenominava o autor)"(Portugal, 2006, p. 466).
Essa interação inicial entre os indivíduos é o primeiro foco de análises e
observações de Mead. Para Martins (2013), o Interacionismo Simbólico, abordagem
microsociológica desenvolvida na Universidade de Chicago que considera crucial a
influência, na interação social, dos significados particularizados de cada membro da
interação social, conta, sem dúvida, com George Mead como um de seus precursores.
Em artigo datado de 1910, Social Consciousness and the Consciousness ofMeaning,
Mead destacou que a consciência não se faz a partir de uma relação instrumental de
um sujeito isolado, ressaltando a importância da dimensão social na relação de vários
organismos de uma mesma espécie.
00
188
Para essa conclusão, Mead (1934/1972) partiu da análise da interação mediada por
gestos entre animais da mesma espécie, especialmente em família de vertebrados
mais desenvolvidos. Ele percebeu que certas ações de um organismo provocavam
respostas instintivas por parte de outros, estabelecendo-se uma "relação de troca",
ou melhor, de adaptação dos gestos e reações de um para com o outro. Faz sentido
Watson (1936) ter mencionado que Mead se interessava pelas suas experimentações
com animais no laboratório, tendo inclusive acompanhado diretamente algumas
delas (Farr, 1996).
Transpondo para a experiência humana essa dinâmica da conversação de gestos
entre animais, Mead, citado por Mendes (2000), demonstrou que o gesto também
aparece como sendo um mecanismo básico mediante o qual se leva a cabo o
processo social, uma vez que torna possível as"reações em cadeia". Isso significa que o
ato social é caracterizado, primordialmente, por um processo de ação e adaptação de
cada indivíduo, por meio dos gestos, às ações e reações dos outros indivíduos. Mead
(1972) procurou demonstrar que, a partir dos gestos, surgem os sinais, os símbolos e,
posteriormente, as convenções semânticas válidas intersubjetivamente, inaugurando
a linguagem como algo que faz parte da conduta social.
Para Jürgen Flabermas (1988), Mead foi o primeiro a tomar o enfoque performativo
da primeira pessoa em relação à segunda -"e principalmente a relação simétrica fu
me - como chave para a sua crítica ao modelo do espelho, isto é, a autorrealização
do sujeito que se objetiva a si mesmo" (p. 197). "A ideia com a qual Mead rompe
esse círculo da reflexão auto-objetivadora impõe a passagem para o paradigma da 8 | G .H . M EAD (1863-1931): UM AUTOR, DIVERSAS POSSIBILIDADES
189
190
191
seu próprio produtor. Nesse sentido, ele é capaz de usar sua mente (experiência) para
si, pois a pessoa é ao mesmo tempo agente e objeto nesse processo. A construção
de um Eu ocorre necessariamente de forma paulatina e a partir do ponto de vista
dos outros eus do seu grupo social. "Nessa concepção, a mente não é um produto
espontâneo de um indivíduo, mas a expressão de formas organizadas de experiências
sociais" (Portugal, 2006, p. 468). Para Sass (2004), esse é o terceiro ardil humano, que
"permite ao homem internalizar conscientemente o mundo exterior, e suplantar a
si mesmo, convertendo a si mesmo, como consciência de si, no seu outro. É o que
Mead, e outros autores denominam diálogo interiorizado" (p. 205).
Vejamos como o próprio Mead define essa postulação sobre a formação da mente
e do pensamento:
192
Para Mead (1972), a cultura material não deve ser considerada um conjunto de
objetos que se destacam apenas por sua utilidade cotidiana. É, antes de tudo, um
sistema de signos e símbolos construídos socialmente, mediados por produtos
coletivos, que participam da elaboração da teia social. A materialidade é, pois,
revestida de um simbolismo social impregnado de significados que se proliferam
e surgem da interação do indivíduo com os objetos físicos. Portanto, nessa relação
de confronto e adequação entre o homem e as entidades físicas, os objetos
tornam-se realidade, passam a ser algo, adquirem significados sociais, sendo
percebidos pela coletividade como uma produção do grupo. O indivíduo, por sua
vez, ao aproximar-se das coisas, compreende e descobre a si mesmo, conseguindo
distinguir o "eu" do "outro".
Quando o homem começa a tocar, perceber e manipular as coisas que o cercam,
o mundo torna-se um ambiente social e físico propício à existência humana. O corpo
que possibilita o contato físico com as coisas (as mãos, por exemplo) concedendo-lhes
forma e contorno físicos, inaugura um mundo material, o que, por sua vez, assegura a
constituição do self, delimitando-o e separando-o das coisas que o cercam. À medida
que o homem se relaciona com as materialidades que circulam a sua volta, o seu self
paulatinamente se constitui, assumindo uma forma corporificada e encarnada, que
o torna um "eu" físico. Ocorre, portanto, a materialização da persona, a encarnação
de um self originariamente sem forma e sem contornos físicos. O contato com as
entidades materiais fornece ao indivíduo os limites do seu próprio corpo, que o
separa das coisas externas. Por isso, para Mead, o mundo físico e material é também 8 | G .H . M EAD 0 8 6 3 -1 9 3 1 ): UM AUTOR, DIVERSAS POSSIBILIDADES
193
grupo, apresentando, além das atitudes generalizadas, novas ações, provoca uma
série de novas reações no outro, contribuindo para transformações nas redes sociais.
Para explicar essa possibilidade da diferenciação e individuação em meio à força
dos influxos sociais, Mead, didaticamente, divide o se/fem dois componentes: o "mim"
e o "eu". Para Mead, esses dois componentes são indissociáveis. O "mim" consiste na
"reprodução" de reações socialmente construídas e organizadas, na internalização
do outro generalizado e das regras sociais, e na identificação do sujeito com sua
comunidade cultural. É a presença do outro na consciência do indivíduo.
Não obstante, há outra característica marcante que se expressa no outro
elemento que lhe é constitutivo: o "eu". O "eu" é a reação inusitada do sujeito às ações
da sociedade, transformando-a; representa as atitudes novas assumidas e criadas
pelo indivíduo diante das reações sociais formalizadas. É a emergência do novo, da
espontaneidade, do que não estava anteriormente presente na experiência individual,
que surge como resistência às atitudes coletivas, modificando a teia social. O "eu" é a
fase do self que exterioriza, reagindo à atitude dos outros.
Enquanto o "mim" exprime a convencionalidade, a tradição e a adaptação, o "eu"
indica a novidade, a originalidade e a criatividade.
O "eu" é a reação do organismo às atitudes dos outros; o "mim" é o conjunto
organizado das atitudes dos outros que o indivíduo adota para si mesmo. As atitudes
dos outros constituem o mim organizado e então o indivíduo reage a elas como um
"eu"(Sass, 2004, p. 265).
8 | G .H .M E A D (1863-1931 ): U M AUTOR, DIVERSAS POSSIBILIDADES
194
Para o autor, por exemplo, qualquer tipo de indignação social repousaria em alguma
espécie de adaptação e aceitação dos ditames sociais, pois somente assim poderia
fazer algum sentido.
Em todo caso, é importante ressaltar que para Mead, o indivíduo não se encontra
completamente preso às determinações grupais. Há brechas nas pautas de conduta
coletiva organizada que lhe permitem modificar o que está estabelecido, construindo
novas formas de ser e agir. É a possibilidade de perceber-se distinto da massa, de
dialogar consigo mesmo e de refletir sobre as atitudes sociais constitutivas da
estrutura de sua identidade e da sociedade humana, que pode contribuir para o
surgimento de mudanças no espaço coletivo.
Finalizando esta incursão pela teoria meadiana, ainda um exemplo que destaca
a proíicuidade teórica desses constructos e a possibilidade criativa de conjugação
dos mesmos. Sass (2004) destaca um aspecto importante advindo da noção de
self, formulada por Mead: a possibilidade de se pensar na contribuição do conceito
para o entendimento dos chamados comportamentos patológicos. Já que o self é
produzido pelo confronto do'eu'com o'mim', o que deveria resultarem uma unidade
nem sempre ocorre; unidade esta que, por razões externas ou internas ao indivíduo,
pode se desfazer. Quando essa coerência entre as instâncias do self não é possível,
caracterizam-se as dissociações da personalidade. "A união das fases do self expressa
o que chamamos de comportamento racional; a completa desunião evidencia o que
poderíamos chamar de origem social da loucura" (Sass, 2004, p. 275).
8 | G .H . M EAD (1863-1931): UM AUTOR, DIVERSAS POSSIBILIDADES
Considerações Finais
Pelo exposto, crê-se demonstrado o quão interessante, didática e profícua pode
ser a interlocução da teoria de George Herbert Mead com a ciência psicológica,
principalmente com o behaviorismo e com a psicologia social. Nesse sentido,
torna-se crucial compreender e difundir sua história e teoria. Suas produções
conceituais embasam e continuam a fazer parte de trabalhos em diferentes áreas
de conhecimento. Seria contumaz e injustificável a psicologia não se aproximar, e de
certa forma, também não se apropriar de uma obra pioneira em vários aspectos do
entendimento acerca da correlação entre o homem e a sociedade.
Concorda-se com Portugal (2006) que definir George Mead como psicólogo,
filósofo ou sociólogo seria uma captura imobilizante, haja vista a abrangência e
inserção teórica de sua obra nos referidos campos do saber.
195
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Ressalta-se, por fim, de acordo com Sass (2004) e Souza (2011), que foi descabida
e um disparate a ausência por tanto tempo de traduções brasileiras dos textos
originais de Mead, principalmente seu texto clássico, Mind, Selfond Society: From the
Standpoint ofo Social Behaviorist (1934). Só muito recentemente (2010) foi traduzido,
mas com a imperfeição de ser difícil encontrá-lo, pois nos descritores e catalogações
bibliográficas aparece apenas o nome do organizador da obra, Charles W. Morris
[2010, (1934)], sem menção a Mead, o que acaba contribuindo decisivamente para
sua pouca difusão na psicologia nacional.
Referências
Andery, M. A., Micheletto, N., & Sério, T. M. A. P. (2004). Para compreender a ciência: Uma
perspectiva histórica (13a Ed.). Rio de Janeiro: Gramond; São Paulo: Educ.
Antunes, M. A. M. (1998). Algumas reflexões acerca dos fundamentos da abordagem
social em história da psicologia. In J. Brozek, & M. Massimi (Orgs.). Historiografia da
psicologia moderna - versão brasileira (pp. 363-372). São Paulo: Loyola.
Berger, P. L, & Luckmann, T. (2004). A construção social da realidade: Tratado de
sociologia do conhecimento (F. S. Fernandes, Trad.). Petrópolis: Vozes. (Obra original
publicada em 1966).
Farr, R. M. (1996). As raízes da psicologia social moderna (P. A. Guareschi, & P. V. Maya,
Trads.). Rio de Janeiro: Vozes.
Germani, G. (1972). Presentación de la edición castellana. In G. Mead. Espíritu, persona
y sociedad: Desde el punto de vista dei conductismo social (F. Mazía, Trad., 3. Ed.).
8 | 6 . H. M EAD (1863-1931 ): ÜM AUTOR, DIVERSAS POSSIBILIDADES
196
197
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
9 E. R. GUTHRIE (1 88 6 -1 9 5 9 ): A
BEHAVIORISM FOR EVERYONE
John C. Malone
A good starting point for the consideration of mainline behaviorism is the theory
of Edwin R. Guthrie, a writer who showed the mathematician's preference for elegant
simplicity. His theory is eminently useful, but its apparent simplicity meant that it is
like Zen - easy to describe, but difficult to grasp. It is a sophisticated associationism,
more general and more subtle than the crude S-R version familiar to us. In fact,
Guthrie's behaviorism is better suited to be a basis for modern behavior therapy than
is the extremely-simplified version of Skinner's psychology that is currently assumed
to form the basis for applied behavior analysis.
Behaviorism became a generic label long ago and, like "grass", "meat" and "mind",
it refers to many things; there are many kinds of behaviorism1. B. F. Skinner's popular
writings have made his name synonymous with the word "behaviorism" in the eyes
of the general public, though almost no one fully grasps his real vision and even he
seemed to lose his grip on it in his last years (Malone, 1975, 1999, 2009). Skinner had
momentous insights in the 1930s: he defined the reflex of Sherrington in operational
terms (1931) and extended the reflex definition to behavior in general (1935).
He introduced a plan for the study of psychology as behavior in 1938 and in 1945
explained how a radical behaviorism could treat mental entities in a satisfying way.
9 | E.R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR EVERYONE
Finally, in 1974, About Behaviorism rendered the basics of radical behaviorism clear to
any educated reader. Or one would think.
For the average lay reader (and for almost all applied behavior analysts), he may
as well have been writing in Jabuti or Welsh, since his subtlety could not begin to
compete with the folk psychology that permeates society. His later popular writings
only strengthened this interpretation. Accompanying those writings, a caricatured
version of that subtle and profound interpretation of behavior has become the basis
for the mammoth applied behavior analysis industry, a version almost as influential
as was Mao's "Little Red Book." The three-term contingency, stimulus-response-
reinforcement (S-R-X), banal as it is, along with a few ancillary concepts, is the basis
201
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
for behavior therapy (aka applied behavior analysis) and is Skinner's behaviorism in
the opinion of most people. The reader need only examine an issue of the Journal
of Applied Behavior Analysis to see that this is true. I think that behaviorism needs a
better representative.
In fact, there is a behaviorism that is tied to the history that Skinner rejected and
that explains behavioral phenomena in a satisfying way, offers many applications
and better describes what is actually done in behavior analysis without the aura of
simple-mindedness that accompanies the three-term contingency. I argued long ago
(Malone, 1978) for Edwin Guthrie's theory as a step-up for applied behavior analysis
and I have not changed my mind over the years.
learning" can be summarized in the single noun habit. In a real sense he represents a
continuation of the practical associationist psychologies of the 19th century and as
I showed elsewhere (Malone, 2014), those psychologies are more modern than we
usually acknowledge.
202
In the strict sense all human behavior consists in muscular contraction and
glandular secretion (...). But almost no one is interested in his neighbor's
muscles and glands (...). What really interest him are the probable changes in
his own situation that may result from his neighbor's activity. Most words for
his neighbor's activity name not patterns of muscular contraction but common
and typical effects of such patterns. (Guthrie, 1944, p. 50)
These "interesting" activities are called acts and they are named for their
consequences:
Going to lunch, driving home, putting a coin in a slot, telling a story - there are
achievements that might in each case be brought about by a wide variety of
movements. You can go to lunch in a wheelchair, or by inducing someone to
carry you. Tne coin could be put in the slot with the teeth or the toes, or the
right or left hand. (Guthrie, 1944, p. 50)
Guthrie went on to say that the name of the act does not include a description
of specific muscles involved or of their order and extent of contraction and is
therefore vague.
Personality traits are even less specifically defined in muscle movements, as is
clear when we say that someone is "likable," or "honest," or "irascible".
Honesty does not name a pattern of muscular response but a large indefinite
9 | E.R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR EVERYONE
class of responses whose common property is that their verbal description will
not excite widespread condemnation. There are a million ways to be honest in
any situation - not a million names of ways but a million or an infinity of actual
patterns of movement. (Guthrie, 1944, p. 50)
The "act" of honesty may occur in countless separate actions. Like Zing-Yang Kuo
(1921), Guthrie opposed using accounts that seem to explain, but only classify in
terms of what we interpret as goals. Most behavior is not goal directed and we are
misled if we treat it as if it were, though we watch the child put dirt in its mouth and
reach for the flame, just as we make the same errors time after time.
Personality theorists like Gordon Allport and Kurt Lewin, who Guthrie criticized,
ignored the most important part of personality - the role of learning in the
203
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
development of personality traits. And learning has to apply to what we actually do,
not to names for complex activities that we can see only as more or less "adaptive".
This mannerism may remain for years though all subsequent collars have been
larger. The movement was originally started and guided by the pressure of
collar on the neck. It now guides itself and can be started by odd components
of the situation "beginning a speech". (...) Our style and manner of greeting
acquaintances, telling an anecdote, making love, eating a meal, driving a car,
selling an insurance policy, of doing anything that we do often, become more
characteristic of us than of the situations we confront. (Guthrie, 1944, p. 55)
Stereotypy is the fabric of our lives, applying not only to our overt movements,
9 | E. R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR EVERYONE
but to our entire mental life as well. If we are astute enough we can see it in our
own behavior, in the behavior of our colleagues, friends, and students, and in
psychopathology. The best part is that we need not posit hypothetical and vague
sources of"reinforcement"to do this.
204
2 This and other of Guthrie’s (1944) examples remind us of Gordon Allport's (1938) arguments for the
functional autonomy of motives. The concept of functional autonomy has been attributed by Allport
to Edward Tolman and byTolman to William McDougall. We find it in the writings of John Gay and
could probably trace it back further. Curiously, Allport and Guthrie frequently criticized one another,
particularly regarding Guthrie's interpretation of the law of effect. See Guthrie (1952).
205
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
this, pointing out that much that we do is not purposive, but aimless, useless, and
often maladaptive.
No one denies that rewards and punishers are important and obvious determinants
of some of what we do and think. What Guthrie denied was the primacy of rewards
and punishers - he did not view them as primary and unanalyzable events. When
something acts to change a situation so as to preserve the association between the
previous situation and the last act done, that is a case of reward, or reinforcement3.
A rat turns right in a T-maze and comes into contact with a food dish. It begins to
eat, leaving the "previous situation", the sights and smells of the maze, connected
to turning right at the choice point. Someone asks me the date of the fall of the
Byzantine Empire. I respond "1936?" and am told "no." So I continue proposing dates
until I say "1453,"followed by "right."The last thing that I said was the response most
likely to recur the next time that the situation occurs. The situation recurrence will not
be an exact duplicate nor will my response.
Punishment, like reward, is also what Guthrie called a "mechanical arrangement"
that constitutes another variation on one-trial contiguity learning. Rewards end a
series of activities, preserving the association between the situation and the last act
before the situation changes - food may act as a reward for coming when called.
But the "reward" aspect does not lie in the object that is nominally the reward; rather,
it lies in what it makes the subject do. Eating is a behavior different from walking
and pressing a lever, so it may serve as situation change and leave intact the relation
"situation-coming when called". But this is not because food is always rewarding!
Food may act as a punisher, as when we are forced to eat when sated or when we
9 | E. R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR EVERYONE
are prepared to do something else. Rewards stop what we are doing and preserve
its association to the situation. Punishers prod us to act and so preserve the new
behavior they produce, such as flinching or withdrawing, rather than the behavior
preceding the prod.
3 It may seem curious to some readers to learn that Guthrie's interpretation of reinforcement and
punishment was endorsed by Skinner, though not publicly (Verplanck, 1994). I learned of it through
a personal communication from Bill Verplanck on several occasions, as well as through reading the
transcript of his talk.
206
She had not spoken Norwegian since the death of her grandmother when
she was five and believed that she had forgotten the language. But during
her stay in Norway she astonished herself by joining in the conversation. The
language and atmosphere of her childhood revived words and phrases she
could not remember in her American home. But her conversation caused
much amusement among her relatives because she was speaking with a facile
Norwegian"baby talk."If her family in America had continued to use Norwegian,
this "baby talk" would have been forgotten; its associations with the language
destroyed by other phrases. (Guthrie, 1942/1976, p. 40)
She spoke the Norwegian that she spoke last, now aroused by "the language and
atmosphere of her childhood". And that language, of course, was baby talk.
To say that we do in a situation whatever we did last in the "same" situation is to
say that our responses depend on context.This often means combinations of aspects
of past situations, so that, for example,"walking on ice"is a combination of two classes
of stimuli. There are those that have accompanied normal walking and another set
that have accompanied falling. Thus, the altered pattern of walking is a mixture of
normal walking and protective movements that occurred when we fell in the past. By
the same token, when we "read while fatigued,"we learn something new because the
fatigue prevents us following as we read - we learn to read without following, as we
discover when we try to recall what was read.
Guthrie proposed that intentions, readinesses and expectations were all fractional
parts of complete reactions evoked because part of a stimulus complex was now
present. This is pretty much what Edward L. Thorndike meant by "readiness" and
it may consist of motor behaviors, vocalizations, imaginings, and any other of our
activities. To appreciate what he meant, consider reading when we do it for pleasure
versus when it is done in preparation for an examination an hour away. Or when we
are called on to recite, it is much easier when we expect it than when we are taken by
surprise4 Part of the reason for this lies in the fact that when we expect something we
4 Both humans and rats prefer to receive signaled, rather than unsignaled aversive events. Oddly,
however, several lines of evidence suggest that signaled electric shock is judged more painful than
unexpected shock. SeeTurkkan (1989).
207
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
are already "doing it," at least in part. Thus, we may be partially reciting, in the form of
insignificant body movements, when we know that we will be called upon.
other hand, I can ride a bicycle and play chess, activities that are not easily forgotten.
The movements involved are shared by fewer other activities and are thus less likely
to become attached to new cues.
Guthrie's view of forgetting as replacement has received a mass of empirical
support, as is evident in the cognitive psychology textbooks of the late 20th century.
His replacement theory is also called the theory of associative interference, the view
that forgetting amounts to the interfering influence of new material on that already
learned, or vice versa. The originator of the interference theory was, of course Georg
E. Muller, summarized in his 1900 monograph with Alfons Pilzecker.
208
It is my belief, though certainly it is not an established fact, that all thought trains
depend on movement trains, and that in all instances the association of ideas
is an association of successive movements through conditioning. St. Augustine
(Dedivin. Daemon.) was of this opinion for he explained the fact that the devil,
though he was not omniscient, could so well read human intentions and
thoughts by the fact that all thoughts are accompanied by slight appropriate
movements and the devil's skill was in the recognition of these movements.
(Guthrie, 1952, pp. 91-92)
Guthrie's writings are replete with arguments for the close relation between
muscle movements and thought and he often cited (E.g., 1952, pp. 91, 184) the
persuasive case made over more than a 50-year span by Edmund Jacobson, best
known for his (1929) Progressive Relaxation, which was a hallmark in so-called
9 | E.R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR EVERYONE
"psychosomatic" medicine.
5 Bain's "Principle of Diffusion" was presented in the late 1800s and was contested by no one. See Malone
(2014). Of course, John B. Watson held the same view regarding the whole-body as a resonator to
stimuli.
6 For example, Margaret Floy Washburn, first woman to receive a PhD in psychology in America and
Titchener's first PhD student, as well as Flugo Munsterberg.
209
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
210
Stoltz and two colleagues at the National Institute of Mental Health (NIMH) (Stoltz,
Wienkowski, & Brown, 1975). Among the methods they described were reinforcement
and punishment, systematic desensitization (Guthrie's counterconditioning and
toleration methods), overcorrection, and assertiveness training. The last two
applications deserve some comment.
The overcorrection method entails forcing the author of a misdeed to atone by
substituting the proper behavior for an improper one. A child or a mental patient may
be required to repeatedly make a bed if the misdeed was messing up the bed and
a child who throws food may have to repeatedly clean it up. As ever, such practice
ensures that whatever was the last act performed in a situation is the one that is
preferred by society.
Assertiveness training is best done through role playing, so that in a sham situation
where someone pushes ahead of you in line, you speak up and demand your rights.
Such a method exemplifies Guthrie's emphasis on action done in situations where we
want new behavior to occur. All of the verbal counseling in the world and all of the
soliloquies on "rights"are without meaning unless behavior also changes.
Self-injurious behavior has been a focus of interest over the past few decades
and a Guthrian interpretation applies to it as well. I will show how toward the end
of this chapter in a broader research context to which it belongs. First, a simple
misunderstanding and resulting criticism of Guthrie's theory needs a few words of
clarification and reproof.
Guthrie and a colleague, George. P. Horton, published the results of a famous set
of experiments in 1946, though the data were collected in the 1930s. Cots in o Puzzle
Box was a kind of replication of Thorndike's 1898 experiments, but with a different
aim in view. Thorndike was simply trying to show that ideas are not necessary for the
mediation of what appears to be purposeful behavior - escape from a puzzle box.
Guthrie and Horton, on the other hand, wanted to determine whether the details of
such behavior are as predictable as the end result. They were not concerned with the
learning to get out of the box, but with precisely what went on inside the box.
Ironically, their work was criticized in 1979 by authors who misinterpreted their
intent and their data. Moore and Stuttard (1979) provided an example of what has
occurred repeatedly in the history of science: the misinterpretation of a position so
that it becomes a straw man and the subsequent refuting of the "straw position".
211
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Consider what Guthrie and Horton actually did in their classic research and then see
how the theoretical climate of the late 1970s predisposed many to accept Moore and
Stuttard's critique as valid.
Guthrie and Horton (1946) used a box with a large glass front and a pole mounted
vertically on the floor or, in some cases, hanging from the ceiling of the box. A total of
800 escapes by 50 cats were observed. In each case, the cat was inserted into the rear
of the box by means of a smaller box, so that it was not touched by hand. After a wait
of from ten seconds to a minute in the entry box, the cat was released into the large
box. For the first three trials the glass front door was open and the cat could leave the
box and eat from a saucer of salmon. On remaining trials, it was up to the cat to get
out of the box on its own.
To open the door, the cat was required to apply pressure to the pole (or to the
tube), leading subsequent writers to believe that it was the learning of this one act -
any response that applied pressure to the pole - was the focus of the experimenter's
interest. They were wrong, as was clear in Guthrie and Horton's writing.
The cats were watched and sometimes filmed as they made their escapes. If not
filmed, a written record of the cat's behavior was made. After an average of fifteen
minutes of exploration, the cat usually hit the post and the glass door was raised. But
usually the post was the last feature of the box to be examined. First the cat spent a
lot of time examining the barrier and the periphery of the box. After its escape, the
cat was replaced in the box until it escaped again, at which time it was placed back
in the box and so on. Naturally, the time required for successive escapes decreased.
What was surprising and difficult to convey to readers, as Guthrie noted, was the
9 | E. R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR EVERYONE
tremendous amount of stereotypy shown during the entire period that the cat was
in the box. Each cat showed a "startling repetition of movements" during its whole
stay in the box - a matter of minutes, usually. Stereotypy was not restricted to the
movements that led to escape. For example, it was common for a cat to repeat a
triple tour of the periphery, including frequent stops, in detail from one trial to the
next. Further, the "unsuccessful" movements, those that did not contribute to escape,
did not fade. In fact, they were often as frequent during the last trials as they were
at the beginning.
Guthrie and Horton wrote that they were unable to predict the behavior of a given
cat on the first trial, but "after watching the cat through one trial we can bet rather
heavy odds that the second trial will repeat the routines of the first". Let us consider
another class of findings where Guthrie's theory seems to apply uniquely.
212
7 Allport (1938) listed examples of what we call contrafreeloading dating back to 1917. Notice that
the phenomenon of functional autonomy applies to cases of conditioned reinforcement and that
contrafreeloading could be interpreted as showing that conditioned reinforcement may become
independent of the primary reinforcers that support it.
213
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
and needs and drives and whatever originally engendered it applies to human
psychopathology, of course. William Hunt and his colleagues (1979) described effects
similar to those described above but occurring in human patients and they noted the
relevance of Guthrie's theory to such data.
turned to the left when the magazine operated it would then turn repeatedly to the
left and likely be doing so when the magazine operated again. Eventually another
behavior, such as preening, would be paired with a "stop", and preening would recur
until another adventitious behavior took its place. What better illustration ofGuthrian
stereotypy could exist? Rather than think of food reinforcement as "reward", which
is commonly the case in behavior analyst's commentary, where we see reference
to comments such as "wherever they find their reinforcers". Guthrie's interpretation
shields us from such inadvertent slips into folk psychology and keeps us fixed on what
actually occurs.
A similar illustration was a focus of interest a few decades ago, when Harvard
researchers showed the overriding influence of stereotypy in schedules of
"reinforcement" even when the reinforcers were not appetitive (Morse & Kelleher,
1977). Their findings were not reported in textbooks or by the popular press since
214
an extra shock occurs every 10 minutes. Once responding stabilized the procedure
was changed so that only a fixed-interval 10 minute schedule was in effect and the
only consequence was electric shock. The record of responding was common to all FI
schedules - a several-minute pause after "reinforcement" and increased response rate
(a scallop pattern) as the interval end approached. If the cats did not respond when
the FI requirement was met, no shock would ever occur, yet they continued showing
the FI response pattern for more than 80 daily sessions!
Many more examples could be given, but the principle was made clear by Morse
andKelleher .They maintained that behavior depends on three factors, in this order
of importance: ongoing behavior, schedule contingencies, and least important, the
event scheduled as a consequence. Guthrie would say that a consequence preserves
the link between the situation and whatever behavior was occurring and that no
215
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
brief, there is very fragile evidence that new reinforcers are established through
association of some sort with already-potent reinforcers. The aggregate of laboratory
research shows that the pairing of new stimuli with known reinforcers lends only
feeble power to those stimuli. Yet, tokens (including money) work well in controlling
behavior. How can that be?
The answer lies in our mistaken assumption that some things (food, water, sex)
have inherent value while other things (tokens, praise) have no value in themselves,
only because they are associated with something else. Every time that a child is
reluctant to turn in tokens for candy and every time that we work on a paper while
tired and hungry, the plausibility of the traditional account is called to question. It is
odd that conditioned reinforcers may be more powerful than the real reinforcers from
which there power derives, but it is commonly true.
9
216
If we take a Guthrian look at what happens when new reinforcers are formed, we
see that they do have something to do with current reinforcers. But it is not because
they predict food, water, warmth, or other "real" reinforcers. Reinforcers con be
acquired but it is not because they are associated with current reinforcers or because
they predict them, at least, not in a straightforward way. Here is how they work and
Guthrie's theory may be the best in explaining the effect.
Neuringer and Chung (1967) found that new stimuli, such as brief darkness or
tones, could act as potent reinforcers when presented in a specific way. In the simplest
case, they reinforced pigeons'key pecks according to a variable-interval (VI) schedule
of reinforcement - on average, once a minute a key peck produced brief access to
food. After baseline levels of responding were established, conditions were changed:
now every eleventh response produced some consequence. In some conditions the
consequence was a brief tone and in others the chamber was briefly darkened. In
others the key light was briefly turned off - the exact nature of the consequence
didn't matter, as long as each eleventh response produced something.
Thus, the birds were getting food on the average of once a minute, since the VI
one minute schedule was still in effect, and every eleventh peck produced a tone (for
example). What did the added tones (or flashes or other brief stimuli) do to response
rates? There was no effect, of course - all that the added and so-far meaningless
stimuli that followed every eleventh peck could do is momentarily distract. But that
effect would be short lived.
But a slight change in procedure produced strong effects. Programming
equipment determined when a peck would produce food and that was on the
| E.R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR EVERYONE
average of once a minute. But now something else was added - something happened
after every eleventh peck! If the VI timer programmed a food delivery during the
time the 11 pecks occurred, food was given after the 11th peck. Otherwise, a tone
sounded, or in other conditions, a light flashed or the chamber briefly darkened -
something happened after every 11th peck and only after every eleventh peck. So, the bird
would peck along and receive a brief stimulus, such as a tone, and go on until another
11 pecks occurred and receive another tone. But sometimes (15% of the time) the
11 th peck was followed by food. In sum, something always happened after 11 pecks
following the last tone or food and 85% of the time it was another tone, while 15% of
the time it was food. Response rates almost immediately doubled. Why?
Consider something else. When the same pattern of food and other stimuli was
scheduled, no change in responding occurred. So birds receiving brief blackouts or
9
217
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
tones or other brief stimuli following every 11th response but who received food
for the first response after the VI programmer schedule reinforcement showed no
change in responding. Added brief stimuli produced large increases in responding when
they were produced in exactly the same way that food was produced - by 11 responses
or according to some other rule. The same effect occurred when a fixed-interval-like
requirement was added to the VI schedule of food delivery.
Is this the key to acquired reinforcement, or at least to many instances of it? It
doesn't refer to "neutral" events that come to predict consequences that are already
reinforcers, since the brief stimuli don’t really predict food - they predict no food, at
least for the short run. What they do is confirm the effectiveness of responding in a
certain way; something always happened after 11 responses and sometimes that was
food delivery.
There are several ways to interpret this effect, but the best may be in Guthrie's
terms. That is, once a behavior is established by whatever consequences, it shows a
stereotypy that can be maintained by other consequences, or"stops". It is plausible that
tokens, money, praise, and attention, as well as criticism and putative "punishment"
may maintain already-stereotyped behavior. When an infant is good, it is petted and
stroked; later the same class of behavior produces attention and praise and later it
produces a dollar. If good behavior and hard work were followed only by the smell
of perspiration and the feeling of sore muscles, wouldn't the occurrence of such
behavior change? But when hard work is occasionally followed by an improvement
in circumstances, or money or praise, which are already effective, perspiration and
soreness may serve to maintain the hard work.
9 | E. R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR EVERYONE
For practical purposes, the implications are clear. Anything, be it a word, a token,
the opportunity to do something, or even verbal criticism, may become an acquired
reinforcer if it is made available according to the same contingencies that produce
a Iready-effective reinforcers. Serious studying by a high school student may result
in good grades on an examination or by parental praise day by day. Given such a
history, suppose that we substitute a different stimulus once in a while. Instead of the
customary praise, we say, "you've done such a good job studying - I'm going to let
you clean the bathroom tomorrow!". Assuming that bathroom cleaning has not been
used as a punishment in the past, and that praise ordinarily occurs on such occasions,
we might establish a new acquired reinforcer.
218
Conclusion
I suggested long ago that Guthrie's conception of learning was more applicable
to practical situations than is the better known theory of B. F. Skinner (Malone, 1978)
and maintained that view through the writing of a textbook on learning theories
(Malone, 1990) and through the preparation of a history of psychology textbook
(Malone, 2009). Guthrie's was the real contextualism, relying on situations as cues for
actions. Guthrie never gained the following that Skinner and Hull eventually enjoyed
and it is likely that even Watson and Tolman attracted more attention. Further, it is
almost certain that derivatives of Skinner's view, what might be called molar behavior
analysis8, are more useful in understanding behavior in general than is Guthrie's one-
trial contiguity learning. Applied behavior analysis has a far narrower focus and when
it comes to practical matters, such as changing our own habits or those of others,
Guthrie's principle is unbeatable. But it does require careful attention to specifics
of both situations and behaviors, especially concerning expert identification of the
behavior at the last instant in that situation.
References
Allport, G. W. (1938). Personality: A psychological interpretation. New York: Holt, Rinehart
and Winston.
Barnes, J. M., & Underwood, B. J. (1959). "Fate" of first-list associations in transfer theory.
Journal of Experimental Psychology, 58, 97-105.
Baum, W. M. (1997). The problem with time. In L. J. Hayes, & P. M. Ghezzi (Eds.,),
| E.R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR EVERYONE
219
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Guthrie, E. R. (1952). The psychology of learning (rev. ed.). New York: Harper & Row.
Guthrie, E.R. (1976). Conditioning: A theory of learning. In W. S. Sahakian (1976).
Psychology of Learning: Systems, models, and theories. Chicago: Markham. (Original
work published 1942).
Guthrie, E. R„ & Horton, G. P. (1946). Cats in a puzzle box. New York: Rinehart.
Hunt, W. A., Matarazzo, J. D., Weiss, S. M., & Gentry, W. D. (1979). Associative learning,
habit, and health behavior. Journal of Behavioral Medicine, 2 ,111-124.
Jacobson, E. (1929). Progressive relaxation. Chicago, IL: University of Chicago Press.
Kuo, Z. Y. (1921). Giving up instincts in psychology. Journal of Philosophy, 17,645-664.
Mackintosh, N. J. (1983). Conditioning and associative learning. New York: Oxford
University Press.
Malone, J. C. (1975). William James and B. F. Skinner: Behaviorism, reinforcement, and
interest. Behaviorism, 3 ,140-151.
Malone, J. C. (1978). Beyond the operant analysis of behavior. Behavior Therapy, 9,
584-591.
Malone, J. C. (1991). Theories of learning: A historical approach. Belmont, CA: Wadsworth.
Malone, J. C. (1999). Operants were never "emitted", feeling is doing, and learning
takes only one trial: A review of B. F. Skinner's (1989) Recent issues in the analysis
of behavior. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 7 1,115-120.
Malone, J. C. (2009). Psychology: Pythagoras to present. Cambridge, MA: MIT Press.
Malone, J. C. (2014). Did John B. Watson really "found" behaviorism? The Behavior
Analyst, 37(1), 1-12.
Moore, B. R., & Stuttard, S. (1979). Dr. Guthrie and felis domesticus or: tripping over the
9 | E.R. GUTHRIE (1886-1959): A BEHAVIORISM FOR EVERYONE
220
221
10 THE NEOBEHAVIORISM OF
K .W . SPENCE (1 907 -19 67)
Joy Moore
Biography
Kenneth Wartinbee Spence was born in Chicago, Illinois, in 1907 and moved with
his family when he was four to Montreal, Quebec, Canada. He attended high school in
10 | THE NEOBEHAVIORISM OF K.W. SPENCE (1907-1967)
Montreal, where he participated in basketball, tennis and track. After high school, he
enrolled in McGill University in Montreal but injured his backduring track competition.
While convalescing, he lived with his grandmother in LaCrosse, Wisconsin. There,
he attended LaCrosse Teachers College and majored in physical education. He also
met his first wife, Isabel Temte, with whom he had two children, Shirley Ann Spence
Pumroy and William James Spence. After his convalescence, he returned to McGill,
where he switched his major to psychology and earned a BA (Bachelor of Arts) in 1929
and MA (Master of Arts) in 1930.
Upon completing his studies at McGill, Spence continued his graduate studies
at Yale University, where he served as a research assistant to Robert M. Yerkes, noted
225
comparative psychologist and primatologist. He took his PhD under Yerkes in 1933
with a dissertation on visual acuity in chimpanzees.
During Spence's time at Yale, he was also greatly influenced by the behavior
system of Clark L. Hull. As was much of the world, America was experiencing the Great
Depression, and the credibility of many societal institutions was sorely challenged.
According to Smith (1986), in 1929 the Rockefeller Foundation awarded a $ 10 million
grant to Yale to establish an interdisciplinary research institute that would develop
a coherent research program unifying the social and biological sciences, and to
some extent restore confidence in societal institutions. The research institute came
to be named the Institute of Human Relations (IHR). Yale recruited Hull as a research
professor, and Hull set about developing IHR programs. As a research professor, Hull
had no formal teaching duties, but usually conducted a two-hour graduate seminar
each week to review some problem in systematic behavior theory. Among the
concerns over the years were how to translate concepts from other approaches to
psychology, ranging from Hermann Ebbinghaus on memory to Sigmund Freud on
personality and psychopathology, into the language of experimental psychology
and concepts of conditioning processes. Spence participated in Hull's seminars,
and quickly became affiliated with the approach to conditioning, learning, behavior,
motivation, and methodology that Hull sought to develop. Also while at Yale,
Spence worked on a project that tested some implications of the Hullian approach
to analyzing maze learning in the rat. This project expanded Spence's background
from sensory processes to actual behavior, the latter as viewed through the lens of
the Hullian system, although Spence's interests in sensory processes remained active
throughout his career. More is said throughout this chapter about the important
10 I THE NEOBEHAVIORISM o r K.W. SPENCE (1907-1967)
226
of Experimental Psychologists and awarded the Howard Crosby Warren Medal for his
record of outstanding research. In 1955, Yale University invited Spence to deliver the
Silliman Lectures. According to Kendler (1967), the Silliman Lectures were
[A] prestigious series which up to that time had been given by distinguished
physical and biological scientists the likes of Ernest Rutherford, Enrico Fermi
and Charles Sherrington. To Spence this was not only a personal honor but
also a recognition of the maturity of the science he represented. (...) The
lectures, later published as Behavior Theory and Conditioning (1956), reveal the
intimate and fruitful reciprocal relationship between Spence's theorizing and
experimentation, (p. 339)
227
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Neobehaviorism
Kenneth Spence was a neobehaviorist. What then is neobehaviorism? To answer,
we can identify both chronological and epistemological characteristics.
Chronological Characteristics
Chronologically, neobehaviorism is a successor to and hence a newer form of
behaviorism than classical S-R behaviorism. In this regard, classical behaviorism is
often identified with John B. Watson (1913, 1925), and thought to be restricted to
only observables (e.g., Bergmann, 1956). However, closer analysis of Watson's position
suggests he did not restrict himself to observables (Moore, 2008). Regardless of
Watson's position on observables or that of other classical S-R behaviorists, what makes
neobehaviorism a successor to classical S-R behaviorism, rather than a continuation?
The answer is that neobehaviorism unselfconsciously admitted nonbehavioral
unobservables into its theories and explanations of behavior as mediating theoretical
terms. By mediation is meant that the observable stimulus triggers the hypothesized
underlying mechanism, the hypothesized mechanism then assumes some state
in which it generates some specific output and, in turn, the output triggers the
observable response. The permissibility of these sorts of unobservables followed from
developments in philosophy of science and scientific epistemology during the 1920s.
Thus, more important than chronology to an understanding of neobehaviorism are
its epistemological characteristics, to which we now turn.
Epistemological Characteristics
For neobehaviorists, the vocabulary of science consisted of three kinds of terms:
10 I THE NEOBEHAVIORISM OF K.W. SPENCE (1907-1967)
observational terms, logical terms, and theoretical terms. Observational terms were
the traditional independent and dependent variables in scientific research. Examples
of independent variables in psychology include amount of reinforcement, rate of
reinforcement and strength of a stimulus. Examples of dependent variables include
rate of responding, probability of responding, latency of responding and number
of trials to extinction. Logical terms came from the discipline of logic in philosophy:
conjunction, disjunction, if and only if, and so on.
What then about theoretical terms? Here we begin to see more of the basis for the
epistemological distinctions between classical S-R behaviorism and neobehaviorism.
By definition, theoretical terms did not referto variables that were not directly observed.
The aforementioned nonbehavioral unobservables were regarded as theoretical
228
terms. But how could psychologists avoid the errors of introspective structuralism
and functionalism if they included unobservables? How could psychologists generate
the necessary intersubjective consistency and agreement about the meaning of
their analytical and explanatory theoretical terms? For neobehaviorists, the answer
was through an operational definition (Spence & Bergmann, 1941). According to the
neobehaviorist interpretation, operationism specifies the observable measures that
stand for an unobservable term, concept, or construct.The observable measures yield
the necessary intersubjective agreement regarding the meaning of the theoretical
terms and allow for an intellectually respectable science.
As suggested above, for neobehaviorists operationism is a technique for clarifying
the meaning of unobservable terms and concepts in scientific theories. It is not a
technique for legislating how a theory should be devised or evaluated. How a theory
is devised is a matter of the ingenuity of the scientist. How a theory is evaluated
is a matter of its coherence with respect to the data. In turn, explanation consists
of establishing a deductive argument with one or more covering laws as major
premise(s), and one or more statements of initial or antecedent conditions as minor
premise(s) (Kendler& Spence, 1971).The covering law itself follows from the theory.
Ideally, the deduction (or prediction, if the conclusion is stated in the future tense)
is expressed quantitatively. At issue then is the extent to which the conclusion
agrees with observations. If the conclusion does agree with observations, then
the event is considered to be explained or predicted. Research strategy consists
of adhering to these theory-testing practices, sometimes called the hypothetico-
deductive approach.
More formally, then, neobehaviorist theories and explanations of learning and
10 | THE NEOBEHAVIORISM OF K.W . SPENCE (1907-1967)
229
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
230
(MacCorquodale & Meehl, 1948). By exhaustive is meant that the term is simply a
summary term for use in one particular situation without any implication that it refers to
a mechanism that actually exists.This is called the intervening variable interpretation.
By partial is meant that the term is flexible with multiple uses in a variety of situations.
Any single use only partially represents the complete nature of the mechanism, and
other uses are possible.This interpretation, called the hypothetical construct, implies
that the term refers to a mechanism that does actually exist, and might therefore
play a role in a various instances of behavior. Theoretical terms in the Hull-Spence
system subscribe to both interpretations, but always with the instrumental aim of
THE
231
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
As a final point, we note that Spence's position, as well as many other forms of
neobehaviorism at this time, may also be identified as a form of methodological
behaviorism. These forms advocated admitting only observables into the science of
behavior, in order to generate intersubjective agreement. At the same time, however,
they embraced unobservable concepts, with the justification that unobservables were
nevertheless permissible because they were operationally defined in terms of observables.
test, let's suppose we present subjects with a choice between the former S+ and
a new, even lighter grey card in a probe test. In this test, the former S+ is now the
darker of the two. We observe that this time, subjects choose the new grey card,
even though they had never seen it before, and the former S+, responding to which
had previously yielded food, was present as the alternative. Indeed, this result was
observed with a variety of species, from chickens to chimpanzees. At issue was how
to understand why subjects chose a stimulus they had never seen before, rather than
the stimulus that was previously associated with food.
Behaviorism in its classical S-R form was influential in psychology around this time.
According to a reasonably straightforward interpretation of this form of behaviorism,
10
in original training subjects should have learned which stimulus was the S+ on the
232
basis of its absolute properties, such as its shade of grey. In subsequent probe tests, it
follows that subjects should always choose that same stimulus because its properties
were associated with food. Thus, as described in Kohler (1918) and elsewhere, the
subjects in such research did not respond according to a behaviorist explanation.
Gestalt psychologists such as Kohler said it was perfectly understandable why
subjects did not respond according to a behaviorist explanation: the behaviorist
explanation was simply wrong. Gestalt psychologists argued that in the original
training, subjects did not learn to respond on the basis of the absolute properties of
the stimuli. Rather, subjects learned to respond on the basis of the relations between
the stimuli. Thus, for Gestalt psychologists it was not correct to say, as behaviorists
did, that in the original training, subjects learned to pick a card of a certain greyness.
Rather, what was correct was to say subjects learned to pick the lighter of the two
grey cards. In the subsequent probe test, the subjects simply demonstrated what
they had previously learned, namely, to pick the lighter of the two grey cards. The
learning that occurred was relational, not based on the absolute properties of the
stimulus. The term transposition was applied to this phenomenon in recognition of a
comparable effect in music: a melody might be transposed into a different key, but the
relations among the individual notes were unaffected.This phenomenon challenged
behaviorist explanations of behavior and suggested that mental explanations might
be suitable after all.
Spence (1936, 1937) published two articles that reclaimed the adequacy of a
behaviorist explanation of this effect, albeit in neobehaviorist terms. In these articles,
Spence argued that in the original training, a hypothetical positive, excitatory gradient
built up around the S+, and a hypothetical negative, inhibitory gradient built up around
10 | THE NEOBEHAVIORISM OF K.W. SPENCE (1907-1967)
the S-. The idea of gradients followed from Hullian theory at the time. The algebraic
summation of these two gradients, one positive and the other negative, produced a
net gradient whose highest point was shifted away from the S- and toward the lighter
card. Thus, when that new lighter card was presented for choice with the original S+,
subjects responded to the new card because it had the greater net strength, even as
compared with the original S+.This analysis didn't disprove relational learning in any
formal sense, rather only that a behaviorist approach could adequately explain what
had been a thorny problem, thought to be beyond the scope of behaviorist theory.
Figure 1 below, taken from Spence (1937, p. 433), graphically represents Spence's
analysis. Note that the units of the x-axis, designating the continuous stimulus
dimension, are now expressed as size in cm- of a square on a stimulus card, rather
233
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Here, subjects might be trained with an S- of 160 cm2 and an S+ of 256 cm2. An
inhibitory gradient (dashed line) is generated around the 160 cm2 stimulus, and an
excitatory gradient (solid line) is generated around the 256 cm2stimulus.The response
strength at any point along the continuum is the algebraic summation or the net of
the excitatory strength minus the inhibitory strength. When a 256 cm2 stimulus is
then pitted against a 409 cm2 stimulus in a test trial, subjects can be expected to
choose the stimulus with the greater net strength, which no longer exists at 256 cm2,
but rather at 409 cm2.Thus, the theoretical prediction is consistent with observations.
The training situation described above is known as a "near" problem, in the sense
10 I THE NEOBEHAVIORISM OF K.W. SPENCE (1907-1967)
that the new stimulus chosen for testing (409 cm2) lies near the original S+ (256 cm2)
on the continuum. One question that arises from Spence's analysis is what happens
in a "far" problem. In a far problem, suppose we again train with an S- of 160 cm2 and
an S+ of 256 cm2. In the test, we present subjects with a choice between the 256 cm2
and 1049 cm2 stimuli. Here, the properties of the new stimulus place it distant on the
continuum, far from the original S+. The relational learning prediction from Gestalt
theory is that subjects should again choose on the basis of the relations between the
stimuli.Therefore, they should again choose the new stimulus. However, research has
found subjects choose the 256 cm2 stimulus, consistent with Spence's prediction that
subjects choose on the basis of the greater net excitatory strength of this stimulus.
234
235
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
236
the subject was motivated by being under a drive state and in the presence of an
appropriate stimulus.
At this point, it is useful to review how reinforcement by drive reduction is
conceivably involved in both classical and instrumental conditioning with both
appetitive and aversive stimuli, as the review will help us to understand several Hull-
Spence research examples reviewed later in this chapter. As suggested above, Hull
held a drive reduction view in all of these four cases. Early in his career, Spence also
held a drive reduction view in the four cases. Later, be continued to hold a drive
reduction view on the two cases involving classical conditioning, but introduced
modifications to the processes that were involved in instrumental conditioning. We
will review Spence's modifications later in this chapter.
drive. The three elements necessary for conditioning are all involved: a stimulus (the
tone), a response (salivation) and reinforcement through drive reduction (the hunger
drive is reduced when the dog eats the food).Thus, learning occurs, as reflected by an
increased tendency for the stimulus to evoke the response: the dog salivates when
the tone is next presented.
237
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
delivering the puff of air to the eye. We induce a drive state, i.e., of pain, by delivering
the puff of air to the eye. The drive state lasts until the air puff ends. The natural
reaction to the puff is to blink. Thus, the tone is present when the air puff is given
and the subject blinks. Drive is reduced when the air puff ends. All three elements
are involved: a stimulus (the tone), a response (the blink) and reinforcement through
drive reduction (the pain drive is reduced when the puff ends).Thus, learning occurs,
as reflected by an increased tendency for the stimulus to evoke the response: the
person blinks the next time the tone is presented. Comparable events take place in
human galvanic skin response (GSR) conditioning, when we induce a drive state by
delivering a shock as the US.
Note that in these the two cases above involving classical conditioning, Spence
is not saying that the response must actually produce the food or terminate the air
puff. Moreover, the response is not purposive: the subject need not salivate in order to
get the food or blink in order to terminate the air puff. If the response does have this
consequence, so much the better for the subject, but the important relation is purely
that of temporal contiguity: given that a stimulus is present, is a response followed by
drive reduction in the presence of the stimulus? If so, then reinforcement has taken
place, and learning occurs, as reflected by an increased tendency for the stimulus to
evoke the response.
238
apparatus to evoke the response: the rat runs through the apparatus the next time it
is placed in the apparatus.
In a second illustration, suppose we use a familiar operant chamber with a light
over a response lever. When the light is on, the rat presses the lever, produces a food
pellet and then eats it. When the light is off, responses do not produce a food pellet.
Again, all three elements are involved: a stimulus (the light over the lever), a response
(the lever press) and reinforcement through drive reduction (the hunger drive is
reduced when the rat eats the food). As before, learning occurs, as reflected by an
increased tendency for the stimulus to evoke the response: the rat presses the lever
when the light is next illuminated.
Important to note in these illustrations is that for Hull-Spence theory as it
is described here, all reinforcement is of the kind that B. F. Skinner later called
negative reinforcement. For example, the animal is in an important sense under a
drive to "escape" from the aversive stimulation of hunger. Hull-Spence theorists
would argue that to consider the behavior a function of positive reinforcement is to
comprehensively misunderstand what is going on.
reinforcement, various stimuli, both inside the apparatus (the feel of the floor, the
look of the sides, stripes or figures on cards) and outside (overhead lights, windows,
walls), are present at the time the animal reaches safety. Again, all three elements
are involved: stimuli (both inside and outside of the apparatus), a response (running)
and reinforcement through drive reduction (the pain drive is reduced when the rat
reaches the safe place). Learning occurs, as reflected by an increased tendency for
the stimuli associated with the apparatus to evoke the response: the rat runs through
the apparatus to the safety of the goal box the next time it is placed in the apparatus.
In a second illustration, suppose we use an operant chamber with a light over a
response lever. As before, we induce a pain drive by administering electric shock to
10
the paws of a rat. When the light is on, a lever press terminates the shock. When the
239
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
light is off, a lever press has no effect. Again, all three elements are involved: a stimulus
(the light), a response (a lever press) and reinforcement through drive reduction (the
pain drive is reduced when the shock is terminated). Learning occurs, as reflected
by an increased tendency for the stimulus to evoke the response: the rat presses the
lever when the light is next illuminated.
In the typical case of instrumental conditioning, the response is responsible for
the drive reduction. However, the cause-effect relation between the response and
the offset of the shock or the apparent "purposiveness" of the response is incidental.
Again, the important relation is one of temporal contiguity: is drive reduced when a
response is made in the presence of a stimulus? If so, then reinforcement has taken
place, and learning occurs, as reflected by an increased tendency for the stimulus to
evoke the response. The instrumental conditioning procedure is just an especially
good method for ensuring that in the presence of some stimulus the response
produces a food pellet and the hunger drive is reduced, or that in the presence of
some stimulus the response terminates the shock and the pain drive is reduced.
Spence worked within the procedural framework described above for much of his
career, but eventually introduced his own modifications. Some of these modifications
concerned the nature of drive, which Spence conceived of in broader terms than did
Hull. Others concerned the role of food reinforcement in instrumental conditioning
procedures, which Spence conceived of in terms of incentive motivation. We now
turn to these topics.
Hull modified his original conception of reinforcement to bring in the sense of drive
stimulus reduction.This modification brought the conception of reinforcement in line
with such experimental results as Sheffield and Roby (1950), who demonstrated that
a non-nutritive substance such as saccharine would serve as a reinforcer. If it was non
nutritive, it didn't have any calories. If it didn't have any calories, how could it reduce
a metabolic drive? According to Hull's modified ideas, when a subject was deprived
of food, it was also deprived of things that tasted good. It was therefore experiencing
stimulation from a drive to consume things that tasted good. Saccharine tasted good,
and would therefore serve as a reinforcer, even though strictly speaking it had no
caloric content and therefore couldn't reduce a metabolic drive.
?40
an unequal number of reinforcements. The first group had twice as many. Then all
subjects were trained without reinforcement, until responding ceased. Some research
was done with human subjects using eyeblink conditioning (Humphreys, 1939), and
some was done with nonhuman subjects. In each case, at issue was which group
made more responses in extinction. This measure was one of the conventionally
accepted measures of the strength of conditioning. If subjects in the 100% group had
twice as many reinforcements as the 50% group, their response strengths should have
been greater, and they should make more responses in extinction. However, results
clearly showed that subjects in the 50% group made more responses in extinction. At
issue was how to explain this seemingly paradoxical effect.
241
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
result that this rat stops responding much sooner. Amsel (1958) provides a summary
of this general approach.
Spence's approach to extinction appeals to inhibition through non-reinforcement,
or lN, rather than Hullian reactive inhibition, or lR. Given Spence's theoretical
assumptions and license to postulate unobservable mechanisms that will help
explain the data, the concept of lNworks reasonably well for, say, a rat running down
a runway. Less obvious is how l[; applies to human conditioning. How reasonable is it
to say that in human eyeblink conditioning, humans are frustrated when they don't
experience a puff of air to the eye? How reasonable is it to say that in human GSR
THE
conditioning, humans are frustrated when they don't experience a shock? We can
I 10
add assumptions that humans prepare themselves for either the puff of air or the
242
shock, and when the stimulus in question doesn't occur on an extinction trial, they
become frustrated, but the merit of such ad hoc assumptions is somewhat doubtful.
243
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Incentive motivation
Latent learning
The decades of the 1930s to the 1950s were known for their intense theoretical
debates. Of particular theoretical importance was the topic of latent learning.
According to Kimble (1961),
The term latent learning refers to the fact that, under certain circumstances,
animals apparently can acquire habits which are not immediately translated
into performance, either because of the absence of reward or because the
animal is not motivated for a reward which is present, (p. 237)
This topic was a direct challenge to the Hullian system, which in its raw form
held that learning occurred when a subject made a response in the presence of an
antecedent stimulus that was followed by drive reduction. In other words, subjects
should exhibit no evidence of learning if they had not made a response that was
followed by drive reduction.
Tolman and his students had conducted a wide variety of experiments showing
that apparently subjects do show evidence of learning, even though they had not
made a response followed by drive reduction. Tolman viewed these experiments as
indicating that subjects learn stimulus-stimulus relations, according to something
resembling Gestalt principles, rather than stimulus-response relations, according
to behaviorist principles. Latent learning experiments can be organized into
10 I THE NEOBEHAVIORISM OF K.W. SPENCE (1907-1967)
as many as five different types, based on the procedures that were employed
(Thistlethwaite, 1951). It is beyond the scope of this chapter to analyze all five types.
Accordingly, we will simply summarize in fairly general terms one representative
example to illustrate the controversy.
In one of the most widely recognized types, in phase 1 of training rats that were
not food deprived were allowed to explore a maze (Tolman & Honzik, 1930). In phase
2 of training, the rats were then food deprived and returned to the maze. The rats
now found food in the goal box of the maze after they had completed it. At issue
were how readily and with how many errors did these rats learn to run the maze?
The results indicated that these rats learned to navigate the maze in fewer trials and
with fewer errors than did control rats that did not have the preliminary opportunity
244
of enhanced learning because the rg-sq mechanism was already in place. The ry-sg
mechanism was hypothetical, but served to account for an otherwise perplexing set
of data. The cognitive notion of expectancy, prominent in Tolman's theorizing, could
then be accommodated throuqh the r -s mechanism.
245
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
as short a time as rats that had received the larger number of pellets all along (Crespi,
1942; Zeaman, 1949). At issue is how a theoretical model should take parameters
of reinforcement into account. If magnitude of reinforcement is a learning variable,
there shouldn't be this rapid change. Thus, such research suggests that parameters
of reinforcement should be interpreted in terms of incentive (K) and as performance
variables, rather than as learning variables.
Why was this interpretation significant? Hull held that D and K were independent
terms that contributed to reaction potential through a multiplicative relation [sE r
= s H r x D x K x ...]. Spence agreed that D and K were independent terms, but in
contrast to Hull, believed they should be added together to produce an aggregate
quantity ("incentive"). This aggregate quantity then contributed to overall reaction
potential [sE r = s H r x (D + K) x .. ,].The next question is how to decide between these
two theoretical models, which specified different relations between D and K. The
answer is that we must devise some crucial experiment that generates differential
predictions (i.e., deductions) on the basis of the implications of the quantitative
relations specified by each theoretical position. Then, the data will decide which
prediction, and which theoretical model, is correct. The hypothetico-deductive
approach will solve the problem.
The design of one such experiment would be to give subjects a choice
between large and small amounts of reward when they are under Lo-D, then
the same choice when they are under Hi-D. Both the additive and multiplicative
models predict that animals will prefer a large reward over a small one in both
cases.The crucial question is whether preference for the larger reward under Hi-D
is greater than, or remains approximately the same as, that under Lo-D. The results
10 I I HE NEOBEHAVIORISM OF K.W . SPENCE (1907-1967)
will tell us whether the relation between D and K is multiplicative, as Hull thought,
or additive, as Spence thought.
The differential predictions follow from an understanding of how the theoretical
concept of reaction potential is calculated in each case. In any given test, if a subject
prefers alternative X over alternative Y, say by going to one goal box rather than
another in a T-maze, then the reaction potential for X is greater than for Y by some
amount. In another test, if a subject prefers X over Y even more than it did in the
first test, then the reaction potential for X is greater than for Y by an even greater
amount than in the first test. According to the algebra of the multiplicative model,
D does contribute to the difference between the reaction potentials. Thus, if D and
K multiply, there will be some difference between the reaction potentials in favor of
246
the large reward under Lo-D, but the difference in favor of the large reward should
be even greater under Hi-D.The prediction based on the multiplicative model is that
animals under Hi-D should have a higher preference for the larger reward than those
under Lo-D. According to the algebra of the additive model, D does not contribute
to the difference between the reaction potentials. Thus, if D and K add, the difference
between reaction potentials under Hi-D and Lo-D should remain approximately
the same. The prediction based on the additive model is that animals under Hi-D
should have approximately the same preference for the larger reward as those under
Lo-D. Note that drive is still important in both models. At issue is how it's treated
guantitatively, and what that guantitative treatment implies for the theoretical
relations in the model.
Bower (1964) carried out such an experiment testing the relation between D
and K. This experiment involved two groups of rats: one is the Lo-D group, which
was maintained on a daily ration of 15g of food in the period immediately prior to
beginning the experiment; the other is the Hi-D group, which was maintained on a
daily ration of 9g in the period immediately prior to beginning the experiment.
The rats were then given a series of free and forced choice trials in a T-maze.
The first trial in any given session is free. On the next trial, animal is forced to go to
opposite alternative. Four pellets of food (large reward) are given in one goal box, and
three pellets (small reward) are given in the other.
Note that in this procedure, by the end of training, the rats had received an equal
number of reinforced trials to each goal box. This series of free and forced choice
trials is necessary as a procedural control to equate the habit strengths of stimuli
associated with each goal box.
10 | THE NEOBEHAVIORISM OF K. W. SPENCE (1907-1967)
Bower (1964) then gave the rats a series of only free choice trials. The experimental
question is whether, on these free choice trials, the preference for the larger reward
among the Hi-D rats was greater than, or approximately equal to, that among the
Lo-D animals. If it was greater, then the multiplicative model originally proposed by
Hull is supported. If the preference of the Hi-D animals was approximately equal to
that of the Lo-D animals, then the additive model proposed by Spence is supported.
Bower's (1964) results indicated that the Lo-D animals preferred the larger reward
on about 84% of the trials, and the Hi-D animals preferred the larger reward on about
83% of the trials, not a significant difference. Because the preference for the larger
reward shown by the Hi-D rats was approximately equal to that shown by the Lo-D
rats, these data tend to support the additive model proposed by Spence.
247
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
This approach to research typifies the approach taken in Hull-Spence theory. First,
the experimental question is reduced to a testable prediction, where by testable
is meant lending itself to a quantitative decision-making process. Then, a crucial
experimental test is devised, such that if one outcome obtains, then one answer to
the theoretical question is supported, but if another outcome obtains, then another
answer to the theoretical question is supported. Such research was taken to be of
the highest order and significance in learning theory of the time, and legions of Hull-
Spence students followed this procedure to tease out what were taken to be the
critical theoretical relations.
These modifications to incentive motivation meant that Spence's conception
of how reinforcement contributed to learning and performance in classical and
instrumental conditioning procedures differed from Hull's. For Hull, learning in both
classical and instrumental conditioning procedures (s H r) was based on the number
of trials in which there was reinforcement by drive reduction. For Spence, learning
in a classical conditioning procedure remained based on reinforcement by drive
reduction, as it had been for Hull. However, learning in an instrumental conditioning
procedure was based on temporal contiguity — the number of pairings — between
stimulus and response. The actual delivery of food was a matter of incentive, which
affected performance and s E r. Drive contributed to the aggregate motivational
complex, but in an instrumental conditioning procedure, reinforcement by drive
reduction was technically no longer necessary for learning.
As research was carried out during the heyday of the Hullian system (late 1930s
into the 1950s), four research findings became particularly challenging. These were:
(a) the importance of such "cognitive factors" as instructions and expectancies; (b) the
PRE; (c) the latent learning experiments; and (d) the manipulations of reinforcement
parameters. Hull had devoted much effort to deal with these findings, but no one was
really satisfied. Spence modified aspects of the Hullian system during the 1950s and
1960s to better explain these findings.
First, Spence included cognitive cues and emotionally-based drives. Cognitive
cues might be those associated with verbal stimuli, such as instructions and
awareness. Emotional drives might be those of frustration from non-reinforcement
and anxiety, in addition to Hull's metabolic, physiologically-based drives. Second,
248
249
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Spence was a neobehaviorist to which we can add "of the highest order."
Neobehaviorists sought to improve on classical S-R behaviorism by incorporating
hypothetical mediating states, mechanisms, processes, structures, and the like in
theoretical accounts of behavior. The result was an S- O-R formulation of behavior,
where the 0 variables represented the hypothetical or theoretical entities. Because
the entities were hypothetical, they were not directly observable, but they were
nevertheless presumed to underlie observable behavioral phenomena and to
mediate the relation between S and R. Neobehaviorists argued that simple S-R
accounts based purely on observables were sterile and fell short of being genuinely
explanatory. Hence, to secure explanations of sufficient richness, it was necessary
to incorporate hypothetical entities. The meaning of the hypothetical, theoretical
entities could be agreed upon through operational definitions, which allowed
neobehaviorists to claim they were avoiding the problems that structuralists and
functionalists created when they appealed to introspection of unobservables.
Neobehaviorists generally sidestepped discussions of the ontology of the theoretical
I THE NEOBEHAVIORISM OF K.W . SPENCE (1907-1967)
entities, arguing that designating them as theoretical was sufficient. Debates about
their ontology were unnecessary if the entities were instrumental in generating
testable predictions. Theories were attributed to the ingenuity and creative insight
of the theorists themselves. Tolman, Hull and Spence are probably the best known
neobehaviorists. Their conceptions of the mediating variables differed, but all agreed
on the importance of developing a rich set of mediating theoretical variables in
what amounted to an S-O-R orientation, in order to overcome what they saw as the
shortcomings of classical S-R behaviorism.
Overall, Spence emerged as the principal successor to and advocate of the
neobehaviorist system launched by Clark Hull, such that the system is now often
known as the Hull-Spence approach.To be sure, we use the designation Hull-Spence
10
250
Spence neobehaviorism.
References
Amsel, A. (1958).The role of frustrative nonreward in noncontinuous reward situations.
Psychological Bulletin, 55,102-119.
Bergmann, G. (1956). The contribution of John B. Watson. Psychological Review, 63,
265-276.
Bergmann, G., & Spence, K. W. (1941). Operationism and theory in psychology.
Psychological Review, 4 8 ,1-14.
Bower, G. H. (1964). Drive level and preference between two incentives. Psychonomic
Science, J, 131-132.
251
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
NY: Sloan.
Myers, C. R. (1970). Journal citations and scientific eminence in contemporary
psychology. American Psychologist, 25(11), 1041 -1048.
Reese, H. W. (1968). The perception of stimulus relations: Discrimination learning and
transposition. New York: Academic Press.
Sheffield, F., & Roby, T. (1950). Reward value of a non-nutritive sweet taste. Journal of
Comparative and Physiological Psychology, 43(6), 471-481.
Skinner, B. F. (1938). The behavior of organisms: An experimental analysis. New York:
Appleton-Century-Crofts.
Skinner, B. F. (1991). Preface to the seventh printing [of The Behavior of Organisms].
Acton, MA: Copley. (Original work published 1966).
10
252
253
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
257
258
259
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
260
al final se había dejado seducir por las vanidades del mundo académico y que se
había convertido en una especie de"showman".
Su retiro de la Universidad de Indiana significó un traslado de regreso a Chicago,
junto con su hija, como profesor emérito de la universidad de esta ciudad. Fue un
período de mucho alimento cultural en el cual emprendió varios viajes a diversos
lugares de Interés histórico. También fue profesor visitante de varias universidades,
hasta que su sordera, producto de una enfermedad de Menlére, se lo permitió.
Al final de la década de los sesentas, habría publicado los dos volúmenes de su
invaluable libro de historia de la psicología, TheScientificEvolution ofPsychology. Con
el apoyo de quien sería uno de sus colaboradores y promotores más sobresalientes,
Noel W. Smlth, se fundó en 1969 una publicación The Interbehaviorist, en la que se
publicaban reflexiones derivadas de su obra. Desde 1968 publicó bajo el seudónimo
Observer y A Mitsorg.
Desde la década de los setentas, su trabajo se orientó a precisar cómo sus sistema
de pensamiento podría aplicarse a varias áreas, publicando textos sobre psicología
y lenguaje, psicología cultural, arte, entre otros. Incluso, definió un sistema filosófico
aplicable no sólo a la psicología, sino a otros dominios humanos, el ¡nterbehaviorism
(Morris, 1982).También desde esta década de los setenta, inició una relación personal
y académica con Emilio Ribes, psicólogo mexicano, quien conocía su trabajo desde
1967. Producto de esa relación, Kantor visitó México en varias ocasiones para impartir
seminarlos sobre diversos temas de interés psicológico, incluyendo la enseñanza de
la psicología (Ribes, 1984). Los últimos años de su vida los pasó en su casa con su hija. 11 | LA PSICOLOGÍA INTERCONDUCTUAL DE J.R. KANTOR (1888-1984)
261
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
262
263
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
264
265
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
266
1. Las entidades primarias del análisis son un organismo, un objeto, sus eventos
y relaciones de afectación cambiante. Estas definen una unidad analítica a la
que debe traducirse cualquier evento psicológico de interés. Esta idea ubica la
psicología kantoriana dentro del espectro de la familia conductista.
2. Ninguna segmentación conceptual de las relaciones entre el organismo y los
objetos asume una responsabilidad causal sobre la actividad del organismo
o sobre la interacción misma, pues se estaría cometiendo una violación
categorial. Al hablar de las variables intervinientes como un ejemplo de tal
segmentación conceptual, Kantor (1957) señala que incluso suponiendo que
son procesos neurales, no hay garantía de que una parte de la acción del
organismo sea determinante del campo completo de relaciones; si además
son constructos hipotéticos, la misma noción de causalidad o intervención es
completamente inútil. Esta idea aleja a Kantor de las ideas de Hull yTolman, así
como de la tradición cognoscitiva contemporánea.
3. El análisis del campo de relaciones se beneficia de considerarlo en sí mismo
como unidad molar de análisis. Esto implica considerar diversas cualidades de
interacción, dependiendo de las configuraciones particulares de funciones de
estímulo y respuesta, historias individuales diversas, escenarios de interacción
11 | LA PSICOLOGÍA INTERCONDUCTUAL DE J. R. KANTOR (1888-1984)
más o menos complejos, entre otros. Al ser tal unidad molar el objeto de
interés, y no la conducta como actividad, se distancia de las concepciones
más cercanas al conductismo watsoniano y skinneriano. Kantor (1957)
critica la fractura del campo de relaciones entre variable independiente y
dependiente porque impone una mirada causal lineal reductiva, al margen de
que se consideren varias variables independientes (la concepción de campo
no equivale a una concepción "multivariable"). Así mismo, Kantor (1970), en su
crítica al Análisis Experimental de la Conducta subrayó que la consecuencia
de tal fractura es la simplificación de toda la conducta a un solo tipo de
relaciones: las del reforzamiento, y la consecuente especialización en un tipo
de procedimientos, técnicas y medidas, con el riesgo de considerar que esos
son los eventos psicológicos que pueden y deben ser estudiados.
267
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Características metodológicas
El tercer punto de la síntesis anterior llama la atención en que para Kantor no hay
necesariamente una metodología adecuada para investigar el campo interconductual,
aunque reconoce (1959) que la experimentación es la más sofisticada y madura. Al
Análisis Experimental del Comportamiento de Skinner lo invita a ampliar su horizonte
de investigación: "El análisis no debería estar confinado a variables en situaciones
controladas arbitrariamente sino amplificado de modo que cubra una muestra más
generosa de eventos psicológicos" (p. 108).
Kantor (1933a) propuso dos tipos de metodología para el estudio de los eventos
psicológicos: las observaciones de campo, las cuales consideró prioritarias para
hacer justicia con la intrincación de las interacciones psicológicas, pues deben ser
estudiadas "justo como suceden y donde suceden" (p. 13); y las observaciones de
laboratorio, que permiten un mayor control, especialmente para las formas más
simples de interacción.
Las ideas metodológicas distintivas y más interesantes que nos ofrece Kantor
(1959) son las siguientes:
268
Sistema psicológico
Kantor no ofreció un sistema psicológico en sí mismo, como sí se encuentra en
Hull, Tolman y Skinner, por ejemplo, con un programa de investigación, paradigmas
experimentales, medidas y formas de representación características y líneas de
evidencia alrededor de problemas empíricos. Sin embargo, sí propuso lo que serían
coordenadas categoriales y conceptuales para el desarrollo de uno, como es el caso
del sistema desarrollado por Ribes y López (1985) inspirado en la propuesta kantoriana.
Lo que desarrollamos en los tres apartados anteriores fueron los conceptos
fundamentales para un sistema psicológico: conceptos sobre la interconducta como
el objeto de estudio y su relación con el de otras ciencias, de modo que guarde
continuidad pero tenga especificidad; el concepto de campo como unidad de
análisis y herramienta analítica; los conceptos metodológicos o investigativos, que se
adecúan a los anteriores; y finalmente, los conceptos referidos a teorías y leyes. A esos
conceptos le preceden otros de mayor nivel categorial referidos a los supuestos sobre
la ciencia (protoproposiciones), a los supuestos sobre cómo deben ser los sistemas
científicos específicos (metaproposiciones), y le proceden conceptos de menor
nivel que Kantor denomina subslstémlcos, referidos a áreas o formas específicas del
proceder científico en psicología (por ejemplo, subsistema de datos, subsistema de
desarrollo, o subsistemas aplicados, como la psicoeducación).
Kantor (1933a) y la versión actualizada de Kantor y Smith (1975) ofrecieron, sin
embargo, un análisis más vasto y específico sobre áreas tradicionales de interés
11 | LA PSICOLOGÍA INTERCONDUCTUAL DE J.R. KANTOR (1888-1984)
psicológico como la personalidad, la atención, la percepción, el intelecto, los
sentimientos, las emociones, el recuerdo, el aprendizaje, la conducta lingüística, la
imaginación, la conducta social, entre otros. Todo su análisis fue consistente con la
unidad de análisis propuesta a pesar de que no reorganizó la geografía lógica de esas
nociones del lenguaje ordinario, como sí se hizo en el sistema derivado citado (Ribes
y López, 1985). No obstante, resaltó aspectos muy propios de cada tipo de evento
psicológico y logró mostrar las sutilezas analíticas que implicaba cada uno, sugiriendo
la necesidad de desarrollar y adecuar alternativas metodológicas para estudiarlas en
su justa dimensión.
Para ilustrar el punto, haremos una breve exposición de la forma como Kantor y
Smith (1975) abordan el recuerdo, un típico fenómeno de interés psicológico, cargado
de connotaciones mentalistas y cognoscitivas. Un ejemplo es hacer una cita con un
amigo, al día siguiente a las dos de la tarde, y en efecto llegar. Los autores proponen
que el segmento interconductual útil analíticamente para estudiar el recuerdo (no
269
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
270
psicológica, su objeto de estudio, sus conceptos, sus métodos y sus relaciones con
los campos de la biología y la ciencia social. En segundo lugar, Kantor, de manera
tajante, se aparta de la tradición reflexológica conformada en una u otra forma de
teoría del condicionamiento o teoría del hábito en el funcionalismo. Esta postura
le permitió cancelar los problemas derivados de la dicotomía interno-externo,
inherentes a lo que denominó concepciones organocéntricas de lo psicológico. La
definición de lo psicológico como una interrelación eliminó, como falsos problemas
empíricos y metodológicos, las tradicionales distinciones referidas a lo subjetivo-
objetivo, público-privado e implícito-explícito, como equivalencias incorrectas de la
dicotomía interno-externo.
Kantor delimitó un objeto de estudio para la psicología que, influido por el
conductismo y el funcionalismo, superó los problemas lógicos de estas perspectivas,
y la confusión de límites entre la biología, la psicología y la ciencia social. Mientras que
el funcionalismo destacó al hábito y a la mente como actividad propositiva (Angelí,
1907), el conductismo hizo énfasis en el comportamiento como hacer y decir como
objeto de conocimiento de la psicología (Skinner, 1938; Watson, 1913). Sin embargo, la
identificación del comportamiento con el movimiento de los organismos no permitió
que el conductismo formulara una lógica de conocimiento propia: mantuvo a los
reflejos (respuestas) y al hábito como conceptos centrales de sus diversos desarrollos
teóricos. Ambos conceptos identificaban lo psicológico como movimiento (incluida
la fonación), cuya funcionalidad dependía de los estímulos en el ambiente con los
cuales se asociaba. Todos los tipos de conductismo incorporaron, de manera directa 11 | LA PSICOLOGIA INTERCONDUCTUAL DE J. R. KANTOR (1888-1984)
271
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
y lo interno, pues no hay nada que predicar como interno o externo a la relación
establecida como contacto. Se requiere de una funcionalidad biológica reactiva
que posibilite contactos diferenciales y demorados con los objetos de estímulo
del ambiente, pero lo psicológico, precisamente, se construye como ampliación,
modificación, innovación y transformación de las formas puramente biológicas de
¡nteractuarcon las circunstancias del ambiente. Kantor propuso, después de los años
40, el concepto de interconducta para identificar el comportamiento psicológico
como un fenómeno interactivo, relacional. Al hacerlo, lógica y epistemológicamente
superó todas las formas de dualismo que han lastrado a la psicología. No se requiere
de mente porque lo psicológico no radica dentro del organismo, y tampoco se requiere
atribuir al cerebro la causalidad del funcionamiento de dicha mente para dotarla de
un sustrato material.
La segunda ruptura de Kantor con el conductismo histórico es de naturaleza
lógica. El conductismo histórico adoptó, de manera explícita o implícita, el paradigma
11
272
del reflejo como lógica de análisis y explicación del comportamiento. Aun cuando se
abandonó el término reflejo por el de respuesta, no se abandonó la lógica subyacente.
Como ya se ha analizado previamente (Ribes, 1999; Ribes & López, 1985), la lógica
del reflejo destaca eventos moleculares (estímulos y respuestas), que se afectan
linealmente por contacto directo o mediado (relaciones causales eficientes en las
que la conducta constituye la llamada "variable dependiente") con base en criterios
composicionales aditivos o multiplicativos. Kantor propuso una lógica de campo,
que representó a la vez un modelo específico de comprensión de los fenómenos
psicológicos, en contraste con la tradición todavía vigente de importar modelos de
otras disciplinas, ajenos a la naturaleza propia del comportamiento psicológico. El
modelo de campo, como ya se ha examinado previamente, identifica todo fenómeno
psicológico como un campo de relaciones ¡nterdependientes de los elementos que
componen un segmento determinado en situación. En un campo psicológico no
hay causas ni efectos: hay interrelaciones, cuya descripción funcional constituye su
explicación. Dependiendo del tipo y nivel de descripción se tendrán distintos tipos
de explicaciones. El modelo de campo de Kantor incluye tres tipos de propiedades
lógicas en las categorías explicativas: las de posibilitación (el medio de contacto y
parcialmente los sistemas reactivos), las disposicionales como probabilizadores (la
historia interactiva y los factores situacionales), y las de función (la función estímulo-
respuesta) como contacto interactivo inseparable. Estas propiedades lógicas en el
análisis del campo son interdependientes unas de otras, como lo son las propiedades
11 | LA PSICOLOGÍA INTERCONDUCTUAL DE J. R. KANTOR (1888-1984)
funcionales de todos los elementos en relación. Describir las complejas interrelaciones
que tienen lugar, incluso en los fenómenos psicológicos más simple, es la forma de
explicarlos y comprenderlos.
A diferencia de las taxonomías de conducta que han caracterizado los desarrollos
teóricos del conductismo, Kantor propuso un análisis alternativo. Las clasificaciones de
la conducta siguieron criterios morfológicos u operacionales. De entre los primeros se
destaca la distinción entre conductas mediadas por el sistema nervioso central o por
el sistema nervioso autónomo, así como aquella entre conducta verbal (producción
de sonidos) y conducta no verbal (movimientos). De entre los segundos criterios,
podemos señalar la distinción entre conducta respondiente (provocada) y conducta
operante (emitida), o las dicotomías entre conducta pública y conducta privada, o
la de conducta moldeada por las contingencias y conducta gobernada por reglas.
Todas estas clasificaciones, de carácter morfológico u operacional, sustentaban a su
vez una clasificación de "procesos" en correspondencia, subrayando la naturaleza
273
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Referencias
(Las citas de Kantor se encuentran en la Bibliografía)
Angelí, J. R. (1907). The province offunctional psychology. Psychological Review, 14,
61-91.
Boring, E. G. (1990). Historio de lo psicología experimental. México: Trillas. (Original
publicado en 1950).
Guthrie, E.R. (1952). The psychology of learning: revised Edition. Harper Bros:
Massachusetts.
Hayes, L. J.&Fredericks, D.W. (1999). Interbehaviorism and interbehavioral psychology.
In W. O'Donohue, & R. Kitchener (Eds.), Hondbook of behoviorism (pp. 73-96). San
Diego: Academic Press.
11
274
Hearst, E., & Capshew, J. H. (1988). Psychology at Indiana University: A centennial review
and compendium. Bloomington: Indiana University Department of Psychology.
Extraído de: http://psych.indiana.edu/tradition/Hearst_and_Capshew_1988.pdf
Hull, C. (1943). Principles of behavior: An introduction to behavior theory. New York:
Appleton-Century-Crofts.
Morris, E. (1982). Some relationships between interbehavioral psychology and radical
behaviorism. Behaviorism, 10,2,187-216.
Mountjoy, P.T. (1985). Conversation hour with J. R. Kantor.Third Annual Convention of
the Midwest Association for Behavior Analysis, Blackstone Hotel, Chicago, Illinois,
15 May 1977. The interbehaviorist, 73(4), 28-32.
Mountjoy, P. T, & Cone, D. M. (2006). A biographical sketch of Jacob Robert Kantor.
In B. D. Midgley, & E. K. Morris (Eds.), Modem perspectives on J. R. Kantor and
interbehaviorism. Reno: Context Press.
Pavlov, I. (1927). Conditioned reflexes. An investigation of the physiological activity of the
cerebral cortex. (G.V. Anrep,Trad.) New York: Dover publications.
Ribes, E. (1984). Obituário: J.R. Kantor (1888-1984). Revista Mexicana deAnálisisde
laConducta, 10,13-34.
Ribes, E. (1999). Teoria delcondicionamientoy lenguaje. Un análisis históricoy conceptual.
México: Taurus-Universidad de Guadalajara.
Ribes, E., & López, F. (1985). Teoria de la conducta. Un análisis de campo y paramétrico.
México: Trillas.
11 | LA P S IC O LO G ÍA IN TE R C O N D U C TU A LD E J.R . KANTOR (1888-1984)
Skinner, B. F. (1938). The behavior of organisms. New York: Appleton-Century-Crofts.
Skinner, B. F. (1967). B. F. Skinner. In E. G. Boring, & G. Lindzey (Eds.), A history of
psychology in autobiography. New York: Appleton-Century-Crofts.
Skinner, B. F. (1974). About behaviorism. New York: Alfred A. Knopf.
Skinner, B. F. (1979). The shaping of a behaviorist. New York: A.A. Knopf.
Smith, N. W. (2006). Bibliography of J.R. Kantor's published works. In B. D. Midgley y
E. K. Morris (Eds.), Modern perspectives on J.R. Kantor and interbehaviorism. Reno:
Context Press.
Tolman, E. C. (1925). Purpose and cognition: The determiners of animal learning.
Psychological Review, 32, 285-297.
Verplanck, W. S. (1983). Preface. In N. W. Smith, P. T. Mounjoy, & D. H. Ruben (Eds.).
Reassessment in psychology. The interbehavioral alternative. Washington: University
Press of America.
275
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Watson, J. B. (1913). Psychology as the behaviorist views it. Psychological Review, 20,2,
158-177.
Watson, J. B. (1930). Behaviorism (Ed. Rev.). New York: People's Institute.
Wolf, I. 5. (1984). J. R. Kantor, 1888-1984. The Psychological Record, 34,451 -453.
276
(1921 f). How do we acquire our basics reactions? Psychological Review, 28, 328-356.
(1921 g).The twenty-ninth annual meeting of the American Psychological Association.
Journal of Philosophy, Psychology, Scientific Method. 18,185-192.
(1922a). An analysis of psychological language data. Psychological Review, 29,267-309.
(1922b). An essay toward an institutional conception of social psychology. American
Journal of Sociology, 27, 611 -627, 758-779.
(1922c). Can the psychophysical experiment reconcile introspectionists and
objectivists? American Journal of Psychology, 33,481-510.
(1922d). Memory: a triphase objective action. Journal of Philosophy, 19, 624-639.
(1922e). The evolution of psychological textbooks since 1912. Psychological Bulletin,
79,429-442.
(1922f). The integrative character of habits. Journal of Comparative Psychology, 2,
195-226.
(1922g). The nervous system, psychological fact or fiction? Journal of Philosophy, 19,
38-49.
(1922h).The psychology of reflex action. American Journal of Psychology, 33, 19-42.
(1922-1923). How is a science of social psychology possible? Journal of Abnormal and
Social Psychology, 77,62-78.
(1923a). An objective analysis of volitional behavior. Psychological Review, 30, 116-144.
(1923b). Concerning some faulty conceptions of social psychology. Journal of
Philosophy, 20,421-433.
11 | LA PSICOLOGiA IN TE R C O N D U C rU AL D t J . R. KANTOR (1888-1984)
(1923c). Does psychology need a new conception of personality? Psychological
Bulletin, 20, 80-81.
(1923d). The organismic versus the mentalistic attitude toward the nervous system.
Psychological Bulletin, 20, 684-692.
(1923e). The psychology of feeling or affective reactions. American Journal of
Psychology, 34,433-463.
(1923f). The psychology of the ethically rational. International Journal of Ethics, 33,
316-327.
(1923g). What are the data and problems of social psychology? Journal of Philosophy,
20, 449-457.
(1923-1924). The institutional foundation of scientific social psychology. American
Journal of Sociology, 29, 674-687.
(1923-1924). The problem of instinct and its relation to social psychology. Journal of
Abnormal and Social Psychology, 18, 50-77.
277
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
278
279
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
280
(1970b). Innate intelligence: Another genetic avatar. The Psychological Record, 20,
123-130. (Observer)
(1970c). Interaction: Transaction: Which? Interbehavioral Psychology Newsletter, 5, 1;
4-5. (Mitsorg).
(1970d). Newton's influence on the development of psychology. Psychological Record,
20, 83-92.
(1970e). Wanted: A better direction for linguistic psychology. The Psychological Record,
20, 263-265. (Observer)
(1970f). What social, what psychology, is social psychology. The Psychological Record,
20,403-407. (Observer).
(1971a). Belief and faith in science. The Psychological Record, 20, 545-552. (Observer).
(1971b). Disunity in science: Inconcinnity in psychology. The Psychological Record, 21,
565-569. (Observer).
(1971c). Revivalism in psychology. The Psychological Record, 21, 131-134. (Observer)
(1971 d). The aim and progress of psychology and other sciences: A selection of papers by
J. R. Kantor. Chicago: Principia Press.
(1971 e). Toward an improved linguistic model. The Psychological Record, 21, 429-444
(Observer)
(1971 f). Words, words, words. The Psychological Record, 21, 269-271.
(1972). Nevertheless, the earth is flat: A review. Interbehavioral Psychology Newsletter,
Summer, 3,3, 7-8. (A. Mitsorg).
| LA P S IC O LO G ÍA IN T E R C O N D U C T U A LD E J.R . KANTOR (1888-1984)
(1973a). A propos Watson's hyperbola. Interbehavioral Psychology Newsletter, Summer,
4,4, 3-7.
(1973b). Private data, raw feels, inner experience, and all that. The Psychological Record,
23, 563-565. (Observer)
(1973c). Segregation in science: An historico-cultural analysis. Psychological Record,
23, 335-342.
(1973d). System structure and scientific psychology. Psychological Record, 23,451-458.
(1973e).The hereditarian manifesto (politics in psychology). The Psychological Record,
23, 417-422. (Observer)
(1974a). Eppur si muove. The Psychological Record, 2 4 ,131-134 (Observer)
(1974b). Interbehavioral Psychology: How related to the Experimental Analysis
of Behavior. En: Sociedad Mexicana de Análisis de la Conducta. Aportaciones
al Análisis de la Conducta: Memórias del Primer Congreso. (p. 15-22). México:
Trillas. (1974).
11
281
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
282
(1977c). Concerning laws in psychology and other sciences: Can there be laws in
psychology? The Psychological Record, 27,627-632. (Observer)
(1977d). Evolution and revolution in the philosophy of science. Revista Mexicana de
Analisis de la Conducta, 3, 7-16.
(1977e). Psychological linguistics. Chicago: Principia Press.
(1977f). Stimulus and stimulation: Problems concerning terms and events. The
Psychological Record, 27,503-508. (Observer)
(1977g).The immortality of the soul: A psychohistorical continuance. The Psychological
Record, 27, 791-794. (Observer)
(1978a). Cognition as events and as psychic constructions. Psychological Record, 28,
329-342.
(1978b). Experimentation: The acme of science. Revista Mexicana de Analisis de la
Conducta, 4, 5-15.
(1978c). Man and machines in psychology: Cybernetics and artificial intelligence.
Mexican Journal of Behavior Analysis, 4, 575-583.
(1978d). Myths concerning man. The Psychological Record, 28,639-642. (Observer)
(1978e). The principle of specificity in psychology and science in general. Revista
Mexicana de Analisis de la Conducta, 4 ,117-132.
(1978f).The recycling of cognition and psychology. The Psychological Record, 2 8 ,157-
160. (Observer)
(1978g). Wundt and experimental psychology: 1979-1979. The Psychological Record,
11 | LA P S IC O LO G iAIN TE R C O N D U C TU A LD E J. R. KANTOR (1888-1984)
2 8 ,175-179. (Observer)
(1979a). Culturalization and the a priori in psychology. The Psychological Record, 29,
135-140. (Observer)
(1979b). Observations on the history of psychology. The Psychological Record, 29,567-
571. (Observer)
(1979c). Psychology in the service of mankind. The Psychological Record, 29, 419-422.
(Observer)
(1979d). Psychology: Science or nonscience? Psychological Record, 2 9 ,155-163.
(1979e). The role of cognitive institution in psychology and other sciences. Revista
Mexicana de Analisis de la Conducta, 5, 7-20.
(1979f). What future for psychology? The Psychological Record, 29, 297-300. (Observer)
(1979g). Wundt, Experimental Psychology and Natural Science. Revista Mexicana de
Analisis de la Conducta, 5 ,2 ,117-130.
283
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
(1980a). Economic determinism and psychology. The Psychological Record, 30, 283-
288. (Observer)
(1980b). Manifesto of interbehavioral psychology. Revista Mexicana de Analisis de la
Conducta, 6 ,117-128.
(1980c). Mythopsychology and its history. The Psychological Record, 30, 429-432.
(Observer)
(1980d). Perceiving as science and as traditional dogma. Revista Mexicana de Analisis
de la Conducta, 6 ,3-16.
(1980e). Progress in general science and psychology. The Psychological Record, 30,581-
586. (Observer)
(1980f). Theological psychology vs. scientific psychology. The Psychological Record, 30,
131-133. (Observer)
(1981a). Axioms and their role in psychology. Revista Mexicana de Analisis de la
Conducta, 7 ,5-11.
(1981 b). Interbehavioral philosophy. Chicago: Principia Press.
(1981 c). Interbehavioral psychology and the logic of modern science. The Psychological
Record, 31, 3-11.
(1981 d). Concerning the principle of psychological privacy. The Psychological Record,
31, 101-106. (Observer)
(1981 e). Priority and the pace of scientific progress. The Psychological Record, 31,285-
292. (Observer)
11 | LA PSICOLOGiA INTERCONDUCTUAL DE J. R. KANTOR (1888-1984)
(1981 f). Reflections upon speech and language. Revista Mexicana de Analisis de la
Conducta, 7,2, 91-105.
(1981 g). Surrogation: A process in psychological evolution. The Psychological Record,
31,459-466. (Observer)
(1981 h). Words and their misuse in science and psychology. The Psychological Record,
31, 599-605. (Observer)
(1982a). Cultural psychology. Chicago: Principia Press.
(1982b). Immense learning: Discrepant knowledge. The Psychological Record, 32, 567-
573. (Observer)
(1982c). Objectivity and subjectivity in science and psychology. Revista Mexicana de
Analisis de la Conducta, 8, 3-10.
(1982d). Psychological retardation and interbehavioral maladjustment. Psychological
Record, 32,305-313.
284
285
INDEX BOOKS GROUPS: Perpetuando impressões!
Conta a lenda que Newton, o físico, sugeria gigantes-autores que nos permitiram olhar o
que suas importantes descobertas haviam horizonte mais ao longe e além. Destaca ainda
acontecido porque seus conhecimentos as grandes contribuições e pinça as declarações
encontravam-se "em pé" sobre ombros de verbais mais importantes desses autores
gigantes. Essa ideia foi literalmente trazida primordiais. Projeta, a partir do crescimento
para o campo da Análise do Comportamento do conhecimento construído até então,
por Skinner, na afirmação de uma Ciência melhores direções e melhores focos para onde
capaz de dar conta do Comportamento movimentarmos e inquietarmos nosso olhar.
Humano. Esses gigantes a quem eles - Para essa tarefa, os organizadores reuniram
Newton e Skinner - faziam referência uma plêiade de autores experts em outros
eram outros cientistas que tinham olhado autores, que fazem-nos olhar para as bases
para a realidade e feito sobre ela algumas e argumentam o quanto as raízes do nosso
declarações a partir do método científico. conhecimento estão fincadas numa terra firme
Tais declarações, reunidas em obras, à qual alguns denominaram um dia de Ciência
ocupariam o papel de ombros, e ao mesmo Natural, e dentro dela um território que nos é
tempo de base, para que a visibilidade atual tão caro chamado por muitos de Psicologia.
do objeto de estudo de qualquer ciência Analisam, destrincham e interpretam com uma
fosse mais ampla no horizonte científico. nova e surpreendente metabase aquilo que já
foi projetado como cânone de interpretação
Anteriormente, Skinner já havia afirmado
do comportamento humano - neste caso
que a Ciência não era uma declaração
especial, o comportamento verbal daqueles
da verdade: eia nada mais é do que o
cientistas que construíram os behaviorismos.
comportamento verbal dos cientistas. O que
Skinner propõe é uma análise científica do
comportamento verbal, inclusive do próprio Roberto Alves Banaco
cientista, para que possamos entender o
avanço do conhecimento científico.